Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SÃO LUÍS / MA
2022
SÓSTENES PINHEIRO CAMPOS
.................................................................................
ASSINATURA DO ORIENTADOR
SÃO LUÍS/MA
2022
ii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA CENTRAL – UEMA
CDU: 620.181.4-034.14
iii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
__________________________________________________
Prof. Dr. Alisson Augusto Azevedo Figueiredo, Presidente.
Universidade Estadual do Maranhão
____________________________________________
Prof.ª Dra. Claudia Rosa do Espirito Santo Nobrega
Universidade Estadual do Maranhão
_____________________________________
Prof. Dr. Lourival Matos de Sousa Filho
Universidade Estadual do Maranhão
iv
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais, em especial à minha saudosa mãe, que Deus a tenha
em um bom lugar.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Alisson Augusto Azevedo Figueiredo que foi um dos
maiores responsáveis pela realização deste trabalho, foi a pessoa que teve a ideia inicial, e eu
só abracei a ideia.
v
Agradecimentos
A Deus, nosso criador, por seu amor incondicional e pelas benções que recebo desde
criança. Aos meus pais, por terem me educado, feito tudo o que puderam por mim, por sempre
acreditarem em mim, tornando possível ser o que sou hoje. Aos meus irmãos e amigos que
sempre acreditaram no meu potencial, com palavras de apoio.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Alisson Augusto Azevedo Figueiredo, por todo suporte e
apoio, pela disponibilidade praticamente em tempo integral, tirando as dúvidas e realizando as
correções necessárias, por me mostrar o caminho certo a seguir, pela paciência com meus erros.
Hoje, irmão que vou levar pra vida.
Ao meu Coorientador Prof. Dr. Adilto Pereira Andrade Cunha, por todo suporte dado
sempre que solicitado, apoio, pelas dicas preciosas que nos passou, por ceder o Laboratório de
Ensaios Mecânicos e Metalografia da UEMA, o qual é responsável.
Ao Prof. Dr. Lourival Matos de Sousa Filho, pelo sistema de aquisição de dados que nos
forneceu.
vi
“Só sabemos com exatidão quando sabemos
pouco; à medida que vamos adquirindo
conhecimento, instala-se a dúvida.”
Goethe
vii
Resumo
viii
Abstract
In heat treatment processes, it is essential to understand the temperature distributions inside the
material, allowing predictability of the heating time and required temperature of the furnace,
thus avoiding possible mechanical failures due to residual thermal stresses. Heat transfer studies
the phenomena of heating and cooling through three mechanisms: conduction, convection and
radiation. This work aims to experimentally estimate the combined heat transfer coefficient
during the heating of AISI 5160 steel in a muffle furnace. The global capacitance method was
used to characterize the heating of the part. A total of 21 experiments were carried out at 7
different oven temperatures, ranging from 300 to 900 °C for 600 s. The temperatures were
measured by a K-thermocouple embedded in the part to be heated and connected to the data
acquisition system. An algorithm in MATLAB software was developed to determine the results
from the measured temperatures and appropriate equations for the thermal phenomenon. The
results showed that the combined heat transfer coefficient increased with increasing oven
temperature. The contribution of convection to part heating decreased with increasing
temperature. Regarding the radiation coefficient, it increases with temperature, becoming the
only significant mechanism of heat transfer inside the kiln from 600 ºC. Heat rates were higher
at the beginning of warming, mainly the radiation share, but they decrease with time, tending
to be negligible. In the furnace experiment at 900 °C, the phase transformation temperature
occurred from 760 °C, and the austenitization phenomenon lasted approximately 100 s.
Keywords: heat transfer coefficient; convection; radiation; muffle furnace; AISI 5160 steel.
ix
Lista de Figuras
x
Figura 6.11 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 600 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro. ................................................................................................................................. 56
Figura 6.12 – Taxa de calor para o forno à 600 °C: (a) sem filtro e (b) com filtro .................. 57
Figura 6.13 – Temperatura da peça aquecida à 700 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos. .................................................................................................. 57
Figura 6.14 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 700 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro. ................................................................................................................................. 58
Figura 6.15 – Taxa de calor para 700 °C: (a) curvas sem filtro e (b) curvas com filtro. .......... 59
Figura 6.16 – Temperatura da peça aquecida à 800 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos. .................................................................................................. 60
Figura 6.17 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 800 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro. ................................................................................................................................. 61
Figura 6.18 – Taxa de calor para 800 °C: (a) curvas sem filtro e (b) curvas com filtro. .......... 61
Figura 6.19 – Temperatura da peça aquecida à 900 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos. .................................................................................................. 62
Figura 6.20 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 900 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro. ................................................................................................................................. 63
Figura 6.21 – Taxa de calor para do forno à 900 °C: (a) sem filtro e (b) com filtro. ............... 64
Figura 6.22 -Influência da temperatura no coeficiente combinado de transferência de calor. . 65
Figura 6.23 – Relação do número de Biot com o coeficiente combinado de transferência de
calor. ................................................................................................................................. 66
Figura 6.24 - Percentual da contribuição da radiação e da convecção no aquecimento do aço
AISI 5160 em um forno mufla. ........................................................................................ 66
xi
Lista de Tabelas
xii
Lista de Abreviaturas e Siglas
xiii
Lista de Símbolos
xiv
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 17
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 19
3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 20
5. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 34
xv
5.4.2 Aquecimento do forno .......................................................................................... 41
7. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS........................................................................................................................70
xvi
1. INTRODUÇÃO
17
condução, radiação e convecção, que por sua vez, atuam simultaneamente e de maneira não
uniforme, dificultando o cálculo analítico do tempo de homogeneização dos materiais.
