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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CAMPUS SÃO MATEUS


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

JULIAN CANI BANDEIRA DE JESUS

ANÁLISE TERMOECONÔMICA DE UM CICLO RANKINE BINÁRIO DE


COGERAÇÃO

SÃO MATEUS-ES
2023
JULIAN CANI BANDEIRA DE JESUS

ANÁLISE TERMOECONÔMICA DE UM CICLO RANKINE BINÁRIO DE


COGERAÇÃO

Monografia apresentada à Coordenadoria do Curso


de Engenharia Mecânica do Instituto Federal do
Espírito Santo, Campus São Mateus, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Me. Igor Chaves Belisario.

SÃO MATEUS-ES
2023
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

J58a Jesus, Julian Cani Bandeira de, 1997-

Análise termoeconômica de um ciclo rankine binário de cogeração /


Julian Cani Bandeira de Jesus.-- 2023.
71 f. : il. ; 30 cm.

Orientador : Igor Chaves Belisario.

Monografia (graduação) - Instituto Federal do Espírito Santo,


Campus São Mateus, Coordenadoria de Curso Superior de Engenharia
Mecânica, 2023.

1. Energia elétrica e calor - Cogeração. 2. Ciclo Rankine – 3.


Energia da biomassa. I. Belisario, Igor Chaves. II. Instituto Federal do
Espírito Santo. Campus São Mateus. III. Título.

CDD 22 – 620.1

Bibliotecária responsável Sheila Guimarães Martins CRB6/ES 671


27 janeiro 2023

BRUNO DE OLIVEIRA Assinado de forma digital por


BRUNO DE OLIVEIRA
SCHNEIDER:11793497 SCHNEIDER:11793497761
761 Dados: 2023.01.31 10:08:38 -03'00'
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E
FOLHA DE ASSINATURAS
CONTRATOS

Emitido em 27/01/2023

FOLHA DE APROVAÇÃO-TCC Nº 1/2023 - VIT-CCTM (11.02.35.01.09.02.15)

(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)

(Assinado digitalmente em 30/01/2023 13:14 ) (Assinado digitalmente em 30/01/2023 18:38 )


IGOR CHAVES BELISARIO ROGER DA SILVA RODRIGUES
PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO PROFESSOR DO ENSINO BASICO TECNICO E TECNOLOGICO
VIT-CCTM (11.02.35.01.09.02.15) SMT-CCTM (11.02.31.01.05.02.04)
Matrícula: 1337747 Matrícula: 1063737

Para verificar a autenticidade deste documento entre em https://sipac.ifes.edu.br/documentos/ informando seu


número: 1, ano: 2023, tipo: FOLHA DE APROVAÇÃO-TCC, data de emissão: 30/01/2023 e o código de
verificação: b77545e7c3
AGRADECIMENTOS

A Deus pelo seu amor e cuidado comigo, me auxiliando e permitindo a conclusão


deste trabalho.

Aos meus pais que me deram todo o suporte, apoio e incentivo para realizar um
grande sonho.

Ao Tiago, meu esposo, que sempre foi meu amigo e companheiro e nos momentos
mais difíceis de toda a minha formação, esteve presente ao meu lado, me apoiando
totalmente.

Ao meu orientador, Igor Chaves Belisario, por todo conhecimento transmitido, toda
cobrança realizada e orientação passada nesse período.

Aos meus amigos de faculdade, que foram muito importantes para a minha
caminhada. Obrigada por compartilhar comigo muitos momentos de alegria, amo
todos vocês.

A todo o corpo docente por, de alguma forma, contribuírem para a minha formação e
realização desse trabalho.

A todos os meus amigos e familiares.


“Uma mente que se abre a uma nova ideia
jamais voltará ao seu tamanho original.”

(Albert Einstein)
RESUMO

Os Ciclos Rankine Orgânico (ORC, do inglês Organic Rankine Cycle) são


caracterizados pela baixa eficiência e baixa produção de trabalho devido à baixa faixa
de operação de pressão e temperatura. Por isso, são geralmente apresentados
usando um dissipador de calor de outro processo como sua adição de calor; assim,
são vistos como uma alternativa promissora para aproveitar a rejeição de calor do
ciclo Rankine convencional. Essa configuração pode ser classificada como Ciclo
Binário. Este trabalho se propõe a realizar uma análise termoeconômica em um Ciclo
Binário de uma usina de cogeração de energia, com o intuito de verificar os custos
exergéticos dos produtos finais do sistema (potência elétrica e calor útil de processo).
No Ciclo Binário a ser utilizado, a fonte de calor do Ciclo Rankine Convencional será
proveniente da biomassa do bagaço de cana-de-açúcar, enquanto o ORC receberá o
calor rejeitado por esse Ciclo Rankine Convencional. Já o fluido de trabalho será
selecionado considerando principalmente o Potencial de Aquecimento Global (GWP,
do inglês Global Warming Potential) e o Potencial de Depreciação da Camada de
Ozônio (ODP, do inglês Ozone Depletion Potential). Os conceitos que fundamentam
a análise proposta são os da abordagem termodinâmica, realizando uma análise de
primeira e segunda lei. A partir disso, a análise termoeconômica foi realizada
considerando o método de alocação de custos, determinando o diagrama produtivo e
utilizando os diferentes modelos E, E&S e H&S. Os resultados obtidos foram
analisados considerando a abordagem termodinâmica estudada, permitindo o cálculo
de indicadores de desempenho da planta. Entre os modelos aplicados, o Modelo E&S
apresentou inconsistências em relação à 2ª Lei da Termodinâmica. Os Modelos E e
H&S foram os que apresentaram resultados mais satisfatórios para a avaliação
termoeconômica, sendo o Modelo E limitado apenas para a avaliação de
equipamentos puramente dissipativos. O fluido R1234yf apresentou resultados
favoráveis para a troca do fluido R134a. Com relação ao diagrama produtivo, os custos
apresentaram resultados diferentes em função da forma que foram definidos.

Palavras-chave: Termodinâmica. Termoeconomia. Rankine Orgânico. Ciclo Binário.


Cogeração.
ABSTRACT

Organic Rankine Cycles (ORC) are characterized by low efficiency and low work
output due to the low pressure and temperature operating range. Therefore, they are
usually presented using a heatsink from another process as their heat addition; thus,
they are seen as a promising alternative to take advantage of the heat rejection of the
conventional Rankine cycle. This configuration can be classified as Binary Cycle. This
work proposes to carry out a thermoeconomic analysis in a Binary Cycle of an energy
cogeneration plant, in order to verify the exergy costs of the final products of the system
(electric power and useful process heat). In the Binary Cycle to be used, the heat
source of the Conventional Rankine Cycle will come from the sugarcane bagasse
biomass, while the ORC will receive the heat rejected by this Conventional Rankine
Cycle. The working fluid will be selected considering mainly the Global Warming
Potential (GWP) and the Ozone Depletion Potential (ODP). The concepts that underlie
the proposed analysis are those of the thermodynamic approach, performing a first
and second law analysis. From this, the thermoeconomic analysis was carried out
considering the cost allocation method, determining the productive diagram and using
the different E, E&S and H&S models. The obtained results were analyzed considering
the studied thermodynamic approach, allowing the calculation of plant performance
indicators. Among the applied models, the E&S Model presented inconsistencies in
relation to the 2nd Law of Thermodynamics. Models E and H&S were the ones that
presented the most satisfactory results for the thermoeconomic evaluation, with Model
E limited only to the evaluation of purely dissipative equipment. The R1234yf fluid
showed favorable results for the replacement of the R134a fluid. Regarding the
production diagram, the costs presented different results depending on the way they
were defined.

Keywords: Thermodynamics. Thermoeconomics. Organic Rankine. Binary Cycle.


Cogeneration.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Esquema do ciclo Rankine ...................................................................... 17


Figura 2 - Diagrama T-s dos tipos de fluidos de trabalho ........................................ 18
Figura 3 - Unidades reais e equipamentos fictícios ................................................. 26
Figura 4 - Estrutura física da planta ......................................................................... 38
Figura 5 - Diagrama produtivo do Arranjo I aplicando o Modelo E .......................... 44
Figura 6 - Diagrama produtivo do Arranjo I aplicando o Modelo E&S ..................... 47
Figura 7 - Diagrama produtivo do Arranjo I aplicando o Modelo H&S ..................... 50
Figura 8 - Reta solução dos custos máximos de Calor útil e Potência elétrica, para o
Arranjo I .................................................................................................. 53
Figura 9 - Diagrama produtivo do Arranjo II aplicando o Modelo E ........................ 55
Figura 10 - Diagrama produtivo do Arranjo II aplicando o Modelo E&S .................... 57
Figura 11 - Diagrama produtivo do Arranjo II aplicando o Modelo H&S .................... 59
Figura 12 - Reta solução dos custos máximos de Calor útil e Potência elétrica, para o
Arranjo II ................................................................................................. 62
Figura 13 - Gráfico comparativo dos resultados finais para os Arranjos I e II ........... 64
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Vantagens e desvantagens do Ciclo Rankine Orgânico em relação ao ciclo


Rankine convencional .............................................................................19
Tabela 2 - Composição química do bagaço de cana-de-açúcar em base seca ...... 35
Tabela 3 - Valores de referência para operação da caldeira ................................... 36
Tabela 4 - Valores obtidos da queima do bagaço de cana-de-açúcar ..................... 42
Tabela 5 - Propriedades termodinâmicas do ciclo utilizando o fluido R134a ........... 43
Tabela 6 - Propriedades termodinâmicas do ciclo utilizando o fluido R1234yf ........ 43
Tabela 7 - Equações de custos para o Arranjo I segundo o Modelo E .................... 45
Tabela 8 - Custos exergéticos unitários para o Arranjo I segundo o Modelo E ....... 46
Tabela 9 - Equações de custos para o Arranjo I segundo o Modelo E&S ............... 48
Tabela 10 - Custos exergéticos unitários para o Arranjo I segundo o Modelo E&S .. 48
Tabela 11 - Equações de custos para o Arranjo I segundo o Modelo H&S ............... 50
Tabela 12 - Custos exergéticos unitários para o Arranjo I segundo o Modelo H&S .. 51
Tabela 13 - Custos exergéticos unitários dos produtos finais para o Arranjo I .......... 52
Tabela 14 - Equações de custos para o Arranjo II segundo o Modelo E ................... 55
Tabela 15 - Custos exergéticos unitários para o Arranjo II segundo o Modelo E ...... 56
Tabela 16 - Equações de custos para o Arranjo II segundo o Modelo E&S .............. 57
Tabela 17 - Custos exergéticos unitários para o Arranjo II segundo o Modelo E&S . 58
Tabela 18 - Equações de custos para o Arranjo II segundo o Modelo H&S .............. 59
Tabela 19 - Custos exergéticos unitários para o Arranjo II segundo o Modelo H&S . 60
Tabela 20 - Custos exergéticos unitários dos produtos finais para o Arranjo II ......... 61
Tabela 21 - Custos exergéticos unitários dos produtos finais obtidos para os Arranjos
I e II ........................................................................................................ 64
LISTA DE SÍMBOLOS

