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4.

DEZ PRINCÍPIOS ABSOLUTOS DA VISÃO

Na obra de Deus, existem métodos e princípios. Métodos são relativos e princípios são
absolutos. Métodos são estratégias úteis para um lugar e não para outros, podem ser valios
uma geração e inúteis para outras; são aplicáveis em certos lu- gares, mas não a todos.

Princípios, por outro lado, são padrões e leis espirituais eter- nas. Eles são válidos para todas
as pessoas de todas as épocas e de todos os lugares. Os princípios são regras estabelecidas
na Palavra de Deus.

Com relação à obra de Deus, as pessoas mantêm o conceito de que o propósito da obra é um
princípio e a maneira como a fazemos é um método. Isso, de fato, está correto. O problema
que elas concluem que os princípios devem ser Deus, mas os métodos podem ser
estabelecidos de ar as preferências humanas. E esse é um grande erro.

O fato de um método ser relativo não significa qu deve ser dado por Deus. Na obra de Deus,
tanto os metodos como os princípios são estabelecidos por Ele. É comum as
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pessoas dizerem que o que" Deus quer é absoluto, mas "como Deus quer é relativo. Assim,
presumem que o importante é o objetivo, mas cada um deve procurar alcançá-lo da maneira
que bem entender.

Ainda que os métodos realmente sejam uma estratégia que não é válida para todos em todos
os lugares, isso não significa que ela não seja importante e que podemos realizá-la como bem
entendermos. Não podemos fazer a obra de Deus da maneira que quisermos. Os objetivos de
Deus são sublimes e divinos. Ele não nos dá uma obra tão tremenda dizendo: "Façam como
quiserem". O Senhor quer nos orientar quanto aos princípios da obra, e também quanto aos
métodos e estratégias. Ele quer nos orientar a respeito "do que" Ele quer e de "como" Ele quer.

Certa vez, o Senhor mandou que Moisés levantasse uma serpente de bronze no deserto para
que o povo fosse curado do veneno de cobras abrasadoras enviadas como disciplina contra
eles. Essa serpente de bronze era um método e, portanto, algo relativo. Certamente, o povo
não poderia usar essa estratégia sem- pre que tivesse problemas com cobras no futuro. Porém,
apesar de relativo, era algo dado por Deus para aquele momento. Não é porque a necessidade
exigia uma estratégia que Moisés tinha liberdade para inventar algo de acordo com a sua
criatividade.

Noutra ocasião, o Senhor Jesus curou um cego fazendo lodo com saliva e aplicando-lhe aos
olhos. Isso foi um método. Contudo, não significa que, hoje, tenhamos de fazer lodo com saliva
para orarmos com cegos. Noutra ocasião, ele curou ou- tro cego apenas passando a saliva.
Tudo isso era método, mas não pense que foi feito segundo a escolha de Jesus, mas por
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direção do Pai. Portanto, métodos também devem ser segundo a vontade de Deus. Eles são
relativos e talvez só sejam aplicáveis naquela ocasião, mas ainda assim precisam vir do
Espírito de Deus. Sendo assim, não existe essa história de: "A vontade de Deus é edificar a
sua igreja. Agora, façam isso como quiserem!"

Precisamos seguir os princípios de Deus quando fazemos a obra de edificação da Igreja. Na


obra de Deus, tudo precisa ser feito de acordo com o modelo que nos é mostrado no monte.
Por isso, quero apresentar dez princípios fundamentais da visão que o Senhor nos deu. Esses
princípios foram mencionados primeiro numa ministração do Pr. Jorge Himitian, mas tomei a
liberdade de apresentá-los de forma mais sistematizada.

1. O CENTRO DO CORAÇÃO DE DEUS É TER FILHOS

O primeiro princípio absoluto da visão é este: Deus deseja filhos e nós estamos aqui para gerá-
los pelo Espírito. Quando Deus criou o homem, suas primeiras palavras para o homem foram:
"Adão, eu quero que você tenha filhos, e eles também serão meus filhos. Você é feito à minha
imagem e seus filhos também serão. Adão, eu quero muitos filhos. Então, vá, seja fecundo e
encha a terra".

