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Taubaté – SP
2007
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Departamento de Engenharia Mecânica
Taubaté – SP
2007
Ribeiro, Lincoln Nascimento.
Otimização de trocadores de calor compactos de aletas
R484o
planas através da análise da camada limite. / Lincoln
Nascimento Ribeiro. Taubaté: Unitau, 2007.
84 f.:il;30 cm.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Carlos e Selma, pelo apoio nas horas mais difíceis e pela confiança
depositada
Á minha esposa Leila por estar ao meu lado sempre e ter me apoiado sempre.
À empresa BEHR BRASIL LTDA pelo apoio financeiro, incentivo e por ceder seus
laboratórios para as experiências e análises
Ao Prof. Dr. Jose Rui Camargo pela ajuda no trabalho de pesquisa e pelo apoio
Ao Engenheiro Luís Fabio Vieira por autorizar o uso dos laboratórios da Behr e por ceder
os protótipos dos trocadores de calor
Ao meu atual supervisor da engenharia do Metrô de SP, Marcio Stevani pelo incentivo e
valorização do trabalho
À Universidade Cruzeiro do Sul, em especial aos Profs. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr. ,
Dr. Marcos Costa Hunold, Dr. Fernando A. Nery, eng. Alexandre Aparecido Neves pelo
apoio, incentivo e pela oportunidade de ingressar na área acadêmica
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SÍMBOLOS
.
q Fluxo de calor
Tp Temperatura na parede
T∞ Temperatura no fluido
h Coeficiente de transferência de calor por convecção
A Área de troca de calor
k Condutibilidade térmica
∂T Variação infinitesimal de temperatura
∂y Variação infinitesimal de espessura
ReD Adimensional de Reynolds em função do diâmetro hidráulico
u∞ Velocidade de escoamento do fluido
D Diâmetro hidráulico
Rex Adimensional de Reynolds em função do comprimento
x Comprimento crítico
Nux Número de Nusselt
Pr Número de Prandtl
cp Calor específico a pressão constante
Tf Temperatura de filme
U Coeficiente global de transferência de calor
tq Temperatura de condensação
tfe Temperatura da água de resfriamento na entrada do trocador
tfs Temperatura da água de resfriamento na saída do trocador
∆t Diferença de temperatura
NTU Número de unidades térmicas
Cmin Capacidade térmica da corrente de fluido de resfriamento
G velocidade mássica
.
m vazão mássica
St Número de Stanton
Dh Diâmetro hidráulico
Amin Área transversalmente mínima do escoamento
Comprimento do percurso do fluido no bloco do trocador de
L
calor
δ Camada limite hidrodinâmica
δt Camada limite térmica
ν viscosidade cinemática
ζ Número de Prandtl
α Difusibilidade térmica
µ Viscosidade dinâmica
ε Efetividade de um trocador de calor
xi
RESUMO
Este trabalho consiste no estudo da formação das camadas limites hidrodinâmica e térmica
em um trocador de calor compacto de aletas planas utilizado como radiador de água para o
arrefecimento de motores de caminhões e tratores. A análise se restringe a região entre
aletas (lado ar) onde, ocorre a formação da camada limite entre as aletas.
Primeiramente determinou-se o ponto onde as camadas limites da aleta superior e inferior
se encontrariam, o que faria com que a diferença de temperatura entre a superfície da aleta
e o ar de resfriamento reduzissem significativamente, prejudicando a troca de calor. Dessa
forma, foi elaborada uma proposta de trocador de calor onde se alterasse a distância entre
aletas nessa região e, em seguida foram realizadas simulações em um software de CFD
(Computer Fluid Dynamics) onde foi observado o perfil de temperaturas e velocidade. Em
seguida, foram construídos protótipos e realizados ensaios em túnel de vento, de maneira a
comparar-se a performance em cada caso. Por fim, fez-se o cálculo da estimativa de
redução de custo com a implantação da proposta de trocador de calor testada nesse
trabalho.
