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DIVISÃO DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA DE PROCESSAMENTO MINERAL


Curso Diurno, Turma B, 2°Ano

Topografia I

SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SGI)

Discente: Yane Miguel S. Jequessene

Docente:
Engº Edelson Assado

Tete, Julho de 2022


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

1.2. OBJECTIVOS ....................................................................................................... 4

1.2.1. Geral ............................................................................................................... 4

1.2.1.1. Específicos .............................................................................................. 4

2. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ..................................................... 5

2.1. Características da Informação Geográfica ............................................................. 5

2.2. Classificação do Sistema de Informação Geográfica ............................................ 6

2.3. Tipos Básicos de Elementos Espaciais .................................................................. 7

2.4. Estrutura e Modelagem dos Dados Geográficos ................................................... 8

2.5. Banco de Dados Geográfico .................................................................................. 9

2.6. Projecto de um Sistema de Informação Geográfica ............................................ 10

2.7. Aplicações do Sistema de Informação Geográfica .............................................. 11

2.7.1. Aplicações a Transportes ...................................................................................... 13

3. MODELOS DE DADOS ........................................................................................ 15

4. FERRAMENTAS DE SIG ...................................................................................... 16

4.1. O Software TransCAD ............................................................................................ 18

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 22

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1. INTRODUÇÃO

Sistemas de Informação Geográfica são ferramentas projectadas para colectar,


manipular e apresentar grandes volumes de dados espaciais. Lewis (1990), define um
sistema de localização geográfica como um sistema de gerenciamento de banco de
dados computacional para capturar, armazenar, recuperar, analisar e visualizar dados
espaciais. Já Soares (2002), define tais sistemas de maneira mais geral, afirmando que
são sistemas computacionais que utilizam dados que contenham referências geográficas.

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1.2.OBJECTIVOS
1.2.1. Geral

Obter conhecimento de uma forma geral, relacionado com ao sistema de informação


geográfica.

1.2.1.1.Específicos
 Conhecer a evolução dos sistemas de informação geográfica no mundo em
geral;
 Compreender a importância da qualidade da informação geográfica;
 Conhecer os principais Softwares de Sistemas de Informação Geográfica.

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2. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Um Sistema de Informação Geográfica (SIG), consiste em um conjunto de ferramentas


computacionais para Geoprocessamento no qual permite manipular e integrar dados de
diversas fontes, podendo ser criado um banco de dados digital com informações
georreferenciadas (CÂMARA e DAVIS, 2001).

Segundo Fitz (2008) os SIGs “são sistemas computacionais que possuem programas
especiais para a coleta, o armazenamento, o processamento e a análise digital de dados
georreferenciados visando à produção de informação espacial”

Para Bossler (2016) os SIGs “são programas de computador destinados a trabalhar


matematicamente as informações geográficas e alfanuméricas para gerar informações
baseadas em algoritmos pré-definidos”.

2.1. Características da Informação Geográfica


Para Câmara e Ortiz (2002), uma característica básica e geral num SIG é sua capacidade
de tratar as relações espaciais entre os objectos geográficos. Denota-se por topologia a
estrutura de relacionamentos espaciais (vizinhança, proximidade, pertinência) que
podem se estabelecer entre objectos geográficos. Armazenar a topologia de um mapa é
uma das características básicas que fazem um SIG se distinguir de um sistema CAD. A
outra diferença fundamental é a capacidade de tratar as diversas projecções
cartográficas. Para aplicações em análise geográfica e redes, o armazenamento da
topologia permite o desenvolvimento de consultas a um banco de dados espacial, que
não seriam possíveis de outra maneira. Os autores listam as principais características de
SIG’s:

 Integrar, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de


dados cartográficos, dados de censo e cadastro urbano e rural, imagens de
satélite, redes e modelos numéricos de terreno;
 Combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação, para
gerar mapeamentos derivados;
 Consultar, recuperar, visualizar e pilotar o conteúdo da base de dados
geocodificados.

