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Não costumo me posicionar publicamente frente a esses assuntos, mas

vi a necessidade de me opor a um argumento seu que diz: “EU SOU A FAVOR


DA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO SIM! SOU CATÓLICA TAMBÉM! SIGO OS
ENSINAMENTOS DA MINHA IGREJA! ACREDITO EM DEUS DA MESMA
FORMA QUE VC QUE NÃO É A FAVOR! ISSO NÃO ME TORNA ATEU OU
UM MONSTRO!!”. Encontro em seu argumento, muitas contradições. Eis a
afirmação que me chamou a atenção, você diz ser católica e seguir os
ensinamentos da igreja, mas é a favor do aborto.

A Igreja Católica Apostólica Romana, a qual você diz pertencer, sempre


foi contra o aborto. Recordo aqui o que nos diz o Código de Direito Canônico,
no cânon 1398 “Quem procurar o aborto seguindo-se o efeito, incorre em
excomunhão latae sententiae”. Quem comete o aborto está fora da graça de
Deus. Olhando essa afirmação, é nítido notar sua contraposição em dizer que é
católica e segue os ensinamentos da igreja.

Um dos grandes argumentos que os abortistas defendem, inclusiva você


trouxe em sua publicação, é de que cada pessoa responde por sua
consciência, a liberdade do corpo. No entanto, a liberdade do corpo exige
consciência e baseado no Catecismo da Igreja Católica sobre o ato moral
(1730 – 1802), as questões são: O que é pecado? Quem forma nossa
consciência? Que direito tem a Igreja de intervir na consciência de um
indivíduo?
Argumentam que o Estado deve preservar o ser e a Igreja salvar a alma. Quem
disse que a Igreja só quer salvar almas? A Igreja quer salvar, em Cristo, o
“homem todo e todo o homem”. O homem na totalidade! Na ressurreição da
carne, o todo vai se salvar e não apenas a alma. Por isso, a Igreja pergunta:
quem forma a consciência? É um erro pensar que cada um, forma a sua
própria consciência.

São João Paulo II, em seu documento “Esplendor da Verdade”


(Conf.nº32), diz que o teu juízo, o teu sim, o teu não, não dependem só de
você. Existe uma instância maior, que tem o direito de, por mais que você
discorde, dizer que está errado. É a consciência moral, o juízo moral. Se o
pecado fosse subjetivo à pessoa, significaria dizer que depende da consciência
dessa pessoa dizer se isso é ou não pecado? Tanto o pecado quanto o moral
não são subjetivos. Isso não significa que você será o juiz dos seus atos.

Existe uma moralidade que forma a nossa consciência e essa lei natural
divina é que colocará diante de nós as afirmações: isso é errado ou é certo. A
nossa religião não é democrática. Estamos mal-acostumados ao pensar que
tudo no mundo é decidido pela democracia, mas o Catolicismo não
é democracia, a Igreja não é um “governo do povo”, mas uma instituição divina.
Deus disse a Moisés: “Amarás o senhor teu Deus”; “Não Matarás”. Ele não
promoveu uma assembleia para que o povo pudesse votar. A lei veio de Deus
para o homem. Deus revela, o homem aceita, ou não aceita. Existem
elementos na Igreja que nenhum papa pode mudar, porque foi revelado por
Deus. É o caso de: NUNCA se poderá abrir mão dos dez mandamentos.
Devemos ter noção do que é negociável e o que não é. Teologia, moral, lei
divina, lei humana, e a vida não são negociáveis!

E quem dá o direito da Igreja formar nossa consciência? A palavra e o


magistério. Magistério é quando a Igreja se pronuncia baseada na Palavra e na
sua tradução. Nós, cristãos, podemos não concordar, mas temos que assentir.
Isto é, concordar mesmo tendo incredulidades. O próprio catecismo da Igreja
Católica traz três regras para a escolha da nossa consciência:
1ª – Nunca é permitido praticar um mal para que resulte dele um bem. O fim
não justifica os meios. Essa frase, nós conhecemos mais.
2ª – Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. (Mt
7, 12).
3ª – A caridade respeita sempre o próximo e sua consciência: “Pecando contra
vossos irmãos e ferindo a sua consciência, pecais contra Cristo” (1Cor 8,12). “É
bom se abster de tudo o que seja causa de tropeço, de queda ou
enfraquecimento para teu irmão” (Rm 14,21) (CIC 1789).

Se a lei moral não é subjetiva, o que é que manda na nossa


consciência? O que deve formar a nossa consciência? A nossa religião é a
religião da Palavra. E é a Palavra que deve formar a nossa consciência.

Quando o Papa Francisco veio ao Brasil, falou algo muito sério: “Cuidado com
a liberdade individualizada, na concepção da vida ou na hora da morte”. O
conceito de uma consciência meramente individual nega a natureza do ser
humano. A liberdade não é fazer o que quer, a liberdade do homem é dom que
leva para a realização completa do ser humano em relação a Deus.

Outro argumento defendido pelos abortistas é de que o grande número


de abortos ilegais no Brasil é consequência da legislação proibir a prática, mas
se pensarmos desse modo, teríamos que descriminalizar também o homicídio,
que é causa de 60 mil mortes por ano.

“Deus, o Senhor da vida, confiou ao homem o nobre encargo de


preservá-la. Um encargo para ser exercido de maneira condigna com sua
condição humana. Por isso, a vida deve ser protegida com o máximo cuidado
desde a concepção. O aborto é crime nefasto!” (Gaudium et spes.51§3).

A vida humana deve ser respeitada e protegida desde o momento da


concepção. Para desconstruir o argumento de ser católica e seguir os
ensinamentos da Igreja, trago mais uma afirmativa: “O diagnóstico pré-natal é
moralmente lícito desde que respeite a vida e a integridade do embrião.
Qualquer atitude contrária que provoque o aborto é crime. Um diagnóstico
médico não pode ser como uma sentença de morte para o feto” (Novo
catecismo nº 2274). “Um diagnóstico de má formação do cérebro, dos pés, ou
qualquer outro problema não pode ser suficiente para se dar uma pena de
morte para o embrião”.(Gaudium et spes.51§3).

Esse comentário não é somente para contrapor o seu, mas também vale
de ensinamentos, para que você e outros que comungam das mesmas ideias,
vejam o que deve ser seguido quando se diz católico. Todo aquele que se diz
CATÓLICO e/ou CRISTÃO, deve defender a vida assim como Cristo defendeu.
Abraço fraterno!

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