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Sumá rio
Agradecimentos
Apresentaçã o
Capítulo 1 - A prioridade nº 1
Capítulo 2 - A conformaçã o de sua mente: o Salmo 1
Capítulo 3 - Jesus Cristo é o cumprimento das Escrituras
Capítulo 4 - Aprendendo e Proclamando as Escrituras
Capítulo 5 - As Escrituras nã o podem ser deixadas de lado
C321e
Carson, D. A.
Encontro com a Palavra de Deus : palestras de D. A. Carson. – [Campina Grande, PB]: Visã o
Cristã , 2018.
107 p.
Capítulo 1
A prioridade nº 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Aprendendo e proclamando as Escrituras
Capítulo 5
AGRADECIMENTOS
Dirijo especial gratidã o ao Pastor Euder Faber, pois, por ocasiã o em que vivenciei
obstá culos quanto à obtençã o de meu visto para o Brasil, ele nã o apenas orou por mim,
como também esforçou-se em me ajudar corretamente, resolvendo esse problema a
contento.
APRESENTAÇÃO
Este pequeno livro reú ne cinco palestras proferidas por D. A. Carson
no 19º Encontro para a Consciência Cristã , realizado em maio de
2017. Importante lembrar que o tema-base desse Encontro foi “A
tua palavra é a verdade: celebrando os 500 anos da Reforma
Protestante”. Assim, o fio-condutor que permeia e costura as
palestras é o imensurá vel e indescritível valor da Palavra de Deus.
Donald Arthur Carson, mais conhecido como D. A. Carson, é teó logo
reformado evangélico. É um dos fundadores e diretores do
ministério The Gospel Coalition, além de professor-pesquisador do
Novo Testamento na Trinity Evangelical Divinity School, instituiçã o
na qual leciona desde 1978. Com relevante formaçã o acadêmica, é
Ph.D em Novo Testamento pela Universidade de Cambridge, na
Inglaterra. O Dr. Carson é autor/editor de mais de cinquenta livros.
Em 2017, em uma de suas vindas ao Brasil, ele nos presenteou com
belíssimas explanaçõ es acerca da Palavra de Deus. Esses textos
foram, entã o, transcritos e ora sã o publicados pela Editora Visã o
Cristã , buscando tornar perene esse registro.
As palestras, intituladas “A prioridade nº 1”, “A conformaçã o de sua
mente: o Salmo 1”, “Jesus Cristo é o cumprimento das Escrituras”,
“Aprendendo e proclamando as Escrituras” e “As Escrituras nã o
podem ser deixadas de lado”, apontam, todas, para a importância de
cada coração cristão encontrar-se com a Palavra de Deus e buscar
trilhar o caminho da fé plena em sua verdade absoluta.
Em “A prioridade nº 1”, D. A. Carson remete-nos à Palavra do Senhor
em Deuteronô mio 17.14–20. Nesse contexto, examina como
devemos priorizar, em primeiro lugar, o temor ao Senhor e à sua
Palavra. Mostra como lidar com conceitos de poder, autoridade e
liderança nos dias de hoje, enfatizando a importâ ncia de todos nó s
termos um coraçã o de servos – de servos do Senhor.
Em “A conformaçã o de sua mente”, D. A. Carson apresenta-nos ao
conteú do de Salmos 1, elucidando a relevâ ncia de termos
consciência de nossas imperfeiçõ es, mas, ainda assim, de
continuarmos a trilhar o caminho do justo, rejeitando todos os
conselhos dos ímpios.
Em “Jesus Cristo é o cumprimento das Escrituras”, D. A. Carson nos
lembra que, no ministério pastoral, é muito mais frequente trazer os
ensinamentos do Novo Testamento do que os do Antigo Testamento,
e indaga: Até que ponto a mensagem de Deus no Antigo Testamento
é a mesma do Novo Testamento? Carson também ressalta que nada
do que foi dito passará antes de tudo o que há na Palavra de Deus se
cumprir.
Em “Aprendendo e proclamando as Escrituras”, D. A. Carson nos
lembra a abundâ ncia de bênçã os do Senhor em nossas vidas,
explicando conceitos como de “regiõ es celestiais” e “filiaçã o”.