RIBEIRO, L. N., “Fin plate compact heat exchangers improvement trough boundary layer
analysis”. Taubaté/SP, 2007. Dissertation
Taubaté University
ABSTRACT
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
1.2 Objetivo
apresenta valor máximo de Nu na segunda fileira, o que é atribuído a quebra das linhas
de corrente. Para comprovar o modelo 3D laminar e as previsões numéricas são
comparados os valores do fator de Colburn e fator de atrito em função de Reynolds
(função do diâmetro hidráulico) com os dados experimentais obtidos por Wang et al,
1995.
Madi et al. (1998) elaboram um estudo de vinte e oito tipos de trocadores, entre
placas planas e onduladas (com ondulações de 0,12 a 0,2 mm) de tubos em filas
alternadas. O espaçamento das aletas varia de 1,587 a 4,233 mm e o espaçamento das
fileiras de tubos de 16, 16,5 e 22 mm. O espaçamento entre tubos é de 25,4 e 19 mm
enquanto o diâmetro externo dos tubos é de 9,96 mm. Os testes foram feitos com
velocidades frontais do ar variando de um a vinte metros por segundo. O fluido interno
era de água que entrava a 84ºC. Os autores apresentam dados suficientes para a
determinação do coeficiente de Colburn e para o fator de atrito, e os estudos baseiam-se
no o número de Reynolds e na efetividade da aleta conforme Schmidt (1949). No
resultado experimental pode-se observar que existe um aumento do fator de Colburn e
do fator de atrito do trocador corrugado em relação ao liso. Isto é atribuído ao fato do
corrugado acelerar o fluxo de ar e aumentar a turbulência. O efeito da espessura da aleta
na transferencia de calor e perda de carga é observado. Nota-se que o valor do fator de
Colburn aumenta com a diminuição do espaçamento e o fator de atrito não sofre grande
alteração.
Gut (2003) fez um trabalho visando obter configurações ótimas para trocadores
de calor a placas. Nesse trabalho ele estuda a influência da velocidade de escoamento
entre as placas e, os limites de perda de pressão e eficiência térmica e, desenvolve um
modelo matemático para um trocador de calor a placas com configuração conhecida e
operando em estado estacionário com fluidos incompressíveis sem mudanças de fase
com o objetivo de avaliar o desempenho térmico e hidráulico de um trocador de calor a
placas. Ele utiliza equações de conservação de massa e energia e correlações para o
cálculo do coeficiente de transferência de calor por convecção e do fator de atrito de
escorregamento nos canais.
1.4 Metodologia
CAPÍTULO 2
convecção ( h ) adequado ao caso que está sendo analisado (Incropera, 1998). Sendo
assim, a definição deste coeficiente para uma configuração com escoamento externo,
também conhecida como lei de resfriamento de Newton é dada pela Eq. (2.1), (Holman,
1983):
q&
h=
A (Tp − T∞ )
(2.1)
k ⎛∂T⎞
h=− ⎜⎜ ⎟⎟
(Tp − T∞ ) ⎝ ∂ y ⎠
(2.2)
v0 F
A v v0
v1 τ v1 τ τ
v2 v2 v1
y v2
Diagrama v1 >v2
de velocidade
B
a b
y+dy v+dv
v dy
y
u ∞ ⋅ DH
Re D = (2.3)
ν
Figura 2.4 – Transição da camada limite laminar para a camada limite turbulenta.
Comprimento de entrada
(a)
Subcamada laminar
Centro de
turbulência
(b)
Figura 2.5 – Perfil de velocidades em um escoamento entre placas (Holman, 1983).
