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II
Ouro Preto,2017
III
Prefácio
Um diagrama de fases pode ser obra de trabalho puramente experimental. Mas sua
construção e interpretação devem obedecer regras oriundas de princípios da
Termodinâmica. Por este motivo este texto procura ressaltar esta ligação.
Neste texto, ênfase é dada aos sistemas metalúrgicos binários e ternários. Entre
outros aspectos a considerar, é oportuno ressaltar que o equilíbrio entre fases pode
ser afetado por fenômenos interfaciais. Um capítulo curto é dedicado a este tema.
Índice
Capítulo I - Tópicos
em termodinâmica das interfaces
2
I.1 - introdução
Todo sistema real se encontra separado do restante do universo por uma fronteira.
A menos do caso de fronteiras imaginárias, desenhadas no interior de uma fase, o
estado energético dos átomos que constituem as mesmas é diferente daqueles do
seio do sistema. Em geral, a fronteira pode ser feita coincidir com a região de conta-
to entre duas fases, onde o modo e a intensidade das ligações atômicas são dife-
rentes. Deste modo, a contribuição energética daqueles átomos ocupando a interfa-
ce deve ter peso diferente dos átomos no seio do sistema. A contribuição interfacial
pode ou não ser importante, a depender, por exemplo, da razão entre a área super-
ficial e o volume do sistema considerado. Para um sistema com a forma de uma es-
fera, esta razão vale 3/R, onde R simboliza o raio. Valores tabelados de proprieda-
des termodinâmicas, como entalpia, entropia, potencial químico, são normalmente
determinados em condições experimentais que tornam a contribuição energética da
superfície desprezível em relação ao volume. Isto é, para dimensões macroscópi-
cas. A Figura 1 mostra o exemplo relativo à Variação de Entalpia de Formação de
um cristal cúbico de NaCl, em função do tamanho da aresta, “a”. Como se nota a
contribuição da superfície é positiva (dispende-se energia para criar superfícies) e
só seria importante para espécimes muito pequenos.
Por outro lado, alguns fenômenos como adsorção, a formação de duplas camadas
elétricas são inerentes à interface e independem da consideração anterior. Interfa-
ces participam ativamente de reações químicas heterogêneas, independente da
magnitude da área.
Neste texto introdutório, são analisados casos em que as fases são isotrópicas e
então, energia interfacial (energia necessária para criar uma unidade de área) e ten-
são interfacial (força por unidade de linha) são intercambiáveis, ou que um valor
médio representativo pode ser utilizado.
4
encontra sujeita a uma Tensão Interfacial, força por unidade de linha, que procura
contrair a interface da fase condensada, tornando-a esférica.
Figura 3 - Ilustração dos campos de forças na fase líquida e vapor adjacentes, res-
saltando a assimetria resultante na região interfacial.
tratamento de Gibbs propõe substituir a interfase (entidade real) por uma região in-
terfacial ou interface (entidade imaginária), a qual possui propriedades atreladas à
superfície que separa duas fases contíguas. A Figura 5 ilustra o procedimento su-
gerido, utilizando a entalpia parcial molar do componente i como parâmetro de con-
trole. A entalpia parcial molar varia através das fases α e β e da interfase entre elas,
tal como esquematizado. Uma interface é, então, posicionada de forma arbitrária e
convenciona-se tomar todo o volume acima dela como fase α e todo aquele abaixo
dela com fase β.
𝑑 𝑈 𝛼 = 𝑇 𝑑𝑆 𝛼 − 𝑃𝛼 𝑑𝑉 𝛼 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖𝛼 fase α
9
𝛽
𝑑 𝑈𝛽 = 𝑇 𝑑𝑆𝛽 − 𝑃𝛽 𝑑𝑉𝛽 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖 fase β
𝛼𝛽
𝑑 𝑈 𝛼𝛽 = 𝑇 𝑑𝑆 𝛼𝛽 + 𝜎 𝑑𝐴 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖 interfase α-β
sendo uma medida da quantidade de energia necessária para criar uma unidade de
área da interface, sob as restrições explicitadas.
𝑁 𝐹
𝛾 ( )=
𝑚 𝑊
𝑋+ ∆𝑋
𝑁
∫ ⃗⃗⃗⃗ = 𝛾 ( ) 𝑊(𝑚)∆𝑋 (𝑚)
𝐹⃗ 𝑑𝑙
𝑚
𝑋
𝐽 𝑁
𝜎 (𝑚2 ) 𝑊 ∆𝑋 (𝑚2 ) = 𝛾 (𝑚) 𝑊(𝑚)∆𝑋 (𝑚)
10
𝑑 𝑈 𝛼 = 𝑇 𝑑𝑆 𝛼 − 𝑃𝛼 𝑑𝑉 𝛼 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖𝛼 fase α
𝛽
𝑑 𝑈𝛽 = 𝑇 𝑑𝑆𝛽 − 𝑃𝛽 𝑑𝑉𝛽 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖 fase β
𝑑 𝑈 𝛼𝛽 = 𝑇 𝑑𝑆 𝛼𝛽 + 𝜎 𝑑𝐴 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖𝛼𝛽 interfase α-β
𝑑𝑈 = 𝑇 𝑑𝑆 − 𝑃𝛽 𝑑𝑉𝛽 − 𝑃𝛼 𝑑𝑉 𝛼 + 𝜎 𝑑𝐴 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖
𝑑𝑈 = 0
Volume total constante, restrição de equilíbrio:
𝑉 = 𝑉 𝛼 + 𝑉𝛽 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
Entropia constante, restrição de equilíbrio:
𝑆 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
Sistema fechado:
𝑛𝑖 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑑𝑉 𝛼 = −𝑑𝑉𝛽 .
Logo, para uma situação simples, como aquela descrita esquematicamente na Figu-
ra 9, em que a interface apresenta forma de calota esférica de raio R, a qual se
movimenta para a posição R + dR, se pode estimar a razão entre acréscimo de área
interfacial e variação de volume da fase 𝛼 como:
𝑑𝐴 𝑑(4𝜋𝑅 2 ) 2
= =
𝑑𝑉 𝑑(4𝜋𝑅 3 ⁄3) 𝑅
implicam em
(𝑃𝛼 − 𝑃𝛽 )𝑑𝑉 𝛼 = 𝜎 𝑑𝐴
vem
2𝜎
𝑃𝛼 − 𝑃𝛽 =
𝑅
1 1
𝑃𝛼 − 𝑃𝛽 = 𝜎 (𝑅 + )
1 𝑅2
2𝜎
𝑃1 = 𝑃𝑎 +
𝑅1
e
2𝜎
𝑃2 = 𝑃𝑎 +
𝑅2
Nesta configuração, vide Figura 11, sendo R1 <R2, isto implica em que a pressão à
qual o gás está sujeito na bolha à esquerda é superior à pressão à qual o gás está
sujeito na bolha à direita. A menos que o capilar seja obstruído, a tendência natural
é que o gás seja expulso da bolha de menor raio, sendo transportado para a bolha
de maior raio. Portanto a tendência termodinâmica é de que a bolha maior cresça às
expensas da menor.
a) Equilíbrio térmico:
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑇 = 0 ou 𝑇𝛼 = 𝑇𝛽 = 𝑇𝑖 = 𝑇
b) Equilíbrio mecânico:
c) Equilíbrio de distribuição:
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜇𝑖 = 0
ou
𝛽 𝛽 𝛽
𝜇𝐴𝛼 = 𝜇𝐴 = 𝜇𝐴𝑖 𝜇𝐵𝛼 = 𝜇𝐵 = 𝜇𝐵𝑖 ............ 𝜇𝑗𝛼 = 𝜇𝑗 = 𝜇𝑗𝑖
onde i denota interface.
2[H] H2(g)
15
2[N] N2(g)
Observa-se que, de acordo com estes argumentos, a bolha só seria capaz de cres-
cer se o raio fosse superior a um determinado raio crítico, Rc. Bolhas de dimensão
inferior a esta seriam esmagadas pela ação, não-contrabalançada, da pressão ex-
terna. Isso implica, então, na questão:
Como poderia uma bolha ser formada e crescer até atingir o tamanho crítico, se es-
ta primeira parte do processo é não espontânea? Como os processos de desgasei-
ficação superam esta barreira inicial? Algumas possibilidades:
1- A expressão de cálculo de pressão externa, 𝑃𝑎 + 𝜌 𝑔 ℎ + 2𝛾 ⁄𝑅, é oriunda da
estática dos fluidos. Portanto, sua aplicabilidade se restringe a banhos quies-
centes de aço. Quando o fluido está em movimento, notadamente do caso de
fluxos turbulentos, podem ser formadas áreas de depressão, em função de
redemoinhos interiores. As bolhas podem ser mais facilmente nucleadas nas
regiões de baixa pressão.
2- A formação das bolhas pode ser facilitada pela ação de supersaturação local,
quando os reagentes não tiverem sido dispersados no banho. A supersatura-
ção local, por exemplo, próxima de um ponto de injeção de oxigênio, aumen-
ta o valor da pressão potencial, 𝐾𝑒𝑞 ℎ𝑂 ℎ𝐶 .
17
que a superfície do metal se comporte como uma membrana elástica, Figura 15. O
resultado prático é o aprisionamento de um bolsão de gás, sendo que a interface
entre o metal e o gás deste bolsão se torna ponto de nucleação de moléculas de
gases, porventura dissolvidos no aço líquido. Não existe, portanto, a necessidade de
geração de uma bolha de monóxido de carbono, para que a descarburação seja
iniciada. O critério para a espontaneidade da reação continua:
Este argumento sugere determinar um valor crítico de raio de poro, acima do qual o
mesmo pode participar do processo de desgaseificação e abaixo do qual a sobre-
pressão de natureza interfacial é muito alta para que tal possa ocorrer
𝐾𝑒𝑞 ℎ𝑂 ℎ𝐶 . = 𝑃𝑎 + 𝜌 𝑔 ℎ + 2𝛾 ⁄𝑅𝑝𝑜𝑟𝑜
ou
𝑃𝐶𝑂 ~ 𝐾𝑒𝑞 %𝑂 %𝐶𝑂 ≥ 𝑃𝑎 + 𝜌 𝑔 ℎ + 2𝛾 ⁄𝑅
Considere uma fase líquida, unicomponente, em contato com seu vapor. Suponha
ainda que a porção da fase líquida exiba uma interface esférica, de diâmetro D; o
restante compreende uma porção maior, com interface plana, vide Figura 16. Pode-
se mostrar que a pressão de vapor da porção que se encontra na forma de gotícula
é maior que a pressão de vapor capaz de ser gerada pela interface plana.
𝑓𝑖𝑃 𝑃𝑖𝑃
𝜇𝑖𝑃= 𝜇𝑖𝑜 𝑜
+ 𝑅𝑇 ln 𝑜 = 𝜇𝑖 + 𝑅𝑇 ln 𝑜
𝑓𝑖 𝑃𝑖
Nesta expressão, o índice 𝑃 se refere à interface planar, enquanto que, o índice 𝑜
se refere a valores de propriedades na situação de referência, substância pura. Uma
expressão análoga para a interface curva seria
𝑓𝑖𝐶 𝑃𝑖𝐶
𝜇𝑖𝐶 = 𝜇𝑖𝑜 + 𝑅𝑇 ln = 𝜇 𝑜
𝑖 + 𝑅𝑇 ln
𝑓𝑖𝑜 𝑃𝑖𝑜
exceto que o índice 𝐶 indica interface curva. A diferença entre os valores de poten-
cial da fase líquida, planar e curva, se deve justamente à curvatura, como indicado
pela equação de Young-Laplace, a qual estipula que a interface curva institui uma
pressão interfacial. Esta diferença pode ser avaliada desde que o efeito da pressão,
à temperatura constante, sobre a energia livre, pode ser expresso pela equação:
∆𝜇𝑖 = ∫ 𝑉̅𝑖 𝑑𝑃
Onde 𝑉̅𝑖 denota volume molar. Se a variação de pressão não é excessiva, caso em
que o líquido pode ser considerado incompressível, 𝑉̅𝑖 pode ser considerado cons-
tante, resultando que:
4𝛾
∆𝜇𝑖 = ∫ 𝑉̅𝑖 𝑑𝑃 = 𝑉̅𝑖 ∫ 𝑑𝑃 = 𝑉̅𝑖 ∆𝑃 = 𝑉̅𝑖
𝐷
𝑃𝑖𝐶 4𝛾
𝑅𝑇 ln ̅
𝑃 = 𝑉𝑖 𝐷
𝑃𝑖
ou
4𝛾 𝑉̅𝑖
𝑃𝑖𝐶 = 𝑃𝑖𝑃 𝑒𝑥𝑝 ( )
𝐷𝑅𝑇
Como se nota, a pressão de vapor sobre a parte curva é superior à pressão de va-
por sobre a porção plana, e tanto maior quanto menor o raio. Como o raio de curva-
tura pode ser positivo (protuberância), infinito (plano) ou negativo (reentrância), con-
clui-se que o potencial químico em uma superfície irregular, tal como esquematiza-
da, vai ser dependente da curvatura local. Sob ataque de um ácido, por exemplo,
protuberâncias apresentariam maior propensão a reagir.
Tabela II: Influencia do diâmetro de uma gota de água sobre a pressão de vapor
𝑃𝑖𝐶 ⁄𝑃𝑖𝑃 1 1 1 1,000209 1,00209 1,0211 1,233 8,101
D 1 cm 1 mm 100 𝜇m 10 𝜇m 1𝜇m o o o
1000 A 100 A 10 A
Exemplo: Considere, para o ferro puro líquido em equilíbrio com seu vapor, a 1750º
C (2023K), os valores:
𝑜 (𝑚𝑚
log 𝑃𝐹𝑒 𝐻𝑔) = −19710⁄𝑇 − 2,14 log 𝑇 + 16,89,
isto é,
𝑜
𝑃𝐹𝑒 = 1,18 𝑚𝑚 𝐻𝑔 ; 𝜌 = 7000 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; , 𝜎 = 1,6 𝐽⁄𝑚2 .
Determine o diâmetro da gota de ferro líquido em equilíbrio com o seu vapor assu-
mindo-se um acréscimo de 5% sobre o valor relativo à interface plana.
Então:
𝐶 𝑃
4𝛾 𝑉̅𝐹𝑒
𝑃𝐹𝑒 = 𝑃𝐹𝑒 𝑒𝑥𝑝 ( )
𝐷𝑅𝑇
Sendo que
𝑀𝐹𝑒 (𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙) 56 𝑥 10−3
𝑉̅𝐹𝑒 = = = 8 𝑥 10−6 𝑚3 ⁄𝑚𝑜𝑙
𝜌 (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) 7000
𝐶 𝑃
de modo que, para 𝑃𝐹𝑒 = 1,05 𝑃𝐹𝑒 resulta:
4 𝑥 8 𝑥 10−6 𝑥 1,6
1,05 = exp
𝐷 𝑥 8,31 𝑥 2023
Ou
𝐷 = 6,24 𝑥 10−6 𝑚
𝜇𝐵𝛼 = 𝜇𝐵𝑜,𝑃
2 𝛾 𝑉̅𝛽
𝜇𝛽𝑅1 = 𝜇𝛽𝑜,𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎 +
𝑅1
e,
2 𝛾 𝑉̅𝛽
𝜇𝛽𝑅2 = 𝜇𝛽𝑜,𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎 +
𝑅2
Logo, entre os dois precipitados adjacentes existe uma força motriz que induz ao
transporte de massa desde o menor precipitado até o maior, pois
2 𝛾 𝑉̅𝛽 2 𝛾 𝑉̅𝛽 1 1
∆𝜇𝛽 ( 𝑅2 → 𝑅1 ) = − = 2 𝛾 𝑉̅𝛽 ( − )<0
𝑅1 𝑅2 𝑅1 𝑅2
Em algumas situações o efeito da energia superficial pode ser aferido por meio de
uma variável derivada, a qual mede a tendência de um determinado fluido em mo-
lhar a superfície de uma fase: o ângulo de contato ou de molhamento. O grau de
molhamento é uma medida da afinidade entre as fases que entram em contato e
expressa a tendência da fase fluida se espalhar sobre a superfície de uma outra
fase.
Como demonstrado anteriormente o ângulo de contato formado entre uma fase lí-
quida e a fase sólida seria dado por:
25
𝛾𝑠𝑔 − 𝛾𝑠𝑙
cos 𝜃 =
𝛾𝑙𝑔
e o mesmo informa se a fase líquida tende a se espalhar, ou não, sobre a superfície
do substrato.
Quando as forças de adesão (entre liquido e sólido) são maiores do que as forças
de coesão (no líquido), o líquido tende a espalhar-se sobre o substrato. Caso con-
trário, quando as forças de coesão são maiores do que as forças de adesão, o líqui-
do tende a não se espalhar sobre a superfície do substrato.
Figura 20 - Contato entre as fases gasosa, sólida e líquida, onde a fase sólida
apresenta uma superfície plana, e representa o ângulo de contato, indicando que
a fase líquida molha a fase sólida.
Figura 21 - Contato entre as fases gasosa, sólida e líquida, onde a fase sólida
apresenta uma superfície plana, e 𝜽 representa o ângulo de contato, indicando que
a fase líquida não molha a fase sólida
2 𝛾𝐿𝐶 cos 𝜂
ℎ𝑐 =
𝑟𝜌𝑔
.
O fenômeno de ascensão e depressão capilar não tem sua importância restrita ao
exemplo citado. Considere, por exemplo, um sólido poroso, o qual deve ser infiltrado
com um líquido. Se o líquido molha a superfície dos poros, então, o mesmo é efeti-
vamente sugado ao interior do sólido; caso contrário, se não existe molhamento, o
líquido precisa ser forçado nos poros, de modo a vencer a repulsão devida à de-
pressão capilar.
Outros balanços envolvendo forças interfaciais podem ser realizados para situações
específicas. De modo geral, quando do contato de três fases quaisquer, 1, 2 e 3, os
ângulos entre as tensões interfaciais podem assumir a disposição mostrada na Figu-
ra 25.
Para que equilíbrio de forças no ponto de contato trifásico seja estabelecido, a se-
guinte correlação matemática deve ser obedecida:
28
No caso de uma inclusão líquida, instalada entre contornos de grãos contíguos, con-
forme mostrado na Figura 26, pode-se escrever:
Exemplo : Quando uma escória molha o refratário esta pode penetrar nos poros do
mesmo, em função do efeito de capilaridade. Consequências possíveis desta infil-
tração são a aceleração do desgaste do refratário e a contaminação química de ba-
nhos processados subsequentemente. A Figura 29 sugere um esquema para se
avaliar a velocidade de penetração. A escória penetra no poro, supostamente cilín-
drico, como resultado da ação das forças peso e gravidade, tendo com restrição o
atrito viscoso.
31
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝑝𝑒𝑠𝑜 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑎
onde
𝑑𝑧
𝑑 𝑑𝑧 ( )
{(𝜋 𝑅 2 𝑧 𝜌) } = − (𝜋 𝑅 2 𝑧 𝜌)𝑔 + 2𝜋𝑅. 𝜎 𝑐𝑜𝑠 𝜃 − 2𝜋𝑅𝑧 𝜂 𝑑𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑅
2 𝑅 𝜎 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑅 3 𝜌 𝜎 𝑐𝑜𝑠 𝜃 2
𝑧= √ 𝑡− (1 − 𝑒 −2𝜂 𝑡⁄𝑅 𝜌 )
𝜂 𝜂2
A criação de interfaces requer o aporte de energia. Por outro lado, sob condições
isotérmicas e isobáricas, equilíbrio é alcançado quando a energia livre atinge o valor
mínimo. Portanto, um sistema multicomponente e polifásico pode atingir o estado de
equilíbrio através de duas maneiras independentes ou combinadas:
𝛼𝛽
𝑑 𝑈 𝛼𝛽 = 𝑇 𝑑𝑆 𝛼𝛽 + 𝜎 𝑑𝐴 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖
𝛼𝛽 𝛼𝛽
𝑑𝑈 𝛼𝛽 = 𝑇 𝑑𝑆 𝛼𝛽 + 𝑆 𝛼𝛽 𝑑𝑇 + 𝜎 𝑑𝐴 + 𝐴 𝑑𝜎 + ∑ 𝜇𝑖 𝑑𝑛𝑖 + ∑ 𝑛𝑖 𝑑𝜇𝑖
o que resulta, após comparação, numa equação de Gibbs-Duhem para a interface,
𝛼𝛽
0 = 𝑆 𝛼𝛽 𝑑𝑇 + 𝐴 𝑑𝜎 + ∑ 𝑛𝑖 𝑑𝜇𝑖
𝛼𝛽
𝑆 𝛼𝛽 𝑑𝑇 𝑛
𝑑𝜎 = − − ∑ 𝑖 𝑑𝜇𝑖
𝐴 𝐴
34
𝛼𝛽
𝑛
Γ𝑖 = 𝑖
𝐴
se tem, para o sistemas isotérmico,
𝑑𝜎 = − ∑ Γ𝑖 𝑑𝜇𝑖
ou
1 𝑑𝜎 𝑎𝐵 𝑑𝜎 𝐶𝐵 𝑑𝜎
Γ𝐵 = − =− = −
𝑅𝑇 𝑑 𝑙𝑛𝑎𝐵 𝑅𝑇 𝑑 𝑎𝐵 𝑅𝑇 𝑑 𝐶𝐵
𝐴 0,974 𝑓𝑁2
𝐾𝑁 = 60 %−1 𝑚𝑖𝑛−1
𝑉 (1 + 28,4 [𝑂] + 5,34 [𝑆])2
Em resumo, postula-se que existem, na interface metal-gás, sítios ativos nos quais as
espécies dissolvidas no metal se adsorvem, para, posteriormente, tomar parte de
reações tais como:
Hadsorvido = 1/2 H2(g)
Nadsorvido = 1/2 N2(g)
Cadsorvido + Oadsorvido = CO(g)
A adsorção nestes sítios ativos, seria uma das etapas do processo e o mesmo seria
prejudicado caso os sítios se encontrassem bloqueados por outros elementos.
Matematicamente, este efeito se expressa pela diminuição de KN quando as
concentrações de oxigênio e enxofre aumentam. Em conseqüência, aços fortemente
desoxidados e dessulfurados são especialmente vulneráveis a "N2 pick-up".
cial traciona suas vizinhanças com mais intensidade que um líquido de baixa tensão
interfacial, então, a presença do gradiente de tensão interfacial se traduz em uma
força, que tende a transportar o fluido desde as regiões de mais baixa tensão inter-
facial.
Por exemplo, se uma solução contém um elemento tensoativo “B” este tende a se
acumular na interface, de maneira a diminuir o valor da tensão interfacial e assim da
energia livre global (volume e interface) do sistema; um eventual gradiente de com-
posição leva à situação descrita na Figura 37.
𝜕𝜎 𝜕𝜎
Nestas equações e expressam a dependência da tensão interfacial com
𝜕𝑇 𝜕𝐶
temperatura e concentração, respectivamente. Os outros parâmetros são: C = con-
centração ; T = temperatura; 𝜂 = viscosidade dinâmica; 𝛼 = difusividade térmica;
D = difusividade da massa; L =, comprimento característico de transporte.
41
𝑑𝜎
O gradiente de tensão interfacial, , está associado à uma tensão de cisalhamento
𝑑𝑥
, a qual é expressa como:
𝑑𝜎 𝑑𝜎 𝑑𝑇 𝑑𝜎 𝑑𝐶
𝜏= = +
𝑑𝑥 𝑑𝑇 𝑑𝑥 𝑑𝐶 𝑑𝑥
que encoraja o deslocamento da fase líquida considerada.
gaste. Num outro cenário, na parte inferior da camada de escória, a escória tende a
se infiltrar entre o metal e o refratário quando a tendência mútua de molhamento é
elevada; isto ocorre quando os grãos de MgO estão expostos em função da dissolu-
ção do carbono. Por outro lado a escória tende a ser expulsa desta região quando a
tendência ao molhamento mútuo diminui, o que ocorre quando o MgO foi dissolvido
e o contato preferencial é com o carbono. Resulta um ciclo infiltração – expulsão,
que pode ser observado por meio de visualização por raios X.
