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Módulo II

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

Definição e Propósito da Administração Eclesiástica


Administração eclesiástica é o conjunto de atividades realizadas para o mantimento
e desenvolvimento da igreja. Seu propósito é desenvolver as atividades necessárias
com planejamento, organização e de maneira ordenada para que o resultado final
seja plenamente satisfatório.

Propósitos da Igreja
A igreja, como organização, tem propósitos estabelecidos e preocupa-se com o que
necessita ser feito e os meios para atingir tais propósitos. Nesse prisma são
identificáveis as atividades fim e meio da igreja. A atividade fim deve ser
compreendida como ensino da Bíblia para edificação dos membros da igreja,
adoração a Deus e evangelismo. A atividade meio são as atribuições de cada
departamento para garantir que tenham condições de concretizar a atividade fim.

A Administração Eclesiástica sob o ponto de vista bíblico


Os princípios da administração são muito antigos. Os primeiros grupos sociais já se
organizavam com o objetivo de satisfazerem suas necessidades.
Ao longo de toda Bíblia, percebe-se uma estrutura organizacional e administrativa
regendo e conduzindo o Povo de Deus. O povo de Israel, assim como a igreja, a fim
de bem conduzir suas atividades coletivas, criou uma escala de comando cujo
propósito é gerir essas atividades para que os alvos preestabelecidos sejam
alcançados de maneira eficaz.

Exemplos de regência administrativa no Antigo Testamento:


a) Organização e controle na criação do universo (Gn 1:1-2:1-4 NTLH)
No relato bíblico a respeito da criação é percebido a organização de Deus na criação
de cada componente. Em cada dia da criação observa-se um objetivo específico a
fim de concretizar a meta da formação de tudo. Percebe-se também o controle, o
monitoramento e a avaliação de Deus ao término de cada dia do período criacional.
E Deus viu que tudo o que havia feito era muito bom. A noite passou, e veio a
manhã. Esse foi o sexto dia.

b) Transmissão de autoridade por Moisés (Ex 18:17-23 NTLH)


O livro de Êxodo narra que estava sobre a responsabilidade do líder Moisés o
aconselhamento de uma multidão, o povo israelita; porém, como só Moisés
desenvolvia essa tarefa, e ela se estendia desde o nascer ao pôr do sol, provocando
longas esperas e demasiado cansaço às pessoas envolvidas. O sogro de Moisés,
Jetro, presenciando o desgaste que o processo de aconselhamento, gerenciado pelo
seu genro, causava aos seus participantes, aconselhou-o a partilhar com homens
idôneos a função de aconselhador para que o processo se tornasse célere e mais
eficiente. Jetro aconselhou a Moisés que ficasse apenas com os casos mais
complexos.
Então Jetro disse: — O que você está fazendo não está certo. Desse jeito você
vai ficar cansado demais, e o povo também. Isso é muito trabalho para você
fazer sozinho. Agora escute o meu conselho, e Deus o ajudará. Está certo que
você represente o povo diante de Deus e também que leve a ele os problemas
deles. Você deve ensinar-lhes as leis de Deus e explicar o que devem fazer e
como devem viver. Mas você deve escolher alguns homens capazes e
colocálos como chefes do povo: chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez.
Devem ser homens que temam a Deus, que mereçam confiança e que sejam
honestos em tudo. Serão eles que sempre julgarão as questões do povo. Os
casos mais difíceis serão trazidos a você, mas os mais fáceis eles mesmos
poderão resolver. Assim será melhor para você, pois eles o ajudarão nesse
trabalho pesado. Se você fizer isso, e se for essa a ordem de Deus, você não
ficará cansado, e todas essas pessoas poderão ir para casa com as suas
questões resolvidas.

