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UM AMIGÁVEL RESUMO DE CABEÇA (E UM POUCO DE COLUNA)

dedicado a quem:
 está desesperado
 está a falecer
 acha que não vai conseguir

PEDRO VILÃO SILVA


2018-2019
IN MEMORIAM

JOE HILL
(1879-1915)
"Don't mourn, -- organize!"

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CABEÇA
ÓSTEO-ARTROLOGIA
Crânio
Osso frontal
É um osso ímpar, largo e simétrico de acordo com um eixo sagital.
Articula-se com os 2 parietais, com o osso etmoide, com o esfenoide, com as
2 mandíbulas, com os 2 zigomáticos, com os 2 ossos nasais e com os 2 ossos lacrimais.
Apresenta uma face superior – escama do frontal – constituída por uma face
anterior ou cutânea e uma face posterior ou cerebral; uma porção inferior, horizontal,
constituída pela face órbito-nasal; e por 3 margens.
Orientação
A face convexa é anterior, apresentando duas concavidades (côncavas)
inferiormente, separadas por uma incisura.
Descrição
A face anterior (escama do osso frontal), exocraniana ou cutânea apresenta
na linha mediana a sutura metópica, e, superiormente a esta, a glabela (proeminência óssea
interocular). De cada lado desta encontram-se as tuberosidades frontais, e inferiormente
os arcos superciliares. Lateralmente, observa-se a linha temporal, continuação da linha
curva temporal superior do parietal, limitando anteriormente a face temporal do frontal,
que faz parte da fossa temporal. Aqui inserem-se os fascículos anteriores do músculo
temporoparietal.
Inferiormente, na face inferior ou orbital do osso frontal, observa-se na linha
mediana a incisura etmoidal, onde se destaca anteriormente a espinha nasal. Esta incisura
está ladeada por 2 superfícies transversais escavadas, de anterior para posterior, as
hemicélulas frontais, que, completadas com as hemicélulas etmoidais formam as células
etmoidais. Observam-se ainda sulcos nestas superfícies entre as hemicélulas que em
conjunto com os sulcos no labirinto etmoidal originam os canais etmoidais. De cada lado
da incisura encontram-se as fossas orbitais observando-se antero-lateralmente (à frente, de
lado) a fossa lacrimal da glândula lacrimal e antero-medialmente a fóvea troclear, onde se
insere a tróclea de reflexão do músculo oblíquo superior do bulbo ocular. Esta fóvea
pode ocasionalmente ser substituída por uma espinha troclear.
Anteriormente, na margem anterior ou orbito-nasal, apresenta-se um
segmento mediano: a incisura nasal, e dois segmentos laterais ou arcos superciliares. A
incisura nasal apresenta a forma de um V invertido, articulando-se com os dois nasais e com
os processos frontais do osso maxilar. Cada uma das margens inferiores termina lateralmente no
processo zigomático e medialmente no processo orbital medial que se articula com o
processo frontal da maxila e com o osso lacrimal. A margem anterior pode ainda apresentar
ao nível do seu terço médio o forame supraorbital que dá passagem aos vasos e nervo
supraorbitais, e, um pouco mais medialmente, o forame frontal, que dá inserção aos vasos
supratrocleares.

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Na face posterior ou cerebral, ocorre a relação com o lobo frontal do cérebro,
observando-se na linha mediana, de anterior para posterior (da frente para trás):

 Forame cego: ocasionalmente, passa lá uma veia emissária para o seio


sagital superior de Sperini ou um prolongamento da dura-máter. Pode
estar substituído por um sulco que a margem anterior da apófise crista galli
transforma em ducto.
 Crista frontal: bifurcada superiormente, formando o sulco do seio sagital
superior.
 Sulco do seio sagital superior: onde passa o seio do mesmo nome. De
cada lado deste sulco observam-se frequentemente depressões de forma
e dimensões variáveis, que se denominam FOVÉOLAS GRANULARES DE
PACCHIONI e que estão escavadas por vegetações do tecido subaracnoide
na sua superfície externa, tendo como função a reabsorção do líquido
cefalorraquidiano.

o O seio sagital superior situa-se na borda superior da face


endocraniana, acompanhando a foice do cérebro em toda a sua
extensão. Ele recebe:
 Veias do forame cego (Sperini);
 Veias cerebrais superiores;
 Veia anastomótica superior (até seio cavernoso);
 Veia anastomótica inferior (une-se ao seio transverso);
 Veias meníngeas médias;
 Veias do díploe;
 Veia emissária parietal (forame parietal).
o O que é uma veia emissária?
 É uma veia que contacta os seios venosos do crânio com
o sistema venoso extracraniano, drenando da calvária,
através do crânio, para as veias meníngeas e para os seios
venosos, sendo importantes na regulação térmica e de
método para transporte de infeções.

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NB: A membrana aracnoide é apenas uma das três meninges, isto é, das 3
membranas que revestem o cérebro (encéfalo e bulbo raquidiano). As 3 membranas
são, de profundo para superficial, a pia-máter, a aracnoide e a dura-máter. O
líquido cefalorraquidiano (amortecimento de choque e defesa imunitária)
encontra-se entre as membranas aracnoide e pia-máter, no espaço subaracnoide.
Lateralmente, observam-se de cada lado da incisura etmoidal duas superfícies
convexas denominadas paredes superiores das órbitas (eminências orbitais),
correspondentes à porção orbital do osso. Estão cobertas pelas impressões digitais,
determinadas pelo cérebro (circunvoluções do lobo frontal), que separam as eminências
mamilares. Superiormente observam-se ainda as fossas frontais, que correspondem aos
polos frontais dos hemisférios cerebrais.
A margem superior ou parietal articula-se com os 2 parietais, superiormente,
e com as asas do esfenoide, inferiormente.
A margem posterior ou esfenoidal articula-se com a asa menor do esfenoide.
Convém ainda salientar a existência de duas estruturas importantes no
interior deste osso: os seios frontais, duas cavidades pneumáticas que se abrem nas
cavidades nasais pelas aberturas do seio frontal. Encontram-se separados entre si pelo
septo dos seios frontais, sendo raramente simétricos. São vias aéreas com forro mucoso
(inervado pelo nervo supraorbital), atravessando a hemicélula etmoidal anterior -
infundíbulo etmoidal - no meato nasal médio pelo ducto frontonasal e abrindo-se depois
no hiato semilunar do meato médio. As infeções destes seios podem originar sinusites. A
produção de muco permite uma defesa imunitária ativa e filtração do ar inspirado pelo nariz.
NB: Existe uma distinção fulcral entre seios perinasais e seios venosos no
crânio. Os primeiros são um grupo de 4 pares de espaços aéreos que circundam a cavidade
nasal, a saber – seios frontais, maxilares, etmoidais e esfenoidais. São revestidos por
membrana mucosa (epitélio respiratório). Os últimos são canais venosos situados entre as
camadas profunda e superficial da dura-máter, que recebem sangue das veias internas e
externas do encéfalo e líquido cefalorraquidiano da membrana aracnoide a partir da
drenagem das fovéolas granulares de Pacchioni, drenando para a veia jugular interna.
Ao nível da ossificação convém salientar que esta é feita diretamente no
tecido conjuntivo embrionário (endomembranar), provindo apenas de 2 centros de
ossificação lateral na porção orbito-nasal, separados pela sutura metópica. A espinha nasal
apresenta ossificação endocondral na porção ântero-superior da cartilagem que origina a
lâmina perpendicular do etmoide.
NB: Nas órbitas existem vários músculos, como o oblíquo superior do
bulbo ocular (m. obliquus oculi superior), médio-posterior ao olho, com funções de
abdução, depressão e rotação medial do olho, sendo o único extraocular inervado pelo nervo
troclear (IV). Devido aos diferentes planos de ação deste músculo, a tróclea de reflexão
intraorbital deste torna-se fulcral para o ajuste preciso das forças no movimento ocular,
permitindo então que ambos os olhos apontem na mesma direção. Os músculos
extrínsecos do bulbo ocular são, pois:

 Oblíquo superior;
 Oblíquo inferior;

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 Reto superior;
 Reto inferior;
 Reto medial;
 Reto lateral;
 Levantador das pálpebras superior.
Ainda existe um músculo liso intraocular com função de alteração da espessura da
lente ocular, o ciliar. A íris apresenta fibras musculares lisas que permitem o ajuste do
diâmetro da pupila.
Os músculos extrínsecos do olho apresentam um anel tendinoso comum (de
Zinn) ao entrar na cavidade orbitária pela fissura orbital superior entre as asas do esfenoide.
A porção larga dá passagem a:
o Por dentro: nervo nasociliar (ramo do oftálmico);
o Superiormente: ramo superior do oculomotor;
o Inferiormente: ramo inferior do oculomotor;
o Exteriormente: abducente e veia oftálmica.
Existe ainda uma porção externa superior que é encerrada por cartilagem, passando
lá, de exterior para interior:
o Lacrimal;
o Frontal;
o Nervo troclear.
O tendão de Zinn, que se encontra fixo entre o canal ótico e a fissura esfenoidal,
subdivide-se em 4 porções nas quais irão assentar os 4 retos do olho. As porções superiore
irão descrever 2 anéis fibrosos, sendo que através do interno irá passar o nervo ótico, e do
externo – ANEL TENDINOSO DE ZINN – irão passar ramos superiores e inferiores
do nervo oculomotor (III), ramos do nervo abducente (VI) e o nervo nasociliar, ramo
de V – trigémeo. Vão constituir, pois, o cone músculo-aponevrótico dos músculos da
cavidade orbitária. Os nervos lacrimal, frontal e troclear não atravessam este anel,
apresentando um trajeto entre o teto da cavidade orbitária e o cone referido.
Osso etmoide
É um osso ímpar, desnecessariamente complicado, assimétrico (mais ou menos) e radiário? Curto?
Enfim, é (quase) impossível descrevê-lo adequadamente devido ao seu formato peculiar.
Articula-se com o osso frontal, com o esfenoide, com os 2 palatinos, com os 2 nasais,
com as 2 maxilas, com os 2 lacrimais e com o vómer.
Orientação (HAHAHAHAHA) éprecisorircomistosenãoumapessoadáemdoida
A lâmina que apresenta numerosos forâmenes é horizontal e dela destaca-se um
processo ântero-superior.
Descrição
É constituído por uma lâmina vertical, situada na linha mediana, e por uma lâmina
horizontal ou cribriforme que a corta perpendicularmente. Na sua face inferior destaca-se o
adequadamente denominado labirinto etmoidal.

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A lâmina vertical está dividida numa porção superior e numa inferior pela lâmina
cribriforme ou horizontal. A porção superior apresenta um processo de formato triangular
com base inferior e ápice superior denominado crista etmoidal ou apófise crista galli,
articulando-se com o frontal através da asa da crista etmoidal, completando assim o
forame cego. Apresentam-se ainda anteriormente duas pequenas protuberâncias
denominadas asas da crista etmoidal. A porção inferior apresenta uma lâmina fina, que
contribui para formar o septo das cavidades nasais e que constitui a lâmina
perpendicular. Esta é pentagonal e tem uma margem anterior que se articula com a espinha
nasal do osso frontal e com os dois ossos nasais. A margem posterior articula-se com o
segmento anterior da crista esfenoidal do osso esfenoide. A margem superior continua-se
com a lâmina horizontal. A margem ântero-inferior une-se à cartilagem do septo nasal
(bom para tirar macacos do nariz). A margem póstero-inferior articula-se com a margem
anterior do vómer.
A lâmina horizontal ou cribriforme tem uma forma quadrilátera, estendendo-se de
um labirinto etmoidal ao outro. A face superior é dividida pela crista galli em duas porções,
representadas pelos sulcos olfativos, que apresentam forâmenes da lâmina cribriforme,
que dão passagem aos ramos do nervo olfativo (I). Os forâmenes mais anteriores
apresentam características especiais:

 A fenda etmoidal dá passagem a um prolongamento da dura-máter.


