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IPRH - INSTITUTO DE PESQUISAS EM RECURSOS HÍDRICOS

Rua XV de Novembro – 82 – Sala 07 – Centro – Campo Grande - MS


Nossa ÁGUA, acorda MS

Hoje é comemorado o DIA MUNDIAL DA ÁGUA, aqui em nosso MS é


só a ponta do Iceberg que está aflorando, estamos sendo espoliado em
uma das maiores de nossas riquezas a ÁGUA, o Ouro Azul, como fala
alguns Especialistas em Recursos Hídricos. As atividades de Mineração,
Indústria do Couro, Usinas de Álcool, a Irrigação e Indústria de Celulose
(Eucalipto) são as maiores consumidoras do nosso tesouro, que hoje é
encarado como um insumo do processo produtivo sem o devido valor
econômico e social. E o pior, nosso MS não institucionalizou o
Instrumento legal que é a Lei n° 2.406, de 29 de janeiro de 2002, que
instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos e criou o Sistema
Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, seguindo os mesmos
Princípios e Diretrizes estabelecidas na Lei n° 9.433, de 08 de janeiro de
1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Dentre os
aspectos mais relevantes desses Princípios, ressalta-se: o conceito de
que a água é um bem de domínio público; a Água como um recurso
natural limitado, dotado de valor econômico, e; o entendimento de que a
gestão dos Recursos Hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo
das águas.
Conceito de Água Virtual
Vamos buscar exemplificar este conceito de uma forma prática. Qual o
volume de água necessário para se produzir uma xícara de café?

Para cada produto que consumimos, desde alimentos, até carros, é


utilizado água em sua produção. É aí que entra o conceito “Água Virtual”,
que corresponde a toda a água utilizada durante as fases de produção de
cada bem ou serviço do qual desfrutamos, no caso da xícara de café são
140 litros. Para cada hectare de cana-de-açúcar plantado, são necessários
1.500 m3 de água para seu cultivo.

Recursos Hídricos no MS
Não é porque estamos numa Região com Disponibilidade Hídrica
invejável, com regiões com mais de 100.000 m3 / habitante / ano, como o
nosso Pantanal, sendo a média do Estado de Mato Grosso do Sul maior
que 22.000 m3 / habitante / ano, que podemos achar que nunca teremos
problemas com este bem, dotado de valor econômico por Lei, a ÁGUA.

De acordo com a ONU, uma disponibilidade hídrica inferior a 1.500 m3


habitante/ano já é considerada estresse hídrico.
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Então poderíamos achar que estamos no Paraíso, mas como tudo na vida,
tem o outro lado da moeda. Costumo brincar com meus amigos com o
seguinte ditado popular, ”que ninguém vê os tombos, só a pinga...”, e é
exatamente por este foco que devemos analisar nossos Recursos Hídricos.
Pois não é só a questão “QUANTIDADE”, temos que e cuidar com muito
critério da “QUALIDADE” de nossa Água.

Já temos em nosso MS, regiões com problemas de escassez e conflitos na


utilização dos Recursos Hídricos. Isto não é o fato mais grave da questão,
pois com pouco de esforço e organização, o que podemos resumir com o
termo “Gestão”, podemos solucionar ou minimizar tais situações.

O que no meu ponto de vista me preocupa é exatamente a questão do


Gerenciamento de nossos Recursos Hídricos, não só pelo aspecto legal e
institucional, mas sim pelo foco Social e Econômico e principalmente o
Ambiental.

Sabemos que nossa Lei 2.406 /02, que instituiu a Política Estadual de
Recursos Hídricos, isentou determinados segmentos da cobrança de
utilização da água. Isto é claramente além de ilegal (dispositivo
claramente anticonstitucional), é muito imoral.

Sem falar nos passivos ambientais para nossos mananciais, seja


superficiais ou subterrâneos, das atividades industriais que já citei acima
(Couro, Mineração, Celulose, Usinas de Álcool), que consomem uma
quantidade enorme de água em seu processo produtivo e também
poluem os corpos de água em seus dejetos. Para exemplificar, a indústria
do couro veio para o MS, com o arrocho da Legislação no Sul do país.Pois
o processo inicial do tratamento do couro, utilizam-se elementos como
Mercúrio, Cromo e outros elementos não degradáveis. Resumindo o
Passivo Ambiental fica todo no MS enquanto a geração de emprego,
impostos, etc. pra eles. Os sul-mato-grossenses estão na lista das cinco
melhores rendas “per capita” do País, em cerca de US$ 5.000 (cinco mil
dólares), mas as discrepâncias sociais são intensas.
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Os Gráficos abaixo, demostram a relação direta da ÁGUA nas questões de
Saúde Pública e Desenvolvimento Humano.

Avaliação conjunta da Disponibilidade Hídrica “per capita


e o IDH no Brasil
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Esperança de vida ao nascer em 127 países agrupados segundo os níveis de atendimento


por Sistemas de Água e Esgotos. Valores médios, mínimos e máximos

Enfim só gostaria de deixar uma pequena contribuição para os cidadãos


sul-mato-grossenses, como eu e que lutam pelo nosso Estado e
principalmente pelos nossos direitos como cidadãos, garantidos pela
nossa Carta Magna, a Constituição Federal da República Federativa do
Brasil. Grande abraço a todos...

“Devemos pensar e agir como sendo todo dia o dia da ÁGUA”

Ladário, 05 de março de 2012.

JANUARIO XIMENES NETO, formado em Engenharia Civil (UFMS) e Direito (UCDB),


Especialista em Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (UFMS/ CNPq),
Especialista em Gestão Normativa em Recursos Hídricos (UFCG/ ABEAS), MBA em
Gestão Empresarial (UFMS/ FGV), Fundador e Membro do Conselho Diretor IPRH-
Instituto de Pesquisa em Recursos Hídricos do MS.

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