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HISTÓRIA DE GOIÁS

GOIÁS ANTES DA MINERAÇÃO

Desde o primeiro século de colonização do Brasil, o Estado de Goiás foi percorrido


pelas Bandeiras e pelas Descidas; mas só no século XVIII, com a mineração, iniciou-se a
ocupação efetiva do território goiano pelos portugueses. A primeira Bandeira de que
sem tem notícia em terras goianas data de 1590-93, sob o comando de Domingos Luis Grau e
Antônio Macedo. Depois desta, várias outras estiveram em Goiás.

 Sebastião Marinho – 1592.


 Domingos Rodrigues – 1596-1600.
 Nicolau Barreto – 1602-04.
 Belchior Dias Carneiro – 1607.
 Martins Rodrigues – 1608-13.
 André Fernandes – 1613-15.
 Lázaro da Costa – 1615-18.
 Antônio Pedroso de Alvarenga – 1615-18.
 Francisco Lopes Buenavides – 1665-66.
 Antônio Pais – 1671.
 Sebastião Pais de Barrros e Bartolomeu Bueno da Silva (pai) – 1673.

OBS.: Muitas bandeiras não foram registradas.

As Descidas:

A primeira foi coordenada pelo padre Cristovão de Lisboa, em 1625, depois vieram:

 Pe. Luis Figueira – 1636;


 Pe. Antônio Ribeiro e Pe. Antônio Vieira – 1653;
 Pe. Tomé Ribeiro e Francisco Veloso – 1655;
 Pe. Manuel Nunes – 1659;
 Pe. Gaspar Misch e Ir. João de Almeida 1668;
 Pe. Gonçalo de Vera e Ir. Sebastião Teixeira – 1671
 Pe. Raposo – 1674
 Pe. Manuel da Mtoa e Pe. Jerôminco da Gama – 1721-22.

Os fatores que motivaram os bandeirantes a virem para Goiás:

 Buscar um caminho por terra para chegar em Cuiabá (M.T.)


 Crenças populares de que em Goiás haveria ouro (Goiás fica entre as regiões
mineradores de M.T e M.G)
 Momento político favorável (a coroa precisava de novas fontes de riquezas).

DESCOBERTA DO OURO

 Em 1693 o bandeirante paulista Antônio Rodrigues Arzã, encontra ouro Sabará, M.G.;
 Em 1718 Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em Cuiabá, M.T.;
 Em 1673 veio para Goiás um expedição chefiada pelos bandeirantes Bartolomeu
Bueno da Silva (pai) e Sabastião Pais de Barros, essa bandeira saiu de S.P.
percorrendo vários caminhos (rio Tietê, Paranaíba e Tocantins). Depois de várias
Bandeiras de caça-ao-índio e de mineração, percorreram o solo goiano Bartolomeu
Bueno da Silva (filho), o Anhangüera, (1670 – 1740) este conduziu uma expedição para
procurar ouro na região, composta por 600 homens (brancos, negros e índios, livres e
escravos, mulas, cachorros, um padre e nenhuma mulher (havia índias que foram
aprisionadas no caminho).

Essa expedição partiu no dia 30 de junho de 1722 e no dia 26 de julho de 1725 chegou as
margens do Rio Vermelho, onde encontrou um veio de ouro, dando início ao povoamento de
Goiás. Quando essa expedição chegou a Goiás, só restavam 120 homens, o restante morrera
no caminho por vários motivos como fome, doenças, ataques de animais, índios e longos
períodos de seca.

POVOAMENTO DE GOIÁS

Após a desocoberta de ouro ocorre o ínicio do povoamento de Goiás pelos paulistas, tal
povoamento enfrentou vários obstáculos:

 A distância dos grandes centros;


 O desconhecimento da região;
 O despovoamento da região;
 A irregularidade dos rios;
 Os índios hostis;
 Secas e falta de alimentos;

Em 1726, Bartolomeu Bueno fundou o Arraial Nossa Senhora de Sant’Anna (Vila Boa e
depois Cidade de Goiás), este foi o primeiro arraial e capital do Estado de Goiás até 1930.
Esse povoamento doi marcado por três características básicas: irregular, instável e sem
planejamento.

Zonas de povamento: (Arraiais)

 No Sul

- 1726 – Sant’Anna
- 1729 – Santa Cruz
- 1731 – Meia Ponte (Pirinópolis) – Chegou a disputar com Vila Boa a sede do Governo
- 1734 – Crixás
- 1737 – Córrego do Jaraguá
- 1746 – Santa Luzia (Luziânia)
- 1741 – Pilar
-1774 – Bonfim

 No Norte

- 1730 – Maranhão
- 1732 – Águas Quentes
- 1734 – Natividade
- 1735 – Traíras e São José do Tocantins
- 1736 – Cachoeira e São Félix
- 1738 – Porto Real
- 1746 – Carmo
- 1749 – Cocal

Esse povoamento foi marcado por um confronto entre o branco (“colonizador “) e o índio.
Nesse contexto, a força da espada acabou por impor o domínio do branco, levando à
dizimação do nativo de várias formas:

 Ocupação das terras;


 Escravização dos mais pacíficos;
 Choques intermitentes com as tribos indomáveis;
 Aldeamento de pequenos grupos, que definhavam rapidamente no regime de
semicativeiro;
 Cruzamentos raciais, sobretudo através dos índios cativos;
 Suicídios coletivos;
 Doenças trazidas pelos brancos;
 Destruição do meio.
PRINCIPAIS TRIBOS: Caiapó, Xavante, Goiá (deu nome a Goiás), Crixá, Araé, Canoeira,
Apinagé, Capepuxi, Xacriabá, Acroá, Carão, Coroá-mirim, Temembó, Guassu, Xerente,
Carijó, Aricobé, Macamecran, Noraguajé, Afofige, Otogo, Garahus-aussu, Guanayrissu,
Guapindae, Coriti, Tapaguá, Bororó e Xerente de Quá.

A MINERAÇÃO EM GOIÁS

O contexto histórico do século XVIII destinava-se a Goiás o papel de região exportadora de


ouro. A agricultura e a pecuária estavam em segundo plano. Toda força de trabalho deveria ser
destinada à mineração, única atividade valorizada e compensatória, motivando o descolamento
desses trabalhadores das regiões mais distantes do país para Goiás.
A maior concentração aurífera em Goiás deu-se em torno das serras dos Pirineus e
Dourada. O ouro era descoberto por acaso e no início apenas as camadas de superfície eram
exploradas de várias formas: o ouro era encontrado em veios d’água (regatos), nos taboleiros
(bancos de areia) e nas grupiaras (cascalho ralo). O período minerador teve por base o
trabalho escravo, e a coroa portuguesa tomou medidas quanto às jazidas minerais, tentando
evitar o ençambarcamento dessas jazidas numa extensão superior à capacidade de exploração
dos mineradores. Essa medida teve por objetivo “incentivar o maior número possível de
mineradores, com vistas obviamente à extração de mais elevadas quantidades do metal
precioso”. As principais jazidas foram descobertas em Sant’Anna, Ouro Fino, Barra, Anta,
Santa Rita, Santa Cruz, Meia Ponte, Jaraguá, Corumbá e Araxá. Além de ouro, Goiás também
apresentava grandes concentrações de xistos, quartezífero, xisto micácio (útil na produção de
aço) e pedras preciosas.
A produção de ouro em Goiás não foi uniforme e realizou-se numa curva que teve seu
início em 1725, seu apogeu em 1750, e sua decadência já em 1770. A região mineradora de
Goiás foi a terceira em produção de ouro no Brasil (ficando atrás de M.G e M.T.) e teve seu
esgotamento rápido, causado por vários fatores:

 O esgotamento rápido e natural das minas;


 A carência de mão-de-obra;
 Altos custos nos transportes;
 Estradas precárias;
 Longas distâncias dos grandes centros;
 Falta de alimentação;
 As técnicas rudimentares e precárias empregadas na extração do ouro;
 Contrabando;
 Falta de investimento (todo ouro produzido aqui era levado para a metrópole);
 Excesso e altas taxas de impostos cobrados às populações das regiões auríferas.