Tratar da precipitação de alumina no interior do aço líquido só faz sentido se, para a
temperatura e teores de oxigênio e alumínio considerados, por exemplo, 200ppm de
Al e 100ppm de oxigênio, se puder calcular G < 0. Acontece, no entanto, que a
formação de um precipitado envolve também a criação de uma interface precipitado-
fase “mãe”. Como já citado, a criação de interfaces requer um dispêndio de energia,
o qual é caracterizado pela propriedade Energia Interfacial, sempre de valor positi-
vo. Seriam, por conseqüência, duas tendências antagônicas: a criação do volume,
com diminuição de energia livre; a criação de interface, com acréscimo de energia.
44
ou ainda
sólido sólido (precipitação) ,
pode-se estabelecer que:
4
∆𝐺 = 𝜋 𝑟 3 ∆𝐺𝑉 + 4 𝜋 𝑟 2 𝜎
3
Nesta expressão se tem ∆𝐺𝑉 [J/m3], variação de energia livre referente à formação
de uma unidade de volume da nova fase(para que haja sentido nesta discussão,
sempre negativo); no caso da precipitação da alumina esta quantidade seria calcu-
lada como usual,
𝑎 𝐽
∆𝐺 𝑜 + 𝑅𝑇 ln 𝐴𝑙2𝑂3
2 3 ( )
𝐽 𝑎𝐴𝑙 𝑎𝑂 𝑚𝑜𝑙
∆𝐺𝑉 ( 𝑚3 ) = 𝑚3
.
𝑉𝐴𝑙2𝑂3 ( )
𝑚𝑜𝑙
Figura 41 - Formação do núcleo da fase filha no seio da fase mãe: Nucleação ho-
mogênea
𝑑 ∆𝐺 ⁄𝑑𝑟 = 0
Encontra-se:
2𝜎
𝑟𝑐 = −
∆𝐺𝑉
O raio crítico pode ser entendido como uma barreira a ser superada para que o
crescimento do embrião possa ser espontâneo. Então, esta barreira seria tanto me-
nor quanto: menor a dificuldade em criar a interface, isto é, menor a tensão interfa-
cial; maior o grau de supersaturação no que se refere à formação do precipitado, o
que indica menor valor de∆𝐺𝑉 .
É, neste caso, fácil mostrar que o volume do embrião, na forma de calota esférica,
seria dado por:
4 3
2 − 3 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑐𝑜𝑠 3
𝑉= 𝜋𝑟 𝑥
3 4
Por outro lado, a área da interface formada entre o líquido e o embrião seria
𝐴𝑖 = 2 𝜋 𝑟 2 (1 − cos 𝜃)
Enquanto, a área gerada pelo contato embrião-substrato, poderia ser calculada co-
mo:
𝐴2 = 𝜋 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 = 𝜋 𝑟 2 (1 − 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃)
4 ∆𝑇
∆𝐺 = 𝜋 𝑟 3 ∆𝐻𝑉 𝑓 + 4 𝜋 𝑟 2 𝜎
3 𝑇
Resulta então,
2 𝜎 𝑇𝑓
𝑟𝑐 = −
∆𝐻𝑉 ∆𝑇
e, para a barreira de energia livre que inibe a transformação de fases líquido sóli-
do
16 𝜋 𝜎 3 (𝑇𝑓 )2
∆𝐺 ∗ =
3 ∆𝐻𝑉2 ∆𝑇 2
50
Pode ser mostrado que a taxa de nucleação em um metal líquido é dada por
𝑛 𝐾𝑏 𝑇 16 𝜋 𝜎 3 (𝑇𝑓 )2
𝐼= exp(−𝐺 ⁄𝐾𝑏 𝑇) exp(− )
ℎ 3 ∆𝐻𝑉2 ∆𝑇 2 𝐾𝑏 𝑇
Seria possível estimar também o valor de tensão interfacial a partir da taxa de nu-
cleação medida para um dado valor de super-resfriamento, desde que todas as ou-
tras grandezas envolvidas apresentam valor definido. Como já comentado é muito
difícil medir valores de taxa de nucleação em uma dada faixa de temperatura. Entre-
tanto a forma da equação é tal que, mesmo uma estimativa razoável da mesma
produz valores consistentes de tensão interfacial. Deste modo, se a temperatura
para a qual se observa o máximo grau de super-resfriamento for tomada como sen-
do a temperatura de nucleação, se pode construir a Tabela VI.
A constatação de que, na maior parte dos processos industriais tais valores não são
observados é indício da atuação do mecanismo de nucleação heterogênea.
enquanto que, a contribuição de energia livre de volume pode ser estimada, no caso
da solidificação, a partir de (onde L é o calor latente de fusão, ou Hsolidificação )
∆𝑇
∆𝐺𝑉 = − 𝐿 (1 − 𝑇⁄𝑇𝑓 ) = − 𝐿 ,
𝑇𝑓
Então, se tem
2 𝜎 𝑇𝑓
𝑟𝑐 =
𝐿 ∆𝑇
-9
o que resulta em rcrit =1,25x10 m. A estrutura de cristalização do cobre é cúbica de
faces centradas, com parâmetro de rede igual a 3,615x10-10m, o que indica um vo-
lume de célula unitária igual a 4,724x10 -29m3, cada uma delas contendo 4 átomos.
Portanto o volume correspondente ao raio crítico, seria estimado como 4 𝜋 𝑟𝑐3⁄3,
cerca de 8,17x10-27m3. Cada núcleo crítico apresentaria, então, cerca de 700 áto-
mos.
onde T[K] representa a temperatura absoluta; A[m2/litro] a área superficial das se-
mentes; C[g/litro] a concentração de alumina no licor; 𝐶𝑒𝑞 a concentração de equilí-
brio.
Valores de tensão superficial de metais líquidos, de acordo com Smithell’s são apre-
sentados na Tabela VII. O Slag Atlas pode ser consultado para tensão superficial de
escórias, tensão interfacial entre ferro líquido e escórias e ângulo de contato entre
ferro líquido e sólidos não metálicos.
Tabela VII: Tensão interfacial (metal puro e líquido com o vapor do mesmo) de al-
guns metais; 𝛾 𝑜 [mili N/m], 𝑑𝛾⁄𝑑𝑇 [mili N/m.K], T𝑓 [oC] ; 𝛾 = 𝛾 𝑜 + (T − T𝑓 ) 𝑑𝛾⁄𝑑𝑇
Metal 𝛾𝑜 𝑑𝛾⁄𝑑𝑇 T𝑓 Metal 𝛾𝑜 𝑑𝛾⁄𝑑𝑇 T𝑓
Ag 903 -0,16 960,7 Nb 1900 -0,24 2468
Al 914 -0,35 660,0 Nd 689 -0,09 1024
As - - 817 Ni 1778 -0,38 1454
Au 1140 -0,52 1063 Os 2500 -0,33 2727
B 1070 - 2077 P 52 - 44
Ba 224 -0,095 727 Pb 468 -0,13 327
Be 1390 0,29 1283 Pd 1500 -0,22 1552
Bi 378 -0,07 271 Pr - - 935
Ca 361 -0,10 865 Pt 1800 -0,17 1769
Cd 570 -0,26 321 Pu 550 -0,10 640
Ce 740 -0,33 804 Rb 83 -0,052 38,9
Co 1873 - 0,49 1493 Re 2700 -0,34 3158
Cr 1700 -0,32 1875 Rh 2000 -0,30 1966
Cs 69 -0,047 28,6 Ru 2250 -0,31 2427
Cu 1285 -0,13 1083 S 61 -0,07 119
Fe 1872 - 0,49 1536 Sb 367 -0,05 630,5
Fr 62 -0,044 18 Se 106 -0,1 217
Ga 718 -0,10 29,8 Si 865 -0,13 1410
Gd 810 -0,16 1312 Sn 544 -0,07 232
Ge 621 -0,26 934 Sr 303 -0,10 770
Hf 1630 -0,21 1943 Ta 2150 -0,25 2977
54
Entretanto, o potencial químico do sólido a ser precipitado pode ser afetado pela
curvatura do mesmo; para o caso de um cristal de forma esférica a relação entre o
potencial químico referente a uma superfície curva e uma superfície plana é dada
por,
4 𝜎 𝑉𝑖
𝜇𝑖𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜,𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 = 𝜇𝑖𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜,𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎 +
𝐷
Esta relação indica que, quanto menor o tamanho do precipitado maior será o po-
tencial químico, o que justifica o esquema apresentado na Figura 49 . Como se nota
a curvatura produz o efeito de diminuir a temperatura teórica de início de solidifica-
ção, o que leva à definição de um grau de super-resfriamento devido à curvatura,
∆𝑇𝑐 . A este grau de super-resfriamento se somam outros, os quais expressam a bar-
reira a ser vencida para a solidificação.
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
4 𝜎 𝑉𝑖 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ∆𝐻𝑖 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
= 𝜇𝑖𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 − 𝜇𝑖𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜,𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎 = ∆𝐻𝑖 (1 − 𝑇⁄𝑇𝑖 ) = 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 (𝑇𝑖 − 𝑇)
𝐷 𝑇 𝑖
Com isto,
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
4 𝜎 𝑉𝑖 ∆𝐻𝑖 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
= 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
(𝑇𝑖 − 𝑇) = ∆𝑆𝑖 . ∆𝑇𝑐
𝐷 𝑇𝑖
56
4 𝜎 𝑉𝑖
∆𝑇𝑐 = 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
𝐷 ∆𝑆𝑖
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
A título de exemplo, para o Alumínio se tem que 𝜎 = 0,093 𝐽⁄𝑚2 , 𝑇𝐴𝑙 = 933 𝐾;
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
𝑉𝐴𝑙 = 1,138 𝑥 10−5 𝑚3 ⁄𝑚𝑜𝑙 , ∆𝑆𝐴𝑙 = 11,47 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙. 𝐾 . Então, um super-
resfriamento da ord𝛼m de 0,5 K deve ser esperado quando as dimensões do cristal
são da ordem de 75 𝜇𝑚.
1- Durante uma etapa de desoxidação de aço líquido, a 1600 oC, os teores de Alu-
mínio e Oxigênio são 200 ppm e 100 ppm, respectivamente. Com base na teoria da
nucleação homogênea encontre o valor do raio crítico sabendo que:
log 𝐾 = −62680⁄𝑇 + 31,85, Al2O3 (s) = 2 Al (%) + 3 O (ppm)
8- Alguns dados referentes ao zinco puro estão listados a seguir. Pretende-se eva-
porar zinco, a 800K, a partir de gotas do mesmo, obtidas em um aspersor que opera
sob vácuo. A fórmula que permite determinar a taxa de evaporação livre (em vácuo)
é a de Knudsen (unidades no SI),
𝑀
𝑊𝐴 = 𝑃𝐴𝑜 √2 𝜋 𝐴𝑅𝑇 =
Pressão de vapor:
Temperatura de fusão = 693 [K] ; Massa atômica = 65,3 [g/mol] ; Tensão Interfacial
= 782 –0,17 ( T -𝑇𝑓 ) [mili N/m] ; Densidade = 7140 Kg/m3
9- Considere uma bolha de raio R, no interior de um líquido, tal que a tensão interfa-
cial gás/líquido seja igual a 𝛾. Admita-se que as pressões interna, PI,e externa à bo-
lha, PE, sejam diferentes. Um corte imaginário por um plano, através do centro da
bolha, evidencia então a tensão interfacial agindo no perímetro formado pela inter-
secção, a qual precisa ser contrabalançada pela diferença de pressão atuando no
hemisfério. A partir do balanço de forças sugerido deduza a equação de Young-
Laplace.
59
𝑑𝐺 = − 𝑆𝐿 𝑑𝑇 = − 𝑆𝐺 𝑑𝑇 + 𝑉𝐺 𝑑𝑃𝐺 = 0 ,
sendo que a pressão do gás na bolha se relaciona à pressão externa pela equação
𝑃𝐺 = 𝑃 + 4 𝛾 ⁄𝐷
12- Gás inerte, argônio, é insuflado em aço líquido, tendo como efeito colateral a
remoção de nitrogênio dissolvido no mesmo. Em três condições diferentes, para
aços quase idênticos, obteve-se os comportamentos descritos na figura seguinte.
Explique as razões para o posicionamento relativo destas curvas.
60
14- O uso(não intencional) de matérias primas (cal, por exemplo) com alto teor de
umidade pode resultar em aço com alta concentração de hidrogênio. A solubilidade
do hidrogênio no aço sólido é muito pequena, de forma que para diminuir os efeitos
nocivos quanto às propriedades mecânicas o excesso precisa ser retirado por meio
de um processo de desgaseificação a vácuo. Considere pressão ambiente de uma
atmosfera, aço contendo 20 ppm de hidrogênio a 1600 oC, e bolha gasosa de raio
igual a 0,0001m. A partir de qual profundidade o crescimento desta bolha será viável
sob pressão ambiente de 1 atm? Qual a extensão da parte ativa do reator, onde a
desgaseificação é possível, se a profundidade do banho é 1 m e se vácuo corres-
pondente a 1 Torr for aplicado no reator? Qual o efeito de se injetar gás inerte no
fundo do reator?
Ωfe−gás = 1,8 𝐽⁄𝑚2 ; ½ H2(g) = H(ppm) Δ𝐺 𝑜 = 36485 − 46,11 𝑇 𝐽/𝑚𝑜𝑙
ilustra a figura anexa (variação de energia livre de formação vs área superficial es-
pecífica), referente à formação da alumina. Como se nota a relação de estabilidade
entre as formas alotrópicas de alumina se inverte para um dado tamanho crítico.
Estime este valor crítico, sabendo que 𝜌𝐴𝑙2𝑂3 = 3990 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; estime o valor da
energia interfacial, 𝜎 (𝐽⁄𝑚2 ) para cada forma alotrópica.
19- Cobre líquido se encontra supersaturado em cobre sólido, com grau de super-
resfriamento igual a ∆𝑇 = 150K. Em pressões ordinárias a variação de energia livre
de solidificação pode ser aproximada como − ∆𝐻 𝑓 ∆𝑇⁄𝑇𝑓 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 . Se o núcleo (em-
brião), disperso no líquido, está sujeito a uma sobrepressão devido à curvatura da
interface mostre que (dG = -SdT + VdP) a variação de energia livre correspondente
à formação do núcleo, volume e interface, é dada por
4 𝜋𝑅 3 ∆𝐻 𝑓 ∆𝑇 ∆𝑉 2𝜎
∆𝐺 = [− 𝑜𝑠 𝑓 + 𝑜𝑠 ] + 4𝜋𝑅 2 𝜎
3 𝑉 𝑇 𝑉 𝑅
Onde 𝑉 𝑜𝑠 representa o volume molar do cobre puro e sólido ; ∆𝑉 = 𝑉 𝑜𝑠 − 𝑉 𝑜𝑙 a vari-
ação de volume de solidificação. Estime ∆𝑉 como fração de 𝑉 𝑜𝑠 sabendo que duran-
te a solidificação existe uma contração da ordem de 5%. Encontre o valor do raio
crítico e discuta a importância do termo adicional de energia livre de volume, devido
63
20- Gases são frequentemente injetados em metais líquidos, com propósitos diver-
sos: homogeneização térmica e química, flotação de inclusões, como reagentes. O
tamanho da bolha gerada pelo sistema de injeção é importante, desde que define o
tempo de residência e a área de contato líquido – gás. Como aproximação conside-
re dois regimes extremos de injeção : “ bubbling” (borbulhamento, baixa vazão) e “
jetting” (formação de jato de bolhas, altas vazões de gás). Na equação de Sano e
Mori(Transactions JIM 1976, 344-352) o diâmetro médio das bolhas é dado como
1/2 1/3
3𝜎𝑑 3𝜎𝑑 2 𝑄2 𝑔
𝑑𝑏 = { + [( ) +𝐾 ] }
𝜌𝐿 𝑔 𝜌𝐿 𝑔 𝑔
I.15 - Referências;
II.1- introdução
Uma fase em equilíbrio interno pode ser definida como sendo uma região do univer-
so no interior da qual não existem gradientes de temperatura, pressão, composição
e de estrutura, separada de outras fases congêneres por regiões físicas denomina-
das interfaces. Uma dada fase não precisa ser contínua, podendo se apresentar dis-
tribuída no espaço. A Figura 1 apresenta uma representação clássica de um sistema
de duas fases, de um componente; neste caso, fase água líquida e fase água vapor.
Observe-se que a fase líquida se distribui entre a poça, no fundo do recipiente, e
várias gotículas na parede do mesmo, sendo descontínua; enquanto que por outro
lado, a fase vapor é contínua.
Este conceito pode ser relaxado para incluir a possibilidade de gradientes, por
exemplo, de composição no interior de um sólido de mesma estrutura cristalina. Se-
ria o caso de uma peça de ferro puro, à 1200oC, submetida ao contato com grafite.
Desenvolve-se uma estrutura cúbica de face centrada, típica da Austenita, tal que na
superfície o teor de carbono se iguala ao de saturação e nas porções centrais o teor
de carbono seja significativamente menor, Figura 2. Portanto a existência de gradi-
entes pressupõe, como se relembra a seguir, a ausência de equilíbrio.
Equilíbrio mecânico;
Equilíbrio térmico;
Equilíbrio de distribuição;
Como gases são completamente miscíveis uns nos outros, não seria possível en-
contrar duas fases gasosas em equilíbrio.
Num dado sistema termodinâmico genérico, podem ser encontrados diversos líqui-
dosem equilíbrio, diferentes em composição e em detalhes da estrutura de ligação.
Por exemplo, escória (líquido iônico) e metal (líquido atômico); ou água e óleo satu-
rados um no outro.
ca dos elementos que compõem o sistema; além das condições impostas: tempera-
tura, pressão, composição química. Todos os metais, exceto o mercúrio, são sólidos
a temperatura ambiente. Quando o metal solidifica, seus átomos arranjam-se em
uma distribuição atômica regular de longo alcance, formando uma estrutura cristali-
na. Estes arranjos atômicos são associados à situação de menor energia potencial,
característico da malha cristalina concernente ao componente considerado. A Figura
9 exibe algumas estruturas cristalinas de espécies puras comuns em metalurgia:
estrutura hexagonal compacta (hc); cúbica de faces centradas (cfc) e cúbica de cor-
po centrado(ccc). Mudanças estruturais implicam em mudanças no grau de solubili-
dade e, portanto, os fenômenos de alotropia ou polimorfismo devem ser retratados
nos diagramas de estabilidade ou de fases.
componentes do sistema já estabelece, por si só, que a solubilidade mútua das duas
espécies A e B é limitada. A dissolução do átomo de maior tamanho na matriz de
menor tamanho causa também a distorção do reticulado cristalino, Figura 12.
Diversas substâncias puras, tais como ferro, carbono, sílica, zircônia e bismuto, en-
tre outros, são passíveis de experimentar mudanças de estruturas cristalinas quando
no estado sólido, Figura 14. A transição de uma estrutura cristalina em outra é de-
nominada transformação polimórfica ou alotrópica, a qual é motivada pela tempera-
tura ou pressão. Estas transformações alotrópicas ou polimórficas correspondem a
74
𝜕𝐺 𝜕𝐺
⌊(𝜕𝑇 ) = −𝑆⌋ ≠ ⌊(𝜕𝑇 ) = −𝑆⌋
𝑃 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛼 𝑃 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛽
e
𝜕𝐺 𝜕𝐺
⌊(𝜕𝑃) = 𝑉⌋ ≠ ⌊(𝜕𝑃) = 𝑉⌋
𝑇 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛼 𝑇 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛽
ocorre, como indicado, sem que os parâmetros de rede e a estrutura cristalina sejam
alterados. A temperatura 1042K indica a Temperatura de Curie, acima do qual o fer-
ro deixa de ser ferromagnético, passando a paramagnético. A Figura 16 é uma ilus-
tração dos domínios magnéticos no interior de um cristal ferro magnético. A cada
domínio está associado um dipolo magnético e se, considerando toda a peça poli-
cristalina, existe um alinhamento preferencial dos dipolos, esta se manifesta de tal
modo que a amostra se comporta como um imã permanente. Um campo magnético
externo pode favorecer a orientação; vibrações térmicas crescentes devidas ao au-
mento de temperatura podem levar à destruição dos domínios magnéticos. Esta des-
truição se dá gradativamente, em uma faixa de temperatura, em torno da Tempera-
tura de Curie. O resultado é que, durante esta transição não se observam duas fa-
ses distintas, à uma certa temperatura de equilíbrio. Esta transição contínua, em
uma faixa de temperatura, manifesta-se externamente através de um aumento do
calor específico, Figura 14b. Note-se que não existe descontinuidade na curva de
entalpia, de modo que a transformação não é de primeira ordem.
76
Outro exemplo de transformação que não pode ser classificada como de 1ª ordem é
a transição quartzo 𝛼 (baixas temperaturas) = quartzo 𝛽(altas temperaturas). As du-
as formas não são encontradas em equilíbrio uma com a outra. Ao contrário, durante
o aquecimento as ligações são gradualmente distorcidas (ao invés de rompidas), de
modo que o ângulo Si-O-Si decresce de 150,9 graus a 590oC até 143,61 graus a
77
Como foi citado, experimentalmente se encontra que as fases ordenadas são está-
veis em baixas temperaturas, enquanto que as fases desordenadas são estáveis
acima de um valor crítico de temperatura, 𝑇𝐶 , Figura 19. Este comportamento é es-
79
∆𝑆𝑐𝑜𝑛𝑓 = −𝑅 ∑ 𝑋𝑖 ln 𝑋𝑖
Figura 20: Curvas esquemáticas de energia livre, entalpia e calor especifico para
transformações de 1ª e de 2ª ordem.
Tal que
𝛾
𝑑 𝜇𝐹𝑒 = − 𝑆𝛾̅ 𝑑𝑇 + 𝑉̅𝛾 𝑑𝑃
𝛼
𝑑 𝜇𝐹𝑒 = − 𝑆𝛼̅ 𝑑𝑇 + 𝑉̅𝛼 𝑑𝑃
Onde 𝑆𝛼̅ e 𝑆𝛼̅ representam as entropias parciais molares do Fe( ) e do Fe( ), res-
pectivamente, enquanto que 𝑉̅𝛼 e 𝑉̅𝛾 , seus respectivos volumes molares. Em con-
seqüência, para o equilíbrio bifásico considerado, obtém-se que:
𝑑𝑇 𝑉̅𝛾 − 𝑉̅𝛼
=
𝑑𝑃 𝑆𝛾̅ − 𝑆𝛼̅
Além de ser monofásico ou polifásico, um determinado sólido pode ainda ser classi-
ficado como monocristalino ou policristalino. Um sólido monocristalino é constituído
em toda sua extensão por um único cristal ou grão. No sistema policristalino, o mais
comum, as fases são distribuídas em vários grãos ou cristais, cada grão com forma-
to, direções cristalográficas e dimensões que dependem da lei de resfriamento e tipo
de transformação no estado sólido, se presente. A Figura 22 apresenta um exemplo
de estrutura monofásica e policristalina; observe-se o tamanho dos grãos. A Figura
23 seria o caso de um sistema polifásico e policristalino.
Fração molar:
𝑛𝐴
𝑋𝐴 =
𝑛𝐴 + 𝑛𝐵 + 𝑛𝐶 + … …. 𝑛𝑖 .