 O forame etmoidal anterior está ligado a canal etmoidal anterior através
do sulco etmoidal.
A face inferior da lâmina cribriforme faz parte da abóbada das cavidades nasais. A
lâmina cribriforme dá ainda sustento ao bulbo olfativo do seu lado do encéfalo, que é a
estrutura neural responsável pelo sentido do olfato. Esta separa-o ainda do epitélio olfativo
dos meatos nasais e protege-o do choque.
O labirinto etmoidal existe em ambos os lados da lâmina cribriforme, sendo então
considerado como 2 estruturas diferentes, uma direita e uma esquerda.
A sua face superior apresenta hemicélulas irregulares que completam as já referidas
hemicélulas do frontal, constituindo as células etmoidais, das quais a mais desenvolvida é
a anterior, apelidada de infundíbulo etmoidal, que se abre no meato nasal médio. Esta face
apresenta dois sulcos transversais, que constituem os canais etmoidais quando se reúnem
com os seus homólogos no osso frontal. O canal anterior dá passagem à artéria e ao nervo
etmoidal anterior, enquanto o canal posterior dá passagem à artéria e nervo etmoidal
posterior. São ambos ramos do nervo oftálmico (V1), ramo do nervo trigémeo (V).
A sua face medial constitui a maior parte da parede lateral das cavidades nasais,
destacando-se dela a concha nasal superior e a concha nasal média. Entre a face medial
do labirinto etmoidal e a face lateral das conchas nasais, encontram-se espaços conhecidos
por meatos nasais. O meato nasal superior relaciona-se com a concha nasal superior e o
médio com a concha nasal média. No meato nasal superior abrem-se as células etmoidais
posteriores e o seio esfenoidal. No meato nasal médio abrem-se o seio frontal e as
células etmoidais anteriores. Superiormente à concha nasal superior ainda se condicionam
duas outras protuberâncias: as conchas nasais supremas (de Zuckerkandl e Santorini),
sendo a primeira superior à segunda. Estas condicionam os meatos nasais supremos de
Zuckerkandl e Santorini. Da extremidade anterior do meato nasal médio destaca-se uma

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lâmina óssea muito fina cujo nome é processo uncinado e que, com obliquidade ínfero-
posterior, bifurca-se em 2 lâminas, uma inferior que se articula com o processo etmoidal da
concha nasal inferior, e outra posterior que pode subdividir-se em 2 lâminas, uma para o
palatino e outra para a bolha etmoidal.
A porção superior do processo uncinado relaciona-se com uma saliência
condicionada por uma célula etmoidal: o ager nasal (agger nasi) ou eminência nasal.
Posteriormente ao processo uncinado, a parede lateral do meato nasal médio apresenta uma
elevação condicionada por outra célula etmoidal, a bolha etmoidal, separada da linha de
implantação da concha nasal média pelo sulco retrobulhar e do processo unciforme pelo
sulco uncibolhar.
A face inferior apresenta, de medial para lateral: concha nasal média (face inferior),
meato nasal médio, superfície rugosa de articulação com a maxila e processo uncinado.
A face anterior apresenta hemicélulas, que se completam com outras existentes na
face medial do lacrimal e do processo frontal da maxila, para constituírem as células
etmoidais anteriores.
A face posterior articula-se com a face anterior do corpo do esfenoide e com o
processo orbital do palatino, encontrando-se também hemicélulas para se completarem com
outras esfenoidais, constituindo as células etmoidais posteriores.
O conjunto de todas as células etmoidais define o labirinto etmoidal, sendo que
as anteriores abrem para o meato nasal médio (ducto frontonasal, comunicação com o seio
frontal) e as posteriores para o meato nasal supremo de Santorini.
A ossificação é feita por 4 centros de ossificação – dois laterais em cada labirinto
etmoidal e dois paramediais – um na base da apófise crista galli e outro heterolateral a esse na
mesma base.
Osso esfenoide
Mais do mesmo. O Brizon fá-lo parecer um Lego.
Osso radiário, ímpar e simétrico por um eixo sagital. Situado na porção média da
base do crânio. Nele distingue-se um corpo, duas asas menores, duas asas maiores e duas
apófises\processos pterigoides.
Articula-se com todos os ossos do crânio, bem como os 2 zigomáticos, os 2 palatinos
e o vómer, sendo por isso dos ossos mais diabolicamente interligados do corpo humano.
Orientação
A linha que une os dois pontos mais afastados do osso é anterior e superior,
sendo a fronteira entre a fossa craniana anterior e a fossa craniana média.
Descrição absolutelynotme_irl
O osso apresenta uma f cuboide, com 6 faces.
A face superior apresenta anteriormente uma superfície quadrilátera e lisa –
o jugo esfenoidal. De cada lado da linha mediana, apresenta os sulcos olfativos, que
continuam os sulcos do mesmo nome no etmoide (laterais à crista galli), deixando passar os

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ramos do nervo olfativo (I). A parte mais saliente do jugo é anterior, articulando-se com a
crista galli e com a lâmina cribriforme através do prolongamento etmoidal. O jugo é limitado
posteriormente pelo limbo esfenoidal.
Posteriormente ao limbo esfenoidal encontra-se o sulco pré-quiasmático,
que une os canais óticos (nervo ótico (II)). Denomina-se, então, sulco pré-quiasmático,
porque é um local onde os nervos óticos se cruzam parcialmente – quiasma ótico -,
provenientes das células ganglionares da retina.
NB: Já devia ter referido isto, mas mais vale tarde do que nunca, não é? Pois
bem, eis os 12 pares cranianos:

 MOTORES
o III – oculomotor;
o IV – troclear;
o VI – abducente;
o XI – acessório;
o XII – hipoglosso.
 MISTOS
o V – trigémeo:
 V1 – Oftálmico;
 V2 – Maxilar;
 V3 – Mandibular;
o VII – facial e intermédio (Wrisberg);
o IX – glossofaríngeo;
o X – vago.
 SENSORIAIS
o I – olfativo;
o II – ótico;
o VIII – vestíbulo coclear.
Posteriormente ao sulco pré-quiasmático encontra-se a sela turca ou fossa
hipofisária, onde se encontra a hipófise ou glândula pituitária. Esta estrutura adota este
nome devido ao seu formato côncavo antero-posteriormente e convexo transversalmente,
no feitio de uma sela de cavalaria usada pelos Turcos. Funciona, de facto, como um “assento”
ósseo para a hipófise, glândula endócrina responsável pela secreção de hormonas produzidas
ao nível do hipotálamo.
Na porção anterior da sela turca e posteriormente ao sulco pré-quiasmático
encontra-se o tubérculo da sela, e, posteriormente a este, o sulco do seio intravenoso,
onde se encontra o seio intravenoso anterior. Este é limitado posteriormente por uma crista
sinostósica que termina pelos processos clinoides médios. A crista sinostósica ou
sinóstica representa a união dos dois centros de ossificação - pré-esfenoidal e pós-
esfenoidal (um anterior (pré) e um posterior (pós)) -, que originam o seu corpo, adotando
esse nome devido a esse processo de união.
A sela turca é limitada posteriormente pelo dorso da sela. Ao nível dos seus ângulos
livres, encontram-se os processos clinoides posteriores. Anteriormente a estes encontram-
se os processos clinoides anteriores, nas asas menores do esfenoide. A porção posterior
da face superior continua-se com o clivo do occipital. As margens laterais destas apófises

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apresentam cada uma dois recessos, um superior para o nervo oculomotor (III) e outro
inferior para o seio petroso inferior.
A face anterior do esfenoide apresenta na linha mediana a porção inferior da crista
esfenoidal anterior e, de cada lado desta crista, as aberturas do seio esfenoidal e pequenas
hemicélulas que em conjunção com as hemicélulas da face posterior da lâmina cribriforme
do etmoide formam as células etmoidais posteriores.
A face inferior do corpo do esfenoide apresenta na linha mediana a porção inferior
da crista esfenoidal, cuja porção mais saliente, situada anteriormente, se chama rostro
esfenoidal. A porção inferior da crista esfenoidal articula-se com um sulco situado entre as
asas do vómer – esquindilese esfeno-vomeriana -, não sendo esta adaptação perfeita,
condicionando-se por isso um canal esfeno-vomeriano mediano.
A face posterior do corpo apresenta uma superfície quadrilátera rugosa que o une
ao occipital.
As faces laterais do corpo do esfenoide dão inserção às asas maiores do esfenoide,
apresentando ainda o sulco carótico, onde se situam o seio cavernoso, a artéria carótida
interna e alguns nervos como o abducente (VI), o oculomotor (III), o troclear (IV) e os
ramos oftálmico (1) e maxilar (2) do nervo trigémeo (V). No interior circulam a artéria
carótida interna e o nervo abducente. Na parede circulam os nervos oculomotor, troclear, e
os ramos oftálmico e maxilar do nervo trigémeo.

As asas menores do esfenoide têm uma forma triangular de base medial,


destacando-se da face superior do corpo do esfenoide por 2 raízes, uma superior achatada
súpero-inferiormente e uma inferior achatada póstero-inferiormente, que circunscrevem
com o corpo do esfenoide o canal ótico (artéria oftálmica, nervo ótico (II)).
A face superior das asas menores relaciona-se com o cérebro e a face inferior faz
parte da abóbada da órbita. A margem anterior articula-se com o etmoide e com o frontal.
A margem posterior contribui para separar as fossas cranianas anterior e média da base
interna do crânio. Termina medialmente pelos processos clinoides anteriores. A base das
asas menores apresenta o canal ótico. O ápice estende-se até à extremidade lateral da fissura
orbital superior, terminando no processo xifoide.

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As asas maiores do esfenoide destacam-se das faces laterais do corpo do osso,
apresentando 3 faces e 3 margens.
A face posterior relaciona-se com a porção do cérebro que se situa na fossa média da
base interna do crânio. A face anterior faz parte da parede lateral da órbita. A face lateral
encontra-se dividida em duas porções pela crista infratemporal, constituindo uma porção
superior que corresponde à fossa temporal e uma inferior que corresponde à fossa
infratemporal.
A margem anterior das asas maiores articula-se com o zigomático. A margem lateral
articula-se com a parte escamosa do temporal. A margem medial encontra-se soldada, na
porção média, com o corpo do esfenoide. Anteriormente relaciona-se com o ápice da órbita
e posteriormente articula-se com a margem petrosa do temporal. Indo de anterior para
posterior, encontram-se ao longo desta margem vários forâmenes:

 Fissura orbital superior – onde passam os nervos oculomotores (III),


as veias oftálmicas e os 3 ramos terminais do nervo oftálmico (V1).
 Forame redondo – por onde passa o nervo maxilar (V2) e a veia de Nühn.
 Forame oval – através do qual passam o nervo maxilar (V2) e a artéria
meníngea acessória;
 Forame espinhoso – por onde passam os vasos meníngeos médios;
 Forame de Arnold (petroso) – por onde passa o nervo petroso menor;
 Forame de Vesálio (venoso) – onde passa uma veia emissária do seio
cavernoso.
A porção posterior da margem medial origina uma saliência achatada, a língula
esfenoidal, que contribui para a formação do forame jugular. As margens posterior e
medial da asa maior unem-se e originam a espinha do esfenoide, onde se insere o ligamento
esfeno-mandibular da ATM.
Os processos pterigoides originam-se por 2 raízes, uma medial que se destaca da
face inferior do corpo do esfenoide e uma lateral com origem na margem medial da asa maior.
Apresenta na sua espessura o canal pterigoideu, por onde passam os vasos e nervo deste.
As 2 raízes continuam-se inferiormente por 2 lâminas ósseas, a lâmina medial e a lateral,
que se unem anteriormente e condicionam um ângulo aberto posteriormente, constituindo
a fossa pterigoideia. Inferiormente as duas lâminas estão separadas, sendo este espaço
ocupado pelo processo piramidal do osso palatino. Apresentam 4 faces: anterior, posterior,
lateral e medial.