OS IMPOSTOS COBRADOS EM GOIÁS

O sistema de capitação, instituído em 1736, vigorou até 1751, na tentativa de evitar o


contrabando. Esse sistema consistia no pagamento de uma quantia por cabeça de escravos
possuídos, a quantia era fixada por escravo.
A partir de 1751, voltou-se ao pagamento do quinto, que consistia na cobrança da
quinta parte de todo ouro extraído, o qual deveria ser levado às Casas de Fundição de Vila Boa
(instalada em 1751) e São Félix (instalada em 1754, mas tarde transferida para Cavalcante em
1796), pois todo ouro, para sair da Capitania, deveria ser fundido em barras, ter o carimbo da
coroa e uma guia para exportação. Essas Casas de Fundição foram extintas em 1807.
Para agravar situação o governo não possuia uma força repressiva capaz de conter o
clima de baditismo em terras goianas. Com um pequeno regimento policial (Regimento dos
Dragões), que consumia perto de 2/3 da debilitada receita do Estado, era impossível modificar
o clima existente, até porque essa pequena força repressiva ainda tinha outras funções, como
a segurança interna, a vigilância das fronteiras, o patrulhamento das regiões diamantíferas, o
tranporte dos quintos e até arrecadação dos impostos.
Com todas essas funções, a situação gerada acabava inviabilizando o trabalho
repressivo. Sem dúvida, o contrabando e a violência eram a tônica da região. Além do quinto e
da capitação havia outros impostos como:

 Entradas, sobre a circulação das mercadorias;


 Dízimos, sobre a décima parte da produção agropecuária;
 Passagens, sobre o trânsito nos rios;
 Ofícios, sobre lotação de cargos públicos;
 Sizas, sobre o comércio de escravos;
 Foro, imposto pago pelo uso dos terrenos e casas (espécie de IPTU).

Apesar de tantos tributos, a crise de arrecadação era constante, principalmente após a


década de 1770, com a decadência da mineração. A crise na mineração acabou por levar o
goiano a agricultura e a pecuária de subsistência (estas já existiam desde o início da
mineração), mas as dificuldades eram de toda ordem. Comprava-se e vendia-se o estritamente
necessário. Goiás importava o sal, ferro, a pólvora e os tecidos, e exportava o algodão, o
açucar, a marmelada, os couros e o gado. Se o comércio externo estava prejudicado pela
diminuição do ouro, o comércio interno também tinha os seus problemas como a falta de
moeda para troca de mercadorias, o baixo poder de compra dos moradores e a econômia de
subsistência. Tudo isso contribuía para o isolamento de Goiás, que era considerado “terra de
ninguém”.

ESCRAVIDÃO

Em Goiás foi utilizado, na mineração, a mão-de-obra indígena (no início) e a negra.


Normalmente a estimativa de vida util de um escravo nas minas não ultrapassava 10 anos de
trabalho. Além do mais, a má alimentaçao, os maus tratos (as vezes os escravos dormiam em
pé dentro d’água), as arbitrariedade e os castigos eram a forma usual de sujeição do escravo,
como descreveu Debret: “fazendo poucos exercícios, passa a mulher quase o dia inteiro
sentada à moda asiática, com a parte superior do corpo inclinado para frente e apoiada nos
rins, da imobilidade dessa posição resulta uma adiposidade que se manifesta pela inchação
excessiva das partes inferiores , o que visível principalmente o tornozelos...”
Com o declínio da mineração, os senhores de escravos não tinham mais como mantê-
los e nem recursos para adquirir novas peças. Tal fato levou ao abrandamento da escravidão,
via a miscigenação, fugas, deslocamento para outras regiões e da compra da liberdade. A
criação de gado, nova atividade econômica, por suas próprias características, levou a um
controle menos rigoroso do trabalho escravo. Portanto, quando foi assinada a Lei Áurea, em
1888, quase não havia escravos para serem libertos em Goiás.

GOIÁS DENTRO DO SISTEMA COLONIAL

No contexto histórico, desde a descoberta das minas, Goiás pertencia a Capitania de


São Paulo. As insatisfações administrativas existiam, foram as Câmaras que se manifestaram
em primeira linha contra os Capiães Generais, representantes diretos da metrópole. Também
havia o descaso com os problemas goianos, principalmente após a decadência da mineração.
Em 1821, ocorreu, no norte de Goiás, o primeiro movimento separatista, comandado pelo
padre Luiz Bartolomeu Márquez, que estabeleceu um governo provisório na província de
Cavalcante (tal insurreição foi reprimida por D. Pedro I) Esse movimento foi fruto da
insatisfação gerada pelos poucos benefícios recebidos e também pela chegada de líderes
sulistas descontentes com o governo central no norte do Estado. Apesar de o movimento
separatistas do norte de Goiás ter fracassado, continuou vivo o ideal até a criração do Estado
do Tocantins, em 1988. Mas esses movimentos não eram ricos em sentimentos nacionalistas,
eram membros do clero que se sentiam lesados em seus interesses.
As conspirações forma denunciadas e seus principais implicados receberam o castigo
de deportação para além de 50 léguas da capital de Goiás. Os grupos locais, com diferentes
idéias e com os mesmos objetivos entraram novamente em choque. Houve até mesmo quem
falasse em ideal republicano.
No entanto, a situação foi dominada por conchavos políticos entre famílias ricas e
influentes de Goiás e Meia Ponte, sempre coerentes com a ordem constituída , desde que ela
lhes oferecesse a direção da futura Província.
Após vários choques administrativos, Goiás conseguiu sua independência em 1749,
influenciada pela Guerra dos Emboabas (1708-09), tendo como primeiro governador, enviado
de S.P, D. Marcos de Noronha “Conde dos Arcos”. O Governador era responsável pela
administração, pela aplicação das leis e pelo comando do exército. A justiça ficava a
cargo do Ouvidor e a arrecadação dos impostos sob responsabilidade do Intendente.
Tudo contribuia para o isolamento de Goiás. O transporte das tropas do Rio de Janeiro
era oneroso devido às distâncias, ao tempo gasto e à perda de produtos ao longo da viagem;
tentou-se a navegação para minimizar o problema, mas de novo a distância era um grande
problema, além dos ataques indígenas, do tempo gasto nas viagens e dos gastos com pessoal.
Nem mesmo o investimento de capital externo no final do século XIX garantiu o êxito do
comércio pelos rios Araguaia e Tocantins. Por tudo isso Goiás estava condenado ao
isolamento. Várias foram as consequências para Goiás com a crise do setor mineratório, assim
relatadas por Palacin:

 Diminuição da importação e do comércio externo;


 Menos rendimentos dos impostos;
 Diminuição da mão-de-obra escrava;
 Estreitamento do comércio interno, determinando a subsistência;
 Empobrecimento e isolamento cultural.

TRANSIÇÃO DA ECONOMIA MINERATÓRIA PARA A AGROPECUÁRIA

É um período de transição, tanto do ponto de vista econômico da mineração para a


agropecuária, quanto do ponto de vista político. Contudo, mantêm-se as estruturas da
sociedade goiana. Esse momento de transição, com todas as suas incertezas, relatadas pelos
viajentes, deixa algumas impressões comuns sobre Goiás , nas primeiras décadas do século
XIX como:

 Precárias condições das vias de comunicação e infra-estrutura para os viajantes;


 Longas distâncias;
 Crise no abastecimento de víveres;
 Despovoamento da região, com um processo de ruralização;
 Escassez de mão-de-obra;
 Comércio de pequeno porte e estagnado;
 Pecuária como principal atividade de exportação.

Isto posto, podemos concluir que, “... Goiás na primeira metade do século XIX é terra em
que vivem propulações abandonadas isoladas e iletradas, mantida a margem da civilização
capitalista.”
A crise do ouro fez que Goiás regredisse a uma e economia de subsistência, com a
agricultura e a pecuária.

Tentativas governamentais para o progresso de Goiás:

O Principe Regente D. João, tendo em vista seus objetivos mercantilistas, passou a


incentivar a agricultura, a pecuária, o comércio e a navegação dos rios.

 Foi concebida isenção dos dízimos por tempo de dez anos aos lavradores que, nas
margens dos rios Tocantins, Araguaia e Maranhão fundassem estabelecimentos
agrícolas;
 Deu-se especial ênfase à catequese e civilização do gentio, com interesse em
aproveitar a mão-de-obra dos índios na agricultura;
 Criação de presídios às margens dos rios com os seguintes objetivos: proteger o
comércio, auxiliar a navegação e aproveitar o trabalho dos nativos para cultivar a terra;
 Incrementou-se a navegação do Araguia e Tocantins;
 Revogou-se o alvará de 5 de janeiro de 1785 que proibia e extinguia fábricas e
manufaturas em toda a colônia. Esta “revolução” foi seguida de estímulos a agricultura
do algodão e a criação de fábricas de tecer.