E, por derradeiro, em “As Escrituras nã o podem ser deixadas de
lado”, D. A. Carson, mais uma vez, traz-nos argumentos irrefutá veis
de que tudo o mais pode falhar, exceto as Escrituras, que sã o a
Palavra de Deus, na qual é preciso crer em sua inteireza, por toda a
eternidade.
Assim, conclui-se este pequeno livro com D. A. Carson lembrando-
nos da necessidade premente de crescermos no conhecimento das
Escrituras .
Esclarecemos que, em se tratando de uma traduçã o/transcriçã o do
texto apresentado oralmente, optamos por padronizar todas as
passagens bíblicas tomando como base a versã o da Bíblia Almeida
Revisada e Atualizada. Algumas adaptaçõ es se fizeram necessá rias
para a ediçã o desta versã o escrita, sem, contudo, alterar o sentido do
conteú do da exposiçã o oral, tã o somente alinhavando as ideias
apresentadas por tã o conceituado autor cristã o.
Desejamos que você se enriqueça espiritualmente no encontro com
esta leitura acerca da Palavra de Deus, trazida por D. A. Carson.
Os Editores.
CAPÍTULO 1
A prioridade nº 1 1
E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que
aprenda a temer o SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as
palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir.
Isso fará para que o seu coraçã o nã o se eleve sobre os seus irmã os e
nã o se aparte do mandamento, nem para a direita, nem para a
esquerda; de sorte que prolongue os dias no seu reino, ele e seus
filhos no meio de Israel.
(Deuteronômio 17.14–20)
Oração conclusiva
“Senhor Deus, lembramos aquilo que disseste pela boca do profeta
Isaías. Sabemos que tu ouves aqueles de espírito humilde e que, com
os coraçõ es contritos, tremem diante de tua Santa Palavra. E por
isso te clamamos para que aqueles homens e mulheres que
concluíram a leitura até aqui voltem para suas pró prias rotinas e,
movidos por seu Espírito, leiam e releiam tua Santa Palavra, até que
aprendam a temer o Senhor. Em nome de Jesus Cristo. Amém.”
- D. A. Carson
1 Este texto foi extraído da palestra proferida na Conferência para Consciência Cristã em
2017 (Á udio nº 1.718).
CAPÍTULO 2
Oração conclusiva
“Grandioso Senhor Deus, que nunca cheguemos a ponto de diluir os
absolutos das Escrituras! Porque esses absolutos nos mostram os
teus padrõ es, Deus todo-poderoso. Mas nã o permitas que, de alguma
maneira, imaginemos poder alcançar teus padrõ es por meio de
nossos esforços. Louvamos e glorificamos a ti por ter colocado
textos assim nas Escrituras, pois eles nos reconduzem à cruz do
Calvá rio. Sabemos que há apenas um homem que pode cumprir
inteiramente o Salmo 1: o Senhor Jesus Cristo. E ele também
carregou nossos pecados sobre seu pró prio corpo naquela cruz.
Oferecemos ao Senhor graças e louvores em nome do Senhor Jesus.
Amém.”
- D. A. Carson
2 Este texto foi extraído da palestra proferida na Conferência para Consciência Cristã em
2017 (Á udio nº 1.749).
3 TAYLOR, Charles. Mais informaçõ es disponíveis em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-85872009000200013.
Acesso em: 15 nov. 2017.
CAPÍTULO 3
4 Este texto foi extraído da palestra proferida na Conferência para Consciência Cristã em
2017 (Á udio nº 1.751).
CAPÍTULO 4
Oração conclusiva
“Em verdade, Senhor, nó s te bendizemos, por todas as bênçã os
espirituais que em ti recebemos nas regiõ es celestiais. Ajuda-nos,
Senhor, para que sejamos conscientes desses dons magníficos e
incompreensíveis. Para que nossas vidas sejam caracterizadas por
bem-aventuranças, gratidã o e louvor, mesmo no meio de nossas
lutas, dores e desapontamentos. Pois essas bênçã os asseguradas por
Cristo Jesus nunca poderã o ser tiradas de nó s. Agradecemos porque,
em sua mente, já estamos assentados junto a Cristo nas regiõ es
celestiais. Agradecemos porque, na tua graça, fomos escolhidos e
adotados como filhos. Agradecemos porque fomos redimidos e
perdoados. Agradecemos porque o Senhor nos explicou e nos
revelou seus mistérios. Agradecemos porque o Senhor nos tomou
como herança e nos selou com o Espírito Santo. Em nome do Senhor
Jesus Cristo. Amém.”