c) Salomão recebe do seu pai orientações para construção do templo (I Cr


28:11-21 NTLH)
Davi, após comunicar à liderança do seu povo, Israel, que Salomão seria o seu
substituto no reinado, dá ao seu filho as orientações cabíveis para a construção do
templo. É, dentro de uma ótica administrativa, proveitoso observar o acervo de
orientações, como também a consideração do capital humano para a execução do
empreendimento.
Davi entregou a Salomão a planta de todos os prédios do Templo, dos
depósitos, de todas as salas e do Lugar Santíssimo, onde os pecados são
perdoados. Deu também as plantas de tudo o que tinha planejado para os
pátios e as salas que deveriam ficar ao seu redor e as plantas dos depósitos
onde seriam guardados os objetos do Templo e as ofertas dedicadas a Deus.
Davi também deu a Salomão por escrito a maneira de organizar os sacerdotes
e levitas no cumprimento dos seus deveres, para fazer o trabalho do Templo e

para cuidar de todos os objetos do Templo... O rei Davi disse: — Tudo o que
está nestas plantas foi escrito de acordo com as instruções que o Senhor me
deu, explicando como tudo deve ser feito. E disse ao seu filho Salomão: —
Seja forte e corajoso e mãos à obra! Não desanime, nem tenha medo, pois o
Senhor, meu Deus, estará com você. Ele não o abandonará, mas ficará com
você até terminarem todas as obras da construção do Templo. Os sacerdotes
e os levitas foram escalados para cuidar dos serviços do Templo.
Trabalhadores que sabem fazer todos os tipos de serviço estão prontos para
ajudá-lo, e todo o povo e os seus líderes estão às suas ordens.

Exemplos de regência administrativa no Novo Testamento:


a) Planejamento para edificação de uma torre (Lc 14:28-30 NTLH)
O Evangelho de Lucas registra que Jesus, durante um dos seus ensinamentos,
relatou hipoteticamente o quanto é danoso desejar alcançar o objetivo de construir
uma torre sem o devido planejamento financeiro.
Se um de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula quanto vai
custar, para ver se o dinheiro dá. Se não fizer isso, ele consegue colocar os
alicerces, mas não pode terminar a construção. Aí todos os que virem o que
aconteceu vão caçoar dele, dizendo: “Este homem começou a construir, mas
não pôde terminar!”

b) Constituição de grupo para melhorar serviço prestado à comunidade cristã


(At 6:1-4 NTLH)
O livro de Atos relata um serviço que não estava sendo desenvolvido de maneira
eficiente. A assistência material a algumas viúvas estava deficitária. Quando os
apóstolos tiveram ciência do problema, deram uma sugestão para solucioná-lo, que
foi acatada por membros da comunidade cristã. Foi constituído um grupo de pessoas
para gerenciar o assunto em questão. Observa-se que na igreja primitiva a divisão
de tarefas era uma realidade na estrutura administrativa.
Algum tempo depois, o número de judeus que se tornaram seguidores de
Jesus aumentou muito, e os que tinham sido criados fora da terra de Israel
começaram a se queixar dos que tinham sido criados em Israel. A queixa deles
era que as viúvas do seu grupo estavam sendo esquecidas na distribuição
diária de dinheiro. Então os doze apóstolos reuniram todo o grupo de
seguidores e disseram: — Não está certo nós deixarmos de anunciar a palavra
de Deus para tratarmos de dinheiro. Por isso, irmãos, escolham entre vocês
sete homens de confiança, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, e nós
entregaremos esse serviço a eles. Assim nós poderemos continuar usando
todo o nosso tempo na oração e no trabalho de anunciar a palavra de Deus.

c) Projeto administrativo para preservação de patrimônio (Lc 12:16-21 NTLH)


No Evangelho de Lucas está registrada uma parábola contada por Jesus em que o
personagem, um homem avarento e rico, foi contemplado com uma supersafra de
grãos no seu campo. Surpreendido pelo bom momento, elaborou um projeto, a
construção de maiores celeiros, para administrar o seu aumento repentino de
patrimônio.
Então Jesus contou a seguinte parábola: — As terras de um homem rico
deram uma grande colheita. Então ele começou a pensar: “Eu não tenho lugar
para guardar toda esta colheita. O que é que vou fazer? Ah! Já sei! — disse
para si mesmo. — Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir
outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com
tudo o que tenho. Então direi a mim mesmo: ‘Homem feliz! Você tem tudo de
bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.’