No centro do coração de Deus está o anseio de ter filhos. Esse é seu desejo desde o princípio,
e não mudou no decorrer dos séculos. O coração de Deus continua desejando filhos, mas a
forma de gerar esses filhos mudou. Não que Deus não quei- ra que tenhamos filhos naturais,
mas o foco hoje é ter filhos
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espirituais, muitos filhos semelhantes a Jesus (Rm 8.28-29). Assim, não trabalhamos apenas
para salvar muita gente, encher o salão, manter as pessoas na igreja e ter um trabalho grande
e reconhecido. Nosso alvo é apresentá-las como noiva perante o noivo (CI 1.28; Ef 4.13).

Há dois paradigmas que definem as igrejas hoje em dia: o fazer e o gerar. As igrejas de
programa são aquelas interessadas apenas em fazer algo para Deus, enquanto na maior parte
das igrejas em células o foco é gerar filhos para Deus. Nós até fa- zemos coisas, mas nosso
propósito é gerar pelo simples motivo de que esse é o centro do coração de Deus.

Muitas pessoas enrolam, passam o tempo nas igrejas enganan- do a si mesmas, fazendo
coisas e mais coisas. Escondem-se atrás do fazer e não se incomodam por não ter filhos. E se
lhes dizemos que devem ter filhos espirituais, elas nos recriminam dizendo: "Já estou fazendo
algo para Deus, não venham me incomodar!"
Nós somos sementes, e a semente só serve para reproduzir. Você consegue imaginar um
monte de sementinhas querendo fazer obras para Deus? Elas dizem: "Vamos fazer uma
grande torre para Deus", e começam a subir umas nas outras e a cons- truir. Mas uma delas
vai contra a correnteza e diz: "Não! Eu quero gerar para Deus. Vou me enterrar e esperar que
Ele faça". As outras, então, dizem: "Isso é desperdício de potencial. Vamos fazer alguma coisa
para Deus!" Ao que a sementinha responde: "Não! Eu quero é gerar". Assim, as outras
sementinhas ficam fazendo algo para Deus e, com o tempo, conseguem juntar um monte de
palha e feno. A sementinha, no entanto, brota do chão e começa a crescer até que, num belo
dia, começa a brotar
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o fruto para Deus. O que você acha que A obra das sementinhas ou seus frutos? o Senhor irá
querer?

Esse é o motivo de sermos pelo crescimento e pela multi- plicação. Sempre trabalhamos para
multiplicar líderes, células e igrejas. Multiplicação é a palavra que melhor descreve nossa visão.
Qualquer coisa que fizermos que não tenha como obje- tivo final o avanço e a expansão da
igreja deve ser deixado de lado. Também trabalhamos com alvos, isto é, projeções de fé que
nos permitem vislumbrar em Deus a grande colheita que teremos num futuro próximo.

É preciso lembrar, porém, que não buscamos simplesmente encher prédios de pessoas. Não
queremos agregados, queremos filhos regenerados pelo Espírito. Cremos no crescimento e o
buscamos, mas queremos somente o crescimento que vem de Deus, não o que vem por meio
do fermento.

Proponha em seu coração gerar discípulos de Jesus, não meros seguidores. Não negocie a
mensagem nem faça barganha com o preço do discipulado. Nosso encargo é pelo crescimento
da Igreja e pelo estabelecimento do reino de Deus em nossa geração.

2. JESUS É NOSSO ÚNICO PONTO DE REFERÊNCIA E O ENSINO DOS APÓSTOLOS É


NOSSA BASE DE EDIFICAÇÃO

Esse é um ponto fundamental. Existem muitos pastores de sucesso e grandes ministérios


espalhados por todo o mundo. Eles certamente são inspiradores, mas só nos servem de
referência
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na medida em que seguem Jesus e o ensino dos apóstolos. Não devemos fazer algo
unicamente porque outros fazem, nem seguir uma visão apenas porque eles a postularam.
Sempre devemos comparar o que está sendo feito com a Palavra de Deus.

"Mas, está dando certo?", é o argumento comumente usado. Contudo, esse pragmatismo não é
coerente com a nossa fé. Algo pode estar funcionando e até crescendo, e mesmo assim não
estar de acordo com a vontade de Deus. O último critério não é o sucesso ou o crescimento,
mas a Palavra de Deus.

Certa vez, conversando com alguém, comentei que não con- seguia ver base bíblica para a
existência de apóstolas na igreja. A pessoa me respondeu citando várias apóstolas
abençoadas e frutíferas, tentando mostrar que a prática era algo aprovado por Deus. Todavia,
esse tipo de análise é um grande problema. Não importa quão frutífera a pessoa seja nem
quão grande seja um ministério, nosso ponto de referência é sempre o Senhor Jesus e os
apóstolos da igreja primitiva.