CAPÍTULO 5
Pois toda carne é como a erva, e toda a sua gló ria, como a flor da
erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;
a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a
palavra que vos foi evangelizada.
(1Pedro 1.24–25)
Ambiente argumentativo entre Jesus e seus adversários
Jesus diz: “O Pai e eu somos um”, ou seja, Jesus afirma ser Deus. E isso
explica por que alguns judeus pegaram em pedras para apedrejar
Jesus: eles julgavam que Jesus estivesse blasfemando. E Jesus lhes
pergunta: “Por qual obra me apedrejais? Eu curei os doentes, fiz os
cegos verem, expulsei demônios e fiz os coxos andarem, então por qual
dessas coisas vocês me apedrejarão?” . E eles respondem: “Não
estamos te apedrejando por boas obras fizeste, mas porque estás
blasfemando!” .
Jesus, pois, estava sendo julgado por blasfemar. A ló gica do
argumento dos adversá rios de Jesus era: “Porque, sendo tu homem,
clamas ser Deus”.
Lógica argumentativa entre Jesus e seus adversários
Ao dizer “O Pai e eu somos um”, Jesus foi acusado de blasfêmia
vá rias vezes pelos judeus. Mas Jesus era realmente culpado de
blasfêmia por causa dessa declaraçã o?
Uma pessoa só pode ser acusada de blasfêmia se tiver falado algo
que nã o é verdadeiro. Ou seja, se Jesus disse que era Deus e nã o era,
entã o teria cometido blasfêmia. Mas, se Jesus de fato era – como é –
Deus, entã o nã o podia ser acusado de blasfêmia, pois foi verdadeiro
em sua declaraçã o.
Acrescente-se que, pela ló gica, Jesus podia demonstrar sua
divindade para provar tal declaraçã o, evidenciando, assim, a pró pria
natureza divina aos judeus, a fim de que entendessem, de uma vez
por todas, que ele estava sendo verdadeiro e que, portanto, era –
como é – Deus. Jesus já mostrara, de diversas maneiras, que sua
declaraçã o era verdadeira, razã o pela qual, logicamente, nã o era
culpado de blasfêmia.
No entanto, apó s inú meras demonstraçõ es de sua divindade, com
milagres que só podiam ser atribuídos a Deus, os fariseus ainda o
acusavam de blasfêmia. Desse modo, como nenhuma das
demonstraçõ es de sua divindade era aceita, Jesus decidiu mudar a
argumentaçã o. A ló gica dessa nova argumentaçã o encontra-se a
seguir:
Replicou-lhes Jesus: Nã o está escrito na vossa lei: Eu disse: sois
deuses? Se ele chamou deuses à queles a quem foi dirigida a palavra
de Deus, e a Escritura nã o pode falhar, entã o, daquele a quem o Pai
santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei:
sou Filho de Deus?
(Joã o 10.34–35)
Essa passagem alude ao Antigo Testamento, no qual, em alguns
momentos, o Senhor chama os seres humanos de deuses. E, para
entender claramente as implicaçõ es do que Jesus disse, é necessá rio
retornarmos à s passagens e aos seus respectivos contextos.
A palavra mais comum para Deus em hebraico é Elohim . Um aspecto
interessante nesse termo é que, algumas vezes, é usado para fazer
referência ao ú nico Deus verdadeiro; em outras, contudo, refere-se
aos deuses falsos de outras naçõ es. Além disso, também é usado com
frequência para se referir aos juízes de Israel. Isso porque o papel
dos juízes era praticar a Lei de Deus. Assim, na execuçã o de seu
mister, os juízes deviam trazer a Sabedoria e o Juízo de Deus para o
povo.
Entã o, o seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta ou à
ombreira, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o
servirá para sempre.
(Ê xodo 21.6)
Nessa passagem, podemos ler, em hebraico, no lugar de juízes, a
palavra elohim , ou seja, deuses . Contextualizando, observa-se que,
em determinadas circunstâ ncias, os donos de escravos tinham de
levar seus escravos para que os juízes julgassem sua causa. E,
embora Moisés se refira claramente aos juízes, a palavra usada em
hebraico é elohim . Ou seja, o sistema de juízes foi estabelecido por
Deus. Vejamos mais um exemplo:
Se alguém der ao seu pró ximo dinheiro ou objetos a guardar, e isso
for furtado à quele que o recebeu, se for achado o ladrã o, este pagará
o dobro.