Importância do Planejamento
A Bíblia apresenta uma diversidade de práticas administrativas. Mesmo sendo a
administração eclesiástica inspirada na Palavra de Deus, isso não se torna um
impeditivo para que princípios administrativos possam ser observados para o melhor
desempenho das atividades da igreja. Elaborar um bom planejamento é requisito
básico da administração eclesiástica ou da administração em outros segmentos.
Planejamento é descrever no papel o que se deseja realizar. De maneira que os
objetivos ou metas da organização estejam determinados, respaldados por
estratégias para atingi-las e de coordenação das suas atividades.
É proveitoso para a igreja, assim como para outras organizações, ter objetivos e
metas bem definidas para que seja possível reunir esforços para que o objetivo final
seja alcançado.

O planejamento tem os seguintes aspectos:


a) Planejamento estratégico
O planejamento estratégico é um projeto menos específico em seu conteúdo. Ele
envolve o todo de uma organização, estabelece objetivos globais e se constitui no
alicerce para os planos táticos. Sua estrutura de tempo é de longo prazo e norteia e
estimula os esforços da organização para que suas metas sejam alcançadas.
A igreja, em seu trabalho, possui uma perspectiva de planejamento de longo prazo.
Ela é uma organização que precisa planejar onde quer chegar e visualizar o cenário
futuro. Dentro dos princípios da administração, a igreja precisa evidenciar sua
missão, visão e objetivos de longo prazo.

b) Planejamento tático
O planejamento tático, diferente do planejamento estratégico, abrange apenas uma
determinada unidade da organização, que pode ser um departamento. É o
planejamento que desenvolve a sua operacionalidade em tempo de médio prazo,
geralmente um ano. Esse planejamento descreve a maneira de como os objetivos
gerais da organização serão alcançados. Ele é desenvolvido em departamentos
específicos da organização e deve ser atualizado continuamente para que os
desafios que surgirem sejam superados.
As igrejas possuem vários departamentos: evangelismo, assistência social,
tesouraria, louvor, etc. Todos têm uma equipe de colaboradores e um líder que
administra as atividades que são desenvolvidas dentro da esfera do planejamento
tático.

c) Planejamento operacional
O planejamento operacional é focado nas tarefas do dia a dia, curto prazo.
Preocupa-se no que fazer e como fazer as atividades quotidianas da organização.
Seu propósito é desenvolver os objetivos do planejamento tático.

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA Modulo III

ASPECTOS JURÍDICOS DA ENTIDADE IGREJA

Formas de governo da Igreja:


Através dos séculos, se destacaram três formas diferentes de governo
eclesiástico. Cada um reclama para si o reconhecimento de ser a representação da
forma neotestamentária da igreja. E são elas:
a) Forma episcopal ou prelática
Na forma episcopal, o poder de governo recai sobre os prelados ou bispos
diocesanos, e no alto clero; assim como acontece nas igrejas romanas, anglicanas,
gregas, metodistas, e em boa parte das igrejas.

b) Forma presbiteriana ou oligárquica


Na forma presbiteriana, o poder é exercido pelos presbitérios, sínodos e
sessões. Essa forma de governo acontece nas igrejas luteranas, escocesas e em
várias igrejas presbiterianas.

c) Forma congregacional ou independente


Na forma congregacional, o poder decisório recai sobre a maioria dos
membros da igreja local. É a forma do autogoverno. Cada igreja individual e local
tem a sua autonomia para decisão. É a forma de governo adotada pelas igrejas
batistas, os congregacionais e outros grupos evangélicos.