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2.2.Classificação do Sistema de Informação Geográfica

Pestana (2001) propõe a classificação dos sistemas de localização geográfica em três


grupos distintos, separados segundo o critério de requisitos de sistemas para o processo
de desenvolvimento de um SIG:

GRUPO OBJECTIVO
SIG para Suporte a Decisão  Tipicamente usados em problemas
de planejamento e gestão;
 Partilha muitas características dos
Sistemas de Apoio à Decisão;
 Requerem o desenvolvimento de
ambientes especialmente
adequados à resolução de
problemas, em que a integração de
muitos produtos informáticos e a
criação de interfaces Homem-
Máquina simples e potentes se
colocam como questões centrais;
 Destina-se a objectivos que não se
encontram completamente
definidos quando o sistema é
criado.
SIG Operacionais  Resolução de problemas bem
definidos que ocorrem com
carácter repetitivo;
 Caracterizam-se por suportar
diversos tipos de funcionalidades,
particularmente, para organização
e armazenamento de dados e para
obtenção de dados pré - definidos;
 Solucionar problemas nas áreas de
gestão e análise de redes de infra-
estruturas, de cadastro e registo de

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propriedades, etc.
SIG Operacionais com requisitos de  Distinguem-se pelas frequentes
tempo real alterações de dados e por
envolverem muitas variáveis com
características temporais
fundamentais;
Fonte: Pestana, 2001

2.3.Tipos Básicos de Elementos Espaciais

De acordo com Pestana (2001), os três tipos básicos de elementos utilizados nos mapas
para modelar todos os objectos do mundo real são:

 Pontos: define localizações discretas de elementos geográficos demasiadamente


pequenos para serem descritos como linhas ou áreas.
 Linhas: são definidas como um conjunto ordenado de pontos interligados por
segmentos de recta ou por linhas e são utilizadas na representação de objectos
sem largura suficiente para serem consideradas áreas.
 Áreas: é definida como um conjunto ordenado de pontos interligados, em que o
primeiro ponto e o último coincidem, utilizados quase sempre na representação
de zonas que possuem uniformemente uma dada propriedade; ou seja, figura
fechada, cujos limites encerram uma área homogénea.

Esses três tipos de elementos se relacionam no mapa, constituindo-se nas camadas de


dados dos mapas temáticos (layers), representando o espaço geográfico em estudo. O
mapa corresponde a um modelo genérico dos fenómenos espaciais, onde cada camada
corresponde a um tema específico, isto é, dados geográficos com características
comuns.

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Camada de Dados Geográficos; Fonte: Raia, 2002

2.4.Estrutura e Modelagem dos Dados Geográficos

A estrutura dos dados geográficos contém, basicamente, dois tipos de informações


principais: a informação espacial, que descreve o formato do objecto geográfico, bem
como sua relação espacial com os outros objectos e a informação descritiva dos
objectos, ou seja, a descrição, para o entendimento do usuário, das características não
espaciais de cada objecto representado. A maneira como a informação espacial é tratada
nos sistemas de informação geográfica constitui a modelagem lógica dos dados, que
trata da representação geométrica dos dados.

De acordo com Soares (2000), existem duas abordagens: os modelos vectoriais e os


modelos Raster. Câmara e Monteiro (2002), apontam as principais diferenças entre estes
modelos afirmando que na representação vectorial, a representação de um elemento ou
objecto é uma tentativa de reproduzi-lo o mais exactamente possível, quando
comparado com a realidade. Neste modelo, qualquer entidade ou elemento gráfico do
mapa é reduzido a três formas básicas: pontos, linhas ou polígonos.

A representação matricial (raster) consiste no uso de uma malha quadriculada regular


sobre a qual se constrói, célula a célula, o elemento que se está sendo representado. A
cada célula, atribui-se um código referente ao atributo estudado, de tal forma que o
computador saiba a que elemento ou objecto pertence determinada célula.

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Com relação aos campos de aplicação de tais modelos, Bravo e Cerda (1995), Apud
Rose (2001), afirmam que os sistemas matriciais são utilizados no processamento de
imagens de satélite com múltiplas aplicações no campo florestal, marítimo, ambiental e
militar, entre outros enquanto os sistemas vectoriais são mais apropriados para
modelagem de sistemas, controle terrestre, análise de redes, etc.