Dessa forma, este trabalho propõe avaliar a dependência do coeficiente combinado de
transferência de calor durante o aquecimento do aço AISI 5160, com a variação da temperatura
em um forno mufla. A partir do conhecimento deste coeficiente e das propriedades termofísicos
do material e do ar contido no forno, pode-se estimar o tempo necessário de aquecimento de
peças, otimizando assim os processos envolvidos no tratamento térmico.
18
2. OBJETIVOS
Este trabalho tem como principal objetivo realizar de forma experimental a análise do
coeficiente combinado de transferência de calor durante o aquecimento do aço AISI 5160 em
um forno mufla.
19
3. JUSTIFICATIVA
A maioria dos métodos utilizados atualmente para quantificar o tempo necessário de uma
peça submetida a tratamentos térmicos em fornos são baseados em experiências prévias.
Segundo Sartori (2022), existem manuais fornecidos pelas empresas fabricantes de aços, sobre
o tempo de permanência da peça em determinada temperatura para alcançar a austenitização.
Mas alerta que, sempre deve-se levar em consideração o tipo de forno a ser utilizado para o
aquecimento. Portanto, é de suma importância o desenvolvimento de métodos capazes de
predizer a transferência de calor para qualquer temperatura de trabalho em um forno.
A indústria metal-mecânica demanda aços compropriedades mecânicas mais exigentes,
combinando baixos custos e melhor desempenho. Portanto, o entendimento do efeito de cada
etapa do processo de fabricação é essencial para garantir a qualidade do produto final. Em peças
que necessitam de tratamento térmico, é primordial conhecer com precisão o tempo de
aquecimento para alcançar a homogeneização da temperatura em todo o domínio, reduzindo os
custos com retrabalho, melhora a qualidade do produto e garante o sucesso do tratamento
realizado (PORTAL AQUECIMENTO INDUSTRIAL, 2020).
Além disso, este trabalho busca contribuir com a melhoria na qualidade das aulas
experimentais das áreas de ciência dos materiais e transferência de calor do curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Estadual do Maranhão, fornecendo um algoritmo capaz de estimar
experimentalmente os coeficientes de transferência de calor e a curva de aquecimento de peças
no forno mufla pertencente ao Laboratório de ensaios mecânicos e metalografia (LABEMM).
20
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo tem por finalidade descrever as bases teóricas nas quais as análises
desenvolvidas nesse estudo estão fundamentadas. Em seu conteúdo destacam-se as principais
as teorias e equações que permitiram a obtenção dos resultados que serão mostrados
posteriormente.
O estudo da termodinâmica nos diz que é perfeitamente possível a energia ser transferida
na forma de calor ou trabalho, de um corpo para sua vizinhança ou vice-versa. Mas a aplicação
em termodinâmica só fornece as interações globais, como balanço de massa e energia. As
análises dos mecanismos envolvidos e a taxa com que a energia se transfere são estudadas na
transferência de calor. De acordo com Incropera et al (2014) e com Çengel e Ghajar (2012, 1p),
a transferência de calor é energia térmica em trânsito devido a uma diferença de temperatura no
espaço. O trânsito de energia pode ser de três formas diferentes, que são: condução, convecção
e radiação térmica.
21
4.2.1 Condução
Fonte: Autor
A taxa de calor pode ser calculada através da Lei de Fourier, que nos permite quantificar
a energia transferida por unidade de tempo através das dimensões do domínio. A equação da
Lei de Fourier para uma transferência de calor unidimensional com apresentado na Fig.4.1,
pode ser descrita como sendo
dT
q = −k. A. dx (4.1)
Çengel e Ghajar (2012, p. 23), representa a velocidade que o calor é difundido por meio de um
material, por isso a difusidade térmica pode ser entendida como a razão entre o calor conduzido
por meio do material e o calor armazenado por unidade de volume. Quanto maior for a
difusividade térmica, mais rapidamente será a propagação de calor no meio.
Vale ressaltar todas propriedades termofísicas dependem da temperatura que o material
se encontra, e que muitas vezes são realizadas várias considerações para valores constantes a
fim de simplificar a solução de problemas. Mesmo aparentemente simplificados, os modelos
representam com boa precisão vários problemas de engenharia (INCROPERA et al. 2014).
Em muitos casos representa-se o fenômeno de condução térmica como um processo em
regime permanente, considerando a temperatura nos pontos independente do tempo. Reduzindo
o trabalho para se chegar à solução. Algumas simplificações precisam ser realizadas, tais como
a de uniformidade de temperatura no início do processo, e de que as propriedades do material
não dependam da temperatura. Quando a temperatura do domínio varia ao longo do tempo,
trata-se de um fenômeno de condução em regime transiente.
4.2.2 Convecção
De acordo com Çengel e Ghajar (2012, p. 374), a transferência de calor por convecção é
mais complexa do que a condução, devido a dependência com o fenômeno de escoamento de
fluido. O movimento do fluido amplifica a transferência de calor, pois promove a interação das
demais regiões quentes e frias em contato. Quanto maior a velocidade do fluido, maior a taxa
de transferência de calor. De acordo com Incropera et al. (2014, p. 347), a convecção é a forma
23
de transferência de calor onde um fluido escoando age como transportador de energia, que por
sua vez, é transferida para um sólido ou vice-versa como é representado na Fig.4.2.
Fonte: Autor.
4.2.3 Radiação
24
interveniente como representado na Fig.4.3. A transferência de calor por radiação é mais rápida
e não diminui no vácuo (Çengel e Ghajar, 2014, p.27).
Figura 4.3 – Troca líquida de calor por radiação entre duas superfícies
Fonte: Autor.
Para Incropera et al (2014, p.6), a radiação é a energia emitida pela matéria que se
encontra a uma temperatura diferente de zero. A radiação é um fenômeno volumétrico, e todos
os sólidos, líquidos e gases emitem, absorvem ou transmitem radiação em níveis distintos. As
propriedades que definem o nível de radiação que um corpo emite e absorve são a emissividade
e absorvidade, respectivamente. A taxa máxima de radiação que uma superfície pode emitir na
temperatura termodinâmica é dada pela lei de Stefan-Boltzmann da radiação térmica como
sendo
𝑞 𝑒𝑚𝑖𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 𝜎𝐴𝑠 𝑇 4 (4.5)
onde 𝜎 = 5,67𝑋10−9 𝑊 ⁄(𝑚2 𝐾 4 ) é a constante de Stefan-Boltzmann. A partir das
propriedades e características do sistema, determina-se o calor transferido entre os corpos por
radiação. Como sendo:
4
𝑞𝑟𝑎𝑑 = 𝜀𝜎𝐴𝑆 (𝑇𝑣𝑖𝑧 − 𝑇𝑠4 ) (4.6)
onde 𝑞𝑟𝑎𝑑 representa a taxa de transferência de calor por radiação, 𝑇𝑠 é temperatura da
superfície do corpo, ε é a emissividade e 𝑇𝑣𝑖𝑧 é a temperatura da vizinhança radiante. A equação
4.6, representa a taxa de calor entre uma superfície e sua vizinhança.
25
4.3 Homogeneização da temperatura em tratamentos térmicos
26
homogeneizados em diferentes regiões do forno possuem diferenças microestruturais e no
desempenho em extrusão. Os tarugos próximos da zona quente do forno apresentaram menores
quantidades de precipitados e intermetálicos, enquanto os próximos a zona fria apresentaram
maiores quantidades. A posição do tarugo no forno de homogeneização do tipo “bambury”
influencia o ciclo térmico e a microestrutura das peças. A taxa de resfriamento imposta após o
tratamento térmico de homogeneização influencia a microestrutura e as propriedades mecânicas
das ligas 6060. Um rápido arrefecimento resulta em ligas 6060 mais favoráveis a extrusão. As
melhores condições de tratamento térmico de homogeneização favorável a extrusão ocorre com
no mínimo 3,5 horas à temperatura de 590°C, e resfriamento rápido (entre 300 a 350 °C/h).
Pereira (2015) determinou a influência da variação de temperatura e do tempo de
tratamento térmico de homogeneização na microestrutura de lingotes de aços ferramentas
fundidas. Um lingote de aço do tipo A2 fundido, com 2 m de comprimento e 1 m de diâmetro,
foi utilizado como amostras da estrutura natural de solidificação, homogeneizadas e
temperadas. Foram analisadas as amostras retiradas de um quarto do diâmetro e na região
central do lingote submetidos a tratamento térmico nas temperaturas de 1150 e 1200 °C, por 8,
16 e 24 h em cada temperatura. Na análise realizada por microscopia ótica e eletrônica de
varredura, a estrutura natural apresentou alto grau de segregação, principalmente na região
central do lingote. O tempo de homogeneização de 8 h se mostrou ineficiente para ambas as
temperaturas. A completa homogeneização da estrutura foi alcançada com uma temperatura do
forno de 1200 °C por 24 h. O tratamento térmico de 16 h promoveu homogeneização parcial
para temperatura de 1150 °C, mas a região localizada em um quarto do diâmetro apresentou
heterogeneidade. A homogeneização com tratamento térmico de 24 h à 1150 °C pode ser
considerada satisfatória. No entanto, o ideal é que o tratamento térmico seja de 24 h à 1200 °C.
Oliveira (2017) caracterizou a microestrutura de ligas eutéticas a base de alumínio no
estado natural de fusão e tratadas termicamente por homogeneização. Para produzir por
fundição em areia as ligas eutéticas do sistema Al-Cu (binária), Al-Cu-Si e Al-Cu-Mg
(ternárias) e Al-Cu-Si-Mg (quaternária). A análise microestrutural foi realizada no estado
natural de fusão e no estado após tratamento térmico de homogeneização a 495 °C em 24 h. As
técnicas de Fluorescência de Raios-X (FRX), Difração de Raios-X (DRX) e Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV) com sistema de Energia Dispersiva de Varredura (EDS) foram
aplicadas. A microestrutura da liga AlCuMg tratadas por homogeneização apresentou uma
menor quantidade de estruturas morfológicas do tipo eutético. As ligas contendo magnésio
mostraram um aumento de dureza em relação às amostras não tratada termicamente por
27
homogeneização. Em relação a dureza das ligas estudadas, o tratamento de homogeneização
mostrou ter influência positiva quanto ao aumento dessa propriedade sobre as ligas contendo
magnésio. Em relação as propriedades, o tratamento aparentemente apresentaram o efeito
oposto, diminuindo assim a dureza das ligas, que não possuem a magnésio em sua composição.
Teixeira et al (2017) analisou o comportamento de uma Panela de Aço sujeita a uma curva
de pré-aquecimento, e as condições das juntas durante o pré-aquecimento do refratário da
panela de aço. Um carregamento transiente de temperatura foi aplicado nas faces do
revestimento refratário em contato com o aço. No cálculo do perfil térmico foi considerado
trocas de calor por radiação (emissividade de 0,85) e convecção (coeficiente convectivo
variando com a temperatura), entre a panela e o ambiente. O fechamento da junta acontece
devido à expansão térmica do tijolo refratário, fecham-se com o decorrer do aquecimento. As
juntas mais próximas à face quente fecham-se após 21600 s de aquecimento. Próximo a carcaça
as juntas fecham-se após a temperatura da face quente ultrapassar os 450 °C. Quando a
temperatura do interior da panela aço atingir os 1200 °C, a estrutura do refratária encontra-se
com as juntas fechadas. O modelo desenvolvido prever quais juntas vão fechar e quais
permanecerão abertas após a aplicação de carga térmicas empostas na simulação. O tamanho
das juntas está diretamente relacionado com o nível de tensões presente na carcaça metálica e
no revestimento refratário da panela de aço.
