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GUIÃO DE PORTUGUÊS

Bruno : Hoje vamos apresentar o conto:” Aa singularidades de uma rapariga loira” do autor
Eça de Queirós.

Matilde : Vamos começar por falar um pouco sobre a obra que escolhe-mos que neste caso é
o quadro de Berth Morisot; chama-se :” Menina com uma ventoinha” foi pintado com a
utilização da técnica de pintura a óleo em 1893. Como o quadro não é muito conhecido não é
possível encontrar muita informação sobre ele, porém sabemos que pertence a uma coleção
com o tema:” Raparigas “.

Andreia: Escolhemos este quadro porque o achamos adequado para ilustrar a Luísa, ou seja, a
menina loira. Podemos observar que ela está a segurar um leque. O leque magnífico que
supostamente não poderia pertencer a uma plebeia, é assumidamente para Macário, uma
herança de um pai inglês.

O conto é narrado por um viajante que conheceu um homem numa estalagem.

O viajante, ao chegar à hospedaria, inicia uma conversa com o homem durante o jantar.

Durante a conversa, o viajante pergunta-lhe se ele é de Vila Real, pois era de lá que vinham as
mulheres mais bonitas. Devido ao seu silêncio e à brusca mudança de atitude, apercebe-se de
que algo lhe incomodara. Mais tarde, durante a noite, contar-lhe-á o porquê de se ter retirado
da mesa e de se ter dirigido ao seu quarto, que por coincidência era o mesmo do viajante.

Ao entrar no quarto para uma noite de sono, o homem, de nome Macário, encontra nos seus
aposentos o viajante, e conta-lhe a sua história.

Trabalhava como caixeiro com o seu Tio Francisco. Considerava-se honesto, trabalhador e vivia
uma vida simples.

Certo dia espreitou à janela do seu escritório e avistou uma mulher pálida vestida de luto, com
cabelos negros. Pensou nela o resto do dia. No dia seguinte, avistou uma jovem com cabelos
loiros que presumiu ser a filha da mulher pálida, pois encontrava-se no mesmo sítio onde a
avistara.

Apaixonou-se pela jovem de cabelos loiros, uma paixão que lhe provocava nervos.

Um dia, mãe e filha foram à loja do seu Tio, à procura de casimiras pretas. A sua presença na
loja despertou o interesse de Macário. Este desceu, e iniciou uma conversa sobre a qualidade
do produto. Depois pediram para ver alguns lenços da Índia, que mais tarde desapareceram.

Macário através de um amigo, tentou perceber junto deste, se as senhoras eram boa gente, de
boa família e como as podia conhecer melhor.

Macário começou então a frequentar a casa de um tabelião, anfitrião das mesmas. Começou
assim, a aproximar-se de Luísa. Numa das reuniões, durante um jogo, uma peça valiosa de
ouro, resvalou da mesa caindo perto do regaço de Luísa. Após inúmeras tentativas para a
encontrar tal não foi possível. Levantada uma suspeita sobre Luísa, o que indignou Macário, a
situação foi esquecida por este, apesar de ter sido o principal prejudicado. A única coisa que
perdurara dessa noite fora o beijo que dera a Luísa.
GUIÃO DE PORTUGUÊS

Após o beijo, decidiu casar-se com Luísa. Pediu permissão ao tio, mas este não o permitiu. Mas
a sua decisão estava tomada. Partiu, levando consigo poucos pertences, estava confiante que
encontraria facilmente emprego, já que tinha dado provas do seu trabalho e o nome da sua
família era conhecido e respeitado. Mas ao contrário do que esperava, não conseguiu os seus
intentos, pois todos os que o conheciam não queriam romper laços com o seu Tio.

Dadas as circunstâncias, Macário viu-se obrigado a vender os seus pertences, chegando ao


ponto de se encontrar com Luísa à noite para esta não reparar no seu estado de pobreza.

O amigo Peixoto fez-lhe uma proposta para servir em Cabo Verde. Iria aceitar. Pediu a Luísa
para ela esperar por si, e partiu.

Quando regressou, agora em condições favoráveis, pediu Luísa em casamente e foi aceite de
braços abertos pela mãe dela, iniciando-se aí o noivado.

Trabalhou arduamente para poder acumular riqueza e assim constituir uma família. Tudo
parecia correr bem.

Certo dia, Peixoto vem pedir-lhe para ser seu fiador no negócio que iria iniciar. Como tinha
sido este seu amigo a abrir-lhe as portas para o seu próspero recomeço, queria retribuir-lhe a
ajuda, tornando-se o seu fiador. Não contava com o infortúnio que se seguiria. Passados uns
meses, o seu amigo fugiria com a mulher de outro e a dívida teria que ser saldada por si.

