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Autorretrato

O’Neill (Alexandre), moreno português,


cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada…)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O’Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
‘     Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se
‘     do que neste soneto sobre si mesmo disse…

Análise
Tema: autorretrato do sujeito poético, Alexandre de O’Neil, onde ele faz uma descrição física e
psicológica sobre si mesmo.

Estrofe: o poeta considera um soneto clássico. Poema com apenas uma estrofe composta por
14 versos, sendo considerado um poema de estrofe irregular (quando a estrofe ultrapassa de
10 versos)

Verso: não há regularidade métrica, tendo alguns versos de 11 a 13 sílabas métricas.

Rima: existem rimas cruzadas e emparelhadas, sendo o esquema rimático:


A/B/A/C/A/C/A/C/D/E/D/E/F/F

Recursos de estilo e sua expressividade:

“cabelo asa de corvo” v.2 – Metáfora

“a ferida desdenhosa e não cicatrizada” v.4 – Hipálage

“No amor?” v. 9 – Interrogação retórica

“No amor? No amor crê” v.9 – Anáfora

“Mas sofre de ternura” v.13 – Antítese


“ri-se/ do que neste soneto sobre si mesmo disse…” vv. 13-14 – Hipérbato

No presente poema O’Neil se “inspirou” num poema de Bocage denominado


Autorretrato também. Nestes dois poemas vemos a autocaracterização do sujeito
poético nos aspetos físicos, psicológico-moral e amoroso.

Estrutura Interna

 Poema pode dividir-se em três partes.

1. Parte (vv. 1 a 4, 6) Retrato físico do sujeito poético


 Moreno;

 Nacionalidade portuguesa;

 “nariguete” (nariz mal feito, torto, achatado) que aparece através uma
ferida não cicatrizada;

 Olhar triste

 Testa “iluminada”

 A partir de algumas destas características pode-se ver alguns aspetos


psicológicos como por exemplo o olhar que revela tristeza, a cara que
revela angústia, seu desdém pela ferida em seu rosto, etc.

 De acordo com algumas análises a “ferida desdenhosa” no v.4 demonstra


uma atitude de superioridade e desdém que o poeta possui por ele mesmo,
pelos outros e pelo país. O não curara da ferida pode demonstrar que essa
sua atitude não cessa.

2. Parte (vv.5-8) retrato psicológico (ou psicológico moral do poeta)


 Após descrever-se fisicamente, o poeta pretende descrever-se moralmente
" o retrato moral também tem os seus quês” v.7.

 A partir deste verso 7, pode-se concluir (insinuar) que sua vida não é tão
exemplar; revela falhas.


https://portugues-fcr.blogspot.com/2020/04/tema-o-autorretrato-do-
sujeito-poetico.html

https://b prezi.com/p/gj3r90qjsfxn/autorretrato-analise-de-um-poema/

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$retrato-(alexandre-o'neill)

http://mym-pt.blogspot.com/2009/10/auto-retrato.html

https://quizlet.com/pt/289624271/alexandre-oneill-flash-cards/

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