Se o ladrã o nã o for achado, entã o o dono da casa será levado perante
os juízes, a ver se nã o meteu a mã o nos bens do pró ximo.
(Ê xodo 22.8–9)
Em outras palavras, Deus estabelecia juízes, e as questõ es judiciais
deviam ser trazidas até eles, a quem Moisés chamava elohim , ou
seja, deuses . As pessoas iam até os juízes para obter justiça.
A seguir, temos mais uma passagem que se refere a juízes pelo
termo elohim . Na verdade, esse foi o exemplo citado por Jesus em
Joã o 10. Trata-se de um Salmo no qual o pró prio Deus está
condenando os juízes por defenderem os ímpios.
Deus assiste na congregaçã o divina; no meio dos deuses, estabelece
o seu julgamento. Até quando julgareis injustamente e tomareis
partido pela causa dos ímpios?
(Salmos 82.1–2)
Algumas de nossas traduçõ es usam a palavra deuses , enquanto
outras usam juízes . No versículo 2, Deus desafia os “deuses”, ou seja,
os juízes, dizendo: “Até quando julgareis injustamente?”. E, nos
versículos seguintes, a condenaçã o deles continua:
Fazei justiça ao fraco e ao ó rfã o, procedei retamente para com o
aflito e o desamparado. Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das
mã os dos ímpios.
(Salmos 82.3–4)
Esses versículos mostram o que eles deveriam fazer mas nã o fazem.
No versículo subsequente, Deus diz que, em verdade, eles nã o sabem
nem enxergam nada:
Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam
todos os fundamentos da terra.
(Salmos 82.5)
No entanto, eles sã o corrompidos em seu julgamento:
Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. Todavia, como
homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de
sucumbir.
(Salmos 82.6–7)
É fato que, apesar de Deus tê-los chamado de deuses, também lhes
dá um julgamento por terem sido corruptos a ponto de
abandonarem seus papéis de juízes e julgarem injustamente o povo.
Por isso, Deus os matará como meros homens mortais que sã o.
Agora, voltemos ao texto de Joã o 10, em que Jesus cita o Salmo 82.
No versículo 34, os judeus acusam Jesus de blasfemar contra Deus,
por afirmar ser filho de Deus. Voltemos à ló gica dos argumentos de
Jesus:
Replicou-lhes Jesus: Nã o está escrito na vossa lei: Eu disse: sois
deuses? Se ele chamou deuses à queles a quem foi dirigida a palavra
de Deus, e a Escritura nã o pode falhar, entã o, daquele a quem o Pai
santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei:
sou Filho de Deus?
(Joã o 10.34–36)
Nos versículos acima, Jesus declara que aqueles judeus deveriam ser
menos apressados e refletir um pouco. Os argumentos de Jesus
soariam mais ou menos assim para nós: “Já não está escrito na
própria Escritura que Deus chamou pessoas comuns de deuses? E a
Palavra de Deus não veio a eles para que fossem capazes de julgar
corretamente? Então, qual objeção vocês podem levantar contra mim
se eu chamar a mim mesmo de Deus ou Filho de Deus?” .
A base da argumentaçã o que se segue é um jogo de palavras feito
por Jesus. Trata-se de uma estratégia argumentativa denominada ad
hominem , deixando bem clara a incoerência daqueles homens ao
julgarem Jesus por dizer que é o Filho de Deus. No Antigo
Testamento, esses homens tã o somente recebiam a Palavra de Deus,
mas Jesus nã o recebe a Palavra de Deus, porque Jesus é a pró pria
Palavra de Deus. É como se Jesus dissesse: “Se alguém tem direito a
ser chamado de Filho de Deus, esse alguém sou eu”.
O fato é que existem muitas outras passagens em que Jesus clama
ser Deus no Evangelho de Joã o. Por exemplo:
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes
que Abraã o existisse, EU SOU.
(Joã o 8.58)
O interessante é que Jesus nã o diz que, antes de Abraã o ser, ele era.
Porque isso implicaria Jesus ter aproximadamente dois mil anos
naquele momento. Pelo contrá rio, Jesus disse que: “antes de Abraã o
ser, EU SOU ”. Assim, Jesus tomou o nome do pró prio Deus da
Aliança. Ele é o pró prio Deus.
