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concreto, podendo a multa nele prevista ser excessiva ou insu-
ficiente, considerando, especialmente, as situações de reincidên-
cia e os danos causados aos usuários dos serviços.
Nesse contexto, verifica-se que a matéria enfocada no arti-
go 3º do projeto já se encontra adequadamente disciplinada,
revelando-se inconveniente a inserção, no cenário normativo,
da disposição legal pretendida.
Finalmente, considerando que o poder regulamentar inclui-
-se dentre as competências privativas outorgadas pela Consti-
tuição Federal ao Chefe do Poder Executivo (artigo 84, inciso IV,
da Constituição da República, e artigo 47, inciso III, da Consti-
tuição Estadual), a determinação para seu exercício, prevista no
artigo 4º do projeto de lei, não observa o princípio da harmonia
entre os poderes do Estado e implica violação da Constituição
da República (artigo 2º) e da Carta Paulista (artigo 5º).
Para além disso, a especificidade da matéria tratada na
propositura pode exigir regulamentação por parte do Poder
Judiciário, fundada no § 1º do artigo 236 da Constituição da
República, não se justificando, portanto, a limitação de seu
exercício exclusivamente ao Poder Executivo.
Fundamentado nestes termos o veto parcial que oponho ao
Projeto de lei nº 522, de 2022, restituo o assunto ao oportuno
reexame dessa ilustre Assembleia.
Reitero a Vossa Excelência os protestos de minha alta
consideração.
Tarcísio de Freitas
GOVERNADOR DO ESTADO
A Sua Excelência o Senhor Deputado Carlão Pignatari
Presidente da Assembleia Legislativa do Estado.
Diário Oficial Poder Legislativo
VETO TOTAL AO PROJETO DE LEI
Nº 597, DE 2022
Mensagem A-nº 051/2023 do Senhor Governador do
Estado
São Paulo, 07 de março de 2023
Senhor Presidente,
Tenho a honra de levar ao conhecimento de Vossa Excelên-
cia, para os devidos fins, nos termos do artigo 28, § 1º, combi-
nado com o artigo 47, inciso IV, da Constituição do Estado, as
razões de veto total ao Projeto de lei nº 597, de 2022, aprovado
por essa nobre Assembleia, conforme Autógrafo nº 33.402.
De iniciativa parlamentar, a medida objetiva alterar o § 1º
do artigo 13-A da Lei 13.296, de 23 de dezembro de 2008 (que
estabelece o tratamento tributário do Imposto sobre a Proprie-
dade de Veículos Automotores - IPVA), a fim de condicionar a
isenção nele prevista à comprovação do grau de deficiência ou
de transtorno do espectro do autismo, aferido em avaliação por
profissionais da Medicina de Trânsito credenciados pelo Depar-
tamento Estadual de Trânsito de São Paulo - DETRAN-SP ou
médico credenciado pelo Sistema Único de Saúde - SUS, deven-
do a avaliação considerar os impedimentos nas funções e nas
estruturas do corpo, os fatores socioambientais, psicológicos e
pessoais, a limitação no desempenho de atividades e a restrição
de participação (artigo 1º).
O projeto dispõe, ainda, que, excepcionalmente, o inte-
ressado que já tenha protocolizado o pedido de isenção, cuja
conclusão esteja aguardando a avaliação médica pelo Instituto
de Medicina Social e de Criminologia - IMESC, poderá realizar
a perícia pelos mesmos profissionais previstos no artigo 1º, até
30 de junho de 2023, com efeitos tributários retroativos a 1º de
janeiro de 2022 (artigo 2º).
Não obstante os elevados propósitos dos signatários da
proposta, vejo-me compelido a negar-lhe sanção pelas razões
a seguir expostas.
Inicialmente, cabe registrar que a isenção do IPVA para
pessoas com deficiência ou com transtorno do espectro do
autismo já recebeu diversos regramentos, o mais recente deles
veiculado pela Lei nº 17.473, de 16 de dezembro de 2021.
Referida lei deu nova redação ao artigo 13-A da Lei nº
13.296, de 23 de dezembro de 2008, assegurando o direito
à isenção do IPVA para um único veículo de propriedade de
pessoa com transtorno do espectro do autismo em grau mode-
rado, grave ou gravíssimo, ou com deficiência física, sensorial,
intelectual ou mental, moderada, grave ou gravíssima, ou de
seu representante legal, na forma e nas condições estabelecidas
pelo Poder Executivo.
