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Dissertação
Pelotas, 2014
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Pelotas, 2014
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Introdução
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Era constituído por 30 metas mais a meta síntese, a construção de Brasília. Dentre os investimentos
previstos, estavam a educação, transporte, energia elétrica e indústria de base.
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Graduação em História, na Universidade Federal do Rio Grande, FURG.
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Projeto de extensão, com bolsa Proext.
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Professora Julia Matos, da Universidade Federal do Rio Grande.
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Trabalho de Conclusão de Curso.
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Coluna destinada a publicação de cartas que os leitores enviavam ao jornal, geralmente com
reclamações ou considerações pertinentes a estrutura urbana da cidade.
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capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, o governo afirmava que pretendia
desenvolver o interior do País.
Na questão industrial, o presidente impulsionou as indústrias do País,
contudo, deu ênfase e realizou investimentos nas indústrias de base e,
especialmente, nas localizadas no sudeste brasileiro. Sendo assim, a cidade do Rio
Grande, que possuía grande número de indústrias voltadas ao setor de têxteis,
charutos e frigoríficos, viu suas fábricas falirem e fecharem. Porém, empresários
alavancaram o desenvolvimento das indústrias pesqueiras, aproveitando os
incentivos voltados a esse setor, ocupando, assim, a área do Porto Novo, que até
então não estava plenamente ocupada. Em consequência, a cidade, chegou a
apresentar o maior polo pesqueiro do Brasil (MARTINS, 2006).
JK cunhava uma nova identidade brasileira e pretendia lançar o País à
modernização. Os discursos modernizadores que ocorreram no Brasil, relativos ao
desenvolvimento urbano industrial, apontam que, até o final dos anos 1970, a
sensação dos brasileiros era de que faltavam poucos passos para a conquista da
modernidade e o ingresso no Primeiro Mundo.
Na historiografia brasileira, o tema modernização urbana e
desenvolvimentismo já foi amplamente analisado. Contudo, inexistem estudos sobre
como se expressou, na visualidade urbana, a modernização na cidade do Rio
Grande. Parece, portanto, ser um assunto de relevância acadêmica dentro dos
estudos historiográficos brasileiros na área da História da Cidade.
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STORMOWSKI (2001); MEYRER (2008), são alguns exemplos.
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Existem algumas dissertações e teses sobre a cidade do Rio Grande, contudo, nenhuma sobre o
período e temática apresentada.
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específico, Cidade Nova, e a relação dos seus habitantes com o seu local de
moradia. Outro trabalho relativo a Rio Grande é da pesquisadora Marina Pelissari,
que estuda as colunas sociais do jornal Rio Grande durante o período de 1956 a
1960. Outra pesquisa de igual importância é a do pesquisador Ezio Bittencourt
(1999), intitulada Da Rua ao Teatro, os prazeres de uma cidade: sociabilidades &
cultura. O historiador estuda a cidade a partir da perspectiva dos teatros e
sociabilidades, como cafés e cinemas, no início do século XX.
Ainda dentro do universo riograndino existem diversas obras de Francisco das
Neves Alves (1999, 2000, 2001, 2005, 2010) e do professor Luiz Henrique Torres
(1999, 2001, 2006, 2012, 2013). Apesar de tais obras terem sido de fundamental
importância para a construção narrativa da cidade do Rio Grande, nenhuma, até
agora encontrada, abarca os estudos propostos por esta dissertação.
Algumas outras bibliografias destacam-se a respeito da cidade do Rio
Grande; Solismar Fraga Martins, no livro Cidade do Rio Grande: industrialização e
urbanidade (1873-1990), produzido no ano de 2006, apresenta informações
importantes para a dissertação. Primeiramente, esse autor comenta que a instalação
das indústrias vem acompanhada de um conjunto de elementos e fatores que irão
marcar a produção daquela espacialidade. A partir disso, compreende-se que, ainda
no fim do século XIX, é que começaram as transformações sócio espaciais da
cidade. Também entende-se que as transformações industriais ocorridas com o
declínio das indústrias têxteis e frigoríficos, e o desenvolvimento da indústria
pesqueira, provocaram mudanças na visualidade urbana da cidade.
Ainda, a partir dessa leitura, será apresentada que a atividade portuária era a
principal da cidade, fazendo com que a mesma tivesse uma importância no cenário
brasileiro. Sendo assim, tal livro será importante para contextualizar as fontes
trabalhadas.
Continuando com os estudos da cidade do Rio Grande, pode-se destacar o
artigo de Rafael Copstein, Evolução Urbana da Cidade do Rio Grande (1982), que
trata do processo evolutivo da cidade, desde sua fundação até meados de 1970. Os
dados e tabelas apresentados são importantes para saber que, em 1957, houve a
criação de oito novos loteamentos; em 1958, nove loteamentos e, em 1960, foram
criados os primeiros loteamentos em maior escala. Também, em igual período, os
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Fontes e Metodologia:
A metodologia deste trabalho concentra-se em dois momentos: em um
primeiro momento, após a coleta do material, realizada desde a graduação, utilizou-
se a metodologia de análise de conteúdo. De acordo com Laurence Bardin (1977),
quando o pesquisador trabalha seus dados a partir da perspectiva da análise de
conteúdo, está sempre trabalhando um texto que não está aparente já na primeira
leitura e que necessita de uma metodologia para ser desvendado.
Então, foi feita a exploração do material, e codificada. Bardin elucida: “A
codificação corresponde a uma transformação [...] dos dados brutos do texto,
transformação essa por recorte [...], permite atingir uma representação do conteúdo”
(BARDIN, 1977, p.103).