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A face anterior dos processos pterigoides faz parte da parede posterior da fossa
infratemporal. A face medial articula-se com a lâmina perpendicular do palatino. Na sua
extremidade superior apresenta o processo vaginal, que se dirige medialmente, estando
separado da face inferior do corpo do esfenoide por um sulco, que a margem da asa do
vómer transforma no canal vomero-vaginal ou canal vomero-esfenoidal lateral. A
porção inferior desta face termina num gancho, o hâmulo pterigoideu, em cuja
concavidade se reflete o músculo levantador do véu palatino.

A face lateral dá inserção ao músculo pterigoideu lateral. Na sua margem posterior,


insere-se o ligamento ptérigo-têmporo-mandibular de Hyrtl, que é um espessamento da
fáscia pterigoideia na membrana ptérigo-têmporo-mandibular. Acima deste encontra-se o
porus crotaphitico-buccinatorius de Hyrtl. A separação dos músculos pterigoideu lateral
e medial dá-se pela fáscia interpterigoideia, com direção póstero-ínfero-lateral. Insere-se
nos lábios da fissura petro-timpânica de Glasser, na espinha do esfenoide e na margem
medial do forame oval, fixando-se inferiormente na mandíbula, superiormente à inserção do
pterigoide medial na língula. Anteriormente, insere-se na margem posterior da face lateral da
apófise pterigoide, na localização da espinha de Civinini. Posteriormente, a fáscia é livre.
Isto nem no Rouvière vem LMAO

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Mais informação sobre isto presente neste estudo, já me sinto um autêntico
académico: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3749613/

A ossificação do ligamento ptérigo-espinhoso de Civinini pode originar o forame


ptérigo-espinhoso de Civinini entre a espinha do esfenoide e a espinha de Civinini na
apófise pterigoide do esfenoide, na margem posterior da sua face lateral, onde passa uma
divisão anterior do nervo mandibular (V3).

A face posterior constitui a fossa pterigoideia, onde se insere o músculo pterigoideu


medial. Na sua porção súpero-medial, encontra-se a fossa escafoideia, onde se insere o
músculo tensor do véu palatino. A margem posterior da lâmina lateral apresenta um pouco
superiormente à sua porção média o processo ptérigo-espinhoso de Civinini, já
mencionado.

Por fim, menciona-se o seio esfenoidal, um dos seios perinasais, no interior do


corpo do esfenoide, que pode ser dividido pelo septo do seio esfenoidal. Este abre-se no
meato nasal superior pela(s) abertura(s) do seio esfenoidal.

NB: A dura-máter apresenta uma reflexão entre o occipital e o esfenoide para dar
passagem a artérias vertebrais, seios venosos e nervos, denominada diaphragma sellae, o que
origina uma zona na qual esta se separa dos ossos occipital e esfenoide – a Zona Descolável
de Marchant. Um embate lateral da cabeça pode levar a um descolamento desta zona com
consequente derrame cerebral letal devido a rompimento dos vasos meníngeos médios ao
nível da escama temporal.

Osso parietal

O osso parietal é um osso largo, par e assimétrico, de formato quadrilátero, situado


de cada lado da linha média do crânio, na sua porção súpero-lateral, posteriormente ao osso
frontal, anteriormente ao occipital e superiormente ao temporal.

Articula-se com o frontal, com o parietal heterolateral, com o occipital, com o


temporal homolateral e com o esfenoide. Podem ser descritas duas faces, quatro margens e
quatro ângulos.

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Orientação

A face convexa é lateral, a margem inferior é talhada em bisel menor e mais côncava
e a margem posterior é convexa.

Descrição

A face externa, lateral ou exocraniana é convexa, sendo percorrida inferiormente


por duas linhas concêntricas, as linhas temporais superior e inferior. A primeira dá
inserção à fáscia temporal. A última dá inserção ao músculo temporal. Na porção média,
apresenta uma saliência denominada tuberosidade parietal. Por fim, perto da margem
superior e um pouco anteriormente à sua margem posterior, observa-se o forame parietal,
que se abre na cavidade craniana e dá passagem à veia emissária parietal de Santorini. A
linha temporal superior é um dos limites súpero-posteriores da fossa temporal.

A face interna, medial ou endocraniana é côncava, mais profunda e com uma


depressão mais regular na sua porção média denominada fossa parietal. É percorrida por
sulcos vasculares ramificados, por onde passam os vasos meníngeos médios. Ao conjunto
destes sulcos chama-se folha de figueira. Ao longo da margem sagital encontra-se um sulco,
que se une ao sulco do parietal heterolateral para continuar o sulco do seio sagital superior.
Lateralmente há ainda fovéolas granulares de Pacchioni análogas às do frontal para
reabsorção do líquido cefalorraquidiano. Do ângulo esfenoidal parte uma saliência oblíqua,
a crista silviana, que corresponde ao sulco lateral do hemisfério cerebral correspondente.

A margem superior (sagital) é dentada, articulando-se com a outra do osso


heterolateral pela sutura sagital. Defronte do forame parietal, as incisões dentadas são
pouco pronunciadas, recebendo esta parte quase reta da sutura o nome de obélion. A
margem escamosa ou inferior articula-se com a porção escamosa do osso temporal, sendo
talhada em bisel. A margem frontal ou anterior articula-se com o osso frontal pela sutura
coronal. A margem occipital ou posterior une-se à escama occipital pela sutura lambdoide.
O ângulo frontal é ântero-superior, correspondendo à união entre as suturas coronal
e sagital, denominando-se este ponto de união o bregma. O ângulo occipital é póstero-
superior, correspondendo à união entre as suturas sagital e lambdoide, tendo este ponto o
nome de lambda. O ângulo esfenoidal é ântero-inferior e une-se à asa maior do esfenoide
por uma sutura que forma parte do ptérion, isto é, a região ode se unem os ossos frontal e
parietal e a asa maior do esfenoide, sendo um dos pontos fracos do crânio. O ângulo
mastoideu é póstero-inferior, sendo truncado e penetrando no ângulo entre as porções
escamosa e mastoide do osso temporal, intervindo na formação do astérion, isto é, o ponto
de união das suturas que unem os ossos parietal, occipital e temporal.
Osso temporal ainda pensava eu que o etmoide era difícil, e, contudo, aqui estamos
É um osso situado na porção ínfero-lateral do crânio, sendo par, extraordinariamente
assimétrico (se apenas fosse possível dar Prémios Nobel de Assimetria Óssea!) e um osso de formato
irregular. Pneumático. É também um osso feio.

Articula-se com o parietal homolateral, com o occipital, com o esfenoide, com o


zigomático homolateral e com a mandíbula.

Orientação

14
A porção mais fina do osso é superior, sendo a face convexa dessa porção lateral e
destacando-se dela uma protuberância em formato de apófise que lhe é anterior.

Descrição

O osso temporal é composto, no desenvolvimento embrionário e fetal, por três


porções: a porção escamosa, o osso timpânico e a porção petrosa. Ao longo do
desenvolvimento estas porções ósseas crescem e soldam-se entre si. Contudo, restam
vestígios destas soldaduras sob a forma de fissuras, que permitem compreender a situação
e as relações que existem no adulto.

A parte timpânica do recém-nascido está representada pelo osso timpânico, que tem
a forma de um anel incompleto, o anel timpânico, separado das partes escamosa e petrosa
pelo sulco timpânico. Na sua porção superior, apresenta a incisura timpânica, limitada
anteriormente pela espinha timpânica maior ou e posteriormente pela espinha timpânica
menor. O anel estende-se de medial para lateral, transformando-se num canal aberto cujas
margens são resultantes do alargamento da sua extremidade e da sua ligação com a parte
escamosa do temporal, constituindo as paredes anterior, inferior e posterior do meato
acústico externo.

As fissuras resultantes do desenvolvimento são:

 a fissura petrotimpânica de Glasser, súpero-medialmente à fossa


mandibular do temporal, entre a parte timpânica e a petrosa;
 a fissura petro-escamosa, entre a parte petrosa e a escamosa na base
interna;
 a fissura tímpano-escamosa, continuação lateral de ambas;
 a fissura tímpano-mastoideia, entre a parte timpânica e o processo
mastoide.

De notar que o temporal do adulto é composto por uma parte escamosa, uma parte
mastoide e uma parte petrosa ou petrotimpânica.

A parte escamosa do temporal é uma lâmina semicircular, achatada de lateral a


medial, que apresenta duas faces, uma exocraniana e uma endocraniana, separadas por uma
margem circular (irregular).

A face externa ou exocraniana está dividida em 2 partes, uma superior ou temporal


e uma inferior ou basilar, por uma longa apófise denominada apófise zigomática ou
processo zigomático. O processo zigomático origina-se por 2 raízes: uma transversa
(tubérculo articular), que faz parte da ATM, com uma face superior que dá inserção aos
fascículos posteriores do temporal e uma raiz longitudinal que se curva póstero-
superiormente formando a crista supramastoideia, continuando a linha temporal inferior
do osso parietal, apresentando ainda anteriormente ao meato acústico externo o tubérculo
zigomático posterior. A raiz transversa apresenta ainda uma saliência volumosa na união
com a raiz longitudinal denominada tubérculo zigomático anterior.

15
O espaço existente entre as duas raízes denomina-se de fossa mandibular, dividida
pela fissura petro-timpânica de Glasser, na porção anterior, articular. Na porção posterior,
não articular, é limitada pela parede anterior do meato acústico externo.

Na parte superior ao processo zigomático, a face lateral da escama é convexa e lisa,


permitindo a inserção do m. temporal e sendo percorrida a meio por um sulco vascular
escavado pela artéria temporal média.

Na parte inferior ou basilar, a escama pertence à base do crânio, apresentando a raiz


transversa do processo zigomático, bem como uma depressão profunda denominada fossa
mandibular, cujo fundo está percorrido pela fissura tímpano-escamosa, dividindo assim
a cavidade numa zona anterior, articular para a ATM, e numa posterior, não articular, que
forma parte do osso timpânico. Os tubérculos zigomáticos anterior e posterior já foram
mencionados, bem como, por fim, uma superfície triangular, plana e lisa, anteriormente ao
tubérculo articular, de nome superfície subtemporal plana, que contribui para a formação
do teto da fossa infratemporal.

A face endocraniana da escama do osso temporal apresenta os sulcos da artéria


meníngea média e das circunvoluções cerebrais.

A margem circunferencial compreende uma porção inferior aderente e uma superior


livre. A parte aderente confunde-se posteriormente com a porção mastoide do osso temporal,
sendo indicada por duas suturas anteriormente à apófise mastoide: a fissura petro-escamosa
e a fissura tímpano-escamosa, endo e exocranianas respetivamente. Esta última prolonga-se
anteriormente pela petro-escamosa inferior que une a porção escamosa com a língula da
porção petrosa, denominada prolongamento inferior do teto do tímpano ou tegme
tympani.

NB: O tegme tympani é um pequeno prolongamento ósseo da porção petrosa do


osso temporal que tem como função separar as cavidades craniana da timpânica, servindo de
teto para esta última. A cavidade timpânica apresenta ainda três canalículos semicirculares
que têm funções de equilíbrio e equilibrioceção, devido ao fato de estarem cheios de fluido
e apresentarem sensores de movimento.