2.5.Banco de Dados Geográfico

Para Salgado e Pimentel (1994), o banco de dados de um SIG é formado principalmente


por dois grandes módulos: um sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD) e
um sistema de processamento de imagens e dados espaciais. Câmara e Ortiz (2002),
definem um Banco de Dados Geográficos como o repositório de dados de um SIG, que
armazena e recupera dados geográficos em suas diferentes geometrias (imagens,
vectores, grades), bem como as informações descritivas (atributos não-espaciais).

De acordo com os autores, os SIG’s tradicionalmente armazenavam os dados


geográficos e seus atributos em arquivos internos. Este tipo de solução vem sendo
substituído pelo uso cada vez maior de sistemas de gerência de banco de dados (SGBD),
para satisfazer à demanda do tratamento eficiente de bases de dados espaciais cada vez
maiores.

Um SGBD garante três requisitos importantes:

Eficiência (acesso e modificações de grandes volumes de dados);

Integridade (controle de acesso por múltiplos usuários); e

Persistência (manutenção de dados por longo tempo, independentemente dos


aplicativos que acessem o dado).

A entrada dos atributos não espaciais é feita, portanto, através de um Sistema de


Gerenciamento de Banco de Dados Relacional e para cada entidade gráfica inserida no
sistema é imposto um identificador único ou rótulo, através do qual é feita uma ligação
lógica com os respectivos atributos não-espaciais armazenados em tabelas de dados no
SGBD.

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2.6.Projecto de um Sistema de Informação Geográfica

Etapas de desenvolvimento de um SIG; Fonte: Soares, 2000

Segundo o autor, na primeira etapa são levantados as necessidades e objectivos do


projecto, sendo determinados o problema a ser resolvido, métodos de solução e
produtos esperados (mapas, gráficos, tabelas, etc).

A segunda etapa, que se constitui a mais crítica do projecto, é a etapa de construção da


base de dados, e está dividida em três passos: projecto da base de dados, captura e
organização dos dados e padronização cartográfica.

No projecto da base de dados são definidas as áreas geográficas em estudo, o sistema de


coordenadas e projecção a serem utilizados, o nível de precisão e o nível de
detalhamento exigido pelo projecto. As principais entidades, atributos e
relacionamentos são levantados e organizados em um modelo de dados do sistema.
Segundo Soares (2000), em geral utiliza-se a metodologia de “Diagrama de Entidades-
Relacionamentos” proposto por Chen (1976) para a construção deste modelo. Após o
levantamento, decide-se pela representação espacial (ponto, linha ou polígono) de cada
uma das entidades consideradas.

Na fase de captura e organização dos dados, define-se o modelo lógico (raster ou


vectorial) a ser utilizado e a partir deste, são definidas as camadas de interesse para o
projecto. Em SIG´s, os dados geográficos estão organizados em camadas e para o

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entendimento da informação geográfica, são construídos mapas temáticos, que reúnem
uma ou várias camadas.

Na etapa de análise de dados, utilizam-se às funções de consulta e análise do SIG,


geralmente considerando-se a criação de cenários contendo hipóteses em estudo. A
combinação destas funções com a possibilidade de sobreposição dos mapas disponíveis
na base de dados, juntamente com os conhecimentos do usuário, tornam o SIG uma
poderosa ferramenta de auxílio ao processo de tomada de decisão.

A elaboração de novos mapas, relatórios e tabelas resultantes da etapa de análise de


dados constituem a etapa de apresentação de resultados.

2.7.Aplicações do Sistema de Informação Geográfica

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) são sistemas computacionais capazes de


