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Eletricidade e Magnetismo
MAGNETISMO MAGNETISMO
Juliana Ikebe Otomo Juliana Ikebe Otomo
DADOS DO FORNECEDOR
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Cargas elétricas.................................................................................................................... 13
Definição de átomo.......................................................................................................... 13
Carga elétrica conservada ............................................................................................ 18
Carga elétrica quantizada............................................................................................... 21
Condutores e isolantes.................................................................................................... 24
Carga por indução............................................................................................................ 25
Forças elétricas..................................................................................................................... 27
Lei de Coulomb.................................................................................................................. 27
Força elétrica no hidrogênio.......................................................................................... 30
Superposição das forças................................................................................................ 31
Comparativo entre força elétrica e força gravitacional............................................ 37
Sintetizando............................................................................................................................ 40
Referências bibliográficas.................................................................................................. 41
Campos elétricos................................................................................................................... 44
Campo elétrico produzido por uma partícula.............................................................. 46
Campo elétrico produzido por um dipolo elétrico....................................................... 50
Fluxo elétrico..................................................................................................................... 51
Lei de Gauss...................................................................................................................... 54
Potencial elétrico.................................................................................................................. 57
Capacitância.......................................................................................................................... 63
Capacitores de placas paralelas................................................................................... 65
Capacitores em série e em paralelo............................................................................. 66
Energia armazenada em um campo elétrico............................................................... 71
Capacitor com um dielétrico.......................................................................................... 71
Sintetizando............................................................................................................................ 73
Referências bibliográficas.................................................................................................. 75
Correntes elétricas............................................................................................................... 78
Geração da corrente elétrica......................................................................................... 78
Densidade de corrente.................................................................................................... 80
Velocidade de deriva....................................................................................................... 81
Resistências elétricas.......................................................................................................... 83
Lei de Ohm ........................................................................................................................ 91
Força eletromotriz............................................................................................................ 93
Semicondutores e supercondutores........................................................................... 100
Sintetizando.......................................................................................................................... 103
Referências bibliográficas................................................................................................ 104
Sintetizando.......................................................................................................................... 133
Referências bibliográficas................................................................................................ 135
Olá, aluno(a). Seja bem-vindo(a) à nossa disciplina! Você está a poucas pági-
nas de conhecer uma nova forma de ver os objetos ao seu redor.
Ao mencionar o termo eletricidade, imediatamente pensamos nos equipamen-
tos eletrônicos presentes em nosso dia a dia, como celular, computador, geladeira,
fogão, entre outros. Você já parou para pensar como é gerada a energia elétrica
que faz funcionar esses equipamentos? Como acontece a interação entre as car-
gas elétricas para que todos esses equipamentos funcionem? Você sabia que a ele-
tricidade existia antes da energia elétrica ser descoberta por Benjamin Franklin?
O termo eletricidade é empregado para designar o movimento de elétrons
produzido a partir de um objeto condutor. Toda matéria existente é dotada de
cargas elétricas – os prótons e os elétrons – que, em grande parte do tempo,
são mantidas neutralizadas umas pelas outras. O movimento dos elétrons para
gerar a eletricidade necessita de um desequilíbrio entre essas cargas. É neste
momento que introduzimos o segundo termo, o magnetismo.
O magnetismo é uma propriedade de determinados metais e ímãs, e a
distribuição dos prótons e elétrons nesses materiais não ocorre de maneira
uniforme, formando polos negativos e positivos, induzindo o movimento de
elétrons em outros materiais.
As propriedades das cargas elétricas e as interações que ocorrem entre
elas para gerar energia será explorada neste conteúdo.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 9
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1635328092311925
Eu dedico este livro aos meus pais por me proporcionarem uma formação
pessoal e acadêmica de qualidade, mesmo com todas as dificuldades.
Dedico à minha orientadora acadêmica, sempre presente, me apoiando e
me incentivando em minhas atividades. Por fim, dedico ao meu marido pela
compreensão e apoio.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 10
1 CARGAS E FORÇAS
ELÉTRICAS
Tópicos de estudo
Cargas elétricas
Definição de átomo
Carga elétrica conservada
Carga elétrica quantizada
Condutores e isolantes
Carga por indução
Forças elétricas
Lei de Coulomb
Força elétrica no hidrogênio
Superposição das forças
Comparativo entre força elétri-
ca e força gravitacional
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 12
Vidro Vidro
-F
-F
Vidro Plástico
-F
(a) (b)
Figura 1. Interação entre bastões. Fonte: HALLIDAY; RESNICK, 2016, p. 30. (Adaptado).
Definição de átomo
O estudo sobre cargas elétricas será iniciado pela definição de átomo. O
átomo, ao longo dos séculos XIX e XX, recebeu diferentes propostas para seu
modelo até alcançar sua definição atual.
Define-se matéria como todo corpo dotado de massa que ocupa um lugar. A
partir deste conhecimento, no ano 450 a.C., os filósofos Demócritos e Leucipo,
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 13
Figura 2. Definição do modelo atômico em diferentes períodos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/11/2019. (Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 14
CURIOSIDADE
Geissler e Crookes, em experimentos complementares, utilizaram uma
ampola de vidro preenchida com gás sob baixa pressão. Um eletrodo com
carga positiva era mantido em uma extremidade e outro eletrodo de carga
negativa era mantido na outra extremidade, gerando uma descarga elétri-
ca no gás. O resultado dessa descarga foi um raio luminoso concentrado
na extremidade oposto ao elétrodo negativo. Deduziram, então, que o gás
possuía uma partícula de carga negativa, que posteriormente foi denomina-
da elétron. A reprodução deste resultado com diferentes tipos de gases fez
com que concluíssem que todos os gases são constituídos por elétrons.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 15
ÁTOMO
PRÓTON NÊUTRON
NÚCLEO
ELÉTRON
Figura 3. Estrutura do átomo de Rutherford e Bohr. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/11/2019.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 16
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 17
CURIOSIDADE
O espectrômetro de massas foi projetado pelo químico Joseph John Thom-
son. Seu princípio básico é ionizar uma molécula e direcioná-la para dentro
de um analisador de massas que irá filtrar relações de massa/carga (m/z)
específicas, selecionadas de acordo com o objetivo da análise. No analisa-
dor de massa, é mantido um alto vácuo para que somente a força de carga
elétrica estabelecida atue na repulsão de m/z indesejáveis. Desse modo, a
m/z desejada permanece livre de interação de outras cargas e pode alcan-
çar o detector, que transforma o sinal recebido em um gráfico chamado
espectro de massas.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 18
+++++ -
---
+++++ ---
Bastão de +++++ Bastão de
plástico (neutro) +++++ plástico (-)
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 19
Vidro
Náilon
Lã
Chumbo
Seda
Alumínio
Papel
Algodão
Aço
Plástico (ebonite)
Níquel e cobre
Latão e prata
Borracha sintética
Polietileno
Teflon
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 20
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 21
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 22
50 . 10 -9C
N= = 312500000000 elétrons
1,60 . 10 -19C
N = 312500000000 elétrons
Exemplo 2.
Quantidade de carga
Qual é a carga elétrica de uma moeda de cobre (número atômico Z = 29) de
massa de 3,10 g?
Resolução:
Sabemos que a carga total de um objeto resulta da multiplicação da quanti-
dade de elétrons pela carga natural (carga do elétron). O número de elétrons de
um elemento (ou átomo) corresponde a seu número atômico (aquele que vemos
na tabela periódica), portanto, o átomo de cobre possui um total de 29 elétrons.
Entretanto, uma moeda de cobre é formada por mais de um átomo. Assim,
é necessário determinar quantos átomos de cobre compõem uma moeda de
massa igual a 3,10 gramas.
Para determinar a quantidade de átomos de determinado elemento em um
material, devemos utilizar o número de Avogadro, que corresponde a 6,02 . 1023
átomos (ou moléculas, ou partículas ou íons) presentes em 1 mol do elemento.