As condições sócio-econômicas do Brasil não possibilitaram um ação administrativa


satistatória em Goiás, durante os séculos XVII a XIX. A política goiana, por parte, era dirigida
por Presidente impostos pelo poder central (Capital). Somente no fim do Segundo Reinado
(séc. XIX, é que administração de Goiás passou a ser comandada por políticos (famílias)
locais: Rodrigues, Jardins, Fleury, Bulhões e Caiados.
Período Republicano

Município de Catalão em 1892

Do final do período monárquico até 1930 o povoamento se intensifica graças à atividade


agrícola e à construção de ferrovias, que contribuiu para o desenvolvimento das regiões sul,
sudeste e sudoeste do estado. Novos povoados se formam a partir de 1888 e, até 1930, 12
novos municípios são constituídos e posteriormente derrubados por índios daquela região.

A primeira república

Município de Goiás em 1903

Em 1870 a população já era de 200.000 pessoas. Em 1915, pela primeira vez é tentada a
colonização européia, através do estabelecimento da colônia alemã de Uvá e Itapirapuã, o que
acaba sem sucesso. A navegação fluvial, que era prospera no século anterior, ainda era
expressiva nos primeiros anos da república. As comunicações com o sul melhoram à medida
que se expandem os trilhos. Até o final da primeira década do século o intercâmbio se fazia
através de Araguari, para onde os produtos goianos eram levados por burros.

Em 1913, Goiandira é servida pela estrada de ferro, mas somente em 1930 é estendida até
Bonfim hoje Silvânia. Em 1926, um século após a construção do Hospital de São Pedro de
Alcântara de Vila Boa (Goiás (município)) em 1825, é instalado o segundo hospital do estado,
em Anápolis, antigo Santana das Antas, um dos povoados emancipados de Pirenópolis, o
Hospital Evangélico Goiano. Ao final da primeira república a renda total do Estado ainda era
baixa, cerca de cinco mil contos.

O coronelismo

Em decorrência da agropecuária extensiva formaram-se os latifúndios, com suas implicações


econômicas e sociais. No campo predominaram características semifeudais. No norte, região
mais desabitada, reinou certa instabilidade, motivada pelo banditismo de jagunços e pela luta
dos coronéis.
Os clãs que se formaram ao longo do império dominaram a vida política. Os vícios eleitorais e
coronelismo conseqüentes à estrutura econômico-social, somados à política dos governadores
implantada por Campos Sales, deram origem às oligarquias que se sucedem até 1930 : José
Leopoldo de Bulhões Jardim, Sebastião Fleury Curado , Eugênio Rodrigues Jardim e Antônio
Ramos Caiado.

Esses clãs tinham como característica um sobreposição sobre os poderes legislativo e


judiciário, onde as relações de vassalagem pelo voto caracterizam a política da época, devido
ao famoso "voto de cabresto". A oposição se estruturou em função das contradições
interpartidárias, da reação no plano nacional, pelos movimentos de 1922 e 1924 e do contato
com o tenentismo do sudoeste goiano. Sua liderança foi assumida por intelectuais e liberais
aliados aos políticos dissidentes. Coligaram-se os movimentos aliancistas, e, com a vitória da
revolução de 1930, a máquina eleitoral e administrativa cheia de falhas, que dominava o estado
havia mais de trinta anos, começou a ser desarticulada. A intensificação da interiorização e a
dinamização econômica caracterizaram o período posterior a 1930.

A transferência da Capital

Pedro Ludovico assinando o decreto que determinou a nova capital de Goiás.

Em 1930, sobe ao governo de Goiás o interventor Pedro Ludovico Teixeira, que tinha como
meta principal a mudança da capital, que até então se localizava em Vila Boa, atual Cidade de
Goiás. Em dezembro de 1932 foi decretada a mudança da sede do governo para um local
próximo da cidade de Anápolis, que iria receber em breve a Estrada de Ferro de Goiás.

A fundação da nova capital do Estado, Goiânia, ocorreu em 1937. A mudança foi determinada
por motivos administrativos e econômicos, pois com a chegada da estrada de ferro a Anápolis
em 1935, houve um rápido crescimento populacional da região sul do estado, em razão de
sucessivas migrações de nordestinos, mineiros e paulistas, fazendo com que a região Centro
Oeste se interligasse definitivamente à região Sudeste do Brasil.

Com poucos recursos, baseada num empréstimo concedido pelo Banco do Brasil, iniciou-se a
construção da nova capital, a que foi dado o nome de Goiânia, de acordo com projeto do
arquiteto Atílio Correia Lima e do urbanista Armando de Godói. Em março de 1937, já
concluídos os principais edifícios públicos e algumas casas de moradia, foi decretada a
transferência da capital, inaugurada em 1942.

A construção de Goiânia coincidiu com a instalação, pelo governo federal, de colônias agrícolas
em várias regiões do estado, como decorrência da política da marcha para o oeste. Desse
modo, constituíram-se cidades novas como Ceres, Rialma, Uruana, Britânia e outras, as duas
primeiras fundadas pelo engenheiro Bernardo Sayão Carvalho Araújo, que foi mais tarde
encarregado pelo presidente Juscelino Kubitschek de comandar a construção de Brasília.

Modernização
Estação ferroviária de Leopoldo de Bulhões

A eletrificação com a criação das Centrais Elétricas de Goiás S.A. (CELG) em 1955 e a
conclusão da usina do Rochedo em 1956, contribuíram para o aceleramento da urbanização e
permitiram os primeiros passos rumo a industrialização. Embora a pecuária fosse a base da
economia e a agricultura visada à exportação já começasse a se desenvolver.

Até o final da década de 1950 a indústria é extrativista. No sudoeste afloram os garimpos de


diamantes. Ao norte, na região do Araguaia, a exploração de cristal de rocha tem seu ápice
durante a Segunda Guerra Mundial, graças as condições de exportação.

Em 1960 no governo de José Feliciano Ferreira, foi criado o Departamento Estadual de


Saneamento (DES), hoje Saneamento de Goiás S/A (Saneago). Em Goiás e Meia Ponte, atual
Pirenópolis, utilizavam-se chafariz que capitavam água de córregos da região.

Durante o governo de Mauro Borges Teixeira (1961-1964) foi empreendida a primeira tentativa
de planificação administrativa e econômica, com base na exploração do potencial mineralógico,
sob os cuidados do Estado, através da Metais de Goiás S/A (METAGO), no aproveitamento
industrial das riquezas extrativas, dos produtos agrícolas graças ao aumento da produtividade
mediante o aprimoramento técnico. Em função da expansão do setor agrícola, é criada uma
escola de formação de operadores de máquinas agrícolas e rodoviárias (EFOMAGO) e
desenvolvida experiência de cooperativismo nos combinados agrícolas, além do implemento do
até hoje único laboratório oficial do Centro oeste, a Indústria Química do Estado de Goiás -
IQUEGO, na produção de medicamentos de uso humano e veterinário.

A separação

Palácio Araguaia sede do atual governo do estado do Tocantins em Palmas

 Em 1988, o estado de Goiás foi dividido e sua parte norte passou a constituir o estado
do Tocantins. O objetivo principal dessa divisão foi estimular o desenvolvimento na
região norte, onde estão concentradas as maiores carências sociais e também onde
ocorrem com maior freqüência disputas pela posse de terras, provocadas pela
concentração de propriedade latifundiária.
Exercicios

01 - (UFG GO)
O combate ao latifúndio foi um dos temas que agitou as discussões políticas, no momento da
ordenação constitucional instituída em 1934. O jornal Correio da Manhã, em sua edição de 21 de
março de 1934, ao discutir essa questão, trazia o comentário do interventor de Goiás, Pedro
Ludovico Teixeira: “O latifúndio em Goiás é oferecido a quem queira cultivá-lo e... ninguém
aparece”. Tendo em vista as informações e o comentário do interventor, explique:

a) as razões da permanência do latifúndio em Goiás, na década de 1930;


b) a estratégia de ocupação dessa região durante o Estado Novo (1937-1945).

02 - (UFG GO)
Leia a citação abaixo.

Entre os habitantes de Meia Ponte há muitos brancos, mas a maioria é de nativos ou crioulos de
raça mestiça e mulatos pobres. A população da cidade e seu distrito, segundo a lista oficial do ano
de 1812, era de 6.209 almas. Os habitantes que viviam outrora de suas rendosas lavras de ouro,
agora têm a fama de experimentados cultivadores de milho, mandioca, fumo, cana-deaçúcar, café e
algodão (de que aqui também fazem chapéus). Plantam também trigo, que produz bem.
POHL, J. E. Viagem ao interior do Brasil (1819) apud BERTRAN, Paulo. História da terra e do homem no
Planalto Central: ecohistória do Distrito Federal, do indígena ao colonizador. Brasília: Verano, 2000.
p. 300.