capturar, armazenar, consultar, manipular, analisar, exibir e imprimir dados
referenciados espacialmente sobre/sob a superfície da Terra [RAPER & MAGUIRE,
1992]. A maioria das aplicações SIG apresenta uma estrutura geral com uma interface
para comunicação com o utilizador, uma base de dados, uma unidade de gestão dessa
base de dados, e um conjunto de funcionalidades para entrada e edição de dados, sua
análise e produção e impressão de mapas (Figura 1). Com os avanços da Internet,
desenvolveram-se nos últimos anos técnicas que possibilitam a publicação e acesso a
bases de dados geográficas remotas, cuja estrutura interna dos programas, permite
aceder e publicar dados remotamente através de serviços WMS (Web Map Service),
WFS (Web Feature Service) e WCS (Web Coverage Service), de acordo com as
especificações do OGC – Open Geospatial Consortium. A interface do utilizador inclui,
portanto um conjunto de ferramentas para visualização e navegação através de
informação espacial, sendo capaz de visualizar os tipos de ficheiros mais comuns em
formatos matriciais (raster) e vectoriais, aceder a bases de dados espaciais e aos
standards de serviços remotos do OGC. As ferramentas básicas das aplicações permitem
ainda explorar registos e compor mapas. As aplicações SIG suportam diversos
formatos/modelos de dados graças a bibliotecas de interpretação, tais como a notável
GDAL/OGR que é base de muitos softwares SIG, inclusivamente software proprietário
(não Open Source). Existem ainda formatos proprietários, que sendo fechados/não
standard criam sérios problemas à integração com software livre, por vezes mais por
questões legais do que devido a questões puramente técnicas. Um exemplo era o caso

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das bibliotecas para suporte dos formatos ECW e MrSID, que possuem licenças pouco
claras, em particular no que concerne à livre distribuição das mesmas.

Estrutura geral de uma aplicação SIG

O software de “Desenho Assistido por computador” ou CAD (do inglês: computer


aided design) é o nome genérico de sistemas computacionais (software) utilizados pela
engenharia, geologia, geografia, arquitectura, e design para facilitar o projecto e
desenho técnicos. No caso do design, este pode estar ligado especificamente a todas as
suas vertentes (produtos como vestuário, electrónicos, automobilísticos, etc.), de modo
que os jargões de cada especialidade são incorporados na interface de cada programa. A
diferença entre CAD e GIS é cada vez mais ténue: graças ao uso de atributos internos e
conexões com bases de dados geográficas reforçaram as capacidades “SIG” dos CAD.
Os SIG são bases de dados (geográficas) e, portanto em condição de responder a
perguntas complexas e de fazer análises preditivas. Os CAD são programas de gráfica
onde a simbologia é informação. Nos SIG a simbologia é só uma representação da
informação.

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2.7.1. Aplicações a Transportes
A partir das definições e conceitos apresentados acima, pode-se concluir que os
sistemas de informação geográficos possuem uma multiplicidade de usos e apontam
para uma perspectiva interdisciplinar de sua utilização. Por ser possível a integração em
uma única base de dados informações de diversas fontes diferentes e oferecerem
mecanismos para recuperar, manipular e visualizar estes dados, através de algoritmos de
manipulação e analise, tais sistemas têm sido amplamente utilizados no sector de
transportes. Neste sector, o sistema recebe a denominação de SIG-T.

De acordo com Rose (2001), o campo de aplicação dos SIG-T é amplo, tanto na área de
planejamento como em operações em transportes, tais como: projecto geométrico e vias,
monitoramento e controle de tráfego, oferta e demanda em transportes, previsão de
acidentes, optimização de rotas, monitoramento e controle de operações rodoviárias,
dentre outras. Para Martins (1993), os SIG-T funcionam como plataformas para se
integrar Modelos de Analise e Distribuição espacial, rotinas de modelagens em
transportes, algoritmos de pesquisa operacional, analises estatísticas e geração de mapas
temáticos em diversos formatos.

O uso de SIG’s em transportes possui utilidades diversas. Em Wu et al. (2001), utilizou-


se o SIG-T como um sistema de apoio a decisão para a análise de escolha de rotas em
redes de tráfego congestionadas. Já em Kuby et al. (2001), utilizou-se um sistema
espacial para suporte de decisão para problemas de desenho de redes. Em Thériault et
al. (1999), para resolver o problema de movimentação de pessoas entre um par origem –
destino, onde o objectivo era minimizar o tempo de viagem, um sistema de informação

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geográfica foi utilizado, com a utilização de modelos de caminho mínimo e fluxo
mínimo em redes, modelos de geração de viagens e ferramentas de localização e
visualização dos dados geográficos, auxiliando no processo de obtenção e análise dos
resultados. Raia (2000), utilizou um SIG, em conjunto com os conceitos de redes
neurais, para o auxílio no planejamento da rede de transportes públicos para estimar
potenciais viagens urbanas integrando aspectos de acessibilidade e mobilidade. O SIG
actuou como ferramenta de análise para incorporar dados de natureza espacial a
pesquisa origem – destino de viagens realizada.