Outra informação do elemento que precisa ser conhecida é sua massa, que
também é encontrada na tabela periódica e representa a massa que constitui
1 mol daquele elemento. A massa do cobre é de 63,5 g/mol. Portanto, há 63,5 g
de cobre em 1 mol deste elemento.
Sendo assim, para determinar a quantidade de elétrons presentes em 3,1
gramas de uma moeda de cobre, precisamos saber quantos átomos de cobre
estão presentes nessa massa de moeda.
Sabendo que 1 mol de cobre possui 63,5 gramas e 6,02 . 1023 átomos, quan-
tos átomos de Cobre temos em 3,1 g?
Faremos uma simples regra de três:
63,5 g → 6,02 . 1023 átomos
3,1 g → x
3,1 . 6,02 . 1023
x= = 2,94 . 1022 átomos de cobre
63,5
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 23
Condutores e isolantes
A matéria é formada por um conjunto de átomos que, por sua vez, são cons-
tituídos de nêutrons, prótons e elétrons. Em seu estado natural, a matéria man-
tém-se em equilíbrio eletrostático, ou carga nula, pois a quantidade de prótons é
igual à quantidade de elétrons. No entanto, os elétrons podem ser transferidos
de uma matéria para outra quando há atrito entre dois corpos. Contudo, enquan-
to alguns materiais, ao serem eletrizados, permitem a troca de elétrons com ou-
tro material, outros mantêm a carga, seja positiva ou negativa, para si.
Devido a essa propriedade, os materiais podem ser classificados de acordo
com sua capacidade de transferir ou não elétrons, desse modo:
• materiais condutores são aqueles que permitem o livre fluxo de elétrons
por meio de seus corpos, ou seja, recebem elétrons de um material e transferem
para um terceiro. Por exemplo: o cobre, que constitui os fios elétricos, a água de
torneira e o corpo humano;
• materiais isolantes não permitem que haja transferência de elétrons para
outros materiais. Eles são capazes, somente, de perder ou receber elétrons para
o mesmo material, sem haver transferência para um terceiro. Exemplo: a borra-
cha, o plástico que envolve o fio de cobre, o vidro, entre outros;
• materiais semicondutores são aqueles que não conduzem elétrons tão bem
quanto os condutores, mas conduzem melhor que os isolantes. O germânio e o
silício são exemplos desse tipo de material;
• materiais supercondutores são os condutores perfeitos, em que as cargas
são facilmente transferidas de um material para outro.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 24
EXPLICANDO
A eletrização por contato ocorre pela transferência de elétrons de um
corpo carregado negativamente que, em contato com outro objeto, ime-
diatamente transfere essa carga negativa para o segundo, deixando-o
carregado com excesso de elétrons. Alexandre Volta foi quem associou a
transferência de elétrons entre dois metais diferentes com o surgimento
de um potencial elétrico, que podia ser determinando ao se conhecer o
potencial químico do metal envolvido na troca. Criado por Alexandre Volta
e aprimorado por Enrico Fermi, estabeleceu-se um ordenamento de dife-
rentes metais pelos seus níveis de energia.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 25
Deficiência Geração de
Esfera de elétrons elétrons
metálica Bastão
com carga ++ -- ++ Fio
++ Carga ++
Suporte negativa ++ -- ++ ++ negativa ++
isolante no solo
Solo
Figura 5. Etapas de eletrização por indução de um objeto neutro. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 6. (Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 26
+ +
+ --- ++ + --- ++
+ -- -- - - ++ +
+
+ --- +
+ +
+ --- + + + +
+
+ -- ++ +
+ -- ++ --- +++
+ +
Forças elétricas
Sabemos que toda matéria que conhecemos é constituída por cargas positi-
vas e negativas. Essas cargas de sinais opostos interagem entre si estando pre-
sentes em um mesmo material ou em outros materiais (iguais ou diferentes).
Tendo isso em mente, iremos utilizar o termo força para explicar a repulsão
entre cargas de mesmo sinal (positivas ou negativas) e a atração entre cargas
de sinais opostos (positivas e negativas).
Vimos que a força de atração e repulsão não age somente entre objetos eletrica-
mente carregados. Essas forças também atuam em objetos eletricamente neutros.
Ao aproximarmos, por exemplo, uma bexiga atritada contra um tapete de lã e,
em seguida, segurarmos essa bexiga contra o teto, a bexiga ficará fixa no teto
mesmo que ele esteja eletricamente neutro. O que ocorre é que, mesmo per-
manecendo neutras, as cargas elétricas de um objeto podem se deslocar por
diferentes partes desse objeto e manter forças de atração com o objeto eletri-
camente carregado sem que haja transferência de carga. A esse efeito dá-se o
nome de polarização.
Lei de Coulomb
A força de interação entre partículas positivas e negativas foi estudada em
1784 por Charles Augustin de Coulomb. Ele utilizou um aparato construído por
ele mesmo e denominado balança de torção, conforme apresentado na Figu-
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 27
Figura 7. Balança de torção criada por Coulomb. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/11/2019. (Adaptado).
ASSISTA
Em 1777, Charles Augustin Coulomb construiu a balança de
torção, que foi fundamental para que, anos depois, enun-
ciasse a lei que leva seu nome e que possibilita determinar
a intensidade da força de atração ou repulsão existente
entre duas partículas. Para entender melhor como funcio-
na esse experimento, confira o vídeo Tema 01 - A Carga
Elétrica e o Spin | Experimentos - lei de Coulomb.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 28
Sendo:
F = força elétrica, em coulomb;
k = constante eletrostática que depende do sistema de unidade adotado;
q1 e q2 = cargas elétricas das esfera;
r = distância mantida entre as esferas.
Considera-se o módulo do produto das cargas, pois independentemente das
cargas serem positivas ou negativas, a força resultante sempre será positiva.
A constante de proporcionalidade (k) no sistema internacional (SI) é dada
pela equação:
k = 4π1ϵ
0
Sendo:
ϵ 0 = 8,854 . 10 -12C2/N . m2
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 29
1 1
k= = 4π . 8,854 . 10 -12
4πϵ 0
k = 8,998 . 109N . m2/C2
Para você visualizar melhor essa relação de forças e cargas, vamos imaginar
duas cargas de 1C distantes entre si a uma distância de 1m. Qual será a intensi-
dade da força de interação entre essas duas cargas? Lembre-se que a carga de
um objeto corresponde ao produto entre quantidade de elétrons que formam
_ _
o objeto pela carga natural, ou seja, Q = Ne , sendo que e = 1,6 . 10 -19C.
Aplicando a equação de Coulomb:
.
1 . |q1 q2|
F=
4πϵ 0 r2
.
F=
1 . |1 1|
4π . 8,854 . 10 -12 12
F = 9 . 109N
.
1 . |q1 q2|
F=
4πϵ 0 r2
. -19 2
F=
1 . |1,6 10 C|
4π . 8,854 . 10 -12 (5,3 . 10 -11)2
F = 8,2 . 10 -8N
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 30
-F4
Q+
-F1 F2
Q- F3
F1 q+
F4
Q+
Q-
-F3
-F2
Figura 8. Representação do Princípio da superposição das cargas. Fonte: BARUM, 2019, p. 50. (Adaptado).
F2 F23 (F2+F3)
F3 F23 F234 F1234
q+ F2 F234 (F23+F4)
F1 (Resultante F234-F1)
F3 F1
F4 F4
Figura 9. Representação da soma vetorial para superposição das cargas. Fonte: BARUM, 2019, p. 50. (Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 31
Sendo:
F1234 = forças resultantes da interação entre as quatro cargas;
F1 = F 2 = F 3 = F4 = força exercida individualmente.