PCS Poder Calorífico Superior


PCI Poder Calorífico Inferior
𝑚̇ Vazão mássica do combustível
𝑄 Calor fornecido pelo combustível
β Beta
e Exergia química do combustível
𝐶 Carbono
𝐻 Hidrogênio
𝑆 Enxofre
𝑂 Oxigênio
𝑁 Nitrogênio
𝐴 Cinzas
ℎ Entalpia de vaporização da água
𝑊 Umidade do bagaço de cana
𝑐 Calor específico médio do combustível
𝑇 Temperatura do combustível
𝑇 Temperatura de referência
𝑚 Massa de ar seco
𝑐 Calor específico da água líquida
𝑊 Umidade do ar ambiente
𝑐 Calor específico do vapor de água líquida
𝑇 Temperatura do ar de combustão
𝑒 Exergia química específica das cinzas
𝑒 Exergia química específica da água

Variação da energia no tempo

𝑄̇ Taxa de calor
𝑊̇ Taxa de trabalho
𝑚̇ Vazão mássica de entrada
ℎ Entalpia de entrada
𝑉 Velocidade de entrada do fluido
𝑔 Aceleração da gravidade
𝑧 Altura deslocada do fluido (entrada)
𝑚̇ Vazão mássica de saída
ℎ Entalpia de saída
𝑉 Velocidade de saída do fluido
𝑧 Altura deslocada do fluido (saída)
𝜂 Eficiência
𝑃̇ Potência do Ciclo Rankine Convencional
𝑃̇ Potência do Ciclo Rankine Orgânico
𝑄̇ Calor adicionado à caldeira

Variação da entropia no tempo

𝑠 Entropia específica de entrada


𝑠 Entropia específica de saída
𝜎̇ Geração de entropia
𝑒 Exergia de fluxo interna
𝑌: Fluxo produtivo
𝑘 Custo unitário exergético
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS .............................................................................................. 15
1.1.1 Objetivo geral .......................................................................................... 15
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................. 16
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................. 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 17
2.1 CICLO RANKINE ...................................................................................... 17
2.2 CICLO RANKINE ORGÂNICO ................................................................. 18
2.3 CICLO BINÁRIO DE COGERAÇÃO ......................................................... 19
2.4 BIOMASSA E BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR .................................... 20
2.5 PODER CALORÍFICO .............................................................................. 20
2.6 EXERGIA .................................................................................................. 21
2.7 HISTÓRICO DA TERMOECONOMIA ....................................................... 22
2.8 DESAGREGAÇÃO DA EXERGIA: NEGUENTROPIA .............................. 24
2.9 CUSTO, INSUMO E PRODUTO ............................................................... 24
2.10 ESTRUTURA PRODUTIVA E DIAGRAMA PRODUTIVO ........................ 25
2.11 MODELOS TERMOECONÔMICOS ......................................................... 26
2.11.1 Modelo E .................................................................................................. 27
2.11.2 Modelo E&S ............................................................................................. 27
2.11.3 Modelo H&S ............................................................................................. 28
2.11.4 Equações auxiliares ............................................................................... 28
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 29
3.1 ANÁLISE TERMODINÂMICA DE CICLO BINÁRIO .................................. 29
3.2 ENERGIA DA BIOMASSA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR .......... 30
3.3 SELEÇÃO DO FLUIDO DE TRABALHO .................................................. 31
3.4 ANÁLISE TERMOECONÔMICA DE PLANTAS DISTINTAS .................... 32
4 METODOLOGIA ....................................................................................... 35
4.1 MODELAGEM TERMODINÂMICA ........................................................... 35
4.2 MODELAGEM TERMOECONÂMICA ....................................................... 39
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 42
5.1 MODELAGEM TERMODINÂMICA ........................................................... 42
5.2 ESTRUTURA PRODUTIVA DO ARRANJO I ............................................ 43
5.2.1 Modelo E: exergia total dos fluxos produtivos .................................... 43
5.2.2 Modelo E&S: neguentropia como fluxo fictício ................................... 46
5.2.3 Modelo H&S: neguentropia como parcela da exergia total ................. 49
5.2.4 Análise comparativa dos modelos aplicados ...................................... 51
5.3 ESTRUTURA PRODUTIVA DO ARRANJO II ........................................... 54
5.3.1 Modelo E: exergia total dos fluxos produtivos .................................... 54
5.3.2 Modelo E&S: neguentropia como fluxo fictício ................................... 56
5.3.3 Modelo H&S: neguentropia como parcela da exergia total ................. 58
5.3.4 Análise comparativa dos modelos aplicados ...................................... 60
5.4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS ARRANJOS I E II ........................ 63
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 65
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 67
14

1 INTRODUÇÃO

Com o contínuo avanço da tecnologia, o consumo de energia tem se elevado em


grande escala, de forma que as indústrias tendem a se preocupar cada vez mais com
a economia e o aumento de eficiência das usinas geradoras, levando em
consideração a preservação do meio ambiente, buscando alternativas eficazes para
a aplicação.

Em vista disso, dá-se a necessidade de se estudar o aumento da eficiência de uma


planta de geração de potência, utilizando a energia residual de um processo industrial.
Dentre as diversas possibilidades, um ciclo derivado do ciclo Rankine convencional, o
ciclo Rankine Orgânico ou ORC (do inglês Organic Rankine Cycle), tem se mostrado
muito promissor, devido a sua característica principal de transformar energia utilizando
fontes de calor à baixa temperatura (RIBEIRO, 2017).

A principal diferença entre o ORC e o Ciclo Rankine Convencional está no fluido de


trabalho. Enquanto o convencional utiliza a água, o ORC utiliza um fluido orgânico,
com temperatura de ebulição mais baixa que a da água. Diversos estudos já foram
realizados para determinar o melhor fluido de trabalho de um ORC, entretanto, Quoilin
e outros (2013) apresentam que, como cada aplicação requer uma característica
diferente, não há a possibilidade de se definir um fluido ótimo em geral. Em virtude
disso, uma forma de selecionar o fluido é através das propriedades do mesmo, a partir
dos dados requeridos pelo sistema e tendo em vista fatores como o potencial de
deterioração da camada de ozônio (ODP, do inglês Ozone Depletion Potential) e o
potencial de aquecimento global (GWP, do inglês Global Warming Potential).

Atualmente, encontram-se diversas aplicações para o ORC, devido a sua tecnologia


versátil e a possibilidade de uso em diferentes intervalos de temperaturas (VÉLEZ et
al., 2012). Cita-se, como exemplo, aplicações em concentradores solar, produção de
energia elétrica a partir da biomassa, fontes de energia geotérmica e recuperação de
calor rejeitado, entre outros.

Diretamente ligada ao aumento de eficiência, está a Termoeconomia que,


intuitivamente, se refere à análise termodinâmica juntamente à economia, a qual
15

oferece informações fundamentais de projeto e operação de sistemas térmicos


(SANTOS, 2009). Entre essas informações, destacam-se o custo exergético,
relacionando a produção de irreversibilidades em um determinado equipamento com
os demais equipamentos do sistema e o custo monetário, relacionando a viabilidade
econômica com a aplicação termodinâmica (CERQUEIRA, 1999).

Por questões ambientais e econômicas, as indústrias têm buscado formas de


aproveitar o calor rejeitado pelo ciclo de potência utilizado, de forma a produzir maior
potência elétrica e diminuir a temperatura da água que retorna ao ambiente. Assim,
há a necessidade de se avaliar a cogeração de energia, através de alternativas
eficazes, as quais poderão resultar em aumento de potência com baixo custo
exergético e monetário.

O Ciclo Rankine Orgânico tem se mostrado eficiente ao ser utilizado para


aproveitamento do calor rejeitado pelo Ciclo Rankine Convencional, além da
crescente aplicação em motores de combustão interna, aproveitando seus gases de
exaustão e/ou a água de resfriamento, como mostrado por Oliveira Neto (2016),
Gegenheimer e Landes (2016), Ribeiro (2017), entre outros. Necessita-se, assim
verificar a eficiência e as irreversibilidades existentes nesse modelo.

Tem crescido, no Brasil, o calor rejeitado disponível para recuperação e, com isso, há
necessidade de se avaliar o custo da energia gerada a partir dele. A Termoeconomia,
portanto, possui grande importância, por ser uma disciplina capaz de determinar
aspectos importantes que não são descritos em uma análise comum, como os custos
exergéticos de uma planta industrial.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Realizar avaliação termoeconômica em uma planta de potência de cogeração


baseada em um Ciclo Rankine Binário, Convencional e Orgânico.
16

1.1.2 Objetivos específicos

 Avaliar parâmetros de desempenho termodinâmicos do ciclo binário;


 Avaliar e comparar a utilização de dois fluidos de trabalho para o ORC;
 Avaliar os custos unitários exergéticos da planta, a partir de alguns modelos
termoeconômicos existentes;
 Avaliar arbitrariedades e limitações de cada modelo aplicado;
 Validar os modelos utilizados para o ciclo proposto em relação a aspectos de
2º lei e vantagens da cogeração;
 Avaliar e comparar a determinação dos diagramas produtivos.

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

O Capítulo 1 foi destinado à introdução do trabalho, trazendo a contextualização do


assunto abordado. Além desse capítulo inicial, outros 5 capítulos compõem a estrutura
do trabalho.

O Capítulo 2 descreve todo o Referencial Teórico utilizado para o desenvolvimento do


trabalho, com conceitos e definições de cada teoria abordada.

A Revisão Bibliográfica, presente no Capítulo 3, proporcionou o estudo de publicações


relacionadas com o tema.

Após a Revisão Bibliográfica e o Referencial Teórico, foi descrita no Capítulo 4 a


metodologia utilizada, com todo o equacionamento necessário, assim como a
descrição da planta a ser analisada.

O Capítulo 5 foi destinado à apresentação dos Resultados e Discussões após aplicar


a metodologia descrita no Capítulo 4, com análises e referências ao que foi estudado.

Com isso, foi possível descrever as conclusões do trabalho no Capítulo 6.


17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Apresenta-se a seguir o referencial teórico necessário para descrição de definições


e conceitos utilizados no decorrer do presente trabalho.