Considerando o documento acima e as condições socioeconômicas de Goiás, em 1812 e no início do


século XVIII, explique a:

a) relação entre a composição étnica da população goiana em 1812 e a estrutura socioeconômica


implementada na região desde o século XVIII.
b) mudança na estrutura econômica da região no início do século XIX.

03 - (UFG GO)
Ficou mais, assentado e prometido em palavra de rei testemunhado,
que o crioulinho
que viesse ao mundo
com o primogênito do casal
seria forro sem tardança na pia batismal.
CORALINA, Cora. Estória do aparelho azul-pombinho. Melhores poemas. Seleção de Darcy F.
Denófrio. São Paulo: Global, 2004. p. 45.

A partir dos casos contados pela sua bisavó, Cora Coralina rememora as experiências vividas em
Goiás por volta de 1860, entre as quais encontra-se a escravidão. Relacione a conjuntura econômica
goiana, em meados do século XIX, à alforria como prática abolicionista.

04 - (UFG GO)
A paisagem urbana abaixo mostra um dos edifícios coloniais da cidade de Goiás que, em 2001, obteve o título
de Patrimônio Mundial concedido pela Unesco. Explique a função desse edifício no século XVIII e sua relação
atual com a preservação do patrimônio cultural da cidade.
Casa de Câmara e Cadeia, construída em 1761, atual Museu das Bandeiras.
Patrimônio mundial no Brasil. 3.ed. Brasília: Caixa Econômica Federal, 2004. p. 235.

05 - (UFG GO)
[…] pois que sendo menor o número das fábricas de mineirar que ficam ao sul de São Felix, elas
renderam ao quinto na Casa Real de Fundição, em 1777, 216 marcos de ouro, e as do norte, 38
marcos. Isso demonstra que, apesar da maior extensão do terreno e o maior número de escravos
ocupado no exercício de mineirar, há muito extravio do ouro e a necessidade de empregar a maior
vigilância para evitar esse roubo no norte.
Relatório do governador José de Vasconcelos. In: PALACIN, Luis et al.
História de Goiás em documentos. Goiânia: Ed. da UFG, 2001. p. 97–98. [Adaptado]

O documento acima ressalta as dificuldades da coleta do tributo régio do quinto. No que se refere à
mineração na capitania de Goiás colonial e ao controle da extração aurífera,
a) Explique a razão da diferença de arrecadação do quinto entre as regiões mineradoras do norte
e do sul;
b) Analise a função desempenhada pelas duas Casas Reais de Fundição (Vila Boa e São Felix).

06 - (UFG GO)
A casa pobre.
Mandrião de saias velhas
da minha bisavó.

Recortadas, costuradas para mim.


Timão de restos de baeta.
Vida sedentária.
Orgulho e pobreza do passado.
CORALINA, Cora. O cântico de Aninha. In: ______Vintém de cobre.
Meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 1995. p.45.
Cora Coralina (1889-1985) transforma o passado vivido em poesia. A dureza das antigas regras de
educação, as moedas de cobre, roupas velhas (mandrião) costuradas, remendadas. Nas imagens da
poetisa goiana, há o registro de expressões de um mundo ainda ligado à época em que os escravos
usavam casacos (timão) de um tipo de pano empregado para reter o ouro (baeta). A poesia de Cora
Coralina registra, embora em um tempo posterior, as marcas do empobrecimento da região no final
do século XVIII. Goiás e Minas Gerais enfrentaram, de forma diversa, a dura tarefa de adaptar-se ao
mundo longe da sombra do rico minério.

Explique como a economia goiana e a mineira reagiram à crise da mineração.

07 - (UFG GO)
“O que se evidencia é a total impossibilidade de atribuir aos Caiado o sinônimo de atraso. Ao
contrário, a capacidade de atualizar-se é uma exigência da permanência política. Isso não quer dizer
que em algum momento o grupo familiar que estudamos deixou de ser assumida e ostensivamente
conservador. O que se consta é a não oposição entre o conservador e o moderno. A sua
permanência política está diretamente vinculada a sua articulação e rearticulação nas diversas
composições de classes dominantes ao longo da história regional e nacional, perpassando uma
experiência política que se estabelece através do vínculo com os Bulhões, no século passado e
chega aos nossos dias atuando ao lado da ação neoliberal de Fernando Henrique Cardoso.”
RIBEIRO, M. B. do Amaral. Memória, Família e Poder: História de uma permanência política –
Os Caiado em Goiás. In: CHAUL, Nasr Fayad (Coord). Coronelismo em Goiás: estudos de Casos e Famílias.
Goiânia: Kelps/Mestrado de História, 1998. p. 269.
O texto anterior discute o entrelaçamento das famílias que dominaram a cena política em Goiás
desde a proclamação da República, sem que se possa definir claramente quem de fato pode ser
chamado de conservador ou moderno. Com base no exposto, analise o texto acima à luz das últimas
eleições para o Estado de Goiás.

08 - (UFG GO)
“O bandeirantismo procurava índios, achou. E achou ouro, também. Deixou a semente do milho,
inaugurou o monjolo em zonas de riachos declivados. Depois, o preto, que veio pelo ouro, ensinou
o preparo do fumo, o cultivo da cana, a construção do engenho primitivo.
Mas,então como hoje, nunca se desenvolveu uma grande lavoura, restringindo-se, apenas, às
necessidades locais e das cercanias. Só a pecuária se implantou firme e progrediu; criou
ajuntamentos, configurou a fazenda, com os ‘camaradas’, versão regional do vaqueiro do Nordeste
e do peão do Sul. E a riqueza circulou, andando por aí, nas enormes boiadas, com o capataz
vigilante, ora na culatra, ora na cabeceira, dando ordens. O conforto do litoral e as trocas internas
se fizeram no lombo dos muares, que, grupados em lotes pela cor do pêlo, iam mostrando a
prosperidade do sertão, levados pelos arrieiros, senhores dos caminhos e da técnica de transportar,
em lombo de burro, tanto o muito pesado quanto o mais delicado e frágil.
O que favoreceu o passo das enormes boiadas e o chouto das tropas, com ‘madrinhas’
espaventosas e garridas, foi a savana, ora aberta em campina, ora se espessando de árvores, nos
cerradões ou nas matas de pestana justafluviais”.
PROENÇA, M. C. Literatura do Chapadão. In: RAMOS, H. C. Tropas e Boiadas. Goiânia: Cegraf, 1997.
Com base no processo histórico e geográfico de Goiás, literalmente documentado na obra Tropas e
Boiadas, de Hugo de Carvalho Ramos, responda:
a) Quais as relações de trabalho dominantes em Goiás, no início do século XX?
b) Estabeleça uma correlação entre a paisagem do cerrado, descrita pelo autor, e a sua
configuração atual.

09 - (UFG GO)
Os transportes têm sido um objeto cada vez mais analisado pela historiografia contemporânea. A
transição do transporte ferroviário para o rodoviário marcou a época em que se deu a transição do
capitalismo britânico para o norte-americano, com suas conseqüências sociais, políticas,
econômicas e culturais. Tal transição foi a tônica da questão, aproveitada também para explorar o
tema dos transportes ferroviários em Goiás e a posição, ainda não bem compreendida, das elites
em face do problema dos transportes ao longo da Primeira República.

CAMINHONEIRO
John Hartford, Roberto e Erasmo Carlos
Eu sei, tô correndo ao encontro dela
coração tá disparado
mas eu ando com cuidado
não me arrisco na banguela.
Eu sei, todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela.
Já pintei no pára-choque um coração
E o nome dela.

TRENZINHO DO CAIPIRA
Heitor Villa-Lobos / Ferreira Gullar
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade, noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra
Vai pela serra
Vai pelo mar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar...

A música de Villa-Lobos, com poema de Ferreira Gullar, nos dá uma idéia do sentido de integração
do território brasileiro através dos trilhos da estrada de ferro.
Roberto e Erasmo Carlos gravaram a canção transcrita, que rapidamente se transformou em hino dos
caminhoneiros, responsáveis pelo transporte de cargas no Brasil, suplantando o apito do trem, cuja presença na
economia brasileira remonta ao século passado.
Partindo dessas considerações,
a) Identifique, com relação ao contexto nacional, o momento em que o transporte rodoviário
suplantou o ferroviário e aponte as razões que expliquem essa opção política;
b) Responda: qual a importância da estrada de ferro para o desenvolvimento da economia goiana
e qual o posicionamento dos políticos dominantes sobre a implantação desse meio de
transporte em Goiás, na Primeira República?