Esse dispositivo legal condiciona a concessão do direito à
isenção à comprovação do grau de deficiência ou de transtorno
do espectro do autismo, aferido em avaliação biopsicosso-
cial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar,
que deverá considerar: os impedimentos nas funções e nas
estruturas do corpo, os fatores socioambientais, psicológicos e
pessoais, a limitação no desempenho de atividades e a restrição
de participação.
Ocorre que ao dispor que a comprovação do grau de
deficiência ou de transtorno do espectro do autismo será
realizada mediante avaliação por profissionais da Medicina de
Trânsito credenciados pelo DETRAN-SP ou por médicos creden-
ciados pelo SUS, o projeto exclui a necessidade de realização
de avaliação biopsicossocial por equipe multiprofissional e
interdisciplinar.
Esse aspecto foi objeto de considerações da Secretaria da
Fazenda e Planejamento que, manifestando-se contrariamente
à proposta, pontuou que a medida não se mostra compatível
com os "critérios para a caracterização da pessoa com defici-
ência definidos na Lei Brasileira de Inclusão - LBI, Lei nº 13.146,
de 6 de julho de 2015, também conhecida como Estatuto da
Pessoa com Deficiência. Essa lei tem como gênese a Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, assinados em Nova York em 30 de março de 2007
e recepcionados pelo ordenamento legal brasileiro por meio do
Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, com equivalência à
emenda constitucional, conforme o § 3º do artigo 5º da Consti-
tuição Federal de 1988".
Tal motivo foi, igualmente, invocado pela Secretaria dos
Direitos da Pessoa com Deficiência para posicionar-se de modo
desfavorável à iniciativa parlamentar, o que me leva a desaco-
lher o projeto.
De fato, a LBI, em seu artigo 2º, considera "pessoa com
deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua partici-
pação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas".
De acordo com esse diploma federal, "a avaliação da
deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada
por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a
limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de
participação", cabendo ao Poder Executivo criar instrumentos
para avaliação da deficiência.
Nota-se que a redação vigente do artigo 13-A da Lei nº
13.296, de 2008, é perfeitamente aderente ao Estatuto da
Pessoa com Deficiência e com a Convenção Internacional, espe-
cialmente quanto à determinação de que a caracterização da
deficiência e do seu grau deve ser feita por meio de avaliação
biopsicossocial e por equipe multiprofissional, reproduzindo,
literalmente, os aspectos que a lei federal impõe e que a pro-
posta pretende afastar.
Devo, ainda, registrar que, por força dos Decretos nº
67.108, de 13 de setembro, e nº 67.394, de 23 de dezembro,
ambos de 2022, o Decreto nº 66.470, de 1º de fevereiro do
mesmo ano, passou a prever que (i) o pagamento do IPVA fica-
rá suspenso a partir da data do pedido de isenção até a data
em que for proferida a decisão final relativamente ao pedido (§
3º do artigo 1º); (ii) fica suspenso o pagamento do IPVA relativo
aos exercícios de 2022 e de 2023 de um único veículo perten-
cente a pessoa com deficiência ou com transtorno do espectro
do autismo que teve a isenção reconhecida ou concedida pela
Secretaria da Fazenda e Planejamento para os exercícios de
2020 ou de 2021, no prazo e nas condições estabelecidas em
resolução do Secretário da Fazenda e Planejamento, conforme
autorizado pelo artigo 49-A da Lei nº 13.296, de 23 de dezem-
bro de 2008; (iii) para fins de concessão da isenção do IPVA
relativo aos exercícios de 2022 e 2023 de um único veículo per-
tencente a pessoa com deficiência ou com transtorno do espec-
tro do autismo, o documento previsto no inciso II do "caput" do
artigo 1º do citado decreto poderá ser substituído pelo laudo
que instruiu a concessão da isenção para os exercícios de 2020
ou 2021 (respectivamente, artigos 1º e 2º das suas Disposições
Transitórias).
Diante dessas disposições regulamentares, os artigos 2º e
3º da propositura afiguram-se desnecessários.