5x
δ= (2.5)
Re1/2
x
14
1/2
Nu x = 0,332 Pr 1/3 Re x (2.6)
15
Se isolarmos essa relação na Eq. (2.2), será possível verificar que o número de
Nusselt corresponde fisicamente à relação entre o gradiente de temperatura no fluido
imediatamente em contato com a superfície e o gradiente de temperatura de referência
(Tp-T∞)/x. Sendo assim, sabendo-se o número de Nusselt, pode-se calcular o coeficiente
de transferência de calor por convecção em um determinado ponto de uma placa,
através da seguinte relação (Bejan, 1996):
k
h x = Nu x ⋅ (2.7)
x
∫h x dx
h= 0
x
= 2h x (2.8)
∫ dx
0
hx x
Nu x = = 2 Nu x (2.9)
k
ν cµ
Pr = = p (2.10)
α k
1
δt 1 −
=ζ= Pr 3 (2.11)
δ 1,026
Na fig. 2.8 o esboço superior é relativo a fluidos com número de Prandtl baixos e
o inferior é relativo a fluidos com números de Prandtl grandes. (Bejan, 1996).
17
Quando existe uma variação apreciável no valor das propriedades entre a parede
e as condições de escoamento livre, é recomendável que as propriedades sejam
avaliadas à temperatura de película, ou temperatura de filme, Tf, definida como a média
aritmética entre a temperatura da parede e a temperatura do escoamento livre (Holman,
1983):
Tp + T∞
Tf = (2.12)
2
18
CAPÍTULO 3
TROCADORES DE CALOR
Uma classificação bem geral dos trocadores de calor poderia ser realizada de acordo
com os itens abaixo:
No trocador de calor tipo tubo e carcaça, um certo número de tubos está envolto por
uma carcaça. Os tubos geralmente são redondos sendo montados dentro de um vaso
cilíndrico. Uma possibilidade é ter o eixo dos tubos em paralelo com o eixo da carcaça.
Quando é este o caso os trocadores são muito utilizados como resfriadores de óleo,
condensadores e evaporadores e geradores de vapor em usinas nucleares. Uma outra
configuração de trocadores de tubo e carcaça é o que se denomina de trocador de tubo
espiral: um tubo espiral no interior da carcaça. O coeficiente de transferência de calor em
um tubo espiral é mais elevado do que em um tubo reto. Estes trocadores são utilizados
como condensadores e evaporadores em sistemas de refrigeração: são usados com fluidos
limpos, pois é quase impossível limpá-los adequadamente.
20
É interessante observar que desde os primórdios, por volta de 20.000 AC, quando
surgiram as primeiras aldeias na Mesopotâmia, o homem já utilizava um dispositivo de
troca de calor com mudança de fase, a panela de cozinhar. E provavelmente o primeiro
trocador de calor comercial de uso público foi proposto por Arquimedes de Siracusa (285 –
212 AC), quando inventou um canhão a vapor.
Arquimedes (fig. 3.4) encheu com água um tubo fechado em uma extremidade. A
outra extremidade era vedada com a “bala”. O tubo era então colocado no fogo até que a
bala disparasse. Algum tempo após Heron (120 aC) inventou outro trocador, a esfera
girante (fig. 3.5). E no Egito antigo já se destilava vinho para produzir o álcool, mas não há
nenhum registro da descrição do equipamento usado. O uso de trocadores de calor com
mudança de fase efetivamente “explodiu” com a invenção da máquina a vapor de James
22
Watt em 1763. Estima-se que atualmente 60% de todos os trocadores de calor operam com
mudança de fase de um ou dos dois fluidos de trabalho.
incrustações que ocorrem na superfície dos tubos ou chapas, tanto no contato do fluido
quente quanto no do fluido frio, atuando como uma resistência térmica adicional no
processo de troca. A expressão para o cálculo do coeficiente global de transferência de
calor, U, é (caso de um tubo cilíndrico):
ln⎜⎜ Dq
⎛ ⎞
⎟
D ⎟
1
=
1
=
1
=
1
+
R ξ
+ ⎝ f⎠
+
1
(3.1)
UA UA f f UA
q q hA
f f Aξ 2πkL h q Aq
&
Q
& =
U (3.2)
A∆t
LN
O fluxo de calor Q& no fluido frio do trocador de calor pode ser encontrado através
da Eq.(3.3) onde m& f é o fluxo mássico de fluido frio, se CPf é o calor específico a pressão
constante do fluido frio e (tfs-tfe) é a diferença de temperatura do fluido frio entre saída e a
entrada do trocador.