Separação entre a Igreja e o Estado na Constituição Brasileira


A Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, assevera a
separação entre a igreja e o Estado. Este, em decorrência dessa separação, não
pode intervir nos assuntos internos da instituição religiosa, sendo assim, a igreja é
responsável por toda organização e condução das suas atividades eclesiásticas.
A separação entre a igreja e o Estado decorre diretamente do direito à
liberdade religiosa, que é princípio de toda política republicana. Foi adotada nos
Estados Unidos desde 1791. Essa separação é reconhecida pelas constituições de
diversos países democráticos.
No Brasil a separação entre a igreja e o Estado aconteceu em 7 de janeiro de
1890 (Decreto nº 119-A) e consagrada na constituição de 1891. Até 1890, o
catolicismo, gozando de grandes privilégios, era a religião oficial do Estado, e as
demais religiões eram proibidas.
A atual Constituição Brasileira (1988), em seu art. 19, proíbe à União, aos
Estados, Distrito Federal e aos Municípios “estabelecer cultos religiosos ou
igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento, ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada,
na forma da lei, a colaboração de interesse público.”
Ao Estado não compete impedir práticas religiosas e discriminar pessoas por
motivo de crença, como também não pode impor ensino religioso; mas sim tratar a
todas as religiões com igualdade.

A constitucionalidade da liberdade religiosa no Brasil

A Constituição Brasileira em seu art. 5º afirma que:


Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias;
VII - É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

A Igreja no Código Civil Brasileiro


O Código Civil, instituído pela Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, em seu
art. 44 reconhece a igreja como pessoa jurídica de direito privado.

Conceituação do termo pessoa jurídica de direito privado


Antes de conceituar a pessoa jurídica de direito privado, é proveitoso estar
familiarizado com o conceito dos termos que a constitui.

Pessoa
Pessoa é o ser físico ou coletivo sujeito a direitos e obrigações. Seu sinônimo
é o sujeito de direito, que é sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou
titularidade jurídica. O sujeito do direito tem o poder de fazer valer, através de ação,
a sua intenção na produção de uma decisão judicial.
O sujeito de direito é representado pelas entidades abstratas, criadas pelo
homem, e conhecidas como as pessoas jurídicas, que assim como as pessoas
físicas, são criações do direito.

Pessoa jurídica
Entende-se como pessoa jurídica todo o agrupamento de pessoas que,
reunidas para um fim, cuja realização procuram, mostra ter vida própria, distinta da
dos indivíduos que a compõe, e necessita, para a segurança dessa vida, de uma
proteção particular do direito.
Os requisitos básicos para uma pessoa jurídica são:
 Organização de pessoas ou bens.
 Propósitos lícitos.
 Capacidade jurídica reconhecida por norma.
O Código Civil Brasileiro classifica as pessoas jurídicas como de direito
público (interno ou externo - fundações públicas e autarquias) e de direito privado
(associações e organizações religiosas).
As pessoas jurídicas de direito público interno são os entes da administração
direta como a União, Estados, Distrito Federal e Territórios e Municípios; e entes de
administração indireta, como as autarquias (como o INSS) e as demais entidades de
caráter público criadas por lei, como as fundações públicas de direito público
(fundações públicas).
As pessoas jurídicas de direito público externo são representadas pelos
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público. As nações estrangeiras, Santa Sé e organismos internacionais (ONU,
UNESCO, MERCOSUL, UNIÃO EUROPEIA, etc.) são exemplos concretos de
pessoas jurídicas de direito público externo.
As pessoas jurídicas de direito privado são as associações, as sociedades,
as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas
individuais de responsabilidade limitada (pode ter apenas um sócio). Elas são
instituídas por iniciativa de particulares e se dividem em duas categorias: as estatais
e as particulares. São estatais aquelas cujo capital tem contribuição do Poder
Público e particulares aquelas cuja formação do capital é apenas de iniciativa
particular.