2.1 CICLO RANKINE

Segundo Moran e outros (2013), o ciclo Rankine se trata de uma máquina térmica a
vapor, a qual utiliza a energia fornecida por um combustível para um fluido de trabalho,
como a água, para alimentar uma turbina, expandindo sua pressão, para então ser
condensado e posteriormente bombeado, retornando à pressão inicial, gerando
potência elétrica e/ou calor de processos industriais. Ou seja, é constituído baseado
nos quatro processos térmicos: evaporação, expansão, condensação e compressão,
obtido através dos equipamentos básicos: caldeira (ou evaporador), turbina,
condensador e bomba, respectivamente, como demonstra o esquema representado
na Figura 1.

Figura 1 – Esquema do ciclo Rankine

Fonte: Moran e outros (2013).


18

2.2 CICLO RANKINE ORGÂNICO

Em síntese, o ciclo Rankine orgânico (ORC, do inglês Organic Rankine Cycle), possui
o mesmo conceito que o ciclo Rankine convencional supracitado. A sua diferença
encontra-se no fluido de trabalho, pois este utiliza compostos orgânicos que possuem
baixo ponto de evaporação, de forma que a temperatura de ebulição seja menor que
a da água, tornando, assim, possível a geração de potência em menores temperaturas
e pressões (QUOILIN et al., 2012).

Em relação aos fluidos orgânicos, existem diversos que são muito utilizados em
ORC’s, podendo classificá-los em três grupos e a Figura 2 representa tal classificação:

 Fluido úmido – que possui o domo com inclinação negativa;


 Fluido seco – que apresenta seu domo com inclinação positiva;
 Fluido isentrópico – que possui uma linha de vapor saturado aproximadamente
vertical.

Figura 2 – Diagrama T-s dos tipos de fluidos de trabalho

Fonte: adaptado de Saidur e outros (2012).

Segundo Roy e outros (2010), os fluidos úmidos formam gotículas nos estágios finais
do dispositivo expansor, o que requer o superaquecimento do fluido, para se evitar
danos ao equipamento. Os fluidos secos permanecem superaquecidos mesmo depois
19

da expansão. Os fluidos isentrópicos garantem vapor saturado no dispositivo de


expansão. Os fluidos R134a e R1234yf, utilizados neste trabalho, são classificados
como úmido e isentrópico, respectivamente.

Quoilin e outros (2012) apontaram algumas vantagens e desvantagens do ORC


comparado ao ciclo Rankine convencional, como descrito na Tabela 1.

Tabela 1 – Vantagens e desvantagens do Ciclo Rankine Orgânico em relação ao ciclo


Rankine convencional
Vantagens Desvantagens
Não é necessário superaquecimento Custo maior do fluido de trabalho
Planta mais simples Consumo mais alto da bomba
Níveis de pressão mais baixos Menor eficiência
Manutenção mais simples Instabilidade do fluido
Não necessita tratamento do fluido
Mais compacto
Fonte: Quoilin e outros (2012).

2.3 CICLO BINÁRIO DE COGERAÇÃO

O ciclo binário consiste em aproveitar parte da energia dissipada por um ciclo de alta
temperatura (ou ciclo superior) fornecendo o calor necessário a um ciclo de baixa
temperatura (ou ciclo inferior). Dessa forma, o condensador do ciclo superior opera
como a caldeira do ciclo inferior (ÇENGEL; BOLES, 2007).

A cogeração, por outro lado, segundo Balestieri (2002), é a produção simultânea e


sequencial de duas ou mais fontes de energia (térmica e mecânica, por exemplo)
utilizando uma mesma fonte energética. O ciclo binário de cogeração, portanto, é
aquele em que existe a produção de potência elétrica, através dos ciclos de alta e de
baixa, juntamente com a produção de calor útil a ser utilizado em processos
industriais, podendo este ser retirado de ambos os ciclos, ou apenas um deles.

O ORC pode ser considerado uma das melhores opções para o aproveitamento de
rejeitos a baixas e médias temperaturas, devido ao fato de possuir pouca
complexidade no sistema. Dessa forma, o ORC tem sido aplicado diretamente ao ciclo
binário como ciclo de baixa de forma eficiente (OLIVEIRA NETO, 2016).
20

2.4 BIOMASSA E BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

A biomassa, em termos energéticos, é qualquer recurso proveniente da matéria


orgânica de origem animal ou vegetal. E, em termos químicos, é um hidrocarboneto,
que possui átomos de oxigênio em sua composição química, o que faz com que a
reação requeira menos oxigênio do ar e, consequentemente, seja menos poluente.
Por outro lado, a quantidade de energia produzida é menor, em relação aos
combustíveis fósseis (DIAS et al., 2019).

O bagaço de cana-de-açúcar é o resíduo agroindustrial obtido em maior quantidade


no Brasil, estimado em cerca de 5 a 12 milhões de toneladas por ano, correspondendo
a 30% do total da cana moída. Quando proveniente da cana-de-açúcar, ao passar por
processos industriais, a biomassa é convertida, quase que na sua totalidade em fonte
energética (SILVA et. al, 2007).

2.5 PODER CALORÍFICO

A combustão é uma reação química que resulta em energia e produtos de combustão.


Os principais elementos químicos presentes nos combustíveis usuais são carbono,
hidrogênio e enxofre, este último contribuindo de forma insignificante para a produção
de energia, mas consideravelmente para a poluição ambiental (MORAN et al, 2013).

O poder calorífico pode ser definido como a quantidade de energia na forma de calor
liberada pela combustão de uma unidade de massa do combustível e divide-se em
superior e inferior (JARA, 1989).

O poder calorífico superior é aquele em que a combustão se efetua a volume


constante e no qual a água formada durante a combustão é condensada e o calor que
é derivado desta condensação é recuperado (BRIANE; DOAT, 1985).

O poder calorífico inferior é a energia efetivamente disponível por unidade de massa


de combustível após deduzir as perdas com a evaporação da água (JARA, 1989).
21

2.6 EXERGIA

Em uma análise de sistemas térmicos, enquanto a 1ª Lei da Termodinâmica busca a


conservação da energia em processos de conversão, a 2ª Lei da Termodinâmica
identifica perdas e destruição de parcelas de energia, tornando assim a qualidade da
energia mais relevante do que a sua quantidade.

O primeiro trabalho desenvolvido que estabeleceu as bases da 2ª Lei foi em 1824,


quando Sardi Carnot idealizou a quantificação do trabalho máximo que podia ser
obtido nas máquinas de vapor (ORTIZ E ORREGO, 2013). Clausius, em 1850, e
Kelvin e Plank, em 1897, propuseram os primeiros enunciados da 2ª Lei. Mas foi
apenas em 1956 que Rant introduziu o termo “exergia” para representar a energia
disponível (GALLO, 1990).

A análise exergética é, portanto, a ferramenta mais indicada para avaliação da


utilização da energia disponível, sendo capaz de identificar as perdas de energia para
o ambiente e as irreversibilidades internas do processo.

Szargut e outros (1988) defendem que a exergia é a disponibilidade ou potencial


máximo de trabalho de uma substância quando definido o ambiente no qual se
encontra. Em complemento a essa definição, Kotas (1995) diz que a exergia é o
trabalho máximo da troca de energia entre os parâmetros do ambiente e um estado
de referência.

Dessa forma, é possível concluir através dos estudos e definições que a exergia está
diretamente ligada a um ambiente de referência. Ou seja, quanto mais afastado o
estado de um fluxo de trabalho estiver do estado em que o ambiente se encontra,
maior será o trabalho que poderá ser obtido em um processo de conversão reversível.

Para a análise, um modelo de referência deve ser adotado o mais próximo possível
do ambiente físico real onde cada elemento químico possui uma substância de
referência padrão para o cálculo de exergia, de forma que o ar atmosférico seria
composto por substâncias de referência e sua exergia seria nula (SZARGUT et al.,
1988).
22

2.7 HISTÓRICO DA TERMOECONOMIA

A Termoeconomia é a disciplina que combina os conceitos da Termodinâmica com os


da Economia, a fim de se obter informações necessárias não disponíveis em análises
convencionais. Este termo foi proposto por M. Tribus e R. B. Evans, em 1962,
aplicando em seus estudos o conceito de exergia em processos de dessanilização
(ROCHA, 2010).

Diante disso, Cerqueira (1999) afirma que a Termoeconomia surgiu da necessidade


de se analisar as irreversibilidades geradas nos equipamentos isolados, com os
demais equipamentos da planta térmica, a partir da definição de custos, associados
aos processos de conversão de energia. El-sayed e Evans (1970) propuseram a
primeira formulação matemática rigorosa da Termoeconomia, conhecido como
método autônomo.

O progresso da Termoeconomia ocorreu nos anos 80 com o surgimento de diferentes


metodologias e abordagens aplicadas em diversos campos por vários autores. Em
1985 surgiu o termo “Exergoeconomia”, proposto por G. Tsatsaronis, para identificar
a técnica que utiliza a exergia (uma propriedade energética) com o conceito de custo
(uma propriedade econômica) em análises de sistemas térmicos, considerada, assim,
como uma vertente da Termoeconomia (SANTOS, 2009).

Com o surgimento das diversas metodologias, um grupo de pesquisadores


propuseram comparar seus conhecimentos resolvendo um problema de otimização
predefinido, que ficou conhecido como Problema CGAM, nomeado pelas iniciais dos
primeiros nomes dos especialistas (C. Frangopoulos, G. Tsatsaronis, A. Valero e M.
Sakovsky). Devido ao fato de cada pesquisador aplicar o seu conceito, a comparação
das metodologias não foi possível (SANTOS, 2009).

Ainda que o problema CGAM não tenha atingido seu objetivo principal, outros
pesquisadores analisaram as principais metodologias em um sistema semelhante,
para calcular os custos dos fluxos internos e produtos finais. Estas análises foram
importantes para definir as particularidades de cada conceito. Dessa forma, Cerqueira
23

(1999) pôde concluir que o custo final não depende da metodologia, mas da forma
como se define a estrutura produtiva do sistema.

Segundo Cerqueira (1999), a Termoeconomia possui três campos de atuação:


diagnóstico; otimização, de projeto ou de manutenção; e alocação de custos nas
plantas térmicas. Santos (2009) afirma em sua tese que a alocação de custos é a
melhor forma de comparar e avaliar metodologias termoeconômicas.

Em 2000, muitas questões ainda estavam em aberto, pois não havia uma unificação
total das metodologias existentes. Especialmente a questão dos equipamentos
puramente dissipativos, por não haver concordância ao definir um produto para tais,
em termos de exergia total, conhecido como Modelo E (BELISARIO, 2012).

