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Journal homepage: Scire Salutis, Aquidabã, v.3, n.2,
www.arvore.org.br/seer
Abr, Mai, Jun, Jul, Ago, Set 2013.
UTILIZAÇÃO DE PREBIÓTICOS E PROBIÓTICOS EM ISSN 2236‐9600
PEDIATRIA
RESUMO
SECTION: Articles
TOPIC: Nutrição
A desnutrição infantil sempre foi uma das maiores preocupações no campo da
Nutrição Pediátrica, assim como também passou a ser a obesidade. Porém a
preocupação com alimentação infantil começa desde o período da gestação,
seguido do período de aleitamento materno e, consequentemente, toda a infância.
Neste sentido a Nutrição Funcional surge como uma nova aliada no combate às
desordens alimentares, principalmente a diarreia, ainda bastante relacionada aos DOI: 10.6008/ESS2236‐9600.2013.002.0008
altos índices de mortalidade infantil. Este estudo buscou avaliar a utilização de dois
dos principais tipos de Alimentos Funcionais (prebióticos e probióticos) na conduta
terapêutica e de prevenção de diversas patologias em Pediatria.
PALAVRAS-CHAVE: Probióticos; Prebióticos; Pediatria; Infância; Alimentação Igor Macedo Brandão
Infantil. Faculdade Ages, Brasil
http://lattes.cnpq.br/2978062044501628
contato@igorbrandao.com.br
USE OF PREBIOTICS AND PROBIOTICS IN PEDIATRICS
ABSTRACT
Child malnutrition has always been a major concern in the field of Pediatric Nutrition,
and also happened to be obesity. But the concern about infant feeding starts from
the period of gestation, followed by the period of breastfeeding and hence
throughout childhood. Functional Nutrition emerges as a new ally in the fight against
eating disorders, especially diarrhea, still quite related to high rates of infant
mortality. This study sought to evaluate the use of two main types of functional foods
(probiotics and prebiotics) in the therapeutic and prevention of various diseases in
Pediatrics.
KEYWORDS: Probiotics, Prebiotics, Pediatrics, Childhood, Infant Feeding.
Received: 12/08/2013
Approved: 03/09/2013
Reviewed anonymously in the process of blind peer.
Referencing this:
BRANDÃO, I. M.. Utilização de prebióticos e probióticos
em pediatria. Scire Salutis, Aquidabã, v.3, n.2, p.84‐98,
2013. DOI: http://dx.doi.org/10.6008/ESS2236‐
9600.2013.002.0008
Scire Salutis (ISSN 2236‐9600)
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Utilização de prebióticos e probióticos em pediatria
INTRODUÇÃO
No Brasil vários alimentos funcionais já estão presentes no mercado; assim, além dos
iogurtes com probióticos que melhoram a saúde intestinal, há também leites enriquecidos com
ferro (que ajudam na prevenção e no tratamento da anemia), com vitaminas e com o ácido
ômega-3 (que ajuda no controle do colesterol), bem como ovos e margarinas enriquecidos
também com ômega-3. Até mesmo o setor de água mineral ingressou recentemente no mercado
das bebidas funcionais, oferecendo águas que contêm alta concentração de vitaminas C e do
complexo B, a fim de fortalecer o sistema imunológico, ou que contém a fibra FOS
(frutooligossacarídeo) e prometem contribuir para a prevenção dos cânceres de mama e de cólon
e para a redução dos riscos de doenças cardiovasculares, além de regular o intestino (RAUD,
2008).
De acordo com Baldissera et al. (2011), os alimentos e ingredientes funcionais são
classificados quanto à fonte (origem animal ou vegetal) ou quanto aos benefícios que oferecem
referentes a seis áreas do organismo (sistema gastrointestinal, sistema cardiovascular, no
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MATERIAL E MÉTODOS
DISCUSSÕES TEÓRICAS
Nutrição e Pediatria
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Utilização de prebióticos e probióticos em pediatria
2011). Thomas e Greer (2010) afirmam que o leite materno é um prebiótico natural, principalmente
devido ao teor substancial de oligossacarídeos em sua composição.