Organização Religiosa
Organização religiosa é uma pessoa jurídica de direito privado e, para isso,
deve ser devidamente registrada nos órgãos competentes. Nessa qualidade é
possuidora de direitos e obrigações. Somente a partir de 2002, através do Código
Civil, houve a consolidação da Organização Religiosa; antes, as igrejas eram
classificadas como associações. Pode-se dizer que a natureza jurídica da igreja é a
pessoa jurídica de direito privado Organização Religiosa.

Constituição Jurídica da Igreja


Para uma igreja ser juridicamente constituída é necessário ter um nome. Há
dois tipos de nomes que serão usados; o primeiro conhecido como o nome fantasia.
Esse é o que dá identidade à igreja. É o nome estampado nas placas e propagandas
diversas. O segundo nome é conhecido como nome razão. Esse será usado pelo
contador quando for registrar o CNPJ. É o nome técnico.
O Código Civil Brasileiro, em seu art. 44, expressa o seguinte sobre as
pessoas jurídicas de direito privado:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações;
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) [...]
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento
das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu
funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) [...]
As Organizações Religiosas não eram contempladas com qualquer distinção
das demais Associações Civis no texto originário do novo Código Civil (2002);
entretanto, a Lei nº. 10.825/2003 desobrigou as Organizações Religiosas de adequar
os seus estatutos no prazo do art. 2.031 do Código Civil e as diferenciou das demais
pessoas jurídicas de direito privado.
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis
anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste
Código até 11 de janeiro de 2007.
Precede à aquisição de personalidade jurídica, o comparecimento na CTP
(Consulta Técnica Prévia) do município para definição e aprovação de local que será
a sede da organização religiosa. Essa aprovação condiciona a organização a
atender previamente a requisitos exigidos por cada município.
Após o parecer favorável da CTP, a organização, para passar a existir
legalmente, deverá elaborar o seu estatuto e averbá-lo no Cartório de Registro Civil
das Pessoas Jurídicas (RCPJ) conforme o art. 45 e 46 do Código Civil.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário,
de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo. Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social,
quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio,
nesse caso.

Ata de Fundação de uma Igreja


A ata é um documento utilizado para os assuntos mais importantes tratados
por uma igreja, como a fundação e a eleição da sua diretoria. A ata registra as
decisões tomadas em reuniões ou assembleias da igreja. Ela é uma forma segura de
se registrar os acontecimentos nas reuniões de uma igreja. Evitando assim dúvidas
no corpo de sua membresia.

Módulo IV
ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

ASPECTOS JURÍDICOS DA ENTIDADE IGREJA

O Estatuto da Igreja
O estatuto é o conjunto de normas que tem o objetivo de orientar o
funcionamento de uma organização. Através do estatuto a natureza jurídica da
instituição é revelada, sobretudo se organização religiosa, filantrópica ou empresarial
retratando a forma de governo e organização.
Para a igreja, um estatuto bem elaborado muito colaborará para o seu bom
funcionamento. Irá resguardá-la de problemas e vulnerabilidade a desvios
doutrinários, patrimoniais e de líderes desinformados ou mal-intencionados. O
estatuto averbado é como uma certidão de nascimento da organização religiosa,
fazendo com que a mesma tenha obrigações e direitos, inclusive na aquisição de
seu CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) na Receita Federal.
O estatuto deve ser redigido segundo as particularidades de cada instituição,
o governo (congregacional, episcopal, etc.) e a respectiva confissão de fé de cada
igreja. Adotar um estatuto que não traduza a realidade eclesiástica pode acarretar
consequências graves, podendo redundar em situações de irregularidade ou
nulidade dos atos de administração e governo por não observância das formas.
O Código Civil determina que os estatutos informem a denominação, os fins, a
sede, o tempo de duração; o nome e a individualidade dos fundadores, e dos
diretores; o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial
e extrajudicialmente; se o ato constitutivo é reformável no tocante a administração, e
de que modo; se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
obrigações sociais; e as condições de extinção da instituição e o destino do seu
patrimônio, nesse caso.
As organizações religiosas devem inserir em seus estatutos as suas
respectivas confissões de fé, para que sempre possam comprovar que seus
posicionamentos e considerações não se direcionam a casos específicos, mas
decorrem de seus documentos de fé.
Inúmeras dificuldades advêm à uma organização religiosa em decorrência da
falta de um estatuto. Algumas são: a) inexistência no aspecto jurídico;
b) impossibilidade de ter inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ);
c) impossibilidade de possuir uma conta bancária;
d) impossibilidade de lavrar suas atas em cartórios;
e) impossibilidade de licenciar veículos automotores.
É de boa prática, para garantir que um estatuto se enquadre em todos os
requisitos e formalidades legais, ter o auxílio de um advogado na sua elaboração.

