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Comunicação e Expressão I

Tec. em Gestão de Turismo


Profa. Andréa Lacotiz

Conteúdo do semestre:

1) Frase, oração e período p. 14


2) Termos essenciais da oração p. 16
3) Sujeito e predicado p. 17
4) Ordem direta e indireta p. 17
5) Tipos de sujeito p. 20
6) Pontuação p. 34
7) Discurso direto e discurso indireto p. 45
8) Gêneros discursivos e tipologias textuais p. 54
9) Sequência descritiva p. 85
10) Sequência narrativa p. 88
11) Relatório p. 92
12) Interdiscursividade e Heterogeneidade p. 96

Estudo dirigido:
Crase p. 07
Tempos verbais p. 03

Avaliações:
prova de conteúdo
produção de texto narrativo
prova de interpretação de texto

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Estudo dirigido:

A proposta pedagógica relativa ao estudo dirigido tem por


objetivo estimular a leitura, o estudo, a prática, a
autocorreção e, por fim, a autonomia universitária.

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______________ _______________________________________________________Profª Andréa Lacotiz

OS TEMPOS VERBAIS

Modo Indicativo

Presente

É comum definir-se o presente do indicativo como aquele que indica ações ou situações que
ocorrem no momento em que se fala ou se escreve. Além disso, o presente do indicativo pode
expressar processos habituais, regulares, ou aquilo que tem validade permanente. Observe os
exemplos:

Estou em São Paulo.


Não confio nele.
Tomo banho diariamente.
Durmo pouco.
Todos os cidadãos são iguais perante a lei.
A Terra gira em torno do Sol.

Ainda, o presente do indicativo pode ser usado para narrar fatos passados, emprestando-lhes
atualidade. Nesse caso, é chamado de presente histórico:

No dia 17 de dezembro de 1989, pela primeira vez em quase trinta anos, o povo brasileiro elege
diretamente o presidente da República. Iludida pelos meios de comunicação, a população não
percebe que está diante de um farsante. Mas a verdade não demora a chegar. O presidente-
atleta logo mostra quem é.

O presente também pode ser usado para referir-se a um futuro próximo:

Daqui a pouco a gente volta.


Embarco no próximo sábado.

É também usado para indicar uma ordem ou desejo, de uma maneira delicada e familiar:

Artur, agora você se comporta direitinho.


Depois vocês resolvem esse problema para mim.

Pretérito imperfeito

Esse tempo verbal possui várias aplicações. Pode ser usado para transmitir uma ideia de
continuidade, de uma circunstância que no passado era habitual ou frequente:

Estavam todos muito satisfeitos com o desempenho da equipe.


Entre os índios, as mulheres plantavam e colhiam; os homens caçavam e pescavam.
Naquela época, eu almoçava lá todos os dias.

Quando voltamos ao passado, procurando expressar algo que, então, era presente, utilizamos o
pretérito imperfeito:

Eu admirava a paisagem. A vida passava devagar. Quase nada se movia. Uma pessoa aparecia
aqui, um cão latia ali, mas, no geral, tudo era muito quieto.

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O pretérito imperfeito também se usa para exprimir um processo em desenvolvimento, quando da


ocorrência de outro:

O Sol já despontava quando a escola entrou na passarela.


A torcida ainda acreditava no empate quando o time levou o segundo gol.

Serve, ainda, para expressar delicadeza e cortesia:

Queria pedir-lhe uma gentileza.

Na fala coloquial, substitui o futuro do pretérito:

Se ele pudesse, largava tudo e ficava com ela.


(Se ele pudesse, largaria tudo e ficaria com ela.)
“Se eu fosse você, eu voltava pra mim.”
(Se eu fosse você, voltaria para mim.)

Pretérito perfeito

O pretérito perfeito simples expressa os processos concluídos e localizados, num momento ou


período definido do passado:

Em 1983, o campeão brasileiro da Segunda Divisão foi o Juventus.


O concerto foi encerrado às 20h.
Os primeiros italianos chegaram ao Brasil no século passado.

Processos que se repetem ou prolongam até o presente são expressos pelo pretérito perfeito
composto:

Tenho visto coisas em que ninguém acredita.


Os professores não têm conseguido melhores condições de trabalho.

Obs.: Preste atenção às diferenças de significado:

Quando o encontrava, ficávamos horas conversando. (Pret. imperf.)


Quando o encontrei, ficamos horas conversando. (Pret. perf.)

Tinha certeza de que não seria aprovado. (Pret. imperf.)


Tive certeza de que não seria aprovado. (Pret. perf.)

Pretérito mais-que-perfeito

O pretérito mais-que-perfeito expressa um processo que ocorreu antes de outro processo


passado:

Era tarde demais quando ela percebeu que ele se envenenara.

Pret. perfeito Pret. mais-que-perfeito

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Futuro do presente

Processos entendidos como certos ou prováveis são expressos pelo futuro do presente:

Será realizada amanhã a partida decisiva.


Estarei lá no próximo ano.
Jamais a terei ao meu lado.

Pode, ainda, exprimir dúvida ou incerteza em relação a fatos do presente:

Será Cristina quem está lá fora?


Ela terá atualmente trinta e cinco anos.

Para expressar a ideia de condição, o futuro do presente do indicativo se relaciona com o futuro
do subjuntivo:

Se tiver dinheiro, pagarei a vista.

Futuro do Subj. Futuro do presente do ind.

Se houver pressão popular, as reformas sociais virão.

Futuro do Subj. Futuro do presente do ind.

Futuro do pretérito

O futuro do pretérito expressa processos posteriores ao momento passado a que estamos nos
referindo:

Concluí que não seria feliz ao lado dela.


Muito tempo depois, chegaria a sensação de fracasso.

Além disso, utiliza-se para exprimir dúvida ou incerteza em relação a um fato passado:

Estariam lá mais de vinte mil pessoas.


Ela teria vinte anos quando gravou o primeiro disco.

Para expressar ideia de condição, o futuro do pretérito relaciona-se com o pretérito imperfeito do
subjuntivo:

Se ele quisesse, tudo seria diferente.

Pret. imperf. do subj. Fut. do pretérito do ind.

Viveria em outro lugar se pudesse.

Fut. do pretérito do ind. Pret. imperf. do subj.

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Modo subjuntivo

Presente

O presente do subjuntivo expressa processos hipotéticos, muitas vezes ligados ao desejo ou à


suposição:

“Quero que vá tudo para o inferno.”


Suponho que ela esteja em Roma.
Caso você vá lá, não deixe que o explorem.
Talvez ela esteja aqui amanhã.

Pretérito imperfeito

O pretérito imperfeito do subjuntivo exprime processos imprecisos, anteriores ao momento em que


se fala ou escreve:

Os baixos salários que o pai ganhava não permitiam que ele estudasse.
Fizesse sol ou chovesse, não dispensava uma volta no parque.