Analogamente, o fluxo de calor Q& no fluido quente pode ser encontrado através da
Eq. (3.4) onde m& q é o fluxo mássico de fluido quente, se CPq é o calor específico a pressão
Figura 3.6 – Desenho esquemático de um trocador de calor de duplo tubo com fluido frio
passando pelo tubo interno e fluido quente passando pelo tubo externo (casco)
Figura 3.7 – Perfil de temperaturas do fluido quente (FQ) e fluido frio (FF) em um trocador
de calor de duplo tubo
A Eq. (3.2) expressa um balanço global do calor trocado no equipamento, mas como
a variação de temperatura ao longo do trocador não é linear, para retratar a diferença média
de temperatura entre os fluidos é usada então a Média Logarítmica das Diferenças de
Temperatura ( ∆ t ), que se trata da média logarítmica da diferença de temperaturas de
LN
um trocador de calor, demonstrada na Eq. (3.5).
∆ t max − ∆ t min
∆ t LN = (3.5)
⎛ ∆t ⎞
ln⎜⎜ max ⎟⎟
⎝ ∆ t min ⎠
A máxima troca de calor possível seria alcançada se um dos fluidos sofresse uma
variação de temperatura igual à máxima diferença de temperatura presente no
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trocador( ∆ t max ), que é a diferença entre as temperaturas de entrada dos fluidos quente e
frio (Holman, 1983).
A⋅U
NTU = (3.7)
C min
Figura 3.8 – Bloco com tubos circulares e aletas planas (Kays e London, 1964)
Figura 3.9 – Bloco com tubos chatos e aletas planas (Kays e London, 1964)
G ⋅ Dh
Re = (3.9)
µ
m
&
G= (3.10)
A min
Onde, m& é vazão mássica total do fluido (kg/s) e Amin é a área transversalmente
mínima do escoamento (m2), onde quer que esse mínimo ocorra. No capítulo 4 será
28
Figura 3.10 – Transferência de calor em bloco com tubos circulares e aletas planas
(Kays e London, 1964)
4 ⋅ L ⋅ A min
Dh = (3.11)
At
Figura 3.11 – Transferência de calor em bloco com tubos chatos e aletas planas
(Kays e London, 1964)
Alguns artifícios podem ser utilizados para estudos particulares, como, por exemplo,
a inclusão de sulcos na superfície de objetos em estudo para detectar a direção do
escoamento do ar e as velocidades relativas desse fluxo de ar. Tinta ou pó com cores podem
ser injetados sobre a corrente de ar de maneira a se verificar as linhas de corrente formadas
ao redor dos contornos. Ou ainda, pode-se colocar pontos de medição onde pode-se inserir
tubos de Pitot em pontos específicos no fluxo de ar, para medir a pressão estática e
dinâmica nesses pontos.
Caixa Superior
Bloco
Túnel de
vento
Motor
Radiador
de água
Ventilador
Condensador
Radiador
de ar
Deve-se observar ainda que, conforme pode ser visto na fig. 3.12, o túnel de vento
existente nas empresas fabricantes de trocadores de calor no Brasil, verifica apenas o
radiador de água isoladamente. Sendo assim, devem ser considerados outros efeitos, como,
por exemplo, a recirculação de ar dentro do compartimento onde está montado o sistema
(fig. 3.14).
Recirculação do ar
34
Pressão
Estática
Perda de carga total a ser vencida pelo ventilador
[Pa]
Ponto de
operação
do sistema Perda de carga – radiador água
curva do ventilador
Vazão de ar [kg/s]
Por fim, a rejeição térmica de cada componente do sistema deve ser considerada,
pois, se houver um componente á frente do radiador de água, com uma determinada
rejeição térmica, o ar chegará mais quente até o radiador, reduzindo assim, sua
performance. Logo, os componentes do sistema de arrefecimento do motor devem ser
posicionados de forma que suas rejeições térmicas estejam na ordem crescente,
considerando-se a direção do fluxo de ar (fig. 3.16)
35
• Radiador de água:
Passeio: até ~70kW
Caminhões: até ~150kW
• Charge-air Cooler:
Passeio: até ~20kW
Caminhões: até ~65kW
ar
• Condensador: entre 7 – 10kW
CAPÍTULO 4
1º Passo: Pré-montagem das aletas no dispositivo de montagem que consiste em uma mesa
que possui estrias, de forma a garantir a distância entre aletas, conforme ilustrado na fig.
