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CURSO DE PSICOLOGIA
CURITIBA
2023
ANA CAROLINA DOS SANTOS
CAMILE SILVA DOS SANTOS
DANUZY CRISTINY CHAVES CORREIA
IGOR CAIO MARTINS
JÉSSICA FERNANDA DE LIMA BRITO
JOÃO VICTOR NASCIMENTO DOS SANTOS
MARCELINA GUEDES MARTINS
CURITIBA
2023
1 INTRODUÇÃO
A seguinte resenha diz respeito a obra de Verena Kast, "Pais e filhas, mães e
filhos", que aborda o conceito de Complexos com base na teoria de Carl Gustav
Jung. De acordo com Kast (1997) é de conhecimento comum aos estudiosos da
psicologia que as pessoas possuem complexos materno e paterno integrados ao
seu complexo do EU. A presente resenha tem por objetivo exprimir as principais
características de dois tipos de complexos dos tantos citados na obra de Kast. A
seguir veremos os Complexos Materno Originalmente Positivo no Homem e o
Paterno Originalmente Positivo na Mulher.
Segundo Kast (1997), o conceito de Complexo pode ser definido como uma
constelação de experiências e fantasias condensadas e carregadas de forte
emoção. Ou então como núcleos afetivos da personalidade, encorajados por um
confronto significativo do sujeito com acontecimentos para os quais ele não estaria
preparado.
A autora inicia este capítulo descrevendo como o complexo pode mudar seu
sentido ao longo do desenvolvimento do sujeito, Kast (1997) explica que se o
complexo não sofrer o desligamento necessário ao longo do desenvolvimento, um
complexo que inicialmente era promotor de vida poderá se tornar inibitório, assim o
complexo originalmente positivo terá um efeito negativo na vida do sujeito.
O sujeito que a autora descreve e nomeia como Balthasar é um homem de 40
anos que se diz muito sensorial e declara que seu processo terapêutico seria uma
experiência compensadora para a terapeuta, pois o mundo deveria apreciar alguém
como ele.
Ele tinha dificuldades de se comprometer com tarefas e pessoas, se
considerava bissexual e com 35 anos teve uma crise, criando uma espécie de
aversão a vida, sentimentos de fúria, depressão e “problemas” com o álcool.
Nora relata que na infância, por inúmeras vezes, começava a chorar e gritar
para chamar a atenção de seu pai, e este sempre vinha correndo em seu socorro, o
que a deixava com orgulho. Outro exemplo desta configuração, é com relação a
dança, onde ela, por volta dos 16 anos, sempre dançava com o pai, em detrimento à
mãe, que não era uma boa dançarina. Desta forma, podemos observar que existia
uma relação mútua de admiração entre eles, deixando a mãe em segundo plano.
Além disso, outra característica encontrada no complexo paterno positivo é que,
geralmente, o indivíduo é favorável a convenções e padrões que a maioria das
pessoas seguem, no caso de Nora, ela insiste em usar roupas da moda, apesar de
se sentir desconfortável com elas no início (KAST, 1997).
Ao longo da vida escolar, Nora sempre se deu bem com professores que a
compreendiam e lhe agradavam, deixando inclusive o pai com ciúmes destes,
mostrando que um dos sinais do complexo, segundo Kast (1997), é que a filha não
pode admirar ninguém mais, além do pai. Ainda jovem, aos 19 anos, ela casou-se
com um rapaz que trabalhava na empresa da família, e lembra que seu pai sempre
quis o ter como filho. No matrimônio, Nora se mostrou muito adaptável, o que
aprendeu de seu pai. Ela conta que foi desde mãe, companheira, até sedutora
sexual, não sabendo identificar qual papel gostou ou desgostou mais, pois em todos
encontrava satisfação.
No trabalho, um ambiente repleto de mulheres, Nora é mais crítica e mantém
uma grande competição com as outras funcionárias, sendo esta outra característica
do complexo paterno positivo: em ambientes externos ao que o complexo é
manifestado, as mulheres tendem a ser independentes e inovadoras (KAST, 1997).