Esse tempo também se relaciona com os pretéritos perfeito e imperfeito do indicativo, sugerindo
hipótese:

Sugeri-lhe que não vendesse a casa.

Pret. perfeito ind. Pret. imperf. subj.

Esperava-se que todos aderissem à causa.

Pret. imperf. ind. Pret. imperf. subj.

Futuro

O futuro do subjuntivo indica fatos hipotéticos, ainda não realizados no momento da fala ou da
escrita.

Quando comprovar sua situação, será inscrito.


Quem obtiver o primeiro prêmio receberá bolsa integral.
Se ela for à Suíça, não quererá sair mais de lá.

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Crase
O que é imprescindível saber

Crase é uma palavra de origem grega e significa "fusão". Na gramática normativa, a crase
marca a fusão de dois sons iguais: assim, temos a + a = à.
Saber empregar a crase requer entender a sintaxe da língua portuguesa. Em um enunciado,
as palavras apresentam-se em uma certa ordem e uma complementa o significado da outra.
Veja o enunciado a seguir:
(1) Pedro comprou balas.
Quando estudamos sintaxe, aprendemos que 'Pedro' é o sujeito da frase, 'comprou' é o verbo,
e 'balas' é o complemento do verbo. Quanto ao significado, como se trata de uma frase verbal
(que contém verbo), podemos fazer perguntas ao verbo:
 Quem comprou? A resposta será 'Pedro'.
 O que ele comprou? A resposta será 'balas'.

Nesse sentido, o significado de uma palavra complementa o significado da outra. Em uma


outra construção, poderíamos ter:
(2) Pedro deu balas à sua melhor amiga.
Agora, teremos outras perguntas:
Quem deu? Resposta: 'Pedro'.
O que ele deu? Resposta: 'balas'.
A quem? Resposta: 'à sua melhor amiga'.
O estudo desse tipo de complemento de significado chama-se transitividade verbal. Um
verbo pode ser transitivo direto, transitivo indireto ou bitransitivo, isto é, ao mesmo tempo,
transitivo direto e indireto. No enunciado (1), 'comprou' é transitivo direto porque, na
sintaxe, a resposta à pergunta sugerida pelo verbo é dada sem auxílio de preposição: Pedro
comprou balas.
No enunciado (2), 'deu' é bitransitivo, porque exige duas respostas como complemento de
significado, sendo uma delas sem o auxílio de preposição e a outra com o auxílio de
preposição: Pedro deu balas (resposta sem preposição) à sua melhor amiga (resposta com
preposição). Vejamos outros exemplos, sempre atentos às perguntas e respectivas respostas
dos verbos:
(3) Conheço a diretora.
(4) Conheço o diretor.
(5) Refiro-me ao diretor
(6) Refiro-me à diretora.
Nos enunciados (3) e (4), a pergunta provocada pelo verbo é 'quem?'. Reparemos que, na
própria pergunta, a preposição pode ou não aparecer, pois, nos enunciados (5) e (6), teríamos

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'a quem se refere?' A resposta, em cada enunciado, é 'ao diretor', 'à diretora'. Vejamos com
atenção o tipo de resposta:
 ... ao diretor, temos a preposição a + o artigo o, ao;
 ...à diretora, temos a preposição a + o artigo a, aa - mas, como os sons são iguais,
ocorre a fusão, porque ninguém diz "Refiro-me aa diretora", diz "Refiro-me à
diretora", em que os dois sons a se fundiram e, na escrita, essa fusão é marcada
pelo acento grave (`).
Grande parte das ocorrências de crase, em um texto, é motivada pela transitividade verbal.
Contudo, o modo como utilizamos a linguagem, no dia a dia, é diferente do modo prezado
pela gramática normativa, que prescreve regras de uso da língua. Um exemplo, nesse sentido,
envolve o verbo 'assistir'. Na linguagem cotidiana, é possível dizer:
(7) Ontem, assisti o filme novo do Tarantino!
Na variante informal, esse enunciado é uma das possibilidades de comunicar algo. Na
variante padrão, entretanto, há uma regra segundo a qual o verbo 'assistir', por apresentar
mais de um significado, pode ou não exigir a preposição, e essa exigência está de acordo com
os sentidos que o verbo pode assumir: dentre outros, 'assistir' pode significar 'ver, presenciar',
mas também 'auxiliar, ajudar prestar assistência'. Assim, temos que:
 no sentido de 'ver, presenciar', o verbo 'assistir' exige a preposição 'a';
 no sentido de 'auxiliar, ajudar prestar assistência', não exige preposição alguma.

Logo, no enunciado, pela norma padrão da língua, devemos escrever:


(8) Ontem, assisti ao filme novo do Tarantino.
No enunciado (8), a palavra 'filme' é do gênero masculino, por isso é antecedida do artigo
masculino 'o', que se conecta à preposição 'a', ficando 'ao'. Se a palavra fosse do gênero
feminino, teríamos:
(9) Ontem, assisti à apresentação do coral da faculdade.
No enunciado (9), a palavra 'apresentação' é antecedida pelo artigo feminino 'a', que se funde à
preposição 'a', exigida pelo verbo, ficando 'à'. Percebemos, portanto, que preposição 'a' e
artigo masculino 'o' se conectam, e a preposição 'a' e artigo feminino 'a' se fundem. A essa
fusão, dá-se o nome de crase.
Muitas pessoas costumam dizer "a craseado", mas esse não é o modo adequado de se referir
à fusão. Dizemos simplesmente 'crase', 'há crase', 'não há crase'. Crase é o nome dado à
junção de dois 'a', representada pelo acento grave (`).
Além da transitividade verbal, a crase pode surgir em complementos nominais e em locuções
adverbiais, prepositivas e conjuntivas.
Complementos nominais são palavras ou expressões que completam o significado de um
substantivo ou de um adjetivo. Assim como ocorre com os complementos verbais, o
substantivo ou o adjetivo podem exigir uma preposição. Vejamos os enunciados abaixo:
(10) Eu tenho aversão ao namorado da minha amiga.
(11) Eu tenho aversão à namorada da minha amiga.
Nos enunciados acima, o substantivo 'aversão' exige a preposição 'a'. Em (10), a preposição
se conecta ao artigo masculino 'o'; em (11), a preposição se funde ao artigo feminino 'a'.