Substituindo pela equação de força elétrica (equação de Coulomb), temos a
mesma equação escrita da seguinte forma:
q1q5 qq qq qq
F1234= k + k 22 5 + k 32 5 + k 42 5
r152 r25 r35 r45
q1q5 qq qq qq
F1234= k . + 22 5 + 32 5 + 42 5
r152 r25 r35 r45
q1 q q q
F1234= kq5 . + 22 + 23 + 24
r152 r25 r35 r45
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 32
y
y
q1 = 1 nC q2 = -3 nC
q3 = 5 nC + + - x
2 cm q3
4 cm
(a) (b)
Figura 10. a) Localização das cargas no plano cartesiano; b) Diagrama da força resultante em q3. Fonte: YOUNG; FREED-
MAN, 2009, p. 11. (Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 33
q1 +
0,3 m
0,4 m
+ x
q3
0,3 m
q2 +
Figura 11. Localização das cargas no plano cartesiano. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 11. (Adaptado).
Resolução:
Devemos, novamente, calcular a força que q1 e q2 exercem separadamente em q3.
Força de q1 em q3:
1 . |q1 . q3|
F1em3=
4πϵ 0 r2
. -6 . . -6
F1em3= 1 . |2 10 C 4 10 C|
10 C . 2
-12 2
(0,5m)2
4π . 8,854 . m
N
F1em3 = 0,29N
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 34
Fy = cos α • FR Fy = sen α • FR
q1 +
α
q3 Fy
+ x
α
FR
Fx
q2 +
Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 11. (Adaptado).
Para q1, o ângulo α está abaixo do eixo Ox, de modo que os componentes
dessa força são dados por:
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 35
q1 +
q2 +
Figura 12. Força resultante que atua na carga q3. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 11. (Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 36
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 37
r r
q2
k
Fe r2 k . q2 . r2
= =
Fg m .m r 2 .
G m1 . m2
G 1 2
r2
Pode-se observar que a distância entre as partículas é cancelada na equa-
ção, resultando em:
Fe k . q2
= .
Fg G m1 . m2
Fe
= 2,27 . 1039 ou Fe = 2,27 . 1039 . Fg
Fg
Fe k . q2
=
Fg G . m1 . m2
Como são dois átomos iguais, m1 = m2 , o produto das massas pode ser
substituído por m2 .
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 38
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 39
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 40
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 41
2 CAMPOS ELÉTRICOS E
CAPACITÂNCIA
Tópicos de estudo
Campos elétricos
Campo elétrico produzido por
uma partícula
Campo elétrico produzido por
um dipolo elétrico
Fluxo elétrico
Lei de Gauss
Potencial elétrico
Capacitância
Capacitores de placas paralelas
Capacitores em série e em
paralelo
Energia armazenada em um
campo elétrico
Capacitor com um dielétrico
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 43
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 44
Figura 1. Representação das linhas de forças (ou linhas de campo elétrico) com o vetor campo elétrico E→representado
pelas setas. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 25/10/2019.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 45
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 46
y →
E1
α
c →
Ec
α
→
E2
13,0 cm 13,0 cm
→ q1 α → q2
Eb b α Eα
+ -
x
4,0 6,0 4,0
cm cm cm
Figura 2. Representação das cargas q1 e q2 em um plano cartesiano. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 19
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 47
→ 1 q1 1 . 12 . 10 -9C
E2 = 4πϵ r2 = 4π(8,85 . 10 -12C2/N . m2) 0,042
= 67500 N/C
0
→ →
Pode ser observado que E1 e E2 estão na mesma direção (no eixo x). O vetor
→ →
E1 aponta no sentido positivo de Ox (q1 → a), pois a carga q1 é positiva. O vetor E2
também aponta para o sentido positivo de Ox (a → q2), pois a carga q2 é negativa
e o ponto a está a sua esquerda. O campo elétrico em a não possui compo-
nente em y, pois as cargas e o ponto a estão localizados no eixo x, portanto a
→ →
resultante do campo elétrico em a será a soma vetorial de E1 e E2 .
→ → →
ERa = E1 + E2 = 30000 N/C + 67500 N/C
→
ERa = 97500 N/C ἲ (direção do eixo x sentido positivo)
Agora calcularemos o campo elétrico total em b, seguindo o mesmo raciocí-
nio da resolução anterior.
→ 1 q1 1 . 12 x 10 -9C
E1 = 4πϵ r2 = 4π(8,85 . 10 -12C2/N . m2) 0,042
= 67500 N/C
0
→ 1 q1 1 . 12 x 10 -9C
E2 = 4πϵ r2 = 4π(8,85 . 10 -12C2/N . m2) 0,142
= 5510 N/C
0
→ →
Nesta segunda situação, E1 e E2 continuam na mesma direção (no eixo x),
→
porém o vetor E1 aponta no sentido negativo de Ox (q1 → b), pois a carga q1
→
é positiva e o ponto b está a sua esquerda, enquanto o vetor E2 continua
apontando para o sentido positivo de Ox (b → q2), pois a carga q2 , é negativa
e o ponto b também está à sua esquerda. Em b também não haverá vetores
componentes no eixo y pela mesma razão que a, assim o campo elétrico re-
sultante em b será dado por:
→ → →
ERb = E1 + E2 = -67500 N/C + 5510 N/C
→
ERb = -61990 N/C ἲ (direção do eixo x sentido positivo)
Por fim, o campo elétrico total em c segue o mesmo passo a passo das re-
soluções anteriores, porém, devemos nos atentar que o ponto c não está sobre
o eixo x e nem y, portanto, devemos avaliar as componentes em x e em y dos
→ →
vetores E1 e E2 .
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 48
→ →
E1 = E2 = 6390 N/C (na direção diagonal)
Para determinar as componentes desses vetores, utilizaremos trigonometria.
Os componentes em x:
→ . 0,05 .
E1x = cos a E1 = 0,13 6390 = 2458 N ⁄C ἲ (direção do eixo x sentido positivo)
→ . 0,05 .
E2x = cos a E2 = 0,13 6390 = 2458 N ⁄C ἲ (direção do eixo x sentido positivo)
Os componentes em y:
→ . 0,12 .
E1y = cos a E1 = 0,13 6390 = 5898 N ⁄C ἲ (direção do eixo y sentido positivo)
→ . 0,12 .
E2y = cos a E2 = 0,13 6390 = 5898 N ⁄C ἲ (direção do eixo x sentido negativo)
Fazendo a soma vetorial para obter o campo elétrico total, temos que os com-
ponentes em y possuem mesmo módulo, porém sentidos opostos, portanto se
anulam. A resultante então será dada pela soma dos vetores componentes em x.
→ → →
ERc = E1x + E2x = 2458 N/C + 2458 N/C
→
ERb = 4916 N/C ἲ (direção do eixo x sentido positivo)
Exemplo 3: campo elétrico de três cargas puntiformes.
Vamos analisar uma situação onde deseja-se determinar o campo elétrico
total sobre uma carga de prova localizada na origem de um plano cartesiano.
O campo elétrico é produzido por 3 partículas eletricamente carregadas da se-
guinte maneira: q1 = + 2Q,q2 = -2Q e q3 = - 4Q, distanciadas igualmente da origem
de um plano cartesiano, como mostra a Figura 3 (a).
q1 y q3 q1 y q3
+ - + -
E1 E3 Ey3 E
3
Ex3
30° 30° X 30° 30° X
30° 30°
ExR12
E2
EyR12 ER12
- -
q2 q2
a) b)
Figura 3. a) Campo elétrico na origem produzido por três cargas puntiformes; b) Diagrama de corpo livre dos vetores resultantes.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 49
EXPLICANDO
O dipolo elétrico pode ser melhor entendido quando analisamos uma molécula
de água (H2O), considerada uma molécula neutra pois a quantidade de elétrons
e prótons no hidrogênio e oxigênio juntos é igual. A distribuição dessas cargas
forma uma extremidade com maior concentração de partículas negativas e ou-
tra com partículas positivas. Essa diferença na distribuição das cargas faz com
que a água seja um excelente solvente de substâncias iônicas como o cloreto
de sódio (sal de cozinha) que, ao entrar em contato com a água, rapidamente
se dissocia em íons Na+ e Cl-, os quais são atraídos pela extremidade negativa
e positiva, respectivamente, da água, mantendo-os separados.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 50
Fluxo elétrico
O fluxo elétrico é, na realidade, uma descrição sobre a orientação do campo elé-
trico, pois não há um fluxo real, o campo elétrico não escoa. Considerando, como
exemplo, um objeto de carga positiva, o fluxo elétrico orienta-se do objeto para fora.