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Rua General Osório, 454.
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Localizada na Rua Marechal Floriano, 103.
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Nas páginas do jornal Rio Grande, ao longo dos anos, tem-se diversas
propagandas do estúdio. A partir disso, pôde-se chegar ao nome do responsável
pelo local: Lindalvo Monteiro. Sabe-se pouco a respeito do sr. Lindalvo, porém,
descobriu-se que o mesmo tinha participações e era responsável pela contratação
de funcionários da rádio Minuano, essa localizada em São José do Norte11.
A segunda fonte selecionada é o jornal Rio Grande, pesquisado na Biblioteca
Rio-Grandense, entre os anos de 2009 e 2010. Para esse trabalho, foi dada atenção
às fotorreportagens deste periódico, onde se coletou cerca de 40 matérias relativas
ao assunto da dissertação, e optou-se por utilizar 16 fotorreportagens que estão
mais de acordo com a proposta deste trabalho, e, além disso, devido a análise ser
extensa, seria mais proveitoso ter um número reduzido de fontes.
Esse jornal era considerado, na década de 1950, o periódico de maior
circulação da cidade. Ele surgiu em 1º de dezembro de 1913 e parou de ser
impresso no ano de 1969. O historiador Francisco das Neves Alves elucida algumas
características desse jornal:
Sendo assim, conforme Alves explicitou, o Rio Grande iniciou como um jornal
político partidário, afirmando, inclusive, ser pertencente ao Partido Republicano.
Esse partido julgava-se não vinculado a grupos específicos, sua atuação seria
voltada apenas em prol da República. Somente em 1943 é que o JR deixaria de
ostentar em seu frontispício os dizeres que se associava ao Partido Republicano. No
ano de 1956, custava um cruzeiro e já no ano subsequente custava o valor de dois
cruzeiros. Possuía o formato de aproximadamente uma folha A4 e continha oito
páginas.
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Cidade localizada a aproximadamente 8km de Rio Grande.
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Categorias de Análise:
Diante dessas questões, apresentam-se como categorias de análise os
conceitos envolvendo “Cidade – Urbanismo – Fotorreportagem”. Estes são
fundamentais nesta dissertação, alinham-se à ideia de Luiz Cesar de Queirós
Ribeiro (org.), em sua obra Cidade, Povo e Nação (1996). Para a compreensão do
conceito:
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Importante ressaltar que as cartas não eram transcritas na íntegra. Havia interferência de editores
entre a escrita da carta por parte dos leitores até a publicação da mesma no jornal.
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novos hábitos e valores por meio da imprensa. A autora discute como a imprensa é
ainda legítima para ser utilizada enquanto fonte histórica e como esse tipo de fonte
não é ultrapassado e, sim passível de ser estudada na atualidade. O trabalho de
Luca auxilia na compreensão sobre a imprensa, seu espaço e usos no século XX.
Esta dissertação desenvolve-se no nível da representação, onde “(…) a
“representação” faz as vezes da realidade representada e, portanto, evoca a
ausência; por outro, torna visível a realidade representada e, portanto, sugere a
presença” (GINZBURG, 2001, p. 85). Neste sentido, as ausências e presenças nas
imagens são importantes e possíveis de serem interpretadas e analisadas.
Isto acontece porque as estórias não são vividas; não existe uma estória
"real". As estórias são contadas ou escritas, não encontradas. E quanto à noção de
uma estória "verdadeira", ela é virtualmente uma contradição em termos. (WHITE,
1991, p. 08).
Será estudada a representação da visualidade urbana, porém, conforme
Chartier afirma:
auxiliaram a discutir as questões elementares que estão presentes nas imagens. Foi
necessário conceituar o jornalismo no Brasil para compreender e situar o jornal Rio
Grande. Na década de 1950, as matérias jornalísticas ganhavam ares de
neutralidade e objetividade. Mudanças técnicas estavam presentes: na redação e
layout da imprensa.
As fotorreportagens e fotografias retrataram que novos bairros estavam sendo
construídos em Rio Grande. Do mesmo modo, revelaram a nova configuração das
ruas modernas: mais largas, novas vias sendo asfaltadas, e calçadas mais estreitas,
a fim de comportarem os novos carros velozes que surgiam no período. Também
foram analisadas, através das fontes, questões elementares para uma cidade ser
considerada urbana e estar inserida no contexto de modernização da década de
1950: o saneamento básico.
Por ultimo, o terceiro capítulo denominado “Obras de embelezamento: a
modernização chega à cidade?” explorou as questões do remodelamento das
praças, como: arborização e a ampliação, tão em voga no período do governo do
JK, foram nesse subtítulo analisadas. E, através das fontes, foi possível discutir
onde e de que forma essas questões estão representadas e são expressas. As
fontes analisadas expressaram, em vários momentos, a construção de novos
prédios em linhas modernas. Sendo assim, primeiramente, fora explanado, com o
auxílio de teóricos da área, o conceito de prédio com linhas de traçado moderno.
Para, depois, considerar a forma em que esse conceito está representado nas
fontes.
A questão “problemas” foi debatida, visto que é necessário visualizar e
analisar as críticas decorrentes que o jornal apresentou. Sendo essas, oriundas ou
do processo de modernização ou da falta do desenvolvimento de alguns setores da
cidade.
A conclusão fechou todos os capítulos e é o momento onde o pesquisador
pode se expressar mais livremente e designar um desfecho ao trabalho.