Porcentagem atômica:
% 𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴 = 𝑋𝐴 𝑥 100
Porcentagem em peso:
𝑚𝐴
% 𝑒𝑚 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 𝐴 = 𝑥 100
𝑚𝐴 + 𝑚𝐵 + 𝑚𝐶 + … …. 𝑚𝑖 .
𝑀𝑇 %𝐴
100 𝑀𝐴
𝑋𝐴 = 𝑀𝑇 %𝐴 𝑀𝑇 %𝐵 .
+
100 𝑀𝐴 100 𝑀𝐵
onde 𝑀𝐴 e 𝑀𝐵 representam os pesos atômicos ou moleculares das espécies A e B
respectivamente. De maneira análoga, pode-se escrever que:
𝑀𝐴 𝑋𝐴
%𝐴 = 𝑥 100
𝑀𝐴 𝑋𝐴 + 𝑀𝐵 𝑋𝐵
e,
𝑀𝐵 𝑋𝐵
%𝐵 = 𝑥 100
𝑀𝐴 𝑋𝐴 + 𝑀𝐵 𝑋𝐵
Pressão;
Temperatura;
Quantidade relativa de cada componente nas várias fases.
Número de Graus de Liberdade pode também ser interpretado como sendo o menor
número de variáveis termodinâmicas independentes que precisam ser especificadas,
de modo que o Estado Termodinâmico do sistema seja conhecido, isto é, de modo
que os valores de todas as outras variáveis sejam conhecidos.
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕𝑇
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑇 = ( ) 𝑖⃗ + ( ) 𝑗⃗ + ( ) 𝑘 ⃗⃗ = 0
𝜕𝑥 𝑦 ,𝑧 𝜕𝑦 𝑥 ,𝑧 𝜕𝑧 𝑥,𝑦
𝜕𝑃 𝜕𝑃 𝜕𝑃
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝑃 = ( ) 𝑖⃗ + ( ) 𝑗⃗ + ( ) 𝑘 ⃗⃗ = 0
𝜕𝑥 𝑦 ,𝑧 𝜕𝑦 𝑥 ,𝑧 𝜕𝑧 𝑥,𝑦
𝑔𝑟𝑎𝑑 𝜇𝑖 = 0
A Regra das Fases pode então ser deduzida se o Número de Graus de Liberdade
for definido como a diferença entre o número de valores de variáveis termodinâmi-
cas que precisam ser conhecidos, para que o estado do sistema também o seja,
menos o número de equações independentes entre estas variáveis, previamente
conhecidas. Estas equações podem advir das condições de equilíbrio já citadas.
F (n-1) + 2
𝛽 𝛾
𝜇1𝛼 = 𝜇1 = 𝜇1 = 𝜇1𝛿 = ⋯ . . 𝜇1
𝛽 𝛾
𝜇2𝛼 = 𝜇2 = 𝜇2 = 𝜇2𝛿 = ⋯ . . 𝜇2
𝛽 𝛾
𝜇3𝛼 = 𝜇3 = 𝜇3 = 𝜇3𝛿 = ⋯ . . 𝜇3
...................................................
𝛽 𝛾
𝜇𝑛𝛼 = 𝜇𝑛 = 𝜇𝑛 = 𝜇𝑛𝛿 = ⋯ . . 𝜇𝑛
Note-se que, para cada componente distribuído nas F fases, se podem escrever
apenas F-1 equações independentes; então são n(F-1) restrições.
V= F (n-1)+2 - n (F-1) = n – F + 2
Exemplo: Num sistema unário, Figuras 26 e Figura 27, a regra das fases determina
que:
V = n – F + 2 = 1 –F + 2 = 3- F
Para a região de equilíbrio monofásico (sólido, líquido e vapor), se tem V = 2, tal que
a temperatura e a pressão podem (ou precisam) ser especificadas independente-
mente para que seja definido o estado termodinâmico de equilíbrio do sistema. Os
campos bifásicos (sólido-líquido, sólido-vapor, líquido-vapor) são descritos por li-
nhas, desde que V=1 implica em uma variável independente e logo uma relação uní-
voca de equilíbrio do tipo P=f(T); em conseqüência uma única variável, temperatura
ou pressão, é necessária para definir o estado ou configuração de equilíbrio do sis-
tema. Para o caso de equilíbrio trifásico, ponto de confluência das três curvas que
ditam o equilíbrio bifásico, também cognominado ponto triplo, se obtém V =0, o que
indica que nenhuma variável pode ser alterada sem que se destrua o equilíbrio trifá-
sico, por exemplo, sólido-líquido-vapor.
.
87
V = n – F + 2 = 1 –F + 2 = 3- F=0
V = C – F + 2 = (n-R) – F + 2
No caso deste exemplo, n=3 (Mg, MgO e O2) enquanto R=2 ( a relação entre as
pressões e o equilíbrio químico) de modo que se tem C=n-R = 1. Portanto, o número
89
de graus de liberdade seria dado por V=(n-R) – F + 2 = 1 , pois são duas as fa-
ses(sólido MgO e gás).
1/2
𝑜
𝑃𝑀𝑔 𝑃𝑂2 1/2
∆𝐺 = −𝑅𝑇 ln 𝐾 = −𝑅𝑇 ln = 𝑅𝑇 ln 𝑃𝑀𝑔 𝑃𝑂2
𝑎𝑀𝑔𝑂
Por definição são aqueles com dois componentes. Daí a regra das fases se escreve
V= C – F + 2 = 4 – F. Isto implica em que num diagrama de equilíbrio binário seria
possível encontrar regiões monofásicas, bifásicas, trifásicas e quadrifásicas.
Como são dois componentes, basta especificar, para cada fase, uma variável de
composição. Daí o espaço de representação de um binário ser tri-dimensional, como
sugerido na Figura 29. Para facilitar a visualização das várias regiões de estabilida-
de normalmente se recorre a cortes, por exemplo, isobáricos. Como boa parte dos
processos metalúrgicos se dá em pressões próximas da atmosférica, é usual esco-
lher um corte a 1atm. Isto já implica no exercício de um grau de liberdade. Adicio-
nalmente se pode argumentar que o potencial químico de espécies distribuídas em
fases condensadas (sólidas ou líquidas) é pouco afetado por variações ordinárias de
pressão. Então, para estes casos, a imposição de um corte a 1atm não representa
empecilho quanto à aplicação de diagramas disponíveis na literatura, mesmo quan-
do o processo não se dá a 1atm.
A regra das fases pode agora ser aplicada para indicar a forma esperada das várias
regiões de equilíbrio em um dado sistema binário.
Um corte isobárico, por exemplo, a 1atm, gera uma superfície cujos contornos são
as fronteiras de estabilidade da fase. A interpretação é imediata: sempre que um
ponto definido pelos valores das três variáveis se localizar no interior do volume de
estabilidade da fase, esta será a única a ser observada se equilíbrio for alcançado.
Isto significa que, para cada valor arbitrário de temperatura existe, para este equilí-
brio bifásico, um par determinado de composições das fases α e β. Esta situação é
ilustrada na Figura 30. Nesta figura 𝛼𝑖 e 𝛽𝑖 indicam as composições das fases α e β,
à temperatura Ti ; deste modo, variações contínuas e arbitrárias fazem com que se-
jam descritas duas curvas, 𝛼1 𝛼2 𝛼3 … 𝛼𝑖 e 𝛽1 𝛽2 𝛽3 … 𝛽𝑖 . A primeira é o lugar geomé-
trico dos pontos que fornecem as composições da fase α em equilíbrio com a fase β;
a segunda curva representa o lugar geométrico das composições da fase β. Os ex-
tremos de cada segmento 𝛼𝑖 − 𝛽𝑖 fornecem as composições de equilíbrio. Cada
segmento é, naturalmente, isotérmico, sendo denominado Conódio ou “tie-line” (li-
nha horizontal de ligação de duas curvas conjugadas, por exemplo: solidus-liquidus,
liquidus-liquidus; solvus-solvus).
91
Resta agora mostrar que a região varrida pelos conódios, área identificada como α
+ β, é a região de estabilidade das fases α e β. Isto se dá por meio da Regra da Ala-
vanca, que expressa o princípio de conservação de massa.
𝛽
Considere-se um sistema binário, contendo duas fases α e β. Sejam 𝑋𝐵𝛼 e 𝑋𝐵 as
composições destas fases, enquanto M , 𝑀𝛼 e 𝑀𝛽 representam o número total de
mols neste sistema e os números de mols de cada fase. Note-se que não se faz exi-
gência alguma em termos de estar ou não o sistema em condição de equilíbrio.
Então se escreve:
M = 𝑴𝜶+ 𝑴𝜷
Como o componente B se distribui entre as duas fases, se pode escrever
𝜷
M 𝑿𝑩 = 𝑴𝜶 𝑿𝜶𝑩 + 𝑴𝜷 𝑿𝑩
𝛽
𝑀𝛼 𝑋 − 𝑋𝐵
% 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛼 = 𝑥 100 = 𝐵𝛽 𝑥 100
𝑀 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼
𝑀𝛽 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼
% 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛽 = 𝑥 100 = 𝛽 𝑥 100
𝑀 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼
𝑀𝛽 ̅̅̅̅̅̅
𝑏𝑒𝑡𝑎
% 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛽 = 𝑥 100 = 𝑥 100
𝑀 𝑡𝑖𝑒 − 𝑙𝑖𝑛𝑒
Ressalta-se que, até agora, não se fez exigência alguma quanto à natureza das fa-
ses envolvidas, se sólidas, líquidas ou gás. As regras deduzidas até agora são, por-
tanto, de cunho absolutamente geral e poderiam ser enumeradas como:
Eventualmente esta regra pode ser refraseada, de modo a expandir sua aplicabilida-
de: um campo de equilíbrio de F fases só pode ter como vizinhos campos de
equilíbrio de F-1 fases ou campos de equilíbrio de F+1 fases, ressalvado que o
numero mínimo de fases é 1 e o máximo é limitado pela regra das fases a 0 = C
– F + 2.
A regra das fases indica que: as composições de duas fases em equilíbrio são
obtidas pela interseção da isoterma com as curvas que representam as frontei-
ras dos campos de estabilidade das fases em questão.
II.10 - Exercícios:
2 A + B = A2B ; 3 C + 5 D = CD2 + C2 D3
Como citado anteriormente, num sistema de dois componentes podem ser encon-
tradas, em equilíbrio, até quatro fases. A complexidade das estruturas que compõem
um diagrama aumenta com o número de fases; deste modo, por questão de conve-
niência, aborda-se primeiro os equilíbrios monofásicos e bifásicos. O diagrama de
fases mais simples, apresentando equilíbrio de duas fases é o isomorfo.
Isomorfo quer dizer mesma forma; no contexto desta apresentação indica que os
componentes do sistema apresentam mesma estrutura de cristalização. Esta seria
uma das condições necessárias, de modo que os componentes fossem mútua e ili-
mitadamente solúveis em todas as proporções, no estado sólido e no estado líquido.
As condições para solubilidade são resumidas nas regras de Hume-Rothery, as
quais devem ser simultaneamente atendidas:
Numa solução A-B ideal as energias de ligação dos pares A-A, A-B e B-B são iguais
e estes componentes se distribuem aleatoriamente no espaço (sem posicionamento
preferencial). Então, se satisfeitas as condições expostas nas regras de Hume-
Rothery, a solução seria ideal ou com desvio pequeno em relação à idealidade.
A Figura 34 exemplifica que as diferenças entre os tamanhos dos átomos, que edifi-
cam o sistema Cu-Ni (isomorfo típico), praticamente não induzem distorções, no reti-
culado cristalino da liga sólida formada, satisfazendo, deste jeito, a primeira regra de
Hume-Rothery. Outros parâmetros relevantes à Regra de Hume-Rothery são apre-
sentados na Tabela 1
Então, de acordo com a Regra das Fases, a região de equilíbrio das fases sólida
e líquida L apresenta variância ou grau de liberdade:
V = C – F + 2 = 2 -2 + 2 = 2
Como um grau de liberdade já foi exercido quando do corte isobárico, ficam então
definidas as composições das fases em equilíbrio. As equações relativas à depen-
dência destas composições com a temperatura permitem definir as Curvas SOLI-
DUS e LIQUIDUS:
XBα = φ1 (T) ; linha solidus
𝑠 𝐿
𝜇𝐴𝑢 = 𝜇𝐴𝑢
𝑠 𝐿
𝜇𝑃𝑡 = 𝜇𝑃𝑡
𝑠 𝑜𝑠 𝑆
𝜇𝐴𝑢 = 𝜇𝐴𝑢 + 𝑅𝑇 ln 𝑋𝐴𝑢
𝐿 𝑜𝑙 𝐿
𝜇𝐴𝑢 = 𝜇𝐴𝑢 + 𝑅𝑇 ln 𝑋𝐴𝑢
ou ainda
𝑜𝑙 𝑜𝑠 𝑆 𝐿 𝑋𝑆
𝜇𝐴𝑢 − 𝜇𝐴𝑢 = 𝑅𝑇 ln 𝑋𝐴𝑢 − 𝑅𝑇 ln 𝑋𝐴𝑢 = 𝑅𝑇 ln 𝑋𝐴𝑢
𝐿
𝐴𝑢
Assim,
𝑆
𝑜𝑙 𝑜𝑠 𝑓 𝑓 𝑋𝐴𝑢
𝜇𝐴𝑢 − 𝜇𝐴𝑢 = ∆𝐻𝐴𝑢 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴𝑢 ) = 𝑅𝑇 ln 𝐿
𝑋𝐴𝑢
𝑆 𝑓
𝑋𝐴𝑢 ∆𝐻𝐴𝑢 𝑓
ln 𝐿 = (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴𝑢 )
𝑋𝐴𝑢 𝑅𝑇
ou
𝑓
𝑆 𝐿
∆𝐻𝐴𝑢 𝑓
𝑋𝐴𝑢 = 𝑋𝐴𝑢 exp [ (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴𝑢 )]
𝑅𝑇
𝑓
∆𝐻 𝑓
𝑆
𝑋𝑃𝑡 = 𝐿
𝑋𝑃𝑡 exp [ 𝑃𝑡 (1 − 𝑇⁄𝑇𝑃𝑡 )]
𝑅𝑇
𝐿 𝐿
𝑋𝐴𝑢 + 𝑋𝑃𝑡 =1
O que implica em
𝐿 𝑆
𝑋𝑃𝑡 = 0,451 e 𝑋𝑃𝑡 = 0,568 .
Figura 40 - Aplicação da Regra da Alavanca para sistema binário Cu-Ni, liga com
53% em peso de Ni.
sólida contendo 46% de Ni. Na situação C, coexistem sólido e líquido, contendo 32%
e 43% de Ni, respectivamente. Nestas condições, a regra da alavanca permite calcu-
lar as proporções de fase sólida e fase líquida como sendo 27,27% e 72,72%, res-
pectivamente. Na situação D, coexistem 8,33% de fase líquida contendo 24% de Ni
e, 91,66% de fase sólida contendo 36% de Ni. Nesta situação, se vê que o processo
de solidificação está prestes a ser completado.
Exercício: Considere o binário isomorfo CaO-MnO, Figura 43. Para um sistema com
60% em peso de MnO determine as temperaturas de Solidus e de Liquidus. Aplique
a regra das fases e a regra da alavanca e determine as composições e as propor-
ções das fases nas situações seguintes: 1- Um dT (infinitésimo de temperatura)
abaixo da temperatura de Liquidus; 2- Um dT acima da temperatura de Solidus; 3- a
meio passo entre a Solidus e a Liquidus. Qual a composição do primeiro sólido a se
formar durante a solidificação? Qual a composição do líquido remanescente ao final
da solidificação?
De acordo com a análise anterior, a transição líquido => sólido se dá de tal maneira
que, a cada temperatura, existe uma diferença entre as composições das duas fa-
ses. Durante o resfriamento (ou durante o aquecimento) em equilíbrio a composição
do líquido segue a Liquidus, enquanto a composição do sólido segue a Solidus. O
resfriamento, sob condições de equilíbrio, pode ser considerado uma situação hipo-
tética; sua ocorrência exigiria uma taxa de resfriamento extremamente lenta, de mo-
do a permitir o ajuste das composições a cada momento. Este ajuste de composição
deve ser acompanhado da difusão simultânea dos componentes A e B em ambas as
fases e através da interface sólido-líquido. Uma vez que o processo difusional é
comparativamente lento, a condição de verdadeiro equilíbrio pode não ser alcançada
in totu, nas condições usuais, em laboratórios e indústrias.
Assim, certos desvios das condições de equilíbrio são esperados quando se trata de
resfriamento natural. No caso de uma transformação líquido sólido, quando a lei
de resfriamento é de não-equilíbrio, o cristal gerado é construído pela justaposição
105
Um outro efeito seria o aparente deslocamento da Solidus, tal qual mostrado na Fi-
gura 45. Como conseqüência do processo descrito, pode-se definir uma linha Soli-
dus “efetiva”, representativa do lugar geométrico das composições médias do sólido
micro-segregado, gerado durante a solidificação natural da solução líquida binária
considerada. O aparente deslocamento da Solidus, o qual gera a Solidus “efetiva”,
evidencia o aumento do domínio de coexistência da bifase sólido-líquido. Por exem-
plo, em condições de equilíbrio, a Regra da Alavanca prevê solidificação completa à
temperatura T3; em função do resfriamento natural e do aparente deslocamento da
Solidus, a Regra da Alavanca mostra que, à temperatura T3, haveria ainda a presen-
ça de líquido em quantidade apreciável: (C3 –C3*)/ (Cc –C3*) . O grau de desvio entre
106
Para esta análise assumiu-se que a fase líquida foi capaz de experimentar completa
homogeneização em A e B, durante a cristalização da fase sólida. Caso contrário, a
existência de gradiente de composição, na fase líquida, causaria a deflexão também
da linha Liquidus, para dentro do campo bifásico sólido-líquido.
Figura 46 - Efeito zonado em uma liga com 70% de Ni e 30% de Cu. As áreas ricas
em níquel são claras; áreas ricas em cobre são escuras: a) esquematização do zo-
namento; b) aumento de 100X; c) distribuição uniforme de cobre e níquel, 100X.
107
Uma das maneiras de se mostrar que nesta transformação a linhas Solidus e Liqui-
dus precisam ser tangentes num ponto de extremo é como se segue. Para o equilí-
brio, a pressão constante, das duas fases binárias, sólida e líquida, tem-se que:
Isto indica que as curvas Solidus e Liquidus devem se tangenciar numa condição de
máximo ou de mínimo. Nestes pontos de tangência, também denominados pontos
indiferentes, as composições de ambas as fases envolvidas na transformação são
idênticas, de modo, que a pressão constante, a variância é nula, tornando a trans-
formação de fases invariante. Nos pontos indiferentes, o sistema perde um grau de
liberdade pois a condição de igualdade de composição representa uma restrição
adicional.
Aos sistemas binários que apresentam transformação congruente com mínimo cor-
responde um desvio positivo em relação ao comportamento ideal, isto é, a dissolu-
ção de um componente no outro ocorre com absorção de calor e expansão de volu-
me. Sistemas, exibindo um máximo, exibem desvio negativo em relação ao compor-
110
tamento ideal; logo, a formação da solução ocorre com liberação de calor e contra-
ção de volume.
A Figura 50 mostra outro sistema binário isomorfo – Cr-Mo – exibindo uma transfor-
mação congruente.
𝐺 = 𝑋𝐴 𝜇𝐴 + 𝑋𝐵 𝜇𝐵
𝐺 = 𝑋𝐴 𝜇𝐴 + 𝑋𝐵 𝜇𝐵 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 ln 𝑎𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑎𝐵 ) + 𝑋𝐴 𝜇𝐴𝑜 + 𝑋𝐵 𝜇𝐵𝑜
ou
∆𝐺 = 𝐺 − (𝑋𝐴 𝜇𝐴𝑜 + 𝑋𝐵 𝜇𝐵𝑜 ) = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 ln 𝑎𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑎𝐵 )
Portanto, podem ser traçadas curvas de Energia Livre versus Composição a partir
da definição dos estados de referências e da determinação das funções que ligam
atividade a temperatura, composição e pressão. Por exemplo, a curva da Figura 52
indica que a formação das soluções, quaisquer que sejam as composições, se dá
com diminuição de energia livre, sendo, portanto, um processo espontâneo.
112
Este resultado tem implicações importantes, como ilustra a Figura 53. A situação
retratada na Figura 53-a implica em que A e B são completamente imiscíveis um no
outro. Como a declividade na origem é igual a menos infinito, então, na realidade, a
representação correta seria a da Figura 53-b; as primeiras adições do componente
113
sempre diminuem a energia livre do sistema, mostrando que a solubilidade pode ser
pequena, mesmo desprezível, mas nunca nula.
Figura 53 - Existe sempre algum grau de solubilidade mútua, por menor que seja
Considere-se agora que, para duas soluções quaisquer e seja possível traçar as
curvas (temperatura e pressão fixas) Energia Livre de Gibbs versus Composição, tal
como apresentadas na Figura 54.
𝛽
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼
𝐺𝑚 = 𝛽
𝐺𝛼 + 𝛽
𝐺𝛽
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼
Isto porque, de acordo com a Regra das Tangentes (ou o Método dos Interceptos), o
intercepto de uma tangente à curva de energia livre, sobre a vertical correspondente
ao componente puro, fornece o potencial químico deste componente na solução de
composição em epígrafe. Portanto, a dupla tangente garante o mesmo valor de po-
tencial químico em ambas as soluções. A regra (ou critério de equilíbrio de distribui-
ção) da Dupla Tangente permite identificar as composições das fases em equilíbrio.
Exemplo: Considere-se o sistema binário isomorfo AB, à temperatura To, Figura 56.
À temperatura e pressão consideradas, a depender da composição, o sistema pode
ser monofásico sólido (0 ≤ 𝑋𝐵 ≤ 𝑋𝐵𝑆 ), bifásico sólido / líquido (𝑋𝐵𝑆 ≤ 𝑋𝐵 ≤ 𝑋𝐵𝐿 ) ou
monofásico líquido (𝑋𝐵𝑆 ≤ 𝑋𝐵 ≤ 1).
Exercício: Assuma ser isomorfo o sistema Au-Pt e ideais as soluções sólidas e lí-
quidas deste. Valores de temperatura de fusão e de energia livre molar dos metais
puros são dados como,
Como ilustra a Figura 57, se forem utilizados os mesmos estados de referências pa-
ra o traçado das curvas de variação, neste caso, simbolizados por 𝜇𝐴∗ e 𝜇𝐵∗ , a dupla
tangente irá ainda representar o critério de equilíbrio de distribuição. A escolha do
estado de referência para o cálculo de variação de energia livre é arbitrária, o estado
físico de estado de referência de cada componente do sistema pode ser real (está-
vel) ou imaginário. Por exemplo, todos os componentes do sistema, quando puros,
podem ser líquidos à temperatura de estudo, enquanto que o estado físico do estado
de referência pode ser tomado tal que todos os componentes estejam sólidos, e as-
sim por diante, conforme as possíveis combinações que possam ser feitas.
117
O método dos interceptos pode ser utilizado, na sua forma gráfica ou analítica, para
determinar a atividade dos componentes nas várias soluções do sistema. Tal é ilus-
trado na Figura 58. Note-se que a curva global seria composta de vários trechos de
curva, conforme qual seja a fase estável. No extremo de composição em que a fra-
ção molar de B se aproxima de zero, a declividade é, como já mostrado, igual a me-
nos infinito, o que rende um valor de intercepto na vertical, a 100% de B, igual tam-
bém a menos infinito; isto é, atividade nula. No outro extremo, o valor do intercepto é
finito (neste caso não nulo e menor que zero) e rende atividade menor que a unida-
de. No intervalo bifásico 𝛼 + 𝛽 a curva de energia livre coincide com o segmento da
curva de dupla tangente; deste modo só existe um valor de intercepto e logo um úni-
co valor de atividade. Este é um resultado esperado: neste intervalo, ambas as fases
apresentam composição fixa e apenas suas proporções variam de acordo com a
regra da alavanca. Como a temperatura e pressão são fixas os potenciais químicos
dos dois componentes (e logo as atividades), estão univocamente definidos.