Informações usuais em estatutos


a) nome da instituição;
b) sede e foro - onde será desenvolvida a atividade principal e onde serão exercidos
os seus direitos;
c) finalidades – propósito de sua existência, o que irá fazer;
d) duração – desde os prazos ilimitados aos determinados;
e) membros – suas finalidades, direitos, deveres perante o grupo, condições para
admissão e exclusão;
f) diretoria – o grupo que vai gerir os interesses da organização, ou que a
representará;
g) assembleias Gerais – poderão ser ordinárias (realizadas em datas fixadas
previamente pelo estatuto), ou extraordinárias (realizadas em datas diversas).
Modo de convocação, competência e meios;
h) quorum – número de membros necessários nas sessões para deliberar;
i) eleições – processo, período, duração dos mandatos e maioria exigida para a
eleição;
j) patrimônio – o seu capital;
l) modificações Estatutárias - regras para a realização de modificações – exigência
de dois terços;
m) disposições Gerais – o que não ficou explicito anteriormente;
O estatuto é de natureza constitutiva, sem se deter em detalhamentos, pois no
momento em que os participantes de determinado grupo se reúnem para deliberar,
as suas normas de trabalho deverão estar estabelecidas no Regimento Interno.

Informações complementares em estatutos


Há outros elementos que também devem constar no estatuto, para facilitar as
atividades da igreja: a) administração;
b) responsabilidade;
c) declaração formal de que a igreja não objetiva lucros;
d) declaração da origem e aplicação dos bens, e prestação de contas;
e) destinação da sociedade em caso de cisão;
f) definição genérica de tarefas da diretoria;
g) previsão de um Regimento Interno;
h) declaração de que cabe ao pastor a presidência da igreja (quando for o caso);
i) quorum para decisões vitais (compra e venda de imóveis, eleição e demissão do
pastor, reforma do estatuto, etc.);
Constituição Federal da República Federativa do Brasil, Lei 10.406 de 2002, Novo
Código Civil Brasileiro em demais legislação vigente, consoante com a matéria.
Reforma do Estatuto da Igreja

Alguns motivos para a reforma do estatuto


O estatuto social de uma Igreja deve ser reflexo de uma organização viva em
processo de transformações. Sendo assim, é passivo de reformas que visam
contemplá-las. A reforma do estatuto de uma igreja pode se dar por vários motivos.
Dentre eles:
a) Mudança de nome
A igreja por conveniência pode mudar o seu nome.

b) Mudança no nome do município


O município, onde a igreja se localiza e mencionado no estatuto, pode mudar seu
nome ou condição, como aconteceu com o Estado da Guanabara, que passou a ser
o Município do Rio de Janeiro.

c) Mudança do nome da Convenção


A Convenção, que deve ser mencionada como destinaria do patrimônio em caso de
dissolução; também pode alterar seu nome.

d) Atualização metodológica
Estatutos antigos continham normas que se tornaram obsoletas ou então eram
omissos em setores importantes na dinâmica da igreja.

e) Imposições legais
Os estatutos de igrejas devem se ajustar aos dispositivos legais, especialmente no
que se refere à imunidade tributária, que é um direito constitucional.