Outro exemplo é Joã o 14. Na noite em que Jesus seria traído, um dos
discípulos vem até ele e diz:
Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e nã o me tens
conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o
Pai?
Nã o crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras
que eu vos digo nã o as digo por mim mesmo; mas o Pai, que
permanece em mim, faz as suas obras.
(Joã o 14.8–10)
Aqui, Jesus lembra Filipe de que quem vê o Filho vê o Pai. Portanto,
se você quiser entender claramente sobre Deus, estude mais sobre
Jesus. Ele mesmo disse que quem vê Jesus vê o Pai.
Em Joã o 5, quando Jesus clama ser o ú nico e verdadeiro Filho de
Deus, temos mais uma ilustraçã o disso. A verdade é que podemos
ser chamados de Filhos de Deus por muitas características. Por
exemplo, no Sermã o do Monte, Jesus disse: “Bem-aventurados sã o os
pacificadores, porque serã o chamados Filhos de Deus”. Mas, em Joã o
5, Jesus declara ser o ú nico filho verdadeiro de Deus, porque ali o
foco é que tudo o que o Pai faz, o Filho também faz.
Entã o, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho
nada pode fazer de si mesmo, senã o somente aquilo que vir fazer o
Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente
o faz.
(Joã o 5.19)
Jesus é o ú nico filho verdadeiro de Deus que faz e fala tudo o que o
Pai faz e diz. Ninguém mais pode afirmar isso, porque ninguém mais
fez o Universo; apenas o Deus Trino. O Pai criou o Universo
juntamente com o Filho. Ninguém mais pode ressuscitar os mortos,
criar vida, curar e andar sobre as á guas; somente Deus pode. E é
nesse sentido que Jesus diz que quem o vê também vê o Pai.
Assim, se você tem um animal que se parece com um cavalo, reú ne
todos os atributos de um cavalo, corre como um cavalo, cheira como
um cavalo, age como um cavalo e faz tudo o que um cavalo faz, entã o
isso significa que você tem diante de si um cavalo. Da mesma forma,
se você tem diante de seus olhos alguém que faz tudo o que Deus faz,
e que reú ne todos os atributos de Deus e clama que quem o vê
também vê o Pai, entã o você tem diante de si o pró prio Deus ou um
mentiroso.
Ainda na narrativa de Joã o, quando Jesus ressuscita dos mortos no
terceiro dia, finalmente é reconhecido por Tomé:
Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!
(Joã o 20.28)
Portanto, a ló gica empregada por Jesus na argumentaçã o com seus
adversá rios é: “Se Deus pode usar a palavra deuses para se referir a
seres humanos comuns com a funçã o de exercer o julgamento de
Deus no Antigo Testamento, quanto mais este termo pode se aplicar
a mim: este que o pró prio Deus enviou ao mundo, o seu filho
unigênito e verdadeiro!”.
Até aqui, foram desenvolvidas ideias sobre o ambiente da
argumentaçã o entre Jesus e os seus adversá rios, sobre a ló gica da
argumentaçã o; agora, iremos tratar dos pressupostos da
argumentaçã o:
O pressuposto na argumentação de Jesus
Se ele chamou deuses à queles a quem foi dirigida a palavra de Deus,
e a Escritura nã o pode falhar.
(Joã o 10.35)
Jesus baseia seu argumento em Salmos 82 – parte das Escrituras de
Deus. E as Escrituras nã o podem falhar. Todo o argumento de Jesus
baseia-se nesse pressuposto. Ou seja, leve a Escritura muito a sério!
A Palavra de Deus nã o falha, nem em relaçã o à s grandiosas e
importantes questõ es, nem em relaçã o à s corriqueiras.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar sobre Deus e a Criaçã o.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar sobre a Queda e a origem do pecado.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar os Dez Mandamentos.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar como Deus libertou seu povo da escravidã o no
Egito.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que Deus apontou Davi como rei de Israel.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar, por intermédio de Isaías, que haveria um
Cordeiro que seria esmagado por nossas transgressõ es e ferido por nossas iniquidades.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar o nascimento virginal de Cristo.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que Jesus, graciosamente, curou doentes e
consolou aflitos.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que Jesus pregou sermõ es grandiosos e também
desafiou os hipó critas.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que Jesus morreu por nó s numa cruz, levando
consigo nossos pecados.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que o justo foi dado pelo injusto, e que a justiça
do justo foi imputada ao injusto e a injustiça do injusto foi imputada ao justo.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que Jesus ressuscitou dos mortos.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que Jesus construirá sua Igreja e que as portas do
inferno nã o prevalecerã o contra ela.