Na área de engenharia de tráfego, Thieman (2002), utilizou o SIG-T para análises de


acidentes em avenidas, onde o sistema foi aplicado para a visualização de ruas
congestionadas devido aos acidentes. Também em engenharia de tráfego, Ganter e
Cashwell (2002), utilizaram um sistema de informação geográfica para o
monitoramento dinâmico das condições de tráfego, onde através de mapas, actualizados,
o usuário pode ter acesso as condições das vias, com o volume de tráfego em cada uma
delas.

Sanches (1997), utilizou um SIG no auxilio ao planeamento de transportes, na definição


de zonas de tráfego. Oliveira e Ribeiro (1997) utilizaram um SIG para ajudar no
controle de tráfego urbano, mais especificamente na coordenação semafórica. Neste
trabalho os autores empregaram o SIG para extrair informações do modelo de
representação de redes existente nos SIG-T e também usaram as capacidades de
representação gráfica e produção de mapas temáticos. Em Pinto e Lindau (1997)
utilizou-se um SIG para resolver problemas de transporte colectivo, onde o sistema foi
empregado no auxílio ao planeamento e cadastramento de linhas de ônibus
intermunicipais. Marques e Silva (1997) também abordaram a utilização de um SIG no
transporte colectivo, porém com enfoque no usuário. O sistema desenvolvido oferece
informações desde a localização dos pontos de parada de ônibus até a determinação de
rotas óptimas entre a origem e o destino informado pelos passageiros.

Em uma aplicação à logística de distribuição de produtos, Novaes e Rosseto (1993)


trataram o problema de dimensionamento e localização de depósitos de distribuição
numa determinada região e utilizaram um SIG para representação gráfica do problema,
facilitando a análise e melhorando a qualidade dos resultados.

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3. MODELOS DE DADOS

A informação do mundo real é codificada e representada através de modelos de dados


com localização espacial, georreferenciação e um conjunto de descritores quantitativos
e qualitativos. Esta representação dos elementos geográficos pode ter um formato
vectorial (vetor) ou matricial (raster).

No modelo de dados vectorial o espaço é ocupado por uma série de entidades (pontos,
linhas e polígonos), descritas pelas suas propriedades e cartografadas segundo um
sistema de coordenadas geométricas. Neste tipo de modelo existe uma estreita relação
com os conceitos associados à cartografia tradicional impressa, à qual é associada uma
base de dados. Num modelo vectorial os objectos são estáticos e têm fronteiras bem
definidas, sendo possível a utilização de objectos compostos e associação de tipologia.

Num modelo de dados matricial ou raster, o espaço é composto por células ou pixels, às
quais está associado um valor, representando uma superfície contínua de variação de um
dado atributo de interesse. As dimensões da célula, medidas no terreno, correspondem à
resolução espacial, com que o tema está representado. Os sistemas raster são o resultado
dos desenvolvimentos tecnológicos das últimas décadas, e surgem como um
prolongamento da aquisição de informação através de imagem. Neste tipo de modelos
as células são dispostas de uma forma regular e a sua posição é identificável através do
índice de linha e coluna, em conjunto com a coordenada da primeira célula e com a
dimensão da mesma, pelo que a topologia está implícita.

Os formatos vectoriais são mais indicados para representações de entidades com


distribuição espacial exacta (localização de pontos de captação de água, estradas, usos
do solo, etc.), têm uma estrutura de dados compacta e a topologia pode ser descrita
explicitamente (aconselhável, por exemplo, em análises de redes). Os formatos
matriciais ou raster são indicados para representações de grandezas com distribuição
espacial contínua (pressão atmosférica, temperatura, etc.), têm uma estrutura de dados
simples, permitem a incorporação imediata de dados de sensores remotos e são
adequados à análise espacial, face à facilidade de implementação dos algoritmos
computacionais necessários a este tipo de análise.

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Representação do mundo real, em modelos de dados vectoriais e raster.