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Outros substantivos ou adjetivos exigem a preposição 'a':
 admiração a
 atentando a
 devoção a
 horror a
 obediência a
 ojeriza a
 respeito a
 acessível a
 acostumado a
 agradável a
 alheio a
 análogo a
 apto a
 benéfico a
 contemporâneo a
 preferível a
 prejudicial a
 contíguo a
 contrário a
 equivalente a
 propício a
 próximo a
 relativo a
 habituado a
 idêntico a
 insensível a
 necessário a
 nocivo a
 paralelo a
 semelhante a
Se o complemento de significado de qualquer um desses substantivos ou adjetivo for uma
palavra do gênero feminino, haverá crase na expressão. Contudo, não aconselhamos a
decorar listas! O aprendizado dessas regras ocorre por meio da constante reflexão, leitura
atenta e correção textual. É importante termos sempre um material disponível para consulta
e, quando for possível, se houver dúvidas, procurar saná-las pela reiteração do contato com
o assunto.
Dito isso, vejamos a ocorrência de crase em locuções adverbiais, prepositivas e
conjuntivas. Nos enunciados, certas expressões nem são sujeitos, nem complementam
verbos, nem complementam substantivos ou adjetivos. Essas expressões marcam ou um

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tempo, ou um modo, ou um meio de uma ação, de um estado, de um acontecimento.
Observemos os enunciados abaixo:
(12) As aulas iniciam-se às 9:25 min.
(13) O prédio ficava à esquerda da rua onde se encontrava.
(14) Saiu de casa às escondidas, pois não queria dar satisfação a ninguém.
Agora que sabemos o que é crase, basta ficar atentos aos lugares do enunciado onde ela
ocorre. Se atentarmos ao significado das expressões em que há crase, percebemos que 'às
9:25 min', 'às vezes' e 'às escondidas' complementam, de fato, o significado da frase como
um todo e indicam, respectivamente, um tempo, uma direção e um modo. As locuções são
bastante frequentes nos enunciados e por isso é preciso prestar atenção a essas ocorrências,
pois, muitas vezes, a ordem, somada à ausência de crase, cria frases que, tomadas ao pé da
letra, ficam sem sentido:
(15) As pressas saíram do evento.
Logo no início, vimos que, em geral, o sujeito de um enunciado ocorre antes do verbo,
embora a ordem possa ser diferente. Imaginemos que, no enunciado (15), pela posição, 'as
pressas' poderia ser o sujeito da frase! Assim, para marcar um significado diferente, ocorre a
crase que, nesse caso, indica o modo como pessoas saíram do evento: às pressas. O
enunciado, pela variante padrão, deve ser escrito:
(16) Às pressas, saíram do evento.
No enunciado (16) o uso da vírgula reforça a ideia de que 'às pressas' não é sujeito do verbo.
O sujeito fica implícito, pois é deduzível da conjugação na 3ª pessoa do plural.
Os conhecimentos compartilhados nesta seção jamais serão apreendidos se não forem
compreendidos, praticados, revisitados. Não se trata de decorar, mas de compreender e de
colocar em prática. As dúvidas podem surgir, mas é nesse momento que precisamos rever o
assunto.

Quando não ocorre crase


a) Antes de palavra masculina
Chegou a tempo.
Vieram a pé.
Explicação: 'a tempo' e 'a pé' indicam o modo como ocorreu a ação, mas as palavras que
compõem as expressões são do gênero masculino (tempo, pé).
b) Antes de verbo
Ele começou a trabalhar.
Começo a partir daí.
Explicação: diante de verbo, não ocorre artigo; assim, temos a preposição exigida, mas não
há artigo com o qual poderia haver fusão.
c) Antes de artigo indefinido

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Refiro-me a uma pessoa educada.
Explicação: embora haja a preposição exigida pelo verbo, antes do substantivo 'pessoa'
ocorre artigo indefinido 'uma', não o artigo definido 'a'.
d) Antes de expressão de tratamento
Entrego a Vossa Senhoria um documento para sua apreciação.
Ofereço a você toda a minha solidariedade.
Explicação: embora haja a preposição exigida pelo verbo, antes dos pronomes de tratamento,
não ocorre artigo indefinido.
e) Antes dos pronomes demonstrativos
Com suas atitudes, concedeu a esta instituição todo o seu valor.
Entregamos a essa escola todos os livros adquiridos.
Explicação: embora haja a preposição exigida pelo verbo, antes dos pronomes
demonstrativos, não ocorre artigo indefinido.
f) Antes dos pronomes pessoais
Ofereceu a ela um auxílio-moradia.
O assunto não diz respeito a mim.
Explicação: ainda que o verbo exija a preposição ('ofereceu a') ou ela componha a locução
('respeito a'), diante de pronomes pessoais não ocorre artigo definido.
g) Antes de pronomes indefinidos
Obedece a qualquer pessoa que com ele fale mais alto.
Bom dia a todos.
Explicação: ainda que o verbo exija a preposição ('obedece a') ou ela componha a locução ('a
todos'), diante de pronomes indefinidos não ocorre artigo definido.
h) Quando, após a preposição, a palavra ou expressão vier no plural
Falei a pessoas curiosas.
Explicação: o verbo exige a preposição 'a', mas o substantivo 'pessoas' não é precedido de
artigo; se fosse, estaria no plural, 'as pessoas'. É possível dizer "Falei às pessoas curiosas",
mas o significado, nesse caso, é distinto da outra frase. Na primeira frase, não se determina
com quais pessoas se fala; na segunda, o fato de haver artigo que precede 'pessoas' cria uma
especificação. Comparemos com outra frase: 'Ele é o melhor"; 'o melhor' tem o sentido de
ser único, exclusivo, situação diferente de dizer 'Ele é melhor'. A presença ou a ausência do
artigo definido resultam em significados diferentes.
i) Quando, antes do a (artigo), vier uma preposição
Compareceu perante a direção.
Explicação: o verbo 'compareceu' exige a preposição 'perante', não a preposição 'a'. Nessa
frase o 'a' de 'a direção' é artigo definido.

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j) Com expressões repetitivas
Gota a gota.
Cara a cara.
Explicação: nessas expressões, não ocorre artigo definido. Isso fica muito claro quando
compomos a expressão com uma palavra do gênero masculino: Trabalhava de sol a sol. 'Sol'
é substantivo masculino, mas na expressão o artigo não ocorreu.
k) Com locuções adverbiais de meio ou de instrumento.
Escreveu as respostas a caneta. (compare com 'Escreveu as respostas a lápis')
A pizza foi assada em forno a lenha. (compare com 'A pizza foi assada em forno a gás')
O ônibus é movido a gasolina. (compare com 'O ônibus é movido a diesel')
Pagamos a casa a vista. (compare com 'Pagamos a casa a prazo)
Explicação: como ocorre nas expressões repetitivas, o artigo não está presente nessas
locuções. Isso fica evidente, quando se compara o mesmo tipo de locução composta de
substantivo masculino, como lápis, gás e diesel.
l) Diante de nome de cidade
Vou a Americana.
Foi a Bauru no último feriado.
Explicação; diante de nome de cidade, não ocorre artigo definido. É preciso observar que
isso acontece também com alguns nomes de países, 'Vou a Portugal', mas não de outros,
'Vou à Argentina"; assim como também ocorre com estados, "Vou à Bahia", mas "Vou a
Santa Catarina".
m) Diante da palavra distância, quando não houver especificação
Ele optou por fazer a faculdade a distância.
O ensino a distância tem crescido no Brasil.
Explicação: diante da palavra 'distância', nesses casos, não há especificação da proximidade,
por isso não ocorre artigo definido. Caso haja essa especificação, ocorre artigo, portanto
ocorre crase: O nevoeiro era tão denso que não era possível enxergar nada à distância de
meio metro. Aqui existe especificação do quanto é a distância, por isso, há artigo e há crase.
Em todas as situações acima, partimos do mesmo raciocínio: é preciso haver a fusão de dois
sons 'a'; para saber se há esses dois sons, é preciso verificar se algum elemento do enunciado
exige preposição e se a palavra que complementa o significado desse elemento ou que
compõe o significado de uma expressão é do gênero feminino e diante dela ocorre artigo.
Sem esse modo de raciocinar, o assunto cai na 'decoreba' e nada é aprendido.