4.1.
2º Passo: Inserção dos tubos de latão, revestidos com estanho, nos furos das aletas,
conforme ilustrado na fig. 4.2.
3º Passo: Brasagem (soldagem) do bloco (nome dado ao conjunto formado pelos tubos e
aletas e que tem a função de realizar efetivamente a troca de energia térmica) em formo
elétrico à temperatura de 320ºC por 5 minutos, conforme ilustrado na fig. 4.3.
4º Passo: Montagem das cabeceiras, que servirá de interface para a posterior colocação das
tampas (chamadas de caixa superior e inferior) no bloco que conterá os tubos de entrada e
saída de água que realizam a interface com o veículo, conforme mostrado na fig. 4.4.
Desprezando-se a troca de calor pelas extremidades das aletas, temos a área de cada
aleta (sem considerar os furos dos tubos):
E finalmente a área de troca de calor pelas aletas será obtida subtraindo-se da área
da aleta a área transversal total ocupada pelos tubos. O resultado deve ser multiplicado por
dois pois cada aleta tem duas faces e o resultado deve ser multiplicado pelo número de
aletas que compõe o trocador de calor:
Alateral tubo = (a + a + b + b) x c
Sendo assim, a área lateral do tubo coberta pelas aletas será obtida multiplicando-se
o perímetro da base do tubo pela espessura total das aletas:
Por fim, subtraindo-se a área lateral do tubo pela área lateral do tubo coberta e
multiplicando-se pela quantidade de tubos, obter-se-á a área de troca de calor por tubos:
A área mínima de escoamento do lado ar mostrada na vista frontal da fig. 4.7, para a
configuração do trocador de calor em estudo pode ser determinada através da Eq. (4.1)
(Kays e London, 1964):
E ⎛ ST b ⎞
A min = ⋅⎜ − ⎟ (4.1)
2 ⎝ 2 2⎠
A min = 4,34 mm 2
44
ST ⋅ L p e ⋅ E π ⋅ Dht 2
At = + − (4.2)
2 2 4
4 ⋅ L ⋅ A min
Dh =
At
4 ⋅ 55 ⋅ 4,34
Dh = = 3,51
271,6
Dh = 3,51 mm
100º C + 95º C
Tp = = 97,5º C
2
Tp + T∞ 97,5º C + 25º C
Tf = = = 61,25º C
2 2
u ∞ ⋅ Dh
Re D =
ν
para o teste de veículos comerciais com carga plena, pois é um exemplo de grande
sobrecarga do sistema de arrefecimento. Nesta velocidade o radiador que se encontra
acoplado ao veículo, recebe baixa vazão de ar na região de troca de calor, o que causa o
superaquecimento do sistema. Substituindo-se então os dados na Eq. (2.3), obtém-se:
4,167 ⋅ 3,51 ⋅ 10 −3
Re D = = 757
19,31 ⋅ 10 -6
u∞ ⋅ x
Re x =
ν
5 ⋅ 10 5 ⋅ 19,31 ⋅ 10 -6
x CRÍTICO = = 2,31 m
4,167
x CRÍTICO = 2,31 m
Porém, analisando-se por outro ponto de vista, pode-se afirmar que, entre as aletas,
ocorre a formação de duas camadas limites, pois, o escoamento do fluido, na verdade, sofre
perturbações da aleta de cima e de baixo em cada caso, conforme ilustrado na fig. 4.8.