Macário ficou falido. Adiou o casamento e tencionava regressar a Cabo Verde, após um convite
inesperado da antiga empresa que o tinha contratado.

Passando na rua, onde o seu Tio mantinha a morada, decidiu despedir-se deste. Foi recebido
pelo Tio, que sabendo da sua desgraça, mas reconhecendo o seu caráter, quis ajudá-lo a
reerguer-se e a constituir a sua família, sem entraves da sua parte.

Marcou o casamento para 1 mês depois.

Os dois noivos iniciaram os preparativos para o seu casamento. Num dia em que passeavam
juntos, Macário decidiu surpreender Luísa entrando numa ourivesaria para lhe oferecer um
anel de noivado. Depois de escolhido o anel, iam ambos a sair da loja, quando o caixeiro
reclamou o dinheiro do anel.

- Quando vier amanhã levantar o anel, pago. Respondeu Macário.

- Não é esse anel. É o que a senhora leva consigo. Acusou o caixeiro.

Luísa assustada entregou o anel ao noivo, que pagou e se retirou, afirmando ser engano.

Saíram da ourivesaria, Macário não queria acreditar no sucedido. Mas a realidade impunha-se.

Não iria casar-se com uma mulher indigna de si.

Partiu nessa mesma tarde para a província, e nunca mais soube daquela rapariga loira.

Bruno : caracterização do tempo e no espaço

Matilde: Personagens(descrever)
GUIÃO DE PORTUGUÊS

Andreia: Porquê o título “Singularidades de Uma Rapariga Loira”? As suas


particularidades/singularidades físicas (beleza), ocultavam a sua particularidade mais obscura
(roubos repetitivos).

“Cego mais cego é aquele que não quer ver.”

Em várias passagens do conto, a “particularidade” da rapariga loira é evidenciada, no entanto


é interpretada pelo Macário de outra forma. Vejamos:

(1) “Era um leque magnífico e naquele tempo inesperado nas mãos de plebeias de uma
rapariga vestida de cassa. Mas como ela era loura e a mãe tão meridional, Macário,
com intuição interpretativa dos namorados, disse à sua curiosidade: «Será filha de um
inglês». O inglês vai à China, à Pérsia, a Ormuz, à Austrália e vem cheio daquelas joias
dos luxos exóticos, e nem Macário sabia porque é que aquela ventarola de mandarina
o preocupava assim: mas segundo ele me disse — «aquilo deu-lhe no goto».”

O leque magnífico que supostamente não poderia pertencer a uma plebeia, é assumidamente
para Macário, uma herança de um pai inglês.

(2) “Porque enfim, meu caro, não era natural que elas viessem comprar, para si, casimiras
pretas.”

As casimiras pretas de certeza que não eram para senhoras tão distintas, o fim seria outro.

(3) “…não entendeu bem as recomendações do tio e a preocupação dos caixeiros sobre o
desaparecimento de um pacote de lenços da Índia. “

O desaparecimento dos lenços foi relevado para segundo plano, assim como as
recomendações do seu tio.

(4) “Mas, de repente, a peça, correndo até à borda da mesa, caiu para o lado do regaço
de Luísa, e desapareceu, sem se ouvir no soalho de tábuas o seu ruído metálico. O
beneficiado abaixou-se logo cortesmente: Macário afastou a cadeira, olhando para
debaixo da mesa: a mãe Vilaça iluminou com um castiçal, e Luísa ergueu-se e sacudiu
com pequenina pancada o seu vestido de cassa. A peça não apareceu.”

“Mas mentalmente estabeleceu que houvera uma subtração — e atribui-a ao beneficiado.


A peça rolara, decerto, até junto dele, sem ruído, ele pusera-lhe em cima o seu vasto
sapato eclesiástico e tachado, depois, no movimento brusco e curto que tivera, empolgara-
a vilmente.”

A peça de ouro tão valiosa que misteriosamente desapareceu numa sala com tanta gente, foi
subtraída pelo beneficiado.
GUIÃO DE PORTUGUÊS

Vemos assim que Macário, ao longo do conto, ignorou todas as situações que envolviam Luísa
em roubos sucessivos, dando-lhes interpretações erradas, dado que o seu amor por ela era
tanto, que o cegava da realidade.

Obra de Arte, porquê esta e não outra? No início do conto, é apresentada uma rapariga “fina,
fresca, loura como uma vinheta inglesa: a brancura da pele tinha alguma coisa de
transparência das velhas porcelanas”. Na pintura podemos observar as mesmas características
físicas da personagem.

O leque descrito no conto, como um primeiro indício de possível suspeita, aparece nesta
pintura, o que nos levou a escolhê-la.

Como curiosidade, ambas as obras datam do mesmo século, com poucos anos de diferença, o
que também nos pareceu interessante.

Matilde: Sobre o conto

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