118
∆𝐺 𝑆 = {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝑆 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )+ 𝑋𝐵 (𝜇𝐵𝑆 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )} − {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝑜𝑙 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )} + 𝑋𝐵 ( 𝜇𝐵𝑜𝑙 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )}
𝑓 𝑓
onde 𝑇𝑖 e ∆𝐻𝑖 representam a temperatura e entalpia de fusão, respectivamente.
Neste caso a curva de∆𝐺 𝑆 , nos extremos de composição, começa a partir dos valo-
res
𝑓 𝑓
𝑋𝐴 = 1 ; ∆𝐺 𝑆 = −∆𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 )
𝑓 𝑓
𝑋𝐵 = 1 ; ∆𝐺 𝑆 = −∆𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )
Como citado anteriormente, um dado sistema pode ocupar uma situação de equilí-
brio instável, estável ou metaestável. A situação termodinâmica de configuração fá-
sica estável de um sistema, para uma dada temperatura e composição constantes,
corresponde àquela capaz de suportar flutuações locais de potenciais químicos (ou
de composição).
Considere, então, o caso retratado na Figura 62-a, para o qual se compara os valo-
res de energia livre do sistema, em várias configurações:
O caso da Figura 62-b é o de uma solução com desvio positivo. A energia livre da
solução é dada por
Deste modo desenvolve-se na região intermediária uma região em que duas fases
da mesma natureza, porém de composições diferentes estão em equilíbrio. A esta
região se denomina Lacuna de Miscibilidade entre 𝐶𝛼 e 𝐶𝛽 .
𝑑
( dΔ𝐺 ⁄𝑑𝑋𝐵 ) = 0
𝑑𝑋𝐵
O gráfico inferior é o da derivada segunda, e apresenta concavidade dirigida para
cima e um ponto de mínimo em
𝑑
(𝑑 2 Δ𝐺 ⁄𝑑𝑋𝐵 2 ) = 0
𝑑𝑋𝐵
124
𝑑 2 Δ𝐺 1 1
= 𝑅𝑇 ( + )−2Ω
𝑑𝑋𝐵 2 𝑋𝐴 𝑋𝐵
𝑑3 Δ𝐺 1 1
3 = 𝑅𝑇 ( 2 − )
𝑑𝑋𝐵 𝑋𝐴 𝑋𝐵 2
Acima desta temperatura o sistema é monofásico, abaixo o sistema exibe uma lacu-
na de miscibilidade, como exemplifica a Figura 65.
Neste caso em particular, as curvas de energia livre ideal e de energia livre em ex-
cesso são simétricas, gerando uma curva global também simétrica. Deste modo os
pontos m1 e m3 coincidem com os pontos de dupla tangente, de modo que a equa-
ção da lacuna passa a ser:
𝑋𝐵
0 = 𝑅𝑇 ln + Ω ( 𝑋𝐴 − 𝑋𝐵 )
𝑋𝐴
Enquanto o lugar dos pontos espinoidais, ou curva espinoidal,
1 1
0 = 𝑅𝑇 ( + )−2Ω
𝑋𝐴 𝑋𝐵
∆𝐺 𝑆 = {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝑆 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )+ 𝑋𝐵 (𝜇𝐵𝑆 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )} − {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝑜𝑙 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )} + 𝑋𝐵 ( 𝜇𝐵𝑜𝑙 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )}
𝑓 𝑓
onde 𝑇𝑖 e ∆𝐻𝑖 representam a temperatura e entalpia de fusão, respectivamente.
.
A curva espinoidal não é uma mera curiosidade geométrica. Ela tem importância
quando se analisa a velocidade de separação de uma fase em duas, no intervalo da
lacuna de miscibilidade. Por exemplo, considere que a composição média de um
130
sistema esteja situada entre um ponto de dupla tangência e o espinoidal mais próxi-
mo, Figura 70. Para um sistema de composição média igual a XB, pode ser imagina-
do um caminho hipotético e arbitrário segundo o qual uma fase se decompõe em
duas, como se segue. Uma das fases se empobrece do componente B, enquanto a
outra é nele enriquecida. Então, por exemplo, as fases adquirem, sucessivamente,
as composições referentes ao pares 1-2, 1-3, 1-4, 1-5, 1-6 e, finalmente 1-7. Estas
transformações são, na realidade, contínuas; obedecem ao princípio de conservação
de massa e logo, para cada par haveria um valor de energia livre característico,
identificado na intersecção da vertical em XB e o segmento de reta ligando as duas
composições. Note-se que o segmento 1-7 corresponde à dupla tangente, ou condi-
ção de equilíbrio e que, então, na seqüência das transformações a energia livre do
sistema primeiramente precisa aumentar, antes de diminuir, até atingir a configura-
ção de equilíbrio. Tudo se passa como se houvesse uma barreira energética de ati-
vação a ser transposta, o que torna a decomposição lenta.
Considere-se agora, o caso em que se trata de sistema com composição média si-
tuada entre os dois pontos espinoidais. Neste caso, flutuações atômicas locais, ge-
ralmente motivadas pela agitação térmica, induzem a decomposição natural da mo-
nofase binária AB em duas fases binárias conjugadas α e β . Note-se, que, neste
processo, a energia livre média do sistema diminui sempre e, deste modo a barreira
de energia não se apresenta. Comparativamente então, ligas no intervalo entre os
pontos espinoidais se decompõem mais rapidamente. Novamente, a Figura 71 mos-
tra o caminho de decomposição de uma fase em duas, para sistema de composição
situada na lacuna de miscibilidade, entre dois pontos espinoidais. Pode ser realizada
também uma análise envolvendo a força motriz de difusão, isto é, potenciais quími-
cos das espécies, os quais estão relacionados às atividades. A Figura 72 apresenta
parte da curva de atividade do componente B, enfocando a região entre os pontos
espinoidais. Os pontos de extremo da curva de atividade são localizados nas mes-
mas composições dos pontos espinoidais, como se espera. Em virtude do movimen-
to aleatório dos átomos que formam a fase condensada considerada, observam-se
flutuações locais de concentração; desta maneira uma dada região pode se mostrar
empobrecida (1) no soluto B, enquanto que, a região vizinha (por conservação de
espécie) torna-se enriquecida (2). Como, neste trecho de composição a atividade
decresce com o aumento da concentração observa-se que o potencial químico na
região empobrecida(1) deve ser maior que o potencial químico na região enriqueci-
da(2). Existe, em conseqüência, uma tendência de que o componente B seja trans-
portado, desde o ponto de maior potencial (1) até o ponto de menor potencial (2);
esta tendência implica em que a flutuação, ao invés de ser eliminada, vai ser amplifi-
cada, resultando em separação espontânea de duas fases de composições diferen-
tes.
132
Não importa qual a natureza das fases que compõem um domínio bifásico, as
regras de interpretação são as mesmas. Os cruzamentos da isoterma com as
linhas de fronteira de estabilidade fornecem as composições; a regra da ala-
vanca fornece as proporções.
Exercício: Sejam uma solução sólida ideal e solução líquida regular, 𝐺 𝑒𝑥𝑐 =
Ω 𝑋𝐴 𝑋𝐵 = 1400 𝑋𝐴 𝑋𝐵 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙; entalpias de fusão 1300 e 1000cal/mol, temperaturas
de fusão 600K e 500K, de A e B, respectivamente. Considere como estados de refe-
rências A e B puros e líquidos.
𝑑 Δ𝐺
Δ𝜇𝐵 = Δ𝐺 + 𝑋𝐴 𝑑 𝑋𝐵
𝑓 𝑓
𝑎𝐵𝑆 = 𝑋𝐵 exp(− Δ𝐻𝐵 (1 − T⁄𝑇𝐵 ) /𝑅𝑇)
Mostre que as curvas de atividade são como aquelas da Figura 75, e identifique a
curva de atividade, para as várias situações de equilíbrio.
Mostre que as curvas de atividade são como aquelas da Figura 76, e identifique a
curva de atividade, para as várias situações de equilíbrio.
Para a solução líquida se pode escrever, tomando A e B puros e líquidos como es-
tados de referência, isto é Estado de Referência Raoultiana
∆𝐺 = 𝑋𝐴 ( 𝜇𝐴 − 𝜇𝐴𝑜𝑙 ) + 𝑋𝐵 ( 𝜇𝐵 − 𝜇𝐵𝑜𝑙 )
𝛥𝐺 = 𝛥𝐺 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺 𝑒𝑥𝑐
𝛥𝐺 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + 𝛺𝑋𝐴 𝑋𝐵
137
Note-se que a equação precedente representa uma curva que é simétrica em rela-
ção a uma reta vertical que passa pelo ponto 𝑋𝐴 = 0,5. Esta particularidade pode se
utilizada para simplificar os cálculos.
Para a mesma solução líquida se pode escrever, tomando A e B puros e sólidos co-
mo estados de referência (então não se trata do Estado de Referência Raoultiana)
∆𝐺 ∗ = 𝑋𝐴 ( 𝜇𝐴 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 ) + 𝑋𝐵 ( 𝜇𝐵 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )
Esta equação pode ser manipulada pela soma do termo ± 𝜇𝑖𝑜𝑙 no interior de cada
parênteses, e pela consideração que a variação de energia livre de fusão pode ser
aproximada como
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
𝑖(𝑠) = 𝑖(𝑙) 𝛥𝐺 𝑜 = 𝜇𝑖𝑜𝑙 − 𝜇𝑖𝑜𝑠 ≈ ∆𝐻𝑖 (1 − 𝑇⁄𝑇𝑖 )
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐺 ∗ = 𝑋𝐴 ( 𝜇𝐴 − 𝜇𝐴𝑜𝑙 ) + 𝑋𝐵 ( 𝜇𝐵 − 𝜇𝐵𝑜𝑙 ) + 𝑋𝐴 ∆𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 )
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
+ 𝑋𝐵 ∆𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐺 ∗ = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + 𝛺𝑋𝐴 𝑋𝐵 + 𝑋𝐴 ∆𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 )
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
+ 𝑋𝐵 ∆𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )
Um diagrama de fases não pode ser alterado pela simples mudança de estados de
referência. Logo a lacuna de miscibilidade, identificada por uma ou outra curva pre-
cisa ser a mesma. Entretanto como a curva representada por
𝛥𝐺 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + 𝛺𝑋𝐴 𝑋𝐵
0 = 𝑅𝑇 (− 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + 𝛺 ( − 𝑋𝐵 + 𝑋𝐴 )
𝛺
𝑒 − 𝑅𝑇 (1−2 𝑋𝐵 )
𝑋𝐵 = 𝛺
1 + 𝑒 − 𝑅𝑇 (1−2 𝑋𝐵 )
Esta última expressão pode ser utilizada num esquema iterativo de solução. Para
2000K o resultado é 𝑋𝐵 = 0,105743.
Da mesma forma o ponto da curva espinoidal pode ser encontrada pela condição
𝑑 2 ∆𝐺
=0
𝑑 𝑋𝐵2
Portanto de
1 1
0 = 𝑅𝑇 ( + ) + 𝛺 ( −1 − 1)
𝑋𝐴 𝑋𝐵
1 1
𝑅𝑇 ( + )=2𝛺
1 − 𝑋𝐵 𝑋𝐵
𝑋𝐵2 − 𝑋𝐵 + 𝑅𝑇⁄𝛺 = 0
Esta equação admite as raízes 𝑋𝐵 = 0,2443 e 𝑋𝐵 = 0,7556, que são ambas válidas
II.17 - Exercícios:
2- Considere uma solução sólida quase regular, com Gexc = Ω ( 1 − T⁄To )XA XB =
4000 ( 1 − T⁄1500)XA XB cal/mol. Esquematize as curvas de energia livre versus
composição, tomando sólidos puros como estados de referência. Determine a tem-
peratura crítica, as equações da curva da lacuna de miscibilidade e da curva espi-
noidal.
Equilíbrios de três fases, em sistemas binários, onde (V= C – F +2 = 1), são denomi-
nados monovariantes. Este resultado implica na existência de funções termodinâmi-
cas do tipo, por exemplo,
e, logo que, um corte isobárico em um diagrama P-T-X precisa definir valores únicos
de composição das três fases e valor único de temperatura de equilíbrio. Neste ca-
so, equilíbrios de três fases devem ser representados por segmentos de reta isotér-
micos, sobre os quais estão localizadas as composições das fases.
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿 ⇒ 𝛼+ 𝛽
ou
𝑎𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛼+ 𝛽 ⇒ 𝐿
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛽 ⇒ 𝛼+ 𝛾
ou
𝑎𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛼+ 𝛾 ⇒ 𝛽
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿 ⇒ 𝛼 + 𝐿′
ou
𝑎𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛼 + 𝐿′ ⇒ 𝐿
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛽 ⇒ 𝛼+ 𝐿
142
ou
𝑎𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛼+ 𝐿 ⇒ 𝛽
RHINES (1956) ressalta ainda, que diversos sistemas metal-gás, entre os quais se
encontra o sistema prata-oxigênio, experimentam transformações do tipo eutética,
segundo a configuração:
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿 ⇒ 𝛼 + 𝑔á𝑠
Transformação peritética
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿+ 𝛼 ⇒ 𝛽
ou
𝑎𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛽 ⇒ 𝐿+ 𝛼
Transformação peritetóide:
144
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛾+ 𝛼 ⇒ 𝛽
ou
𝑎𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛽 ⇒ 𝛾+ 𝛼
Transformação sintética:
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿1 + 𝐿2 ⇒ 𝛼
ou
𝑎𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛼 ⇒ 𝐿1 + 𝐿2
Diz-se que um sistema binário A-B experimenta uma transformação ou reação euté-
tica, quando uma fase líquida do mesmo decompõe-se em duas fases sólidas 𝛼 𝑒 𝛽,
por extração de calor, o que é representado por:
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿 ⇒ 𝛼+ 𝛽
V = C – F + 2 = 2 -3 + 2 = 1
146
𝛽
fases envolvidas na transformação eutética (𝑋𝐵𝐿 = 𝐿𝐸 ; 𝑋𝐵𝛼 = 𝑎 ; 𝑋𝐵 = 𝑏) bem como a
temperatura de transformação (𝑇𝐸 ) são conhecidas.
𝛽
𝑋𝐵 = 𝜑3 (𝑇 ; 𝑃 = 1𝑎𝑡𝑚) curva Solidus 𝛽
𝑋𝐵𝐿 = 𝜑4 (𝑇 ; 𝑃 = 1𝑎𝑡𝑚) curva Liquidus
Esta análise permite sugerir que, durante as transformações que se dão em equilí-
brio termodinâmico, a composição da fase líquida segue a curva Liquidus; enquanto
que a composição da fase sólida segue as curvas Solidus e Solvus. Ainda, que
qualquer sistema cuja composição média se situe no interior do patamar eutético
apresenta, ainda que parcialmente, a reação eutética.
Como sugerido, as curvas Solvi, Solidi e Liquidi de um dado sistema são funções
apenas da temperatura, quando a pressão externa aplicada é constante. Torna-se,
então, possível a construção do diagrama de fases isobárico através de uma família
de curvas de temperatura versus tempo (de resfriamento), notadamente se for em-
pregada uma mesma taxa de extração de calor, Figura 89. Nota-se que, a forma da
curva temperatura versus tempo depende da composição e da natureza química dos
componentes da liga. E ainda que, para uma dada liga binária, os trechos da curva
de resfriamento apresentam curvaturas típicas de cada campo fásico envolvido. As
ligas que experimentam parcial ou totalmente a transformação eutética, como é es-
perado, exibem patamar de temperatura eutética, cujo comprimento deve ser função
da composição inicial da liga e da velocidade de extração de calor. De fato, um ba-
lanço de conservação de energia, escrito, por exemplo, para a liga de composição
III, permite escrever
𝑋𝐼𝐼𝐼 − 𝑏 𝐽
𝑀𝑇 (𝑚𝑜𝑙𝑠) ∆𝐻 ( ) = 𝑡(𝑠)𝑞 (𝐽/𝑠)
𝑒−𝑏 𝑚𝑜𝑙
𝑀𝑇 𝑋𝐼𝐼𝐼 − 𝑏
∆𝐻 =𝑡
𝑞 𝑒−𝑏
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
Exemplo: Considere-se um sistema binário eutético simples A-B, tal que: ∆𝐻𝐴 =
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
3500 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 e 𝑇𝐴 = 1500𝐾 ; ∆𝐻𝐵
= 2300 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 e 𝑇𝐵
= 1000𝐾. E ain-
da que 𝐶𝑃𝐿 = 𝐶𝑝𝛼 para ambos os componentes A e B; a solução binária líquida é qua-
se regular com Ω𝐿 = 3600 cal/mol e temperatura crítica 𝜏 = 1800 𝐾 ; enquanto que a
solução sólida é regular com Ω𝛼 = 5000 cal/mol
e tendo sido utilizada, neste caso, estado de referência Raoultiana, se pode escrever
diretamente
∆𝐺 𝐿 = Δ𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺 𝑒𝑥𝑐
se tem
∆𝐺 𝐿 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + Ω𝐿 (1 − T⁄τ) 𝑋𝐴 𝑋𝐵
∆𝐺 𝐿 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + 3600 (1 − T⁄1800)𝑋𝐴 𝑋𝐵
Esta expressão pode ser modificada fazendo-se somar ± 𝜇𝐴𝑜𝑠 e ± 𝜇𝐵𝑜𝑠 no interior dos
parênteses do segundo membro da mesma, de modo a identificar uma expressão de
variação de energia livre de formação da solução sólida, agora tendo como estado
de referência A e B puros e sólidos. Esta operação matemática traz os mesmos re-
sultados que considerar uma transformação como esquematizada na Figura 59: a
solidifcação dos componentes puros, seguida da miscigenação dos sólidos para
forma r uma solução sólida:
154
∆𝐺 𝛼 = {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝛼 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )+ 𝑋𝐵 (𝜇𝐵𝛼 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )} − {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝑜𝑙 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )} + 𝑋𝐵 ( 𝜇𝐵𝑜𝑙 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )}
∆𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺𝛼𝑒𝑥𝑐 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + Ω𝛼 𝑋𝐴 𝑋𝐵
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐺 𝛼 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + Ω𝛼 𝑋𝐴 𝑋𝐵 − {𝑋𝐴 ∆𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 )
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
+ 𝑋𝐵 ∆𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )}
Exemplo: Considere construir um sistema A-B, eutético simples; neste as fases ter-
minais 𝛼 e 𝛽 apresentam estruturas cristalinas diferentes. O componente A puro se
solidifica na forma 𝛼; o componente puro B na forma 𝛽. Utilize A e B puros e líqui-
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
dos como estados de referências e os dados termodinâmicos seguintes: 𝑇𝐴 =
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
1500 𝐾 e 𝑇𝐵 = 2000𝐾, ∆𝐻𝐴 = 3000 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙, ∆𝐻𝐵 = 4000 𝑐𝑎𝑙/
𝑜 (𝛼→𝛽) 𝑜 (𝛼→𝛽)
𝑚𝑜𝑙; ∆𝐺𝐴 = 2000 + 0,5 𝑇 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙; ∆𝐺𝐵 = −3000 − 0,5 𝑇 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙; 𝐶𝑝𝛼 =
𝛽
𝐶𝑝 = 𝐶𝑝𝐿 para ambos os componentes A e B; as soluções binárias envolvidas são
consideradas regulares, tal que Ω𝐿 = Ω𝛼 = 2000 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 e Ω𝛽 = 4000 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙.
e tendo sido utilizada, neste caso, estado de referência Raoultiana, se tem, direta-
mente
Δ𝐺 𝐿 = Δ𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺 𝑒𝑥𝑐
𝐺𝐿𝑒𝑥𝑐 = Ω𝐿 𝑋𝐴 𝑋𝐵 = 2000 𝑋𝐴 𝑋𝐵
resulta
Δ𝐺 𝐿 = 𝑅𝑇 (𝑋𝐴 ln 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑋𝐵 ) + Ω𝐿 𝑋𝐴 𝑋𝐵
Δ𝐺 𝐿 = 𝑅𝑇 (𝑋𝐴 ln 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑋𝐵 ) + 2000 𝑋𝐴 𝑋𝐵
𝑜𝛽
∆𝐺 𝛼 = 𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝛼 − 𝜇𝐴𝑜𝑙 ± 𝜇𝐴𝑜𝛼 ) + 𝑋𝐵 (𝜇𝐵𝛼 − 𝜇𝐵𝑜𝑙 ±𝜇𝐵𝑜𝛼 ±𝜇𝐵 )
O mesmo procedimento pode ser adotado quanto à solução sólida 𝛽, Figura 93. A
sequência de etapas compreende: solidificação de A e B puros de modo a formar B
na estrutura 𝛽 e A na estrutura 𝛼; transformação alotrópica de A , desde estrutura 𝛼
até estrutura 𝛽; miscigenação de A e B puros e sólidos, ambos na forma 𝛽, para
forma a solução sólida 𝛽, de acordo com referência Raoultiana.
Então a expressão
𝛽 𝛽
∆𝐺𝛽 = 𝑋𝐴 (𝜇𝐴 − 𝜇𝐴𝑜𝑙 ) + 𝑋𝐵 (𝜇𝐵 − 𝜇𝐵𝑜𝑙 )
Resulta
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝛼→𝛽
∆𝐺𝛽 = −{𝑋𝐴 Δ𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 ) + 𝑋𝐵 Δ𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )} + 𝑋𝐴 ∆𝐺𝐴
𝑒𝑥𝑐
+ {∆𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺 }
Ou em termos numéricos
∆𝐺𝛽 = −{𝑋𝐴 3000 (1 − 𝑇⁄1500) + 𝑋𝐵 4000 (1 − 𝑇⁄2000) } + 𝑋𝐴 (2000 + 0,5 𝑇)
+ {𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 ln 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑋𝐵 ) + 4000 𝑋𝐴 𝑋𝐵 }
Δ𝜇𝐵 = 𝑅𝑇 ln 𝑎𝐵𝛼 = Δ𝜇𝐵𝑜 {𝐵(𝑙) 𝐵(𝛽)} + Δ𝜇𝐵𝑜 {𝐵(𝛽)𝐵(𝛼)} + Δ𝜇𝐵𝑜 {𝐵(𝛼) 𝐵(𝑠𝑜𝑙 𝛼)}
Δ𝜇𝐵𝑜 {𝐵(𝛼)𝐵(𝛽)}
𝑜 (𝛼→𝛽) 𝑜𝛽
∆𝐺𝐵 = 𝜇𝐵 − 𝜇𝐵𝑜𝛼 = −3000 − 0,5 𝑇 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙
𝛽 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
𝑎𝐵 = 𝑋𝐵 exp{ Ω𝛽 𝑋𝐴2 ⁄𝑅𝑇 − Δ𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )⁄𝑅𝑇 }
𝛽 4000 2 4000
𝑎𝐵 = 𝑋𝐵 exp{ 𝑋𝐴 ⁄𝑇 − (1 − 𝑇⁄2000)⁄𝑇 }
1,987 1,987
𝐿
Assumindo-se que se queira, por exemplo, uma curva 𝑎𝐴𝑙 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝑋𝐴 à temperatura
de 1000K, os valores anteriormente determinados precisam ser corrigidos. De acor-
do com a equação de Gibbs-Helmholtz,
∆𝐺
𝜕( ) ∆𝐻
𝑇
[ ] =−
𝜕𝑇 𝑇2
𝑃 ,𝑛𝑖
𝐿
𝑅 𝑑𝑙𝑛 𝑎𝐴𝑙 ∆𝐻 ̅𝐴𝑙
=−
𝑑𝑇 𝑇2
Esta expressão precedente pode ser integrada se puder ser assumido um valor
̅𝐴𝑙 . Tal fato, para uma faixa de temperatura, permite encontrar que:
constante de ∆ 𝐻
𝑇 𝑇 1
̅𝐴𝑙 ∫ 2 𝑑 ( )
𝑅 ∫𝑇 2 𝑑𝑙𝑛 𝑎𝐴𝑙 = ∆ 𝐻
1 𝑇 𝑇 1
165
𝑇 𝑇
̅𝐴𝑙 1
∆𝐻 1
ln 𝑎𝐴𝑙2 − ln 𝑎𝐴𝑙1 = ( − )
𝑅 𝑇2 𝑇1
Figura 100 - Curvas de energia livre e atividade para equilíbrio entre fases terminais
e a fase intermediária.