Xavier (2017) analisou a influência da deformação plástica antes da homogeneização
microestrutural de um lingote fabricado em aço ferramenta para trabalho a frio após o
tratamento térmico de homogeneização. Usou um lingote fundido em aço ferramenta de
composição química similar ao AISI A2. As amostras foram retiradas do núcleo do lingote no
estado natural de solidificação e deformações de 0,6 e 1,3 em seguida foram laminados a quente
e temperados. Após a laminação as amostras passaram por tratamento térmico de
homogeneização na temperatura de 1200°C por 8 h ou 16 h, em seguida temperadas em água.
As análises foram realizadas via: microscopia óptica, dureza vickers, difratometria de raios-X
e microscopia eletrônica de varredura. A penas as deformações não são suficientes para alterar
o tempo de homogeneização dos elementos constituintes do material. Tratamentos térmicos a
1200 °C a partir de 16 h melhoram as condições de homogeneização. A redução do índice de
microssegregação médio para tratamentos térmicos de 8 e 16 h, é de 4 e 10%, respectivamente,
independentemente do nível de deformação imposta as amostras. A amostra com 1,3 de
deformação e 16 h de tratamento térmico de homogeneização, o índice de microssegregação
28
médio reduziu em 15%, confirmando a influência benéfica que a deformação pode causar em
tratamentos térmicos de homogeneização.
Marinho (2018) analisou como as propriedades mecânicas e microestrutura do aço ARBL
(aços alta resistência baixa liga) microligado ao nióbio variam em função de alterações de
temperaturas entre duas regiões características da bobina laminada a frio durante o ciclo de
recozimento. O primeiro ciclo de recozimento contou com todas as amostras dentro do forno
de modo que ao longo do aquecimento, foram retiradas individualmente a cada uma hora, e
posteriormente resfriadas em água. A curva de aquecimento ocorreu em três etapas: aquecendo
o forno da temperatura ambiente até 350 °C em 1 h, 650 °C em 5,5 h e 650 °C até a temperatura
de encharque de 690 °C em 3 h. O segundo ciclo foi feito programando o controlador do forno
usando temperaturas reais registradas em termopares posicionados dentro do forno. Houve uma
redução acentuada do limite de escoamento e de resistência para o aço recozido na condição do
primeiro ciclo, em aproximadamente 12 h de recozimento, durante o encharque a 690 °C. Já o
segundo ciclo a redução é significativo apenas em 24 h de recozimento e a 681°C. para ambos
os ciclos de recozimento, o alongamento do material acontece em 25 h de recozimento, no
estágio final de encharque. O aço encruado apresentou maiores limites de resistência, limites
de escoamento e dureza e menor alongamento, quando comparado ao aço recozido. A
estabilização das propriedades mecânicas é alcançada em torno de 26 h de recozimento,
indicando homogeneização das propriedades.
Zani (2021) avaliou a distribuição de temperatura durante do processo de secagem de
insumos fármacos por meio de coleta automatizada. Dez sensores ao longo de 24 h, foram
utilizados no monitoramento da distribuição de temperatura da estufa de secagem dos fármacos.
Após a homogeneização ocorre a queda de temperatura no intervalo de tempo entre os 120 a
134 minutos, gerando regiões denominadas de: a pré e pós-homogeneização. Na primeira região
secagem inicia-se aos 31 °C em 54 minuto, a maior temperatura varia entre 82 e 84 °C até que
ocorra a homogeneizão. Na segunda região a temperatura de secagem varia de 52,5 °C após a
homogeneização em 134 minutos, e atinge à temperatura máxima de 81,5 °C em 191 minutos
de secagem. A temperatura nas extremidades das bandejas é maior que no centro, devido à má
distribuição do fluxo de ar quente.
Galvão et al (2021), analisaram a influência do recozimento pleno em aços SAE 1045.
Os experimentos com amostras de diâmetro 35 mm e comprimento 10 mm foram realizados no
interior do forno com temperatura inicial de 800 °C. Os testes foram divididos em três grupos,
variando a permanência da peça nos tempos de 30, 35 e 40 minutos no interior do forno,
29
respectivamente. Os resfriamentos de ambas as amostras foram realizados dentro do forno até
a temperatura de 25 °C. Os resultados obtidos através das análises de dureza e metalográfica
mostraram que as amostras que permaneceram por 35 e 40 minutos apresentaram os melhores
resultados. A média da dureza para os dois tempos foram 86,9 e 86,8 HRB, respectivamente.
30
amostra em aquecimento. O comportamento térmico foi analisado e utilizado para calcular a
transferência de calor por convecção e radiação entre o forno e a amostra de concreto. Um
problema inverso baseado em um algoritmo genérico foi proposto com objetivo de estimar o
perfil do fluxo de radiação e convecção. A aquisição das temperaturas foi realizada por 34
termopares do tipo T AWG30, onde 23 destes foram distribuídos pelas paredes do forno e o
restante na amostra. Os experimentos foram realizados em três temperaturas do forno 120, 210
e 300 °C, com cinco repetições para cada temperatura. O forno elétrico mante uma boa
homogeneidade na distribuição da temperatura na superfície da amostra, mas em grandezas
diferentes da setada pelo usuário. Os efeitos da radiação são predominantes, o fluxo de calor é
constante à medida que o forno atinge o equilíbrio térmico com a amostra.
