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PROC. 0021566-71.2013.815.2001
LAUDO
I. DO ALVO DA ANÁLISE
Não foi realizada uma nova perícia na roda danificada do veículo objeto de exame,
porque ele não se encontra mais de posse da Autora.
V. DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Dois níveis de energia de impacto (um nível baixo e um alto) são prescritos a partir
da norma, possuindo os seguintes critérios de aceitação:
• Para o baixo nível de energia, é permitida uma deformação residual máxima de
2,5 mm na borda do aro interno.
• Para o alto nível de energia de impacto, rachaduras são permitidas no aro da roda
ao longo de no máximo 25% da circunferência da roda.
Após o teste com alto nível de energia de impacto, observa-se na Figura 3, uma
grande deformação na borda e na pista de rolamento, gerando pontos concentradores de
tensão que podem acarretar a fratura da roda.
Artigo científico n.02: “Avaliação da vida útil de rodas de liga de alumínio sob
a fadiga de cargas radiais”
Como os raios atuam como linhas de distribuição do peso do veículo para a roda,
a formação e trincas nas regiões próximas ao raio reduzem o tempo de vida útil,
comprometendo a segurança dos condutores.
B) ÂNGULO DE IMPACTO
Com base nas informações apresentadas na Seção V, é possível observar nas fls.
86 e 88, deformações plásticas nas bordas externa e interna da roda, provenientes de
impacto radial contra obstáculo rígido, podendo ocorrer de forma Frontal ou Diagonal,
como ilustrado na Figura 7.
a) b)
No impacto frontal, a carga radial é aplicada paralelamente ao eixo de rotação da
roda. No impacto diagonal, ocorre a colisão contra um obstáculo com a roda esterçada.
Desta forma, a carga radial é aplicada angularmente ao eixo de rotação da roda.
O fato de as deformações não estarem alinhadas de forma paralela, sugere que a
colisão ocorreu de forma diagonal.
C) DEFORMAÇÃO
Deformações de cargas radiais sofridas pela roda objeto de análise deste processo
Este tipo de deformação pode comprometer a segurança do veículo, uma vez que
a perda de contato entre o pneu e a roda permite o vazamento do ar pressurizado no pneu,
comprometendo o contato da banda de rodagem com o asfalto.
Além disso, a perda de pressão aumenta a exposição da roda à obstáculos
cotidianos como pedras, buracos, quebra-molas e sinalizadores horizontais,
possibilitando a formação de novas deformações e a propagação de trincas.
R.: O problema foi constatado no dia 15 de janeiro de 2012 na avenida Ministro José
Américo de Almeida, localizada na cidade de João Pessoa, onde o hodômetro já registrava
6.136 quilômetros.
8) Alega a autora na inicial do processo em epígrafe, que transitava com seu veículo
quando notou alteração na dirigibilidade constatando em seguida a fratura do aro da
roda dianteira e que a substituição do aro não foi realizada em garantia. Assim sendo,
é possível o nobre perito fazer uma análise direta do veículo, e utilizando a
fundamentação técnica apropriada, demonstrando os elementos técnicos de
constatação, dizer o que exatamente ocorreu, onde se localiza e de que maneira se
manifestou o problema reclamado.
R.: Não é possível realizar uma análise direta no veículo, pois durante o tempo
transcorrido desde a constatação da fratura até o presente momento, o veículo pode
ter sofrido depreciações em razão do período de utilização. Contudo, a análise dos
registros fotográficos permite, juntamente com fundamentação técnica apropriada,
entender os fatos que resultaram na fratura do aro da roda dianteira. Desta forma,
compreende-se que a roda sofreu impacto radial, deformando a borda externa
próximo ao raio e a borda interna da roda. De acordo com os artigos apresentados na
Seção V, as deformações próximas ao raio provocam danos irreversíveis a roda,
permitindo a formação de trincas. Este tipo de avaria compromete a estanqueidade
do pneu e seu uso contínuo pode acarretar na propagação de trincas e até mesmo
ruptura do material.