47
2
5⋅x ⎛5⋅x ⎞
δ= ⇒ Re x = ⎜ ⎟
Re1/2
x ⎝ δ ⎠
2
⎛5⋅x⎞ u ⋅x
⎜ ⎟ = ∞
⎝ δ ⎠ ν
u∞ ⋅ δ2
x=
25 ⋅ ν
48
δ 2 ⋅ u ∞ (1,4 ⋅ 10 −3 ) 2 ⋅ 4,167
x= =
25 ⋅ ν 25 ⋅ 19,35 ⋅ 10 −6
x = 16,9 mm
Sendo assim, é possível imaginar que, após 16,9 mm a partir da face do trocador de
calor, terá início uma transição do regime de escoamento laminar para o turbulento devido
às perturbações que uma camada limite irá provocar na outra.
1
δt 1 −
=ζ= Pr 3
δ 1,026
1
1,4 ⋅ 0,702 3
δt = = 1,213 mm
1,026
Nesse ponto ainda haverá gradiente de temperatura, o que permitiria troca de calor
por condução entre as camadas do fluido contidas na camada limite térmica. Porém, como
as camadas limite hidrodinâmicas se interceptam nesse mesmo ponto, os fluidos irão se
misturar, eliminando o gradiente de temperatura entre camadas sucessivas.
Com base nos cálculos efetuados para o trocador de calor atual, construiu-se um
protótipo onde, a partir da segunda carreira de tubos ocorre a alteração da distância entre
aletas. Esse efeito é obtido alternando-se aletas de 55 mm e 37 mm de comprimento,
conforme mostrado na fig. 4.9.
Por fim, foram construídas duas amostras físicas dos trocadores de calor, sendo que
uma delas, na configuração atual e outra, na configuração proposta e foram realizados
ensaios no túnel de vento, com o intuito de comparar a performance térmica e homologar a
alteração.
A área transversal total ocupada pelos tubos em uma aleta será dada multiplicando-
se pela quantidade de tubos em apenas uma fileira de tubos (o trocador de calor em estudo
possui 3 fileiras de 43 tubos, totalizando 129 tubos) :
Assim, a área de troca de calor reduzida através da redução do tamanho das aletas
será obtida subtraindo-se a área reduzida de cada aleta pela área transversal total ocupada
pelos tubos e multiplicando-se o resultado por dois, pois cada aleta tem duas faces,
multiplicando-se também pelo total de aletas alteradas (77 aletas) do trocador de calor
proposto:
Atroca aletas reduzida = (Areduzida da aleta sem furos - Atranversal total tubos) x 2 x Qa37
E finalmente a área de troca de calor pelas aletas será obtida subtraindo-se a área
total de troca de calor pela aleta, do trocador de calor atual, pela área de troca de calor
reduzida devido ao tamanho da aleta do trocador de calor proposto:
Alateral tubo = (a + a + b + b) x c
Porém, cada tubo transpassa aletas com espessura de 0,05 mm (0,00005 m).
Multiplicando-se essa espessura pela quantidade de aletas que foram alteradas (77 aletas),
têm-se e espessura total das aletas que deixaram de “cobrir” a área lateral do tubo.
Sendo assim, a área lateral do tubo que deixou de ser coberta pelas aletas será obtida
multiplicando-se o perímetro da base do tubo pela espessura total das aletas alteradas:
Alateral tubo deixou de ser coberta = (0,0133 + 0,0133 + 0,0026 + 0,0026) x 0,00385
Multiplicando-se a área lateral do tubo que deixou de ser coberta pela quantidade de
tubos afetados (1 fileira de tubos, ou seja, 43 tubos), obtém-se a área total dos tubos que
deixou de ser coberta pelas aletas alteradas::
54
A total tubos deixou de ser coberta = Alateral tubo deixou de ser coberta x Qt 1 fileira
Somando-se a área total de troca de calor dos tubos do trocador de calor atual com a
área total de tubos que deixou de ser coberta, obter-se-á a área total de troca de calor
através dos tubos do trocador de calor proposto:
Atroca tubos proposto = Atroca tubos atual + A total tubos deixou de ser coberta
Figura 4.13 – Malha de elementos finitos para a região onde se encontra o fluido (ar)
Figura 4.15 – Malha de elementos finitos final, contemplando região do fluido e sólidos
As etapas descritas até aqui foram as mesmas adotadas para a análise do trocador de
calor nas outras duas configurações, alterando-se apenas o tamanho da aleta no modelo
matemático e repetindo-se as condições de contorno. No total, foram realizadas três
simulações, sendo que na primeira, considerou-se o trocador de calor na configuração atual,
na segunda, considerou-se a configuração proposta e, a terceira, utilizou-se a mesma
configuração do trocador de calor proposto, porém, invertendo-se o sentido de escoamento
do ar. A seguir são demonstrados os resultados obtidos nas três simulações.