A essas considerações acrescento que as avaliações de pes-
soas com deficiência ou com transtorno do espectro do autismo
mostram-se necessárias não apenas à isenção de IPVA, uma vez
que o Estado de São Paulo reclama análises para o exercício
de outros direitos estabelecidos em suas políticas públicas em
prol das pessoas com deficiência. Por este motivo, determinei
a criação de grupo de trabalho intersecretarial para propor a
disciplina normativa das avaliações, a fim de possibilitar que a
pessoa com deficiência ou com transtorno do espectro do autis-
mo exerça, com um único laudo, os seus direitos consagrados
em todas as políticas públicas do Estado de São Paulo.
Por fim, anoto que, ao pretender conferir atribuições a pro-
fissionais da Medicina de Trânsito credenciados pelo DETRAN-
-SP ou a médicos credenciados pelo SUS, a proposta descon-
sidera as disposições constitucionais que outorgam ao Chefe
do Poder Executivo a competência privativa para exercer a
direção superior da Administração Pública, dispor sobre sua
organização e funcionamento e praticar os demais atos de
administração (artigo 84, II e VI, "a" da Constituição Federal;
artigo 47, II, XIV e XIX, "a", da Constituição Estadual), cabendo
ao Governador, com exclusividade, a iniciativa da lei quando
necessária (artigo 61, §1º, II, "e" da Constituição Federal; artigo
24, §2º, 2 da Constituição Estadual).
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal já afirmou que
compete ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa de lei que
disponha sobre criação, estruturação e atribuições das secre-
tarias e de órgãos da administração pública (ADIs nº 2.808-1
e nº 3.751-0).
Fundamentado nestes termos o veto total que oponho ao
Projeto de lei nº 597, de 2022, restituo o assunto ao oportuno
reexame dessa ilustre Assembleia.
Reitero a Vossa Excelência os protestos de minha alta
consideração.
Tarcísio de Freitas
GOVERNADOR DO ESTADO
A Sua Excelência o Senhor Deputado Carlão Pignatari
Presidente da Assembleia Legislativa do Estado.
quarta-feira, 8 de março de 2023
PROJETOS DE RESOLUÇÃO
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 6, DE 2023
Altera dispositivos da Resolução nº 576, de 26 de junho
de 1970, com modificações posteriores - Regimento
Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO
RESOLVE:
Artigo 1º - Os dispositivos adiante indicados da Resolução
nº 576, de 26 de junho de 1970, com modificações posteriores,
ficam assim alterados:
I - o artigo 30 passa a vigorar acrescido do inciso XXI, com
a seguinte redação:
"Artigo 30 - (...)
(...)
XX - (...);
XXI - de Habitação e Desenvolvimento Urbano, com 11
membros." (NR)
II - o artigo 31 passa a vigorar acrescido do § 21, com a
seguinte redação:
"Artigo 31 - (...)
(...)
§ 21 - À Comissão de Habitação e Desenvolvimento Urba-
no compete opinar sobre proposições e assuntos relativos à
habitação e ao desenvolvimento urbano, à formulação, implan-
tação, ampliação e avaliação de programas governamentais e
políticas públicas nessas áreas, bem como sobre a organização
ou reorganização de repartições da administração direta ou
indireta aplicadas a tais fins." (NR)
Artigo 2º - Esta resolução entra em vigor na data de sua
publicação.
JUSTIFICATIVA
Objetiva a Mesa, com a apresentação deste projeto, res-
gatar proposta originalmente contida no Projeto de Resolução
nº 3, de 2023, no sentido de ampliar a fortalecer a atuação das
Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa no que con-
cerne à temática habitação e desenvolvimento urbano.
Diversamente, porém, da solução delineada no texto origi-
nal do citado projeto, visa a presente propositura à criação de
uma Comissão específica, tendo por competência "opinar sobre
proposições e assuntos relativos à habitação e ao desenvolvi-
mento urbano, à formulação, implantação, ampliação e avaliação
de programas governamentais e políticas públicas nessas áreas,
bem como sobre a organização ou reorganização de repartições
da administração direta ou indireta aplicadas a tais fins".
À inquestionável relevância da matéria e ao considerável
volume de proposições a ela relativas em tramitação neste
Parlamento, soma-se a circunstância de que essa temática
mostra-se dotada de transversalidade, e, nessa perspectiva,
a completa abordagem e o satisfatório encaminhamento das
questões que giram em torno dela reclamam, sem dúvida, um
olhar interdisciplinar.
De rigor deixar devidamente registrado, por derradeiro, que
a presente iniciativa decorre de uma revisão, de nossa parte,
do ponto de vista que, quanto à criação da aludida Comissão,
exprimimos no Parecer nº 131, de 2023.