Se fosse um objeto de carga negativa, esse fluxo estaria orientado de fora para den-
tro do objeto. A intensidade desse fluxo será diretamente proporcional à carga dele.
Para facilitar o entendimento, vamos utilizar a Figura 4, que apresenta uma
→
superfície plana de área A, situada dentro de um campo elétrico uniforme E ,
com o vetor campo atravessando perpendicularmente a placa. O fluxo elétrico
é calculado pela equação: ∆φ(Fi) = (E . cos . θ) . A.
Sendo:
φ = fluxo eletrico [N . m2 ⁄C]
E = campo eletrico [N⁄C]
θ = ângulo formado entre o vetor campo e a orientação da superfície
A = área da superfície plana [m2]
→
A
Ø=0 →
Ø = 90º
A
→
→ Ø E
→
A E Ø
A
A A1
A
Figura 4. Superfície plana em um campo elétrico de distribuição uniforme. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 45.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 51
Figura 5. Superfície de forma arbitraria em um campo elétrico. Fonte: HALLIDAY; RESNIK, 2014, p. 142.
O fluxo total será calculado pela integração dos fluxos individuais que pas-
sam através de cada área elementar (dA) que compõe a superfície total, como
mostra a equação a seguir:
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 52
dA dA
dA
dA
dA
Z dA
Resolução
Podemos calcular o fluxo elétrico através de uma superfície integrando o
→ → →
produto escalar E . dA ao longo da superfície. O vetor A é sempre perpendicu-
lar à superfície e aponta para fora.
→
Começaremos pela face direita: O vetor dA aponta no sentido positivo de x.
→ → →
φ= ∮E . dA = ∮(3,0x ἲ + 4,0´j`) . dA ἲ
φ= ∮[(3,0x)(dA) ἲ . ἲ + (4,0)(dA)´j` . ἲ ]
φ= ∮(3,0xdA + 0) = 3,0∮ xdA
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 53
Lei de Gauss
Carl Friedrich Gauss foi quem descobriu a existência da relação entre carga
elétrica e campo elétrico, possibilitando calcular o campo elétrico produzido por
objetos maiores, pois até então estávamos tratando apenas de partículas punti-
formes. A lei de Gauss nos ajuda a compreender como ocorre a distribuição das
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 54
→ → → q
ϵ 0 . ∮ E . dA = qenv → ∮ E→ . dA = env
ϵ0
→
Os vetores da área elementar dA sempre apontam para fora do objeto, as-
sim o fluxo elétrico será positivo nas áreas onde o campo elétrico apontar para
fora (carga positiva) e negativo nas áreas onde o campo elétrico apontar para
dentro (carga negativa) da superfície gaussiana.
A carga total envolvida (qenv) pode representar tanto uma carga puntiforme
quanto a soma algébrica de todas as cargas (positivas e negativas) envolvidas
pela superfície gaussiana. Analogamente, o campo elétrico também represen-
ta o vetor campo de uma carga puntiforme ou o vetor campo resultante da
→
ação de cada carga individual em um ponto de uma área elementar dA .
Assim, a lei de Gauss pode ser utilizada para determinar o fluxo elétrico
para qualquer distribuição de carga em qualquer superfície fechada. Entretan-
to, devemos conhecer a distribuição das cargas na superfície fechada e a inte-
gral deve possuir simetria suficiente para determinar o campo elétrico. Ou se
conhecermos o campo elétrico, conseguimos definir a distribuição de cargas
pela superfície fechada.
Veremos dois exemplos de situações típicas onde utilizamos a lei de Gauss:
no primeiro exemplo, vamos determinar o campo elétrico produzido por uma
distribuição de cargas em um condutor e o outro exemplo será para determi-
nar a distribuição de cargas a partir de um campo elétrico conhecido.
Exemplo 5: determinação do campo de uma esfera carregada.
Temos uma esfera de plástico oca de raio R = 10 cm e espessura desprezível,
com carga q1 = -16e distribuída de forma uniforme. No centro da esfera, há uma
→
partícula de carga q2 = +5e. Qual é o vetor campo E em um ponto P1 a 6 cm de dis-
tância do centro da esfera e em um ponto P2 localizado a 12 cm do centro da esfera?
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 55
q1 P1 P2
r2
q2 r1
E E dA
P1
P2
r1 dA
r2
Figura 7. a) casca de plástico carregada com uma partícula carregada no centro. b) superfície gaussiana para deter-
minar o campo elétrico em P1. c) superfície gaussiana para determinar o campo elétrico em P2.
Resolução
Vamos iniciar determinando o campo no ponto P1. Para isso, vamos conside-
rar uma esfera gaussiana com P1 na superfície, assim a esfera gaussiana tem r =
6 cm (Figura 7 (b)). Nessa primeira situação, temos apenas a carga q2 na esfera
gaussiana e, por ela ser positiva, o campo elétrico através da superfície é posi-
tivo, portanto, aponta para fora da esfera. Consequentemente, o fluxo elétrico
será de dentro para fora. Além disso, devido à simetria esférica, o vetor campo
é perpendicular à superfície. Utilizaremos a lei de Gauss:
→ → q
∮E . d A = env
ϵ0
Porém, como a distribuição do campo é uniforme, podemos dispensar a
integral e fazer por:
q q2
E . (4πr2) = ϵ 2 → E =
0 (4πr2) ϵ 0
5 . 1,6 x 10 -19C
E=
(4π(0,06m 2) . (8,85 . 10 -12C2/N . m2
E = 2,0 . 10 -6N/C
Para determinar o vetor campo em P2, fazemos o mesmo processo, dese-
nhamos uma esfera gaussiana de r = 12 cm (Figura 7 (c)). Agora a carga envolvi-
da será q1 + q2, portanto:
qenv = q1 + q2 = (-16 . 1,6 . 10 -19 + (5 . 1,6 . 10 -19) = -1,76 . 10 -18C
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 56
1,7 . 10 -18C
E=
(4π(0,12m)2 . (8,85 . 10 -12C2/N . m2
E = 1,1 . 10 -6N/C
Exemplo 6: determinar a carga elétrica do cubo gaussiano do exemplo 4.
Resolução
Conforme foi obtido no Exemplo 4, o fluxo total do cubo gaussiano é igual a
φ = 24N . m2 ⁄C, portanto a carga no interior do cubo, qenv será:
Potencial elétrico
No tópico anterior, vimos que toda partícula ou objeto que esteja eletrica-
mente carregado gera um campo elétrico ao seu redor. Ao colocarmos uma car-
ga puntiforme neste campo elétrico, este irá gerar uma força sobre a carga, que
irá deslocá-la através do campo elétrico. Ao se mover, a carga converte a energia
potencial elétrica (U) do sistema em energia cinética (devido à velocidade gerada
ao movimentar-se). Assim, podemos dizer que a força elétrica é conservativa,
pois transforma energia potencial elétrica em energia cinética. A energia poten-
q .q
cial elétrica de um campo elétrico é dada pela equação: U = 1 . 1 0 .
4πϵ 0 r
A energia cinética é gerada pela energia potencial elétrica, que por sua vez é
gerada pelo potencial elétrico produzido por uma carga elétrica introduzida em
um campo elétrico. Potencial elétrico (V ) é constituído pela energia potencial
elétrica, dividido pela carga de prova e escrito pela equação:
U Joule
V = q Coulomb = Volt
0
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 57
Sendo:
Wa→b: trabalho realizado de a para b
q0 = cara de prova [C]
E: campo elétrico [N ⁄C]
d: deslocamento [m]
+ + + + +
E
α +
F = q0 E
yα
b +
yb
0
- - - - -
Figura 8. Carga positiva se deslocando por um campo elétrico. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 72
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 58
Assim, o trabalho realizado por unidade de carga pela força elétrica quando
a carga se desloca de a até b é igual ao potencial no ponto a menos o potencial
no ponto b. Denomina-se diferença de potencial de a em relação a b.