calor da superfície quente para o fluido ocorre, principalmente, pelo transporte de massa de
ar quente.
Para se avaliar a perda de carga externa (lado ar), foi solicitado o cálculo do perfil
de pressões na região em estudo, conforme pode ser visto na fig. 4.20.
Neste caso, verificou-se que a perda de carga foi muito baixa, pois o ar entra
no “vão” entre aletas com uma pressão de aproximadamente 101325Pa (região verde da fig.
4.20) e o ponto onde a pressão é menor (fim da passagem do ar pelo “vão” entre aletas),
que é representada pela região azul-claro da fig. 4.20.
pode-se verificar a formação da camada limite hidrodinâmica, conforme pode ser visto nas
figs. 4.21 e 4.22.
de tubos. Porém, na região onde a aleta foi retirada a queda de velocidade ocorreu de forma
acentuada, devido ao aumento do diâmetro hidráulico na região.
Percebe-se também que a redução da área de troca de calor, devido à retirada de parte da
aleta intermediária na região da terceira carreira de tubo é compensada por um aumento no
gradiente de temperaturas nessa região. Espera-se dessa forma que, apesar da redução da
área de troca térmica, obtenha-se no trocador de calor proposto, performance térmica
similar ao trocador de calor atual, o que será verificado no item 4.5 com ensaios no túnel de
vento.
Para se analisar a perda de carga externa (lado ar), foi solicitado o cálculo do perfil
de pressões na região em estudo, também para o trocador de calor proposto conforme pode
ser visto na fig. 4.25.
Em relação à perda de carga do trocador de calor atual, houve uma queda de pressão
desprezível. Essa perda pode ser visualizada pelas leves regiões “esverdeadas”, no meio da
região azul-claro na fig. 4.20 (trocador de calor atual), que representa pontos onde a pressão
é maior, em comparação a cor azul claro homogênea presente na fig. 4.25 (trocador de calor
proposto), presente na mesma região, o que significa uma pressão mais baixa em toda a
região, sem pontos de pressão maior. Porém, em relação à pressão de entrada, a perda de
carga foi realmente muito baixa, o que não justificaria a troca do ventilador.
65
Nos ensaios verificou-se ainda a perda de carga externa (lado ar), o perfil de
pressões na região em estudo, tanto para o trocador de calor proposto, como para o trocador
simulado com inversão do sentido de escoamento conforme pode ser visto na fig. 4.30.
4º Passo: Medição dos resultados obtidos, variando-se a vazão de água e do ar. Esses dados
são coletados por um programa de interface desenvolvido pelo próprio grupo Behr.
Apesar da medição ter sido realizada alterando-se a vazão de água e de ar, para
análise comparativa fixou-se a vazão mássica de água em 1,5 kg/s. Em seguida variou-se a
vazão mássica de ar de 1 a 19 kg/s, valor corresponde à vazão em cada metro quadrado de
área frontal do bloco. Os resultados obtidos são mostrados na fig. 4.36.