Outras observações

O uso da crase é facultativo diante de nomes próprios e de pronomes possessivos:

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(1) Dirigi-me à Vanessa ou Dirigi-me a Vanessa.
(2) Referi-me à sua prima ou Referi-me a sua prima.
Nos enunciados (1) e (2), ambas as construções são corretas do ponto de vista normativo.
Existe o entendimento de que antes de nomes próprios ou de pronomes possessivos, o uso
do artigo é facultativo.
Ainda, precisamos observar quando as palavras estão implícitas, para que não haja repetição:
(3) Esta religião é semelhante à dos hindus.
No enunciado acima, lê-se 'Esta religião é semelhante à religião dos hindus', mas é comum
não repetir palavras em enunciados. A crase, então, serve para marcar a ideia, apesar da
ausência da palavra.
Em certos pronomes demonstrativos, a crase deve ser empregada quando a expressão for
complemento verbal ou complemento de um substantivo ou de um adjetivo:
(4) Entregamos a mercadoria àquela vendedora.
(5) Entregamos a mercadoria àquele vendedor.
Nos enunciados acima, o 'a' preposição se funde com o 'a' inicial dos pronomes 'aquela',
'aquele'. É preciso observar que, nesse caso, é indiferente que o pronome seja masculino ou
feminino, pois a fusão se dá pelo som.

Para saber mais, acesse:

vídeo-aula sobre regência

vídeo-aula sobre crase

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}6 ntlo 1 o mesmo, quebr.ova-se esta; ouviu o canto da sereia.
(c. o. OE .v.o~ot)

Quando íalla um desses verbos declarativos, cabe ao contexto e


a. recursos gráficos - tais como os dois·pontos. as aspas. o traves·
são e a mudança de linha - a função de indicar a fala do persona·
gem. É o que observamos nesta passagem.
O amigo abraçou-o. E logo recuou com certo espanto: - O
seu chapéu, Zé '•~aria?
- Ah. não uso mais! ...
- Felizafdo! {A. M. t.Vi!11A00)

2. No plano exprt$$ivo, a força da narra~o em discurso direto pro·


vêm essencialmente da sua capacidade de atualizar o episódio, fazendo
e1nergir da situação o personagem, tomandoTo vivo para o ouvinte. â
maneira de uma cena (eatral, em que o narrador desempenha a mera
função de indicador das falas.
Dai ser esta a forma de relatar preferentemente adotada nos
atos diários de comunicação e nos estilos literários narrati·
vos em que os autores pretendem representar diante dos que
leem "a comêdia humana.. com a maior naturalidade possível".
(!. zov.)

DISCURSO INDIRETO
Tomemos como exemplo esta frase de MACHADO OE Assis:
Josê Dias deixou-se estar catado, suspirou e acabou contes·
sando que ntlo era mldlco.

Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso dire-


to, o narrador (MACHADO OE ASSIS) incorpora aqui, ao seu próprio falar. uma
Informação do personagem (iost otAS), contentando·se cm trans1nitir ao
leitor apenas o conteúdo, sem nenhum respeito à forma linguística que
teria sido realmente empregada.
Este processo de reproduzir enunciados chama·se discurso Indireto.

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18 OISCUltSO ouno, DISCURSO •DIRETO E DISCURSO •DIRETO llVRl 1351

Características do discurso indireto


1. No plano formal. verific.a·se que, Introduzidas também por um
veibo declarativo (dizer, oflfmor, ponderar. confessor, responder, etc),
as fa la.$ dos personagens apare<::em, no entanto, numa oração subordi·
nada substantiva, em geral desenvolvida:
Oisse·me ele que sentiu uma verdadeira transfiguração da
realidade. V.. "· u~VI)
Nestas orações, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjunção
integrante:
Como supunha fôssemos ter ainda uma quinzena de atividade
e pudéssemos esgotar o programo, demorara-me alguns dias
em Machado e Eça. (c. cos .wos)

2. No plano expresslvo, assin~te-se, em primeiro lugar, que o em-


prego do discul"$0 indireto pressupõe um tipo de relato de caráter pre·
dominantemente informativo e intelectivo, sem a feição teatral e atua·
lb:adora do di$c.urso diréto. O narrador subo1dina a si o per·sonagem,
vislo que lhe retira a forma pr6pria da expressão.

Transposição do discurso direto para o indireto


1. Do <::onfronto destas duas frases:
- fá é noite, diz Chico das Bonecas. (AOOllAS ra.1t0)
Chico das Bonecas disse que Já era noiie.

verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos


ctcme-ntos do enundado se modificam, por acomodação ao novo mo ld~
slntâ1lco.
2. As principais transposições que ocorrem são:

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O!SCUIRSO O!~rTO tl«SCUltSO !llO!ltETO

Q) ~n1:-n<i..dt.> em 1' ou ~m z• pe-;so;a:: o) i?n"1!<i<'do ~m 1· pess<.1<1::


O motorista tl?$90ndeu-llK! baWnho: O motorista 111spond11u-llt~ baixinho
- tu sei. (e. o. oi M-OV>ili) (!ue ele sabia.
- fu((1$fl! com o 01. ~sis B1i1t:il? - Rc.xlrigo 1>1:1gtm1ou $e (o!h:J hmd<J /<Jfu·
(>l:t~ur.l<.m Rod1igo. (t. \1J11s-m11) dQ 'ºm o Dt. fts(;i:; 8';,asil,
b) verbo enunciado no l'!l:fSEMt: b) verbo enunciado no n::t!MO 1w.>a11mo:
- O nlajo< é um filósofo, diSse ele Disse eli! (Oni ma!íeia que o ml!:jt>f e10
ooni malfci:i. (t. t.>U1uc) uni filósofo.
í) "eibo enur.tiodo no ?'!ft;,10 PH!mo: () \lttbo enu1'Citldo 110 1'1.110110 IOóS••OUI•
~plkou pata cu1iosidade de todos.: >l'O!Oi'O:
- C1Ul11wu pelo 1rrnao. (o. !l: 1m~ Explkou para (urlos!dade de todos que
tir.ho thQmQr!q pelo i rm~o.
<fJ vcr'O<.I ~nunciado nQ n.r11,1;Q oo P't'S(lllc d) vclt:lo C'n\1nçi;ido nc.> flllUl'O r.o Plf:l{1m;:
- voUorel domlnço - dlsst. Disse que >'Olto:ki domingo.
(.>b~11~<; 111113}