• As Escrituras nã o falham ao nos revelar que Jesus voltará e que haverá novos céus e
novas terras.
Em todos os grandes eventos da histó ria da redençã o, as Escrituras
nã o falham. As Escrituras sã o confiá veis e nã o falham em nenhum
dos aspectos grandiosos da histó ria. No entanto, Jesus vai mais longe
ainda: ensina que a Palavra de Deus nã o falha em nenhum detalhe, o
mais corriqueiro que seja, como, por exemplo, na escolha dos
termos empregados nas Escrituras. E, como as Escrituras nã o
podem falhar, você pode construir sobre ela sua argumentaçã o. Por
isso, Jesus afirmou que nem um ú nico til passará nas Escrituras.
Neste ponto, já caminhando para a conclusã o, é importante mostrar
a real importâ ncia dessas verdades. A veracidade e a confiabilidade
das Escrituras nã o sã o um fim em si mesmas. Em outras palavras,
nã o se intenta que aquele que conhece a infabilidade da Bíblia saia
por aí exibindo seus argumentos, orgulhando-se de ter em mã os um
livro infalível. Isso porque o Diabo conhece muito bem o fato de que
as Escrituras sã o infalíveis, mas isso nã o faz diferença nos caminhos
por ele trilhados.
A importâ ncia de conhecer o aspecto de infabilidade das Escrituras é
a maneira como devemos responder à sua mensagem. Já lemos em
Deuteronô mio 17 sobre o que o rei deveria fazer com as Escrituras.
Ao assumir o trono, cada rei de Israel deveria atentar para as
Escrituras, lê-la e fazer uma có pia pessoal do livro da lei, lendo-o
todos os dias de sua vida. Por que os reis deviam agir assim? O rei
devia ler a Palavra de Deus a fim de aprender a reverenciar o Senhor
Deus, nã o vendo a si mesmo como superior aos seus irmã os e nã o se
desviando nem para a direita, nem para a esquerda. Assim, em 2
Timó teo, lemos:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e ú til para o ensino, para a
repreensã o, para a correçã o, para a educaçã o na justiça, a fim de que
o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda
boa obra.
(2 Timó teo 3.16–17)
A Bíblia foi escrita por homens inspirados por Deus para que
sejamos instruídos, repreendidos, corrigidos, exortados e educados
na justiça, capacitando-nos para toda boa obra. Deus nã o nos deu a
Bíblia apenas para que simplesmente a admiremos. Em outras
palavras, as Escrituras nã o falham porque devem ser usadas, no
respectivo contexto, para nos enriquecer no conhecimento de quem
é Jesus Cristo. Ele é aquele que é um com o Pai; é o Filho perfeito de
Deus, aquele a quem Deus separou e enviou a este mundo; ele é
aquele que foi para a cruz e ressuscitou para ser glorificado.
Mas nã o apenas a Bíblia propriamente dita nos dá testemunho de
quem é Jesus; o pró prio Jesus e suas obras testificam quem ele é.
Assim, existem três testemunhos que apontam para quem Jesus é: a
Bíblia é testemunho, as obras de Jesus sã o testemunho e os
pró prios ensinamentos de Jesus sã o testemunho.
Se nã o faço as obras de meu Pai, nã o me acrediteis; mas, se faço, e
nã o me credes, crede nas obras; para que possais saber e
compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai.
(Joã o 10.37–38)
E, quando chegamos aos versículos 40 e 41, podemos nos perguntar
sobre a razã o pela qual Joã o Batista – que pregou sobre o Cordeiro
que tira o pecado do mundo e foi executado por Herodes – foi
lembrado disso e volta para o lugar onde ele costumava pregar. O
fato é que Joã o Batista foi uma das testemunhas fiéis de Jesus. E,
apó s tudo o que foi cumprido, Joã o e os discípulos entenderam e
concluíram que, apesar de Joã o Batista nã o ter enviado nenhum
sinal, tudo o que ele disse a respeito de Jesus era verdadeiro:
Novamente, se retirou para além do Jordã o, para o lugar onde Joã o
batizava no princípio; e ali permaneceu. E iam muitos ter com ele e
diziam: Realmente, Joã o nã o fez nenhum sinal, porém tudo quanto
disse a respeito deste era verdade. E muitos ali creram nele.
(Joã o 10.39–41)
Assim, temos o testemunho dos sinais feitos por Jesus , o
testemunho das palavras ditas por Jesus , o testemunho de João
Batista a respeito de Jesus e também o testemunho das
Escrituras apontando para quem Jesus é . As Escrituras sã o
testemunho a respeito da verdade.
Alguma vez você pensou a respeito do que gostaria que fosse escrito
em sua lá pide apó s a sua morte? Talvez pelo fato de eu já ser velho,
já pensei a esse respeito. E nã o consigo pensar em um texto melhor
do que aquele que foi escrito a respeito de Joã o Batista no final de
sua vida. Eu gostaria que a mesma coisa fosse escrita a meu
respeito: D. A. Carson não fez nenhum milagre, mas tudo o que disse a
respeito de Jesus era verdadeiro. Querer isso nã o me faz melhor do
que ninguém, pois esse é o epitá fio que todos nó s deveríamos
desejar ter, o que todos nó s deveríamos buscar: sermos fiéis a
Cristo.
Por exemplo, na lá pide de uma esposa, poderia ser inscrito que ela
nã o foi rica, nem famosa ou estudiosa; nã o foi nenhuma engenheira
em uma empresa bem-sucedida, mas tudo o que disse a respeito de
Jesus era verdadeiro. Perceba que isso é algo que todos nó s devemos
buscar. Da mesma maneira, todos os testemunhos encontrados na
Bíblia nã o apontam para si mesmos, mas para Jesus Cristo. E é por
isso que nã o deveríamos terminar a leitura de mais um livro sem
nos darmos conta da necessidade urgente de crescermos no
conhecimento das Escrituras . Porque, no final de nossas vidas,
nada é mais importante do que tudo o que dissemos a respeito de
Jesus Cristo.
Oração conclusiva
“Agradecemos ao Senhor por nos entregar a sua Palavra.
Agradecemos porque as Escrituras nã o falham. Tua Palavra é tã o
verdadeira quanto o Senhor mesmo é verdadeiro, apontando, de
forma resoluta, para o Senhor Jesus Cristo. Clamamos por clareza
ampla e imaginaçã o com fé para entender e crer em tudo que dizem
os testemunhos reais e verdadeiros a respeito de Cristo.
Acreditamos que algumas pessoas que estã o lendo estas palavras
ainda nã o conhecem pessoalmente o Senhor Jesus. Por essa razã o,
pedimos ao Pai que abra os olhos desses irmã os, para que
enxerguem, por meio da Escritura, que Jesus é verdadeiramente o
Senhor, aquele que veio para dar a pró pria vida em sacrifício por seu
povo. Ele morreu e ressuscitou para que fô ssemos reconciliados
com o Senhor. Imploramos que o Senhor trabalhe com seu Espírito
Santo naqueles que ainda nã o conseguem ver com os pró prios olhos
da fé, para que, onde estiverem, clamem: “Senhor, eu creio, ajude-me
na minha incredulidade”. Senhor, traga a salvaçã o para aqueles que
foram alcançados por este livro. Assim, oramos em nome do Senhor
Jesus Cristo. Amém.”
- D. A. Carson
5 Este texto foi extraído da palestra proferida na Conferência para Consciência Cristã
em 2017 (Á udio nº 1.787).
SOBRE O AUTOR
D. A. CARSON
Donald A. Carson, é um dos fundadores e diretores do ministério
The Gospel Coalition, e professor pesquisador do Novo Testamento
na Trinity Evangelical Divinity School. É mestre em Divindade pelo
Central Baptist Seminary, em Toronto, e Ph.D em Novo Testamento
pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Carson já escreveu e
editou mais de 50 livros. Vá rios deles publicados em português.
Table of Contents
Sumá rio
Agradecimentos
Apresentaçã o
Capítulo 1 - A prioridade nº 1
Capítulo 2 - A conformaçã o de sua mente: o Salmo 1
Capítulo 3 - Jesus Cristo é o cumprimento das Escrituras
Capítulo 4 - Aprendendo e Proclamando as Escrituras
Capítulo 5 - As Escrituras nã o podem ser deixadas de lado