A parte livre da margem circunferencial finaliza-se posteriormente no recesso


parietal, que separa a porção escamosa da mastoide. A parte livre da margem da porção
escamosa está cortada em bisel, articulando-se assim com o osso parietal. (sutura escamosa).

Ao nível da porção mastoide, esta localiza-se na porção póstero-inferior do osso


temporal, constituindo o processo mastoide, com duas faces e uma margem circunferencial.

A face exocraniana ou externa da p. mastoide termina pela saliência já mencionada


– processo mastoide. Na sua face externa inserem-se músculos como o
esternocleidomastoideu, o esplénio, o ventre occipital do occipitofrontal, entre outros.
Além disso, apresenta na face medial uma incisura mastoideia para inserção do ventre
posterior do músculo digástrico e o sulco da artéria occipital. Superiormente à base do
processo mastoide encontra-se o forame mastoideu para dar passagem à veia emissária e
à artéria mastoideia.

16
Súpero-posteriormente ao meato acústico externo apresenta-se uma saliência para
inserção da membrana timpânica: a espinha suprameatal de Henle. Posteriormente a esta
há uma superfície perfurada por pequenos forâmenes vasculares: zona crivosa ou
cribriforme.

A face endocraniana confunde-se anteriormente com a base da pirâmide petrosa,


apresentando nessa zona um largo sulco do seio sigmoide. A margem circunferencial da
porção mastoide é livre póstero-superiormente e confunde-se anteriormente com a parte
escamosa e com a parte petrosa do temporal.

A porção petrosa ou petrotimpânica tem a forma de uma pirâmide quadrangular,


com uma base, um ápice, quatro faces e quatro margens.

A base confunde-se em quase toda a sua extensão com a porção mastoide, sendo
apenas representada a nível exocraniano pelo poro acústico externo, elíptico, formado no
desenvolvimento embrionário pela parte escamosa e pelo osso timpânico.

O ápice é truncado e muito irregular, correspondendo ao ângulo posterior entre o


corpo e a asa maior do osso esfenoide. Este apresenta a abertura superior do canal
carótico. Entre o ápice da parte petrosa do temporal e a asa maior do esfenoide encontra-se
também o forame lácero, dividido então pela língula da asa maior do esfenoide numa porção
medial que é ocupada pela artéria carótida interna no ponto em que penetra no seio
cavernoso, e uma lateral, ocupada por um tecido fibroso atravessado pelos nervos
petrosos maior e profundo.

17
NB: A artéria carótida interna apresenta no seu percurso intrapetroso uma
conformação em “S” itálico, denominada de Sifão Carótico de Egas Moniz, elevando-se
verticalmente e percorrendo o canal carótico e o seio cavernoso, moldando-se às suas
sinuosidades. Saindo daqui penetra no seio cavernoso e origina um ramo colateral com 4
ramos terminais, o Polígono de Willis, com as artérias vertebrais, de onde saem as principais
artérias para vascularização cerebral. As artérias vertebrais anastomosam-se e originam a
artéria basilar na rampa de Blumenbach (na zona do clivo occipital).

A face ântero-superior da porção petrosa apresenta medialmente a impressão


trigémea de Gasser, sobre a qual repousa o gânglio do mesmo nome. Lateralmente
observa-se a eminência arqueada, condicionada pelo canal semicircular superior e,
anteriormente a esta, o tegme tympani. Entre a eminência arqueada e a impressão trigémea
de Gasser, encontra-se o hiato do canal do nervo petroso maior e do menor, de Falópio,
por onde passam estes nervos. O tubérculo retrogasseriano posterior à impressão trigémea
pode resultar de ossificação da dura-máter.

A face póstero-superior apresenta o poro acústico interno, entrada do meato


acústico interno, onde passam:

 ÂNTERO-SUPERIORMENTE: nervo facial e nervo intermédio de


Wrisberg;
 ÂNTERO-INFERIORMENTE: nervo coclear;
 PÓSTERO-SUPERIORMENTE: divisão superior do nervo vestibular;
 PÓSTERO-INFERIORMENTE: divisão inferior do nervo vestibular.

Passa lá ainda a artéria labiríntica. Póstero-superiormente encontra-se a fossa


subarqueada, no fundo da qual se encontra o orifício anterior do canal petromastoide,
onde passa um prolongamento da dura-máter, e ainda a abertura externa do aqueduto do
vestíbulo para o canal endolinfático. Inferiormente observa-se a fovéola ungueal.

Na face póstero-inferior pode haver uma divisão em 3 porções: uma lateral que
apresenta o processo estiloide do temporal, onde se inserem os ligamentos e músculos
estiloides do Ramalhete de Rioland, a saber: estilo-hioideu, estiloglosso, estilofaríngeo e

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ligamentos estilo-hioideu e estilomandibular. Póstero-lateralmente encontra-se o forame
estilomastoideu, o forame inferior do canal facial de Falópio, onde passam a artéria
estilomastoideia e o nervo facial.

A porção média da face póstero-inferior situa-se medialmente e apresenta o


forame jugular onde se aloja o bulbo superior da veia jugular interna. Na parede lateral
desta fossa encontra-se a abertura do canalículo mastoideu por onde passa o ramo
comunicante do nervo vago com o nervo facial, de Cruveilhier.

A porção medial apresenta o forame inferior do canal carótico. Entre este


e a fossa jugular encontra-se a abertura inferior do canal timpânico, onde passa o nervo
timpânico de Jacobson.

A face ântero-inferior apresenta nos seus dois terços laterais uma lâmina
óssea muito fina que corresponde à parede anterior do meato acústico externo e que,
embriologicamente, pertence ao osso timpânico, fazendo parte da porção não articular da
fossa mandibular e da fissura de Glasser. A lâmina óssea referida origina um prolongamento
inferior que envolve o processo estiloide – bainha do processo estiloide. Ântero-
medialmente à porção não articular da fossa mandibular, a face ântero-inferior é constituída
pelo processo tubário do osso, que contribui para a constituição da porção óssea da tuba
auditiva de Eustáquio. Anteriormente ao processo tubário encontra-se o forame de
abertura do canal do músculo tensor do tímpano e o forame de abertura do canal da
tuba auditiva de Eustáquio.

No que toca às margens, a margem superior apresenta o sulco do seio


petroso superior. A margem inferior apresenta ao nível do processo estiloide a já referida
bainha. A margem posterior apresenta o sulco do seio petroso inferior, a fóssula petrosa
que contém o gânglio inferior do nervo glosso-faríngeo de Andersch, observando-se no
fundo da fóssula o forame inferior do canalículo da cóclea.

A margem anterior é livre, contribuindo para a formação do forame jugular.

19
18\10\2018 -> Sumário

Osso occipital para descansar da loucura esfenoidal e temporal

O osso occipital está situado na porção média, posterior e inferior do crânio. Tem
um formato de segmento esférico e as suas margens delimitam um losango. É um osso plano,
ímpar e simétrico de acordo com um eixo sagital.

Articula-se com o esfenoide, com os 2 parietais, com os 2 temporais e com C1 (atlas).

Orientação

A face côncava é anterior, sendo o forame de maiores dimensões inferior e ocupando


um plano horizontal.

Descrição

Apresenta como característica definitiva na sua porção inferior um orifício de grandes


dimensões de formato ovalar e extremidade grossa posterior: o forame magno, que
estabelece a comunicação da cavidade craniana com o canal vertebral. Dá passagem à
medula oblonga, às artérias vertebrais e, de cada lado, aos nervos acessórios (XI).

Apresenta-se, então, nos adultos, como um osso com quatro porções relativamente
a este forame: uma anterior denominada basilar, duas laterais, as partes laterais e uma
posterior denominada escama occipital. Estão primitivamente separadas, podendo ainda
estar diferenciadas no recém-nascido.

NB: A medula oblonga e a


ponte, bem como o mesencéfalo, são
porções do tronco cerebral, porção
posterior do cérebro responsável pela
comunicação do encéfalo com a
medula espinhal.

A porção basilar é quadrilátera, mais larga e fina posteriormente. Nela distinguem-


se 2 faces e 4 margens. A face inferior, exocraniana, a superfície basilar do occipital,
apresenta na sua linha média, no terço posterior, o tubérculo faríngeo para inserção da rafe
da faringe e, anteriormente, a fosseta navicular de Pölchen no fundo da qual pode ocorrer
uma depressão mais estreita denominada fosseta faríngea, onde pode repousar a bolsa
faríngea de Luschka. De cada lado da linha média, a superfície basilar está percorrida por
2 cristas curvas de concavidade anterior, uma denominada crista muscular do osso
occipital, dando inserção ao músculo reto anterior da cabeça (m. rectus capitis anterior) e
outra anterior e inconstante, chamada crista sinostósica do occipital de Poirier,
inconstante, anteriormente à qual se insere o músculo longo da cabeça (m. longus capitis). A
face superior, endocraniana, está inclinada para baixo e para trás, apresentando o clivo, mais

20
largo e profundo posteriormente, relacionando-se com a artéria basilar, com a medula
oblonga (medulla oblongata) ou mesoencéfalo e com a ponte ou metaencéfalo. As margens
laterais da porção basilar estão unidas à porção petrosa do temporal por uma fibrocartilagem,
possuindo na margem superior um sulco que se relaciona com o seio petroso inferior. A
margem anterior está soldada ao corpo do esfenoide, formando um ângulo com este
denominado de rampa de Blumenbach. Neste local armazena-se o tronco cerebral e a
artéria basilar, podendo aqui aparecer uma patologia rara – cordoma. O nervo abducente
(VI) passa aqui também, podendo causar paralisia dos músculos caso haja aumento de
pressão.
NB: As artérias vertebrais percorrem os
forames transversários das vértebras cervicais
até chegar a C1, onde se refletem e atravessam
o forame magno para dentro do crânio. A
anastomose das artérias vertebrais já dentro do
crânio origina a artéria basilar na base da ponte
(rampa de Blumenbach), formando com as
artérias carótidas o polígono de Willis para
potencialmente assegurar a oxigenação do
cérebro caso as carótidas sejam bloqueadas.

As partes laterais encontram-se de cada lado do forame magno, apresentando duas


faces, duas margens e dois extremos. A face exocraniana apresenta o côndilo occipital,
um de cada lado do forame magno. Este é uma saliência elíptica que se articula com as faces
articulares do atlas (C1). Antero-lateralmente ao côndilo apresenta-se o forame lateral do
canal condilar onde passa uma veia emissária do seio sigmoide. Este forame é
inconstante. Medialmente, o forame medial do canal do nervo hipoglosso deixa passar o
nervo hipoglosso (XII). Há ainda, lateralmente a cada côndilo, uma superfície para inserção
do reto lateral. A face endocraniana apresenta anteriormente uma eminência, o tubérculo
jugular, sulcado por um canal que os nervos acessório (XI), vago (X) e glossofaríngeo (IX)
ocupam para alcançar o forame jugular. Póstero-inferiormente a este, há o forame interno
do canal do hipoglosso, e póstero-lateralmente, sobre a apófise jugular, a porção terminal
do sulco do seio sigmoide. Posteriormente ao forame interno do canal do hipoglosso há
ainda o forame medial do canal condilar. A margem medial limita lateralmente o forame
magno. A margem lateral está dividida em duas partes pela já referida apófise\processo
jugular, que apresenta anteriormente a ela a incisura jugular, que limita medialmente o

21
forame jugular. Posteriormente, esta margem articula-se com o processo mastoide do
temporal.