Homens de sucesso e ministérios reconhecidos mundialmen- te não servem como ponto de


referência. Eles são referência ape- nas na medida em que seguem a Jesus (Mt 17.1-5; Hb 1.1-
3).

Alguém pode nos questionar ainda sobre por que não usamos toda a Bíblia como referência.
Evidentemente, cremos em toda a Bíblia e é certo que o Velho Testamento é útil (2Tm 3.16),
mas ele não serve como base para nós hoje. O Velho Testamento contém as sombras e figuras
(Cl 2.16-17; Hb 8.5; 9.23; 10.1), mas o Novo Testamento contém a realidade que é Jesus e a
Igreja. O Velho Testamento foi dado para servir de base para
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a edificação de uma nação, a nação de Israel, mas a Igreja é a nação santa e celestial do Novo
Testamento (Ef 2.6; Hb 12.22), onde estão os princípios para sua edificação (Gl 4.8-11).

3. A ORDEM DE JESUS É QUE FAÇAMOS DISCIPULOS E NÃO FREQUENTADORES DE


CULTOS (MT 28.18-20)

O livro de Atos descreve os irmãos como "a comunidade dos discípulos". Isso revela que o que
estava no coração dos líderes da igreja não era apenas pregar o Evangelho e salvar pessoas,
mas fazer discípulos de Jesus (At 6.1,2). Não me interprete mal, pois pregar é muito
importante, mas não resume todo o nosso trabalho. Precisamos fazer discípulos.

Como o livro de Atos descreve o crescimento da igreja? Ele diz que muitos eram salvos? Não!
"Ora, naqueles dias, multipli- cando-se o número dos discípulos..." (At 6.1). Era assim que a
igreja crescia. É lógico que as pessoas não se convertiam como discípulos prontos, mas desde
o momento do novo nascimento eles sabiam que deveriam se tornar discípulos.
Um princípio básico é que cada crente é um ministro. Em muitos lugares, não há qualquer
senso de corpo de Cristo e exer- cicio de funções. As pessoas aparecem domingo após
domingo (às vezes nem isso) e apenas se sentam no banco, ouvem uma mensagem e vão
embora. Algumas até contribuem, mas todos estão ali dispostos a não se envolverem.
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Muitas igrejas usam campanhas, shows e eventos para atrair as pessoas. Todos querem
apenas encher o prédio, mas não es- tão formando discípulos do Senhor. Estão apenas
entretendo os santos e produzindo clientes dos serviços da igreja, membros mi- mados que
ainda se enchem de argumentos para criticar a igreja.

Se nos contentarmos em ter frequentadores de culto, nos decepcionaremos, pois fomos


chamados para gerar discípulos que são ministros. E no modelo tradicional de igreja, não há
nenhum contexto onde um crente possa deixar de ser um mero consumidor e se tornar um
discípulo produtivo. Isso somente pode ser feito no contexto de uma igreja em célula.

Para entendermos bem como o discipulado deve ser feito, precisamos ir ao Novo Testamento e
ver com cuidado como Jesus fazia discípulos:

* Precisamos entender o que era um discípulo para Jesus.

(Lc 14.26-27; 14.33; Jo 8.31; 13.34-35; 15.8)

* Devemos descobrir como Jesus fazia discípulos, que men- sagem pregava e que condições
colocava para o discipu- lado. (Mt 18-19; 9.9; 19.16-22; Lc 9.57-62; 14.26-33)

* Por fim, precisamos saber como ele cuidava dos discípulos. (Mc 3.14; Jo 17; Mt 5.1-2)

4. A ÚNICA PREGAÇÃO QUE FORMA DISCIPULOS É A PREGAÇÃO DO EVANGELHO DO


REINO

O evangelho do reino é a visão dos vencedores. Temos que conhecer bem a diferença entre o
evangelho do reino e o
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evangelho das bençãos. Se pregarmos salvação sem as condições do discipulado, não


formaremos discípulos, mas um ajunta- mento de gente sem compromisso e submissão a
Deus. Não formamos apenas salvos, mas salvos vencedores. O evangelho da graça produz
filhos de Deus, pecadores convertidos. Mas o evangelho do reino produz discípulos
comprometidos.
É comum ouvirmos pregadores dizendo para as pessoas: "Venham a Jesus e vocês ganharão
uma coroa no céu!" Porém, isso não é verdadeiro. Ninguém receberá uma coroa no céu
simplesmente porque creu no Senhor e foi salvo. Receber a salvação é uma coisa, mas
receber o galardão e a recompensa é outra muito diferente.

Tais pregadores insinuam que todos os crentes terão a mes- ma recompensa. Então, alguém
pode pensar. "Se é verdade que todos os crentes receberão a mesma recompensa
independen- temente do que fizerem, então por que eu me esforçaria tanto? Há tantos crentes
relaxados e displicentes, e se eles ganharão a mesma recompensa que eu, por que preciso
tomar minha cruz

Observe que esse tipo de ensino é um engano do maligno e não produz discípulos porque
coloca todos no mesmo nivel. Deus seria injusto se recompensasse Paulo na mesma medi- da
em que recompensará o irmãozinho ao lado que não vem nenhum compromisso. Haverá
diferença entre os crentes por causa das suas obras. Essa é a mensagem do reino. Aqueles
que se comprometem, tomam a cruz dia a dia e seguem o Senhor receberão a recompensa,
mas os crentes mimados e relaxados serão disciplinados.
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Jesus deixou claro que a motivação do discípulo é pensa ado reino. Por isso, somente quando
essa distinção é ple- namente colocada é que os discípulos se sentem motivados a servirem
com zelo e fervor. completamente é a recom-

O segredo da geração de discípulos é o evangelho do reino. Precisamos ensinar


constantemente a necessidade da vigilância do temor, de edificarmos com ouro, prata e pedras
preciosas, de fazer a vontade de Deus se quisermos reinar com o Senhor naquele dia.
Apocalipse chama esses crentes fiéis de vencedores, e somente crentes vencedores se tornam
discípulos. Aqueles crentes que vivem como derrotados prestarão contas de suas obras diante
de Deus..

5. PRATICAMOS O DISCIPULADO PESSOAL, MAS NÃO IGNORAMOS A IMPORTÂNCIA DO


ENSINO E DO TREINAMENTO EM GRUPO

É um engano pensar que o discipulado substitui o treina- mento dentro da vida da Igreja.
Levantamos líderes pelo disci- pulado, mas instruímos esses líderes pelo ministério do ensino.

No discipulado, aprende-se fazendo junto com o discipu- lador. O alvo é crescimento e


transformação de vida, o apren- dizado é informal e existe um forte compromisso mútuo. Sem
isso, não cumprimos o propósito de Deus de fazer discípulos.

Mas o discipulado não supre todas as necessidades da igre- ja. Ainda precisamos do ministério
de ensino para nos suprir. Nem sempre o discipulador possui o conhecimento de todo o
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conselho de Deus, por isso a necessidade de professores e mestres que possam suprir essa
limitação. Bons discípulos e bons líderes precisam de ferramentas que possam ajudá-los a
desempenhar seu ministério, e essas ferramentas lhes são dadas pelo ensino e treinamento
formal.

6. A ESTRATÉGIA DE DEUS PARA CUMPRIR SEU PROPÓSITO É O MINISTÉRIO DE


TODOS OS SANTOS

Cada membro é um ministro e deve ser treinado para o de- sempenho do seu serviço, segundo
lemos em Efésios 4.11-16. Temos cargos e governo na igreja, mas nunca podemos permitir
que se transformem em posições clericais que anulem as funções do corpo (Rm 8.28-29; Ef
4.13). Esse é um valor inegociável.

O sacerdócio universal dos crentes foi restaurado desde a

reforma protestante. Homens de Deus morreram por essa ver-

dade e pela prática dela. Mas ainda hoje o vírus do clericalismo

mantém pessoas anestesiadas e improdutivas no corpo

de Cristo.

Você deve combater o clericalismo por muitos motivos. Em

primeiro lugar, porque ele é uma doença no corpo de Cristo.

Em segundo, porque o clericalismo produz membros, mas não

gera discípulos. Mas o pior motivo é que o clericalismo destrói

o plano eterno de Deus para a Igreja.

Deus tem um desejo em seu coração. Podemos dizer, com toda certeza, que o desejo de Deus
é colocar a si mesmo dentro do homem. Deus deseja que Cristo habite dentro de um povo de
modo que este povo venha a se constituir em seu próprio
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corpo vivo, uma extensão de si mesmo. O propósito eterno de Deus tem um ponto central,
assim como toda a Bíblia tam- bém o tem. E ponto central em torno do qual giram todas as
outras verdades espirituais é este: "Cristo em nós", isto é, Cristo sendo a nossa vida. Uma vez
que cada crente possui a vida de Deus dentro de si, ele está apto para ser um ministro, Impedir
que cada crente seja um ministro é negar que Cristo habita dentro dele.