Urbano (2013), desenvolveu uma modelagem matemática e uma simulação numérica de
um forno rotativo com aquecimento indireto a óleo considerando dois casos distintos: a
calcinação sem a homogeneização do leito e a condição de homogeneização do leito. Na
modelagem matemática o domínio foi dividido em cinco regiões: (1) composta pelo óleo
aquecido, (2) formada pelo cilindro menor com baixa rotação, (3) formada pelo leito de gipsita,
(4) formada pelo volume acima do leito de gipsita, composta pelo ar e gases do processo de
calcinação e (5) formada pelo volume acima do óleo aquecido na região dos cilindros
concêntricos, compostos pelo ar e vapor de óleo. A análise mostrou que a troca de calor por
convecção no interior de fornos rotativos é desprezível. Para a temperatura de chama de 2.000
°C, o tempo de calcinação foi aproximadamente de 70 minutos, bem próximo do real que é 60
minutos. Para temperaturas 1.800, 1.600 e 1.400°C o tempo de calcinação foram de 80, 87 e
100 minutos, respectivamente, o que é ruim comprado com o tempo real. Quanto maior a
temperatura da chama menor é o tempo de calcinação. O tempo necessário para a ocorrência da
completa homogeneização do leito é função da velocidade de rotação do forno, ou seja, quanto
maior a rotação menor, será o tempo de homogeneização completa do leito. O modelo
considerando a homogeneização foi satisfatório, no que diz respeito ao tempo de calcinação.
Lemos (2015), desenvolveu uma análise inversa para determinar a posição e forma dos
filamentos aquecedores do forno através do algoritmo GEO (Otimização Extrema
Generalizada) para atender às condições de temperatura e fluxo de calor uniformes na superfície
de projetos do forno minimizando. O forno foi definido como uma cavidade radiante e sua
superfície como cinza e difusas para utilização da metodologia inversa. Os testes foram
realizados com filamento aquecedor com 20, 30, 40 e 50 elementos. As melhores soluções são
com filamentos de, 40 e 50 elementos aquecedores. O filamento com 40 elementos aquecedores
31
apresentou um fluxo de calor com maior uniformidade na superfície de projeto. A solução para
o forno como uma cavidade radiante, utilizando a metodologia inversa e o GEO mostrou-se
eficaz, com desvio inferior a 2%, o que permite a utilização de filamentos com diferentes
espessuras no projeto de fornos.
Buneker (2018) realizou uma análise térmica experimental de um forno elétrico tipo poço,
com o objetivo de verificar se as variações de temperaturas atendem aos padrões internos da
empresa. Foram inseridas no forno três peças por bandeja, totalizando 15 peças, distribuídas
uniformemente em um plano transversal do forno. A temperatura é medida através de
termopares inseridos em cada uma das peças. A convecção é o principal fator de influência na
uniformidade da temperatura de aquecimento das bandejas, devido o escoamento do fluido ser
em um único ponto, há uma má distribuição da temperatura entre as bandejas. O pré-
aquecimento do ar até a temperatura nominal do forno, os espaçadores no fundo do cesto e a
distribuição de saída de ar uniforme, melhoram o escoamento de ar no interior do forno
corroborando para homogeneização da convecção no forno e consequentemente para o
aquecimento das bandejas.
32
4 W/(m²K), sem injeção força de vapor. O modelo de escoamento cruzado associado à radiação
não é adequado para estimar o coeficiente de transferência de calor no interior de fornos.
Barros (2015) determinou experimentalmente de transferência de calor por coeficiente de
convecção em juntas soldas, analisando o comportamento da convecção em chapas de aço SAE
1011, cortadas em cinco barras chatas de 400x25x3,4mm. A pesquisa investigou como a
convecção natural e forçada, variam com a velocidade do fluxo de ar, temperatura de
aquecimento e o comprimento característico. Quando a amostra aquecida em um forno atingir
a temperatura desejada, será resfriada a uma determinada velocidade de resfriamento. Foram
definidas onze velocidades de resfriamento variando de 0 a 10 m/s. A variação do coeficiente
convecção permaneceu na ordem de ± 0,5 W/(m²K), mostrando-se ser independente da
temperatura, com crescimento associado ao aumento da velocidade de resfriamento e redução
do comprimento característico. A convecção pode ser definida em duas modalidades, na forçada
varia em função da velocidade do fluxo de ar, enquanto que a natural varia em função da
temperatura de aquecimento. A convecção natural possui um coeficiente inferior a 30 W/(m²K)
com variação de ± 2 W/(m²K), e reduz com o aumento do comprimento característico caindo
para ondem de 10 W/(m²K). Já o coeficiente convectivo pela convecção forçada para chapas
planas reduz com o aumento da temperatura e do comprimento característico, e aumenta com a
velocidade de resfriamento.
Valério e Basto (2016) analisaram numérica e experimentalmente a transferência de calor
em um forno mufla. Foram realizadas medições de tensão nas paredes do forno cada 20 s até o
tempo total de 740 s, as temperaturas variaram de 0 a 300°C. A temperatura das paredes do
forno aumenta de forma quase linear em função do tempo. A maior diferença de temperatura
se deu entre a parede da base e a parede da porta, onde após 720 s a diferença de temperatura
foi de aproximadamente 82 °C, devido a parede da porta do forno não possui resistência elétrica
para aquecimento. A análise numérica reafirma que a maior diferença de temperatura é entre a
parede da base e a parede da porta. Uma falha na resistência da parede da base do forno
influenciou ne forma negativo entre os resultados numéricos e experimentais.