A seguir, vamos ver alguns exemplos de como determinar o potencial elétri-
co em cargas puntiformes e em uma superfície equipotencial:
• Potencial elétrico gerado por uma única carga puntiforme
Para medir o potencial elétrico de uma única carga puntiforme, utilizamos
a equação:
1 . q
V = qU =
0 4πϵ 0 r
Sendo r a distância entre a carga e o ponto onde o potencial está sendo calcu-
lado. Se q for positiva, o potencial será positivo em todos os pontos do espaço, se
q for negativa, o potencial será negativo em qualquer ponto do espaço. Nas duas
situações, V será nulo quando a distância entre a carga e o ponto é infinita (r = ∞). As-
sim como para o capo elétrico, o potencial não depende do valor da carga de prova.
• Potencial elétrico gerado por várias cargas puntiformes
Para determinar o potencial elétrico de várias cargas puntiformes, é dado
pela soma escalar dos potenciais produzidos pelas cargas individuais, como
apresentado na equação a seguir:
1 q
V = qU = ∑ i
0 4πϵ 0
ri
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 59
Por fim, a diferença de potencial é dada pelo trabalho dividido pela carga
do próton:
Wa → b (1,2 . 10 -12j)
Va - Vb = = = 7,5 . 106j/C ou 7,5 MV (Mega Volts)
q 1,6 . 10 -19C
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 60
O potencial por q2 em a:
q 12 . 10-9 C
Vq2 = qU = k 1 = (9 . 109 N · m2/C2)
0 r1 0,04 m
Vq2 = 2700 N · m/C = -2700 J/C = -2700 V
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 61
q q
E(4πr2) = ∈ E=
0 4πr2 ∈0
O campo elétrico sobre a superfície da esfera, é dado por:
q q
E(4πR2) = ∈ E=
0 4πR2 ∈0
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 62
Capacitância
Vimos até o momento como as cargas elétricas interagem entre si, gerando
energia elétrica. Neste tópico, veremos como armazenar essa energia gerada.
Capacitância representa a quantidade de energia elétrica que um dispositivo
consegue armazenar. Por essa razão, são chamados de capacitores.
Um capacitor pode ter diferentes formatos geométricos e possui dois con-
dutores (denominados placas) separados por uma distância d. O símbolo utili-
zado para representar um capacitor é (||). Quando um capacitor está carrega-
do, as placas estão carregadas com cargas de mesmo módulo, porém de sinais
opostos (+q e -q).
Os capacitores são fabricados com um material condutor, assim as placas
são superfícies equipotenciais, ou seja, todas os pontos da placa desse con-
dutor possuem o mesmo potencial elétrico. Entre as duas placas, existe uma
diferença de potencial representada pela letra V, que é proporcional a carga q
do condutor, como apresentado na equação abaixo:
q = C · V,
Onde C é uma constante de proporcionalidade chamada capacitância.
A capacitância depende da geometria das placas e mede a quantidade de
carga que deve ser acumulada nas placas para obter a diferença de poten-
cial desejada. Essa constante não depende da carga q e nem da diferença
de potencial V. Por ser uma constante de proporcionalidade, a relação apre-
sentada pela equação estabelece que quanto maior a capacitância, maior o
a carga q necessária.
C = 1 farad = 1F = 1C ⁄V
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 63
Terminal
b C
a a b
C
+ V
B
-
+ -
B
Terminal S
S
(a) (b)
Figura 9. a) circuito formado por uma bateria e capacitor; b) diagrama esquemático do circuito. Fonte: HALLIDAY;
RESNIK, 2014, p. 266.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 64
ASSISTA
Os capacitores são dispositivos de ampla utilização em equi-
pamentos eletrônicos e tem a função principal de armazenar
energia. Existem disponíveis no mercado uma grande varieda-
de de capacitores, em diferentes formatos e tamanhos. O vídeo
O que é um capacitor? Para que serve? Do canal Brincando
com Ideias apresenta o funcionamento do capacitor em um
sistema elétrico e as principais propriedades deste dispositivo.
q q ∈0 · A
C= v =
q·d = d
∈0 · A
Por essa equação, observamos que, para capacitores de placas paralelas, a
capacitância não depende da carga q e nem do potencial V. Nesses capacitores,
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 65
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 66
q q q q q 1 1 1
V = V1 + V2 + · V3 → = + + =q·
C1 + C2 + C3 , portanto
→
C C1 C2 C3 C
1 1 1 1
Ceq = C1 + C2 + C3
a a
6,0 μF
+ +
12,0V 6,0 μF 12,0 μF 12,0V
- -
12,0 μF
b b
Capacitores em paralelo Capacitores em série
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 67
1) a 2) 3)
a a
C1=4,5μF C1=4,5μF
4) a 5) a
C12=17,3μF
q12=44,6μC C1=12μF C1=5,3μF
V12=2,58V V3=2,58V V2=2,58V
q1=31μC q2=13,7μC
V=12,5V V=12,5V
b b
C1=4,5μF C1=4,5μF
q3=44,6μC q3=44,6μC
V3=9,92V V3=9,92V
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 68
12 = q 1 - q1 = q 1 - 1
C2 C1 6,0 · 10 -6F 12,0 · 10 -6F
12
q= 1 - 1 = 48 μC
6,0 · 10-6F 12,0 · 10-6F
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 69
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 70
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 71
MATERIAL K MATERIAL K
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 72
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 73
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 74
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 75
3 CORRENTES E
RESISTÊNCIAS
ELÉTRICAS
Tópicos de estudo
Correntes elétricas
Geração da corrente elétrica
Densidade de corrente
Velocidade de deriva
Resistências elétricas
Lei de Ohm
Força eletromotriz
Semicondutores e supercon-
dutores
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 77
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 78
a b
C
i i
C’
a’ b’
Figura 1. Corrente elétrica atravessando um conduto. Fonte: HALLIDAY, 2016, p. 322. (Adaptado).
i=
dq
dt [ C
s
= ampere ]
Sendo:
i: corrente elétrica [A];
dq: carga [C];
dt: tempo [s]
Em um sistema fechado, após iniciada a corrente elétrica, o movimento de elé-
trons atinge um valor constante, deixando de variar com o tempo. O nome disso é
corrente estacionária. Assim, em qualquer seção do conduto (como apresentado
na Figura 1), a corrente será a mesma, demonstrando que a carga é conservada.
A Figura 2 mostra dois condutores por onde passa uma corrente i0. Ao chegar
na bifurcação, a corrente se divide em i1 e i2, de modo que a relação entre essas
correntes é: i0 = i1 + i2. A bifurcação é chamada de nó e as setas representam ape-
nas o sentido do fluxo líquido das cargas. A corrente elétrica, por sua vez, é uma
grandeza escalar e não vetorial.
Devido a diferentes materiais condutores, as partículas que se movem podem
ser positivas ou negativas. Nos metais (material sólido), as cargas que se movem
são os elétrons. Nos gases ou em soluções iônicas, as cargas podem ser positivas
ou negativas.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 79
i1
i1
i0
i0
i2
i2
Figura 2. Corrente elétrica percorrendo um condutor, mantendo a carga conservada. Fonte: HALLIDAY, 2016, p.
322. (Adaptado).
Densidade de corrente
A corrente elétrica pode ser explorada de duas formas: a primeira é pela
determinação da corrente total i, que passa por um condutor. A segunda, mais
específica, é a determinação do fluxo de carga por meio de uma seção reta
específica de um material. Esse fluxo de carga é denominado densidade de
corrente e pode ser representado por J⃗, que é uma grandeza vetorial com dire-
ção e sentido igual à velocidade das cargas que constituem a corrente se essas
cargas forem positivas. Se as cargas foram negativas, todavia, o vetor densida-
de de corrente terá direção e sentido contrário ao da velocidade.
