SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 20/3/2023 OPI N IÃO A3

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Waldemir Barreto (Ag. Senado) / Divulgação

EDITORIAL O dever do Estado

A série de ataques seguidos registrados no
Rio Grande do Norte desafia autoridades
federais de justiça e segurança pública,
lideradas pelo ministro Flávio Dino, pron-
to para coordenar presencialmente a de-
fesa do povo potiguar.
Em ambígua provocação, capaz de, a
um só tempo, produzir a tristeza do ge-
neralizado pânico, a bandalheira evoca a
oportunidade de o Estado brasileiro re-
cuperar-sedaleniênciaeletargiadosqua-
tro anos perdidos de 2019 a 2022.
A expansão dos negócios de compra e
venda de revólveres e pistolas pode ter
contribuído para ampliar o arsenal dos
fora da lei, denunciando o equívoco da
política de incentivo ao armamento no o terror diante da população acuada.
país. Mesmo com o reforço da Força Na-
Atribuídas a facções organizadas, a cional para unir-se aos batalhões locais e
partir de ordens dirigidas dentro e fora do a prisão de 100 suspeitos, até o início da
sistema prisional, as mais de 250 ações de noite de ontem, dois cidadãos haviam
barbárie atingiram cerca de 50 muni- sido assassinados, um comerciante e ou-
cípios em cinco dias, tocando os bandidos tro policial.
Fogueiras devoraram depósitos de me-
dicamentos e veículos, entre os quais ôni-
bus; além de patrimônio particular, fo-
A série de ataques ram depredados prédios públicos, como
seguidos registrados bases da Polícia Militar e um fórum ju-
no Rio Grande do Norte diciário.
Estes endereços comunicam, por meio
desafia autoridades da violência, quais instituições estão sob a
de justiça e segurança mira dos criminosos, insatisfeitos devido
à transferência de presos ligados à facção
paulista Primeiro Comando da Capital
(PCC), aliada ao Sindicato do Crime.
Outro gatilho a disparar a revolta dos
incendiários seriam as condições insa-
lubres das casas de detenção, gerando
desproporcional revide, mesmo se con-
firmados maus tratos e outros delitos por
parte dos agentes de custódia.
Aulas suspensas e o adiamento do clás-
sico América x ABC, em Natal, são efeitos
pequenos perto do risco de potiguares
sofrerem queimaduras e irem a óbito,
apesar de trancafiados em suas casas, em
absurda troca de lugar social com os
agressores.

As charges publicadas neste espaço expressam as opiniões de seus autores

CAU GOMEZ
Mulheres na
Engenharia
Karen Daniela
Engenheira civil e diretora geral da Mútua-BA

N
ós já somos cerca de 200 mil Mu-
lheres na Engenharia, Agronomia
e Geociências no Brasil, de acordo
com dados do Confea (Conselho Federal
de Engenharia e Agronomia). Sim, somos
mulheres que trabalham nas áreas tec-
nológicas, e é preciso reafirmar isso por-
que o pertencimento ao universo femi-
nino deve abrir caminhos para atuar nas
mais diversas posições profissionais e de
vida – nunca limitar.
Quando comecei na Engenharia, a pre-
sença de mulheres neste universo pro-
fissional era reduzida e ainda menor no
ambiente de campo, como na Engenharia
Civil. O cenário vem se transformando e
hoje já somos 20% dos profissionais re-
gistrados no país. Neste mês de março, é
tempo de parabenizar as mulheres e suas
relevantes contribuições para as Enge-
nharias.
Avançamos sim, mas o caminho para a
busca da igualdade e do amplo respeito
ainda é longo e muito legítimo. Em março
temos uma agenda feminista marcante,
com o foco no Dia Internacional da Mu-
lher.
Para além das homenagens e lembran-
ças, sempre bem-vindas se virem acom-
panhadas de coerência e afeto, é preciso
manter a busca pela simetria de opor-
tunidades, condições de trabalho, am-
bientes respeitosos e paridade salarial.
A pauta da visibilidade e inclusão con-
tinua no topo das necessidades das Mu-
lheres Engenheiras, Agrônomas e Geo-
cientistas. Quebrar com o preconceito
contra nosso envolvimento em canteiros
de obras, no campo, na indústria e cargos
de gestão e liderança é necessário.
Ao ser eleita diretora geral da Mútua,
Caixa de Assistência dos Profissionais do

