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Curso de Psicologia
Goiânia, 2022
1. Os Anjos de Zabine: Autoria e Obra.
Tendo sua 1ª Edição publicada em 2007, a obra “Os Anjos de Zabine” foi escrita
Ângela e sua paciente Zabine, uma jovem de 35 anos, no ambiente de Trieste, Itália.
contando na verdade com a tarefa de ajudar a paciente no seu existir de todo dia,
buscar compreender e dar sentido à sua própria existência – o que nessa obra se dá de
Ângela, uma psicóloga que até então tinha experiências somente com a área clínica, mas
possibilidade de experiência diferente do que já havia feito antes. Zabine, por outro
lado, seria uma jovem de 35 anos, quais as características incluem: estatura média,
qual seu lado “preservado”, de saúde, seria a imagem de Ângela, o anjo mais importante
fenomenológica.
atuação do homem no mundo, é uma clareira do ser onde o tempo pode se apresentar
juntando o presente com o passado e o futuro. Dessa forma, para entender a ontologia e
Ângela, sendo o anjo que preservava seu outro lado (Zabine) – não ficando claro
qual das duas seria a “alucinação” – é a que caminha em direção a vida, cuidava de sua
existência e ainda tentava cuidar de sua “segunda existência”, por isso se referiu a ela
mesma como sendo o anjo que tentava proteger Zabine do abismo, cumprindo assim,
uma das tarefas do ser-no-mundo, que seria este cuidado para consigo mesma (Sales,
2008).
espaço diferente, tanto que seus mundos se desencontram, mesmo sendo um só corpo.
Uma forma desta vivência é o ser-doente, que se priva e não consegue se afinar no
mundo. Zabine seria o lado que apresenta esta vivência, no qual a característica
ontológica existencial que se refere ao espaço está perturbada, e acaba interferindo nas
demais, por isso ela possui a dificuldade de se encontrar com Ângela em um mesmo
Desse modo, por englobar o sentido de duas existências em si, Ângela se vê num
tempo esgota suas tentativas – “o que mais eu poderia fazer por Zabine?”, “lembrava-
me de que eu era a única acompanhante que tinha chegado mais longe”. De acordo com
o conceito de afinação, que é como o ser se organiza diante do mundo, de suas facetas e
dos outros, Ângela acaba ficando “desafinada” ontologicamente justamente por estar no
meio do paradoxo de não saber como melhorar a situação de Zabine e ao mesmo tempo
Por ter estudado Psicologia e autores como Husserl e Heidegger, Ângela ainda
se vê como terapeuta, tanto que neste caso estaria sendo acompanhante terapêutica da
paciente Zabine, indo até Trieste para exercer sua profissão. Já Zabine, também
psicóloga, por mais que até então não se recordasse de tal fato, agia como uma pessoa
solitária, junto de seus anjos e seu gato, quase não saindo de casa. De novo, retorna à
existência de mundos diferentes, por mais que ainda sejam ser-no-mundo (Feijoó,
2011). Além de que ela deu significados diferentes para suas experiências, tanto que
mesmo quando as duas faces se encontram, ela não reconhece o seu eu, sendo
com a realidade dela, como: “depressão grave com embotamento afetivo severo”,
caso, Zabine estaria mais próxima de um problema como esquizofrenia, tendo até
mesmo ilusões da realidade. Então, talvez estes terapeutas que passaram por ela não
julgamentos dela, antes mesmo de se encontrar com o fenômeno real (Feijoó, 2011).
suas características normalmente são dadas como as de uma pessoa solitária, fechada,
tosca, inalcançável e até mesmo ensimesmada. Ela sequer se percebia como alguém que
apenas com seus anjos. Portanto, ela estava tão imersa nessa realidade particular que
não se via como uma incompletude ontológica (caráter de poder-ser); ela não fazia ideia
de seu caráter “eksistente”. Ângela, por sua vez, tem essa função de justamente mostrar
uma outra realidade para Zabine, afirmando que ela é capaz de ser para fora, ser para o
também são modos de ser-no-mundo, apenas estão desafinados e com uma compreensão
limitada de sua existência, precisando de ajuda. Assim sendo, quando Zabine se abre
acompanhamento terapêutico – “eu a abracei e senti a dor que fazia seu corpo tremer”,
Ângela/Zabine vai descobrindo sua dualidade existencial e entende quem ela realmente
é. Portanto, é só a partir daí que essa protagonista visualiza a beleza de todo seu ser em
meio a uma súbita vontade de viver – “A vida era possível”. Nesse momento, ela se abre
para o mundo e para seus diversos significados, enxerga a imensidão do mar, tem
vontade de abraçar tudo e entende que existir é ter que se apropriar de si. Logo, sente a
necessidade de encontrar uma nova forma de olhar para tudo, quer ter a abertura do ser
para estar apta a receber certas experiências, ser livre a partir delas e cuidar de si, das
3. Referências Bibliográficas: