Você está na página 1de 19

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA SUIÇA

CAMPUS VITÓRIA DA DERROTA


BACHARELADO EM ENGENHARIA ASTRONÔMICA

ASSÉDIO MORAL PEDAGÓGICO: UM ESTUDO DE CASO

SELAPIÃO DOS SANTOS

VITÓRIA DA SUIÇA - PE
2017
SELAPIÃO DOS SANTOS

ASSÉDIO MORAL PEDAGÓGICO: UM ESTUDO DE CASO

Projeto de Pesquisa apresentado ao Instituto


Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Bahia – IFBA Campus Vitória da Conquista, como
requisito parcial para aprovação no componente
curricular Metodologia da Pesquisa Científica.

Orientador: Prof. Dr. Acimarney. C. S. Freitas.

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4
2. PROBLEMA DA PESQUISA..................................................................................................5
3. HIPÓTESES...............................................................................................................................5
4. OBJETIVOS...............................................................................................................................6
4.1 Objetivo Geral....................................................................................................................6
4.2 Objetivos Específicos......................................................................................................6
5. JUSTIFICATIVA........................................................................................................................7
6. REVISÃO TEÓRICA.................................................................................................................8
7. METODOLOGIA.....................................................................................................................10
8. CRONOGRAMA......................................................................................................................12
9. ORÇAMENTO.........................................................................................................................13
10. REFERÊNCIAS.....................................................................................................................14
1. INTRODUÇÃO

O assédio moral é um tipo de violência presente em diversos espaços sociais. Atenta


contra os direitos humanos e fere a dignidade da pessoa humana. No entanto, existem poucas
pesquisas relacionadas sobre esse tipo de violência em espaços acadêmicos, sobretudo
investigando suas consequências quando as vítimas são estudantes.

Palavras, gestos, agressões, sutilezas, omissões e silenciamentos dos (as) docentes e


demais profissionais da educação são algumas das artimanhas empreendidas para minar a
resistência psicológica, emocional, física e intelectual dos (as) estudantes. A violência que
oprime, adoece e enfraquece estudantes no mundo acadêmico, por meio do assédio moral, tanto
destrói, como traz consequências imensuráveis para as vítimas.

Esta pesquisa propôs conhecer as percepções dos (as) estudantes da área da engenharia em
relação ao assédio moral no espaço acadêmico, cometido por docentes e demais profissionais da
educação, tendo como unidade de pesquisa uma Instituição de Ensino Superior – IES, pública,
localizada na Bahia.

O pesquisador escolheu aleatoriamente estudantes da área da engenharia, dentre outros


cursos existentes na instituição. Com a constatação da existência do assédio moral pedagógico,
identificaram-se expressões, características e repercussões na vida e aprendizagem dos (as)
estudantes, bem como possíveis formas de combatê-lo, a partir das suas memórias, dos seus
relatos e sentimentos.
2. PROBLEMA DA PESQUISA

Esta pesquisa deseja responder ao seguinte questionamento, como pergunta central:


“Quais as percepções dos (as) estudantes da área de engenharia frente às possíveis práticas de
assédio moral pedagógico e seus reflexos na sua vida acadêmica e social?”
3. HIPÓTESES

Buscando contemplar os objetivos propostos pelo pesquisador, definiu-se o seguinte


conjunto de hipóteses suportadas pela pesquisa, as quais eram provisórias e foram confirmadas
ou refutadas ao longo do desenvolvimento da investigação (o que não impediu que outras
hipóteses emergissem no curso do estudo):

H1) No discurso dos (as) estudantes, o assédio moral é um tipo de violência real no
espaço acadêmico da IES onde estudam e possui especificidades, características perversas,
devendo ser combatido;

H2) A partir das teorias de Hirigoyen e Leymann, é possível identificar que,


semelhantemente a outros espaços sociais, o fenômeno do assédio moral no ambiente educacional
é traumático, mas nem sempre consciente;

H3) O assédio moral no espaço acadêmico, por ter características próprias, pode ser
denominado como um subtipo de assédio e ser classificado como vertical (ascendente e
descendente), horizontal e misto;

H4) Existe uma estruturação do assédio moral no espaço acadêmico, ou seja, ele possui
modalidades, categorias, fases e formas de manifestação;
4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Conhecer as percepções sobre a presença ou ausência da prática do assédio moral no


espaço acadêmico e a relação entre os seus danos, reflexos sociais e impactos na aprendizagem,
sob o olhar dos (as) estudantes nos cursos da área da engenharia ofertados em uma Instituição de
Ensino Superior Pública da Bahia, por meio da análise do discurso do sujeito coletivo.

4.2 Objetivos Específicos

 Compreender a relação entre o conceito e a expressão da vivência do assédio moral


pelos sujeitos da pesquisa;

 Verificar a presença ou ausência de práticas de assédio moral vivenciadas pelos (as)


estudantes na relação pedagógica nos cursos da área de engenharia;

 Caracterizar e conceituar o assédio moral no espaço acadêmico por parte dos (as)
docentes, a partir do discurso dos (as) estudantes;
5. JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa se mostra relevante e justifica-se pelo enorme potencial de contribuição


para a ainda pouco investigada temática do assédio moral nas relações pedagógicas e nos
processos de ensino e aprendizagem, sobretudo no que se refere às agressões de cunho moral
sofridas por estudantes no espaço acadêmico e como essas interferem na aprendizagem destes
(as), o que pode representar atraente linha de pesquisa para educadores (as), psicólogos (as) e
operadores (as) do direito.

Do ponto de vista científico, enquanto primeira tese sobre assédio moral pedagógico, a
pesquisa, por ser pioneira e adentrar um campo do conhecimento pouco explorado, justifica-se
pela potencialidade de produzir conhecimento e ser embrião e fonte de consulta e debate sobre
tema de tão grande valor para a comunidade acadêmica. Isso porque aborda aspectos do assédio
moral no espaço acadêmico, propõe uma nova nomenclatura e classificação e relaciona diferentes
saberes e informações das áreas da educação, do direito, da psicologia, da comunicação, da
filosofia, da sociologia e da administração.

A pesquisa também se justifica e alcança o patamar de relevante sob a ótica científica e


social por propiciar um espaço de escuta e livre expressão para o segmento estudantil, que pôde
apresentar, de forma segura e sigilosa, suas impressões, percepções, sentimentos e memórias
sobre possíveis assédios cometidos por docentes.

Por fim, a pesquisa se mostra relevante e se justifica do ponto de vista do pesquisador pela
sua originalidade e pelo interesse despertado em investigar as consequências do assédio moral
nos processos de ensino e aprendizagem na engenharia.
6. REVISÃO TEÓRICA

Existem diferentes classificações para as modalidades, formas e tipos de assédio moral,


bem como distintas discussões sobre as fases e a dinâmica de seu desenvolvimento. O assédio
moral, quanto à sua origem e natureza, pode ser individual ou coletivo, vertical (ascendente ou
descendente) ou horizontal. Quanto às vítimas e agressores, podem ser do sexo masculino ou
feminino; quanto à forma e ambiente onde se concretiza, pode ser patológico ou estratégico,
grupal ou individual, profissional ou familiar (RAVISY, 2007; ZANETTI, 200?).

De acordo com Soboll (2008, p. 21): “O assédio organizacional, por sua vez, é um
processo no qual a violência está inserida nos aparatos, nas estruturas e nas políticas
organizacionais ou gerenciais, que são abusivas e inadequadas”. Conforme a Figura 1, propõe-se,
em relação ao assédio moral pedagógico no espaço acadêmico, uma classificação que se divide
em cinco modalidades: assédio moral pedagógico (descendente e ascendente); assédio moral
pedagógico horizontal; assédio moral pedagógico misto; assédio moral pedagógico
organizacional e; assédio moral pedagógico recíproco.

Figura 1 – Modalidades do assédio moral pedagógico

Fonte: Elaborado pelo autor.

Assim, para parte da doutrina, um único episódio não implica em assédio moral. Há
necessidade de repetição do ato do empregador ou de seus prepostos para a caracterização do
assédio. Heinz Leymann afirma que o psicoterror ocorre se a humilhação é feita pelo menos uma
vez na semana, com a duração mínima de seis meses (LEYMANN, 1996).

Nessa direção, Einarsen, Hoel e Notelaers (2009) apontam que situações hostis de assédio
podem ser classificadas em três grupos, quais sejam: a) assédio relacionado ao trabalho; b)
assédio pessoal; c) assédio por intimidações físicas. Para Leymann (1996), são quatro as fases da
dinâmica da efetivação de uma situação de assédio moral: (1) incidente crítico; (2) assédio e
estigmatização; (3) intervenção dos supervisores; (4) exclusão.

Na mesma esteira de pesquisas na área da educação foi realizado, em Portugal, um estudo


sobre assédio moral entre estudantes, relacionado com a conduta denominada por eles de “praxe
académica”. De acordo com Oliveira, Villas-Boas e Heras (2016):

Praxe, trote estudantil, hazing , bizutage , novatada , etc., são termos que se referem a
práticas rituais de iniciação num agregado ou coletivo, caracterizadas por uma dinâmica
de “poder-submissão” entre dois grupos: de um lado os veteranos e de outro os
candidatos a ingressar no grupo [...] Em Portugal, a praxe académica consiste num
conjunto de discursos (ideologias, representações, etc.) e práticas que visam legalmente
a recepção e integração dos novos e das novas estudantes (designados caloiros e caloiras
) nas instituições de ensino superior em que ingressam. Tais práticas ficam a cargo dos e
das estudantes que já frequentam a instituição (designados veteranos e veteranas) e
incluem ações de dominância, humilhação e pressão, que em circunstâncias normais,
fora do contexto de interação da praxe, são consideradas inaceitáveis. A praxe
académica sempre foi alvo de críticas, mas a partir dos anos 90 do século XX passou a
ser alvo de maior polémica e contestação pela opinião pública e por parte de estudantes
que se opõem, declarando-se antipraxe (OLIVEIRA; VILLAS-BOAS; HERAS, 2016, p.
50).

Essa “praxe académica” que ocorre em Portugal, também conhecida como trote no
ambiente acadêmico brasileiro, em regra, é a exposição de estudantes novatos (as), na
universidade ou colégios de ensino médio, a situações de constrangimento, vergonha e
humilhação. De acordo com as pesquisadoras, essas práticas são pouco estudadas em Portugal,
consistindo, principalmente, em os calouros serem proibidos (as) de falar com outros (as)
estudantes e serem submetidos à vontade dos (as) veteranos (as), com o objetivo de simbolizar
uma ruptura com a sua identidade anterior. Nessa prática, os (as) estudantes neófitos ainda são
confrontados (as) com desafios, testes de resistência e iniciações, até que consigam chegar
finalmente à fase de incorporação ao grupo (OLIVEIRA; VILLAS-BOAS; HERAS, 2016).
7. METODOLOGIA

Considerando que toda e qualquer classificação se faz mediante algum critério, para esta
pesquisa optou-se, quanto à abordagem, a realização de uma pesquisa qualitativa, em relação
à sua natureza optou-se pela realização de uma pesquisa aplicada. De igual modo, quanto
aos objetivos, por uma pesquisa exploratória, com a aplicação de diferentes procedimentos de
coleta e análise. Esse tipo de pesquisa é pouco ou nada estruturada em procedimentos, e seus
objetivos podem ou não ser pouco definidos. Tem como propósitos, então, adquirir maior
conhecimento sobre um tema, desenvolvendo hipóteses para serem testadas e aprofundar
questões a serem estudadas. Nas palavras de Gil (2002):

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas
pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de
intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a
consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado (GIL, 2002, p. 41).

Destarte, ao explorar um determinado tema, busca-se tipicamente uma primeira


aproximação e maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno. Diante disso, quanto ao
procedimento, foi escolhido o estudo de caso como estratégia de pesquisa. De acordo com
Yin (2001, p.32), “um estudo de caso é uma investigação que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o
fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

Apresenta-se ainda que a pesquisa será realizada em duas fases, destacando-se os


seguintes procedimentos de coleta (primeira fase: aplicação de questionário; segunda fase:
realização de entrevistas). Destarte, esta pesquisa será desenvolvida de acordo com os critérios
éticos e científicos exigidos pelo Conselho Nacional de Saúde.

A pesquisa será realizada em uma IES pública do Estado da Bahia, com um universo de
cerca de 800 (oitocentos) estudantes matriculados (as) nos cursos de engenharia. Os (as) alunos
serão escolhidos aleatoriamente, mediante manifestação do desejo de participar da pesquisa, sem
qualquer interferência, direcionamento ou intencionalidade do pesquisador em escolher o (a)
estudante A em detrimento do (a) estudante B.
O período limite estabelecido como lapso temporal para poder participar da pesquisa ficou
limitado aos (às) estudantes ingressantes, com matrícula ativa entre 2013.1 até 2014.1.
8. CRONOGRAMA

A pesquisa será executada conforme o seguinte cronograma, com o objetivo final


de conclusão na defesa do TCC:

MES/ETAPAS Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês
Escolha do tema X
Levantamento de X X X
referencial teórico
Elaboração do X
Projeto
Leitura e X
Fichamento do
Referencial Teórico
Coleta de X X X X
evidências/informaç
ões
Aplicação de X X
Questionários /
Realização de
Entrevistas
Tabulação dos X X X
Dados
Análise dos Dados X
Avaliação pelo X X
Orientador
Redação do X X
trabalho de
conclusão (TCC)
Revisão e redação X
final
Entrega do X
Trabalho
Defesa do Trabalho X
diante da Banca
Revisão solicitada X
pela Banca
9. ORÇAMENTO

Nesta pesquisa existe a previsão estimada de serem gastos:


10. REFERÊNCIAS

EINARSEN, S.; HOEL, H.; NOTELAERS, G. Measuring exposure to bullying and harassment at
work: validity, factor structure and psychometric properties of the negative acts questionnaire-
revised. Work & stress, London: Taylor & Francis, v. 23, n. 1, p. 24-44, 2009.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

LEYMANN, H. The content and development of mobbing at work. European Journal of Work
and Organizational Psychology, [s.l.], v. 5, n. 2, p. 165-184, 1996.

OLIVEIRA, Catarina Sales; VILLAS-BOAS, Susana; HERAS, Soledad Las. Assédio no ritual da
praxe académica numa universidade pública portuguesa. Sociologia, Problemas e Práticas,
Lisboa, n. 80, p. 49-67, jan. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0873-65292016000100003&lng=pt&nrm=iso> Acesso em: 26 jun.
2019.

RAVISY, Phillipe. Le harcèlement moral au travail. Paris: Éditions Delmas, 2007.

SOBOLL, Lis Andréa Pereira. Assédio moral/organizacional: uma análise da organização do


trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

ZANETTI, Robson. Assédio moral no trabalho. São Paulo: Editora Juruá, 2000.
11. ANEXOS
ANEXO 1

Estrutura de metodologia
ANEXO 2

Estrutura da pesquisa

Fonte: Freitas (2021).

Você também pode gostar