"' \~1bo no ltQUO IW'll'Afrl'Ç: d ~·t1bo no N(ltll> w11.1>1111•'0:


- +Vfio (<t;;<Js esc.ilndalo - disse a Disse il ot11ra que 1160 /Ilesse
outra {o-. UMS) escândalo.
h enu.'l(iado em forma 111t1~11w+ oo:t!•.t: h enunciado em forma 111ttltWlc..r.11w111101tut.:
QuartSll'\3 pe-rgtmtou: Qu;;i!t'Sma pe;gu.ntou oomo iQ (1 fom1l'io.
- C()ll"l.o "ª;
<1 {cmílju? (i... eAAArro)
g) p1ooome demonstrativo de 1• (fsle. g) prGt1ome defl')()nstra:lvo de J' pessoa
esto. isto) ou de 2• pessoa (esse. essa. (aquele. oque!a, OQüllo):
ruo):
- Isso é um nómero muito compri do. Cesária 1esponde:u que oquilo era um
respondeu (~ária. n(lrnero muito (Omprido.
h) 11d·d!1bio de lugaf oqvi: h) ~dvêfbio de luga1ali:
- Aq11i ilmilnhe«> muito claro - dis~ Disse Sales que Qf; """ilnhecia: mui to
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DISCURSOS DIRETO E INDIRETO ATIVIDADES

1 - Passe para o discurso indireto:


A) “Dona Benta, indiscreta, perguntou ao forasteiro:
- É o senhor o hóspede que se fantasiou de fantasma durante a festa?”
B) “A senhora acha que um dia eu vou casar?”
C) O advogado afirmou: “eu dificultei a prova, porque sou contra ela”
D) O advogado asseverou: “O teste do bafômetro não é prova contra mim”
E) “– Me dá esse papel aí”
F) “– Rodrigues, vá até o galpão, procure a ferramenta que perdeste e volta com ela na mão.”

2) Leia o período: "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu”. Considerando a
possibilidade de várias organizações sintáticas para os períodos compostos, assinale a alternativa
em que não há alteração de sentido em relação ao período indicado:

(A) Quando chegamos à porta do Ateneu, meu pai disse-me que lá eu precisaria encontrar o mundo.
(B À porta do Ateneu, meu pai disse-me que lá eu teria de encontrar o mundo.
(C) Disse-me meu pai, à porta do Ateneu, que somente lá eu encontraria o mundo.
(D) Meu pai disse-me, à porta do Ateneu, que lá eu encontraria o mundo.
(E) Ao chegarmos à porta do Ateneu, meu pai orientou-me para que lá eu encontrasse o mundo.

3) ‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro.”


Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma verbal
correspondente a “gostara” seria
(A) gostasse.
(B) gostava.
(C) gostou.
(D) gostará.
(E) gostaria.

4) Leia o trecho abaixo:

“A mulher havia-se sentado defronte dele, enquanto ele toma o café.


– Vai nos deixar ainda sem leite...”

Assinale a alternativa que substitui o discurso direto pelo discurso indireto, sem que ocorram
infrações da norma culta.

(A) A mulher nos disse que o leiteiro lhes deixaria sem leite.
(B) A mulher o disse que o leiteiro ainda lhes irá deixar sem leite.

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DISCURSOS DIRETO E INDIRETO ATIVIDADES

(C) A mulher diz-lhe que o leiteiro ainda deixaria eles sem leite.
(D) A mulher lhe disse que o leiteiro ainda iria deixá-los sem leite.
(E) A mulher disse-lhe que o leiteiro ainda nos deixará sem leite.

5) Observe a frase a seguir:


“A fúria do jovem parecera incontrolável, e ele disse que derrubaria a porta, que jamais o deteriam
ali.”
Assinale a alternativa que indica a melhor transformação do discurso indireto do texto em discurso
direto:
(A) Derrubarei a porta, jamais me prenderão aqui.
(B) Derrubaria a porta, jamais me prenderiam aqui.
(C) Derrubarei a porta se me prenderem aqui.
(D) Derrubaria a porta se me prendessem ali.
(E) Derrubarei a porta, jamais me prenderão ali.

6) Assinale a alternativa em que se realizou corretamente a transposição das falas do segundo e


terceiro quadrinhos do discurso direto para o indireto.

1. O peixe afirmou que alguém havia colocado aquela minhoca lá e que ela estava lá por algum
motivo.
2. O peixe afirmou que alguém colocara aquela minhoca lá e que ela estaria lá por algum motivo.
3. O peixe afirmou que alguém houvera colocado aquela minhoca lá e que ela estava lá por algum
motivo.
4. O peixe afirmou que alguém tinha colocado aquela minhoca lá e que ela está lá por algum
motivo.
5. O peixe afirmou que alguém teria colocado aquela minhoca iá e que ela estaria lá por algum
motivo.

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DISCURSOS DIRETO E INDIRETO ATIVIDADES

1 - Passe para o discurso indireto:


A) “Dona Benta, indiscreta, perguntou ao forasteiro:
- É o senhor o hóspede que se fantasiou de fantasma durante a festa?”
Dona Benta, indiscreta, perguntou ao forasteiro se era ele o hóspede que se fantasiara de fantasma
durante a festa.

B) “A senhora acha que um dia eu vou casar?”


Ela perguntou se a outra achava que um dia se casaria

C) O advogado afirmou: “eu dificultei a prova, porque sou contra ela”


O advogado declarou que havia dificultado a prova, porque era contra ela.

D) O advogado asseverou: “O teste do bafômetro não é prova contra mim”


O advogado disse que o teste do bafômetro não era prova contra si.

E) “– Me dá esse papel aí”


Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.

F) “– Rodrigues, vá até o galpão, procure a ferramenta que perdeste e volta com ela na mão.”
Disse a Rodrigues que fosse até o galpão, procurasse a ferramenta que perdera e voltasse com ela na
mão.