10 - (UFG GO)
(…) E como poderíamos saber que diabo era soja numa época em que – aprendíamos na escola – o
Brasil só dava cana-de-açúcar, café, cacau, borracha e Pelé?
Tutty Vasquez, Jornal do Brasil, 04/11/96
O bem-humorado comentário acerca do desconhecimento da lavoura de soja foi publicado no
Jornal do Brasil, ao se discutirem os problemas financeiros de Olacyr de Moraes, o rei da soja.
Apesar da estranheza que o produto ainda desperta, a soja foi responsável por grandes
transformações econômicas na Região Centro-Oeste.
Explique a importância da soja na agricultura goiana, caracterizando o complexo processo produtivo
que se formou em torno dessa cultura.

11 - (UFG GO)
Goiânia já não cabe em si, nasceu para ser plural. GYN é apenas uma forma embriagada de preguiça
interiorana. Goiânia veio para inserir definitivamente Goiás no cenário nacional, no projeto
nacionalista da Era Vargas, a região na Nação. Goiânia veio também para Pedro ter planos de vôos
políticos, engenharia medicinal, quando o interventor sentiu seu saber médico insuficiente para
sanear o Estado no começo dos anos 30. Goiânia veio para empurrar Goiás no rumo da
modernidade, por isso é também filha dos anos 20, do desenvolvimento goiano da Primeira
República, de trem de ferro e trem bão demais da conta. É preciso não contar o tempo da história
com a faca afiada do desconhecimento...
(Nasr Fayad Chaul. O Popular. Goiânia, Goiás, 24/10/96, p.6.)
Analisando o processo histórico referido no texto, explique a relação projeto nacionalista de Vargas
e a construção de Goiânia.

12 - (UFG GO)
As festas populares constituem-se num dos principais acervos culturais do povo brasileiro,
refletindo pedaços da nossa história e compondo parte de nossa geografia. Em Goiás,
particularmente, essas manifestações são bastante diversas.
Acerca das festas que aqui ocorrem, pede-se:
a) Escrever o nome da principal festa popular, de caráter religioso, que acontece em Catalão ou
em Pirenópolis, e explicar a origem histórica do enredo da festa, ou seja, das representações
dramáticas que nela ocorrem;
b) Citar e comentar as alterações espaciais que as manifestações festivas provocam, durante a sua
realização, na cidade que você escolheu ao responder ao item (a).

13 - (UFG GO)
A chamada Era Vargas possibilita as mais diversas leituras: das conquistas sociais às atrocidades
cometidas no Estado Novo. Mas o Brasil tornou-se moderno mesmo sem livrar-se de fortes traços
arcaicos oriundos, talvez, de uma herança oligárquica que remonta ao século passado, de uma
forma ou de outra, é com Vargas que o Brasil se depara, efetivamente, com o moderno.
A questão no Brasil moderno, que se efetivou com a Era Vargas, traçou um perfil de país que se
adequava aos tempos de desenvolvimento e progresso das nações desenvolvidas.
a) Cite e analise duas (2) características que possam exemplificar, historicamente, a modernidade
que a Era Vargas imprimiu no país;
b) Qual foi, historicamente, em Goiás, a realização que mais expressa o moderno referido pelo
texto.

14 - (UFG GO)
Texto I
Uma das heranças nefastas do Golpe de 64 no Brasil foi a questão dos “desaparecidos
políticos”. Famílias reclamam seus parentes, organizações sociais pressionam o governo e, aos
poucos, algumas “nuvens” vão se desfazendo por sobre este triste período da história brasileira.
Recentemente a memória brasileira voltou a ser reativada com relação aos “desaparecidos
políticos” no período dos governos militares. Através de atitudes governamentais e de pressões da
sociedade civil, o tema voltou a ocupar espaço na imprensa e na história do país.

Texto II
No território goiano ocorreu um importante movimento entre os anos de 1972 e 1974, que
deixou um trágico saldo de mortos e de desaparecidos políticos; jovens guerrilheiros lutavam por
uma causa que, para eles, significava justiça social e liberdade no país. O referido movimento foi
duramente reprimido pelos militares e parte de seus membros está presente na lista de
“desaparecidos políticos” brasileiros.
Com base no Texto I, responda:
a) Qual a atitude do governo de Fernando Henrique Cardoso em relação às famílias dos
“desaparecidos políticos”?
Com base no Texto II, identifique:
b) O referido movimento e as estratégias de ação e situe, geograficamente, a região onde o
mesmo ocorreu.

15 - (UFG GO)
Leia atentamente o poema abaixo.
D.F.
1. “Eu de Brasília guardo este lote
de lembranças e alguns vôos cegos:
uma curva especial da asa norte
e, a asa sul, os mil e um projetos

2. arquivados. Mas guardo o silêncio


dessas campinas e desses gerais.
Toda a espessura do céu imenso,
Não de Brasília, do meu Goiás.

3. Eu sei a cor das terras e dos rios


e dos caminhos sei os sinais.
Sei dos problemas de pobres, de ricos
Dos de Brasília, dos de Goiás”.
Gilberto Mendonça Teles. Os Melhores Poemas, p. 97.

No início da terceira estrofe do poema, o autor destaca aspectos da vegetação do Centro-Oeste.


Apresente as características essenciais deste tipo de vegetação.

16 - (UFG GO)
Leia atentamente o poema abaixo.
D.F.
1. “Eu de Brasília guardo este lote
de lembranças e alguns vôos cegos:
uma curva especial da asa norte
e, a asa sul, os mil e um projetos

2. arquivados. Mas guardo o silêncio


dessas campinas e desses gerais.
Toda a espessura do céu imenso,
Não de Brasília, do meu Goiás.

3. Eu sei a cor das terras e dos rios


e dos caminhos sei os sinais.
Sei dos problemas de pobres, de ricos
Dos de Brasília, dos de Goiás”.
Gilberto Mendonça Teles. Os Melhores Poemas, p. 97.

No poema está presente a concepção urbana de Brasília, contraposta à imagem do céu de Goiás.
Brasília e Goiânia são cidades que em muito se assemelham e em muito se diferenciam. Identifique
duas semelhanças e duas diferenças, no que diz respeito à formação histórica e à concepção
urbanística das referidas cidades.

17 - (UFG GO)
“Não é de estranhar que alguém tenha sido levado a identificar a tristeza com a alma goiana,
quando ainda em 1929 um historiador com Paulo Prado defendia, em livro famoso, Retrato do
Brasil, que a tristeza constitui, desde as origens, o fundo anímico do povo brasileiro. Quatro
décadas de industrialização e urbanização, mudando o ritmo de vida, têm feito envelhecer tão
rapidamente a tese de Paulo Prado que mais parece referir-se a outro povo, ou a uma época tão
remota que se perde na história.
O mesmo poderia afirma-se de grande parte de Goiás, comparando os relatos do século XIX ou
começos deste século com a realidade dos últimos asnos. Mas entre nós ainda há vestígios vivos,
muitos, desgraçadamente, do tipo de existência e atitude ante a vida, que poderia ser caracterizado
como tristeza, transmitindo de geração em geração desde a decadência da mineração até a
renovação radical inaugurada na década dos trinta.
PALACIN, Luís. O Século do Ouro em Goiás, Goiânia UCG,
1994 4a ed. P.140
Analise o texto e escreva:
a) As principais transformações no processo histórico de Goiás, que permitem negar o “marasmo”
econômico, enquanto característica definidora da região;
b) A “renovação radical inaugurada na década dos trinta” em Goiás.

18 - (UFG GO)
A História do Brasil está repleta de designações que anunciaram a idéia do “novo” em
detrimento do “velho”: “a velha ordem oligárquica”, o “Estado Novo”, a “nova ordem política”,
“o velho regime”, “a nova república”, etc.
Na década de 30, porém, observamos uma forte mesclagem entre “velhos” e “novos” .

Analise o processo revolucionário de 1930, respondendo :


a) O que pode ser considerado, historicamente, como “novo” na época?
b) Que forças políticas da república “velha” ou Primeira república conservaram-se no poder?
c) Em Goiás, na década de 30, o que simbolizava historicamente o “novo” e quais as forças
políticas chamadas de “velha”?

TEXTO: 1 - Comum às questões: 19, 20

Minha cidade
Goiás, minha cidade…
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entretanto,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa
Eu sou Aninha. (…)

Eu sou a dureza desses morros,


revestidos,
enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo.
Pastados.
Calcinados.
Renascidos.
Minha vida,
meus sentidos,
minha estética
todas as vibrações
de minha sensibilidade de mulher,
têm, aqui, suas raízes.
CORALINA, Cora. Minha cidade. Poemas dos becos de
Goiás e estórias mais. São Paulo: Global, p. 37–39.