Por fim, nunca se esqueça de que cada crente deve ser um produtor e não um mero
consumidor ou cliente da igreja, o oposto do que prega o clericalismo, que estimula a
mentalidade de crente consumidor. Quando um crente compreende cle que deve produzir e
não simplesmente consumir, uma verdadeira revolução acontece em sua postura em relação à
igreja local.

Um crente que é ministro não se preocupa mais em sa- ber o que determinada igreja pode lhe
oferecer; antes, preocupa-se em saber como ele pode ser útil ali.

O crente que é ministro não responsabiliza mais o pastor ou algum líder por seu crescimento
espiritual, pois sabe que pode e deve ter intimidade com Deus sem interme- diário algum.

Ele tem disposição para dar apoio e socorro aos novos convertidos nas guerras deles, porque
sabe que esse é seu papel como ministro.

Se tiver que se mudar para outra cidade, quem é ministro sabe que a igreja vai junto com ele.
Ele sabe que mesmo distante do prédio, a igreja acontece onde ele está.
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7. TODO RECONHECIMENTO MINISTERIAL DEVE SER PELO FRUTO DO TRABALHO

Em Mateus 7.16, o Senhor Jesus disse que pelos frutos se- ríamos conhecidos. Isso significa
que o caminho do reconhe- cimento ministerial deve sempre levar em conta os frutos do
obreiro. Deve haver fruto de vidas alcançadas, transformadas, edificadas e células
multiplicadas para que alguém vá crescendo no ministério.

Não podemos seguir os padrões religiosos de outros movi- mentos. Em algumas igrejas, o
reconhecimento vem através de um curso teológico. Assim, uma pessoa é constituída como
pastor somente porque acumulou algum conhecimento inte- lectual sem nunca ter tido nenhum
fruto na obra. Em outras igrejas renovadas e pentecostais, o reconhecimento é pelo dom
espiritual, ou pela eloquência na pregação. Todavia, nos tempos do Novo Testamento, os
presbíteros eram levantados no seio da própria igreja e eram reconhecidos por seu caráter e
pelos frutos no serviço (Tt 1.5-9).

Assim, existe um trilho que cada um deve seguir caso aspire ser um pastor. Ele deve
conquistar a confiança dos pastores pelos seus frutos e caráter. A credibilidade e a confiança
são a chave para o reconhecimento ministerial. Seu pastor, discipulador e mesmo a igreja
precisam confiar em você,
A confiança possui quatro elementos. Para entender me- lhor, deixe-me dar um exemplo.
Imagine que você está em um tribunal e foi convocado para dar seu parecer como perito em
um julgamento. Para que seu parecer seja aceito pelo júri, o advogado terá que provar que
você é confiável. Para isso, ele
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terá que provar quatro coisas a seu respeito. Em primeiro lugar, terá de provar que você é uma
pessoa integra, ou seja, honesta pro- e coerente, com a reputação de não mentir. Depois,
precisará provar sua boa intenção, isto é, que você não está tentando teger ninguém nem
possui segundas intenções. Também será necessário provar que você possui capacidade,
conhecimento e habilidade na área em que testemunhará como perito. E por último, terá de
mostrar que você possui um histórico de bons serviços e, no passado, comprovou de maneira
eficiente sua ca- pacidade e competência, dando seu parecer em outras ocasiões.

Integridade, motivação, capacitação e resultado. Essas são as quatro dimensões sobre as


quais a confiabilidade é construída. É como uma árvore onde a integridade é a raiz, as
motivações ou intenções são o tronco, as habilidades são os ramos e os re- sultados são os
frutos.

A) INTEGRIDADE

Qualquer um que aspira crescer ministerialmente precisa, em primeiro lugar, demonstrar


integridade, que significa ser inteiro, a mesma pessoa por dentro e por fora, publicamente e em
particular. É ser coerente consigo mesmo e com os outros. É ter a coragem de agir de acordo
com o que se crê. Pessoas coerentes pregam o que vivem e vivem o que pregam.

B) MOTIVAÇÃO

Em segundo lugar, precisa demonstrar que suas motivações são puras. Os irmãos desejam ver
que nos preocupamos e busca- mos sinceramente o bem da obra e não nosso próprio
interesse.
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C) CAPACITAÇÃO

O terceiro elemento é a capacidade. Os irmãos precisam perceber que você consegue liderar a
célula, a rede ou a igreja.