2) Leia o período: "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu”. Considerando a
possibilidade de várias organizações sintáticas para os períodos compostos, assinale a alternativa
em que não há alteração de sentido em relação ao período indicado:
(A) Quando chegamos à porta do Ateneu, meu pai disse-me que lá eu precisaria encontrar o mundo.
(B À porta do Ateneu, meu pai disse-me que lá eu teria de encontrar o mundo.
(C) Disse-me meu pai, à porta do Ateneu, que somente lá eu encontraria o mundo.
(D) Meu pai disse-me, à porta do Ateneu, que lá eu encontraria o mundo.
(E) Ao chegarmos à porta do Ateneu, meu pai orientou-me para que lá eu encontrasse o mundo.

3) ‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro.”


Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma verbal
correspondente a “gostara” seria
(A) gostasse.
(B) gostava.

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DISCURSOS DIRETO E INDIRETO ATIVIDADES

(C) gostou.
(D) gostará.
(E) gostaria.

4) Leia o trecho abaixo:


“A mulher havia-se sentado defronte dele, enquanto ele toma o café.
– Vai nos deixar ainda sem leite...”
Assinale a alternativa que substitui o discurso direto pelo discurso indireto, sem que ocorram
infrações da norma culta.
(A) A mulher nos disse que o leiteiro lhes deixaria sem leite.
(B) A mulher o disse que o leiteiro ainda lhes irá deixar sem leite.
(C) A mulher diz-lhe que o leiteiro ainda deixaria eles sem leite.
(D) A mulher lhe disse que o leiteiro ainda iria deixá-los sem leite.
(E) A mulher disse-lhe que o leiteiro ainda nos deixará sem leite.

5) Observe a frase a seguir:


“A fúria do jovem parecera incontrolável, e ele disse que derrubaria a porta, que jamais o deteriam
ali.”
Assinale a alternativa que indica a melhor transformação do discurso indireto do texto em discurso
direto:
(A) Derrubarei a porta, jamais me prenderão aqui.
(B) Derrubaria a porta, jamais me prenderiam aqui.
(C) Derrubarei a porta se me prenderem aqui.
(D) Derrubaria a porta se me prendessem ali.
(E) Derrubarei a porta, jamais me prenderão ali.

6) Assinale a alternativa em que se realizou corretamente a transposição das falas do segundo e


terceiro quadrinhos do discurso direto para o indireto.

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DISCURSOS DIRETO E INDIRETO ATIVIDADES

1. O peixe afirmou que alguém havia colocado aquela minhoca lá e que ela estava lá por algum
motivo.
2. O peixe afirmou que alguém colocara aquela minhoca lá e que ela estaria lá por algum motivo.
3. O peixe afirmou que alguém houvera colocado aquela minhoca lá e que ela estava lá por algum
motivo.
4. O peixe afirmou que alguém tinha colocado aquela minhoca lá e que ela está lá por algum
motivo.
5. O peixe afirmou que alguém teria colocado aquela minhoca iá e que ela estaria lá por algum
motivo.

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Efeito Fases
Sequência descritiva
Fazer o destinatário ver Tematização
minuciosamente elementos de Aspectualização
um objeto do discurso, segundo Relação
a orientação dada a seu olhar Expansão
pelo produtor.

FAMÍLIA
é a menos autônoma; Três meninos e duas meninas,
não obedece a uma ordem fixa; sendo uma ainda de colo.
tem por função transmitir as propriedades do A cozinheira preta, a copeira mulata,
objeto ou dos seres. o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de horta
e a mulher que trata de tudo.

A espreguiçadeira, a cama, a gangorra,


A sequência texual equivale a uma fotografia, pois o cigarro, o trabalho, a reza,
a presença quase exclusiva de frases nominais a goiabada na sobremesa de domingo,
implica estaticidade. o palito nos dentes contentes,
o gramofone rouco toda noite
e a mulher que trata de tudo.

O agiota, o leiteiro, o turco,


o médico uma vez por mês,
o bilhete todas as semanas
branco! mas a esperança sempre verde.
A mulher que trata de tudo
e a felicidade.

(Carlos Drummond de Andrade)

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Suspendamos a pena e vamos à janela espairecer a memória. A presença de verbos não é suficiente para categorizar
Realmente, o quadro era feio, já pela morte, já pelo defunto, que era como narrativa uma sequência textual, pois o que define,
horrível... Isto aqui, sim, é outra coisa. Tudo o que vejo lá fora respira essencialmente, a categoria descritiva é a função de
vida, a cabra que rumina ao pé de uma carroça, a galinha que marisca fazer ver. Para Wachowicz (2010), a narrativa se define
no chão da rua, o trem da Estrada Central que bufa, assobia, fumega e por "fatos ordenados no tempo com o envolvimento de
passa, a palmeira que investe para o céu, e finalmente aquela torre de personagens" e a sequência descritiva envolve "o
igreja, apesar de não ter músculos nem folhagem. Um rapaz, que ali levantamento de propriedades qualificativas (...) muito
no beco empina um papagaio de papel, não morreu nem morre, posto mais do que fatos reais sucessivos que ocorrem no
também se chame Manduca. (Machado de Assis, Dom Casmurro) mundo perceptível".

ancoragem objeto imediatamente denominado.


Tematização o objeto descrito é denominado. ancoragem diferida a denominação ocorre após a descrição.
reformulação o objeto, após ser denominado, ocorre uma nova
denominação.

fragmentação selecionam-se partes do objeto para descrição.


Aspectualização descrição de aspectos, de suas
propriedades e de suas partes.
qualificação destacam-se características do todo.

contiguidade o objeto é visto situado em relação ao espaço


Operações de apoio nas características do e ao tempo de um outro objeto.
relação objeto descrito em relação a outro.
analogia o objeto é descrito de forma comparativa ou metafórica
em relação a outros objetos do discurso.

a descrição é ampliada por meio


Operações de da adição de uma operação à
expansão operação anterior, ocorrendo
a subtematização.

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Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. Antes disso, porém,
digamos os motivos que me põem a pena na mão.
Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de
propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas Tematização casa.
vá lá. Um dia, há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a por ancoragem
casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo
aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor Aspectualização partes são selecionadas,
entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, por fragmentação como janelas, varanda,
três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na pintura, etc.
principal destas, a pintura do teto e das paredes é mais ou menos igual, umas
grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as tomam nos bicos, de Operação de relação nos comentários, sabemos
espaço a espaço. Nos quatro cantos do teto as figuras das estações, e ao por contiguidade que a casa seguia o de
centro das paredes os medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, com outras casas.
os nomes por baixo... Não alcanço a razão de tais personagens. Quando
fomos para a casa de Matacavalos, já ela estava assim decorada; vinha do
decênio anterior. Naturalmente era gosto do tempo meter sabor clássico e
figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também análogo e
parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e Operação de expansão teto e paredes
lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como outrora, há
aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é
ruidosa. (Machado de Assis, Dom Casmurro)

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Efeito Fases
Sequência narrativa
Manter a atenção do destinatário, situação inicial
estabelecendo uma tensão e uma complicação (conflito)
subsequente resolução. reação ou avaliação
desenlace ou resolução
situação final

fatos reais ou imaginários


sucessão de eventos ou ações
temporalidade
agentes sucessão de eventos

unidade temática - vivência da morte do pai

GARE DO INFINITO
as mudanças ou transformações
(Memórias sentimentais de João Miramar) de Oswald de Andrade

Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro o processo - o pai doente, a morte, a mudança de
ficava esperando no jardim. casa, a reza.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para
a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela. a intriga - a separação momentânea entre a mãe e o
filho
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me buscar
para a reza do Anjo que carregou meu pai.