19 - (UFG GO)
No poema Minha cidade, Cora Coralina retrata a cidade de Goiás e simultaneamente registra a sua
condição de mulher, aproximando em sua poesia a cidade da vida dos homens e mulheres que
cruzam as ruas e morros da antiga capital do Estado, desde a época colonial. Mas as cidades
assumem funções diversas, decorrente das especificidades históricas de cada período.
A cidade de Goiás ocupou a posição de capital do Estado, durante a primeira República, perdendo
tal condição na década de 30. analise o papel representado pela cidade de Goiás no século passado
e identifique as razões históricas e geográficas que justificaram a mudança da capital de Goiás para
Goiânia.

20 - (UFG GO)
No poema Minha cidade, Cora Coralina retrata a cidade de Goiás e simultaneamente registra a sua
condição de mulher, aproximando em sua poesia a cidade da vida dos homens e mulheres que
cruzam as ruas e morros da antiga capital do Estado, desde a época colonial. Mas as cidades
assumem funções diversas, decorrente das especificidades históricas de cada período.
As cidades cumpriram importante papel na organização da economia e da sociedade colonial,
entretanto não é possível analisar sua função com base no conceito de urbanização. Responda:
a) Qual a função econômica e social da cidade no mundo colonial?
b) Por que não podemos utilizar o conceito de urbanização nesse período?

GABARITO:

1) Gab:
a) Dentre as razões para a permanência do latifúndio em Goiás, despontam as seguintes: a falta
de estradas, de capital, de maquinário e de mão de obra. Tais condições precárias, do ponto
de vista do desenvolvimento econômico, faziam com que a terra em Goiás não fosse
considerada como fonte de produção de valor e, por isso, não atraía o interesse dos
investidores.
b) Como estratégia de ocupação, assentada no discurso da Marcha para o Oeste, Getúlio Vargas
criou colônias agrícolas no interior, tais como a de Ceres, em Goiás, e a de Dourados, em
Mato Grosso.

2) Gab:
a) A composição étnica da população goiana no início do século XIX, expressa no documento
acima, está relacionada ao motor da ocupação inicial da região, qual seja, a economia do ouro.
A exigência de mão-de-obra para extração nos leitos dos rios fez com que houvesse uma
intensa importação de escravos africanos. A presença de escravos e de indígenas, os últimos
oriundos principalmente dos aldeamentos, acarretou o processo de mestiçagem, que
contribuiu para o crescimento da população não-branca da região. Desse modo, o segmento da
população branca era demograficamente menor que os outros, fossem eles mestiços ou
escravos.
b) A mudança da estrutura socioeconômica da região ocorreu, conforme indicam os dados do
documento acima, em virtude da decadência da produção aurífera e, portanto, do rendimento
dessa atividade econômica essencial à Capitania. As dificuldades na extração do ouro,
provocadas, entre outros fatores, pelas condições técnicas rudimentares, levaram a um
progressivo redirecionamento de suas atividades produtivas, capazes de manter a dinâmica
socioeconômica de Goiás. Paralelamente ao decréscimo da produção aurífera, processou-se
também a ruralização da sociedade e o acréscimo das atividades agrícolas em detrimento de
atividades urbanas, como por exemplo, o comércio. Tal redirecionamento fortaleceu as
atividades agrícolas que, gradualmente, auxiliaram na reestruturação da economia goiana ao
longo do século XIX.

3) Gab:
Em fins do século XVIII, ocorre uma alteração na economia goiana com a crise do ouro, provocando
o decréscimo sensível da população escrava. Em meados do século XIX, o abolicionismo se torna um
movimento popular e a prática de alforriar escravos é incentivada como valor social indicativo de
benevolência.

4) Gab:
– No século XVIII, o edifício era a Câmara dos Vereadores, que definia as principais regras de convivência,
ocupação do solo, abastecimento, higiene e controle de epidemias. No andar de baixo do edifício
funcionava a cadeia.
– Na atualidade: como museu, tem a função de preservação do acervo documental, bem como, a
conservação da cultura material da cidade.

5) Gab:
a) A diferença está no fato de o contrabando do ouro ser maior no norte devido às dificuldades de
controle para impedir esse extravio. O ouro bruto era mais facilmente contrabandeado.
b) A função era fundir o ouro extraído na capitania, retirar a quinta parte para o tributo régio da
Metrópole, transformá-lo em barras com o selo da Coroa portuguesa, ampliar o controle da
produção e a arrecadação do quinto.

6) Gab:
Tanto a economia goiana, quanto a mineira tenderam à pecuária bovina, sobretudo a partir do
século XIX, como via de sobrevivência e de relativo acúmulo de capital _ que antes visava apenas o
auto-abastecimento _ já que escoavam rebanho pelas ferrovias para São Paulo.

7) Gab:
A ambigüidade de termos como moderno e conservador deve ser lembrada, principalmente quando
enfocamos processos históricos, marcados pelo cruzamento de elementos e referências. Na
realidade, influências modernas e tradicionais estão misturadas. O aluno deveria referir-se à frente
partidária que apoiou a candidatura de Perillo. Correntes, as mais diversas, apoiaram a sua
candidatura. O contraponto entre moderno e tradicional deve ser explicado muito mais como
recuso de propaganda.

8) Gab:
a) As relações de trabalho em Goiás, no início do século, assumiam, em sua maior parte, formas
não capitalistas, baseadas em relações pessoais de compadrio e clientela. As meações
predominavam nas atividades agrícolas. Na pecuária, era comum o pagamento do trabalho
com parte do gado, o que permitia ao vaqueiro formar um pequeno rebanho. O
aprofundamento dos laços de dependência entre proprietários e agregados subtraía do mundo
rural própria noção de mão-de-obra livre. Formavam-se, portanto, relações de trabalho
distantes da idéia de contrato que rege o mundo capitalista.
b) A paisagem descrita pelo autor vincula-se ao crescimento da atividade pecuarista, que
lentamente reorganizou a economia regional, que se ressentia da crise provocada pela
decadência das minas, desde meados do século passado. Registra o autor a riqueza que se
auto-transportava, o gado, sob o olhar vigilante de vaqueiros e capatazes. O comércio regional,
devido à precariedade das estradas, ainda se encontrava sob o controle de tropeiros. A
pecuária extensiva pouco afetou o cerrado, enquanto ecossistema: a presença dos chapadões e
das matas fluviais garantia as condições de reprodução dos rebanhos. Atualmente, o cerrado
encontra-se submetido a um processo compulsivo de devastação: a introdução da grande
lavoura e o cultivo da soja transformara, profundamente a paisagem: o cerrado cedeu lugar,
em grande parte, ao pasto ou a lavoura. A possibilidade de fácil utilização das máquinas
permitiu a rápida derrubada do cerrado, com a finalidade de produzir produtos exportáveis. A
integração de parte da economia goiana ao eixo sul promoveu forte transformação da
paisagem. A construção da nova capital estimulou movimentos populacionais que se dirigiram
para Goiânia. Atualmente, estimula-se o crescimento das agroindústrias, como forma de
reverter a concentração urbana e os desequilíbrios regionais.

9) Gab:
a) O transporte rodoviário começou a suplantar o ferroviário em fins nos anos 50. Essa transição
concretizou-se nos anos 60, época em que o Brasil vivia o ímpeto do governo JK, do slogan “50
anos em 5”, da indústria automobilística, da instalação de montadoras e fábricas de
automóveis e de grandes investimentos estrangeiros que, juntos, impulsionaram as rodovias no
país. Econômica e politicamente, e mundo vivia sob os efeitos da guerra fria e da hegemonia do
capital norte-americano; e a opção política do governo brasileiro foi o desenvolvimento-
nacionalista. As rodovias, por sua vez, além de agilizarem o transporte da produção, eram, em
valores absolutos, bem mais baratas, o que as tornava uma opção melhor em todos os níveis.
b) Vencida a primeira década do século XX, Goiás viu seus projetos ferroviários ganhar vida. A
partir do sul do estado, a estrada de ferro trouxe uma época de prosperidade econômica e
desenvolvimento nunca experimentados até então pela economia goiana. A grande produção
agropecuária e o incentivo à diversificação dos produtos foram os frutos mais imediatos da
instalação dos trilhos. As elites, no início,ficaram conta o projeto ferroviário uma vez que suas
atenções estavam voltadas para a navegação fluvial nos rios Araguaia e Tocantins. Aos poucos,
porém, reconheceram-se incapazes de fazer frente a investimentos que envolviam vultosos
capitais nacionais e internacionais, além de um complexo jogo de interesses, principalmente no
período de 1914 a 117, quando o mundo estava às voltas com a chamada Primeira Grande
Guerra. Assim, as elites terminaram apoiando os projetos ferroviários e obtiveram com eles
grandes lucros econômicos e políticos.