33
5. MATERIAIS E MÉTODOS
Fonte: Autor
35
ou
ℎ𝐴𝑠 (𝑇∞ − 𝑇) 𝑑𝑡 = 𝑚𝑐𝑝 𝑑𝑇 (5.4)
Observando que 𝑚 = 𝜌𝑣 𝑒 𝑑𝑇 = (𝑇 − 𝑇∞ ) , uma vez que 𝑇∞ = constante, a Eq. 5.4 pode
ser reorganizada como:
𝑑(𝑇−𝑇∞ ) ℎ𝐴𝑠
= − 𝑑𝑡 (5.5)
𝑇−𝑇∞ 𝜌𝑣𝑐𝑝
Para que, hipótese utilizada no método da capacitância global seja aceitável é preciso
calcular o número de Biot, que representa a razão entre a resistência interna do sólido à
condução de calor e sua resistência externa à convecção de calor. Assim um pequeno número
de Biot representa pequena resistência à condução de calor e pequeno gradiente de temperatura
no interior dos sólidos.
Segundo Incropera et al. (2014, p.182), o número de Biot fornece a queda de temperatura
no sólido em relação à diferença de temperatura entre a sua superfície e o fluido. Ainda enfatiza
que devido a simplicidade do método da capacitância global, ele se torna perfeito para
resoluções de problema transientes de aquecimento e resfriamento. Mas a primeira coisa a se
fazer antes de aplicar o método é calcular o número de Biot, se a seguinte condição for satisfeita
aplica-se o método
ℎ𝐿𝐶
𝐵𝑖 = < 0,1 (5.9)
𝑘
onde Bi representa o número de Biot, h é o coeficiente convectivo, k é a condutividade térmica
do material e Lc é o comprimento característico (m). Para que se possa calcular o número de
Biot é necessário que se calcule o comprimento característico do sólido que interfere
diretamente no número de Biot.
36
𝑉
𝐿𝑐 = (5.10)
𝐴𝑠
onde 𝑉 é o volume do sólido e 𝐴𝑠 é a sua área superficial. Neste trabalho, o parâmetro h da Eq.
5.9 foi considerado igual ao coeficiente combinado de transferência de calor.
Fonte: Autor.
onde 𝑅𝑎𝐷 representa o número de Rayleigh para um cilindro. Após a determinação do número
de Nusselt, pode-se encontrar o coeficiente de transferência de calor por convecção natural por
𝑘
ℎ𝑐𝑜𝑛𝑣 = 𝑁𝑢 (5.13)
𝐷
onde k representa o coeficiente condutividade térmica do fluido. O ℎ𝑐𝑜𝑛𝑣 encontrado pela Eq.
(5.13) representa a parcela de contribuição do aquecimento pela convecção natural. Dessa
forma, pode-se determinar a parcela de contribuição de aquecimento pela radiação como
ℎ𝑟𝑎𝑑 = ℎ𝑐𝑜𝑚𝑏 − ℎ𝑐𝑜𝑛𝑣 (5.14)
A Figura 5.3 apresenta o fluxograma que destaca as etapas para a realização dos
experimentos, desde a preparação da amostra até a obtenção do coeficiente combinado de
transferência de calor do forno.
Inserir
Preparaçao Aquecimento Aquisição Análise de
amostra no
da amostra do forno de dados dados
forno
Fonte: Autor.
38
Os experimentos foram realizados com o forno nas temperaturas de 300, 400, 500, 600,
700, 800 e 900°C. Para cada temperatura de forno, três repetições foram realizadas, totalizando
21 experimentos.
Na etapa de preparação da amostra, utilizou-se uma barra do aço AISI 5160 com 19 mm
diâmetro e 50 mm de comprimento, logo após sua superfície foi escovada em uma escova de
aço rotativa, e com o auxílio de uma furadeira foi realizado um furo de 3 mm de diâmetro e 9,5
mm de profundidade com uma broca de aço rápido. O furo está localizado no seu sentido radial
e longitudinal como mostra a Fig. 5.4.
Fonte – Autor
39
Tabela 5.1 - Composição química do aço AISI 5160.
Elemento Total (%)
Ferro, Fe 97,085 – 97,84
Manganês, Mn 0,750 - 1
Cromo, Cr 0,7 - 0,9
Carbono, C 0,560 – 0,640
Fósforo, P ≤ 0,0350
Silício, Si 0,150 – 0,3
Enxofre, S ≤ 0,04
Fonte: FUSHUN SPECIAL STEEL (2022).
Fonte: Autor
40
A Figura 5.6a apresenta a peça pré-oxidada após o aquecimento, isso ocorre devido as
reações químicas entre a atmosfera e a peça, onde as moléculas de ar, água, carbono etc. Juntam-
se à superfície do material formando uma camada protetora, isso seria evitado se o forno fosse
a vácuo (SILVA e MEI, 2021). A Figura5.6b apresente a peça escovada livre da pré-oxidação
causada pelo aquecimento anterior. Vale ressaltar que o escovamento foi feito após cada novo
aquecimento da peça.
Figura 5.6 - Peça utilizada nos experimentos: (a) pré-oxidada e (b) escovada.
(a) (b)
Fonte: Autor
A Figura 5.7 apresenta o forno Mufla Q-318M24 da Quimis utilizado nos experimentos,
ideal para trabalhos em alta temperaturas, possui uma faixa de operação de 300 a 1200°C e um
sensor termopar tipo K localizado no canto superior direito na parede do fundo. Após a
configuração da temperatura desejada, espera-se o forno aquecer e estabilizar para a realização
do experimento. O controlador eletrônico do forno possui precisão de ±7°C, resolução de 1°C.
41
Figura 5.7 – Forno Mufla utilizado para o aquecimento da amostra.