Unidade temática:
garantida pela
omissão de
acontecimentos
entre os eventos
narrados

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Condições para a construção de uma narrativa (Wachowicz, 2010):

a) sucessão de eventos no tempo, marcada pela transformação de predicados organizados em relação de causalidade;
b) existência de, ao menos, uma personagem antropomorfa (representação estilizada da figura humana) envolvida nos eventos;
c) uma organização de acontecimentos, que incluem um conflito, orientada para uma resolução;
d) um juízo de valor ou moral (ideologia de mundo);
e) a verossimilhança, fato imprescindível para o leitor acreditar na plausibilidade da história.

enunciado (momento em que ocorrem as ações e os eventos)

tempo

enunciação (momento em que se narra)

matéria-prima da narrativa
para estabelecer a sequência -
cronológica ou não -
dos eventos e ações

"Vadinho o primeiro marido de Dona Flor, morreu num domingo de carnaval, pela manhã, quando, fantasiado de baiana, sambava num bloco, na
maior animação, no Largo Dois de Julho, não longe de sua casa. Não pertencia ao bloco, acabara de nele misturar-se, em companhia de mais quatro
amigos, todos com traje de baiana, e vinham de um bar no Cabeça onde o uísque correra farto à custa de um certo Moysés Alves, fazendeiro de
cacau, rico e perdulário." (Jorge Amado, Dona Flor e seus dois maridos)

Os tempos verbais - pretérito perfeito, pretérito


imperfeito e pretérito mais-que-perfeito - marcam o
tempo do enunciado e, simultaneamente, evidenciam
o tempo do narrador, que, estando no presente, situa
os eventos no passado.

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Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas
vá lá. Um dia, há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Mata-cavalos, dando-lhe o mesmo
aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. (...). (Machado de Assis, Dom Casmurro)

Enunciação - presente
Enunciado - passado

Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas
alcovas e salas. Na principal destas, a pintura do tecto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as
tomam nos blocos, de espaço a espaço. Nos quatro cantos do tecto as figuras das estações, e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto,
Nero e Massinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço a razão de tais personagens. Quando fomos para a casa de Mata-cavalos, já ela estava assim
decorada; vinha do decênio anterior. Naturalmente era gosto do tempo meter sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também
análogo e parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como
outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa.
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui.
Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde;
mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas
conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não agüenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os
estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. (Machado de Assis, Dom Casmurro)

Sequência descritiva
Sequência opinativa

Uma sequência textal é predominante em


certos gêneros, o que não significa dizer
Tempo, modo e aspecto verbais:
que seja exclusiva. Predominam marcadores temporais e auxiliares
aspectuais.
Situação inicial e final são,
frequentemente, marcadas por descrições. Os aspectos durativo, iterativo e pontual são
mais frequentes (TRAVAGLIA, 2016).
Em crônicas, em relatos históricos, não há
conflito. Prevalecem os modos indicativo (certeza) e
subjuntivo (probabilidade) (TRAVAGLIA, 2016).

O tempo passado tem função retrospectiva e o


tempo presente, de relevo. 90
Um cão farejador, da raça Bloodhound, foi condecorado na noite de ontem por coragem e bravura na Câmara Municipal de São Paulo. Ele auxiliou nas
investigações de pessoas desaparecidas e está prestes a se aposentar.
Essa é a primeira vez que o Legislativo paulistano homenageia um cão. Além do cachorro Bruno, 20 adestradores foram condecorados.
O animal, de oito anos, faz parte da equipe da Polícia Civil que atua no trabalho de buscas. Bruno ajudou nas investigações da morte do executivo
americano David Benjamin Sommer, em janeiro. Ele farejou o sangue da vítima em uma casa de prostituição no centro, o que resultou na prisão do
suspeito do crime.
De origem belga, a raça Bloodhound é conhecida por farejar rastros humanos a longas distâncias.
Segundo a polícia, Bruno é o veterano de um total de seis cachorros que foram treinados para detectar materiais explosivos, buscar pessoas
desaparecidas e localizar cadáveres.
A homenagem é uma iniciativa do vereador Nelo Rodolfo (PMDB-SP). A intenção é usar o cão como um símbolo de outros cachorros que foram
importantes para solucionar casos policiais. Bruno receberá uma medalha e um diploma na cerimônia.
Com a aposentadoria, o cão irá permanecer com sua dona, a adestradora que o treinou (Metro, São Paulo, 13 maio 2015, p. 4).

Sequência descritiva
Sequência expositiva
O ADIVINHO

Um adivinho montara sua banca numa praça e começou a ficar rico.


Mas, de repente, alguém veio lhe dizer que haviam forçado as portas
de sua casa e tinham-lhe roubado tudo. Transtornado, ele se levantou
dum pulo só e, lamentando-se, correu até a casa para ver o que tinha SITUAÇÃO
acontecido. Um dos que se encontravam lá disse-lhe impertinente:
- Como é que é, amigo! Ficas te vangloriando de prever o destino dos INICIAL
outros e não prevês o teu?
Muita gente se acha capaz de dirigir os negócios dos outros quando CONFLITO
não é capaz de dirigir os próprios.(Esopo)
REAÇÃO

RESOLUÇÃO

MORAL

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KÖCHE, V.S.; BOFF, M. B.; PAVANI, C.F. Prática textual: atividades de leitura e escrita. Petrópolis: Vozes, 2017.

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A NOÇÃO DE TEXTO: Interdiscursividade e heterogeneidade

O que há de comum entre os textos?

PABLO, Picasso. Dom Quixote, 1955. BENETT, Folha de S. Paulo, 7 set. 2017, p. A2.

Creio que os homens continuarão pensando em D. Quixote porque, no fim das contas, há uma coisa que
não queremos esquecer: uma coisa que a vida nos dá de quando em quando, e que às vezes nos tira, e
essa coisa é a felicidade. E, apesar dos muitos infortúnios de D. Quixote, o sentimento final que o livro
nos passa é de felicidade. Sempre penso que uma das coisas felizes que me aconteceram na vida foi ter
conhecido D. Quixote.
BORGES, Jorge Luis. Texto de quarta capa do livro O engenhoso cavaleiro D. Quixote de La Mancha
– Segundo livro. São Paulo: Editora 34, 2007.