No gráfico da fig. 4.36 é possível visualizar na escala da esquerda a rejeição térmica
(capacidade térmica do trocador de calor, de retirar calor da água), em Watts por Kelvin,
representada no gráfico pela curva verde contínua. Na escala da direita, é mostrada a perda
de carga externa (lado ar) do trocador de calor, representada no gráfico pela curva verde
pontilhada. Na parte inferior, é possível visualizar as vazões mássicas de ar utilizadas, para
um bloco de um metro quadrado de área frontal. É fácil visualizar que, quanto maior a
vazão de ar, maior é a rejeição térmica, porém maior também é a perda de carga externa, o
71
650
550
Calor dissipado por cada 1K de diferença de temperatura -
600
500
550
450
500
∆Q/∆T
400
[W/K]
450
[N/m2]
300 350
300
250
250
200
200
150
150
100
100
DP2
50
50
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Vazão mássica - lado ar
2
[Kg/(m .s)]
Figura 4.36 – Resultados obtidos no túnel de vento para amostra 1 – trocador de calor atual
73
A vazão mássica para o trocador de calor em estudo pode ser determinada pela Eq.
(4.1),
m& = ρ ⋅ A ⋅ v (4.1)
Para a vazão mássica dada, conforme gráfico da fig. 4.36, obtém-se a relação
rejeição térmica por grau de variação de temperatura (∆Q/T) de aproximadamente 260
W/K. Pode-se então determinar-se o coeficiente global de transferência de calor através da
Eq. (3.2), porém, sem a necessidade de calcular-se a média logarítmica da diferença de
temperatura, devido ao fato de já possuir-se o valor empírico da relação ∆Q/T, e também
saber-se o valor da área de troca do trocador de calor atual (7,21 m2):
& = Q&
U
A ∆t
LN
260
& =
U
7, 21
& W
U = 36,056
ATUAL
m2 ⋅ K
74
A vazão mássica a ser considerada para o trocador de calor proposto será a mesma
do trocador de calor atual (4,37 kg/s), visto que as condições as quais o trocador de calor é
submetido (velocidade do ar, massa específica), são as mesmas.
& = Q&
U
A ∆t
LN
& = 260
U
6,37
& W
U = 40,835
PROPOSTO
m2 ⋅ K
75
600
500
550
450
500
400
450
[N/m2]
350
400
300 350
∆Q/∆T
[W/K]
300
250
250
200
200
150
DP2
150
100
100
50
50
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Vazão mássica - lado ar
2
[Kg/(m .s)]
Figura 4.37 – Resultados obtidos no túnel de vento para amostra 2 – trocador de calor
proposto
76
600
Calor dissipado por cada 1K de diferença de temperatura -
500
550
450
500
400
350
400
[N/m2]
300 350
300
250
250
200
200
150
DP2
150
100
100
50
50
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Vazão mássica - lado ar
[Kg/(m2.s)]
Figura 4.39 – Resultados obtidos no túnel de vento para amostra 3 – trocador de calor
proposto, porém com inversão no sentido de escoamento lado ar
78
& = Q&
U
A ∆t
LN
210
& =
U
6,37
& W
U = 32,982
SENTIDO ESCOAMENTO INVERTIDO
m2 ⋅ K
79
CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
600 700
CM-3-OBL-9.36.550 - Amostra 2
CM-3-OBL-9.36.550 - Amostra 1
650
550
CM-3-OBL-9.18.550 - Amostra 3
600
500
550
450
500
400
450
Calor dissipado por cada 1K de diferença de temperatura -
350
400
300 350
[N/m2]
250
200
200
150
DP2
150
100
100
50
50
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Vazão mássica - lado ar
2
[Kg/(m .s)]
Porém, como foi dito anteriormente, para o trocador de calor proposto, a largura da
aleta foi reduzida de 55 mm para 37 mm. Sendo assim:
Sendo assim ocorrerá uma redução de 0,5kg de cobre na massa total do trocador de
calor. Como o trocador de calor desse estudo tem massa total de aproximadamente 5 kg,
esse valor equivale a uma redução de 10% na massa total do trocador de calor.
Isso significa dizer então que, como a redução de massa de cobre, no trocador de
calor proposto é de 0,5 kg, pode-se calcular então a redução de custo por trocador de calor.
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characteristics of plate fin-and-tube-heat exchangers having plane fins.
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