Fonte: Autor
O forno possui voltagem de 220 volts, uma frequência de 50 – 60Hz e uma potência de
3720 W, com dimensões internas 150x150x300mm e externas de 520x720x560mm. A Tabela
5.3 apresenta o aquecimento em função do tempo para o forno mufla Q-318M e a Fig. 5.7
apresenta o forno e a peça aquecida à 900°C (QUIMIS, 2008).
42
Figura 5.8 – Forno e peça aquecidos a 900°C.
Fonte: Autor
A colocação da peça no forno é uma etapa que requer atenção, pois o tempo que a porta
do forno permanece aberta influencia diretamente no resultado final do experimento. A porta
do forno é aberta e o termopar é colocado pelo orifício existente nela e em seguida o termopar
é embutido na peça. A porta do forno possui um isolamento de 140 mm de espessura, a haste
do termopar mede 230 mm de comprimento e o forno tem 300 mm de profundidade após o
isolamento da porta, isso faz com que a ponta do termopar adentre de fato no forno apenas 90
mm conforme apresentado na Fig. 5.9. A Figura 5.10 apresenta o termopar embutido na peça,
onde buscou-se o tempo mínimo para inserir o conjunto dentro do forno após o alcance da
temperatura pré-configurada.
Fonte: Autor
43
Figura 5.10 – Termopares tipo K: (a) acoplado na peça e (b) utilizado nos experimentos.
(a) (b)
Fonte: Autor
Na aquisição dos dados foi utilizado um sensor termopar tipo K com revestimento de
inox para proteger os materiais (alumel e o cromel) à altas temperaturas. Com o revestimento
de inox, o termopar é capaz de medir a temperatura do fluido dentro do forno e a temperatura
da peça. O termopar possui uma haste revestida de 3 mm de diâmetro, 230 mm de comprimento
e cabo de 2 m. O sensor térmico é conectado diretamente ao sistema de aquisição de dados que
permite acompanhar instantaneamente e armazenar a variação da temperatura ao longo do
tempo.
O equipamento de aquisição e registro de dados analógicos e digitais utilizado foi o
FieldLogger série 15265661, conforme apresentado na Fig. 5.11. O sistema possui 8 entradas
analógicas, 8 entradas/saídas digitais, porta USB, memória interna de 2 MB e entrada para
conecção via cabo com computadores (NOVUS, 2022). O sistema realiza a conversão do sinal
recebido na forma de diferença de potencial que é medida pelos termopares e o converte
diretamente em temperatura através do software fornecido pelo fabricante.
44
Figura 5.11 – Sistema de aquisão de dados.
Fonte: Autor
A análise dos dados das temperaturas obtidas a cada 1 s com o sistema de aquisição
durante um tempo total de 600 s de experimento foi realizado a partir de um algoritmo no
software MATLAB desenvolvido para as estimativas dos coeficientes de transferência de calor
e taxas de calor. Vale ressaltar que o tempo de 600 s foi escolhido com o objetivo de analisar o
aquecimento da peça durante um intervalo de tempo significativo, para assim observar com
maior qualidade o transporte de calor e a transformação de fase do material.
46
fabricar o produto ou característica de design de produto. Já os fatores de ruído são parâmetros
de processo ou de experimento que são difíceis ou caros de serem controlados durante a
fabricação, tais como: temperatura do ambiente ou a umidade (MINITAB, 2022).
Os fatores de ruído causam variação no desempenho de um sistema ou produto, e não
podem ser controlados durante a produção ou uso do produto. Os fatores de ruído podem ser
manipulados para forçar a ocorrência de variabilidade e, a partir dos resultados, identificar as
definições ideais de fatores de controle que tornem o processo ou produto robusto ou resistente
a variações causadas por fatores de ruído. Neste trabalho, um fator de ruído de 10 foi utilizado
nos resultados do coeficiente de transferência de calor e taxa de calor.
47
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 6.1a apresenta as temperaturas do aço AISI 5160 para três repetições de
experimentos com o forno configurado à 300°C durante um tempo total de 600 s. A evolução
das temperaturas ao longo do tempo para os experimentos, foram semelhantes, mostrando a
qualidade dos dados obtidos pelo termopar. A temperatura do ar no interior do forno manteve-
se num valor um pouco abaixo da temperatura do forno, aproximadamente 5%, devido à
proximidade da peça com a porta do forno. Destaca-se aqui a existência da queda de
temperatura do fluido nos instantes iniciais do experimento é devido abertura da porta do forno
para inserir a peça, causando a perda de calor do sistema. A Figura 6.1b apresenta a média dos
experimentos, mostrando que a peça aqueceu a partir da temperatura ambiente até
aproximadamente 158,3 °C durante os 600 s dentro do forno a 300 °C.
48
Figura 6.1 – Temperatura da peça aquecida à 300 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos.
(a) (b)
Fonte: Autor
49
Figura 6.2 – Coeficientes de transferência de calor do forno à 300 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
Figura 6.3 – Taxa de calor para o forno à 300 °C: (a) sem filtro e (b) com filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
50
6.2 Forno à 400 °C
Figura 6.4 – Temperatura da peça aquecida à 400 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos.
(a) (b)
Fonte: Autor
51
Figuras 6.5 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 400 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
Figura 6.6 – Taxa de calor para o forno à 400 °C: (a) sem filtro e (b) com filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
52
6.3 Forno à 500 °C
A Figura 6.7a apresenta as temperaturas para três repetições de experimentos com o forno
configurado à 500 °C durante um tempo de 600 s. A Figura 6.7b apresenta a média dos
experimentos, mostrando que a peça aqueceu a partir da temperatura ambiente até
aproximadamente 345,7 °C durante os 600 s dentro do forno a 500 °C.
Figura 6.7 – Temperatura da peça aquecida à 500 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos.