166
O método das tangentes pode ser empregado para se determinar as curvas de ativi-
dade neste sistema; como já sabido, as curvas serão constituídas de porções refe-
rentes a equilíbrios metaestáveis ou estáveis. Nas regiões de equilíbrio bifásico exis-
te uma só tangente (e logo um só intercepto em cada extremidade do diagrama) de
modo que nestas o valor de atividade não varia. Por outro lado, nas regiões monofá-
sicas, a atividade varia quando varia a concentração. Portanto, a forma resultante da
curva de atividade do componente B deve ser como apresentada na figura.
Exemplo: Seja o caso do sistema Cd-Sb, Figura 101. A 500K a fase 𝛼 é praticamen-
te Cd puro e sólido; a fase intermediária 𝜎 seria o composto sólido CdSb; enquanto
que a fase 𝛽 corresponde, na prática, a Sb puro e sólido. Note-se que as regiões
monofásicas são tão estreitas que, na prática, as curvas de atividade se confundem
com verticais, nas regiões i, iii e v. A curva de atividade do Sb (por exemplo) pode
ser determinada considerando, primeiramente, que na região iv existe equilíbrio en-
tre CdSb puro e sólido e Sb puro e sólido; então, a atividade do Sb nesta região, em
relação ao Sb puro e sólido, deve ser unitária. Por outro lado, na região ii o equilíbrio
seria entre CdSb puro e sólido e Cd puro e sólido; isto é, o Sb pertence à estrutura
do CdSb e, portanto, sua atividade neste estado deve ser inferior à unidade.
𝑎𝐶𝑑𝑆𝑏
𝐾= = 19,96
𝑎𝐶𝑑 𝑎𝑆𝑏
permite estimar 𝑎𝑆𝑏 = 0,05 (no trecho ii), uma vez que as atividades de CdSb e Sb
são unitárias. Na prática a curva de 𝑎𝑆𝑏 exibe dois patamares: 0,05 até 50% atômi-
co de Sb e 1 a partir daí ; as descontinuidades na curva de 𝑎𝑆𝑏 são, entretanto,
apenas aparentes.
167
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
Componente ∆𝐻𝑖 (J/mol) 𝑇𝑖 (K)
2CaO.B2O3 100 834 1583
CaO.SiO2 27 405 1817
A Figura 104 explicita o caso do sistema Mg-Pb, o qual apresenta duas transforma-
ções eutéticas
170
L = 𝛼 + Mg2Pb
L = 𝛽 + Mg2Pb
A Figura 105 mostra o caso do sistema MgO-Al2O3, no qual ocorrem duas transfor-
mações eutéticas. Neste sistema, os domínios das duas transformações eutéticas
ocorrentes encontram-se intercaladas pelo domínio monofásico MgAl2O4 sólido, re-
sultante de uma transformação congruente, com ponto de máximo da curva liquidus
respectiva. Nota-se que o composto MgAl2O4 é capaz de dissolver MgO e Al2O3,
dentro de uma faixa restrita de temperatura. Nota-se também que o MgO é capaz de
dissolver Al2O3 dentro de uma faixa de temperatura também restrita, enquanto que
Al2O3 não é capaz de dissolver quantidades significativas de MgO, no estado sólido.
Contudo, para baixas temperaturas, as solubilidades do MgO na Al 2O3, MgO no
MgAl2O4, Al2O3 no MgO e Al2O3 no MgAl2O4 são virtualmente nulas.
171
As Figuras 106 e 107, como exemplo, ilustram casos de insolubilidade dos compo-
nentes, no estado sólido, nos sistemas eutéticos diopsita/anortita e ouro/silício, res-
pectivamente. Nestes exemplos, as curvas Solvi e solidi confundem-se com os ei-
xos de temperatura, de modo que o campo de imiscibilidade 𝜶 + 𝜷 ocupa toda a
faixa de composição, indicando a completa ausência de solubilidade de um compo-
nente no outro, no estado sólido.
Figura 107 – Diagrama de fases do sistema Au-Si, mostrando imiscibilidade das es-
pécies componentes no estado sólido
Mesmo com alguma limitação, a forma da curva Solvus pode ser reproduzida por
meio de modelos termodinâmicos. A Figura 108 mostra o caso de um sistema que
experimenta transformação eutética, tal que a solubilidade de B em A é limitada e a
solubilidade de A em B é virtualmente nula. Para efeito de generalidade, admite-se o
caso em que as estruturas cristalinas 𝛼 𝑒 𝛽 são diferentes.
𝑜𝑠 𝛽
𝜇𝐵𝛼 = 𝜇𝐵 = 𝑓(𝑇)
Se for admitido que a fase terminal 𝛼 comporta-se como uma solução estritamente
regular, pode-se escrever que (Estado de referência Raoultiana, B puro e sólido, na
forma cristalina 𝛼 ):
𝜇𝐵𝛼 = 𝜇𝐵𝑜𝑠 𝛼 + 𝑅𝑇 ln 𝑋𝐵 + Ω ( 1 − 𝑋𝐵 )2
𝑜𝑠 𝛽
𝜇𝐵 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 𝛼 = 𝑅𝑇 ln 𝑋𝐵𝑒 + Ω ( 1 − 𝑋𝐵𝑒 )2
𝑜𝑠 𝛽
A parcela 𝜇𝐵 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 𝛼 da equação precedente representa a diferença de potencial
químico de B na forma 𝛽 e na forma 𝛼, isto é, para a transformação alotrópica; já o
termo Ω representa a variação de entalpia de dissolução, à diluição infinita, de 1 mol
de B, com estrutura 𝛼, na solução 𝛼.
𝛽,𝑇1
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇1 𝑋𝐵𝛼,𝑇1 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇1
𝐺𝑚 = 𝛽,𝑇1
𝐺𝛼 + 𝛽,𝑇1
𝐺𝛽 = 𝐺𝛼
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇1 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇1
𝛽,𝑇2
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝑜 𝑋𝐵𝑜 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇2
∆𝐺 = 𝐺𝑚 − 𝐺𝛼 = [ 𝛽,𝑇2
𝐺𝛼 + 𝛽,𝑇2
𝐺𝛽 ] − 𝐺𝛼 < 0
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇2 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇2
2 𝜎𝛼𝛽 2 𝜎𝛼𝛽 𝑉𝑚
𝑅𝑐𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 = − = −
∆𝐺𝑣 ∆𝐺
𝛽,𝑇2
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝑜 𝑋𝐵𝑜 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇2
𝑉𝑚 = [ 𝛽,𝑇2
𝑉 +
𝛼,𝑇2 𝛼 𝛽,𝑇2
𝑉𝛽 ]
𝑋𝐵 − 𝑋𝐵 𝑋𝐵 − 𝑋𝐵𝛼,𝑇2
onde 𝑉𝛼 e 𝑉𝛽 são os volume parciais molares das fases.
Em alguns sistemas binários, a Solidus pode apresentar uma concavidade que inva-
de o campo bifásico sólido-líquido de equilíbrio, vide Figura 107, sistema Ag-Bi (tal
poderia acontecer também com a Solvus, que apresentaria concavidade invadindo a
região de equilíbrio das duas fases sólidas). Nestas circunstâncias, o resfriamento
de algumas ligas líquidas prata-bismuto permite a solidificação completa dentro de
uma faixa restrita de temperatura, de modo que, a temperaturas menores (continua-
ção do processo de resfriamento), a fase primária sólida α (Ag) pode ser liquefeita
parcialmente, recompondo a configuração bifásica α L . Por exemplo, para um
sistema com 3,5% de Bi, a seqüência de transformações, em função de temperatu-
ra, deveria apontar:
Temperatura oC > 940 940 ~715 715 ~375 375 ~262,5 +dT
Fases Líquido 𝛼+𝐿 𝛼 𝛼+𝐿
Desde que para a solução estritamente regular a variação de entalpia deve ser idên-
tica à energia livre em excesso, tem-se:
̅𝐵 = Δ𝜇𝐵𝑒𝑥𝑐 = 𝑅𝑇 ln 𝛾𝐵 = Ω (1 − 𝑋𝐵 )2
Δ𝐻
𝐿 = 𝑅𝑇 ln 𝛾𝐵𝑜 = Ω
Então:
𝑋𝛼 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
ln 𝑋𝐵𝐿 = {Δ𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 − 𝐿 }⁄𝑅𝑇
𝐵
e
𝑋𝛼 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
ln 𝑋𝐴𝐿 = {Δ𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 }⁄𝑅𝑇
𝐴
Figura 111. Nesta figura são apresentados os perfis de várias curvas solidi, em fun-
ção do valor do parâmetro L. Como se nota este comportamento peculiar pode ser
reproduzido.
97,8 − 61,9
% 𝛼𝐸 = 𝑥 100 = 45,15
97,8 − 18,3
61,9 − 18,3
% 𝛽𝐸 = 𝑥 100 = 54,84
97,8 − 18,3
Por outro lado, para que seja possível a nucleação do constituinte eutético, é neces-
sário que a temperatura na frente de precipitação seja inferior à temperatura de equi-
líbrio (𝑇𝐸 ), que o grau de super-resfriamento (Δ𝑇 = 𝑇𝐸 − 𝑇) seja diferente de zero.
Somente, neste caso, a variação de energia livre de formação do volume do consti-
tuinte eutético será negativa (Δ𝐺𝑉 < 0) e o processo será espontâneo. Neste caso, a
contribuição desta parcela será:
Δ𝐻
Δ𝐺 Δ𝐻 − 𝑇 Δ𝑆 𝑇𝐸 Δ𝑇
= = −
𝑉𝑚 𝑉𝑚 𝑉𝑚
A condição crítica, que fornece o menor valor possível de espaçamento entre lame-
las pode ser estimada considerando Δ𝐺 = 0 na expressão anterior:
2 𝜎𝛼𝛽 𝑉𝑚 𝑇𝐸
𝜆=
Δ𝐻 Δ𝑇
Figura 116 - Número de células eutéticas num ferro fundido, em função do teor de
enxofre.
.-
Figura 117: a) estrutura eutética celular de uma liga orgânica transparente. b) se-
ção transversal de uma estrutura celular do eutético em bastão Al-Al6Fe
(70000X).,(PORTER & EASTERLING, 1992)
𝑋𝐵𝛼 ≤ 𝑋𝐵 ≤ 𝑋𝐵𝑒𝑢𝑡é𝑡𝑖𝑐𝑜
𝛽
𝑋𝐵𝑒𝑢𝑡é𝑡𝑖𝑐𝑜 ≤ 𝑋𝐵 ≤ 𝑋𝐵
Figura 121 - a) estrutura de uma liga hipo-eutética de Cu-Ag, contendo 24% de co-
bre. Regiões ovais claras são constituídas de fase pré-eutética; a parte escura é
constituinte eutético; b) parte clara rica em prata; parte escura rica em cobre (REED-
HILL, 1973)
Figura 123 - Microestrutura de uma liga hipo-eutética: parte escura, fase pré-
eutética; o constituinte rajado é o eutético (61,9% de estanho)
𝑄
% 𝛼𝐸 (18,3% 𝑆𝑛) = 𝑥 100 (fase pré-eutética em TE + dT)
𝑄+𝑃
𝑃
% 𝐿𝐸 (61,9% 𝑆𝑛) = 𝑥 100 (líquido eutético em TE + dT)
𝑄+𝑃
𝑃
% 𝛽𝐸 (97,8% 𝑆𝑛) = 𝑥 100 (total de fase em TE - dT)
𝑃+𝑄+𝑅
𝑄+𝑅
% 𝛼𝐸 (18,3% 𝑆𝑛) = 𝑥 100 (total de fase α em TE - dT)
𝑃+𝑄+𝑅
É o que sugere a Figura 125. Em condições de equilíbrio não haveria líquido à tem-
peratura eutética, em sistemas de composição média X. Em condições de resfria-
mento natural a composição do sólido não consegue se ajustar à Solidus, resultando
numa estrutura “zonada” para a qual a porção central do grão é mais pobre no com-
ponente B; enquanto sucessivas camadas mais ricas se depositam em torno do nú-
cleo original. A composição média do sólido formado, em termos do componente B,
é menor que a prevista, o que implica numa aparente deflexão da curva Solidus, se-
gundo 𝜶𝟏 , 𝜶′𝟐 , 𝜶′𝟑 , 𝜶′𝟒 . Em casos extremos, esta aparente deflexão pode ser importante
o suficiente para que seja observado líquido, de composição eutética LE, à tempera-
tura eutética. Esta quantidade de líquido pode ser estimada como:
𝑋4 − 𝛼𝟒′
%𝐿𝐸 = x 100
𝐿4 − 𝛼𝟒′
𝛾
𝑋𝐵 = 𝜑1 (𝑃) composição da fase sólida 𝛾 no equilíbrio trifásico
𝑋𝐵𝛼 = 𝜑2 (𝑃) composição da fase sólida 𝛼 no equilíbrio trifásico
𝛽
𝑋𝐵 = 𝜑3 (𝑃) composição da fase sólida 𝛽 no equilíbrio trifásico
𝑇𝐸 = 𝜑4 (𝑃) temperatura de equilíbrio ou de transformação eutetóide
A Figura 127 ilustra duas topologias possíveis de um sistema binário dotado de uma
transformação eutetóide. Em virtude da transformação eutetóide envolver apenas
fases sólidas, é evidente a necessidade de transformações de fases outras, de mo-
do a contemplar a existência de fase líquida neste sistema.
Tal qual nos sistemas eutéticos, nos sistemas com transformação eutetóide pode ser
encontrada uma diversidade de morfologias das duas fases sólidas conjugadas, pro-
venientes da transformação. Na maioria dos sistemas a estrutura é lamelar, tal como
no sistema Fe- Fe3C. A Figura 130 ilustra uma micro-estrutura da ferrita 𝜶 (estrutura
cúbica de corpo centrado) - e austenita ou solução 𝜸 (estrutura cúbica de face cen-
trada).
191
Exemplo: A Perlita (pearl, pérola) é um dos possíveis Constituintes que podem ser
identificados na microestrutura de uma liga Ferro Carbono, Figura 134. É uma as-
sociação de fases que compreende lamelas alternadas das fases Ferrita e Cementi-
ta(Fe3C). No caso da liga Ferro Carbono é o produto da reação eutetóide. Um
exemplo de micrografia de aço hiper-eutetóide (%C > 0,76) é mostrada na Figura
136, sob aumento de 800X. Porções como aquelas designadas por (I) são grãos de
Perlita . Nesta amostra os vários grãos de Perlita são separados por uma película (II)
de Cementita , o qual foi precipitado antes da reação eutetóide.
195
Figura 137 - exemplo de micrografia de liga Ferro carbono com 0,2% de carbono
Numa amostra como esta, as áreas de Ferrita e as áreas de Perlita são proporcio-
nais aos respectivos volumes. Se estes volumes forem corrigidos para expressar
massas, por médio das densidades, então a composição da liga pode ser inferida
através da regra da alavanca. Por exemplo:
196
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎⁄
𝜌𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎
Á𝑟𝑒𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎 𝜌𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎
= = 𝑥
Á𝑟𝑒𝑎 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎⁄ 𝜌𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎
𝜌𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎 𝜌𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎
= 𝑥
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎 𝜌𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎
Daí,
Á𝑟𝑒𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎 %𝐶 − 0,022 𝜌𝑃𝑒𝑟𝑙𝑖𝑡𝑎
== 𝑥
Á𝑟𝑒𝑎 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎 0,76 − %𝐶 𝜌𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿1 ⇒ 𝛼 + 𝐿2
Como no caso de outros equilíbrios de três fases, sob condições isobáricas, a tem-
peratura de transformação monotética e as composições das fases envolvidas são
fixas. GORDON (1983) ressalta que as transformações monotéticas ocorrem, na
maioria das vezes, em sistemas em que as duas espécies componentes são eletro-
quimicamente dissimilares, por exemplo, em sistemas metal/ não-metal.
Diz-se que um sistema binário experimenta uma transformação peritética (da classe
das reações peritéticas), quando uma fase líquida e outra sólida, por extração de
calor, reagem entre si para compor uma outra fase sólida binária, isto é:
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿+ 𝛼 ⇒ 𝛽
𝑓𝑎𝑠𝑒 𝛼 𝑏−𝑝
=
𝑓𝑎𝑠𝑒 𝐿 𝑝−𝑎
Não sendo obedecida esta relação, existe líquido em excesso (𝑋𝐵 >p) ou sólido 𝛼 em
excesso (𝑋𝐵 <p). Disto, naturalmente decorre que, a depender da deficiência ou ex-
cesso de líquido, a solidificação pode se completar ou não, através da reação perité-
tica.
1186 𝑜𝐶
𝐿(66,3% 𝐴𝑔) + 𝛼(10,5% 𝐴𝑔) ⇒ 𝛽(42,4% 𝐴𝑔)
Para este sistema, à temperatura T = 1186 + dT, de acordo com a regra da alavan-
ca, as proporções de fases líquida, LP , e sólida, αp , requeridas para que a trans-
formação peritética seja completa, isto é, as fases sólida, α, e líquida, L, sejam to-
talmente consumidas para gerar apenas a fase sólida, β, são:
42,4 − 10,5
%𝐿𝑃 = 𝑥 100 = 57,17
66,3 − 10,5
66,3 − 42,4
%𝛼𝑃 = 𝑥 100 = 42,83
66,3 − 10,5
e tendo sido utilizada, neste caso, estado de referência Raoultiana, se tem, direta-
mente
Δ𝐺 𝐿 = Δ𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺 𝑒𝑥𝑐
𝐺𝐿𝑒𝑥𝑐 = Ω𝐿 𝑋𝐴 𝑋𝐵 = 3000 𝑋𝐴 𝑋𝐵
206
resulta
Δ𝐺 𝐿 = 𝑅𝑇 (𝑋𝐴 ln 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑋𝐵 ) + Ω𝐿 𝑋𝐴 𝑋𝐵
Δ𝐺 𝐿 = 𝑅𝑇 (𝑋𝐴 ln 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑋𝐵 ) + 3000 𝑋𝐴 𝑋𝐵
Esta expressão pode ser modificada fazendo-se somar ± 𝜇𝐴𝑜𝑠 e ± 𝜇𝐵𝑜𝑠 no interior dos
parênteses do segundo membro da mesma, de modo a identificar uma expressão de
variação de energia livre de formação da solução sólida, agora tendo como estado
de referência A e B puros e sólidos. Esta operação matemática traz os mesmos re-
sultados que considerar uma transformação como esquematizada na Figura 59: a
solidificação dos componentes puros, seguida da miscigenação dos sólidos para
forma r uma solução sólida:
∆𝐺 𝛼 = {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝛼 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )+ 𝑋𝐵 (𝜇𝐵𝛼 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )} − {𝑋𝐴 (𝜇𝐴𝑜𝑙 − 𝜇𝐴𝑜𝑠 )} + 𝑋𝐵 ( 𝜇𝐵𝑜𝑙 − 𝜇𝐵𝑜𝑠 )}
∆𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺𝛼𝑒𝑥𝑐 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + Ω𝛼 𝑋𝐴 𝑋𝐵
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐺 𝛼 = 𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 𝑙𝑛 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 𝑙𝑛 𝑋𝐵 ) + Ω𝛼 𝑋𝐴 𝑋𝐵 − {𝑋𝐴 ∆𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 )
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
+ 𝑋𝐵 ∆𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )}
Figura 151 - Diagramas de energia livre versus composição, para sistema peritético.
𝒇𝒖𝒔ã𝒐 𝒇𝒖𝒔ã𝒐 𝒇𝒖𝒔ã𝒐 𝒇𝒖𝒔ã𝒐
Considerou-se: 𝑻𝑨 = 𝟗𝟎𝟎𝑲, 𝑻𝑩 = 𝟔𝟎𝟎𝑲; ∆𝑯𝑨 = 𝟐𝟎𝟎𝟎 𝒄𝒂𝒍/𝒎𝒐𝒍, ∆𝑯𝑩 =
𝜶 𝑳
𝟏𝟑𝟎𝟎 𝒄𝒂𝒍/𝒎𝒐𝒍, 𝑪𝒑 = 𝑪𝒑 para ambos os componentes; as soluções são considera-
das regulares com 𝛀 = 𝟑𝟎𝟎𝟎 𝒄𝒂𝒍/𝒎𝒐𝒍
3000 (1 − 𝑋𝐵 )2
𝑎𝐵𝐿 = 𝑋𝐵 exp [ ]
1,987 𝑇
3000 (1 − 𝑋𝐵 )2 1300 1 1
𝑎𝐵𝛼 = 𝑋𝐵 exp [ − ( − )]
1,987 𝑇 1,987 𝑇 600
208
Caminhos hipotéticos, envolvendo a formação das soluções sólidas a partir dos lí-
quidos puros são mostrados na Figura 153. Estes caminhos contemplam: a solidifi-
cação dos líquidos puros; a miscigenação dos sólidos para formação da solução só-
lida (a partir de referencia Raoultiana).
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐺 𝛼 = −𝑋𝐴 Δ𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 ) − 𝑋𝐵 ∆𝐺𝐵𝛼→𝐿 + {∆𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺 𝑒𝑥𝑐 }
209
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐺 𝛼 = −𝑋𝐴 Δ𝐻𝐴 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐴 ) − 𝑋𝐵 ∆𝐺𝐵𝛼→𝐿 + {𝑅𝑇( 𝑋𝐴 ln 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑋𝐵 )
+ Ω𝛼 𝑋𝐴 𝑋𝐵 }
Resulta
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝛽→𝐿
∆𝐺𝛽 = −𝑋𝐵 Δ𝐻𝐵 (1 − 𝑇⁄𝑇𝐵 )} − 𝑋𝐴 ∆𝐺𝐴 + {∆𝐺𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 + 𝐺 𝑒𝑥𝑐 }
Ou em termos numéricos
∆𝐺𝛽 = − 1300 (1 − 𝑇⁄600) 𝑋𝐵 − 𝑋𝐴 (2000 − 2,5 𝑇 ) + {𝑅𝑇 ( 𝑋𝐴 ln 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 ln 𝑋𝐵 )
+ 1820 𝑋𝐴 𝑋𝐵 }
Figura 154 - Diagrama de energia livre versus composição para o sistema peritético
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
com duas estruturas sólidas diferentes. Dados termodinâmicos: 𝑇𝐴 = 1000 𝐾 e
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑜 (𝛽→𝐿)
𝑇𝐵 = 600𝐾, ∆𝐻𝐴 = 2500 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙, ∆𝐻𝐵 = 1300 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙; ∆𝐺𝐴 =
𝑜 (𝛼→𝐿) 𝛽
2000 − 2,5 𝑇 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙; ∆𝐺𝐵 = 800 − 2,4 𝑇 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙; 𝐶𝑝𝛼 = 𝐶𝑝 = 𝐶𝑝𝐿 para ambos
os componentes A e B; as soluções binárias envolvidas são consideradas regulares,
tal que Ω𝐿 = 3090 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 Ω𝛼 = 3200 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 e Ω𝛽 = 1820 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙.