Nos últimos tempos, tem surgido nela um medo crescente de tomar decisões
na sua vida particular, medo decorrente do fato que, ao longo da vida ela sempre se
apaixonou por homens mais velhos, sentimentos não despertados com seu atual
marido. Kast (1997) afirma que o complexo paterno está se transformando na sua
psique, e seu desejo por homens de ação (pai, marido), está se deslocando para
homens da palavra, que carregam o aspecto intelectual e espiritual, lado do
complexo paterno pouco experienciado por ela até agora. E o conflito interno em
que ela está passando, é porque, sua constelação de complexo diz que ela não
pode admirar mais ninguém além de seu pai, sentimento que foi transferido para a
relação conjugal com o marido. Adicionalmente, este medo também levanta uma
importante questão, pois, ao se tirar a transferência do complexo paterno para com
o marido, o que sobrará de afeição entre eles ou como a relação se sustentará?
Independente da resposta, um desenvolvimento precisa acontecer, porque isto está
incomodando muito Nora.
Direcionando um pouco a análise para o pai de Nora, Kast (1997) percebeu
que ele, provavelmente, teve um complexo materno positivo, pois estes pais são
eróticos, apreciam a vida e a admiração, que é mais facilmente encontrada e
mantida com as filhas, desde que estas se identifiquem com o papel atraente de um
pai que se pode endeusar, garantindo muita disponibilidade para ambos. Estas filhas
são muito inteligentes, mas só a utilizam em determinadas situações e possuem
muita auto-estima, porque sempre foram admiradas e queridas pelo pai. A mãe é
escanteada, não havendo muitos diálogos ou valorização.
Kast (1997) aponta que, a partir deste complexo, podem surgir problemas
referentes à auto-estima devido ao fato que estas mulheres ficam à mercê dos
homens, quando ocorre a admiração mútua, e se o perdem, a auto-estima também
vai embora. Além disso, os homens são experienciados como condutores, e quanto
mais a mulher se deixar ser conduzida, maior a possibilidade dela ficar à margem de
seus reais interesses e necessidades de desenvolvimento. Quando surge a
possibilidade do rompimento desse vínculo, surge o temor e sentimentos de vazio,
pois elas não aprenderam a ter responsabilidades e lidar com a tomada de decisões,
mesmo as mais simples. Paralelamente com isto, existe uma certa dificuldade em
reconhecer o problema, pois as características do complexo paterno positivo
passam a ideia de um eu bem estruturado e forte, que realmente acontece na vida
profissional, mas não quando se trata do próprio desenvolvimento. E, diante desta
situação, o propósito de vida deve ser de se afastar deste complexo paterno e criar
a própria identidade.
Por último, com relação ao inconsciente coletivo deste complexo, Kast (1997)
enxerga que Nora tem atitudes que materializam um antigo ideal de mulher, que já
não é válido nos dias atuais, recebendo inclusive críticas de sua mãe e amigas
sobre isso. Este papel despreza sua auto-configuração de mulher.
Apesar desse desejo não realizado, em ter um filho homem, ele se encantou
bastante com sua inteligente filha, Anne, a mais velha de seus irmãos, à qual, no
entanto, ele não dedicava muito tempo.
Anne lembra-se, sobretudo, de que direito, ordem, justiça, mas também
comedimento e perguntas concernentes à medida correta eram importantes.
Ela se sentia muito significativa quando podia passear sozinha com o pai e
este lhe perguntava o que tinha acontecido na escola, levando-a, por suas
perguntas, a decidir se o que ocorria era justificável, bom ou ruim. Ela recebia assim
uma argumentação masculina: há regras e elas devem valer . O pai não deixava
prevalecer a ideia de que regras, confirmam o modo de relação deveriam ser
modificadas.
Ela havia mentido para proteger uma amiga. No entanto, ela quis mostrar
para seu pai que essa mentira não deveria ser avaliada como se avalia uma mentira
egoísta. O pai insistiu: mentir é ruim .
Pesquisas psicológicas atuais mostram claramente que Anne defendeu uma
forma tipicamente feminina de argumentação, uma argumentação que leva em conta
a situação relacional na qual se fez ou se deixou de fazer algo. Em seguida, ela
assumiu o pensamento do pai nesse discurso ético.