10) Gab:
A partir da década de 60, a agricultura brasileira passa por um processo que se convencionou
chamar de “modernização”, tanto no campo tecnológico, como nas relações de produção. O setor
agrário passa a contar, com acentuada rapidez, com as classes fundamentais do sistema capitalista
de produção: empregados e empregadores.
A partir do cultivo da soja, a região centro-oeste sofreu um intenso processo de transformações
onde áreas anteriormente ocupadas por uma pecuária tradicional transformaram-se em áreas
agrícolas altamente mecanizadas, havendo com isso o incremento de produtos, o aparecimento de
novas tecnologias favorecendo a vocação agroindustrial, trazendo consigo o aumento da população,
o uso intensivo de maquinário agrícola, tecnificação e adubação artificiais e, em última instância, a
incorporação do cerrado goiano não só à economia nacional, como também ao mercado externo.
Tais fatores transformaram a produção agrícola regional, articulando-a com o processo agro-
industrialização.
O cultivo da soja, portanto, foi um dos principais fatores que levaram a economia goiana a um
estágio dito “moderno”, embora paralelamente a essa “modernização” confirmasse uma estrutura
fundiária fortemente concentrada.

11) Gab:
O projeto nacionalista de Vargas, através da “marcha para oeste”, pretendia ocupar o centro do
país, avançando as fronteiras do capitalismo para as regiões ainda não totalmente inseridas no
contexto ócio-político e econômico de tal sistema, tal como se processava em nível nacional.
Goiânia foi, assim, o coroamento da política nacionalista de Vargas e a expressão maior da
ocupação do centro do país, servindo de trampolim para a posterior construção de Brasília e da
Belém-Brasília. Goiânia passou, então, a representar o “novo” em Goiás, as “novas” forças políticas,
o “novo” centro de poder político-administrativo, o fruto maduro do Estado Novo. Capital
planejada, efetivou uma maior inserção de Goiás no mercado nacional e dinamizou o processo de
acumulação capitalista no Estado, além de coroar os anseios políticos de Pedro Ludovico Teixeira.

12) Gab:
a) Tomando como exemplo a Festa dos Congos, ou a Congada, na cidade de Catalão, podemos
observar que a mesma é uma louvação a Nossa Senhora do Rosário, padroeira do município,
culto que teve início por volta de 1820 quando chegaram, à ainda Vila, levas de escravos para
trabalhar em plantações de café na região. Misturando folclore e religiosidade, os negros
traçam 16 ternos de dança, divididos entre congos, catupés, vilão, marinheiro e Moçambique,
predominando as vestimentas em tons de azul, branco e rosa. No ritual, os moçambicanos
desempenham o papel de guardiões da coroa, com vestimentas brancas, adornados de fitas cor
de rosa na cintura ou no peito, entoando músicas de lamentos. Os marinheiros dançadores
contam a vinda de Nossa Senhora pela água, sendo que a vinda por terra é contada pelos
congos. Além dos festejos, procissão, missa campal, bingos e leilões, a festa do rosário, a
congada, retrata a relação entre a cultura negra que, em determinado momento histórico,
chegou à Vila de Catalão, deixando presente sua cultura, seus valores e suas adequações à
realidade de uma mesclagem entre história, folclore e religiosidade.
b) As festas de cunho religioso, a exemplo das Congadas, trazem alterações no comércio,
dinamizando a economia local através do comércio de adereços religiosos, comidas típicas,
roupas e demais produtos ligados, direta ou indiretamente, à festa.
Ocorre também variações no fluxo populacional, coma chegada de turistas e de parte da
população rural que se dirige à cidade para participar ou assistir aos festejos.
Todo esse fluxo faz com que a vida da cidade sofra certas alterações, passando, em muitos
setores, a viver em função da própria festa. A massa de turistas quase sempre transforma a
calmaria do cotidiano da sociedade, provocando, momentaneamente, conflitos culturais no
exercício da cidadania dos habitantes locais. Catalão constitui, porém, caso a parte, não
ocorrendo transformações da mesma magnitude do que ocorre, por exemplo, em Pirenópolis.

13) Gab:
a) A modernidade, na chamada Era Vargas, vincula-se à implantação de uma dinâmica urbano-
industrial, sobretudo após o Estado Novo. A formação do maior parque industrial da América
Latina, o rápido processo de urbanização e o processo migratório transformaram
profundamente o perfil da sociedade brasileira. Aliada a estas transformações, a criação da
legislação trabalhista trouxe à baila um importante componente do jogo político: a classe
trabalhadora. Apesar dos traços conservadores da política varguista é incontestável que o Brasil
aproximava-se, econômica e politicamente, do mundo moderno, embora conservasse, ao longo
de seu extenso território, características de tradições culturais, demonstrando a convivência
possível entre tradição e modernidade.
b) O “moderno’ em Goiás tem sido considerado pela historiografia regional como fruto da crise
dos anos 20, que culminou com a chamada “Revolução de 1930”, passando pelo advento do
Estado Novo e pela construção da nova capital do Estado, Goiânia. Este marco leva em
consideração a inserção mais definitiva da região no processo de construção da nação, projeto
político do governo Vargas que, em Goiás, foi respaldado pelos grupos políticos que
representavam as regiões sul e sudoeste de Goiás e tinham em Pedro Ludovico seu líder e
representante maior. É necessário observar, no entanto, que essas expressões do moderno são
simbólicas e não representam o panorama de desenvolvimento de todo o estado na época
citada e sim ficavam restritas ao que representava Goiânia.

14) Gab:
a) O tema dos “desaparecidos políticos” – presos políticos desaparecidos ao longo do regime
militar instaurado em 1964 – voltou ao cenário político nacional no governo de Fernando
Henrique Cardoso. Pressões sociais, familiares, da imprensa, etc. fizeram com que o governo
federal tomasse três atitudes básicas: primeiro, reconhecer a culpabilidade do governo federal
no desaparecimento de presos políticos; segundo, indenizar as famílias dos desaparecidos
através de pensões e ressarcimentos econômicos e morais e, terceiro, possibilitar a abertura de
inquéritos sobre novas listas de desaparecidos.
b) A tática de guerrilha foi o sonho materializado de uma parcela dos ideólogos que lutavam
contra a ditadura militar no Brasil. Respondendo objetivamente á questão proposta, temos que
o referido movimento foi a Guerrilha do Araguaia, cuja estratégia política era movida por idéias
revolucionárias, oriundas da cisão do Partido Comunista, a partir da prática da guerrilha no
campo. A mesma ocorreu na região conhecida como Bico do Papagaio, situada,na ocasião, no
norte de Goiás.

15) Gab:
O cerrado constitui-se ma grande unidade fitogeográfica brasileira que se estende principalmente
pelas áreas dominadas pelo clima tropical semi-úmido, no qual se distingue um período chuvoso e
outro de estiagem marcante.
O Centro-Oeste torna-se, assim, a sua região mais notória de ocorrência, embora o cerrado seja
identificado em outras regiões do país.

A vegetação de cerrado é bastante heterogênea e apresenta dois estratos principais:


a) estrato superior – é composto por árvores e arbustos. Muitas espécies vegetais deste estrato
apresentam casca espessa, galhos e trancos retorcidos, raízes profundas e folhas largas,
ásperas e coriáceas. As raízes profundas, atingindo o lençol freático, garantem a sobrevivência
dos vegetais durante a estiagem.
No “cerrado típico”, as copas das árvores e arbustos não se tocam, permitindo que a luz solar
atinja o solo e propicie o desenvolvimento de gramíneas.
b) estrato inferior – é denominado por gramíneas. Este estrato é mais marcante, conforme
dissemos, nas proporções de solo expostas à luz solar. Durante a estiagem, as gramíneas (cujas
raízes são curtas) formam um manto ressecado junto ao solo, facilitando a proliferação de
incêndios.