D) RESULTADO
O quarto e principal ingrediente que compõe a confiança são os frutos. Líderes que multiplicam
suas células e suas redes ganham a confiança dos membros e dos pastores da igreja. Em
nosso meio, ninguém é constituído líder por causa de amizades, posição social ou títulos
acadêmicos, mas tudo passa pelos frutos.

8. OS LÍDERES DEVEM SER MODELO PARA TUDO O QUE QUEREM QUE OS DEMAIS
DISCIPULOS SEJAM E FAÇAM

Não somos como aquele homem que fica na praia ensinan- do os que estão no barco a
navegarem. Em nosso meio, os que ensinam são os primeiros a entrar no barco, correr os
riscos e demonstrar sua liderança com o próprio exemplo. Eles devem ser o exemplo, não
apenas de santidade pessoal, mas também de serviço na obra de Deus. Devem se relacionar,
pregar o evangelho, fazer discípulos, edificá-los, multiplicar células, etc (At 1.1; Hb 5.1-3).

Líderes não mandam orar, mas convidam os irmãos para orar com eles. Líderes não ficam
encastelados dando ordens. mas fazem junto com os discípulos tudo o que deve ser feito.
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9. TODO ENSINO E TODA ESTRUTURA DEVEM SE MANTER NA SIMPLICIDADE

Não devemos ter um "pacote" muito grande. Paulo deu todo o conselho de Deus aos Efésios
em apenas três anos (At 20.27). Jesus mandou guardar todas as coisas que ele nos ordenou e
não toda a Biblia. Se a igreja está cheia de intelectualismo bíblico, ou está sempre atrás de
novidades, será muito difícil edificar discipulos. A novidade na igreja é que o amor e a
obediência aumentem, e muitos novos se convertam ao Senhor (2Co 11.3).

10. TUDO NA IGREJA LOCAL SE

FAZ NAS CÉLULAS E A PARTIR DELAS

O Espírito Santo levou a igreja para as casas, não somen- te para realizar reuniões com oração
cântico e pregação, mas para que ela seja tudo o que deve ser e, principalmente, para
desenvolver o ministério dos santos (At 2.46; 5.42; Rm 16.10, 14, 15; 1Co 16.15, 19; Cl 4.15).
Em grandes reuniões, com muita gente, não se pode treinar os santos para o ministério. Por
isso, devemos nos reunir nas casas, em grupos pequenos que chamamos de célula.

Qual é sua maneira de ver e de ser Igreja? Talvez você esteja naquele grupo que enxerga a
Igreja apenas como um amontoado de crentes que se reúne aos domingos para ouvir uma
palestra sobre a Biblia em um templo. Ou, quem sabe, sua visão é um pouco mais moderna e
você vê a Igreja como um belo show de
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música ou de teatro dirigido por profissionais e experts em en- tretenimento. Talvez para você a
Igreja seja um lugar de pessoas piedosas que querem fazer o bem e se reúnem como num
clube nos finais de semana. Bem, pode ser também que você seja um tipo de apostador
celestial e a Igreja para você seja um lugar onde suas necessidades financeiras são supridas
com fórmulas infalíveis de prosperidade. "Tudo bem que seja um show", você pondera, "Mas
que pelo menos seja um espetáculo espiritual".

Existem muitas formas de ver a Igreja. Todos nós, em alguma medida, nos encaixamos em
algum desses modelos. Não creio que eles sejam malignos ou perniciosos em si mesmos. A
grande questão é: qual deles nos permite concretizar o projeto de Deus?

Penso que a resposta está no modelo proposto pela Palavra de Deus quando nos fornece um
quadro da igreja primitiva. Antes de construir algo, precisamos de um projeto, uma maquete.
Deus, como um prudente construtor, nos deu um projeto de Sua igreja na Bíblia: a igreja
primitiva.

É por meio das células que podemos retomar aquilo que a Igreja perdeu no decorrer dos
séculos, pois ela se tornou algo diferente daquilo que Deus tencionou desde o princípio. Se
você nunca parou para checar seu conceito de Igreja, faça-o agora. Deus está movendo sobre
a terra e um novo padrão está sendo estabelecido. Novo para nós, mas antigo na história. Este
é o padrão do Novo Testamento e até mesmo o padrão da reforma: cada crente um ministro e
cada casa uma extensão da igreja.

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