Centenário do escritor baiano Carlos Vasconcelos Maia
Filismina Fernandes Saraiva
Professora da Uneb, doutoranda em Letras –
PPGEL-Uneb
um grupo formado por Cláudio Tuiti Ta-
vares (poeta e jornalista), Darwin Bran-
dão (jornalista), Wilson Rocha (poeta e
crítico de arte). Mais tarde, se juntaram a
eles Heron de Alencar, Mota e Silva, Adal-
mir da Cunha Miranda, Jair Gramacho,
savam a modernização das artes e entre
festas populares e candomblés.
No Ilê Axé Opô Afonjá, o filho de Oxalá
recebeu o cargo de Otun Ojuobá – à di-
reita dos olhos de Xangô. Essa inserção do
autor no mundo negro vai aos poucos
Sistema Confea/Crea na Bahia, tinha a
dimensão do meu desafio. Era preciso
representar e entregar benefícios que re-
forçassem o discurso, trazendo soluções
práticas.
E foi assim que atuamos, em conjunto
com os meus pares diretores regionais e
à Diretoria Executiva Nacional, na criação
de novas soluções, como o auxílio-ma-
ternidade e o aumento do número de

E
m 2023 o escritor Carlos Vascon-
celos Maia faria 100 anos! O baiano
nasceu em Santa Inês, no dia 20 de
março de 1923, no ano seguinte mudou-se
para Salvador com a família, cidade palco
de inúmeras histórias narradas por ele.
Foi membro da Academia de Letras da
Bahia, ocupando a cadeira 14, infelizmen-
te não teve o reconhecimento merecido.
Publicou seu primeiro livro de contos em
1946. Fez parte do movimento literário
baiano Caderno da Bahia, juntamente
com um grupo editou seis números de
Caderno da Bahia: revista de cultura e
divulgação (1948 a 1951). Publicou diver-
sas crônicas em periódicos como o Jornal
da Bahia e A TARDE, na categoria novela
trouxe a público O leque de Oxum, em
1961.
No Caderno da Bahia, Maia integrava
Pedro Moacir Maia. Entre os membros
havia ilustradores e artistas plásticos ini-
ciantes: Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos,
Genaro de Carvalho, Hélio Vaz, Genner
Augusto, Lygia Sampaio, Ladislau Bartk e
Rubem Valentim. Também fizeram parte
o músico Paulo Jatobá e o crítico de ci-
nema Walter da Silveira. O intuito dos
jovens não era romper com o passado,
mas com a “mesmice” acadêmica. Pre-
tendiam integrar a cultura marginal à
legitimada. A ligação com o passado fez
Maia descrever, na maioria de seus con-
tos, uma Salvador de arquitetura barroca
e colonial em conflito com a nova cidade
industrializada. Dentro deste impasse,
preferiu falar do povo pobre e margi-
nalizado, que se confundia com o povo
negro. Transitava entre o mundo dos in-
telectuais e o do povo, entre os que pen-
fazer diferença na criação de suas per-
sonagens, culminando na escrita da no-
vela O leque de Oxum, a qual traz o uni-
verso do Culto aos Ancestrais em Ter-
reiros da Ilha de Itaparica e a mitologia
afro-brasileira como uma forma de re-
presentação do negro dentro da sua cos-
mogonia. Os mitos explicam os destinos
dos protagonistas. A obra ganhou pre-
fácio do amigo Jorge Amado.
Além da vida literária, o autor teve uma
carreira voltada para o turismo, dirigiu o
órgão oficial de turismo de Salvador de
1958 até 1964. Depois, foi Assessor de
Turismo da Companhia de Navegação
Baiana em 1967, entretanto nunca aban-
donou sua paixão pela literatura. Seu
amor pela Cidade da Bahia e pelo povo
eternizou-se em contos, crônicas e novela.
Viva Vasconcelos Maia!
parcelas do benefício, entre outros ga-
nhos.
É preciso resistir e não desistir. A evo-
lução das ciências passa por promover
ambientes de trabalho mais diversos, em
todas as modalidades da área tecnológica,
da Engenharia Elétrica à Civil, passando
pela Mecânica, Química e Agronômica.
A Engenharia precisa apressadamente
voltar ao seu lugar de protagonista do
desenvolvimento nacional e a participa-
ção feminina tende a catalisar esta lu-
ta.
A Mútua Caixa de Assistência é a ver-
tical de apoio, acolhimento e benefícios
sociais para todas e todos os profissionais
da área tecnológica e seguiremos firmes
nesta missão de evoluir junto com a En-
genharia, a Agronomia e as Geociên-
cias.

CONTROLLER: A TARDE E MASSA!: Luiz Lasserre SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DAS
Lucas Lago CONTEÚDOS E PROJETOS ÁRVORES, CEP: 41.820-570, SALVADOR/BA, FALE COM A REDAÇÃO:
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