De acordo com Millani et al. (2009), o consumo do leite materno está associado à baixa
incidência de doenças infecciosas e alérgicas em recém-nascidos (RN) e lactentes. A flora
intestinal de crianças amamentadas apresenta propriedades anti-infecciosas e,
consequentemente, constitui fator importante de estimulação para o desenvolvimento pós-natal do
sistema imune.
Segundo Vandenplas et al. (2011), quanto mais tempo o lactente for alimentado com leite
materno, e quanto mais tempo esse aleitamento for exclusivo, melhor será a proteção contra
doenças infecciosas como a gastroenterite. Ainda de acordo com os autores, a idade gestacional
do lactente ao nascer, o tipo de parto (parto vaginal versus parto cesariano) e a dieta parecem ter
efeitos significativos sobre a microbiota intestinal. Quando os lactentes nascem por cesariana, não
ingerem a flora vaginal e intestinal da mãe, o que nem sempre é benéfico.
Nesta mesma linha de raciocínio, Thomas e Greer (2010) afirmam que a idade gestacional,
o tipo de parto e a dieta parecem ter efeitos significativos sobre o processo de colonização
bacteriana intestinal. Os recém-nascidos que nascem de parto cesariana, os prematuro e/ou
expostos a antibióticos perinatais ou pós-natais teriam um atraso na colonização intestinal
realizada por bactérias probióticas comensais; ao mesmo tempo em que que os recém-nascidos
de parto normal, os amamentados com leite materno e fórmulas infantis teriam o mesmo padrão
de colonização bacteriana após 48 horas do nascimento.
Também corroborando com estas evidências, Morais (2012) afirma que no parto cesáreo
não ocorre o contato do recém-nascido com as bactérias do canal de parto, e que é provável que
as diferenças na microbiota intestinal vinculadas ao parto por cesáreo participe, pelo menos em
parte, das explicações sobre a recente observação de que nascer por cesárea pode se associa
com obesidade na faixa etária de adulto jovem.
Existem evidências de que a manipulação da microbiota intestinal com alimentos e
suplementos alimentares contendo pre e probióticos contribui para um possível benefício para a
saúde se a flora inicial for anormal (VANDENPLAS et al., 2011).
O aleitamento materno, de acordo com Simon et al. (2009), também está relacionado ao
conceito de “imprinting metabólico”, que descreve um fenômeno pelo qual uma experiência
nutricional precoce, atuando durante um período crítico e específico do desenvolvimento, pode
acarretar um efeito duradouro, persistente ao longo da vida do indivíduo, predispondo-o a
determinadas doenças, e como o aleitamento materno representa uma das experiências
nutricionais mais precoces do recém-nascido, a composição única do leite materno poderia,
portanto, estar envolvida neste processo de “imprinting metabólico”, alterando o número e/ou
tamanho dos adipócitos, ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica.
É importante salientar que tão importante quanto o aleitamento materno nos primeiros
meses de vida é a introdução gradativa dos alimentos complementares, que se trata de um
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Quanto aos adolescentes, para Souza et al. (2011), assim como a infância, a adolescência
é um período extremamente importante para o desenvolvimento de um estilo de vida saudável,
uma vez que os comportamentos adquiridos nesta fase tendem a ser perpetuados por toda a vida.
Neste contexto, o estilo de vida adotado por crianças e adolescentes não é saudável, incluindo
baixo consumo de frutas, inatividade física, inabilidade de manter um peso corporal saudável e
consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, comportamentos de risco à saúde que estão cada vez
mais presentes na sociedade contemporânea e estão associados ao desenvolvimento das
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), cada vez mais presentes no público jovem e
liderando as causas de morbi-mortalidade no Brasil e no mundo. A atividade física e a alimentação
são dois comportamentos considerados prioritários para a promoção da saúde e prevenção de
DCNT em populações contemporâneas.