Segundo a sua fisionomia, é possível distinguir-se três ‘subtipos” de cerrado:


a) cerradinho ou campo sujo – nele predominam as gramíneas e os arbustos dispersos. Dispõe-se
nas áreas de solos mais pobres. Regenera-se com facilidade após a queimada (desde que esta
não tenha reincidência constante).
b) cerrado – é composto por arbustos, gramíneas e algumas árvores. O distanciamento das copas
das árvores e arbustos ainda proporcionam um estrato inferior contínuo.
c) cerradão – caracteriza-se por possuir um denso estrato superior. A menor penetração da luz
solar no solo dificulta o desenvolvimento de gramíneas. Apresenta menor capacidade de
regeneração após a queimada.
Observando-se a aparência dos arbustos do cerrado e o seu comportamento durante a
estiagem, pode-se pensar que tal tipo de vegetação tenha um caráter xeromorfo. Entretanto,
tais aspectos estão mais diretamente relacionados às condições pedológicas (características do
solo) do que ao regime pluviométrico (distribuição das chuvas).
Os solos do cerrado são de formação bastante antiga, apresentando-se altamente lixiviados,
tendo alta concentração de alumínio e deficiência de outros minerais necessários ao
desenvolvimento da planta. Logo, os “caracteres xeromorfos” da planta (casca espessa, folhas
grossas e pilosas, tecido esclerenquimantoso…) refletem, na realidade, uma adaptação ao solo
no qual ela se desenvolve. Muitos autores preferem substituir o termo “xeromorfismo”
(relativo ao clima) por “escleromorfismo oligotrófico” (relacionado à composição do solo do
cerrado).
Os solos do cerrado, vistos como “terras fracas”, têm a produtividade agrícola aumentada
mediante a utilização de fertilizantes e corretivos da acidez. Assim, extensas áreas, outrora
ocupadas por cerrados, encontram-se atualmente recobertas por culturas de milho, soja,
feijão, algodão…
O aproveitamento do cerrado na pecuária também deve ser ressaltado, posto que o estrato
inferior forma pastagens naturais, as quais nem sempre possuem alto valor alimentar para o
gado.
Cabe enfim destacar que, para a utilização do cerrado como área de pastagem e/ou agrícola,
recorre-se amiúde à técnica da “queimada”, técnica esta que, dependendo do intervalo de
reincidência, torna-se uma prática bastante perniciosa.

16) Gab:
Podemos apontar como dois pontos semelhantes, historicamente definidos entre Goiânia e Brasília,
o fato de serem produtos do processo de interiorização brasileira, preconizada pela chamada
“Marcha para Oeste”, idealizada no Governo Vargas, e pela política de desenvolvimento e
nacionalismo do Governo de Juscelino Kubitschek. Ambas foram, respectivamente, construídas para
serem capitais planejadas e urbanisticamente concebidas como expressões do progresso e da
modernidade de suas épocas. Destaca-se também que as duas capitais faziam parte do projeto de
ocupação capitalista da Amazônia.
Com relação assuas diferenças, podemos destacar que Goiânia foi um fruto do processo histórico
desencadeado pela Revolução de 1930 e uma necessidade de consolidar o poder político de seu
mentor Pedro Ludovico Teixeira, além de atender às demandas econômicas das regiões sul e
sudeste de Goiás; enquanto que Brasília foi concebida politicamente como arquitetura de defesa
em plena época de Guerra Fria, visando deslocar o centro político do país do litoral, afastando-o de
uma significativa parcela das massas mais conscientizadas e politizadas da sociedade brasileira.
Brasília viria a ser o símbolo maior da política de “50 anos em 5” do governo J.K., possuindo, ao
contrário de Goiânia, ambições nacionais e internacionais. Além disso, temos diferentes contextos
culturais. Em Goiânia, temos uma cultura arraigada com traços que mesclam o urbano e o rural e
que unem a capital ao interior, enquanto que Brasília possui uma identidade cultural resultante da
mescla de elementos de todas as partes do Brasil e do mundo, o que lhe confere um caráter cultural
cosmopolita.

17) Gab:
a) Após a decadência da mineração, Goiás passava a dinamizar cada vez mais sua pecuária e sua
agricultura, aos níveis de suas necessidades e de suas possibilidades econômicas. O gado
encontrava, assim, um maior campo de desenvolvimento, uma vez que se auto-locomovia, não
necessitando de boas estradas, praticamente inexistente em Goiás no período. A economia
goiana da época crescia ao ritmo de seu desenvolvimento e de suas potencialidades, mediante
um sem-fim de problemas de toda ordem, que impediam qualquer salto qualitativo. Não
houve, porém, “marasmo”, “decadência” ou “atraso”, e sim uma sociedade voltada para a
satisfação de suas necessidades básicas, no compasso de suas possibilidades de
desenvolvimento. A economia crescia paulatinamente, a agricultura desenvolvia e a pecuária
respondia aos anseios da arrecadação estatal. Assim, as principais transformações que
permitem negar o “marasmo econômico”, que por longos anos identificou Goiás, se encontram
no desenvolvimento acelerado da pecuária, no crescimento da produção agrícola e na
implantação dos trilhos da estrada de ferro no território goiano a partir de 1913.
b) A Revolução de 1930 e a década que a ela se seguiu, trazendo propostas de mudanças e
esperanças de modernização e progresso, atingiu Goiás como se trouxesse para o estado uma
“renovação radical” no seu contexto sócio-político e econômico. Socialmente, permitiria uma
maior participação das classes médias urbanas no processo de desenvolvimento que se
dinamizava: politicamente, afastava os grupos dominantes da Primeira República do controle
político do Estado, permitindo uma maior participação dos grupos políticos ligados ás regiões
mais desenvolvidas economicamente, o sul e o sudoeste de Goiás: economicamente, ao fundar
a Primeira República, Goiás já reunia condições político-econômicas de se inserir com maior
dinâmica nas relações capitalistas propostas pelos grupos políticos que levaram avante a
revolução de 1930, em nível nacional. Assim, o desenvolvimento econômico das regiões sul e
sudoeste de Goiás encontraram, através de seus políticos, na figura de Pedro Ludovico Teixeira,
as bases necessárias para uma maior participação no jogo político, possibilitando assim um
maior desenvolvimento de seu potencial econômico. Desta forma, a construção de Goiânia e a
transferência da Capital permitirão uma maior inserção de Goiás nas relações capitalistas
nacionais, acalentando o sonho e a necessidade de inserir cada vez mais a região no projeto da
nação.

18) Gab: Não fornecido pela UFG

19) Gab:
A cidade de Goiás era o símbolo do caiadismo e, portanto, da Primeira República. Para construir
uma nova capital e sedimentar seu poder político, retirando o centro das decisões políticas e
administrativas da órbita de influência dos Caiado, Pedro Ludovico Teixeira recupera a idéia da
mudança da capital do Estado e da construção imediata de Goiânia. Com o discurso e a
representação do novo, do progresso e da modernidade que, segundo os outubristas, 1930 traria
para o Estado, atacou-se a velha capital. Ela foi eleita símbolo do atraso, da inoperância econômica,
da letargia social, da estagnação geral que, se fazia acreditar, havia tomado conta do Estado, sendo
Goiás a grande culpada. Assim, inadequação geográfica, falta de saneamento básico, insalubridade
e estagnação econômica eram argumentos fartamente utilizados para atacar Goiás e justificar a
construção de Goiânia.

20) Gab:
a) No mundo colonial, a cidade funciona como entreposto comercial e era a sede do poder
político e das atividades religiosas e culturais de um do território. Caracterizava-se pela
presença da venda, da igreja e da cadeia, símbolo da existência de uma ordenação jurídico-
política a que todos deviam obedecer, ainda que dispersos em um vasto território, e era ponto
de encontro, espaço onde se realizavam feiras ou mesmo grandes festividades. Nesse sentido,
a cidade colonial pouco tem a ver com o conceito de urbanização, pois ali não se desenvolvia a
rede de atividades tipicamente industriais implicada nesse conceito.
b) O conceito de urbanização não se refere apenas ao crescimento do número de cidades ou ao
aumento do número de habitantes delas. Implica, principalmente, um modo de vida. Seu
significado é amplo e tem múltiplos aspectos, tais como: surgimento de novas cidades e
aumento das dimensões das já existentes; desenvolvimento de atividades produtivas
industriais na cidade; crescimento maior da população urbana em relação à população rural;
expansão do modo de vida urbano; instalação de equipamentos urbanos; instalação de
equipamentos urbanos. Enfim, a urbanização define-se por um conjunto de aspectos, que se
manifestam espacialmente a partir de um determinado momento da história da humanidade,
quando se intensifica o sistema produtivo de base capitalista, assentado na industrialização.
Logo, esse conceito não se aplica ao período colonial. Além do diminuto número de habitantes
da cidade (ou seja, no período colonial a população rural era muito maior que a urbana), como
não havia ainda se desenvolvido a rede de atividades industriais urbanas, não havia também se
desenvolvido um modo de vida urbano, nem tampouco havia preocupação com os
equipamentos urbanos.

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