Uma forma de contornar esse problema é a utilização da propriedade termodinâmica


entropia multiplicada pela negativa da temperatura de referência, surgindo então o
termo “neguentropia”, proposto primeiramente por Frangopoulos (1983). A utilização
da neguentropia como fluxo fictício juntamente com a exergia (Modelo E&S) foi
aplicada permitindo definir um produto para equipamentos puramente dissipativos. No
entanto, Santos e seus colaboradores (SANTOS; NASCIMENTO; LORA, 2006;
SANTOS et al., 2008a; SANTOS et al., 2008b) mostraram que essa junção violava
aspectos da segunda lei da termodinâmica, como produtos maiores que insumos em
alguns equipamentos.

Após a análise das falhas encontradas no Modelo E&S, Santos (2009) propõe uma
nova abordagem que alia os benefícios da utilização do neguentropia juntamente com
os fluxos de entalpia (Modelo H&S), desagregando assim a exergia física dos
equipamentos. Deste modo, as inconsistências, limitações e arbitrariedades do
Modelo E&S foram resolvidas no Modelo H&S, com relação aos equipamentos
dissipativos. A partir de então, foram propostos novos modelos para a avaliação dos
custos presentes em uma planta, a fim de resolver arbitrariedades encontradas nos
modelos já existentes, como o modelo de desagregação da exergia total em exergia
térmica, mecânica e química, estudado por Faria (2014) e Santos e outros (2016) e o
modelo UFS, proposto por Lourenço (2012).
24

2.8 DESAGREGAÇÃO DA EXERGIA: NEGUENTROPIA

Até 1983, quando surgiu a Análise Funcional Termoeconômica, a modelagem


termoeconômica era realizada levando em consideração apenas a exergia total dos
fluxos, o que não permite a definição dos produtos de um equipamento puramente
dissipativo, os quais têm a função de reduzir a propriedade termodinâmica entropia.
A partir de então, foi introduzido um conceito de “reduzir a entropia”, o qual
Frangopoulos (1987) denominou de “neguentropia”, definida pela Equação 01.

𝑆 = − 𝑇 ∙ 𝑚̇ ∙ 𝑠 (01)

Sendo 𝑇 a temperatura de referência, 𝑚̇ a vazão mássica e 𝑠 a entropia específica


do fluido de trabalho.

Dessa forma, foi possível definir um produto aos equipamentos dissipativos, sendo
utilizado como fluxo fictício em alguns modelos, ou como parcela da exergia física em
outros modelos (SANTOS, 2009).

2.9 CUSTO, INSUMO E PRODUTO

O custo, em geral, está associado ao recurso necessário para se fabricar um produto


final. Na Termoeconomia, o custo representa a quantidade de recurso externo para
se produzir um fluxo da planta, podendo ser quantificado em unidades monetárias ou
exergéticas. Neste trabalho, foi utilizado o fluxo produtivo, representado pela variação
de dois fluxos físicos definido pela Equação 02, em que 𝐸 : representa o fluxo
produtivo de exergia, porém a mesma equação define o fluxo produtivo de entalpia
(𝐻 : ) e neguentropia (𝑆 : ), dependendo do modelo aplicado.

𝐸: =𝐸 −𝐸 (02)

O custo exergético de um determinado fluxo (𝐾 : ) é a quantidade de recurso


exergético externo necessário para produzir este fluxo. Portanto, o custo exergético
unitário (𝑘 : ) de um fluxo produtivo de exergia (𝐸 : ) é a quantidade de recurso externo
25

necessário para produzir uma unidade deste fluxo. Para obter todos os custos
exergéticos unitários dos fluxos internos (𝑖) em termoeconomia, é formulado um
balanço de equações de custos em cada equipamento, assumindo-se que o custo
exergético unitário do combustível consumido pela planta é igual à unidade, como
representado na Equação 03 (SANTOS, 2009).

(𝐸 : 𝑘 : ) = 0 (03)

De acordo com o ponto de vista da termodinâmica, cada equipamento possui a sua


função definida, a bomba, por exemplo, tem a função de elevar a pressão de um fluido
de trabalho utilizando energia elétrica, enquanto a turbina, produzindo o mesmo
recurso, tem a função de reduzir a pressão do fluido de trabalho. Ou seja, para exercer
a função definida para cada equipamento, necessita-se de um insumo. É preciso,
portanto, definir a função de cada componente, identificando seus insumos (𝐹) e
produtos (𝑃), para determinar a estrutura produtiva.

2.10 ESTRUTURA PRODUTIVA E DIAGRAMA PRODUTIVO

Como supracitado, identificando os insumos e produtos de cada componente e sua


respectiva função, é possível determinar a estrutura produtiva, de forma que o sistema
de equações relacione as unidades e o ambiente. Para quantificar o custo dos fluxos
principais de um sistema térmico, é necessária a definição de um modelo
termoeconômico capaz de considerar a finalidade produtiva dos subsistemas que
compõem o sistema (UCHE, 2000).

Segundo Cerqueira (1999), a maior diferença entre as metodologias termoeconômicas


é a forma como se define a estrutura produtiva, por impactar diretamente o custo final
dos produtos. Cada metodologia define a estrutura produtiva de acordo com o tipo de
fluxo utilizado e com o equacionamento dos modelos, podendo ser representado
através de tabelas que explicitam os insumos e produtos de cada equipamento.

Outra forma de representar a estrutura produtiva é através do diagrama produtivo,


característica da vertente estrutural da Teoria do Custo Exergético, utilizando fluxos
26

produtivos e não mais fluxos físicos. Dessa forma, o diagrama é montado de acordo
com a função produtiva de cada equipamento, dispensando assim a representação
por meio de tabelas (SANTOS, 2009).

O diagrama produtivo utiliza retângulos para representar as unidades reais e losangos


e círculos para representar equipamentos fictícios, denominados junção e bifurcação,
respectivamente. As junções são utilizadas quando uma unidade possui mais de um
insumo, formando assim um único insumo. Por outro lado, as bifurcações são
utilizadas quando uma unidade possui mais de um produto, resultando em diversos
produtos. As unidades reais e os equipamentos fictícios estão representados na
Figura 3.

Figura 3 – Unidades reais e equipamentos fictícios

Fonte: autora.

Dessa forma, o diagrama produtivo torna a avaliação termoeconômica mais visual,


possibilitando a análise de acordo com a função produtiva de cada subsistema da
planta.

2.11 MODELOS TERMOECONÔMICOS

Enquanto não se estudavam os equipamentos dissipativos, as metodologias criadas


para a alocação de custos em sistemas energéticos utilizavam apenas a exergia total
para definir estruturas produtivas. Analisando os equipamentos dissipativos então,
percebe-se a necessidade de introduzir a neguentropia como parcela fictícia,
resolvendo problemas termoeconômicos, porém, surgem inconsistências. Assim, a
exergia total é desagregada e neguentropia passa a ser utilizada juntamente com a
entalpia.
27

Segundo Belisario (2012), algumas características tornaram-se comuns entre as


análises termoeconômicas, podendo citar:

 A desagregação da exergia em suas parcelas (térmica, mecânica e química) é


uma opção de todas as metodologias;

 A definição da estrutura produtiva é necessária e, em sua forma gráfica, facilita


a visualização e análise;

 Os fluxos produtivos do fluido de trabalho são determinados pela variação das


magnitudes dos fluxos físicos de cada unidade do sistema;

 A modelagem é baseada em equações de custo em cada equipamento, seja


ele real ou fictício;

 Produtos finais e insumos externos são calculados em termos de exergia total.

Com isso, a diferença entre os modelos está no tipo de fluxo produtivo utilizado –
exergia, entalpia ou neguentropia, como nos Modelos E, E&S e H&S citados
anteriormente.

2.11.1 Modelo E

Esse modelo é baseado na exergia total do fluido de trabalho e quando a planta


possuir algum equipamento dissipativo, este deve ser agregado a outro equipamento
da planta que possua fluxo produtivo definido, como é o caso do condensador
agregado à turbina (SERRA, 1994).

2.11.2 Modelo E&S

Já no caso do Modelo E&S, além da exergia total também se utiliza a neguentropia


como fluxo fictício, definindo então um produto para os equipamentos dissipativos. A
fim de minimizar possíveis inconsistências, as equações auxiliares necessárias são
definidas utilizando o critério do subproduto (SP).
28

2.11.3 Modelo H&S

A fim de acabar com as inconsistências encontradas no Modelo E&S, Santos (2009)


define o Modelo H&S, utilizando a exergia desagregada em duas parcelas (entalpia e
neguentropia). Contrário ao Modelo E&S, o Modelo H&S utiliza o critério do
multiproduto (MP) para definir as equações auxiliares.

2.11.4 Equações auxiliares

As equações auxiliares são necessárias para definir os custos dos equipamentos


fictícios e podem utilizar dois critérios: o do subproduto (SP) e o do multiproduto (MP).
Para o critério SP, cada equipamento de um sistema térmico tem uma função principal
e todos os outros fluxos são consequências do processo. Por exemplo, se um
equipamento tem mais de um fluxo de saída, um deles é o produto e todos os outros
são subprodutos. Nesse critério, os custos dos subprodutos são os mesmos que o
custo do produto do equipamento que produz apenas aquele fluxo. Por outro lado,
para o critério MP, todos os fluxos de uma unidade são produtos da mesma, possuindo
assim o mesmo custo unitário, isso porque fluxos que saem de um mesmo
equipamento estão sujeitos às mesmas irreversibilidades envolvidas na sua produção
(BELISARIO, 2012).
29

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, apresentaram-se os trabalhos fundamentais para o desenvolvimento


e discussões deste estudo.

3.1 ANÁLISE TERMODINÂMICA DE CICLO BINÁRIO

A utilização do ciclo binário para produção de potência a baixas temperaturas tem se


estendido ao redor do mundo. Minés e Pintado (2015) estudaram a possibilidade de
utilizar o ciclo binário em uma usina geotérmica e obtiveram como resultado, uma
produção de 4127 MW de potência elétrica e uma eficiência de 20%.

Leal (2018), por outro lado, utilizou o ciclo binário em seu estudo de uma planta híbrida
de usina geotérmica e energia solar térmica. Seu objetivo foi avaliar a melhor
configuração para essa integração, utilizando 4 configurações distintas. Como
resultado, a melhor configuração alcançou um aumento de 276% da geração total.

Muñoz (2013) utilizou o ciclo binário, sendo o ciclo de baixa um Rankine Orgânico
(ORC), para determinar a melhor geração renovável. Os fluidos utilizados foram o
R134a e o n-pentanto, para a energia geotérmica, o R600 e o benzeno, para a energia
solar, e o ciclopentano e o octametiltetrassiloxano para a energia proveniente da
biomassa. Como resultado, a biomassa apresentou maior rendimento, de 15,4%,
seguida da energia solar, de 10%, e da geotérmica, de 5,9%. Apesar do resultado de
rendimento ser mais vantajoso para a biomassa, o autor concluiu que se trata de uma
determinação com elevada complexidade, devido ao fato de cada fonte apresentar
diferentes vantagens e desvantagens.