Mobilização da igreja para reforma do estatuto


a) Convocação da igreja
A primeira iniciativa é convocar uma assembleia geral da igreja nos termos do
estatuto em vigor, tendo a reforma do estatuto como finalidade específica. Pode-se
nomear uma comissão de estatuto em uma assembleia ordinária. Essa comissão
facilitará o trabalho da assembleia geral se elaborar um projeto sobre o tema para
que a igreja possa discutir e votar.

b) Aprovação da igreja às reformas propostas


A igreja, reunida em assembleia geral, deverá aprovar as reformas propostas. Logo
depois lavrará uma ata contendo apenas os artigos reformados, mesmo que a
numeração seja alterada. Neste caso, basta inserir no apêndice após o último artigo
onde se diz: “ Este estatuto foi aprovado, registrado no cartório, etc.”, uma
declaração de que, em face da presente reforma, a numeração dos artigos foi
alterada. Dessa ata não deve constar o processo de votação nem as emendas não
aprovadas, mas somente o novo texto aprovado.

c) Registro do estatuto reformado


Após a aprovação da reforma do estatuto e da ata sobre o assunto, deve haver
diligência para o seu registro.
Processo de Legação da Instituição Religiosa
Após saber, através de consulta ao município, da viabilidade do funcionamento da
instituição religiosa em determinado endereço, a sequência do processo de
legalização costumeiramente será:
a) Registro do estatuto social e ata de fundação em Cartório Civil de Pessoas
Jurídicas (Cartório do 1º Ofício em Cabo Frio – 22 26442020)
Obs.: Todos os membros da diretoria e um advogado devem assinar o estatuto.

b) Solicitação de CNPJ à Receita Federal


É necessário entrar no site da Receita
(https://www.gov.br/receitafederal/ptbr/servicos/cadastro/cnpj) e solicitar o
Documento Básico de Entrada (DBE) e posteriormente enviar a documentação
requisitada.

c) Solicitação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB –Corpo de


Bombeiros. Orientações detalhadas podem ser adquiridas através do site do
Corpo de Bombeiros (http://www.cbmerj.rj.gov.br/148-diretoria-geral-de-servicos-
tecnicosdgst).
Em Cabo Frio o contato com o serviço técnico do Corpo de Bombeiros é feito através
do tel. 22 26475176 (Seção de Serviços Técnicos).

d) Solicitação de inscrição em Prefeitura Municipal, que exija Alvará de


Funcionamento, para retirada desse documento.

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA
Módulo V
ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

ASPECTOS JURÍDICOS DA ENTIDADE IGREJA

O Regimento Interno da Igreja


O regimento interno é um documento normativo responsável por regular os
trabalhos de uma organização. Ele constitui-se na norma disciplinadora dos direitos
e deveres dos seus membros. Nele também estão contidas as normas funcionais
administrativas da organização.
Apesar da sua importância na regência administrativa, o regimento interno é
um documento facultativo. Ele deve ser redigido em consonância com o estatuto da
organização.
Diferente do estatuto, o regimento interno não deve ser registrado em cartório,
sendo aprovado apenas no âmbito da organização.
O que não deve constar em um estatuto pode constar em um regimento
interno. Este terá valor jurídico se for previsto no estatuto e aprovado pela igreja,
constando em ata.

Itens usuais em regimento interno de igreja a)


Organizações.
b) Particularidades sobre cultos.
c) Afirmações doutrinárias.
d) Métodos de trabalho.
e) Utilização de propriedades.
f) Especificação sobre entidades filiadas à igreja.
g) Modo de recebimento ou exoneração de membros.

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