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Herbários
As observações e estudos botânicos sobre os indivíduos que compõem a cobertura vegetal de uma determinada região
fornecem subsídios valiosos para o desenvolvimento de trabalhos sobre o uso das plantas, sobre a vegetação, o manejo e a
conservação dos ecossistemas.
O conhecimento acurado das comunidades vegetais que constituem os diferentes tipos de biomas do Planeta é obtido,
em geral, através de coleções botânicas, que são bancos de dados que possibilitam o acesso aos mais diversos tipos de
informações. Essas coleções botânicas são denominadas de Herbários.
Um herbário é uma coleção de plantas secas ou de partes destas, técnica e cientificamente preparadas para futuros
estudos comparativos, históricos e de registro da diversidade e composição da flora de uma região ou país. Logo, um herbário
funciona como um banco de dados crescente, a partir das informações provenientes essencialmente das exsicatas (amostras
depositadas num herbário).
1. Armazenar exemplares identificados de todas as espécies de plantas de uma determinada região e/ou de todo o mundo. Os
exemplares devem mostrar ao máximo possível as variações e os estágios de desenvolvimento das espécies;
4. Prover dados fundamentais para trabalhos taxonômicos, fitogeográficos, fitossociológicos, florísticos, etc;
5. Fornecer material de análise para pesquisas sobre espécies, flora, vegetação, fitoquímica, etc.;
6. Documentar cientificamente as pesquisas sobre biodiversidade. Sem essa documentação, as afirmações não terão
embasamento científico;
7. Documentar pesquisas sobre flora e vegetação. Um determinado táxon pode mudar de nome ou de nível, mas a exsicata de
um herbário será sempre um material testemunho, que permitirá uma verificação a qualquer tempo. Uma vez citado na
literatura científica um espécime (exsicata) passa a ter valor científico inestimável;
8. Informar tanto sobre plantas úteis e nocivas ao homem quanto forrageiras e tóxicas para animais;
9. Assegurar fidelidade às informações sobre vegetais que ocorrem em áreas sujeitas aos processos de devastação, contribuindo
para a conservação, o reflorestamento e o planejamento de políticas públicas;
Entretanto, colecionar de maneira correta exemplares botânicos desidratados implica técnicas e manejos adequados.
Equipe de Campo
Constituída por pessoas diretamente envolvidas no trabalho. As operações de campo que envolvem coleta de material
botânico devem contar com a presença de um botânico, que fornecerá informações sobre a flora regional e a região fitoecológica.
Dependendo da região fitoecológica, onde serão realizadas as coletas, toma-se indispensável a presença do indivíduo treinado para
subir em árvores de grande porte. É importante também a presença de pessoa da região (mateiro), que conheça bem a área e as
plantas que lá ocorrem, pois poderá fornecer informações tanto sobre o uso dos vegetais como seus respectivos nomes populares.
Antes do início da expedição de campo selecionar o equipamento a ser utilizado em função do objetivo do trabalho, bem
como verificar o seu estado de conservação.
Para agilizar a coleta, os jornais deverão estar devidamente cortados e colocados entre as prensas que serão amarradas.
No local de coleta, registram-se a quilometragem do veículo, a altitude, o tipo de vegetação e o ponto de localização no
mapa.
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COLETA
A amostra coletada deve ser de um ramo fértil, isto é, com órgãos reprodutivos e/ou flor e/ou fruto e ter aproximadamente
cerca de 25 a 35 cm de comprimento (Fig. 3).
O coletor deve sempre levar em consideração que inúmeras vezes os espécimes coletados não representam o indivíduo
em sua totalidade e sim partes destes. Daí a importância de serem colhidas todas as informações que possam levar à
recomposição das características da planta no estágio de vida em que se encontrava e seu local de coleta. Por isso, é importante
serem observados os corretos procedimentos de coleta, descritos a seguir:
Figura 3. Exemplo de um ramo fértil. A figura tracejada indica a porção ideal para ser coletada. (Adaptado de IBGE, 1992a).
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1. Caderno de campo
Devem ser anotadas as informações sobre o ambiente e sobre o espécime coletado, tais como: local, data, vegetação,
dados relacionados à planta/habitat, freqüência, aspectos gerais do indivíduo coletado (hábito, folha, flor, fruto, etc) (veja apêndice
para alguns termos utilizados na descrição de campo).