Em breves linhas, são estas as razões que embasam a
formulação do presente projeto, para cuja aprovação rogamos o
indispensável apoio dos nobres Pares.
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em 7/3/2023.
CARLÃO PIGNATARI - Presidente
LUIZ FERNANDO T. FERREIRA - 1º Secretário
MOÇÕES
MOÇÃO Nº 19, DE 2023
A presente Moção, amparada no artigo 158, I do Regime
Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, tem
por objetivo aplaudir o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
do Estado de São Paulo pela operação de salvamento das
vítimas da tragédia em São Sebastião, executada com compe-
tência, prontidão e destemor.
JUSTIFICATIVA
As chuvas que atingiram o litoral norte do estado de São
Paulo e mais intensamente a cidade de São Sebastião entres
os dias 18 e 19 de fevereiro de 2023, concentrando nestes
dois dias o volume pluviométrico esperado para dois meses
na região, causaram o maior desastre natural deste século em
nosso estado. Centenas de casas destruídas, milhares de pes-
soas desalojadas ou desabrigadas, e a perda irreparável de, até
o presente momento, 65 vidas, muitas delas de crianças e até
mesmo de bebês, residentes e turistas de São Sebastião.
Se no primeiro momento, ao tomarmos conhecimento da
tragédia pelos jornais e nos atordoarmos com sua dimensão
arrasadora, os nossos sentimentos foram de luto, pesar e per-
plexidade pelas vidas perdidas, devemos sentir e demonstrar
igualmente a gratidão e o alívio pelas vidas salvas.
A causa deste alívio e o destinatário de nossa gratidão
são primordialmente, no plano terreno, um grupo de homens
valorosos que, muito antes que a maior parte da população
sequer ficasse sabendo da tragédia, ou antes mesmo que os pri-
meiros veículos de informação a noticiassem, já fora acionado,
prontamente respondera e encontrava-se imerso no epicentro
do desastre, trabalhando para socorrer as vítimas e prevenir
tragédia ainda maior.
Este grupo de homens e mulheres é o Corpo de Bombeiros
da Polícia Militar do Estado de São Paulo, instituição formada
por profissionais que parecem ter como propósito de sua exis-
tência sobreexceder-se dia após dia no cumprimento do dever,
resguardando a vida da população do nosso estado por meio
de ações valorosas e feitos salvíficos.
Para o Corpo de Bombeiros paulista, não houve carnaval.
Não houve festejo nem descanso. Houve labor e risco em São
Sebastião; houve lama, chuva e enchente; houve fadiga e
depois exaustão, mas houve também a maior do que elas e
a sobrepujá-las, o propósito inabalável de socorrer aos soter-
rados, resgatar os ilhados, cuidar dos feridos, remover os em
perigo, levar mães ao encontro de seus filhos perdidos, filhos
encontrados aos braços desesperados de seus pais, e trazer de
volta à superfície os corpos daqueles cujas vidas foram ceifadas
pela tragédia, para que os seus entes queridos pudessem ter,
em meio à dor atroz, ao menos o conforto de lhes oferecer um
sepultamento digno.
Em revista à operação de salvamento de São Sebastião,
vemos uma resposta rápida, eficaz e obstinada dos nossos
bombeiros à tragédia, de modo a contê-la e impedi-la de
escalar às centenas de vítimas, o que fatalmente teria ocorrido,
tamanha a destruição das chuvas, caso fossem menos hábeis,
corajosos ou preparados os homens e mulheres que a enfren-
taram.
A bravura e a abnegação do Corpo de Bombeiros do
Estado de São Paulo uma vez mais se fizeram demonstrar pelas
tantas vidas que foram salvas, sempre ao custo de um imenso
perigo real e imediato para suas próprias vidas e integridade
física que, no entanto, os bombeiros assumem com honra e des-
temor como o justo preço a pagar pela vida e o bem estar de
todos nós, cidadãos paulistas, a quem juraram defender.
Queiramos todos nós viver a vida com a mesma honra e
bravura com que os bombeiros de São Paulo abdicam das suas
para preservar as nossas.
Que Deus os guarde e abençoe, para que possam prosse-
guir ainda por muitos anos atuando com brilhantismo em suas
carreiras honrosas, protegendo e honrando o povo de São Paulo
com sua competência e destemor.
A nós, representantes da população paulista, cabe-nos, em
nome daqueles que nos elegeram, sobretudo a população de