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝛼+ 𝛾 ⇒ 𝛽
Figura 155 - Disposição dos campos de fases em um sistema binário com transfor-
mação peritetóide.
das porções dos campos de fase nos sistemas Ag-Al e Cu-Zn, de modo a explicitar
transformações peritetóides e congruente.
Figura 158 - Detalhes dos diagramas expostos nas figuras 157 e 158
A Figura 159 exibe a micro-estrutura de uma liga hipo-peritetóide Ag-6% de Al, ver
detalhe, resfriada rapidamente desde temperatura superior à de transformação peri-
tetóide, onde se vê a matriz de 𝜶(Ag) embebida por partículas sólidas de 𝜹. Após
longo tratamento térmico, a fase 𝜹 é convertida em 𝝁 com consumo de parte da ma-
triz 𝜶. A Figura 160 mostra um detalhe do diagrama prata-alumínio.
Uma transformação sintética é aquela na qual, por extração de calor, duas soluções
líquidas L1 e L2 compõem uma única solução sólida, tal que:
𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐿1 + 𝐿2 ⇒ 𝛽
Como no caso dos equilíbrios de três fases já abordados, esta transformação é uni-
variante; fixando-se a pressão ficam definidos valores únicos de composições das
fases envolvidas e de temperatura. A Figura 161 esboça uma arquitetura dos cam-
pos fásicos de um sistema binário, apresentando transformação sintética. Decorren-
te da própria natureza da transformação de fases, existe necessariamente um cam-
po de imiscibilidade do sistema no estado líquido. As fronteiras deste domínio de
imiscibilidade representam os lugares geométricos das composições das fases con-
jugadas L1 e L2, em equilíbrio. A fase sólida oriunda da transformação sintética pode
ser uma fase intermediária ou um composto químico, podendo ou não dissolver os
componentes do sistema A-B. No caso do exemplo hipotético, Figura 161, duas
transformações eutéticas compõem o diagrama.
215
Exemplo: Retrace a porção direita do diagrama Na-Zn, Figura 162 explicitando uma
reação eutética ou uma peritética para o patamar a 419ºC. Qual opção seria correta?
Retrace o extremo esquerdo do diagrama U-Bi, Figura 163, associando o equilíbrio
de três fases a 776oC com uma reação eutetóide ou com uma reação peritetóide.
Qual opção seria correta?
Apenas por questão de conveniência, procurou-se dividir este estudo em três gran-
des tópicos. Aqueles relacionados com a classe isomorfa, com a classe eutética e
com a classe peritética. A topologia destas estruturas, as regras de interpretação e
de construção não mudam, a despeito de qual reação em particular, dentro de cada
uma destas classes, esteja em foco.
Inicialmente os temas que foram abordados o foram com o auxílio de diagramas es-
quemáticos e/ou diagramas de fases reais simples. Simples no sentido, em que fo-
ram escolhidos aqueles que envolviam apenas (de preferência), a estrutura a ser
analisada. Diagramas reais, em geral, incluem transformações das várias classes
citadas; neste sentido seriam complexos. Naturalmente esta divisão – simples /
complexo – não faz sentido, posto que as regras de interpretação e construção não
são diferentes. Entretanto a não observância das regras de construção aqui citadas,
oriundas de princípios da termodinâmica, pode levar a erros de interpretação (Oka-
moto, 1992). A seguir procura-se ressaltar este ponto.
A Regra das Fases pode ser usada como base de julgamento. Além da regra das
fases, existe uma regra empírica que estabelece que a velocidade de mudança de
uma propriedade termodinâmica não deve apresentar mudanças abruptas no domí-
nio de estabilidade de uma fase. Em outras palavras, qualquer propriedade (entalpia
de dissolução, parâmetros de rede, módulo de Young, etc) não apresentaria uma
mudança súbita de valor devido a pequenas mudanças em temperatura ou composi-
ção -- a menos que exista uma razão insólita para tal.
Na Figura 166 encontra traçada a Liquidus L1 + Al2Se3 , (a), de tal maneira que sua
extremidade(esquerda) se encontra localizada na isoterma eutética a 660 oC e muito
próximo a 0% de Se. Extrapole a linha (a) até a vertical a 100% de Al. Definitivamen-
te, a linha (a) cruza a vertical a 0% de Se, um pouco abaixo de 660 oC. O significado
desta intersecção é que existiria uma região bifásica meta-estável abaixo deste pon-
to, o que representaria uma violação da regra "A” exposta na Figura 174. Na realida-
de, a linha (a) só pode se aproximar da vertical a 0% de Se, assintoticamente, a 0 K.
Na Figura 167, observe-se a Liquidus referente à fase 𝛽AlB12. Esta consiste de duas
partes, (c) e (e). Extrapole-se a porção superior (e) na direção de baixas temperatu-
ras e a porção inferior (c) na direção de altas temperaturas. Desde que ambas per-
tencem à mesma fase 𝛽AlB12, (c) e (e) deveriam ser parte de uma única curva. En-
tretanto, neste caso, seria preciso uma junção do tipo "Z", como exposta na Figura
174, de modo a se ligar os dois trechos da Liquidus.
219
Na Figura 168 considere-se a fusão meta-estável da fase 𝛼Nd. Este ponto pode ser
obtido através da extrapolação da Liquidus (h) e da Solidus (e) até a vertical a 100%
de Nd. É possível traçar um diagrama esquemático “potencial químico versus tempe-
ratura” e comprovar que o ponto de fusão da variedade 𝛼Nd é inferior ao ponto de
fusão da variedade 𝛽Nd , e que o prolongamento da curva (h) satisfaz este quesito.
Mas, não seria possível traçar a Solidus (e) sem a introdução do erro do tipo "Y",
como exposto na Figura 174. Neste caso argumenta-se que o problema reside, não
nas fronteiras de 𝛼Nd, mas naquelas de 𝛽Nd, (a) e (b). Os problemas poderiam ser
resolvidos pela introdução de uma lacuna de miscibilidade no estado liquido. Neste
caso, não haveria necessidade das linhas (h) e (e) se encontrarem a 100% de Nd.
220
Na Figura 169 o ponto de fusão meta-estável da fase 𝛼Mg3Sb2 pode ser estimado
pela extrapolação da Liquidus. A extrapolação da Liquidus (a) e da Liquidus (d) até a
composição 40% de Sb resulta em estimativas completamente diferentes. Natural-
mente a fase em questão só pode se fundir uma única vez. Para contornar este pro-
blema, um erro do tipo "X", Figura 174, teria que ser introduzido na construção do
diagrama. Portanto uma das duas linhas, (a) ou (d) foi traçada incorretamente.
Na Figura 171, o ângulo de abertura entre a Solidus a Liquidus não pode assumir
qualquer valor arbitrário. Este ângulo é limitado pela entalpia de fusão. No caso em
que a Solidus (b) é vertical, indicando ausência de solubilidade, a inclinação inicial
da Liquidus (a) deveria ser tal que seu prolongamento interceptasse a vertical oposta
a, aproximadamente 0oC: regra empírica válida para elementos metálicos, relaciona-
da à equação de van't Hoff. Este diagrama de fases inclui outro problema. Observe o
campo de estabilidade da fase Hg4Ni. As fronteiras (c) e (d), quando extrapoladas
para temperaturas maiores, não deveriam apresentar um "pico" arredondado for-
mando uma linha continua, desde que representam equilíbrios completamente dife-
rentes; isto é, não se trata de um ponto de tangência.
Na Figura 173, quando a linha Liquidus de uma fase apresenta exagerada assime-
tria, como é o caso para o Au3U, isto indica que a curva energia livre x composição
passa por uma mudança, abrupta, de curvatura no ponto referente à composição do
composto. Este não seria um comportamento esperado, desde que, usualmente, as
transformações são gradativas.
223
Finalmente, violações típicas da regra das fases são ilustradas através dos pontos
"A"-"T", no diagrama hipotético da Figura 174.
D - no caso em que uma reação univariante esteja envolvida, duas Solvi, ou duas
Liquidi, ou duas Solidi, ou uma Solvus e uma Solidus de uma certa fase deveriam se
encontrar em uma única composição.
E - a fronteira referente ao campo de estabilidade de uma fase deve se extrapolar no
sentido de um campo de equilíbrio de duas fases.
F - dois campos de estabilidade de uma única fase, 𝛼 𝑒 𝛽, não podem se tocar ao
longo de uma linha.
G - um campo de estabilidade de uma única fase, neste caso, 𝛼, não deve ser sub-
dividido.
H - em um sistema binário, uma isoterma deveria representar o equilíbrio de três fa-
ses.
I - campos de equilíbrio monofásicos devem ser separados pelo campo de equilíbrio
bi-fásico correspondente.
J - campos de equilíbrio monofásico devem se tocar somente em extremos de tem-
peratura.
K - neste ponto as curvas Liquidus e Solidus devem ser tangentes uma à outra, seja
num ponto de máximo ou de mínimo.
L, M e N – representam o mesmo problema; deveriam estar definidos valores únicos
de composição das fases sólida e líquida em equilíbrio, o que o diagrama pressu-
põe; entretanto, dependendo da escolha de temperatura e composição, são forneci-
das composições de dois líquidos.
O – a fronteira de um campo de estabilidade não pode sofrer solução de continuida-
de no interior do campo de estabilidade de outra fase.
P – a condição de equilíbrio de três fases precisa expressar equilíbrio térmico, mes-
ma temperatura.
Q - a Liquidus não deveria apresentar um pico "agudo" na composição referente a um
composto, a menos que o líquido retenha o estado molecular do composto; quando
uma Solidus e uma Liquidus se tocam, as duas precisam apresentar tangente única e
horizontal neste ponto.
R – as composições das três fases em equilíbrio, aparentemente, no que se refere a
uma reação peritética, não obedecem ao princípio de conservação de massa; a
composição da fase ξ1 precisa ser intermediária às outras duas.
S – o equilíbrio de quatro fases em um sistema binário não é impossível, mas im-
provável; escreva a reação correspondente a este equilíbrio de quatro fases.
T – duas curvas referentes a fronteiras de estabilidade não podem se cruzar.
X, Y e Z - embora as situações ilustradas por estes pontos não violem a regra das
fases, elas são indicativas de mudanças abruptas nos valores das funções
termodinâmicas, o que não seria razoável de se esperar. A menos que uma justificativa
seja providenciada, estas construções devem ser consideradas suspeitas.
A Figura 175 apresenta uma proposta para o diagrama exposto na Figura 174, após
correções.
225
II.33 - Exercícios:
𝑋𝑍𝑟 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
∆𝐻 cal/mol 340 590 800 940 1010 1000 910 740 468
4 -Descreva o resfriamento em equilíbrio, desde 1600oC até 200oC, de liga tal que
𝑋𝑁𝑖 = 0,30 . Quais as fases, quais as composições das fases, em que proporções
estão presentes nas temperaturas 1600 oC, Liquidus, Solidus, 1200oC, 500oC,
348oC, 347oC, 346oC e 200oC?
227
5-Considere o diagrama Fe-Rh. Identifique, por cor única, todas as regiões monofá-
sicas. Identifique todos os equilíbrios univariantes, especificando nome, temperatura
e composições das fases envolvidas. Analise o resfriamento em equilíbrio das ligas
de composições médias : 5%, 10% e 17,5% de Rh (base atômica).
228
13-Em um sistema binário A-B as soluções líquidas são ideais enquanto que as sólidas
podem ser consideradas estritamente regulares, de desvio positivo. a) encontre as
expressões que permitem calcular as posições da Solidus e da Liquidus. b)- determi-
ne a expressão que permite calcular a posição da lacuna de miscibilidade.
14-Considere o diagrama Fe-Pd. Identifique, por cor única, todas as regiões mono-
fásicas. Identifique todos os equilíbrios univariantes, especificando nome, temperatu-
ra e composições das fases envolvidas. Analise o resfriamento em equilíbrio das
ligas de composições médias: 5%, 15% e 55% de Pd (base atômica).
15-Considere o diagrama Fe-Be. Identifique, por cor única, todas as regiões mono-
fásicas. Identifique todos os equilíbrios univariantes, especificando nome, temperatu-
231
16-Considere o diagrama Fe-Mo. Identifique, por cor única, todas as regiões mono-
fásicas. Identifique todos os equilíbrios univariantes, especificando nome, temperatu-
ra e composições das fases envolvidas. Analise o resfriamento em equilíbrio das
ligas de composições médias: 10%, 20% e 45% de Mo (base atômica).
232
formação destas soluções a 900K, 840K, 780K, 700K, 635K, 620K, 610K, 600K e
500K, referência SÓLIDOS puros, trace duplas tangentes (se pertinente) e o dia-
grama de fases correspondente.
28- O diagrama de fases Pb-Sn é um eutético simples, com 𝑻𝑬 = 183 oC. Foram
realizadas experiências de solidificação de ligas deste sistema, nas quais uma quan-
tidade fixa de liga, M[kg] era resfriada com taxa de extração de calor constante,
q[J/s]. Tendo sido previamente determinada a variação de entalpia referente à rea-
ção eutética 𝑳 = 𝜶 + 𝜷 , 𝚫𝑯[J/kg], e considerando os dados ilustrativos seguintes,
encontre as expressões que relacionam a duração do patamar eutético, t[s], à com-
posição da liga, %Sn, e, a partir destas, as composições das fases envolvidas.
Hipo-eutética Hiper-eutética
t[s] %Sn t[s] %Sn
65 50 62 73
18 27 32 85
proporção das fases presentes a 800, 1200, 1600 e 1700 oC. Considere condições de
equilíbrio ; c) repita o item b), porém considerando a liga com 60% de Co.
.
31-Descreva as transformações que ocorrem quando ligas ferro-cromo com 20%, 40%
e 60% em peso de Cromo são aquecidas, em condições de equilíbrio, desde 600 oC
ate 1700 oC. Inclua na descrição: composição das fases presentes, proporção das
mesmas e caracterização das reações univariantes.
239
32- Considere solução líquida A-B estritamente regular, com Gexc = 3000 XA XB
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
cal/mol. Assuma ainda para o componente A: Δ𝐻𝐴 = 2000 cal/mol, 𝑇𝐴 = 900 K
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
; para o componente B: Δ𝐻𝐵 = 1300 cal/mol,𝑇𝐵 =
600 K. Encontre a expressão
para a curva de variação de energia livre de formação destas soluções, referência
SÓLIDOS puros. Deduza a expressão que fornece a temperatura crítica da lacuna
de miscibilidade. Determine a extensão do gap de miscibilidade a 400 K.
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
𝑇𝐴 = 800 ºC ; 𝑇𝐵 = 500 ºC ;
Transformação a T = 650 ºC : L (20%B) → α (5%B) + γ (47%B) ;
Transformação a T = 900 ºC : L1 (40%B) + L2 (60%B) → γ (50%B) ;
Transformação a T = 750 ºC : γ (53%B) + L (90%B) → β (80%B) ;
Transformação a T = 350 ºC : γ (52%B) + β (85%B) → δ (65%B) ;
47- Descreva o resfriamento em equilíbrio, desde 700 oC até 200 oC, de liga tal que
𝑋𝑍𝑛 = 0,30 . Quais as fases, quais as composições das fases, em que proporções
estão presentes nas temperaturas 700 oC, Liquidus, 500 oC, Solidus, 400 oC, 300 oC,
278 oC, 277 oC, 276 oC, 200 oC?
245
48- Considere um sistema no qual três fases podem estar presentes, líquida 𝐿 , só-
lida 𝛼 e sólida 𝛿, todas a três regulares tais que Ω𝐿 = 600 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 ; Ω𝛼 =
800 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 ; Ω𝛿 = −3000 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙. A fusão se dá a partir da variedade alotrópica
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
𝛼, isto é 𝑖(𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 𝛼) = 𝑖(𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜) e valores característicos são : Δ𝐻𝐴 =
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
3000 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 ; 𝑇𝐴 = 1300 𝐾 ; Δ𝐻𝐵 = 2500 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 ; 𝑇𝐴 = 700 𝐾 . Tam-
𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑖çã𝑜
bém se conhece que, para a transição 𝛿 → 𝛼 , ∆𝐺𝐴 = 200 − 1,5 𝑇 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 e
𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑖çã𝑜
∆𝐺𝐵 = 300 − 2,4 𝑇 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙. Tome como referências os sólidos puros, na vari-
edade alotrópica 𝛼 e trace curvas de variação de energia livre de formação das so-
luções em intervalos de 50K; a partir destas curvas mostre que o diagrama de fases
deve ser como o seguinte.
246
51 - Considere que as fases sólida e líquida no sistema binário A-B sejam regulares.
cal
Sejam os valores de 𝐺 𝑒𝑥𝑐 = Ω 𝑋𝐴 𝑋𝐵 , onde Ω = 0 ou 2400 ou 3000 mol. Trace curvas
de variação de energia livre de formação e verifique qual seria o diagrama de fases
nestes casos. A evolução sugerida na figura se justifica?
52- Num sistema A-B a variação de energia livre de formação (em relação aos sóli-
dos puros) da solução sólida 𝛼 é tal que 𝐺 𝑒𝑥𝑐 = Ω 𝑋𝐴 𝑋𝐵 = 15000 𝑋𝐴 𝑋𝐵 Joule/mol.
A 750 K a variação de energia livre de formação (em relação aos sólidos puros) do
composto intermediário 𝐴3 𝐵 é -1000 Joule/mol, na ausência de efeitos de curvatura.
248
54- Considere 𝜎, a energia interfacial 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎 𝛼 − 𝐹𝑒3 𝐶, a 700 oC, igual a 0,7 𝐽⁄𝑚2 e
a densidade da mesma, 𝜌𝐹𝑒3𝐶 , igual a 7700 𝑘𝑔⁄𝑚3. Sejam dois precipitados esféri-
cos de cementita, de raios 𝑅1 (200 𝑛𝑚) e 𝑅2 (100 𝑛𝑚). A 700 oC a solubilidade da
cementita (𝐹𝑒3 𝐶) na 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎 𝛼 corresponde a 0,015%C, em peso, na ausência de
efeitos de curvatura. Considerando agora os efeitos de curvatura estime as concen-
trações nos pontos “1” e “2”, nas interfaces 𝐹𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑎 𝛼 − 𝐹𝑒3 𝐶, bem como as ativida-
des de carbono nestes pontos, sabendo que para soluções diluídas o coeficiente
Henryano de atividades é dado por ln 𝛾𝐶𝑜 = 5,849 + 1126⁄𝑇 ; estime a diferença de
potencial químico de carbono entre estes pontos. Havendo um fluxo de carbono es-
pontâneo, desde o ponto de mais alto potencial, e considerando que a remoção de
carbono de um dado local desestabiliza a cementita de acordo com a reação
𝐹𝑒3 𝐶 → 𝐹𝑒 + 𝐶, qual precipitado irá crescer?
249
56- Considere uma solução binária, com desvio positivo em relação à idealidade, e
tal que
𝐺𝑒𝑥𝑐 = Ω𝐴𝐵 (1 − 𝑎 𝑇) 𝑋𝐴 𝑋𝐵
Onde Ω𝐴𝐵 = 10000 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 𝑒 𝑎 = 0,0003. Encontre a expressão que fornece a tempe-
ratura crítica da lacuna de miscibilidade. Trace as fronteiras da lacuna, considerando
intervalos de 100 graus.
58- Considere que as soluções sólida e líquida, num sistema binário A-B, sejam re-
gulares, tais que Ω𝐿 = 0 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 e Ω𝑆 = 15 𝑘𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 , Trace curvas de energia livre (50
em 50 K) e verifique se são reproduzidos os diagramas de fase esquematizados a
seguir. Considere
𝑇𝐴𝐹 (𝐾) Δ𝑆𝐴𝐹 ( 𝐽⁄𝐾. 𝑚𝑜𝑙 ) 𝑇𝐵𝐹 (𝐾) Δ𝑆𝐵𝐹 ( 𝐽⁄𝐾. 𝑚𝑜𝑙 )
Caso I 1000 10 1200 10
Caso II 500 10 3000 10
250
Escreva as expressões para a energia livre de formação das soluções, tomando só-
lidos puros como referência e então, com base nas informações referentes ao ponto
de mínimo, ao ponto crítico da lacuna de miscibilidade, e nas expressões citadas,
encontre os valores dos parâmetros Ω𝑆 , Ω𝐿 , 𝑎 𝑆 e 𝑎𝐿 . Compare os valores previstos
por este modelo com os valores experimentais, para T = 1300 oC. Sabe-se que
𝐴𝑢 𝑁𝑖
∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 12,55 𝑘𝐽⁄𝑚𝑜𝑙 e ∆𝐻𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 17,48 𝑘𝐽⁄𝑚𝑜𝑙
251
II.34 - Referências:
1. DARKEN, L. S & GURRY, R. W - Physical Chemistry of Metals. Mcgraw-Hill Book
Company, NY, 1953
2. HANSEN, M – Constitution of Binary Alloys. 2nd ed. Mcgraw-Hill Book Company, NY,
1958
3. WINEGARD, W. G – An Introduction to the Solidification of Metals. The Institute of
Metals, London, 1964
4. GUILLIET, L - Diagrammes de Phases en Métallurgie. Masson et Cie. 1964
5. RHINES, F. N - Phase Diagrams in Metallurgy. McGraw-Hill Book Company, NY,
1956
6. CHALMERS, B -- Principles of solidification. John Wiley and Sons, NY, 1964
7. FLEMINGS, M. C -- The solidification of Metals. Mcgraw-Hill, NY, 1974
8. PORTER, D.A & EASTERLING, K. E – Phase Transformation in Metals and Alloys.
Chapman & Hall, NY, 1981
9. GORDON, P – Principles of Phase Diagrams in Materials Systems. McGraw-Hill, NY,
1968
10. SWALIN, R. A - Thermodynamics of Solids. Wiley, NY, 2nd edition, 1972
11. REED-HILL, R. E – Physical metallurgy Principles. D van Nostrand Company, Lon-
don, 1973
12. LUPIS, C.H.P - Chemical thermodynamics of Materials. North-Holland, N.Y, 1983
13. PRINCE, A- Alloy Phase Equilibria, Elsevier, NY, 1966
14. ELLIOT, J. F; GLEISER, M & RAMAKRISHNA, BV - Thermochemistry for Steelmak-
ing. Addison-Wesley, 1963, vol. 2
15. ASKELAND, D. R & PHULÉ, P. P: Ciência e Engenharia dos Materiais. CENGAGE,
Brasil, 2008-10-31
16. REISMAN, A - Phase Equilibria -Basic Principles, Applications, Experimental Tech-
niques, Academic Press, 1970
17. FINDLAY, A. The Phase Rule and its Applications, Dover Publications, 1951
18. PREDEL, B; HOCH, M & POOL, M - Phase Diagrams and Heterogeneous: A Practi-
cal Introduction. Springer
19. DEVEREUX, O. F - Topics in Metallurgical Thermodynamics – Robert E. Krieger
Publishing Company, Florida, 1989
20. KNACKE, O & UBASCHEWSKI, O., HESSELMAN, K., Thermochemical Properties of
Inorganic Substances, 2nd edition, Springer Verlag, 1977.
21. BAKER, H., Alloy Phase Diagrams, ASM Handbook, vol3, ASM International, 1992.
22. STOLEN, S & GRANDE, T., Chemical thermodynamics of materials (macroscopic
and microscopic aspects), John Wiley&Sons, 2004.,
23. OKAMOTO, H & MASSALSKI; T.B “Are You a Phase Diagram Expert ?", ASM
News, Janeiro de 1992, paginas 4 e 5.