A parte específica de um material cuja densidade de corrente se deseja de-
terminar será chamada de elemento da seção reta. O módulo J da densidade
de corrente é definido como a corrente elétrica dividida pela área do elemento
da seção reta, que é o vetor da área perpendicular ao elemento. Essa relação é
apresentada pela seguinte equação:
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 80
J=
i
A [ ] A
m2
Velocidade de deriva
Os elétrons livres de uma superfície com potencial elétrico constante se mo-
vem aleatoriamente sem produzir corrente elétrica. Quando é estabelecida uma
diferença de potencial, esses elétrons irão se mover com uma velocidade deno-
minada velocidade de deriva ou velocidade de arraste (vd), que terá sentido
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 81
do que o campo elétrico (E⃗) e a densidade de corrente ( J⃗) se a carga for positiva.
Por outro lado, se a carga for negativa, v⃗ possui sentido oposto a E⃗ e J⃗.
d
q n·A·L·e i J
i= = = n · A · vd · e → vd = =
t L n·A·e n·e
vd
Em forma vetorial:
J⃗ = (n · e) · vd
Exemplo 1.
Um fio de cobre possui diâmetro de 1,024 mm (geralmente nos fios que ligam
lâmpadas calibre 18) e uma lâmpada de 200 W está conectada a esse fio, que
conduz uma corrente de 1,67 A. A densidade de elétrons livres é igual a 8,5 · 1028
elétrons por m3. Deseja-se determinar a densidade de corrente e a velocidade de
deriva. O que acontece com a densidade de corrente e a velocidade de deriva se
o fio tiver calibre 12 (D = 2,053 mm)?
Resolução:
Conhecendo a corrente e o diâmetro do fio, podemos calcular a velocidade
de deriva com a equação:
i
vd =
n·A·e
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 82
Portanto:
i 1,67 C/s
vd = =
n· ( π · D2
4
)
n· e 8,5 · 1028 e- ⁄m3 · [ π · (0,001024 m)2
4
] n· 1,6 · 10-19C
[ π · (0,001024 m)2
4
]
Para um fio de calibre 18 com uma corrente elétrica de 1,67 A, a velocidade
de deriva é de 0,15 mm/s e a densidade de corrente é de 2,06 · 106 A ⁄m2. Quando
o diâmetro do fio aumenta para um calibre 12, a velocidade
de deriva e a densidade de corrente ficam, respectivamen-
te, no valor de 0,037 mm/s e 5,05 · 105 A ⁄m2. Ou seja, a velo-
cidade e a densidade de corrente diminuem, pois é a mes-
ma quantidade de carga atravessando uma seção maior.
Resistências elétricas
Os materiais condutores são aqueles capazes de conduzir elétrons por sua
superfície. Quando estabelecida uma diferença de potencial, é possível ob-
ter uma corrente elétrica. No entanto, dependendo do tipo de material que
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 83
R=
V
i [ V
A
= Ω (ohm) ]
V
Ao explicitarmos a corrente na equação anterior, temos i = R
, ficando mais
evidente a relação entre diferença de potencial e resistência. Sendo assim,
quanto maior a resistência, menor a corrente elétrica. De maneira inversa,
quanto menor a resistência elétrica, maior a corrente.
Ao delimitar a diferença de potencial em um ponto específico do campo
elétrico, analisamos a densidade de corrente, e não mais na corrente elétrica
do condutor. Assim, a relação que se estabelece é do campo elétrico pela den-
sidade de corrente, que representa a resistividade do material (ρ) pela seguinte
equação:
ρ=
E
J [ V/m
A/m2
=
V
A
· m ou Ω · m ]
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 84
Material Resistividade – ρ (Ω . m)
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 85
Chumbo 22 · 10-8
Mercúrio 96 · 10-8
Âmbar 5 · 1014
Enxofre 1015
Fonte: HALLIDAY, 2016, p. 336; YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 140; TIPLER, 2009, p. 152. (Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 86
CURIOSIDADE
A lâmpada de uma residência acende devido à corrente elétrica transmitida
pelos fios elétricos. O fio de cobre é comumente utilizado para essa função.
Considere um fio de cobre com comprimento de 100 m e resistência de 0,5
Ω. Uma lâmpada de 100 W para 120 V possui uma resistência de 140 Ω.
Sabendo que a resistência faz uma relação entre diferença de potencial e
v
corrente elétrica (R = i ) e que a corrente elétrica que passa pelo fio é a
mesma que chega à lâmpada, se a resistência da lâmpada é muito maior do
que a resistência do fio, a diferença de potencial será muito maior (V = i ∙ R).
O excesso de energia potencial elétrica que chega na lâmpada é convertido
em energia luminosa. Devido à resistência do fio ser bem pequena, a dife-
rença de potencial no fio será muito baixa e, portanto, o fio não se iluminará.
Exemplo 2.
Qual é o comprimento necessário de um fio elétrico, cujo material é níquel e
cromo, para se obter uma resistência de 2 Ω? Sabe-se que esse material possui
resistividade de ρ = 110 · 10 -8 Ω.m e diâmetro de 1,3 mm.
Resolução:
Para determinar o comprimento L do fio, usaremos a equação:
L
R= ρ·
A
Com o L explicitado:
L=
R·A
=
R· ( π · D2
4
) =
2Ω· [ π · (0,0013 m)2
4
]
= 2,4 m
ρ ρ 110 · 10-8 Ω. m
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 87
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 88
Preta 0 1 Marrom 1%
Marrom 1 10 Vermelho 2%
Verde 5 10 5
Azul 6 106
Violeta 7 107
Cinza 8 108
Branca 9 109
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 89
Figura 4. Resistor com faixas de cores indicando sua capacidade. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/112019.
i i 2A
J= = = = 6,04 · 105 A ⁄m2
A π · D2 π · (0,002053 m)2
4 4
Pela Tabela 1, sabemos que a resistividade do cobre é ρ = 1,68 · 10 - 8 Ω.m. Logo,
o campo elétrico é calculado por:
E = ρ · J = 1,68 · 10 -8 Ω · m · 6,04 · 105 A ⁄m2 = 0,01 V⁄m
A diferença de potencial é obtida pela equação:
V = E · L = 0,01 · 50 = 0,5 V
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 90
Lei de ohm
O resistor foi apresentado como um componente que tem capacidade de
oferecer resistência à passagem da corrente elétrica, não dependendo da dife-
rença de potencial aplicada. Existem outros componentes que podem também
oferecer uma resistência à passagem da corrente elétrica. No entanto, o valor
dessa resistência pode variar com a diferença de potencial aplicada.
Um componente de teste, mostrado na Figura 5 (a), é submetido a uma
diferença de potencial aplicada em seus dois terminais, sendo que a corrente
elétrica gerada é medida de acordo com as diferentes variações. A Figura 5 (b)
mostra o gráfico com os resultados obtidos para um determinado componen-
te, podendo ser observada uma linha reta que passa pela origem e mostrando
que a razão de i/V é a mesma para qualquer valor de V. Isso significa que a
V
resistência desse componente (R = i
) não varia com o valor da diferença de
potencial.
O gráfico da Figura 5 (c) apresenta os resultados do mesmo teste realizado
em outro componente. Nesse gráfico, observa-se uma curva na qual a corrente
se mantém igual a zero até um determinado valor de diferença de potencial. A
partir desse valor de aproximadamente 1,5 V, uma corrente elétrica é gerada.
Entretanto, observa-se também que, na faixa em que a diferença de potencial
gera uma corrente elétrica, a razão entre ambos não é uniforme, ocorrendo
uma dependência da corrente pela diferença de potencial.