R.: Sim, uma vez que o desgaste do bem é decorrente tanto da sua depreciação pela
idade no decorrer da vida útil, ou deprecitude, quanto pela deterioração de
componentes ou falhas de funcionamento em razão do mal uso ou manutenção
inadequados. Desta forma, a utilização inadequada e a falta de manutenção do
veículo, podem acarretar a diminuição da sua vida útil, e consequentemente, no
aumento da sua deterioração.
10) A roda sofreu impactos contra obstáculos? Ela possui deformações decorrentes
destes impactos? Em caso afirmativo, é possível avaliar a forma como o impacto
ocorreu? Queira detalhar.
R.: A análise dos registros fotográficos inseridos no processo mostrou que a roda
apresenta deformações plásticas tanto na borda externa, próxima ao raio do lado
direito à válvula de ar, quanto na borda interna, alinhada à válvula de ar. A geometria
das deformações indica que a roda sofreu impacto do tipo radial (no sentido borda –
centro) contra um obstáculo sólido.
11) A estrutura inferior dianteira do veículo também possui deformações provocadas por
impactos?
12) O aro da roda é fabricado em material indestrutível capaz de suportar qualquer tipo
de solicitação?
R.: Não. A roda foi fabricada a partir do processo de fundição de uma liga de alumínio
e silício com elevada resistência à corrosão, alta resistência mecânica e baixa
densidade, e revestida com uma tinta para proteger a sua superfície.
13) Queira o nobre perito fazer um exame fractográfico da seção da fratura e especificar
minuciosamente, utilizando a fundamentação adequada, o mecanismo da referida
falha?
R.: Não foi possível realizar o exame fractográfico, uma vez que a roda em questão
não se encontra mais em posse da Autora.
14) O dano pode ser classificado como “fratura frágil”, “por fadiga” ou “fratura dúctil”?
Queira especificar.
R.: Devido às propriedades cristalinas da liga de alumínio que compõe a roda objeto
da demanda, o dano pode ser classificado como fratura dúctil, uma vez que é possível
observar sinais de deformações plásticas nas regiões fraturadas.
15) É possível identificar algum defeito metalográfico macroscópico que deu origem a
uma falha catastrófica? Em caso positivo queira especificar.
16) Existem “marcas de praia” ou início de trincas na parte externa da peça que se
prolongaram para o núcleo indicando a existência de fratura por fadiga do material?
Em caso positivo queira especificar.
R.: Como foi abordado na Seção V, existe a possibilidade de a fratura da peça ser
decorrente de um impacto radial. Contudo não é possível fazer afirmações sobre o seu
plano cristalino.
18) Segundo a reclamação formulada pela autora a roda foi examinada por peritos do
Instituto de Criminalística do Estado da Paraíba. Qual foi a conclusão encontrada?
19) A roda é fabricada em liga de alumínio? Este tipo de material está sujeito a oxidação?
20) O relator do referido trabalho oficial constatou a presença de uma trinca no material?
Caso exista de fato a referida trinca, é correto afirmar que ela é considerada apenas
um sintoma de um problema principal que não foi efetivamente identificado?
21) Foi realizado algum tipo de exame metalográfica para determinação exata do padrão
da falha ou o perito realizou apenas uma análise visual?
23) O fato de ter sido identificado uma trinca antiga que acabou provocando uma falha
catastrófica, implica necessariamente concluir que a referida trinca é proveniente do
processo de fabricação do aro? A hipótese de a trinca ter sido nucleada por um
impacto na roda após a aquisição do veículo pode ser totalmente descartada? O perito
oficial que examinou a roda levou em consideração as deformações existentes?
24) É possível afirmar com absoluta certeza que a trinca é proveniente do processo de
fabricação da roda? Em caso positivo, queira desmontar o elemento técnico de
constatação, indicando exatamente o padrão da falha do processo de fabricação e sua
origem.
R.: Não é possível afirmar com absoluta certeza que a trinca é proveniente do
processo de fabricação da roda, uma vez que não foram realizadas caracterizações
metalográficas da mesma.
PREVIATI, G.; BALLO, F.; GOBBI, M.; MASTINU, G. Radial impact test of
aluminium wheels—Numerical simulation and experimental validation. International
Journal of Impact Engineering, v.126, p. 117-134, 2019
X. FINALIZAÇÃO