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A amostra botânica ao ser transformada em exsicata terá um tamanho padronizado, e nesta condição deve reunir o maior
número possível de dados que permitam sua identificação. De um modo geral, os seguintes procedimentos devem ser seguidos
pelo coletor para o bom êxito de sua atividade de coleta:
a) escolher exemplares sem vestígios de ataque pelos insetos, infestações de fungos e outros sintomas patológicos evidentes;
b) evitar indivíduos depauperados, isto é, pobre de folhas, flores e/ou frutos;
c) dar preferência a exemplares férteis, isto é, com estruturas reprodutoras (Pteridófitas) ou com flores e/ou frutos (Fanerógamas)
(Fig. 3);
d) coletar, sempre que possível, 5-7 amostras de cada indivíduo, procurando-se adicionar algumas flores e frutos a mais para serem
utilizados pelo identificador. As amostras destinam-se ao herbário de origem, a especialistas em troca de identificação e, ainda,
para intercâmbio com outros herbários.
HERBORIZAÇÃO
Herborizar consiste, basicamente, nos procedimentos de prensagem, secagem e preparação do exemplar botânico para
inclusão no herbário. As amostras das plantas depositadas no herbário são montadas de forma especial, em folha de cartolina de
tamanho padronizado, na qual se fixa(m) uma(s) etiqueta(s) contendo informações diversas. A esta amostra atribui-se a
denominação de exsicata (Mori et ai., 1985).
1. Prensagem
É o processo de preparação da amostra botânica, a partir da coleta. Consiste basicamente em acondicionar o exemplar
em folhas de jornais dentro de uma prensa, para submetê-la posteriormente a um processo de desidratação, em estufa, construída
para tal fim. Algumas famílias de plantas requerem técnicas especiais de coleta e prensagem, mas em geral seguem-se as normas
abaixo:
a) prensar as amostras, logo após o ato da coleta ou pelo menos no mesmo dia. Nunca deixar para prensar no dia seguinte;
b) preparar as amostras em tamanho que correspondam em média a 35 cm x 25 cm (Fig. 3). Casos em que este procedimento
implique perda de partes essenciais de amostra (folhas muito grandes) ou quando a amostra botânica representa a planta toda,
deve ser dobrada em forma de N ou V (Fig. 5);
c) ramos com muitas folhas devem ser debastados. Caso seja necessário eliminar algumas folhas das amostras, estas devem ser
cortadas de modo que o vestígio do pecíolo fique evidente (Fig. 6A);
d) em uma amostra as folhas devem ser prensadas de modo alternado, isto é, algumas mostrando o lado ventral e outras o lado
dorsal (Fig. 6B);
e) plantas herbáceas pequenas podem ser montadas completas (Fig. 6C);
f) inflorescências muito longas, antes de serem dobradas, devem ter o ramo levemente amassado (Fig. 5);
g) frutos de grandes dimensões, sem condições de prensagem, devem ser destacados da amostra e colocados em “saco de rede
de nylon” com o nome do coletor e seu respectivo número de coleta;
h) acondicionar cada exemplar coletado na folha de jornal; nunca incluir duas amostras em uma mesma folha;
i) o nome do coletor, seguido de seu respectivo número de coleta, deve ser imediatamente anotado na margem da folha (fazer
anotações com lápis no caso de se usar álcool para preservar o material). Após estes procedimentos, as amostras são empilhadas
e colocadas entre as prensas. Em seguida, amarra-se o conjunto com cordas, de modo que o material fique sob pressão, para
evitar que enrugue (Fig. 5).
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Figura 5. Tipos de prensagem em N ou V. (Adaptado de Fidalgo e Bononi, 1989; IBGE, 1992a). Prensagem no campo e no
laboratório.