O que é texto?

DEFINIÇÃO
Texto é um produto cultural que transmite um sentido por meio de uma expressão qualquer. Os textos
são criações humanas, logo, são produtos culturais elaborados por um sujeito e destinados a outros
sujeitos.
São, portanto, objetos de comunicação.
Há duas características que se complementam: um todo de sentido e um objeto de comunicação entre
sujeitos.
Por ser um produto cultural, os textos reproduzem as crenças e as ideologias da sociedade em que foram
produzidos.
Isso significa que o texto é marcado pela historicidade.

EXPRESSÕES
Palavras – textos verbais Imagens – textos não verbais
Palavras e imagens – textos verbais e não verbais

PLANOS DO TEXTO O texto resulta da superposição de dois planos: um sentido e uma expressão.

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Interdiscursividade

A ideia de autonomia absoluta em um texto é improcedente. Todo texto, escrito ou falado, dialoga com
outros textos.
Chama-se de intertextualidade a relação que um texto guarda com outro, a que se dá o nome de intertexto
ou texto fonte.

Os discursos produzidos inserem-se em outros discursos mais amplos, sócio-historicamente constituídos.


Desse modo, o discurso produzido por alguém se inscreve em um conjunto de enunciados, que mantêm
entre si uma relação de identidade.
Por isso, fala-se de discurso científico, discurso religioso, discurso político, discurso literário etc.

Monofonia (mono: uma, fonia: voz) Um discurso monofônico é aquele em que o enunciador apaga a
voz do outro. Por exemplo, um discurso autoritário, em que a voz do enunciador emerge exclusivamente,
não há contradições, não há diálogo, existe uma única verdade.

Polifonia (poli: várias, fonia: voz) Um discurso polifônico é aquele em que o enunciador dialoga com
outras vozes, seja concordando com elas, seja refutando-as. Essas vozes podem ser marcadas ou não
marcadas nos textos.

Heterogeneidade constitutiva

DEFINIÇÃO
A heterogeneidade constitutiva é uma propriedade essencial da linguagem humana, pois um discurso se
constrói a partir de outros discursos.
Aquilo que um texto afirma, ou nega, se constrói a partir de outros textos que afirmam ou negam.

EXEMPLO
O discurso do empoderamento feminino constrói-se a partir de outro discurso, que nega a autonomia da
mulher.
O contato com o discurso do empoderamento feminino é, na verdade, um contato com duas vozes: uma
que defende a equidade entre os gêneros e outra que a nega.

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Heterogeneidade mostrada

DEFINIÇÃO
A heterogeneidade mostrada diz respeito à presença e à manifestação de outras vozes no texto.

EXEMPLO
Em uma reportagem jornalística, o autor informa o que outras pessoas disseram, muitas vezes citando-
as. No discurso acadêmico, é comum o autor inserir o ponto de vista de outros autores, que corroboram
o seu discurso.

Quais são as vozes presentes neste discurso?

“Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria”

Monte Castelo – Legião Urbana

Heterogeneidade marcada

DEFINIÇÃO
A heterogeneidade é marcada quando há explicitação da voz do outro na cadeia do discurso.
As vozes estão delimitadas, assim é possível identificar quem disse uma coisa e quem disse outra.
Há, portanto, dois atos enunciativos.
Os exemplos mais comuns de heterogeneidade marcada são o discurso
direto e o discurso indireto.

ATO ENUNCIATIVO É aquele pelo qual um sujeito, denominado enunciador, se apropria da língua e
a converte em um ato de fala concreto, ou seja, trata-se de tomar a palavra em um determinado contexto
e produzir enunciado concretos.

Discurso direto

Um dia Mamãe disse ao meu Pai na hora, na hora do almoço:


-Hoje me trouxeram um caso difícil... Um rapaz viciado. Você vai empregá-lo. Seja tudo pelo amor de
Deus. Ele me veio pedir auxílio... E eu tenho que ajudar. O pobre chorou tanto, implorou... Contando a
sua miséria. É um desgraçado.
QUEIROZ, Dinah Silveira. A moralista.

O discurso direto é facilmente reconhecível por marcas gráficas que estabelecem os limites entre o
discurso de quem cita e o discurso de quem é citado.
Por ceder a palavra a outra voz, que constitui outro ato enunciativo, o discurso direto produz um efeito
de sentido de realidade.

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Discurso indireto

Gil diz que ela não se abre comigo porque sabe que minha inveja é maior que meu amor.
CESAR, Ana Cristina. Correspondência completa.

No discurso indireto, distinguem-se duas vozes marcadas no texto. Porém, uma das vozes não se expressa
com suas próprias palavras.
Há marcas que evidenciam o conteúdo da fala da voz inserida, como a conjunção ‘que’, o verbo ‘diz’ e a
oração que o complementa ‘’que ela não se abre comigo...’.

Discurso direto:
O menino, vendo a mãe, disse:
-Manhê, ontem eu tive febre e eu não pude sair, mas hoje não tô mais, então eu posso, né?
Discurso indireto:
O menino, vendo a mãe, disse que na véspera tivera febre e não pudera sair, mas que naquele dia não
estava e então podia.

Variedade popular vs. Variedade padrão


Dois pontos e travessão vs. Sem pontuação que separe os discursos 1ª pessoa vs. 3ª pessoa Pretérito
perfeito vs. Pretérito mais-que-perfeito
Ontem/hoje vs. Véspera/naquele dia

A quem pertencem as vozes presentes no texto?

Os evolucionistas dizem que o medo do escuro é uma herança do tempo em que a gente dormia ao redor
do fogo, ouvindo os gritos das feras que nos circundavam, na escuridão.
Muitos psicoterapeutas dizem que o medo do escuro é medo de algo que está dentro da gente –demônios
internos que imaginamos e projetamos, como feras que nos atacariam de fora.
CALIGARIS, Contardo. Medo da coisa. Folha de S. Paulo, 14 set. 2017, p. C8

Heterogeneidade não marcada

DEFINIÇÃO
Na heterogeneidade não marcada, não há qualquer tipo de ruptura na cadeia do discurso
(expressão) que permita isolar a voz do outro. Como as vozes não estão delimitadas no discurso, a
heterogeneidade não marcada aproxima-se da heterogeneidade constitutiva.

EXEMPLO
O discurso indireto livre, comum nos textos literários e em textos narrativos, de modo geral, constitui-se
pelo hibridismo discursivo.
Outras formas de heterogeneidade não marcada são a intertextualidade, como a paródia, e a ironia.

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Discurso indireto:

TELLES, Lygia Fagundes. O menino.

TELLES, Lygia Fagundes. O menino.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

TERRA, Ernani. Práticas de Leitura e Escrita. São Paulo: Saraiva, 2019.

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