(a) (b)
Fonte: Autor
53
do coeficiente combinado foi igual a 0,0042, sendo menor que 0,1 validando assim a utilização
do método da capacitância global.
Figura 6.8 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 500 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
Figura 6.9 – Taxa de calor para o forno 500 °C: (a) sem filtro e (b) com filtro
(a) (b)
Fonte: Autor
54
6.4 Forno à 600 °C
Figura 6.10 – Temperatura da peça aquecida à 600 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimento.
(a) (b)
Fonte: Autor
55
Biot calculado a partir do coeficiente combinado foi igual a 0,0066, sendo menor que 0,1
validando assim a utilização do método da capacitância global.
Figura 6.11 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 600 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
56
Figura 6.12 – Taxa de calor para o forno à 600 °C: (a) sem filtro e (b) com filtro
(a) (b)
Fonte: Autor
Figura 6.13 – Temperatura da peça aquecida à 700 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos.
(a) (b)
Fonte: Autor
57
A Figura 6.14a apresenta as estimativas dos coeficientes de transferência de calor
combinado, radiação e convecção, destacando também a evolução da temperatura da peça
durante o aquecimento à 700 °C. A Figura 6.14b apresenta os resultados após a aplicação do
filtro média móvel com fator 10. Ainda assim, observa-se a presença de picos de ruídos entre
os instantes iniciais até aproximadamente 80 s. Apesar da presença de ruídos, é possível
determinar um coeficiente combinado de transferência de calor médio aproximado de 89,5
W/(m²K). Os coeficientes médios referentes a radiação e convecção foram iguais a 80,3 e 9,2
W/(m²K), respectivamente. Portanto, para este caso, percebe-se uma contribuição maior da
radiação em relação a convecção para o aquecimento da peça. Observa-se uma queda sutil da
convecção ao longo do tempo de aquecimento e uma grande evolução na contribuição da
radiação ao longo do tempo de aquecimento, crescendo de modo mais acentuado a parti dos
300 s, quando a peça atinge aproximadamente 200 °C. O número de Biot calculado a partir do
coeficiente combinado foi igual a 0,0091, sendo menor que 0,1 validando assim a utilização do
método da capacitância global.
Figura 6.14 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 700 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
58
aquecimento e diminui ao longo do tempo devido a diminuição da diferença de temperatura
entre a peça e o forno.
Figura 6.15 – Taxa de calor para 700 °C: (a) curvas sem filtro e (b) curvas com filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
59
Figura 6.16 – Temperatura da peça aquecida à 800 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos.
(a) (b)
Fonte: Autor
60
Figura 6.17 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 800 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
Figura 6.18 – Taxa de calor para 800 °C: (a) curvas sem filtro e (b) curvas com filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
61
6.7 Forno à 900 °C
Figura 6.19 – Temperatura da peça aquecida à 900 °C: (a) repetição dos experimentos e (b)
média dos experimentos.
(a)
Fonte: Autor
Figura 6.20 - Coeficiente de transferência de calor do forno à 900 °C: (a) sem filtro e (b) com
filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
63
de calor por convecção é desprezível a partir de aproximadamente 300 s de aquecimento. A
taxa de calor por radiação aproxima-se de zero próximo aos 370 s. Isso ocorre por que a peça
não absorve calor quando está acontecendo a transformação de fase, sendo a taxa de calor nesse
intervalo de tempo tendendo a zero.
Figura 6.21 – Taxa de calor para do forno à 900 °C: (a) sem filtro e (b) com filtro.
(a) (b)
Fonte: Autor
64
Figura 6.22 -Influência da temperatura no coeficiente combinado de transferência de calor.
Fonte: Autor
65
Figura 6.23 – Relação do número de Biot com o coeficiente combinado de transferência de
calor.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
66
apresenta os percentuais da contribuição dos mecanismos de transferência de calor no
aquecimento do aço AISI 5160 no interior de um forno mufla durante os 600 s.
67
7. CONCLUSÃO
68
8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
69
REFERÊNCIAS
COELHO, João Carlos Martins. Energia e fluidos – volume 3: Transferência de calor. – São
Paulo: Blucher, 2016.
70
FUSHUN SPECIAL STEEL. Tudo sobre o aço 5160 (propriedades, resistência e uso). 2022.
GALVÃO, Alcione et al. Análise do tratamento térmico de recozimento aplicado ao aço SAE
1045. ACADEMIA Accelerating the world’s research. 2021.
JOACHIMIAK, Magda et al. Analysis of the heat transfer for processes of the cylinder heating
in heat-treating furnace on the basis of solving the inverse problem. International Journal of
Thermal Sciences, v. 145, 2019.
71
MULINA, Bruno Henrique Oliveira. Desenvolvimento de um sistema eletrônico para
monitoramento térmico de fornos industriais. 2011. 115p. Dissertação (Mestrado) – Curso
de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais.
PINEDO, Carlos Eduardo. Tratamentos térmicos e superficiais dos aços. – São Paulo:
Blucher, 2021.
72
QUIMIS. Manual de instruções forno mufla microprocessado. 2008.
SARTORI, Carlos Humberto. Tratamentos térmicos de aços ferramenta. 2022. 26p. Gerente
Industrial – Itaraí Metalurgia Ltda. Osasco, São Paulo.
SILVA, André Luiz V. e; MEI, Paulo Roberto. Aços e ligas especiais. 4. ed. Ver.- São Paulo:
Blucher, 2021.
73
XAVIER, Rodrigo Yokoyama. Influência da deformação plástica no tratamento térmico
de homogeneização de um aço ferramenta para trabalho a frio. 2017. 103p. Dissertação
(Mestrado) – apresentada à Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, São Paulo.
74