O forame jugular, compreendido entre a porção petrosa do temporal e a porção


lateral do occipital, é subdividido em 2 partes por intermédio de duas saliências, os processos
intrajugulares, unidos por um feixe fibroso. Podemos encontrar aqui:

 Posteriormente – bulbo superior da veia jugular;


 Anteriormente – subdividido em 2 partes:
o Anterior – Glossofaríngeo (IX) e seio petroso inferior;
o Posterior – Acessório (XI) e vago (X).
 É ainda atravessado pela artéria meníngea posterior e por um ramo meníngeo
da artéria occipital.
A escama occipital, é ampla, achatada e quadrilateral. Nela distinguem-se duas faces,
quatro margens e quatro ângulos.
A face exocraniana apresenta na porção média uma eminência rugosa, a
protuberância occipital externa, de onde parte uma crista occipital externa de superior
a inferior até ao forame magno, de onde partem cristas rugosas laterais, transversais e
côncavas anteriormente – as linhas nucais superior e inferior. A linha superior estende-se
até ao processo mastoide. A linha inferior curva-se até à apófise jugular, tendo trajeto
irregular. Nestas linhas inserem-se músculos: na medial e inferiormente a esta é o reto
posterior menor da cabeça; na lateral e sob esta é o reto posterior maior. Superiormente à
linha nucal superior pode haver uma linha nucal suprema (inconstante) e o resto da escama,
lisa, relaciona-se com o tegumento.

22
Sistematizando, então, as inserções musculares na face exocraniana da escama do
occipital:

 Abaixo da linha nucal inferior, inserem-se os retos posteriores da cabeça


(maior e menor).
 Entre as linhas nucais inserem-se o semiespinhal da cabeça, o esplénio e o
oblíquo superior.
 Acima da linha nucal superior inserem-se o occipitofrontal, o
esternocleidomastoideu e o trapézio.
A face endocraniana apresenta quatro depressões que se denominam fossas
occipitais. Superiormente encontram-se as fossas cerebrais que alojam os lobos occipitais.
Inferiormente encontram-se as fossas cerebelosas que alojam o cerebelo. No ponto de
reunião das quatro fossas encontra-se a protuberância occipital interna. As duas fossas
cerebrais estão separadas pelo sulco do seio sagital superior. As duas fossas cerebelosas
estão separadas pela crista occipital interna. Cada fossa cerebral está separada da fossa
cerebelosa pelo sulco do seio transverso. De notar que a crista occipital interna se bifurca
inferiormente ao nível do forame magno, formando uma pequena fosseta vermiana (só
referida no Rouvière, nem no Testut nem no Pina). O conjunto suprarreferido denomina-se
eminência cruciforme. As margens articulam-se com os parietais e com a porção mastoide
do temporal.
Aqui, então, pode haver a confluência dos seios ou lagar de Herófilo, isto é, o
lugar onde os seios sagital superior, occipital e reto se unem, imediatamente inferior à
protuberância occipital interna. Esta confluência drena para os seios transversos, que se
transformam em seios sigmoides, indo desembocar na veia jugular interna juntamente com
os seios petrosos superior e inferior.
“The only thing to fear is fear itself.”
- Franklin D. Roosevelt

23
Resumindo e concluindo:
O crânio é composto por vários ossos, possuindo no seu interior a cavidade craniana.
Nesta, residem o encéfalo e o tronco cerebral, porções importantes do sistema nervoso sem
as quais não se reúnem as condições necessárias à vida. Estes são protegidos por 3 meninges,
que, de profunda para superficial, são: a pia-máter, a membrana aracnoide e a dura-máter. A
vascularização de todo este sistema é efetuada através das artérias carótidas e da artéria basilar
que se fundem no polígono de Willis, e de seios venosos, que drenam para a veia jugular
interna. Do tronco cerebral partem doze pares de nervos - pares cranianos - que estabelecem
a inervação de estruturas motoras e dos sentidos ao nível da cabeça. Estes devem, então, tal
como as já referidas artérias e veias, passar em forames e outras aberturas de modo a poderem
estabelecer essa comunicação entre a cavidade craniana e o seu exterior. Abaixo
sistematizam-se todos os forâmenes estudados, bem como o que passa em cada um deles.
Boa sorte em decorar isto para o intercalar.1
FACE ENDOCRANIANA – PLATE 20 NETTER
FOSSA ANTERIOR
o Forame cego (trou borgne no Brizon): veia emissária para seio sagital superior
(Sperini) OU prolongamento da dura-máter.
o Forames da lâmina cribriforme do etmoide: nervo olfativo (I).
o Fenda etmoidal: prolongamento da dura-máter.
o Forame etmoidal anterior: nervo etmoidal anterior (ramo do oftálmico –
V1), vasos etmoidais anteriores.
o Fenda nasal: nervo etmoidal anterior (ramo do oftálmico – V1), vasos
etmoidais anteriores.
o Forame etmoidal posterior: nervo etmoidal posterior (ramo do oftálmico
– V1), vasos etmoidais posteriores.
o Canal ótico: nervo ótico (II) e artéria oftálmica. (ZINN)
FOSSA MÉDIA
o Fissura orbital superior: ANEL TENDINOSO DE ZINN
 Porção exterior ao anel tendinoso de Zinn: nervos lacrimal e
frontal (ramos de V1) e troclear (IV). Veia oftálmica superior.
 Porção interior ao anel tendinoso de Zinn: nervos nasociliar
(ramo de V1), abducente (VI), ramos superior e inferior do nervo
oculomotor (III) e raiz (racine) simpática do gânglio ciliar.
o Forame redondo: Nervo maxilar (V2) e veias emissárias;
o Forame oval: Nervo mandibular (V3), artéria meníngea acessória, nervo
petroso menor (ramo do facial - VII) e veias emissárias.
o Forame espinhoso: Vasos meníngeos médios, ramo meníngeo recorrente
(Luschka) de V3.
o Forame lácero (trou déchiré antérieur na nómina paleontológica do Brizon):
nervos petrosos maior (passa por cima) e profundo. Nervo do canal
pterigoide (junção no canal pterigoide dos supracitados). Ramos faríngeos da artéria
faríngea ascendente. Veias emissárias do seio cavernoso.

1
Nota do autor: recomenda-se vivamente que se consulte o Brizon de crânio, que explica e esquematiza
isto brilhantemente.

24
o Forame de Vesálio (venoso): veias emissárias. INCONSTANTE
o Forame de Arnold (petroso): nervo petroso menor (quando não passa no
forame oval). Ramo comunicante de VII com o plexo timpânico.
INCONSTANTE
o Canal carótico – abertura superior: porção ascendente da artéria carótida
interna, após passagem no sifão de Egas Moniz. Plexo venoso pericarotídeo.
Plexo nervoso simpático carotídeo interno.
o Hiatos de Falópio – para os nervos petrosos maior e menor (VII).
FOSSA POSTERIOR
o Meato acústico interno – sistematicamente:
 ÂNTERO-SUPERIORMENTE: nervo facial e nervo intermédio de
Wrisberg – VII;
 ÂNTERO-INFERIORMENTE: nervo coclear - VIII.
 PÓSTERO-SUPERIORMENTE: divisão superior do nervo vestibular
(VIII);
 PÓSTERO-INFERIORMENTE: divisão inferior de VIII.
 Inserem-se ainda vasos labirínticos e filetes do canal semicircular
posterior.
o Uma boa mnemónica: Quando o relógio der 7:08 vou meter o
CV.
o Abertura do canalículo vestibular: canal e vasos endolinfáticos
o Forame mastoide: veia emissária e ramo ocasional da artéria occipital.
INCONSTANTE
o Forame jugular (trou déchiré postérieur no Brizon) : seio petroso inferior (cruza),
seio sigmoide. Separado pelo ligamento petro-occipital, anteriormente:
glossofaríngeo (IX), vago (X) e acessório (XI), bem como artéria meníngea
posterior.
o Forame medial do canal condilar – veia emissária condiliana posterior.
o Forame medial do nervo hipoglosso – nervo hipoglosso (XII), artéria
meníngea posterior e veia emissária condiliana anterior.
o Forame magno – medula oblonga (bulbo raquidiano), artérias vertebrais
(anastomosam-se superiormente na artéria basilar), raízes espinhais de XI.
FACE EXOCRANIANA – PLATE 19 NETTER, PG. 34 BRIZON
o Canal pterigoide: feixe vasculo-nervoso do canal pterigoide.
o Fissura petrotimpânica de Glasser: corda timpânica de VII.
o Abertura inferior do canal carótico: Ramo ascendente da artéria carótida
interna. Plexo venoso pericarotídeo. Plexo nervoso simpático carotídeo
interno.
o Canalículo timpânico: ramo timpânico de IX.
o Canalículo mastoide: ramo auricular de X.
o Aqueduto da cóclea: pequenos vasos para o espaço perilinfático
prolongado do ouvido interno.
o Forame estilo-mastoide: VII e vasos estilo-mastoides.
o Fossa jugular: IX, X, XI e veia jugular interna.

25
NB: Numa aula teórica em tempos ouviu-se dizer que quem estudava pelo Testut
tinha grandes notas. Ora, o Testut tem umas 30 páginas só de osso temporal. É
preciso ser-se ou louco ou apaixonado. De qualquer maneira, eis a parte mais
importante: a sagrada imagem da vista exocraniana do crânio sem os ossos da face!

Face
Osso maxilar
É um osso par, assimétrico e pneumático, situando-se superiormente à cavidade
bucal e inferiormente às cavidades orbitárias, constituindo também a parede lateral da
cavidade nasal.
Articula-se com o maxilar heterolateral, com o frontal, o etmoide, o zigomático
homolateral, o lacrimal, o nasal, o vómer, a concha nasal inferior e o palatino.
Orientação
A margem que apresenta várias saliências verticais é inferior, apresentando uma
concavidade para medial. As saliências mais pequenas são as anteriores. Existem n maneiras
de orientar este osso devido ao número de detalhes que apresenta.
Lembrar da frase do Dr. Christopher: “Têm de arranjar uma maneira de se
desenrascar se se esquecerem de alguma coisa durante a avaliação.”

26
DESCRIÇÃO
Apresenta uma forma quadrilátera, ligeiramente achatado de medial para lateral, com
duas faces (interna e externa), quatro margens e quatro ângulos. Existe ainda uma cavidade
interior que diminui o seu peso, mas não a sua resistência, um dos seios perinasais: o seio
maxilar.
Na face lateral ou exterior, apresentam-se na margem inferior as saliências verticais
que correspondem às raízes dos dentes. A saliência determinada pela raiz do dente canino é
muito marcada, denominada eminência canina. Esta é o limite posterior da fossa incisiva,
sobre os dentes incisivos. Superiormente à parte inferior desta fossa, insere-se o músculo
depressor do septo nasal.
Posteriormente, observa-se a fossa canina, onde se insere o músculo levantador
do ângulo da boca.
A restante porção da face lateral é ocupada pelo processo zigomático, saliência
lateral da face lateral do maxilar que apresenta o formato de uma pirâmide triangular truncada.
Esta apresenta 3 faces, 3 margens e uma base e um vértice.
A base confunde-se com o osso. O ápice, truncado, está formado por uma
superfície triangular e rugosa, destinada a articular-se com o zigomático. A face orbital
constitui a parte maior do pavimento da cavidade orbitária, sendo ligeiramente inclinada para
cima, para a frente e para fora. Da porção média da sua margem posterior parte um sulco,
denominado sulco infraorbital, que continua abaixo, à frente e para dentro no canal
infraorbital, por onde passam os vasos e o nervo do mesmo nome. Este termina no forame
infraorbital junto da fossa canina. Do pavimento do canal infraorbital e terminando cerca
de 5mm posteriormente ao forame infraorbital, origina-se o canal alveolar ântero-superior.
(Plate 48 Netter visualiza-se bem). Neste passam vasos e nervos alveolares ântero-superiores,
destinados os dentes canino e incisivos homolaterais.
A face geniana do processo zigomático, anterior, apresenta o já referido forame
infraorbital, bem como a depressão já mencionada, posterior à eminência canina: a fossa
canina.
A face infratemporal ou posterior faz parte da parede anterior da fossa
infratemporal, sendo a porção medial conhecida como tuberosidade da maxila, cuja
porção média apresenta os canais alveolares póstero-superiores, que dão passagem aos
nervos e vasos do mesmo nome. Na sua porção superior apresenta o sulco do nervo
maxilar, que se relaciona com V2.
Das três margens, a anterior separa a face orbital da geniana, a posterior separa a
orbital da infratemporal e a inferior separa a face geniana da infratemporal. A margem
posterior apresenta na sua porção lateral a espinha zigomática, limite anterior da fissura
orbital inferior. A margem posterior do processo zigomático é a margem inferior da fissura
orbital inferior.
A face medial apresenta na união do seu terço inferior com os dois terços superiores
o processo palatino, que se articula com o processo palatino do osso maxilar
heterolateral, apresentando duas faces e 3 margens.