Prebióticos
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opcional, visto que ainda não há evidências científicas suficientes para tornar sua inclusão
obrigatória. Ainda segundo os autores, os oligossacarídeos seriam o terceiro grupo de
componentes majoritários do leite materno, após a lactose (6 g/100 ml) e os lípidos (4 g/100 ml);
sua concentração no colostro seria de 1,5 - 2,3 g/100 ml, que é progressivamente reduzida e
estabilizada nos leites de transição e maduro, com valores entre 0,8 - 1,2 g/100 ml. Desta forma,
considerando-se o menor teor de OS no leite de vaca, quando comparado ao leite materno, e que
este último é o alimento ideal para o crescimento, saúde e desenvolvimento dos bebês, parece
lógica a suplementação de fórmulas infantis com este tipo de componente.
Estudo conduzido por Chirdo et al. (2011) demonstrou que a adição de prebióticos a
fórmulas infantis produziu em recém-nascidos a termo e prematuros o aumento de ácidos graxos
de cadeia curta, a diminuição do pH intestinal e a produção de fezes de consistência similiar à de
bebês amamentados. Demonstraram, ainda, que a mistura de galactooligossacarídeos e
frutooligossacarídeos (GOS/ FOS) na proporção de 9:1 e em doses de 0,8 g/dL produziu efeito
prebiótico semelhante ao do leite materno, em relação à microbiota intestinal, o que promove o
crescimento de bifidobactérias e lactobacilos. Por fim, afirmaram que o uso de fórmulas com
prebióticos pode diminuir a incidência de dermatite atópica em crianças.
Para Román e Álvarez (2013), os principais prebióticos utilizados são os
Frutooligossacarídeos (FOS) e a Inulina. Estes compostos teriam o poder de proporcionar uma
barreira contra os microorganismos patogênicos, protegendo o organismo contra diarreia
infecciosa associada a antibióticos; melhorar a absorção de nutrientes como o cálcio, promovendo
a mineralização dos ossos; reduzir a formação de substâncias carcinogênicas; além de, devido à
sua indigestibilidade poderem ser considerados como uma forma de fibra solúvel, ajudando a
reduzir a consistência das fezes e melhorando o trânsito gastrointestinal.
Já para Cilla et al. (2012), apenas 3 oligossacarídeos (OS) não-digeríveis poderiam ser
considerados prebióticos: a inulina que, segundo os autores, englobaria os frutooligossacarídeos
(FOS), os galactooligossacarídeos (GOS) e a lactulose.
De acordo com Millani et al. (2009), os oligossacarídeos prebióticos em produtos
alimentares demonstraram efeitos benéficos quanto ao aumento do número total de
bifidobactérias, redução do número de micro-organismos patogênicos no intestino e melhora da
consistência das fezes e frequência das evacuações. Tais efeitos sugerem a recomendação de
seu uso em crianças constipadas.
Segundo Román e Álvarez (2013), os prebióticos seriam eficazes no tratamento de prisão
de ventre em crianças, devido à sua capacidade de aumentar a retenção de água das fezes e o
crescimento de bifidobactérias probióticas, aumentando, consequentemente, a frequência das
evacuações e diminuindo sua consistência. Estes efeitos ocorreriam porque os FOS e a Inulina
possuem efeito laxante dose-dependente devido ao aumento da biomassa microbiana, como
resultado de sua fermentação no cólon.
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Probióticos
O termo “probiótico” foi utilizado pela primeira vez em 1965 para designar micro-
organismos que exercem efeitos benéficos para a saúde ao melhorar o equilíbrio microbiano
intestinal (RAUD, 2008).
Probióticos são definidos como microrganismos vivos administrados em quantidades
adequadas que promovem benefícios a saúde do hospedeiro, favorecendo o equilíbrio microbiano
intestinal. Existem dois requisitos importantes para a eficácia dos produtos alimentares probióticos
que são o número mínimo de bactérias probióticas viáveis no produto alimentar na altura do
consumo e o armazenamento dos produtos alimentares a temperaturas viáveis de refrigeração
(SANTOS et al., 2011).