A resolução de um raster é medida em pixels, que representam neste caso uma unidade
de medida de distâncias. Sendo a resolução nos rasters uma forma de escala, podemos
depreender que quanto maior a resolução maior o detalhe, mas uma vez que no modelo
matricial não se consegue medir facilmente o terreno em pixels, perde-se a noção
tradicional da relação de escala, e em vez disso fala-se de Ground Sample Distance
(GSD).

4. FERRAMENTAS DE SIG

ArcGIS

O ArcGIS é um conjunto de aplicativos computacionais de Sistemas de Informações


Geográficas (SIG’s) desenvolvido pela empresa norte-americana ESRI (Environmental
Systems Research Institute) que fornece ferramentas avançadas para a análise espacial,
manipulação de dados e cartografia. O ArcGIS Desktop é composto pelos seguintes
aplicativos: ArcMAP, ArcSCENE ArcCATALOG e ArcTOOLBOX:

O ArcMap constitui-se como uma ferramenta do ARCGIS utilizada para criação,


pesquisa, edição, organização e publicação de mapas.

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O ArcScene : Aplicativo que permite a elaboração de dados geográficos em 3D, além
de criar vídeos e animações.

O ArcGlobe :Aplicativo que apresenta um globo terrestre onde se pode navegar em três
dimensões, análogo ao Google Earth.

O ArcCatalog permite o acesso e gerenciamento do conteúdo de dados geográficos, o


acesso aos dados se dá através de conexões aos arquivos, estas juntas formam o
catálogo de origem dos dados geográficos.

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O ArcToolbox é um aplicativo simples que contém muitas ferramentas GIS usadas para
geoprocessamento de dados, conforme a licença adquirida, do pacote de softwares da
ESRI.

Muitos softwares de geoprocessamento privados criam os próprios formatos de arquivos


de formato, como a ESRI é criadora do formato shapefile (para dados Vetoriais). A
shapefile é um formato de armazenamento de dados vectoriais que contém a posição, o
formato e os atributos dos elementos geográficos. É armazenado como um conjunto de
ficheiros relacionados e contém uma classe de elementos.

4.1. O Software TransCAD


O TransCAD é um Sistema de Informação Geográfica projectado especificamente para
o planeamento, gerenciamento, operação e análise das características dos sistemas de
transportes (Caliper, 1996). Ele possui vários módulos para a manipulação de dados
com relação à entrada, armazenagem, análise e apresentação final. Suas aplicações
podem ser em nível internacional, nacional, regional e local, podendo ser utilizado para
qualquer modo de transportes, isoladamente ou combinado com outros modos. (Rose,
2001). Neste trabalho será utilizado a versão académica 3.0 do TransCAD.

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Em um estudo sobre as potencialidades dos softwares mais utilizado no mercado, Rose
(2001) enumera principais características deste aplicativo. De acordo com a autora, com
um banco de dados projectado para capturar e analisar dados de transporte, o TransCAD
trabalha com dados de redes de transporte, fluxo de carga, rotas, programação, análise
de transportes interzonais, demanda de passageiros, desempenho do sistema de
transporte entre outros, que podem ser visualizados e analisados em qualquer escala
espacial. Desta forma, o sistema possui potencialidades para analisar vários tipos de
redes de transporte público, metrovias, ferrovias, rodovias, aerovias, hidrovias e redes
multimodais através de métodos e modelos disponíveis para análises em transportes.

Por se tratar de um sistema de informação geográfica, todos os objectos representados,


como a localização geográfica dos elementos de transporte, bem como a infra-estrutura
relacionada, podem ser combinadas com os atributos (dados descritivos, não espaciais)
que as descrevem, sendo que todos os elementos geográficos são representados por
pontos, linhas, áreas, redes ou rotas.

Com relação ao gerenciador de banco de dados espacial, os dados geográficos são


armazenados utilizando-se de uma estrutura de dados topológica, o que facilita a
manipulação dos mesmos (Rose, 2001). Segundo a autora, essa estrutura de dados
define a localização e as relações espaciais entre pontos, linhas, áreas e outras entidades
geográficas ou objectos. O sistema suporta também a definição de várias estruturas de
dados de transporte: como redes (grafos), vias, nós, linhas e matrizes de fluxo.