27
 A face superior faz parte do pavimento das cavidades nasais;
 A face inferior faz parte do palato duro e apresenta numerosos forâmenes
vasculares e um sulco onde passam os vasos palatinos maiores e o nervo
do mesmo nome.
 A margem lateral é curvilínea e une-se à face medial do osso.
 A margem posterior, transversal e talhada em bisel, articula-se com a lâmina
horizontal do palatino.
 A margem medial articula-se com o processo palatino da outra maxila, que,
ao prolongar-se superiormente, em todo o comprimento da margem, forma
a crista nasal. Quando as cristas nasais se unem, dão origem à crista nasal,
que, na porção mais anterior, se eleva para formar a crista incisiva, que
constitui a espinha nasal anterior na extremidade mais anterior.
Posteriormente à espinha nasal anterior encontra-se um canal vertical, o
canal incisivo por onde passa o nervo nasopalatino. Inferiormente, a face
medial da maxila faz parte do palato duro.
A porção bucal, situada
inferiormente ao processo palatino, consiste
numa superfície estreita e rugosa
compreendida entre o processo palatino e o
arco alveolar. Já a porção nasal apresenta um
orifício largo, o hiato maxilar, que dá acesso
ao seio maxilar, de cujo ângulo inferior parte
uma fissura na qual penetra a face maxilar do
palatino: a fissura palatina. Superiormente, a
face está escavada por uma ou duas
depressões, geralmente pouco profundas, que
completam as cavidades correspondentes do
osso etmoide, transformando-se nas células
etmoido-maxilares. O seio maxilar é
limitado anteriormente por uma lâmina óssea
fina, a concha lacrimal, anteriormente à qual
se observam o sulco lacrimal e a crista
conchal, que se articulam com a concha nasal
inferior.
O sulco lacrimal forma com outro sulco existente no lacrimal o canal lacrimo-nasal.
Posteriormente ao hiato maxilar ainda se encontra um sulco entre 2 zonas rugosas que se
articulam com o palatino, que constitui com outro existente neste o canal palatino maior.
As margens do maxilar são superior, inferior, anterior e posterior. Na margem
superior, que se articula com o lacrimal e a lâmina orbital (margem ântero-superior da lâmina
perpendicular) do etmoide. Apresenta anteriormente o processo frontal, que se articula com
o nasal, o lacrimal e o frontal. Na face lateral, apresenta-se uma crista vertical, a crista
lacrimal anterior, e posteriormente a esta o sulco do saco lacrimal. Na face medial
encontra-se a crista etmoidal que se articula com a concha nasal média.
A margem inferior ou alveolar apresenta os alvéolos onde se implantam os dentes
através de articulações que são anfiartroses semimóveis que aderem por superfícies curvas:

28
gonfoses. A margem anterior apresenta na sua porção média a incisura nasal que, com a
outra maxila, limita a abertura piriforme das cavidades nasais. A margem posterior pertence
à tuberosidade da maxila, apresentando nas suas extremidades duas superfícies rugosas, uma
superior, triangular, de nome trígono do palatino, articulando-se com o processo orbital
deste, e uma inferior, que coincide com o processo piramidal deste. Entre as duas, a margem
posterior contribui para a constituição da fossa infratemporal.
O seio maxilar encontra-se no interior do processo zigomático, fazendo a sua
abertura na porção inferior do sulco uncibolhar do meato nasal médio, através do hiato
maxilar.
Existem 2 centros de ossificação no maxilar, um pós-maxilar e um pré-maxilar.
Osso lacrimal
É um osso par, plano e assimétrico, situado na parede medial da cavidade orbitária,
imediatamente posterior ao processo frontal do osso maxilar. Apresenta duas faces e quatro
margens.
Articula-se com o frontal, com o etmoide, com o maxilar homolateral e com a concha
nasal inferior.
Orientação
A face que apresenta um sulco é lateral. Existe um processo na margem posterior
(crista) desse sulco que aponta para anterior e é inferior.
Descrição
A face lateral do osso lacrimal está dividida pela crista lacrimal posterior em duas
partes, uma anterior e uma posterior. A parte posterior é lisa, situando-se no mesmo plano
que a lâmina orbitária do etmoide. Anteriormente, apresenta-se um sulco, que constitui
superiormente o sulco lacrimal e inferiormente o canal lacrimo-nasal com a face medial
do maxilar. Inferiormente, onde a crista lacrimal posterior se encontra com a margem
superior do maxilar, observa-se um pequeno processo em forma de gancho, o hâmulo
lacrimal. Este limita superiormente o canal lacrimo-nasal, ocupado pelo saco lacrimal.

29
NB: O osso lacrimal articula-se na face medial e na margem superior do osso maxilar,
ao nível do processo frontal deste último. Conforme visto na imagem superior, o canal naso-
lacrimal entrevê-se (legendado como “fossa for lacrimal sac”) entre as cristas lacrimais anterior
e posterior, desembocando depois no meato nasal inferior através de uma abertura vista na
imagem inferior.

A face medial é completamente lisa. Inferiormente está recoberta pela mucosa das
cavidades nasais. Póstero-superiormente articula-se com a face anterior do labirinto etmoidal,
apresentando uma depressão que corresponde à crista lacrimal posterior da face lateral.
Corresponde às cavidades nasais.
Osso palatino
É um osso par, irregular e assimétrico, situado posteriormente ao maxilar. A sua
forma pode ser comparada à de um ângulo reto, compondo-se de uma lâmina horizontal e
de outra perpendicular que se unem numa aresta ântero-posterior.
Articula-se com o palatino heterolateral, com o maxilar homolateral, com o esfenoide,
com o etmoide, com a concha nasal inferior e com o vómer.
Orientação
Das duas lâminas, que se unem em ângulo reto, a menor é inferior e anterior,
prolongando-se para medial relativamente à outra lâmina.
Descrição
A lâmina horizontal do osso palatino é retangular, apresentando um eixo maior
transversal, duas faces e quatro margens. A sua face superior ou face nasal é lisa e côncava
transversalmente, completando o pavimento das cavidades nasais posteriormente. A face
inferior ou palatina faz parte do palato duro, sendo rugosa e estando escavada lateralmente
por um canal oblíquo que continua o canal palatino maior (onde passam vasos e nervo
palatinos maiores). As margens são quatro. A posterior une-se com a margem posterior do
outro osso palatino, constituindo na linha mediana a espinha nasal posterior. A medial
articula-se com a margem medial do outro palatino e a anterior articula-se com o processo
palatino do maxilar. A margem lateral corresponde à união entre as lâminas.
A lâmina perpendicular é vertical, apresentando um formato quadrilátero no qual
se podem descrever duas faces e quatro margens. A face medial ou nasal deste é medial e

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forma parte da parede lateral das cavidades nasais. Na união dos seus terços médio e inferior
observa-se uma crista horizontal: a crista conchal que se articula com a concha nasal inferior.
Superiormente, observa-se uma crista etmoidal que se articula com a concha nasal média.
A face lateral ou maxilar do osso palatino apresenta quatro segmentos principais,
de anterior para posterior:
1. Segmento sinusal, que cobre parcialmente a margem posterior do hiato
maxilar, correspondente à cavidade do seio maxilar. Dá inserção a uma crista
óssea delgada que fixa o osso palatino ao rebordo do seio maxilar.
2. Segmento maxilar, articula-se com o maxilar;
3. Segmento interpterigo-maxilar, que limita medialmente o fundo da fossa
infratemporal
4. Segmento pterigoideu, que se articula com a lâmina medial do processo
pterigoideu do esfenoide.
O segmento maxilar apresenta o sulco palatino maior que com o sulco
correspondente na face medial do maxilar constitui o já referido canal palatino maior.
NB: O segmento interpterigo-maxilar irá condicionar a formação de um espaço na
fossa infratemporal entre a face posterior do maxilar e a face anterior das lâminas dos
processos pterigoides, conforme visível nesta imagem da plate 24 do Netter (lateralmente ao
forame esfeno-palatino).

A margem inferior da lâmina perpendicular confunde-se com a margem lateral da


lâmina horizontal. A margem superior é muito irregular, apresentando dois processos, um
anterior e um posterior, separados na porção média por uma incisura esfeno-palatina, que
juntamente com o corpo do esfenoide forma o forame esfeno-palatino, onde passam os
vasos e o nervo esfeno-palatinos (V2). O processo anterior a esta incisura, de nome
processo orbital, apresenta 5 faces:

 Faces não articulares: orbital (pavimento da órbita) e infratemporal


(fossa infratemporal).

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 Faces articulares: palatina (trígono palatino), etmoidal (labirinto
etmoidal) e esfenoidal (corpo do esfenoide).
O processo esfenoidal limita esta incisura posteriormente. Este tem um formato
em gancho, com curva para medial e posterior e concavidade inferior. Juntamente com a
lâmina medial do processo pterigoide e com o seu processo vaginal constitui o canal palato-
vaginal. A face inferior forma parte do teto das cavidades nasais.
A margem anterior relaciona-se com o hiato maxilar e origina o processo maxilar
do palatino, que se articula com a parede medial do seio maxilar e com o processo maxilar
da concha nasal inferior. A margem inferior confunde-se com a lâmina horizontal,
destacando-se posteriormente o processo piramidal que preenche o espaço situado entre
as duas lâminas do processo pterigoideu. A sua face posterior apresenta superfícies rugosas
que se articulam com os processos pterigoides na sua margem anterior. Entre estas insere-se
o pterigoide medial. A face anterior do processo piramidal articula-se com a tuberosidade
do maxilar e encerra inferiormente o plano de fundo da fossa infratemporal. A face inferior
apresenta os forâmenes dos canais palatinos menores, que se estendem do canal palatino
maior à abóbada palatina através deste processo.
Concha nasal inferior
É um osso par e curto, sendo assimétrico e estando localizado na parede lateral das
cavidades nasais.
Articula-se com o etmoide, com o maxilar, com o lacrimal e com o palatino.
Orientação
A face medial é convexa, a extremidade mais aguda é posterior e a margem que
apresenta dois processos ósseos é superior.
Descrição
Apresenta duas faces, duas margens e duas extremidades afiladas que unem as
margens.
A face medial é convexa, olhando para o septo nasal, lisa superiormente e acidentada
e rugosa inferiormente. Frequentemente, uma crista longitudinal separa as porções
acidentada e lisa.
A face lateral é côncava, limitando medialmente o meato nasal inferior.
A margem inferior é livre, convexa e rugosa. A margem superior ou articular é
convexa, apresentando de anterior para posterior uma porção articular para a crista conchal
anterior (maxilar), o processo lacrimal que forma o pavimento do canal lacrimo-nasal, o
processo maxilar, triangular, que descende da margem superior por toda a amplitude do
hiato maxilar, encerrando toda a parte do hiato maxilar situada superiormente à margem
superior da concha, articulando-se com o lábio sinusal do contorno inferior do hiato maxilar
e com o processo maxilar do palatino, e o processo etmoidal, plano e fino, que se articula
com o processo uncinado do etmoide, e uma parte rugosa que se relaciona com a crista
conchal posterior (palatino).