Ramírez-Fonseca e Ochoa-Álvarez (2021) realizaram um projeto de um ciclo binário


para uma usina geotérmica na região de Magdalena Medio, Colômbia a fim de
fornecer uma solução para as necessidades energéticas do município de
Barrancabermeja, Colômbia, estimada em 10 MW. Foram selecionados cinco fluidos
de trabalho para verificar a melhor opção, sendo eles Amônia, Iso-pentano, Butano,
Propano e R134a, iterando com um, dois e três trocadores de calor. As análises
mostraram que para um, dois e três trocadores de calor a melhor substância com
30

relação aos parâmetros de eficiência térmica, vazão mássica de água de resfriamento


e vazão mássica de substância de trabalho foi a Amônia. Considerando a menor
quantidade de água de resfriamento retirada do rio, os fluidos Isopentano e Propano
foram as melhores opções.

Gennari Barría (2022) avaliou a viabilidade técnica da cogeração geotérmica com ciclo
binário na cidade de Puyuhuapi, Chile. Utilizando o fluido R134a como fluido de
trabalho do ORC no ciclo binário, foi possível verificar a possibilidade de cogeração,
através do calor produzido pelo condensador, conseguindo secar 2876 m³ de lenha
anualmente. Economicamente, o projeto consegue gerar um valor presente líquido de
1476,60 milhões de pesos chilenos.

Prada Plata e Noriega Rincon (2022) avaliaram a viabilidade a implementação de um


ciclo binário combinado entre ORC e Kalina, para a geração de energia elétrica a partir
do potencial geotérmico de média temperatura na área de "Tufiño, Chiles e cerro
negro - Colômbia ". Foram selecionados quatro fluidos para o ORC, R134a, R218,
Butano e Pentano, e constatou-se que o Pentano apresentou um melhor
comportamento, atingindo uma potência de 16,11 MWe, geração anual de energia de
126,99 GWh/ano, Eficiência de 6,98% e um LCOE de 0,0697 USD/kWh. Os resultados
obtidos apresentaram a configuração Kalina-ORC como a alternativa de maior
viabilidade técnico-econômica, atingindo Potências Elétricas de 29,44 MWe e geração
anual de energia de 232,11 GWh/ano, Eficiência de 12,54% e LCOE de $ 0,059/kWh.

3.2 ENERGIA DA BIOMASSA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

A energia produzida a partir do bagaço de cana-de-açúcar é um grande destaque


entre as fontes de energia renováveis e apresenta grande potencial na produção, além
de existir uma vasta área de cultivo no Brasil. A produção de energia elétrica nas
usinas de açúcar e álcool é possível através da queima do bagaço da cana-de-açúcar
nas unidades de cogeração energética, mais especificamente nas caldeiras de
cogeração (DIAS et al., 2019).

Dias e outros (2019) determinaram a energia fornecida pelo bagaço da cana-de-


açúcar para uma caldeira aquatubular pela queima do bagaço de quatro cultivares de
31

cana-de-açúcar SP80-1816, RB72-454, SP80-3280 e SP81-3250. Os resultados


mostraram que o cultivar SP80-1816 é a opção mais vantajosa, com uma energia
fornecida de 19.272,00 kJ/kg.

Já no trabalho realizado por Ariedi Junior e Miranda (2013), o objetivo foi determinar
a energia proveniente da combustão do bagaço de cana-de-açúcar, verificar a
autossuficiência energética e carbono neutro. Como resultado, a energia transformada
representa 30% do potencial de cogeração, a expansão do modelo de cogeração para
outras usinas poderia atenuar o risco de blecaute do fornecimento de energia elétrica
na região Nordeste do Estado de São Paulo e o sistema de cogeração é neutro em
emissão de gases do efeito estufa.

Um modelo CFD para avaliação da combustão de bagaço e palha de cana-de-açúcar


polidispersos numa caldeira industrial foi apresentado por González (2015) e com
isso, foi possível quantificar a eficiência da queima e verificar a influência de algumas
variáveis como umidade do combustível, relação ar primário/ar secundário, excesso
de ar e aerodinâmica do ar secundário.

3.3 SELEÇÃO DO FLUIDO DE TRABALHO

O fluido de trabalho mais utilizado e o mais importante para o transporte de energia é


a água, por possuir grandes qualidades, como a disponibilidade ampla, o alto calor
específico, alto calor latente de vaporização e baixo custo. Porém, o fluido de trabalho
pode ser qualquer fluido com a capacidade de promover o estado de vapor
superaquecido na saída da caldeira (GEGENHEIMER; LANDES, 2016).

Quoilin e outros (2013) afirmam que os fluidos secos são preferenciais aos ORC’s
devido ao fato de não ser necessário o superaquecimento do fluido. Apesar de
existirem diversos estudos realizados a fim de se determinar o melhor fluido de
trabalho para ORC, não se pode especificar apenas um, uma vez que cada aplicação
requer parâmetros diferentes, o que acarreta em diferentes resultados para cada
fluido.
32

Um modelo para se determinar o fluido ótimo para uma aplicação definida foi proposto
por Quoilin e outros (2012), no qual os parâmetros do ciclo são definidos de acordo
com a necessidade e os fluidos são estudados buscando melhores valores de
desempenho.

Tchanche e outros (2009) aplicaram o método em um ORC utilizado em sistemas


solares, a baixas temperaturas, analisando 20 fluidos distintos. Concluíram que o
R134a apresentou melhores resultados para aplicações de pequena escala, seguido
do R152a, R600a e R290.

Para outra aplicação, entretanto, Mikielewicz e Mikielewicz (2010) encontraram, entre


os 20 fluidos avaliados, que o etanol, o R123 e o R141b são os mais indicados para
sistemas de microcogeração.

Outra forma de se encontrar o melhor fluido de trabalho é verificar suas propriedades


termodinâmicas a partir dos parâmetros requeridos e tendo em vista fatores como o
potencial de deterioração da camada de ozônio (ODP, do inglês Ozone Depletion
Potential), o potencial de aquecimento global (GWP, do inglês Global Warming
Potential), a disponibilidade e, consequentemente, o custo monetário, como
demonstrado por Papadopoulos, Stijepovic e Linke (2010).

3.4 ANÁLISE TERMOECONÔMICA DE PLANTAS DISTINTAS

A termoeconomia tem se expandido cada vez mais, com novos estudos, plantas
diversas e sempre complementando estudos anteriores. Um bom exemplo é o caso
do estudo realizado por Santos (2009), no qual foi defendido o uso da neguentropia
como parcela da exergia física para resolver problemas encontrados em outros
modelos. Como resultado, o estudo mostrou vantagens que a utilização da
neguentropia oferece na alocação de custos, evitando inconsistências, arbitrariedades
e inaplicabilidades.

Após o defendido por Santos (2009), Belisario (2012) realizou uma análise
termoeconômica de uma central de cogeração operando em ciclo rankine, com três
aquecedores regenerativos de alimentação fechados e um aberto, cuja função era
33

atender as demandas de energia mecânica (para produção de ar soprado e energia


elétrica) e energia térmica (vapor de processo) da usina. Foram aplicados três
modelos termoeconômicos (Modelo E, Modelo E&S e Modelo H&S). O Modelo E&S
apresentou resultados incoerentes com a termodinâmica e com a cogeração,
enquanto o Modelo E e o Modelo H&S se mostraram os mais satisfatórios para
avaliação de centrais de cogeração de indústrias siderúrgicas.

Faria (2014) realizou uma avaliação das metodologias de desagregação da exergia


física para a modelagem termoeconômica de sistema, levando em consideração
aspectos como vantagens, restrições, inconsistências, melhoria na precisão dos
resultados, aumento da complexidade e do esforço computacional e o tratamento dos
resíduos e equipamentos dissipativos para a total desagregação do sistema térmico.
As metodologias foram aplicadas na alocação de custos para os produtos finais em
diferentes plantas de cogeração. O autor conclui que a desagregação da exergia na
definição da estrutura produtiva melhora a precisão dos resultados na medida em que
detalha mais o processo de formação de custos.

Modesto e Nebra (2006) analisaram um ciclo combinado composto por duas turbinas
a gás, dois geradores de vapor de recuperação de calor (HRSGs) e uma turbina a
vapor como um sistema proposto para a geração de energia para a Companhia
Siderúrgica Tubarão. No diagrama produtivo adotado, ainda obedecendo a teoria
estrutural do custo exergético, não há diferença no tratamento entre os subsistemas
dos ciclos a gás e vapor, ou seja, utiliza-se apenas um par de junção e bifurcação.

Por outro lado, Colombo (2016) comparou a alocação dos custos de um sistema de
cogeração com turbina a gás regenerativa, intercooler e queima suplementar quando
o custo da exergia adicional é distribuído entre a potência e o calor, e quando o custo
da exergia adicional é alocado integralmente no calor. O diagrama produtivo foi
construído criando junções e bifurcações distintas por ciclo.

Fundamentado nos trabalhos de Modesto e Nebra (2006) e de Colombo (2016),


Avellar (2018) propõe o uso de um diagrama abrangente, no qual os fluxos internos
físicos e produtivos são representados, onde subsistemas são conectados usando os
mesmos fluxos físicos apresentados no fluxograma da planta, ainda avaliando o custo
34

dos mesmos e também dos fluxos produtivos. O diagrama abrangente apresentado


evita arbitrariedades devido à interconexão dos fluxos produtivos não ser feita por
subsistemas fictícios e foi capaz de tratar os mais variados tipos de sistemas térmicos,
e ainda obtendo informações de fluxos produtivos e físicos da planta.

Ribeiro (2017) realizou em seu trabalho a determinação da configuração ótima de um


ciclo Rankine Orgânico para aproveitamento do calor rejeitado em usinas
termelétricas com motores de combustão interna, realizando uma otimização
termoeconômica e paramétrica, com o objetivo de minimizar o custo da potência
gerada, e selecionar qual o fluido de trabalho que produz potência com menor custo.
Os resultados mostraram que os ciclos regenerativos, apesar de aumentar a eficiência
do ciclo, produzem uma potência mais cara do que o ciclo simples. Na condição ótima,
é possível obter um aumento em torno de 7% da potência gerada pela termelétrica.
35

4 METODOLOGIA

4.1 MODELAGEM TERMODINÂMICA

Tanto a modelagem termodinâmica quanto a termoeconômica serão solucionadas em


um software de resoluções de engenharia, o EES, assim como todas as propriedades
termodinâmicas necessárias.