24. OKAMOTO, H & MASSALSKI; T.B - "Thermodynamically Improbable Phase Dia-
grams", J. Phase Equilibria, 12[2], 148-168, 1991.
25. OKAMOTO, H - “Re-evaluation of Thermodynamic Models for Phase Diagram Evalu-
ation", J. Phase Equilibria, 12[6], 623-644, 1991.
Sistemas ternários
266
III. 1 - Introdução
_ _ _
então, os segmentos a , b e c , medidos nas mesmas unidades, podem ser utiliza-
dos para definir a composição representada pelo ponto P. Especificamente, se o
_ _ _
segmento a for tomado como porcentagem de A, b como a porcentagem B e c co-
mo a porcentagem C, então, total coerência será mantida com a representação já
consagrada para sistemas binários. De fato, se o ponto P se desloca em direção ao
_
vértice A, o segmento a progressivamente se expande, e, no limite, quando P atinge
A, passa a valer 100% (do componente A). Por outro lado, se P se desloca no senti-
____ _
do do lado BC , o triângulo de lado a tem suas dimensões reduzidas e, no limite,
____ ____
quando P atinge BC , o sistema ternário se reduz ao binário BC , a porcentagem de
B sendo indicada pelo segmento oposto ao vértice B, como de praxe. Se for admiti-
_ _ _
do o esquema proposto, fica claro, que os valores dos segmentos a , b e c poderão
____ ____ ____
ser lidos em quaisquer dos lados AB , BC e CA , e a Figura 1 torna-se auto-
explicativa da representação de composições ternárias. O ponto P corresponderia a
40% de A, 20% de C e 40% de B, onde o símbolo % pode representar porcentagem
atômica, porcentagem em peso, porcentagem volumétrica, ou qualquer outra unida-
de alternativa de concentração.
Um conódio (ou tie-line), por definição, é um segmento de reta que liga os pon-
tos representativos das composições de duas fases em equilíbrio. Isto implica
que um conódio é um segmento isobárico e isotérmico e, como tal, sua projeção
vertical se apresenta em verdadeira grandeza sobre o Triângulo de Gibbs.
Pode ser mostrado que, se dois sistemas ternários são misturados, a composição
resultante ficará sobre o segmento de reta ligando as duas composições originais,
desde que a mistura seja levada a termo sem perda (ou ganho) de matéria para o
restante do universo. Inversamente, se um sistema se desdobra em dois outros, as
composições dos dois novos sistemas gerados se situam nas extremidades de um
segmento de reta, que passa pela composição do sistema original. Estas afirmações
são verdadeiras, quaisquer que sejam as proporções em que os sistemas são mistu-
rados (ou gerados) e decorrem de uma relação geométrica simples que, por sua
vez, é resultado da aplicação do princípio de conservação de matéria. Esta relação é
conhecida como Regra da Alavanca e estabelece que, ao misturar quantidades de-
269
___
% do sistema de composição S PL
x100
em relação ao total S L ___
SL
e
___
% do sistema de composição L SP
x100
em relação ao total S L ___
SL
Estas assertivas podem ser confirmadas algebricamente ou, com o auxílio da Figura
2-b; geometricamente, 02-b é um extrato da Figura 2-a, no qual não está represen-
___
tado o vértice C. O segmento AL é a porcentagem de A no sistema de composição
___
L; enquanto que o segmento CS é a porcentagem de C no sistema de composição
___ ___
S. CL e AS têm significados análogos. Se for admitido que QS e QL são as quanti-
dades (em unidades compatíveis com a natureza da unidade de concentração) de S
e L, respectivamente, a serem misturadas, então a composição do sistema resultan-
te, P, será:
___ ___
___
QS x AS QL x AL ___
QS ___ ___ ___ ___ ___
AP AL AL AS AL AL AS
QS QL QS QL
E, analogamente,
___ ___
___ ___
CP CL CL CS
Este princípio pode ser demonstrado se for admitido que a mistura se faz em etapas,
primeiro pela conjunção de R e S e depois pela adição de L ao subsistema anterior-
mente gerado.
(QR QS ) QL QP
___
O ponto N ' , situado sobre SR , não poderia representar o resultado da primeira eta-
___
pa, pois que, neste caso, estaria definindo, para a segunda etapa, o segmento LN' ,
sobre o qual deveria estar locada a composição final. Como P é, admitidamente, a
___
composição final, e não se situa sobre LN' , fica claro que o único ponto representa-
___
tivo da primeira etapa é o ponto N, situado sobre o prolongamento de LP . Esquema-
ticamente tem-se:
272
sistema QR de composição R
fornece sistema QN QS QR
1ª etapa
sistema QS de composição S de composição N
resulta sistema QP QN QL
sistema QN de composição N
2ª etapa ou sistema QS QR QL
sistema QL de composição L de composição P
___
QL QL PN
___
___
QL QN QL QR QS LN
_______
AM é o lugar geométrico das composições apresentando proporção fixa de B e C,
a saber:
_____
Quantidade de B MC
______
Quantidade de C
BM
Quando da exposição dos princípios constantes deste item, foi feita a referência ao
desdobramento de um sistema ternário em dois ou três outros e ao misturamento de
sistemas ternários. Como a Regra da Alavanca é uma expressão da lei de conser-
vação de massa, não foi preciso exigir que os sistemas estivessem em equilíbrio,
mas evidentemente, as regras se aplicam para transformações de fases em equilí-
brio. Neste caso, os segmentos ligando as composições são os conódios definidos
anteriormente.
Exemplo:
Resolução
_____ _____
M2 M2
Proporção de R ______ ou 200 x ______
mols de R
R2 R2
_____ _____
M1 M2
Proporção de C 1 ______ ______
S1 R2
_____ _____
3S 3S
Proporção de R ______ ou 50 x ______ mols de R
RS RS
_____ _____
R3 R3
Proporção de S ______ ou 50 x ______ mols de S
RS RS
___________
b) O ponto L, Figura 4, é a intersecção da linha bb’ com a linha B, A 7 C 3 , esta última
sendo o lugar dos pontos em que a razão A/C é igual a 7/3. De acordo com a Regra
da Alavanca, se L se decompõe em N e P, então estes três pontos devem estar ali-
nhados, sendo L o ponto de apoio da alavanca. Isto implica em que P deve se situar
_____
no prolongamento de NL , oposto ao ponto N, e, desde que são formados 40-10=30
mols de P, sua posição deve ser tal que:
275
____
____
30 NL 4 ___
Proporção de P _____
NP NL
3
40 NP
Em contraponto com a linha Liquidus, de um sistema binário, fica definida uma su-
perfície Liquidus, tal que, se o ponto definido pela temperatura e composição do
sistema se coloca acima da mesma, o sistema estará, em condições de equilíbrio,
totalmente liquefeito. De modo análogo, se este ponto se localiza abaixo da superfí-
cie denominada Solidus, o estado físico do sistema será sólido e, para os pontos
situados no interior do volume delimitado pelas faces do poliedro e estas duas su-
perfícies (Liquidus e Solidus), o sistema compor-se-á de uma fase sólida e uma
fase líquida, em regime de equilíbrio.
276
A Figura 6 mostra cortes isotérmicos e projeção dos cortes isotérmicos sobre o pla-
no horizontal, conforme apresentado na Figura 5. A região de duas fases é definida
pelos conódios ligando as composições do sólido, , e do líquido, L. A direção des-
tes conódios, medida em relação a uma das faces verticais do poliedro, é variável,
e para sua melhor visualização costuma-se fazer uso de seções isotérmicas do dia-
grama espacial. O desenvolvimento de tais seções pode ser visto em perspectiva na
Figura 6-a e como projeção, em verdadeira grandeza, na Figura 6-b.
O corte isotérmico à temperatura T1, por exemplo, destaca uma linha Solidus (inter-
secção do plano isotérmico com a superfície Solidus) à direita da qual o sistema se
encontra no estado sólido, e uma linha Liquidus (intersecção do plano isotérmico
com a superfície Liquidus) à esquerda da qual o estado físico do sistema é líquido.
Entre elas, uma região de equilíbrio entre L e , composta pelos conódios. Estes
são as linhas tracejadas que ligam uma determinada composição de sobre a linha
Solidus a uma composição de L sobre a Liquidus. Nota-se a diferente orientação
dos vários conódios.
______ ______
α3 X L3X
% Líquido ______
e % Sólido ______
L 3 α3 L 3α 3
Outro princípio importante é que dois conódios não podem se cruzar. Caso contrário
seria possível encontrar uma situação tal como exposta na Figura 7, em que um sis-
tema de composição Y seria composto por duas fases L5 e 5 , em equilíbrio, ao
mesmo tempo que 5 estaria em equilíbrio com L'5 . Isto configuraria um equilíbrio
de três fases em uma região que é, por hipótese, região de estabilidade de duas
fases – uma sólida e uma líquida.
De acordo com a Regra das Fases, num sistema ternário e para um equilíbrio bifá-
sico, o número de graus de liberdade seria dado por
V = C – F +2 = 3 -2 +2 =3
278
A Figura 11, na qual a seção abL2L1 foi obtida por meio de um plano vertical à fra-
ção constante de C, ilustra a situação. A linha L1L3L2 é a interseção do mesmo plano
com a superfície Liquidus. Na mesma figura foi traçada uma seção isotérmica que
define o ponto L3 sobre a linha Liquidus da seção vertical. Nota-se que o conódi-
oL3S3, que indica a composição do sólido em equilíbrio com o líquidoL3, não perten-
ce à seção abL1L2 e que, portanto, a apresentação da seção vertical não permite
conhecer as composições do sólido e do líquido em equilíbrio. Esta restrição se apli-
ca não apenas ao equilíbrio sólido-líquido, mas a equilíbrio bifásicos, qualquer que
seja a natureza das fases.
281
A condição para que haja solubilidade ilimitada no estado sólido, entre os três com-
ponentes de um sistema, é que sejam observadas as Regras de Hume-Rothery.
Embora a discussão seja longa, estas regras estabelecem que solubilidade ilimitada
pode ser alcançada se os componentes puros apresentam valores próximos de raio
atômico e se cristalizam no mesmo sistema. Estas características garantem que um
componente pode substituir os outros, em qualquer quantidade, sem provocar dis-
torção significativa da rede cristalina. Além do mais a diferença entre eletronegativi-
dades deve ser pequena, de modo a excluir a formação de compostos intermediá-
rios. Em outras palavras, os componentes devem ser bastante semelhantes do pon-
to de vista químico e estrutural, não devendo apresentar tendência a ligações prefe-
renciais. Estas são claramente as condições requeridas para a formação de solu-
ções ideais. Soluções ideais são raras, senão inexistentes. Soluções reais apresen-
tam desvios em relação à idealidade. Se estes não forem excessivos, a combinação
de três componentes pode render variações ou deformações relativas ao isomorfo
ideal.
282
Um sistema de composição média X seria composto das fases α1e β1 , isto é, α1β1 é
um conódio. Tal como no caso do equilíbrio bifásico entre líquido e sólido, apenas o
conódio binário α β tem direção pré-determinada, indicando que a direção dos ou-
tros deve ser obtida experimentalmente. O ponto C, Figura 13-c , é claramente, um
ponto crítico, pois nele as composições das fases em equilíbrio se igualam e, em
conjunto com outros pontos críticos forma a linha crítica 𝐶1 𝐶2 𝐶3 𝐶4 . . . . .da Figura
13-a.
e, portanto, quatro graus de liberdade devem ser exercidos de modo a definir o es-
tado de um sistema, nestas condições. Estes graus de liberdade são: pressão, tem-
peratura e duas variáveis de concentração. A Figura 15-a permite verificar que é cor-
reta a representação de regiões unifásicas por volumes, no diagrama espacial. Con-
siderando que um grau de liberdade já foi exercido quando da construção do dia-
grama de fases à pressão constante, a representação proposta será correta se a
escolha independente da temperatura e de duas variáveis de concentração definir
285
uma única fase. Admita-se que a condição a ser representada corresponde a 1atm,
temperatura T1 e composição 20% de A e 40% de B. O plano horizontal abc, traçado
à T1 , representa a escolha da temperatura. Um plano vertical, paralelo ao lado BC e
a um quinto da distância entre este lado e o vértice A, representa a condição de que
o sistema contém 20% de A. O intercepto destes dois planos é a reta fg, a qual indi-
ca que várias ligas 20% de A podem existir à temperatura T1 e que, portanto, o esta-
do do sistema não está ainda completamente definido. Esta definição é alcançada
pela construção do plano vertical ihkj, paralelo ao lado AC e a dois quintos da dis-
tância entre AC e o vértice B, de cuja interseção com a reta fg resulta no ponto P. O
número de graus de liberdade pode ser entendido também como o número de variá-
veis cujos valores podem ser alterados, independentemente, sem modificar a confi-
guração fásica ( número e natureza das fases) do sistema. A alteração nos valores
das variáveis que definem o ponto P, temperatura e concentração de dois constituin-
tes, faz com que este ponto defina um volume no diagrama espacial, indicando que
a representação de regiões unifásicas através de volumes é correta.
V C F 2 3 2 2 3
define, sobre a isoterma, o segmento de reta ed, lugar geométrico dos pontos que
representam o sistema com 15% de A. O segmento ed inclui uma única composição
de líquido que pode estar em equilíbrio com a fase sólida, a saber a composição g,
onde a linha tracejada corta a Liquidus. Portanto, g é a composição do líquido, e i,
situada sobre a Solidus e definida pelo conódio gi, é a composição do sólido. O es-
tado fica, assim, completamente definido. Se fosse especificado que a fase sólida
devesse conter 15% de A, aí então a composição do líquido seria h, situada sobre a
Liquidus e definida pelo conódio hf. Uma das outras possibilidades de executar os
dois graus de liberdade seria, por exemplo, especificar dois valores de concentra-
ção.
V = C- F +2 = 3 – 2 + 2 = 3
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
𝜇𝑖𝑜𝑙 − 𝜇𝑖𝑜𝑠 = ∆𝐻𝑖 (1 − 𝑇⁄𝑇𝑖 )
𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐻𝑖 (1 − 𝑇⁄𝑇𝑖 ) = 𝑅𝑇 𝑙𝑛 𝑋𝑖𝛼 − 𝑅𝑇 𝑙𝑛 𝑋𝑖𝐿
𝑓𝑢𝑠ã𝑜
∆𝐻𝑖 𝑓𝑢𝑠ã𝑜
(1⁄𝑇 − 1⁄𝑇𝑖 ) = 𝑙𝑛 𝑋𝑖𝛼 − 𝑙𝑛 𝑋𝑖𝐿
𝑅
5700
(1⁄1100 − 1⁄1500 ) = 𝑙𝑛 𝑋𝐴𝛼 − 𝑙𝑛 𝑋𝐴𝐿
1,987
3000
(1⁄1100 − 1⁄1700 ) = 𝑙𝑛 𝑋𝐵𝛼 − 𝑙𝑛 𝑋𝐵𝐿
1,987
4000
(1⁄1100 − 1⁄900 ) = 𝑙𝑛 𝑋𝐶𝛼 − 𝑙𝑛 𝑋𝐶𝐿
1,987
V C F 2 33 2 2
De modo que, além da pressão, apenas uma variável outra pode ser especificada.
Se a variável escolhida for a temperatura, as composições das três fases ficam au-
tomaticamente definidas através de Triângulos Conodiais, como especificado na
Figura 17.
289
A Figura 17 indica ainda que, em concordância com a Regra das Fases, quando a
temperatura varia, as composições das fases também variam, a composição de
𝛼1 𝛼2 𝛼3 𝛼4 , enquanto que as composições de e seguem as
seguindo a curva ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
curvas ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝛽1 𝛽2 𝛽3 𝛽4 e 𝛾 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
1 𝛾2 𝛾3 𝛾4 , respectivamente. Nota-se que o movimento do Triân-
gulo Conodial gera um volume delimitado pelas superfícies γ1 γ 4β 4β1 , β1α1α 4β 4 e
α 4 γ 4 γ1α1 , que é a região de estabilidade das três fases.
Quando quatro fases estão em equilíbrio não resta, além da pressão, nenhum grau
de liberdade a ser exercido
V C F 2 3 4 2 1
Se for admitido que uma região de equilíbrio de quatro fases, que existe em um pla-
no isotérmico, pode ser considerado um volume degenerado em plano, o princípio
exposto indica que os campos de equilíbrio de quatro fases devem ter por vizinhan-
ça campos de equilíbrio trifásicos. Este princípio é de uso geral e aplica-se também
a seções isotérmicas e verticais dos diagramas espaciais.
291
Já foi estabelecido que o equilíbrio de três fases é bivariante e pode ser represen-
tado por um volume gerado pelo deslocamento dos Triângulos Conodiais. A Figu-
ra18 contempla algumas das possibilidades a partir das quais um Triângulo Cono-
dial pode ter origem ou se extinguir. Em (a), o Triângulo Conodial 𝒂′ 𝒃′ 𝒄′ se dege-
_____
nera no segmento de reta aeb , isotérmico, representativo do equilíbrio de três fases
num sistema binário.
É fato que toda reação trifásica, isotérmica, que ocorre em qualquer dos sistemas
binários, está associada com uma região trifásica do sistema ternário, não isotérmica
e descrita pelos Triângulos Conodiais. Em (c) o triângulo abc igualmente se dege-
____
nera num segmento de reta a ' b ' , também um conódio, porém localizado no espaço
ternário. O ponto b ' (c ' ) tem características de um Ponto Crítico. As figuras b e d
representam o término do campo de equilíbrio de três fases em um plano isotérmico
de equilíbrio de quatro fases, caracterizando as reações de Classe I e de Classe II,
respectivamente, a serem definidas posteriormente. Os esquemas a seguir apresen-
tam algumas possibilidades associadas às letras a e c.
Na Figura 19, dois binários eutéticos, AB e BC, se combinam com um binário iso-
morfo, na suposição de que existe uma Lacuna de Miscibilidade que se estende
entre os dois eutéticos.
292
e1 α1 β1
e2 α2 β2
Seções isotérmicas através de modelo espacial, tais como as da Figura 20, mostram
que o esquema é compatível com a Regra das Fases. Nota-se que o princípio, já
293
Figura 20- Projeção das isotermas geradas a partir do modelo da figura 19.
Com referência à Figura 19, é possível verificar que sistemas cujas composições
estão à esquerda da curva 𝛼̂
1 𝛼2 se transformam de acordo com o esquema
L Lα α α β
ou
LLαα
L Lβ β βα
ou
L Lβ β
294
L Lα Lβ α α β
ou
L Lβ Lβ α α β,
______
XL3
______
x100 .
α3L3
O equilíbrio entre estas duas fases perdura até a temperatura T 4, em que se precipi-
tam os primeiros cristais de , de composição 4 . A T5, três fases, líquido, alfa e
beta, coexistem em equilíbrio. Suas composições são L 5 , α 5 e β 5 ,respectivamente,
e a quantidade de alfa, por exemplo, é
______
XS 5
______
x100
α 5S5
É fato que, se for conhecido o tipo de diagrama ternário, a forma geral de suas su-
perfícies e espaços de equilíbrio tornam-se previsíveis. No entanto, sob nenhuma
circunstância, o tipo ou constituição de sistema ternário pode ser predito pelo conhe-
cimento, apenas, dos sistemas binários de que é formado. As Figuras 22 e 23 apre-
sentam duas das outras possíveis
295
L1 1 1
L2 2 2
no binário CB.
Lβ α
______ ______
Yn Xm
% (Y) ______
x100 % (X) ______
x100
β3 n β3 m
No modelo da Figura 26, admite-se que dois sistemas binários apresentam completa
solubilidade no estado sólido, enquanto que no terceiro existe uma Lacuna de Mis-
cibilidade. A Região de Imiscibilidade estende-se e extingue-se dentro do sistema
ternário. A única nova situação é que a região de equilíbrio trifásico começa na iso-
terma da reação eutética binária
e1 α1 β1
e, com a diminuição de temperatura, as composições de α e β vão se aproximando,
de modo que no Ponto Crítico C3, α e β igualam-se, e o Triângulo Conodial de-
genera-se em um Conódio.
Figura 26 – Caso em que o Triângulo Conodial termina num Conódio Crítico; b) Iso-
termas do modelo espacial.
303
Figura 28-b) Equilíbrio de três fases gerado por uma Lacuna de Miscibilidade no es-
tado líquido.
Uma reação reversível pela qual, por extração de calor, se observa a transformação
L α β γ
Figura 29–b) seções isotérmicas através de modelo espacial, ilustrando uma reação
de classe I
308
L α
L α β γ (cristalização terciária)
310
Uma reação de classe I ocorre não apenas pela combinação de três sistemas eutéti-
cos binários, desde que o triângulo de equilíbrio de quatro fases pode ser gerado a
partir de outras fontes. Na Figura 31, esquematiza-se um caso em que duas regiões
de equilíbrio trifásico são geradas a partir de um mesmo sistema binário. A reação,
no caso, seria:
L1 L II α β
Figura 32: Seções isotérmicas do diagrama da Figura 31, que mostra equilíbrio de
Classe I com Lacuna de Miscibilidade no estado líquido
313
Uma reação reversível pela qual se observa, por extração de calor, a transformação
L α β γ
L α β, L α γ, α β γ eL β γ .
Lαβ
Lα
produtos da Re ação Classe II
_____
α
.O segmento βmγ é o lugar geométrico das composições para as quais a razão
L
____
mL
permanece igual a ____
e, logo, para composições sobre βm , a transformação será:
αm
β β βγ
α L
pré reação Classe II pré reação Classe II produtos da reação Classe II
____
Enquanto que para composições sobre mγ :
βγ
α L
pré reação Classe II pré reação Classe II produtos da reação Classe II
βγ
α L
pré reação pré reação excesso produtos
A Figura 36 apresenta um modelo espacial que inclui uma reação de Classe III. A
Figura 37 mostra uma série de seções isotérmicas.
L α β
L β γ
A quarta região trifásica tem por princípio o Triângulo Conodial α , e se estende
a temperaturas inferiores. O modelo espacial e seções isotérmicas evidenciam estas
relações de fases.
então, estas duas fases serão integralmente consumidas, desde que exista líquido
___
suficiente para reagir com elas. O segmento Ln é o lugar dos pontos onde a razão
___
acima se mantém, de modo que, para composições situadas sobre γL , onde o líqui-
do se apresenta em excesso em relação à porcentagem crítica, a transformação
observada seria:
L γ
L α β
excesso produto
321
___
Composições situadas sobre γn , caracterizadas por deficiência em líquido, resulta-
riam em
αβ γ
L α β
excesso produto
É fácil verificar, através da Regra da Alavanca, que todas as composições situadas
dentro do triângulo αγβ apresentam deficiência em líquido, e exibem a transforma-
ção:
αβ γ
L α β
excesso produto
Lβ γ
L α β
excesso produto
e, para o triângulo Lγ :
L γ
L α β
excesso produto
As quantidades das fases presentes antes da reação de Classe III são determiná-
veis pela aplicação da Regra da Alavanca ao triângulo αβL , enquanto que, quanti-
dades denominadas “excesso” e “produtos da reação de Classe III” o são pela
aplicação, da mesma regra, ao Triângulo Conodial pertinente (por exemplo, triân-
gulo αβL para composições no interior do mesmo)
Figura 41 - Modelo espacial com fase intermediária de fusão congruente, sem seção
quase-binária;
325
Observe-se, por exemplo, através da seção isotérmica a T3, que é pouco provável
que esta seção vertical contenha conódios relativos ao equilíbrio entre L e 𝜹, fato
que ocorreria se existisse uma seção quase-binária.