A partir desse teste, pode-se concluir que existe uma dife-
rença importante entre componentes no que diz respeito à
geração de corrente elétrica.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 91
+ -
?
i i
(a)
+2
Corrente (mA)
-2
-4 -2 0 +2 +4
+4
Corrente (mA)
+2
-2
-4 -2 0 +2 +4
(c)
Diferença de potencial (V)
Figura 5. (a) teste de aplicação de diferença de potencial a um componente. (b) razão linear em diferença de potencial
e corrente elétrica. (c) razão não constante entre variação da diferença de potencial e corrente elétrica gerada. Fonte:
HALLIDAY, 2016, p. 340. (Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 92
Força eletromotriz
Em um sistema fechado, conseguimos produzir uma corrente estacionária
devido ao fornecimento constante de carga. Em um sistema isolado ou aber-
to, por sua vez, não é possível obter corrente elétrica constante, pois ao ser
aplicado um campo elétrico em um ponto do sistema, a força gerada nas car-
gas faz com que haja uma corrente elétrica que acumulará cargas positivas em
uma extremidade e cargas negativas na outra. A concentração dessas cargas
nas extremidades do sistema forma um campo elétrico no sentido oposto ao
campo elétrico inicial. Após determinado tempo esses campos se anulam e,
consequentemente, fazem cessar a corrente elétrica.
Entretanto, em um circuito fechado, quando o campo elétrico é formado, a
força elétrica gera um fluxo de cargas de um terminal para outro. Para haver
corrente elétrica, esse potencial elétrico nas extremidades deve ser diferente.
Isso é conseguido quando um dispositivo é colocado no sistema para manter
a diferença de potencial e, consequentemente, uma corrente elétrica contínua
é mantida.
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 93
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 94
Fe = q . E
Força em função
do campo elétrico
Vb - Terminal b em
potencial mais elevado E
Figura 6. Esquema de uma fonte de FEM. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 147. (Adaptado).
A Figura 6 mostra uma carga positiva na qual uma força elétrica Fe atua para
que ela se mova do terminal positivo para o terminal negativo. A força não ele-
trostática Fn , gerada pelo dispositivo, faz com que a carga se mova no sentido
contrário, do terminal negativo para o positivo e do terminal positivo para a ne-
gativo, pelo conduto que liga os dois terminais. A diferença de potencial entre
as extremidades do fio é dada por Vab= i · R e a diferença de potencial da fonte
de FEM é dada por ε = Vab.
Em uma fonte de FEM real, a diferença de potencial nos fios (Vab) não é exa-
tamente igual à diferença de potencial dentro da FEM (ε) devido à resistência
interna da fonte r, a qual a carga fica submetida. Se essa resistência seguir a lei
de Ohm, ela deverá ser constante e independente da corrente i. Ao passo que a
corrente passa por essa resistência interna da fonte, a FEM terá uma queda de
potencial da ordem de i · r, como mostra a equação:
Vab = ε - (i · r)
Dessa forma, a voltagem nos terminais (diferença de potencial nos termi-
nais) será menor do que a diferença de potencial dentro da fonte FEM devido
à perda de energia potencial elétrica na resistência interna. Assim, a corrente
elétrica é dada pela equação:
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 95
Resistor
ε +
Fonte de FEM com resistência interna r
ou (pode ser colocada de qualquer lado)
+ ε
Figura 7. Símbolos utilizados na representação de circuitos elétricos. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 149. (Adaptado).
Exemplo 4.
A uma bateria cuja FEM é de 15 V, é adicionado um resistor de 4 Ω para formar
o circuito completo, representado na Figura. Qual deverá ser a leitura indicada
pelo voltímetro e pelo amperímetro?
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 96
+
a b
i r = 2Ω ε = 15V
A i
a’ b’
R = 4Ω
Figura 8. Fonte de FEM em circuito fechado. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 149. (Adaptado).
Resolução:
A bateria possui uma força eletromotriz de ε = 15 V e resistência interna de r = 2
Ω, enquanto o resistor no circuito possui resistência de 4 Ω. Com essas informações
conseguimos definir a corrente elétrica medida pelo amperímetro com a equação.
Obs. Considera-se que o amperímetro não causa nenhuma resistência à
passagem da corrente.
ε 15 V
i= = = 2,5 A
R+r 4Ω + 2Ω
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 97
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 98
CURIOSIDADE
Quando uma corrente elétrica passa por um resistor, a energia recebida
é convertida em energia térmica, resultando no seu aquecimento. Essa
observação é conhecida como efeito Joule, pois foi ele quem determinou,
de forma quantitativa, o calor produzido por um resistor. Esse efeito ocor-
re devido à colisão dos elétrons com átomos que compõem a estrutura
cristalina do condutor, gerando energia em forma de calor.
Desse modo, a bateria é uma fonte com FEM igual a ε e a resistência interna r está
ligada por condutores ideais (sem resistência) a um circuito externo qualquer (a ba-
teria de um carro ligada ao farol do mesmo, por exemplo), como mostra a Figura 9.
i i
i i
Fn
a b
+ v + -
a Circuito b
Fe
+ externo -
Fonte FEM
grande
a b
Figura 9. Representação esquemática de a) transferência de energia de uma fonte FEM para um circuito externo e b)
absorção de energia por uma fonte FEM pequena de uma fonte FEM maior. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 153.
(Adaptado).
ELETRICIDADE E MAGNETISMO 99
Semicondutores e supercondutores
A evolução da microeletrônica foi possível devido ao desenvolvimento dos
semicondutores. Um semicondutor típico é o silício e, quando comparado ao
cobre, condutor metálico típico, possui um número muito menor de portado-
res de carga, ou seja, possui resistividade maior. Além disso, o coeficiente de
temperatura da resistividade do silício mostra que ela diminui com o aumento
da temperatura. Para o cobre, no entanto, a resistividade aumenta com o au-
mento da temperatura.
O silício puro apresenta resistividade a ponto de poder ser classificado
como isolante, não tendo, portanto, muita utilidade em sistemas eletrônicos.
Essa resistividade do silício pode ser reduzida por meio de um processo chama-
do dopagem, no qual algumas impurezas são adicionadas de forma controlada
ao silício puro.
4 CIRCUITOS ELÉTRICOS,
MAGNETISMO
E CAMPOS
MAGNÉTICOS
Tópicos de estudo
Circuitos elétricos
Circuito de resistores em série
e paralelo
Circuitos com mais de uma
malha
Amperímetro e voltímetro
Circuitos RC
A B
R1
R1 R2 R3 R2
α b α b
i i
i i R3
C D
R2 R1 R2
R1
α b α b
R3 i i
i i R3
Figura 1. A) representação de uma ligação de resistores em série; B) uma ligação de resistores em paralelo; C) resistor
em série com uma combinação em paralelo; D) resistor em paralelo com uma combinação em série. Fonte: YOUG;
FREEDMAN, 2009, p. 169.
i= ε →i= ε
R1 + R 2 + R3 Requivalente
i
i R1 i R3
Nó1
+ +
R2 i R4 i
Nó2
i R6 i R5
i
(a) (b)
Figura 2. a) circuito elétrico simples com uma malha composto por uma fonte e um resistor; b) circuito elétrico com-
posto por três malhas, uma fonte e seis resistores. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 170.
E = 18 V, r = 0
6Ω
4Ω
a c b
3Ω
Figura 3. Circuito fechado alimentado por uma fonte FEM. Fonte: YOUG; FREEDMAN, 2009, p. 171.
Pode ser observado que a lei dos nós é verdadeira, pois no nó C entra uma
corrente de 3 A, que se divide em duas correntes: uma de 1 A e outra de 2 A.
Outra observação a ser feita é que a corrente maior atravessa o resistor de
resistência menor e vice-versa.
R1 R1 Ԑ2
R2 i3 R1
Ԑ1
R1
Ԑ2
b i2
i1
Figura 4. Circuito fechado composto por três malhas. Fonte: HALLIDAY, 2015, p. 398.
i1 i2
a
+
R1 R1 - ε2
R2 i3 R1
+
ε1
-
R1 +
- ε2
b
i2
i1
Figura 5. Circuito de três malhas com sentido da corrente ajustado após verificação. Fonte: HALLIDAY, 2015, p. 398.
i2
i 1
1Ω 1Ω
1Ω
+ a b
13 V -
1Ω i3 2Ω
i1 + i2
i 3
i+
i 1-
2
i3
Figura 6. Circuito com vários resistores em série e paralelo. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 177.
