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Leituras do Cânon 3 – Prof.ª Dr.

ª Maria Elisa Cevasco – Matutino


Douglas Mattos Moraes – 8977807
Issue Paper – Beloved

Ao longo do livro, vários aspectos chamaram minha atenção, de maneira que decidi topificá-los
para que eu conseguisse trazer todos sem me estender demais pelo paper.
Grau de ficcionalidade
 Qual é o jogo de verossimilhanças interno ao livro?
 É difícil dizer se se trata de uma narrativa fantástica, espiritual/paranormal ou
psicológica/alucinatória. Um dos aspectos que mais interfere nessa questão é a
linguagem. A princípio difícil de apreender e com um forte tom psicológico dado por
certa onisciência seletiva múltipla, a linguagem traz muito do fantástico pela carga
metafórica em que narra, como ao falar da árvore deixada nas costas de Sethe que, no
começo, talvez demoremos a entender que se trata de cicatrizes.
Narrador
 Com um ponto de vista amplo, onisciente, mas pouco participativo e muito subjetivo, ele
colabora muito com os questionamentos sobre a ficcionalidade do relato. O “problema”
está mais ao final do livro, quando ele diz que a história não deve ser repassada. Por que
não? Quem não quer isso? E se os personagens vieram a esquecer, a deixar para trás os
acontecimentos em torno de Beloved, como pode o narrador saber deles? Seria uma
espécie de memória/acontecimento no qual se pode trombar, como Sethe imagina sobre o
funcionamento do tempo?
Arte e subjetividade
 A arte parece ter um papel muito importante na história, sobretudo com o relato sobre o
lugar chamado “the Clearing”. Envolvido em religião, mas muito diferente do
cristianismo repressor que comumente vemos retratado, para se dançar e cantar, deixando
as emoções fluírem, onde se podia reapropriar-se da própria subjetividade. Era um lugar
para libertar-se e libertar o que estava preso na interioridade.
 Outra passagem bem pequena, mas que corre na mesma direção, seria a de Paul D na
cadeia. A personagem começa a tremer sempre, certamente como resultado dos abusos e
condições sob os quais vivia na prisão, mas isso se acalmava em um único momento:
quando cantava. Assim, seria a arte um caminho de humanização?
Amor
 Próximo à arte parece estar o amor. Nos momentos amorosos do livro, as personagens
encontram alívio, oportunidade de construir laços e histórias, isto é, de viver. Ao mesmo
tempo, Sethe foi aconselhada a não amar (por Ella, em relação à recém-nascida Denver),
e Paul D toma a mesma decisão, tendo seu coração transformado em uma caixa de
tabaco.
 A partir disso, seria o amor um caminho para humanização e libertação, “salvação”, ou
seria um perigoso sentimento para aquelas personagens, por ser positivo tão e somente
porque pertenceria à liberdade, sempre dúbia e vacilante? A quem o amor pode libertar,
se pode?

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