No que se refere à apresentação de gráficos interactivos dos dados, o TransCAD possui


várias ferramentas para a definição de símbolos, cores, espessuras de linhas, padrões,
sombreamentos, nomeação e outras. Os dados podem ser representados no mapa na
forma de número ou textos, com o ajuste de escala através dos comandos zoom-in e
zoom-out.

O TransCAD disponibiliza também ferramentas para projectar e criar banco de dados,


preenchendo-os com os registos que os compõem e com os atributos de dados
necessários. É permitida a importação de vários arquivos de dados com conversão
automática dos sistemas de coordenadas. Com a possibilidade de se importar e exportar
e converter arquivos de dados digitais para banco de dados efectivamente acessíveis no
SIG, pode-se importar e exportar dados de arquivos do tipo Lótus, dBASE e ASCII,
tornando o processo de dados mais rápido e com menor custo.

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Para a resolução de problemas de sistemas de transporte, o TransCAD possui
ferramentas e procedimentos para análise e modelagem de tais sistemas que incluem,
por exemplo, modelos clássicos para o cálculo de demanda de viagens, modelos de
geração de viagens, cálculo do caminho mínimo de viagem utilizando as redes de
transporte (podendo ser minimizado o tempo de viagem, a distância, custo ou qualquer
outra variável), resolução do clássico problema de transporte (alocar cada centro de
demanda aos centros de oferta), localização de novas instalações, roteamento de
veículos, problema do caixeiro viajante e do carteiro chinês (muito utilizado na
programação de colecta de lixos e entrega de cartas), entre outros. Além dos modelos já
existentes no sistema, o TransCAD possui uma arquitectura modular, aberta, que pode
ser customizada e ampliada com procedimentos descritos pelo usuário, escritos na
linguagem de programação específica do TransCAD – o GISDK (Geographic
Information System Development Kit).

Neste trabalho o TransCAD será utilizado para a criação de uma base própria de dados e
para o cálculo do caminho mínimo, nas redes de transporte rodoviária e ferroviária,
onde a variável a ser minimizada será a distância entre as instalações. Para o caso do
modal dutoviário, não serão calculadas rotas mínimas de transporte, já que para este
modal os pontos de origem e destino de transporte já estão estabelecidos. Este software
também será utilizado como ferramenta para exibição do resultado dos custos logísticos
calculados.

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5. CONCLUSÃO

Ao definir um SIG compara este aos sistemas de informação, afirmando que tais
sistemas são considerados como uma classe especial de sistemas de informação criado
para modelar aspectos do mundo real (inseridos num espaço geográfico), normalmente
com diferentes graus de dependência e relacionados com questões que surgem no
domínio da actividade humana. Para Câmara e Davis (2002), o termo sistemas de
informação geográfica é aplicado para sistemas que realizam o tratamento
computacional de dados geográficos e recuperam as informações não apenas com base
em suas características alfanuméricas, mas também através de sua localização espacial.
Para que isto seja possível, os autores afirmam que a geometria e atributos dos dados
devem estar georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre e representados
numa projecção cartográfica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILHO, Jugurta Lisboa - INTRODUÇÃO A SIG – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS. T.I. nº 491 CPGCC-UFRGS Dezembro 1995.

OVERSTREET, D. F. et al. – The Archaeology of lost landscapes: Geographic


Information Systems at Coralville Lake, Iowa. Geographic Information Systems in
government, Volume I, Hampton, VA: A. Deepak Publishing, pp. 313-378, 1986.

RAPER, J. F.; MAGUIRE, D. J. Design Models and Functionality in GIS. Computers


and Geosciences, London, v.18, n.4, p.387-400, 1992.

SÍTIO: ArcGIS Online Acesso em 25 de junho de 2015.

CÂMARA, G.; MONTEIRO, A. M. V. Conceitos básicos em ciência da


geoinformação. In: CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. (Eds e orgs).
Introdução à ciência da geoinformação, INPE, São Paulo, 2001. • CÂMARA, G.;
MONTEIRO, A. M. V.; DRUCK, S.; CARVALHO, M. S. Análise espacial e
geoprocessamento. In: Druck, S.; Carvalho, M.S.; Câmara, G.; Monteiro, A.V.M. (eds).
Análise Espacial de Dados Geográficos, Brasília, EMBRAPA, 2004.

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