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A B C
Figura 6. Tipos de prensagem. A – material debastado; B. folhas em face adaxial e abaxial; C. indivíduos herbáceos organizados
em uma amostra. (Adaptado de Mori et al., 1989; IBGE, 1992a)
2. Secagem
Após a prensagem de campo, o material coletado deve ser transportado até uma estufa de secagem. O material que já foi
prensado será repreparado no interior da prensa, para ser introduzido na estufa, obedecendo-se a seguinte seqüência:
- uma das grades da prensa;
- folha de papelão
- folha de alumínio corrugada;
- folha de papelão
-jornal contendo no seu interior a amostra botânica;
- folha de papelão;
- folha de alumínio corrugado; e
- jornal contendo no seu interior outra amostra.
Após a inclusão da última amostra no interior do lote, colocam-se o papelão, a folha de alumínio, outro papelão, uma
etiqueta identificando a coleta (coletor, local e data), e finalmente a outra grade da prensa. Em seguida, amarra-se o conjunto
fortemente com cordas e coloca-se na estufa. À medida que o material seca e diminui de volume, o lote prensado deve ter as
cordas reajustadas, para que as amostras não enruguem.
O material botânico é considerado seco quando se apresentar rígido, sem flexionar ao ser suspenso e sem umidade ao
toque. Nessa ocasião, é retirado da estufa. Todo material deve ser periodicamente examinado para verificar-se a necessidade de
retomar à estufa por mais algum tempo.
Após a operação de secagem as amostras serão submetidas a processos especiais, visando a impedir infestações
diversas. A seguir, separar as amostras jár coletas, em ordem numérica de coleta e acondicioná-las em sacos plásticos com
naftalina e cânfora até serem incorporadas ao herbário.
2. Inclusão e incorporação
Após receber todo o tratamento de prensagem e secagem, o material é então levado para a desinfecção e
posteriormente, etiquetado com as informações retiradas do caderno de campo para compor a ficha da exsicata; depois ele é
montado em cartolina especial para que então seja finalmente registrado e incorporado à coleção (herbário) (Fig. 7)
Identificação
Paralelamente ao processo de herborização, montagem e registro do material botânico, segue-se a identificação dos
táxons.
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Identificar uma planta consiste em atribuir-lhe um nome científico de acordo com um sistema de classificação botânica,
formado por categorias hierárquicas e regido pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica. Só após a identificação da
família e/ou da espécie a qual pertence, o exemplar botânico pode ser organizado no acervo do herbário e servir de fonte de
consulta para os mais variados fins. “O primeiro passo no conhecimento sobre uma planta, suas propriedades, distribuição e
importância está na garantia de sua identidade. Seu nome correto possibilita o acesso a muitas informações” (Fig. 7).
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Outro processo de dinâmica do herbário é o em préstimo do material para atender a solicitações dos especialistas. O
material é cedido pelo curador, por tempo determinado. O especialista deve devolver o material com etiqueta de identificação. E
imprescindível que as exsicatas retornem ao herbário de origem em perfeito estado.
Todo material que sair do herbário para atender a qualquer um dos processos citados deve ser controlado e discriminado
em guias de remessa. Estas, seriadas e numeradas, devem conter o número de registro da exsicata, estando associado ao nome
do coletor e seu respectivo número de coleta. São preparadas em três vias: a primeira fica arquivada no herbário de origem, a
segunda segue por carta avisando que o material será encaminhado e a última segue junto com o material. O curador do herbário
deve possuir cadastros de outros herbários, isto é, o Index Herbariorum ou publicação equivalente.
MATERIAL PRODUZIDO EM BARREIRAS, BAHIA (SETEMBRO DE 2007) PARA A DISCIPLINA BOTÂNICA III DO
ICADS/UFBA.
Bibliografia utilizada
FIDALGO, O. & BONONI, V.L.R. (coords.) 1989. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Série
Documentos. São Paulo: IMESP/Secretaria do Meio Ambiente, 62p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 1992a. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Série
Manuais Técnicos em Geociências, número 1. Rio de Janeiro: IBGE, 92p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 1992b. Herbário do IBGE: caracterização e propostas de
dinamização. Versão preliminar. Rio de Janeiro: IBGE, 35p.
MORI, S.A.; MATTOS SILVA, L.A.; LISBOA, G. & CORADIN, L. 1989. Manual de Manejo do Herbário Fanerogâmico. Ed.2. Ilhéus:
CEPEC/CEPLAC, 104p.
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