Para que um microrganismo possa ser usado como probiótico, ele deve ser capaz de
expressar suas atividades, acima de tudo benéficas, no corpo do hospedeiro (no caso o homem),
resistindo ao trato digestivo (aos ácidos clorídrico e biliar) e colonizando o intestino (OLIVEIRA;
BATISTA, 2012).
Vários microrganismos são utilizados como probióticos, entre eles estão às bactérias
ácido-lácticas, bactérias não ácido-lácticas e leveduras, Lactobacillus e Bifidobactérias.
Atualmente a levedura que se enquadra nessa finalidade é a Saccharomyces boulardii. O íleo
terminal e o cólon são, respectivamente, os locais de preferência para a colonização intestinal das
espécies Lactobacillus e Bifidobactérias (SANTOS et al., 2011).
Os principais usos e indicações dos probióticos em clínica e alimentação infantil são para a
prevenção e tratamento de diarreias infecciosas; para a modulação do sistema imune; para o
tratamento de intolerância à lactose; para a síntese ou produção de subprodutos metabólicos com
ação protetora intestinal; e para a promoção endógena de mecanismos protetores para dermatite
atópica e alergia de alimentos (SALGADO, 2012).
De acordo com Sazawal et al. (2010), tem havido uma crescente evidência na última
década para a eficácia de agentes probióticos no tratamento da diarréia aguda, diarréia
persistente e prevenção de diarréia associada a antibióticos, porém as evidências para o impacto
sobre as doenças não-diarreicas tem sido pouco claras.
Em estudo que avaliou a utilização de probióticos no tratamento de Síndrome do Intestino
Irritável em crianças, Martens et al. (2010) afirmam que os prebióticos e probióticos tem visto um
renascimento de seu uso clínico, sendo mais frequentemente utilizados em distúrbios
gastrintestinais funcionais, porém, devido ao seu baixo perfil de efeitos adversos, também podem
ser utilizados em distúrbios intestinais funcionais na infância.
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Chen et al. (2012) avaliaram que crianças amamentadas são mais propensas a receber
suplementos de probióticos do que crianças alimentadas com fórmulas infantis, e que pais com
história de alergia são mais propensos a alimentar suplementos probióticos para seus filhos desde
o nascimento, buscando a prevenção de alergias.
Ao analisar bebês prematuros, Bernardo et al. (2013) concluíram que aqueles internados
em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e que receberam probióticos permaneceram
hospitalizados, em média, 6 dias a menos, o que torna os probióticos um potencial aliado na
diminuição no tempo de hospitalização.
Os mecanismos exatos pelos quais os probióticos agem não estão completamente
estabelecidos, mas presume-se que sua ação esteja relacionada à modulação da microbiota
intestinal, além da melhora da barreira da mucosa intestinal, impedindo a passagem dos
antígenos para a corrente sanguínea (SOUZA et al., 2010).
Segundo Martins et al. (2012), os principais mecanismos de ação propostos para a
microbiota normal e que, portanto, também seriam para os probióticos são o antagonismo pela
produção de substâncias que inibem ou matam o microrganismo patogênico; a imunomodulação
do hospedeiro, aumentando a sua resistência à infecção; as competições por sítio de adesão ou
fonte nutricional com o microrganismo patogênico e a inibição da produção ou da ação de toxinas
bacterianas.
Já de acordo com Bernardo et al. (2013):
Os probióticos agem melhorando a permeabilidade gastrointestinal e aumentando
a resistência da mucosa contra a penetração bacteriana. Quanto aos mecanismos
de proteção: (i) aumentam a resistência da barreira intestinal contra o trânsito de
bactérias e suas toxinas; (ii) modificam a resposta do hospedeiro em relação aos
produtos microbianos; (iii) aumentam a resposta das mucosas à IgA; (iv) produzem
substâncias bactericidas; (v) excluem competitivamente os patógenos em
potencial.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Utilização de prebióticos e probióticos em pediatria
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