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“Como a realidade do jogo ultrapassa a esfera da vida humana, é impossível que tenha
seufundamento em qualquer elemento racional, pois nesse caso, limitar-se-ia à
humanidade. Aexistência do jogo não está ligada a qualquer grau determinado de
civilização, ou a qualquer concepção do universo.” (P. 6)
“[...] É lícito dizer que o jogo é a não-seriedade, mas esta afirmação, além do fato de
nada nos dizer quanto às características positivas do jogo, é extremamente fácil de
refutar. Caso pretendamos passar de "o jogo é a não-seriedade" para "o jogo não é
sério", imediatamente o contraste tornar-se-á impossível, pois certas formas de jogo
podem ser extraordinariamente sérias. Além disso, é facílimo designar várias outras
categorias fundamentais que também são abrangidas pela categoria da "não-
seriedade" e não apresentam qualquer relação com o jogo. O riso, por exemplo, está
de certo modo em oposição à seriedade, sem de maneira alguma estar diretamente
ligado ao jogo.” (p. 8)
“Seja qual for a língua que tomemos como exemplo, sempre encontramos uma
tendência constante para enfraquecer a idéia do jogo, transformando este em uma
simples atividade geral que está ligada ao jogo propriamente dito apenas através de
um de seus diversos atributos, tais como a ligeireza, a tensão e a incerteza quanto ao
resultado, a alternância segundo uma certa ordem, a livre escolha etc.” (p. 30)
“A essência do lúdico está contida na frase "há alguma coisa em jogo". Mas esse
"alguma coisa" não é o resultado material do jogo, nem o mero fato de a bola estar
no buraco, mas o fato ideal de se ter acertado ou de o jogo ter sido ganho.” (p. 39)
“A idéia de ganhar está estreitamente relacionada com o jogo. Todavia, para alguém
ganhar é preciso que haja um parceiro ou adversário; no jogo solitário não se pode
realmente ganhar, não é este o termo que pode ser usado quando o jogador atinge o
objetivo desejado.” (p. 40)
4. O JOGO E O DIREITO
5. O JOGO E A GUERRA
“E não há dúvida que toda luta submetida a regras, devido precisamente a essa
limitação, apresenta as características formais do jogo. Podemos considerar a luta
como a forma de jogo mais intensa c enérgica, e ao mesmo tempo a mais óbvia e mais
primitiva. Os cachorros e os garotinhos lutam "de brincadeira", com regras que
limitam o grau de violência; apesar disso, nem sempre os limites da violência
permitida excluem o derramamento de sangue ou mesmo a morte dos combatentes.”
(P. 68)
6. O JOGO E O CONHECIMENTO
“Para o homem primitivo as proezas físicas são uma fonte de poder, mas o
conhecimento é uma fonte de poder mágico. Para ele lodo saber é um saber sagrado,
uma sabedoria esotérica capaz de obrar milagres, pois todo conhecimento está
diretamente ligado à própria ordem cósmica.” (P.79)
7. O JOGO E A POESIA
“O jogo de perguntas e respostas em forma de verso pode também ter uma função de
armazenamento de toda uma massa de conhecimentos úteis. Uma moça acaba de dizer
sim a seu noivo, e ambos pretendem abrir juntos uma loja. O noivo pede-lhe para lhe
dizer os nomes dos medicamentos, e todo o tesouro da farmacopéia se segue em verso.
A arte da aritmética, o conhecimento das diversas mercadorias e o uso do calendário
na agricultura também podem ser transmitidos de forma extremamente sucinta por
este processo. As vezes, os namorados interrogam-se mutuamente, sobre questões de
literatura. Fizemos notar acima que todas as formas de catecismo se relacionam
diretamente com o jogo dos enigmas. O mesmo é também o caso do exame, que
sempre desempenhou um papel extraordinariamente importante na vida social do
Extremo Oriente.” (p. 93)
“[...] Conforme dissemos, o jogo situa-se fora da sensatez da vida prática, nada tem a
ver com a necessidade ou a utilidade, com o dever ou com a verdade.” (p. 115)