Uma usina sucroalcooleira hipotética fornece 8,22 ton/h de bagaço de cana-de-


açúcar, cuja composição química está apresentada na Tabela 2. Visando aproveitar
esse combustível para a queima em uma caldeira de uma planta de cogeração, este
trabalho verificou a viabilidade termodinâmica e termoeconômica do ciclo adaptado
de Moran e outros (2013), com as seguintes considerações:

 A umidade do bagaço de cana é de 50%;


 A caldeira possui eficiência térmica de 80% e os valores de referência para a
sua operação estão presentes na Tabela 3;
 O ciclo opera em regime permanente;
 As turbinas possuem eficiência elétrica de 69% e as bombas de 59%;
 Todas as turbinas e bombas possuem eficiência isentrópica de 90% e operam
adiabaticamente;
 O trocador de calor possui perda de carga;
 O atrito viscoso e as variações de energia cinética e potencial serão
desprezadas.

Tabela 2 – Composição química do bagaço de cana-de-açúcar em base seca.


Elemento químico Composição [%]
Carbono 44,80
Hidrogênio 5,40
Oxigênio 39,60
Nitrogênio 0,40
Enxofre 0,01
Cinzas 9,79
Fonte: Cavalcanti e outros (2020).
36

Com os dados da composição química (Tabela 2) é possível obter o valor do Poder


Calorífico Superior (PCS) em base seca a partir da Equação 04, de acordo com
Cavalcanti e outros (2020).

𝑃𝐶𝑆 = 34095 ∙ 𝐶 + 132298 ∙ 𝐻 + 6848 ∙ 𝑆 − 1531 ∙ 𝐴 − 11996 ∙ (𝑂 + 𝑁) (04)

Para se obter o Poder Calorífico Inferior (PCI) em base úmida, utiliza-se a Equação
05, conhecida como equação de Mendeliev, na qual 𝑊 é a umidade do bagaço de
cana. Entretanto, como a composição presente na Tabela 2 se encontra na base seca,
deve-se realizar a conversão para a base úmida, que segundo Teixeira e Lora (2004),
deve ser realizada a partir da Equação 06.

𝑃𝐶𝐼 = 339 ∙ 𝐶 + 1030 ∙ 𝐻 − 109 ∙ (𝑂 − 𝑆) − 24 ∙ 𝑊 (05)


100 − 𝑊
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑒𝑚 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑒𝑚 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑐𝑎 ∙ (06)
100

Na Tabela 3 encontram-se os valores de referência para operação da caldeira,


necessários para se obter o valor do calor fornecido pelo combustível a partir da
Equação 07, na qual 𝑐 é o calor específico médio do combustível, 𝑇 é a temperatura
do combusível, 𝑇 é a temperatura de referência, 𝑚 é a massa de ar seco, 𝑐 é
o calor específico da água líquida, 𝑊 é a umidade do ar ambiente, 𝑐 é o calor
específico do vapor d’água e 𝑇 é a temperatura do ar de combustão.

𝑄 = 𝑐 ∙ (𝑇 − 𝑇 ) + 𝑚 ∙ 𝑐 + 𝑊 ∙𝑐 ∙ (𝑇 − 𝑇 ) + 𝑃𝐶𝑆 (07)

Tabela 3 – Valores de referência para operação da caldeira.


Dados Valor Unidade
Calor específico médio do combustível 3,02 kJ/kg.°C
Temperatura do combustível 30 °C
Temperatura de referência 25 °C
Massa ar seco 4,79 kg/kgcomb
Calor específico da água líquida 4,19 kJ/kg.°C
Umidade do ar ambiente 0,019 kgágua/kgarseco
Calor específico médio do vapor d'água 19 kJ/kg.°C
Temperatura do ar de combustão 30 °C
Entalpia de vaporização da água 2259,36 kJ/kg
Fonte: Cortez e outros (2008).
37

Para o cálculo da exergia química específica do combustível, utiliza-se a Equação 08,


onde 𝛽 é obtido pela Equação 09 e 𝑒 e𝑒 são as exergias químicas específicas
das cinzas e da água que serão desconsideradas no estudo.

𝑒 = 𝛽 ∙ (𝑃𝐶𝐼 + ℎ ∙ 𝑊 ) + 9682 ∙ 𝑆 + 𝑒 ∙𝐴+𝑒 ∙𝑊 (08)

1,044 + 0,0160 ∙ − 0,3493 ∙ ∙ 1 + 0,0531 ∙ + 0,0493 ∙


𝛽= (09)
1 − 0,4124 ∙

Uma vez obtidos os valores acima descritos, o próximo passo consiste na modelagem
da planta de cogeração. O vapor d’água superaquecido entra na turbina com uma
vazão mássica de 18 ton/h, 40 bar e 440 °C e se expande até a pressão de 1,5 bar.
Então, metade da vazão é retirada para aquecimento em um processo industrial e a
outra metade segue para o trocador de calor, o qual tem o papel do condensador no
ciclo a vapor e do evaporador no ciclo orgânico. O vapor condensado sai do trocador
como líquido saturado a 1 bar, devido às perdas de carga, e é combinado ao fluxo que
retorna do processo industrial a 1 bar e 60 °C. Na sequência, a mistura dos fluxos
oriundos do processo e do trocador de calor é bombeada até a pressão da caldeira.
No ciclo orgânico, o fluido entra na turbina a 16 bar e 100 °C e sai do condensador
como líquido saturado a 9 bar. A Figura 4 representa a estrutura física da planta de
cogeração a ser estudada.

Serão analisados os fluidos R134a e R1234yf como fluidos de trabalho do Ciclo


Rankine Orgânico, a fim de se verificar os custos de um fluido muito utilizado para o
ORC (R134a) e a viabilidade de sua substituição pelo R1234yf, levando em
consideração que este último possui valores dos índices GWP e ODP (Potencial de
Aquecimento Global e Potencial de Depreciação da Camada de Ozônio) melhores
quando comparado ao R134a.
38

Figura 4 – Estrutura física da planta

Fonte: adaptado de Moran e outros (2013).

Para o balanço de energia, foram aplicadas as considerações acima descritas na


Equação 10, na qual 𝑑𝐸 ⁄𝑑𝑡 representa a variação da energia no tempo, 𝑄̇ a taxa de
calor adicionado ou rejeitado pelo equipamento, 𝑊̇ o trabalho realizado ou necessário,
𝑚̇ a vazão mássica, ℎ a entalpia interna específica, 𝑉 a velocidade do fluido, 𝑔 a
gravidade, 𝑧 a altura deslocada pelo fluido e os subíndices “e” e “s”, entrada e saída,
respectivamente.

𝑑𝐸 𝑉 𝑉
= 𝑄̇ – 𝑊̇ + 𝑚̇ ∙ (ℎ + + 𝑔∙𝑧 )– 𝑚̇ ∙ (ℎ + + 𝑔∙𝑧 ) (10)
𝑑𝑡 2 2

A eficiência térmica do ciclo será avaliada a partir da Equação 11, em que 𝑃̇ éa


potência do Ciclo Rankine Convencional, 𝑃̇ é a potência do Ciclo Rankine Orgânico
e 𝑄̇ é o calor adicionado à caldeira. Já a eficiência de cogeração será avaliada a partir
da Equação 12 e 𝑄̇ é o calor útil de processo.

𝑃̇ + 𝑃̇
𝜂 = (11)
𝑄̇
39

𝑃̇ + 𝑃̇ + 𝑄̇
𝜂 = (12)
𝑄̇

Da mesma forma, será realizado o balanço de entropia, utilizando a Equação 13 e as


considerações citadas anteriormente, de forma a verificar a irreversibilidade do ciclo.
Na equação, 𝑑𝑆⁄𝑑𝑡 representa a variação de entropia no tempo, 𝑠 a entropia
específica no estado desejado e 𝜎̇ a geração de entropia.

𝑑𝑆 𝑄̇
= + 𝑚̇ ∙ 𝑠 − 𝑚̇ ∙ 𝑠 + 𝜎̇ (13)
𝑑𝑡 𝑇

Além disso, serão avaliadas as exergias de fluxo internas em cada equipamento, a


partir da Equação 14, necessárias para a modelagem termoeconômica.

𝑒 = (ℎ − ℎ ) − 𝑇 ∙ (s − 𝑠 ) (14)

4.2 MODELAGEM TERMOECONÔMICA

Uma vez realizada a modelagem termodinâmica, inicia-se a modelagem


termoeconômica, a fim de se obter os custos energéticos dos fluxos internos e
produtos finais. Para isso, serão definidas as estruturas produtivas dos modelos E,
E&S e H&S, as quais podem ser representadas por meio do diagrama produtivo, que
é uma forma alternativa de mostrar o processo de formação de custos. De outro modo,
a estrutura produtiva descreve um conjunto de equações matemáticas que considera
os insumos e produtos de cada componente do ciclo e o custo unitário dos fluxos
internos.

O modelo matemático é obtido através da formulação do balanço da equação de


custo, conforme mostrado na Equação 15, em cada componente da estrutura
produtiva. Cada componente está relacionado a uma equação associada ao seu
objetivo produtivo no ciclo. A variável a ser determinada, 𝑘, significa o custo unitário
exergético (em kW/kW) de cada fluxo produtivo. O 𝑌 é uma maneira genérica de definir
todos os fluxos produtivos do diagrama produtivo. O fluxo produtivo é definido em
40

termos de variação de dois fluxos físicos, Equação 16, que considera a estrutura física
do ciclo. Além disso, foi atribuído o valor de kQin = 1, ou seja, o custo do calor de
entrada (na caldeira) como sendo a unidade, assim como adotado por Cerqueira
(1999) e utilizado posteriormente por Santos (2009), Belisario (2012), Lourenço
(2012), Faria (2014) entre outros autores.

(𝑌 : ∙ 𝑘) - (𝑌 : ∙ 𝑘) = 0 (15)

𝑌: = 𝑌 − 𝑌 (16)

Somente equações dos equipamentos físicos do ciclo não são suficientes para
determinar os custos, por isso foram utilizadas equações auxiliares, provenientes de
elementos fictícios, chamados de junções e bifurcações. Tais elementos são definidos
na estrutura produtiva, levando em consideração produtos e insumos de cada
equipamento. Para se definir as equações auxiliares, foram utilizados os critérios do
multiproduto e do subproduto, para os modelos E&S e H&S. O critério do subproduto
é, fundamentalmente, utilizado no Modelo E&S, porém foi utilizado também no Modelo
H&S para análise comparativa dos critérios. Da mesma forma para o critério do
multiproduto, utilizado costumeiramente no Modelo H&S, também foi utilizado no
Modelo E&S para análise comparativa.