Amperímetro e voltímetro
Utilizamos muito os termos corrente elétrica, diferença de potencial e
resistência, mas como chegamos a esses valores? Para a medida dessas
grandezas, são utilizados dispositivos chamados multímetros. Em especí-
EXPLICANDO
Os multímetros são aparelhos muito utilizados por profissionais de elétrica.
Eles medem corrente elétrica, diferença de potencial e resistência elé-
trica fazendo uma simples troca da chave seletora, podendo ser digitais
ou analógicos. O aparelho usado para medir a resistência é chamado de
ohmímetro e consiste na aplicação de uma tensão na resistência que se
deseja medir; dessa forma, uma corrente elétrica é forçada a passar e a
resistência é medida. Esses equipamentos consistem em dois terminais
que são ligados ao circuito que se quer medir. Para que não haja interfe-
rência desses aparelhos na leitura realizada no circuito, o voltímetro deve
ser ligado em paralelo com o resistor, enquanto o amperímetro deve ser
ligado em série.
+
ε
- R2
r
A R1
V
i b
d
Figura 7. Conexão de amperímetro e voltímetro em um circuito elétrico. Fonte: HALLIDAY, 2015, p. 400.
R R Ra
a b c a b c
A A
i i
V V
Rv Rv
A B
Figura 8. Circuito com dispositivos de medida de grandezas elétricas, amperímetro e voltímetro. Fonte: YOUNG; FREED-
MAN, 2009, p. 180.
Vab 12 V
R= = = 121,5 Ω
i 0,0988 A
A potência dissipada é dada pela equação:
P = Vab ∙ iR = 12V ∙ 0,0988 A = 1,19 W
Circuitos RC
Até o momento, foi considerado que a fonte de energia, a corrente e a diferen-
ça de potencial eram mantidas constantes, por isso são chamadas de corrente
contínua (cc). Entretanto, em muitos dispositivos não é o que ocorre: semáforos,
pisca-piscas de carro e outros dispositivos fazem uso de circuitos que possuem
capacitores que se carregam e descarregam alternadamente.
Dá-se o nome de circuito RC àqueles que possuem um capacitor em série
com o resistor, como mostra a Figura 9.
Chave
Chave
ε aberta ε
+ - + - fechada
i=0 i
q=0
a b c a b +q -q
c
c R c
R
(a) (b)
Figura 9. Circuito RC simples composto por uma fonte de FEM ideal, uma chave liga e desliga, um resistor e um capaci-
tor. Fonte: YOUNG; FREEDMAN, 2009, p. 182.
Quando a carga do capacitor atinge seu valor máximo qf, a corrente di-
minui até cessar. Nesse momento, com a corrente elétrica nula, temos:
ε qf
= → qf = ε ∙ C
R RC
dq
i=
dt
∫ ∫
q t
dq’ dt’
=-
(q’ - Cε) RC’
0 0
q - Cε t
Teremos In =- simplificando a função exponencial na base
- Cε RC
CURIOSIDADE
A bússola foi criada pelos chineses em 850 d.C. para ser utilizada na
orientação geográfica dos navegadores. A agulha dela se alinha ao campo
magnético do local onde se encontra. Isso acontece porque a Terra pode
ser considerada um grande ímã, pois produz um campo magnético no seu
interior. O polo norte da Terra está próximo ao polo sul magnético; isso
acontece porque o eixo de simetria do campo magnético da Terra não é
paralelo ao seu eixo de rotação. Por esta razão, a ponta da agulha de uma
bússola aponta para o norte da Terra, pois polos opostos se atraem. Linhas
de alta tensão interferem no funcionamento preciso da bússola.
Campo magnético
Atração improvável
Barra magnética
dos polos
Ímã de ferradura
Polos que se
repelem
Figura 10. Representação das linhas magnéticas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/11/2019.
→ → →
F = qv B →
v B
→
→ →
v B
→
B
→
B
q
→
→
v
v
Figura 11. Orientação da força magnética utilizando a regra da mão direita. Fonte: TIPLER, 2009, p. 192.
z
y N
v = 107 m/s j
F
W + E
x
B = B cos 70O j - B sen 70O k
+q
Embaixo
Figura 12. Orientação dos vetores de força magnética, velocidade e campo elétrico. Fonte: TIPLER, 2009, p. 193.
FB = |q|v ∙ sen θ ∙ B =
FB = (1,6 × 10 C)(1 × 107 m ⁄s)sen 70°(0,6 × 10 -4 T)
-19
FB = 9,0 × 10 -17N
→ → → ^
A orientação vetorial de FB, tem-se v = v yj e B = B yj + Bzk
→ →→ ^
FB = q ∙ v ∙B = q(v yj) ∙ (B yj + Bzk)
→ ^
FB = qv yB y ∙ (j^∙ ^j) + qv yBz ∙ (j^∙ k) = qv yBz^i
→
FB = qv(-Bsenθ) ^i
→
FB = (1,6 × 10 -19C)(107 m ⁄s)(0,6 × 10 -4T)sen 70°i^
→
FB = -9,0 × 10 -17Ni^
A força magnética se encontra na direção do eixo x, no sentido negativo a
partir da origem de módulo 9,0 × 10 -17N.
Quando um fio que conduz corrente elétrica se encontra numa região em
que existe um campo magnético, é gerada sobre o fio uma força corresponden-
r qB
Lei de Biot-Savart
A lei de Biot-Savart faz uma relação entre a intensidade do campo
magnético com a distância de determinado ponto do campo com a fonte
geradora que, no caso, é a carga que se movimenta. Análoga à lei de Cou-
lomb para campo elétrico de uma carga puntiforme, a lei de Biot-Savart
→
estabelece a seguinte relação entre um elemento de corrente dl e o campo
que ele gera:
→
→ μ0 i ∙ dl ∙ ^i
dB = ∙
4π R2
B=
μ0 i
∙
4π R2
∙
∮ dl
→
Sendo z a distância a partir do centro do anel em que o campo está sen-
do medido. As somas das componentes de dB em x e y se anulam, portanto,
o campo magnético de um elemento de corrente é calculado sobre a com-
ponente em z:
μ0 i ∙dl R μ i ∙ dl ∙ R
dBz = dB ∙ sen θ = ∙ 2 ∙ = 0 ∙ 2 2 3⁄2
4π (z + R )2 √(z + R )
2 2
4π (z +R )
Bz =
μ0
∙
i∙R
4π (z2+R 2)3 ⁄ 2 ∮ dl
μ0 i∙R μ i ∙ R 2 ∙ 2π
Bz = ∙ 2 ∙2πR = 0 ∙
4π (z + R )
2 3 ⁄ 2 4π (z2+R 2)3 ⁄ 2
{
Bz = N ∙
μ0 i ∙ R 2 ∙ 2π
∙ = 12 ∙
(4π × 10 -7T ∙ m ⁄A)
∙
(4,0 A) ∙ (0,05 m)2 ∙ 2π
{
4π (z2+R 2)3 ⁄ 2 2 [(0,15)2 + (0,05)2]3 ⁄ 2
Bz = 1,91 × 10 -5T
{
Bz = N ∙
μ0 i ∙ R 2 ∙ 2π
∙ = 12 ∙
(4π × 10 -7T ∙ m ⁄A)
∙
(4,0 A) ∙ (0,05 m)2 ∙ 2π
{
4π (z2+R 2)3 ⁄ 2 4π [(3)2 + (0,05)2]3 ⁄ 2
Bz = 2,79 × 10 -9T
μ0 i ∙ R 2 ∙ 2π
Comparando com o resultado obtido pela equação Bz = ∙
4π z3