326
Figura 43: Modelo espacial apresentando fase intermediária ternária, que forma se-
ções quase-binárias
327
Figura 44: Seções isotérmicas através de modelo espacial apresentando fase inter-
mediária ternária, que forma seções quase-binárias, referente à Figura 43.
328
A Figura 45 ilustra uma tie-line de equilíbrio bifásico L + α num sistema ternário, pa-
ra o caso em que a solubilidade no estado sólido é desprezível. A composição do
líquido se encontra sobre a Liquidus e a composição do sólido sobre a Solidus.
Quando a solubilidade no estado sólido é limitada o campo de estabilidade da fase α
praticamente coincide com o eixo vertical.
Figura 46 - Orientação de conódio para o caso de uma fase com composição fixa.
Note-se que sobre os lados do triângulo de Gibbs foram traçadas setas indicando o
sentido de diminuição de temperatura na Liquidus, isto é, para equilíbrios bifásicos
entre liquido e sólido. Foram traçadas, no canto superior do triângulo de Gibbs, pro-
jeções verticais dos cortes realizados por meio de planos isotérmicos a 600, 700,
800 e 900 graus sobre a superfície Liquidus. Este traçado ficou restrito à região
Ae1Ee2A para não sobrecarregar o desenho, embora pudesse ser realizado para
cobrir todo o diagrama. Um líquido de composição X começa a se solidificar à tem-
peratura de 800o. Como a região Ae1Ee2A foi indicada como sendo a região de cris-
talização primária de A, então o primeiro sólido a ser formado a partir de um líquido
de composição X, é constituído de A puro. De modo semelhante Be 2Ee3B e Ce3Ee1C
seriam as regiões de cristalização primária de B e C, respectivamente.
330
Como se verá a seguir, projeções simples como estas permitem extrair um grande
número de informações e mesmo descrever as transformações de fase durante
aquecimento/resfriamento.
Admita-se, por exemplo, o diagrama exposto na Figura 48 – que pode ser conside-
rado um caso limite do modelo apresentado na Figura 29 – em que a solubilidade
mútua entre as fases α , β e γ é desprezível. As fases α , β e γ podem, então, ser
consideradas como virtualmente iguais aos componentes puros A, B e C, respecti-
vamente, e o triângulo referente ao equilíbrio de quatro fases Classe I se confunde
com o Triângulo de Gibbs.
____
AX
% L ____
x100
AL1
% B infinitésimos
____
Xm 2
% A ____
x100
Am 2
O regime trifásico permanece até que a composição do líquido atinja o ponto E, con-
fluência das três calhas eutéticas. O Triângulo Conodial é o triângulo AEB, o que
resulta
333
____
Xp
% A ____
x100
Ap
____
XR
% L ____
x100
ER
% B restante
pela qual a solidificação tem seu término. Uma liga de composição média X se com-
põe, portanto, no estado sólido, de cristais dos componentes A, B e C, com as se-
guintes origens: cristais primários de A; cristais secundários de A e B; cristais
terciários de A, B e C.
Exemplo: Tomando como base o diagrama M2S – C2S – C2AS, Figura 49, descreva
o resfriamento em equilíbrio, até solidificação total, de um sistema com 10% de M 2S
e 20% de C2AS.
O diagrama citado, sobre o qual foram traçadas algumas linhas auxiliares é mostra-
do a seguir. Note-se as regiões de cristalização primária e as calhas 𝑝̂ − 𝑒 (de equi-
líbrio entre as fases líquida, 𝐶2 𝑆 e 𝐶2 𝐴𝑆 ); 𝑞̂
− 𝑒 (de equilíbrio entre as fases líquida,
𝐶2 𝑆 e 𝑀2 𝑆 ) ; 𝑟̂− 𝑒(de equilíbrio entre as fases líquida, 𝑀2 𝑆 e 𝐶2 𝐴𝑆 ). As calhas se
encontram no ponto 𝑒, a 1140oC, o qual corresponde à reação de equilíbrio de qua-
tro fases(classe I)
𝐿(𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑒) = 𝐶2 𝑆 + 𝑀2 𝑆 + 𝐶2 𝐴𝑆
334
As duas linhas tracejadas, Figura 50, uma paralela ao lado oposto ao vértice 𝑀2 𝑆 em
10%, outra paralela ao lado oposto ao vértice 𝐶2 𝐴𝑆 em 20%, definem a composição
média do sistema, identificada como 𝑋. 𝑋 se encontra no interior da área de cristali-
zação primária do sólido 𝐶2 𝑆 e como sugerem as isotermas a precipitação deste só-
lido começa quando a temperatura atinge, aproximadamente, 1850 oC. Resfriamento
do sistema abaixo de 1850 oC, e enquanto persistir o equilíbrio bifásico Líquido - Só-
lido 𝐶2 𝑆, faz com que a composição da fase líquida siga a linha demarcada pela tra-
jetória 1⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
− 2 − 3 − 4 − 5 − 6 − 7 ; os pontos 1 , 2, 3, 4, 5, 6 representam, respectiva-
mente, as composições dos líquidos a 1800oC, 1700oC, 1650oC, 1600oC, 1550oC,
1500oC. Concomitantemente à mudança de composição do líquido as proporções
entres as fases também muda, em obediência ao princípio de conservação de mas-
sa.
335
𝑋−𝐶2𝑆
a 1700 oC ; % 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = . 100
2−𝐶2𝑆
𝑋−𝐶2𝑆
a 1500 oC ; % 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = . 100
6−𝐶2𝑆
𝑋−3
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 =
7−3
𝑋−2
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶2 𝑆 =
𝐶2𝑆 − 2
𝑋−1
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶2 𝐴𝑆 =
𝐶2𝐴𝑆 − 1
𝑋−4
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶2 𝐴𝑆 = ; sólido pré-eutético, precipitado antes da reação classe I
𝐶2𝐴𝑆−4
𝐿(𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑒) = 𝐶2 𝑆 + 𝑀2 𝑆 + 𝐶2 𝐴𝑆
Naturalmente a quantidade de cada sólido precipitada pela reação classe I pode ser
encontrada, como a diferença entre a quantidade total no sistema após solidificação
completa e a quantidade formada antes da reação, a saber:
𝑋−5
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶2 𝑆 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 𝑐𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒 𝐼 = 0,7 −
𝐶2𝑆 − 5
𝑋−4
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶2 𝐴𝑆 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 𝑐𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒 𝐼 = 0,2 −
𝐶2𝐴𝑆 − 4
A Figura 52-a mostra um sistema que não apresenta fases intermediárias binárias
ou ternárias. O campo 1-4-2-C apresenta o campo de estabilidade do sólido C em
equilíbrio com o líquido. Cristais de C são a primeira fase sólida a aparecer quando
líquidos representados por pontos nesta área, são resfriados. Os pontos 1, 2 e 3
são eutéticos binários, enquanto o ponto 4 é um eutético ternário de Classe I. As
linhas 𝟏̂− 𝟒, 𝟐̂− 𝟒 e 𝟑̂− 𝟒são conhecidas como calhas eutéticas, e cada uma de-
las representa uma condição de equilíbrio trifásico entre duas fase sólidas e uma
fase líquida. As duas fases sólidas em equilíbrio ao longo de 𝟏̂ − 𝟒, 𝟐̂
− 𝟒, 𝟑̂
− 𝟒, são
A e C, C e B, A e B, respectivamente. O ponto 4 representa a composição do líquido
que está em equilíbrio com três fases sólidas, de acordo com a reação de Classe I:
338
Figura 52 - Seis casos típicos de sistemas ternários cujas fases sólidas apresentam
solubilidade mútua desprezível.
L(E) A B C
A Figura 53-a mostra uma projeção esquemática de calhas num sistema ternário. As
fases primárias são 𝛼 , 𝛽 𝑒 𝛾; a calha 𝐶̂− 3 representa o equilíbrio entre líquido e fa-
ses sólidas 𝛼 𝑒 𝛽. Admite-se inicialmente que o trecho 𝑚̂ − 3 da calha seja de tem-
peraturas descendentes, no sentido ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑚 − 3. Neste caso um sistema de composição
média X, ao ser resfriado, é tal que a composição do líquido segue o trajeto ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑋 − 𝑋′,
de forma que a composição media X permanece, em todas as etapas, no interior do
triângulo de composição𝛼 𝛽 𝑋 ′ . Desta forma o princípio de conservação de massa
não é violado.
Admita-se então que o trecho 𝐶𝑚̂ da calha seja também descendente no sentido
⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐶𝑚. Então, neste caso, durante o resfriamento , um sistema de composição média Y
⃗⃗⃗⃗⃗⃗ , de tempera-
deveser tal que a composição do líquido segue a calha no sentido 𝑌𝑚
turas descendentes. Uma possível composição de líquido, que atende a esta propo-
sição, é dada pelo ponto 𝑌 ′ . Note-se, no entanto , que a composição média do sis-
tema seria localizada num ponto exterior ao triangulo de composições 𝑌 ′ 𝛼 𝛽, o que
viola o princípio de conservação de massa. Desta forma o trecho 𝐶̂ − 𝑚 da calha
precisa ser descendente no sentido contrário, ⃖⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐶 − 𝑚, o que demonstra que o ponto
𝑚 precisa ser um ponto de máximo.
O mesmo tipo de argumento pode ser empregado para mostrar que, modo geral, um
ponto como 𝑚 precisa ser um ponto de extremo, de máximo ou de mínimo.
A Figura 53-b mostra uma projeção esquemática de um diagrama ternário, com su-
perposição parcial de triângulos de Alkemade. As composições que definem os tri-
ângulos são correspondentes aos números. Um sistema de composição média X
seria formado, ao final da solidificação, pelas fases 1, 2 𝑒 3; mas também pelas fases
4, 5 𝑒 6. De acordo coma Regra das Fases este tipo de situação seria caracterizada
por um número negativo de graus de liberdade, o que não pode acontecer:
V = C – F + 2 = 3 – 6 + 2 = -1
Ainda se pode argumentar que esta construção deixa indefinidas quais as fases só-
lidas ao final da solidificação.
340
.
Figura 53: Esquema ilustrativo para demonstração dos teoremas de Alkemade.
As Figuras 52-b e 52-c mostram sistemas ternários nos quais o composto binário
____ ____
AB funde-se congruentemente. Em 52-b, alinha de Alkemade CX e a calha euté-
____
tica 𝟓̂− 𝟔 se interceptam em um ponto de máximo, o que implica que CX é o traço
de uma seção quase-binária, e que 5 e 6 são pontos eutéticos ternários. Os pon-
tos 5 e 6 representam as composições dos líquidos para o equilíbrios
____
L5 C A AB
e
____
L6 C B AB
____
Na Figura 52-c, a linha CX não intercepta a calha 𝟓̂
− 𝟔, mas apenas seu prolon-
gamento imaginário, de modo que o ponto 5 relacionar-se-á com uma reação de
341
____
Classe II. É simples verificar que a linha CX , na Figura 52-c, não contém os conó-
____
dios relativos a composições situadas sobre a porção de CX situada entre as ca-
lhas 𝟏̂− 𝟓 e 𝟒̂ − 𝟓, e, portanto, não pode ser considerada uma seção quase-
binária. As Figuras 52-b e 52-c representam casos limites dos modelos apresenta-
dos nas Figuras 39 e 41, respectivamente.
____
O composto AB , Figura 52-d, funde-se incongruentemente. Esta fusão está repre-
sentada no binário A-B, onde ele se dissocia, à temperatura correspondente ao pon-
____
to 4, em A e líquido. A região de cristalização primária de AB corresponde ao inte-
rior do perímetro 3-4-5-6.
____
Na Figura 52-e, o composto AB dissocia-se nos sólidos A e B(por aquecimento), e
é estável na região 4-5-6.
_______ ____
O composto ternário ABC e o binário AB formam quatro seções quase-binárias no
diagrama da Figura 52-f e a dividem em quatro Triângulos de Alkemade que po-
dem ser tratados de maneira completamente independente.
L
Cada um destes equilíbrios de três fases define um triângulo cujos vértices são as
composições das fases; os três triângulos se justapõem para forma um triângulo
maior , de Alkemade, A – C - 𝐴𝐵, sendo que a composição referente ao líquido, 𝐿𝐼 ,
se encontra no interior do mesmo. Esta situação caracteriza uma reação de classe I,
neste caso:
𝐿𝐼 = A + C + 𝐴𝐵
Cada um destes equilíbrios de três fases define um triângulo cujos vértices são as
composições das fases; os três triângulos se superpõem parcialmente, formando um
quadrilátero 𝐿𝐼𝐼 − 𝐶 − 𝐵 − 𝐴𝐵. O triângulo 𝐶 − 𝐵 − 𝐴𝐵 é um triângulo de Alkemade.
Nota-se, de acordo com a Figura 57, que o triângulo referente à reação de classe I
se superpõe parcialmente ao quadrilátero da reação de classe II. Sistemas cujas
composições médias se localizam no interior do triângulo (área de superposição)
𝐶 − 𝐼𝐼 − 𝐴𝐵 atingem grau completo de solidificação após a ocorrência das duas rea-
ções, em sequencia,
𝐿𝐼𝐼 + 𝐵 = 𝐶 + 𝐴𝐵 ; com excesso de líquido, deficiência de B
𝐿𝐼 = A + C + 𝐴𝐵 ; ao final do processo as fases sólidas são A , C e 𝐴𝐵
Calha 4̂
− 3, de equilíbrio líquido – SiO2 – NS2;
Calha 𝑢̂
− 4, de equilíbrio líquido – N3S8 – NS2;
Calha 𝑡̂
− 4, de equilíbrio líquido – N3S8 – SiO2
Calha 𝑝̂
− 1, de equilíbrio líquido – NS – NS2; Calha 𝑞̂
− 1, de equilíbrio líquido – NS
– LS;
347
Calha 1̂
− 2, de equilíbrio líquido – LS – NS2; as quais definem o triângulo de Alke-
made NS – NS2 – LS e a reação de classe Líquido = NS + NS2 + LS, a 585 oC
Agora, o caso apenas apresentado na Figura 55 será tratado com detalhes, com o
auxílio da Figura 64.
____
As áreas de cristalização de A, B, C e AB são os campos Ai I hA, j II kBj, kCi I II k e
____
hj II I h, respectivamente. A linha de Alkemade C AB não intercepta a calha
𝑰̂
− 𝑰𝑰, de modo que o ponto II relaciona-se com a reação de Classe II e o ponto I
com uma reação de Classe I. Isto pode ser confirmado se for observado que II é o
ponto de encontro de três calhas, 𝑘̂ ̂
− 𝐼𝐼, 𝑰𝑰 − 𝑰 e 𝑗̂
− 𝐼𝐼 , que representam os equilí-
____ ____
brios trifásicos : L + C+ B; L + C + AB e L + B + AB , respectivamente, e que o pe-
rímetro definido pelas composições destas quatro fases, à TII, é um quadrilátero ca-
____
racterístico de reações de Classe II, C – II - AB - B – C. Este quadrilátero é formado
a partir do deslocamento, desde temperaturas mais altas até
351
____
Figura 64 – Sistema ternário em que o composto AB funde-se congruentemente,
sem a formação de seção quase-binária
___
TII , de Triângulos Conodiais como os triângulos Bq AB e BeC, de modo que a
reação a ser considerada corresponde a
____
L B C AB
De maneira análoga, verifica-se que ao ponto I corresponde
____
L A C AB
A etapa de cristalização primária, de um sistema de composição m, começa à
temperatura da Liquidus, com a deposição de cristais de B, e termina quando a
composição do líquido atinge o ponto q, situado sobre a calha j - II .
____
A partir desta etapa o líquido apresenta-se saturado, simultaneamente, em B e AB ,
e estas duas fases sólidas são precipitadas à medida que a composição do mesmo
segue a linha q - II . À TII + dT, estão presentes – em quantidades definidas com
352
____
auxílio da Regra Triangular da Alavanca - as fases L( II ), AB e B. É fácil observar
que sistemas tais como m, de composição situada à direita da Linha de Alkemade,
são caracterizados pela deficiência de líquido em relação à quantidade de fase B
presente. Logo, o processo de solidificação tem seu fim em TII , através da reação
(esquemática):
___ ____
AB AB B C AB
L B
pré reação pré reação excesso produtos
Um sistema tal como P, de composição situada sobre a linha de Alkemade, apre-
senta, qualitativamente, as mesmas transformações relativas a m. A diferença a ser
ressaltada é que, à TII, L e B estão presentes justo na proporção necessária para
que sejam integralmente consumidos, isto é, a solidificação termina (esquematica-
mente) com a reação
___ ____
AB AB C AB
L B
pré reação pré reação produtos
____
L(II) B C AB
E o ponto I à reação
____
L(I) A AB C
A solidificação de um sistema de composição m, situado à direita da Linha de Al-
kemade, ocorre de maneira análoga - só diferem as quantidades de fases presentes
a cada temperatura – à solidificação de seu homônimo da Figura 64. Para se chegar
a esta conclusão basta seguir o desenvolvimento do Conódio LmB (onde L repre-
___
senta a composição do líquido) e dos Triângulos Conodiais, por exemplo, p AB B ,
___ ___
q AB B e II AB B .
___
fases passam a estar em equilíbrio simultâneo L, B e AB . Este equilíbrio trifásico
___
perdura até que o Triângulo Conodial coincida com o triângulo q AB B , onde se
verifica que toda a fase B, anteriormente precipitada, foi completamente redissolvi-
___
da. Retorna-se, então, a um equilíbrio bifásico, entre as fases líquida e AB . Daqui
___
por diante, a composição do líquido segue o prolongamento do conódio q AB , até
atingir o ponto r, sobre a calha 𝑰̂
− 𝑰𝑰, onde a fase C começa a se precipitar. A soli-
___
dificação prossegue – à medida que C e AB são precipitados e a composição do
líquido segue a calha 𝒓̂
− 𝑰. A solidificação termina quando o líquido, à TI , decom-
põe-se de acordo com a reação de Classe I. Nota-se, então, que um sistema de
composição n não exibe, nem ao menos parcialmente, o equilíbrio correspondente à
reação de Classe II.
A Figura 66 apresenta uma variante do caso exposto com a Figura 85, de modo que
serão analisados apenas alguns aspectos do processo de solidificação. O ponto q é
___
o ponto de tangência, à calha 𝒒̂− 𝑰𝑰,, de uma reta que passa pelo ponto AB . Um
sistema de composição o solidifica-se como se segue: cristais de B precipitam-se
___
quando a composição do líquido segue a linha op ; quando a composição do líquido
___
varia de p até r, AB precipita-se e B é redissolvido; a partir da temperatura corres-
pondente ao ponto r, toda a fase B foi redissolvida e a composição do líquido pode
evoluir de acordo com a linha rs enquanto AB precipita-se; a fase B torna a estar
___
presente em equilíbrio simultâneo com líquido e AB , quando a composição do líqui-
do atinge o ponto s, e segue a calha 𝒌̂ − 𝑰𝑰. A este fenômeno, de precipitação –
redissolução - precipitação de uma fase, dá-se o nome de cristalização recorrente.
___
À TII + dT, estarão presentes as fases LII (em excesso), B e AB , que participam do
equilíbrio de quatro fases onde toda a fase B é consumida juntamente com parte do
___
líquido; à TII - dT; estarão presentes as fases L( II ), C e AB , de modo que a solidifi-
cação só é concluída à TI , onde o líquido remanescente decompor-se-á nas fase A,
___
C e AB .
355
Um sistema de composição t exibe equilíbrio bifásico (LI + LII) até que o conódio
que passa por t coincida com o conódio x3y3. A partir desta situação, o equilíbrio
passa a ser trifásico entre A, xi e yi, e pode ser analisado como nas situações prece-
dentes.
Este triângulo, da reação de Classe I, será formado por três Triângulos Conodiais
que se deslocam desde temperaturas mais altas até a temperatura do conódio I j. A
saber: triângulo A I j, que é um dos triângulos Axiyi, representando o equilíbrio entre
a fase sólida A e os dois líquidos imiscíveis; triângulo C I j, que é um dos triângulos
Cxiyi , representando o equilíbrio entre a fase C e dois líquidos imiscíveis; triângulo
A I C, proveniente do eutético binário A-C. Todos os sistemas cujas composições
359
III-16 Exercícios:
1- Mostre que Regra Triangular da Alavanca mantém aplicabilidade nos casos ex-
tremos, de sistemas binários.
4- A figura anexa é parte do diagrama ternário CaO – Al2O3 – SiO2, mostrando cur-
vas de isoatividade a 1600 oC. Considere a escória, com 40% de SiO2 e atividade de
CaO igual a 0,005. Quanto de escória sintética (60% cal ; 40% alumina)deve ser
adicionado a 100 kg desta escória, para que a atividade de CaO suba para 0,25?
Utilize a regra da alavanca.
362
n n n
G exc X A X B LiAB ( X A X B ) i X A X C LiAC ( X A X C ) i X C X B LCB
i (X C X B )
i
i 0 i 0 i 0
22- Gusa( condições iniciais 1400 oC, 0,8%Si, 4,5 %C) é refinado a aço em um rea-
tor do tipo BOF(Basic Oxygen Furnace) Neste reator oxigênio é soprado por uma
lança na superfície do banho, enquanto o mesmo é adicionalmente agitado por gás
inerte insuflado pelo fundo. Como resultado do sopro de oxigênio forma uma escória
líquida FeO-SiO2, capaz de dissolver as partículas de cal que são adicionadas para
a formação da escória final (em geral com uma basicidade binária %CaO/%SiO 2 da
ordem de 3,5 a 4). Considere o diagrama de fases anexo. Considere temperatu-
ra de processo igual a 1600 oC e escória inicial .contendo FeO e SiO2 na razão
1:1. Determine a composição da escória, quando pela dissolução da cal se
atinge o limite de saturação com a formação de 2CaO.SiO2 (s). Para aumentar
a solubilidade da cal na escória (ao mesmo tempo evitando a formação de
2CaO.SiO2 ) é possível alterar o padrão de sopro de forma que a escoria contenha
FeO e SiO2 numa razão superior à anterior.Um determinado padrão de sopro con-
373
siste de uma combinação de vazão de oxigênio, vazão de gás inerte e distância lan-
ça banho. Para atingir este objetivo se emprega uma prática de sopro suave(“mole”),
com distancia lança banho relativamente maior, o que permite que o FeO formado
pela oxidação se concentre nas vizinhanças da região de impacto, formando uma
escória altamente oxidada( de alto teor de FeO). Determine o valor desta razão e a
nova composição da escória quando da saturação em Cal
23- Seja o triângulo conodial relativo à reação de equilíbrio de quatro fases de classe
III , dado pelas coordenadas de composição das fases envolvidas, α , β , L e γ ,
assim como o sistema Q , que sofre resfriamento e solidificação em equilíbrio. Sendo
as coordenadas de composição referidas, para α : 0,8 de A e 0,05 de B , para β :
0,9 de B e 0,05 de C , para o líquido L : 0,7 de C e 0,1 de A , para γ : 0,4 de A e
0,3 de C e para Q : 0,25 de C e 0,5 de A , pede-se : Esboçar os pontos relativos à
reação e ao sistema dado ; Escrever as expressões das proporções das fases pre-
sentes antes ( TIII + dT ) e depois ( TIII – dT ) da reação ; Esquematizar as estruturas
presentes antes e depois da reação ( fases prévias, excessos e produtos ).
32- Considere que as fases do sistema 𝐴𝑛– 𝐹𝑜– 𝑄𝑧 sejam compostos estequiométri-
cos. Trace as linhas e triângulos de Alkemade. Identifique as reações de equilíbrio
de 4 fases. Identifique a região para qual os líquidos passam por ambas as reações.
379
III-17 Referências:
Sobre os autores