32
NB: A abertura do seio maxilar nas cavidades nasais é de dimensões muito inferiores
em relação à sua abertura na face medial da maxila, no hiato maxilar. Visualiza-se bem esta
redução de tamanho nas seguintes imagens:

Realmente, compreende-se que o seio maxilar é obliterado, então, por certas


estruturas, como o processo maxilar da concha nasal inferior (e o próprio osso), os
segmentos sinusal e maxilar da face lateral da lâmina perpendicular osso palatino, e a bolha
etmoidal, bem como o processo uncinado deste e a concha nasal média.
Osso nasal
Osso par, largo, assimétrico. Situado em ambos os lados da linha mediana da face,
inferiormente à incisura nasal do osso frontal.
Articula-se com o nasal heterolateral, com o frontal, com o etmoide e com o processo
frontal da maxila.
Orientação
A margem mais espessa é superior. A margem mais longa é medial. A face convexa
é anterior.
Descrição
Tem uma forma quadrilátera apresentando por isso duas faces e quatro margens. A
face anterior é convexa transversalmente e inferiormente, côncava superiormente. Dá
inserção ao músculo próceros e apresenta um forame vascular que dá passagem ao nervo
nasal lateral (ramo do etmoidal anterior, ramo do naso-ciliar, ramo de V1). A face posterior
faz parte das cavidades nasais e apresenta um sulco etmoidal onde se situa o nervo etmoidal
anteriormente referido.

33
A margem inferior articula-se com a cartilagem alar menor do nariz. As outras são
intuitivas, no sentido dos ponteiros do relógio, começando com a lateral, articulando-se com:
processo frontal do maxilar, incisura nasal do frontal, nasal heterolateral.
Vómer
É um osso ímpar, plano transversalmente e aproximadamente simétrico. Situa-se na
parte póstero-inferior do septo nasal.
Articula-se com o esfenoide, o etmoide, os maxilares, os palatinos e a cartilagem alar
menor do nariz e com a do septo nasal.
Orientação
A margem que apresenta um sulco é superior e o sulco é posterior.
Descrição
É quadrilátero, distinguindo-se nele duas faces e quatro margens.
As faces são geralmente planas, sendo apesar disso percorridas por sulcos vasculares
e nervosos denominados sulcos do vómer. Um deles, mais demarcado, segue a margem
anterior do osso e corresponde ao nervo naso-palatino.
A margem superior apresenta um sulco ântero-posterior, cujos lábios constituem
as asas do vómer, que se articulam com a porção inferior da crista esfenoidal, na única
esquindilese (sutura com aderência por crista e sulco) do corpo humano. Condicionam-
se assim 3 canais esfeno-vomerianos, um mediano e dois laterais (vomero-vaginais)
devido a uma aderência imperfeita destas estruturas.
A margem anterior articula-se com a lâmina perpendicular do etmoide e com a
cartilagem do septo nasal. A margem posterior separa os forâmenes posteriores das
cavidades nasais ou cóanos. A margem inferior articula-se com a crista nasal, resultante da
união das margens mediais dos processos palatinos dos maxilares e das lâminas horizontais
dos dois palatinos.
Osso zigomático ou malar
É um osso situado na parte súpero-lateral da face, lateralmente ao maxilar. É par,
assimétrico e largo.
Articula-se com o frontal, com a maxila homolateral, com o temporal homolateral e
com a asa maior do esfenoide.
Orientação
A margem mais côncava é superior, sendo destacada dela uma lâmina medial e um
ângulo muito agudo que é anterior.
Descrição
Tem uma forma quadrangular, podendo observar-se nele duas faces, quatro margens
e quatro ângulos.
A face lateral é cutânea, constituindo as comummente conhecidas como “maçãs do
rosto” ao nível do arco malar com o osso temporal, dando inserção aos músculos

34
zigomáticos maior e menor e apresentando o forame zigomático facial do canal
zigomático-temporal.
A face medial apresenta uma porção anterior ou articular, articulando-se com o
processo zigomático do maxilar, e uma porção posterior ou temporal, lisa e côncava
transversalmente, relacionada superiormente com a fossa temporal e inferiormente com a
fossa infratemporal. De notar a existência de um forame zigomático temporal.
A margem ântero-superior faz parte da margem lateral da órbita, dando origem ao
processo orbital, que faz parte da parede lateral e inferior da órbita, apresentando o forame
zigomático orbital. A margem póstero-superior dá inserção à fáscia temporal e apresenta
o tubérculo marginal. A margem ântero-inferior articula-se com o processo zigomático da
maxila. A margem póstero-inferior dá inserção ao músculo masséter. Generalizando, os
ângulos articulam-se com os processos zigomáticos do frontal (superior), da maxila (anterior
e inferior) e do temporal (posterior).
NB: O canal zigomático atravessa este osso, originando-se no forame zigomático
temporal e bifurcando-se em Y, para se abrir nos forâmenes zigomático facial e zigomático
orbital. É um pouco difícil de visualizar mas tentei encontrar algumas imagens. Aqui passam
nervos e vasos com o mesmo nome. Na plate 98 do Netter consegue ver-se esse Y mais ou
menos a partir da fissura orbital inferior, tentei inclui-lo aqui. O Rouvière menciona-o bem
mas depois não dá imagem.

Mandíbula
É um osso ímpar, simétrico e (radiário?) situado na porção inferior da face.
Articula-se com os ossos temporais pela infame articulação têmporo-mandibular, ou
ATM abreviada.
Orientação
A face convexa é anterior e os processos articulares em formato elipsoide são
laterais e superiores.

35
Descrição
Distinguem-se nela três partes: um corpo médio e dois ramos laterais que se destacam
das extremidades posteriores do corpo.
O corpo apresenta duas faces e duas margens. A face anterior apresenta na linha
mediana a sínfise da mandíbula, terminando inferiormente na protuberância mentual.
De cada lado desta nasce uma crista, denominada linha oblíqua, a partir dos tubérculos
mentuais. Esta continua-se com o lábio lateral da margem anterior dos ramos da mandíbula.
Superiormente a esta encontra-se o forame mentual, ao nível do segundo pré-molar, por
onde passam vasos e nervo mentuais.
A face posterior apresenta na parte média, inferiormente, quatro pequenas saliências
sobrepostas, duas de cada lado, denominadas espinhas genianas, que dão inserção,
superiormente, aos músculos génio-glossos e, inferiormente, aos músculos génio-hioideus.
Das espinhas genianas nasce, de cada lado, uma crista denominada linha milo-hioideia onde
se insere o músculo do mesmo nome. Esta dirige-se súpero-posteriormente e termina no
ramo da mandíbula, onde forma o lábio medial da sua margem anterior. Inferiormente a esta
existe um sulco estreito denominado sulco milo-hioideu que dá passagem ao nervo e aos
vasos do mesmo nome.
Lateralmente às espinhas genianas encontra-se a fóvea sublingual, para a glândula
sublingual e, ao nível dos 3 últimos molares, a fóvea mandibular para a glândula
mandibular.
A margem superior ou alveolar está escavada pelos alvéolos dentários. A margem
inferior é grossa, obtusa e lisa. Apresenta, lateralmente à linha média, uma superfície oval e
ligeiramente deprimida denominada fossa digástrica onde se insere o ventre anterior deste
músculo.
Ao nível dos ramos, estes apresentam duas faces e quatro margens. Na face lateral,
apresentam a tuberosidade massetérica, onde se insere o músculo do mesmo nome. Na
face medial, existem cristas rugosas inferiormente onde se insere o músculo pterigoide
medial. Na porção média desta face encontra-se o orifício de entrada do canal da
mandíbula, no qual penetram os vasos e nervos alveolares inferiores. Este forame
(forame da mandíbula) está situado num prolongamento do rebordo alveolar e está
limitado anteriormente por uma saliência aguda denominada língula ou espinha de Spix,
sobre a qual se insere o ligamento esfeno-mandibular. Posteriormente pode ainda haver uma
saliência mais pequena denominada antilíngula.
O canal mandibular divide-se depois em dois canais ao nível do segundo pré-molar,
um externo chamado canal mentual que termina no forame mentual e um interno
chamado canal incisivo que termina inferiormente aos dentes incisivos.
A margem anterior está compreendida entre duas cristas, uma medial e uma lateral.
A crista medial ascende sobre a face medial do ramo mandibular e do processo coronoide,
formando um relevo denominado crista temporal. No canal que estes limitam
inferiormente observa-se uma crista oblíqua que dá inserção ao músculo bucinador.
A margem posterior e a margem inferior formam na sua reunião o ângulo da
mandíbula.

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A margem superior apresenta duas saliências, uma posterior (processo condilar)
e uma anterior (processo coronoide), separadas uma da outra pela incisura da mandíbula
ou incisura sigmoide onde passam os vasos e nervo massetéricos. O músculo temporal
insere-se no processo coronoide. O processo condilar é constituído pelo côndilo da
mandíbula, que é uma das superfícies articulares da articulação têmporo-mandibular, e por
uma zona apertada denominada colo da mandíbula. No processo condilar inserem-se ainda
os ligamentos colaterais laterais e mediais da articulação, bem como o músculo pterigoide
lateral.
De notar que a nível de ossificação a mandíbula é precedida de cada lado da linha
média por uma raiz cartilaginosa, a cartilagem de Meckel. O centro principal começa na
face lateral deste, formando-se mais tarde um mentual para a sínfise mandibular (segundo
Augier) e outros dois para os processos condilar e coronoide.

COLUNA E TÓRAX
ÓSTEO-ARTROLOGIA
Coluna vertebral: generalidades
A coluna vertebral situa-se na porção posterior e mediana do tronco e divide-se em
4 partes: cervical, torácica, lombar e sacrococcígea. É composta por 33\34 vértebras das
quais 7 são cervicais, 12 são torácicas ou dorsais, 5 são lombares, 5 são sagradas (fundidas no
sacro) e 3\4 são coccígeas (fundidas no cóccix).
Elas podem assumir diferentes classificações:

 Típicas ou verdadeiras, podendo ser, dentro destas:


o Isólogas, podendo ser comuns ou especiais.
o Heterólogas.
 Atípicas ou soldadas, podendo ser, dentro destas:
o Alomórficas.
o Alotróficas.
As vértebras típicas são aquelas que são independentes, sendo as atípicas aquelas nas
quais houve alterações da forma ou do desenvolvimento, afastando-se das vértebras
esquemáticas.
Dentro das típicas, as vértebras isólogas assemelham-se às esquemáticas, sendo as
especiais possuidoras de certas características que as tornam particulares. As vértebras
heterólogas diferem das vértebras esquemáticas, sendo deste tipo apenas o atlas e o áxis (C1
e C2).
Dentro das atípicas, as vértebras alomórficas correspondem àquelas que se
encontram soldadas juntas, como as sagradas e as coccígeas. As alotróficas apresentam
alterações do desenvolvimento, com as cranianas (p.ex.: occipital, esfeno-parietal, esfeno-
frontal, etmoido-nasal), de acordo com a Teoria Vertebral do Crânio. Esta, atribuída
originalmente a J.W. von Goethe (sim, ele mesmo! O autor de Fausto e de Werther,
responsável indireto pela vaga de suicídios românticos do efeito Werther da Europa do seu
tempo!), defendia que o crânio consistia numa sequência de vértebras metamorfoseadas,
apresentando características morfológicas como o seu principal argumento.