A fim de analisar o impacto da definição da estrutura produtiva nos resultados dos


custos finais, foram definidos dois arranjos distintos, um com pares de junção-
bifurcação (J-B) por fluxo para cada ciclo (ciclo de alta e de baixa) e outro com pares
de junção-bifurcação por fluxo para o ciclo binário. Estudo semelhante foi realizado
por Avellar (2018), com diferença no ciclo estudado, que se trata de ciclo combinado
(água e gás como fluidos de trabalho).

Com isso, o custo final do produto de cada modelo é comparado considerando os


aspectos de cogeração e segunda lei. Santos (2009) afirma que os custos de calor e
energia pertencem a uma linha de alocação de custos de solução, limitada superior e
inferior pelo custo unitário de energia elétrica e calor, obtido pela produção separada
dos dois produtos finais, a fim de garantir a conhecida vantagem termodinâmica de
cogeração em relação à produção separada. Para a reta solução, foi considerada a
41

mesma planta, sem a extração do fluxo para os processos industriais, a fim de se obter
o custo máximo da Potência Elétrica. Da mesma forma, foi considerada uma planta
sem produção de potência elétrica, apenas com a extração do fluxo para os processos
industriais, obtendo o custo máximo do Calor Útil.

Por fim, foram comparados os resultados dos custos dos produtos finais para cada
fluido e também para cada arranjo adotado.
42

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo, foram apresentados os resultados obtidos e as discussões realizadas


a partir deles, com base nos trabalhos estudados apresentados no referencial teórico
e na revisão bibliográfica.

5.1 MODELAGEM TERMODINÂMICA

Inicialmente, foram aplicadas as Equações 04-09 para obter os valores da queima do


bagaço de cana, assim como o calor adicionado ao ciclo, em termos energéticos e
exergéticos, como apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Valores obtidos da queima do bagaço de cana-de-açúcar.


Dados Valor Unidade
𝑚̇ 2,28 kg/s
PCS 17471,05 kJ/kg
PCI 7016,95 kJ/kg
Q 40178,72 kJ/kg
β 1,16 -
e 8124,00 kJ/kg.ºC
Fonte: autora.

Foi realizada a modelagem termodinâmica descrita na metodologia, a fim de se obter


as propriedades termodinâmicas do ciclo, necessárias para posterior modelagem
termoeconômica. Foram aplicadas as Equações 10-14 utilizando os fluidos R134a e
R1234yf como fluidos de trabalho do Ciclo Rankine Orgânico, obtendo os valores
descritos nas Tabelas 5 e 6, respectivamente. Notou-se que, ao substituir o fluido de
trabalho do ORC, a temperatura na saída da turbina sofreu um aumento de 3,27%, o
que, consequentemente, alterou os valores das propriedades e, com isso, acarretou
em um aumento de 13,27% da vazão mássica do fluido.

As eficiências exergética e energética não sofreram alteração ao substituir o fluido de


trabalho do ORC, o que pode ser explicado devido ao ciclo de alta possuir maior
influência às eficiências (cerca de 90% da eficiência total do ciclo corresponde ao Ciclo
Rankine Convencional). Os valores encontrados foram de 23,86% de eficiência
energética, 14,18% de eficiência exergética e 21,25% de eficiência de cogeração.
43

Tabela 5 – Propriedades termodinâmicas do ciclo utilizando o fluido R134a


Pressão, Temperatura, T Entalpia, h Entropia, s Exergia, e Vazão, Título,
Estado
P [kPa] [°C] [kJ/kg] [kJ/kg.K] [kJ/kg] m [kg/s] x [-]
0 (morto) 100 25 104,8 0,367 - - -
1 4000 440 3307 6,904 1253 5 -
2 150 111,4 2644 7,096 533,2 5 0,978
3 150 111,4 2644 7,096 533,2 2,5 0,978
4 100 99,61 417,4 1,302 33,64 2,5 0
5 100 79,84 334,3 1,073 18,83 5 -
6 4000 80,16 338,8 1,075 22,91 5 -
7 150 111,4 2644 7,096 533,2 2,5 0,978
8 100 60 251,2 0,831 7,973 2,5 -
a 1600 100 327,8 1,050 68,10 19,75 -
b 900 78,9 314,5 1,054 53,59 19,75 -
c 900 35,51 101,6 0,374 43,55 19,75 0
d 1600 36,01 102,3 0,374 44,15 19,75 -
Fonte: autora.

Tabela 6 – Propriedades termodinâmicas do ciclo utilizando o fluido R1234yf


Pressão, P Temperatura, T Entalpia, h Entropia, s Exergia, e Vazão, Título,
Estado
[kPa] [°C] [kJ/kg] [kJ/kg.K] [kJ/kg] m [kg/s] x [-]
0 (morto) 100 25 104,8 0,367 - - -
1 4000 440 3307 6,904 1253 5 -
2 150 111,4 2644 7,096 533,2 5 0,978
3 150 111,4 2644 7,096 533,2 2,5 0,978
4 100 99,61 417,4 1,302 33,64 2,5 0
5 100 79,84 334,3 1,073 18,83 5 -
6 4000 80,16 338,8 1,075 22,91 5 -
7 150 111,4 2644 7,096 533,2 2,5 0,978
8 100 60 251,2 0,831 7,973 2,5 -
a 1600 100 446,7 1,755 61,54 22,37 -
b 900 81,48 435,0 1,759 48,73 22,37 -
c 900 35,2 246,8 1,161 38,65 22,37 0
d 1600 35,27 247,6 1,1620 39,32 22,37 -
Fonte: autora.

5.2 ESTRUTURA PRODUTIVA DO ARRANJO I

5.2.1 Modelo E: exergia total dos fluxos produtivos

Conforme mencionado anteriormente, algumas metodologias utilizam a exergia total


dos fluxos produtivos do próprio sistema. A Figura 5 mostra o digrama produtivo do
ciclo binário considerando apenas a exergia total dos fluxos internos, sendo construído
44

de forma que cada equipamento da planta possui um produto e insumo definidos em


termos de fluxos exergéticos.

Figura 5 – Diagrama produtivo do Arranjo I aplicando o Modelo E

Fonte: autora.

As unidades produtivas que somente produzem exergia em cada ciclo (E, B1 e B2),
assim como o trocador de calor (T.C.) que tanto aumenta quanto diminui a exergia do
fluido de trabalho, estão dispostos ao lado esquerdo. De forma similar, os
equipamentos que consomem exergia em cada ciclo (T1 e T2+Cond.) estão dispostos
ao lado direito.

Por se tratarem de fluidos de trabalhos distintos em cada ciclo (água no ciclo de alta
e fluido refrigerante no ciclo de baixa), as unidades fictícias também foram
determinadas de forma distinta. Dessa forma, os fluxos produtivos dos equipamentos
que aumentam a exergia do ciclo de alta se unem a uma junção (JE1) e são distribuídos
através de uma bifurcação (BE1). Analogamente, os fluxos produtivos dos
equipamentos que aumentam a exergia do ciclo de baixa se unem a uma junção (JE2)
e são distribuídos através de uma bifurcação (BE2), para posteriormente serem
direcionados ao conjunto T2+Cond. Além dos fluxos internos de exergia do fluido de
trabalho, estão presentes na planta os fluxos de potência elétrica (PB1, PB2, PT1, PT2),
os quais são unidos e distribuídos através da unidade fictícia junção-bifurcação
(JP+BP). Os produtos finais são o calor útil (QU) e a potência elétrica (Pel), e o único
fluxo externo é a exergia do combustível (Qin).
45

Por se tratar de um ciclo combinado, o trocador de calor tem a função de conectar o


Ciclo Rankine convencional ao Ciclo Rankine Orgânico. Dessa forma, o seu insumo é
obtido a partir da junção-bifurcação JE1+BE1 e o seu produto é direcionado à junção-
bifurcação JE2+BE2.

Como apontado por Santos (2009), Belisario (2012), Faria (2014), entre outros, o
condensador foi alocado junto à turbina 2, devido ao fato de o mesmo não apresentar
um produto definido em termos de exergia, o que tornaria o modelo ineficiente, pois
impossibilitaria a análise do processo de formação de custo do condensador como
uma unidade separada. Além disso, Santos e outros (2016) afirmam que o
condensador ajuda a turbina produzindo vácuo, permitindo um processo de expansão
adicional e, portanto, aumentando a produção de energia.

Os fluxos produtivos foram determinados a partir das Equações 15-16, montando


assim o sistema de equações de custo, geradas para cada estrutura produtiva, real
ou fictícia. Foram definidas 6 equações para unidades reais e 3 auxiliares. Além disso,
foi atribuído o valor de kQin = 1, ou seja, o custo do calor de entrada (na caldeira) como
sendo a unidade, assim como mostrado por Cerqueira (1999), Santos (2009), Belisario
(2012), entre outros autores. A Tabela 7 apresenta as equações.

Tabela 7 – Equações de custos para o Arranjo I segundo o Modelo E


Unidade Produtiva Equação
E k1:6E1:6 = kQinQin
B1 k6:5E6:5 - kPB1PB1 = 0
T1 kPT1PT1 - k1:2E1:2 = 0
T.C. ka:dEa:d - k3:4E3:4 = 0
B2 kd:cEd:c - kPB2PB2 = 0
T2 + Cond. kPT2PT2 - ka:dEa:d - kd:cEd:c = 0
JE1 + BE1 k1:2E1:2 + k3:4E3:4 + kQuQU - k1:6E1:6 - k6:5E6:5 = 0
JE2 + BE2 ka:bEa:b + kb:cEb:c - kd:cEd:c - ka:dEa:d = 0
JP + BP kPB1PB1 + kPB2PB2 + kPelPel - kPT1PT1 - kPT2PT2 = 0
Fonte: autora.

Resolvendo a Equação 15, a partir das equações presentes na Tabela 7, obtém-se a


Tabela 8, na qual o valor de cada fluxo e de seus respectivos custos exergéticos
unitários estão apresentados, para ambos os fluidos, R134a e R1234yf. Nota-se que
todos os custos possuem valor acima da unidade. Como discutido, o modelo E não é
46

o ideal para plantas com equipamentos puramente dissipativos, por não ser possível
obter os custos presentes nos mesmos. Observa-se por isso, o custo elevado da
potência na Turbina 2 (PT2), a qual foi alocada junto ao condensador, com um valor
3,6 vezes acima do custo da Potência elétrica (Pel). Em destaque estão o custo da
Potência elétrica (Pel) e o custo do Calor Útil (QU), verificando-se um valor maior para
o custo da Potência Elétrica. Nota-se que, comparando os fluidos de trabalho
utilizados, a diferença dos custos da Potência elétrica foi mínima, de 0,18% e os
custos do Calor útil foram os mesmos.