37
Características gerais das vértebras
As vértebras são na sua generalidade ossos radiários, sendo ímpares e relativamente
simétricas.
Orientação geral
A porção mais volumosa e de formato cilíndrico é anterior e o conjunto dos
processos ligados a esta é oblíquo ínfero-posteriormente.
Descrição geral
Na sua generalidade, as vértebras possuem uma porção anterior – o corpo – e por
um arco ósseo de concavidade anterior – o arco vertebral. Este circunscreve com a porção
posterior do corpo um orifício – o forame vertebral. O corpo está ligado ao arco por
intermédio dos pedículos do arco vertebral. O arco é constituído por uma saliência mediana
e posterior, o processo espinhoso, por duas saliências horizontais, os processos
transversos, e por quatro saliências verticais, os processos articulares.
O processo espinhoso está ligado aos processos transversos por intermédio das
lâminas do arco vertebral. A sobreposição de todos os forâmenes vertebrais origina o
canal vertebral. O corpo tem o formato de um segmento cilíndrico, com uma face superior
e uma inferior côncavas, uma face circunferencial escavada em forma de canal anteriormente
ao corpo vertebral, e observam-se nele numerosos forâmenes vasculares. O forame
vertebral encontra-se situado entre o corpo vertebral, anteriormente, e o arco vertebral,
póstero-lateralmente. Os pedículos têm margens superiores e inferiores côncavas,
apresentando nelas incisuras vertebrais, condicionando assim orifícios denominados
forâmenes de conjunção ou intervertebrais.
O processo espinhoso apresenta a forma de uma espinha, ímpar e mediana, que se
origina no ângulo de união das lâminas do arco vertebral. Os processos transversos
dirigem-se lateralmente. Os processos articulares articulam-se com os das vértebras supra
e subjacentes. As lâminas têm um formato quadrilátero, constituindo as paredes póstero-
laterais do forame vertebral.
NB: O forame vertebral aloja a medula
espinhal e as suas meninges de proteção,
constituindo um túnel que se estende por toda a
coluna. Estas estruturas são irrigadas pelas artérias
espinhais anterior e posteriores, bem como por
veias espinhais. O espaço epidural (sob a dura-
máter) contém vasos grandes e de paredes finas
que constituem os plexos venosos vertebrais
internos. Já os forames intervertebrais, as raízes
de cada nervo espinhal, permitem a passagem das
artérias espinhais, das veias comunicantes entre os
plexos venosos interno e externo, nervos
meníngeos recorrentes e ligamentos
transforaminais. Podem não ser tão fáceis de
visualizar mentalmente mas estão bem explícitos
na coluna.

38
Características particulares das vértebras de cada região da coluna
Vértebras cervicais
O corpo vertebral é alargado transversalmente, sendo mais largo anteriormente.
Apresenta na sua face superior dois processos uncinados ou uncos que se articulam com
duas incisuras da face inferior da vértebra suprajacente.
As lâminas são quadriláteras e mais largas que altas.
O processo espinhoso apresenta um vértice bifurcado que se divide em dois
tubérculos, apresentando uma margem inferior escavada por um sulco de anterior para
posterior.
Os processos transversos implantam-se por intermédio de duas raízes, uma
posterior e uma anterior, que circunscrevem, com o auxílio do pedículo, um forame
transversário onde tem passam a artéria vertebral. A sua face superior é escavada pelo
sulco do nervo espinhal e o seu vértice apresenta dois tubérculos, um anterior e um
posterior.
Os processos articulares terminam em facetas articulares planas e cortadas em bisel,
as facetas superiores são póstero-superiores e as inferiores são ântero-inferiores.
O forame vertebral tem formato triangular de base anterior.
NOTA CLÍNICA
Em caso de hiperextensão do pescoço abrupta, normalmente causada pelo
movimento de “chicote” num choque traseiro num acidente de viação, pode ocorrer uma
fratura dos ossos da coluna ou deslocação das sínfises. Na recuperação, o que pode acontecer
é a perda de curvatura (cifose) da coluna. Vê-se bem na imagem seguinte:

Atlas – C1
O atlas estende-se mais transversalmente que as restantes vértebras cervicais, sendo
formado por duas massas laterais unidas por dois arcos ósseos, um anterior e um posterior.
Estes segmentos circunscrevem o forame vertebral.
Orientação

39
Dos dois arcos que reúnem as duas porções laterais, o mais curto é anterior. Nestas
porções laterais, as faces articulares côncavas são superiores.
Descrição
As massas laterais apresentam a forma de
um segmento de cilindro. Nelas distinguem-se seis
faces. A face superior é ocupada por uma superfície
articular côncava, alargada de posterior a anterior e
de lateral a medial – o Pina diz que tem formato de
palmilha – a face articular superior, que se articula
com o côndilo do occipital. A face inferior
apresenta uma superfície articular ovalar que se
articula com o processo articular do áxis. As faces
anterior e posterior das massas laterias dão origem
aos arcos anterior e posterior. A face posterior está
escavada superiormente ao arco posterior devido à
reflexão do percurso da artéria vertebral a esse
nível. É visualizável numa imagem anterior.
NB: relembrar percurso da artéria vertebral:
A face lateral suporta as raízes do processo transverso e a face medial apresenta um
tubérculo anteriormente onde se insere o ligamento transverso atlanto-occipital.
O arco anterior é convexo anteriormente, apresentando sobre a linha mediana o
tubérculo anterior do atlas na sua porção anterior, no qual se insere o músculo longo do
colo. Posteriormente, apresenta ainda uma fóvea do dente do áxis, côncava.
O arco posterior é côncavo anteriormente, apresentando na linha mediana da sua
face posterior uma saliência denomina tubérculo posterior do atlas que dá inserção de cada
um dos seus lados ao músculo reto posterior menor da cabeça. Posteriormente às massas
laterais observa-se sobre a sua face superior um canal transversal onde passam o primeiro
nervo cervical e a artéria vertebral.
Os processos transversos apresentam lateralmente ao forame transversário um
grande tubérculo onde se insere a maior parte dos músculos rotadores e flexores laterais
da cabeça e do pescoço.
O forame vertebral é maior do que o das restantes vértebras, situando-se o dente do
áxis na sua porção anterior. A porção posterior, mais extensa transversalmente, contém a
medula espinhal.
O corpo vertebral deste osso não existe, sendo substituído pelo dente do áxis.
É, então, uma vértebra típica mas heteróloga.
“Ele até sabe o que é o mastoideu!”
- Beatriz Costa, in Canção de Lisboa
Áxis – C2
É a segunda vértebra cervical. É típica heteróloga.

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Orientação
A porção mais volumosa do osso, cilíndrica, é anterior. Desta destaca-se um processo
que é superior.
Descrição
O corpo apresenta uma saliência volumosa e vertical: o dente do áxis, destinado a
articular-se com o arco anterior do atlas. O dente tem forma de cone truncado, onde se
distinguem uma base fixada ao corpo de C2, um colo apertado superior e um alargamento
superior terminal denominado ápice. O dente apresenta uma face articular anterior para a
superfície articular do arco anterior do atlas, e uma face articular posterior, ambas elípticas
de eixo maior vertical. Esta última relaciona-se com o ligamento transverso.
O corpo apresenta ainda uma crista mediana anterior e uma face inferior que se
prolonga por um relevo ósseo muito demarcado que reforça a extremidade inferior da crista
mediana anterior.
Os processos articulares superiores são ovalares e situados de cada lado da base
do dente e os inferiores estão situados na extremidade inferior das lâminas.
As faces súpero-laterais dos tubérculos do processo espinhoso desta vértebra dão
inserção aos oblíquos inferiores da cabeça.
C6 – Sexta vértebra cervical
Apresenta um desenvolvimento do tubérculo anterior do processo transverso, o
tubérculo carótico de Chaissagnac, importante ponto de localização da artéria carótida
comum.
C7 – Sétima vértebra cervical (proeminente)
É uma vértebra de transição entre as cervicais e as torácicas, apresentando um
processo espinhoso muito desenvolvido com apenas um tubérculo e processos
transversos com um forame transversário pouco desenvolvido, apenas atravessado pela veia
vertebral. O corpo vertebral apresenta uma fóvea articular para a 1ª costela. O LIVRO
DO PROFESSOR ESTÁ ERRADO!!!!!
Vértebras torácicas
São doze, identificadas de T1 a T12. Na nómina antiga chamam-se também dorsais.
O corpo vertebral apresenta na porção lateral perto da extremidade anterior do
pedículo, duas hemifóveas articulares, uma superior e uma inferior, que se completam com
as hemifóveas das vértebras supra e subjacentes, articulando-se com a cabeça das costelas.
O forame vertebral é circular e o processo espinhoso é inclinado inferiormente,
ligeiramente. Os processos transversos apresentam na sua face anterior a face articular da
cabeça da costela que se articula com o tubérculo da costela.
T1 – Primeira vértebra torácica
Típica isóloga especial. Apresenta uma fóvea articular superior para a 1ª costela e
uma hemifóvea para a 2ª.

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T10 – Décima vértebra torácica
Apresenta uma só fóvea articular para a 10ª costela.
T11 e T12 – Décima primeira e décima segunda vértebras torácicas
Cada uma apresenta só uma fóvea articular e não há fóveas costais ao nível dos
processos transversos, para a 11ª e 12ª costelas.
Vértebras lombares
São cinco, identificadas de L1 a L5.
O corpo vertebral tem o formato de um rim, é o mais volumoso de todas as
vértebras e tem um grande eixo transversal. O forame vertebral é triangular de base anterior.
O processo espinhoso é retangular, espesso e disposto horizontalmente. Os processos
transversos são pouco desenvolvidos e apresentam posteriormente o tubérculo acessório.
Os processos articulares superiores apresentam na sua porção medial uma
superfície articular côncava em forma de sulco vertical cuja concavidade apresenta
lateralmente o processo mamilar.
Os processos articulares inferiores olham para ântero-lateral e têm um formato
cilíndrico.
As lâminas têm maior altura que comprimento.
L5 – Quinta vértebra lombar
Não apresenta paralelismo entre as faces superior e inferior do corpo vertebral, sendo
os processos articulares inferiores, para o sacro, planos.

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Bibliografia (agora com bibliografia!)
Tratados de anatomia

 Rouvière, H. (2005). Anatomía humana. (11ª ed., Vol. 1). Barcelona: Masson.
 Testut, L. (1984). Tratado de anatomía humana. (9ª ed., Vol. 1). Barcelona: Salvat.
 Esperança Pina, J. A. (2010). Anatomia Humana da Locomoção. (4ª ed.). Lisboa:
Lidel.
 Standring, S. (2016). Gray’s Anatomy: The Anatomical Basis for Clinical Practice.
(41st ed.). London: Elsevier.
 Moore, K. (2014). Clinically Oriented Anatomy. (7th ed.). Baltimore: Wolters
Kluwer.
Manuais esquemáticos e atlas

 Netter, F. H. (2019). Atlas of Human Anatomy. (7th ed.) Philadelphia: Elsevier.


 Putz, R. (2006). Sobotta Atlas of Human Anatomy. (14th ed., Vol. 1). München:
Urban & Fischer.
 Brizon, J. (2006). Les feuillets d’anatomie. Paris : Maloine.
Sebentas e outros resumos

 Sebenta de Espaços Especiais da Lia Bruno


 Sebenta da Anatomia da Locomoção do Filipe Quintas
 Sebenta de Pares Cranianos do Filipe Quintas
 Pares Cranianos esquematizados (Isabel Silva)
 Sebenta “Top-Gunner” da NMS|FCM (e da FMUL)
Agradecimentos especiais
Às monitoras da minha turma por me terem ajudado a fazer algum sentido
que fosse dos ossos do crânio!

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