Tabela 8 – Custos exergéticos unitários para o Arranjo I segundo o Modelo E


Valor [kW] Custo exergético unitário [kW/kW]
Fluxo
R134a R1234yf R134a R1234yf
Qin 18551,25 18551,25 1 1
E1:2 3599,00 3599,00 3,04 3,04
E1:6 6150,45 6150,45 3,02 3,02
E3:4 1248,90 1248,90 3,04 3,04
E6:5 20,40 20,40 8,80 8,82
Ea:d 473,01 497,06 8,03 7,64
Ea:b 286,57 286,56 8,05 7,67
Eb:c 198,29 225,49 8,05 7,67
Ed:c 11,85 14,99 8,80 8,82
PT1 2483,31 2483,31 4,41 4,41
PB1 32,44 32,44 5,54 5,55
PT2 197,74 197,73 19,73 19,87
PB2 18,84 23,83 5,54 5,55
Pel 2629,77 2624,77 5,54 5,55
QU 1313,07 1313,07 3,04 3,04
Fonte: autora.

5.2.2 Modelo E&S: neguentropia como fluxo fictício

Atendendo a necessidade de se avaliar os custos presentes no condensador, aplicou-


se o Modelo E&S, no qual a exergia foi avaliada juntamente com as parcelas de
neguentropia de cada equipamento. A Figura 6 apresenta o diagrama produtivo da
planta para o modelo em questão. Nesse diagrama, as unidades produtivas que
produzem exergia em cada ciclo (E, B1, T.C. e B2) foram adicionadas à uma unidade
fictícia, junção-bifurcação (JE1+BE1 e JE2+BE2), para serem direcionadas aos
equipamentos que possuem a exergia como insumo (T1, T.C., T2, Cond.) e ao produto
47

final do Calor Útil (QU). Da mesma forma, as unidades produtivas que produzem
entropia em cada ciclo (QU, T.C. e Cond.) foram adicionadas a uma unidade fictícia,
junção-bifurcação (JS1+BS1 e JS2+BS2), para serem direcionadas às unidades
produtivas que possuem a entropia como insumo (E, B1, B2, T1, T2 e Cond.). Também,
as unidades produtivas que produzem potência (T1 e T2), foram adicionadas a uma
unidade fictícia, junção-bifurcação (JP+BP), para serem direcionadas às unidades
produtivas que possuem a potência como insumo (B1 e B2) e ao produto final da
Potência Elétrica (Pel).

Figura 6 – Diagrama produtivo do Arranjo I aplicando o Modelo E&S

Fonte: autora.

Assim como no Modelo E, os fluxos foram determinados a partir das Equações 15-16,
definindo o sistema de equações de cada unidade produtiva, real ou fictícia. Foram
descritas 7 equações para unidades reais e 5 equações auxiliares para o modelo
(Tabela 9).

Aplicaram-se os critérios de multiproduto e subproduto às equações da Tabela 9,


obtendo a Tabela 10, na qual o valor de cada fluxo e de seus respectivos custos
exergéticos unitários estão apresentados. Novamente, o custo da Potência elétrica
(Pel) é maior do que o custo do Calor Útil (QU). Porém, em alguns casos, o custo
exergético unitário apresentou valor abaixo da unidade ou valores muito acima do
esperado, para ambos os critérios e ambos os fluidos, o que não é coerente do ponto
48

de vista da segunda lei da termodinâmica, uma vez que isso significaria uma eficiência
energética acima de 100%. Como dito por Santos (2009), este modelo favorece os
equipamentos que produzem neguentropia e penaliza os que a têm como insumo.

Tabela 9 – Equações de custos para o Arranjo I segundo o Modelo E&S


Unidade Produtiva Equação
E k1:6E1:6 – k’1:6S1:6 = kQinQin
B1 k6:5E6:5 – k’6:5S6:5 - kPB1PB1 = 0
T1 kPT1PT1 - k1:2E1:2 - k’2:1S2:1 = 0
T.C. ka:dEa:d + k’3:4S3:4 - k’a:dSa:d - k3:4E3:4 = 0
B2 kd:cEd:c - k’d:cSd:c - kPB2PB2 = 0
T2 kPT2PT2 - ka:bEa:b - k’b:aSb:a = 0
Cond. k’b:cSb:c - kb:cEb:c = 0
JE1 + BE1 k1:2E1:2 + k3:4E3:4 + k7:8E7:8 - k1:6E1:6 - k6:5E6:5 = 0
JS1 + BS1 k’1:6S1:6 + k’6:5S6:5 + k’2:1S2:1 – k’7:8S7:8 - k’3:4S3:4 = 0
JE2 + BE2 ka:bEa:b + kb:cEb:c - ka:dEa:d - kd:cEd:c = 0
JS2 + BS2 k’a:dSa:d + k’d:cSd:c + k’b:aSb:a - k’b:cSb:c = 0
JP + BP kPB1PB1 + kPB2PB2 + kPelPel - kPT1PT1 - kPT2PT2 = 0
Fonte: autora.

Tabela 10 – Custos exergéticos unitários para o Arranjo I segundo o Modelo E&S


(continua)
Custo exergético unitário [kW/kW]
Valor [kW]
Fluxo Subproduto Multiproduto
R134a R1234yf R134a R1234yf R134a R1234yf
Qin 18551,25 18551,25 1 1 1 1
E1:2 3599,00 3599,00 4,41 4,41 4,66 4,66
E1:6 6150,45 6150,45 4,38 4,38 4,64 4,64
E3:4 1248,90 1248,90 4,41 4,41 4,66 4,66
E6:5 20,40 20,40 10,58 10,58 10,57 10,57
E7:8 1313,07 1313,07 4,41 4,41 4,66 4,66
Ea:d 473,01 497,06 5,05 4,94 1,28 1,28
Ea:b 286,57 286,56 4,91 5,04 1,50 1,48
Eb:c 198,29 225,49 5,05 5,04 1,50 1,48
Ed:c 11,85 14,99 10,47 8,38 10,41 8,26
S2:1 286,08 286,08 0,97 0,97 1,15 1,15
S1:6 8685,21 8685,21 0,97 0,97 1,15 1,15
S3:4 4316,53 4316,53 0,97 0,97 1,28 1,28
S6:5 2,98 2,98 0,97 0,97 1,15 1,15
S7:8 4667,35 4667,35 0,97 0,97 1,02 1,02
Sa:d 3978,60 3953,09 0,25 0,29 0,07 0,08
Sb:a 23,54 26,67 0,25 0,29 0,07 0,08
Sb:c 4003,32 3986,42 0,25 0,29 0,07 0,08
Sd:c 1,18 6,67 0,25 0,29 0,07 0,08
49

Tabela 10 – Custos exergéticos unitários para o Arranjo I segundo o Modelo E&S


(conclusão)
Custo exergético unitário [kW/kW]
Valor [kW]
Fluxo Subproduto Multiproduto
R134a R1234yf R134a R1234yf R134a R1234yf
PT1 2483,31 2483,31 6,51 6,51 6,89 6,89
PB1 32,44 32,44 6,57 6,57 6,54 6,54
PT2 197,74 197,73 7,35 7,35 2,18 2,16
PB2 18,84 23,83 6,57 6,57 6,54 6,54
Pel 2629,77 2624,77 6,57 6,57 6,54 6,54
QU 1313,07 1313,07 0,97 0,97 1,02 1,02
Fonte: autora.

5.2.3 Modelo H&S: neguentropia como parcela da exergia total

Buscando corrigir as incoerências encontradas no Modelo E&S, aplicou-se o Modelo


H&S, no qual a exergia é avaliada através das parcelas de entalpia e neguentropia de
cada equipamento. A Figura 7 apresenta o diagrama produtivo da planta. As unidades
produtivas que produzem entalpia em cada ciclo (E, B1, T.C. e B2) foram adicionadas
a uma unidade fictícia, junção-bifurcação (JH1+BH1 e JH2+BH2), para serem
direcionadas aos equipamentos que possuem a entalpia como insumo (T1, T.C., T2,
Cond.) e ao produto final (QU). Da mesma forma, as unidades produtivas que
produzem entropia em cada ciclo (T.C. e Cond.) foram adicionadas a uma unidade
fictícia, junção-bifurcação (JS1+BS1 e JS2+BS2), para serem direcionadas aos
equipamentos que possuem a entropia como insumo (E, B1, B2, T1, T2 e Cond.) e ao
produto final do Calor Útil (QU). Também, as unidades produtivas que produzem
potência (T1 e T2), foram adicionadas a uma unidade fictícia, junção-bifurcação
(JP+BP), para serem direcionadas aos equipamentos que possuem a potência como
insumo (B1 e B2) e ao produto final da Potência Elétrica (Pel).

Assim como nos modelos anteriores, os fluxos foram determinados a partir das
Equações 15-16, definindo o sistema de equações de cada estrutura produtiva, real
ou fictícia. Foram descritas 7 equações para unidades reais e 5 equações auxiliares
para o modelo (Tabela 11).
50

Figura 7 – Diagrama produtivo do Arranjo I aplicando o Modelo H&S

Fonte: autora.

Tabela 11 – Equações de custos para o Arranjo I segundo o Modelo H&S


Unidade Produtiva Equação
E k1:6H1:6 – k’1:6S1:6 = kQinQin
B1 k6:5H6:5 – k’6:5S6:5 - kPB1PB1 = 0
T1 kPT1PT1 - k1:2H1:2 - k’2:1S2:1 = 0
T.C. ka:dHa:d + k’3:4S3:4 - k’a:dSa:d - k3:4H3:4 = 0
B2 kd:cHd:c - k’d:cSd:c - kPB2PB2 = 0
T2 kPT2PT2 - ka:bHa:b - k’b:aSb:a = 0
Cond. k’b:cSb:c - kb:cHb:c = 0
JH1 + BH1 k1:2H1:2 + k3:4H3:4 + k7:8H7:8 - k1:6H1:6 - k6:5H6:5 = 0
JS1 + BS1 k’1:6S1:6 + k’6:5S6:5 + k’2:1S2:1 – k’7:8S7:8 - k’3:4S3:4 = 0
JH2 + BH2 ka:bHa:b + kb:cHb:c - ka:dHa:d - kd:cHd:c = 0
JS2 + BS2 k’a:dSa:d + k’d:cSd:c + k’b:aSb:a - k’b:cSb:c = 0
JP + BP kPB1PB1 + kPB2PB2 + kPelPel - kPT1PT1 - kPT2PT2 = 0
Fonte: autora.

Aplicaram-se os critérios e as equações da Tabela 11, obtendo a Tabela 12, na qual


o valor de cada fluxo e de seus respectivos custos exergéticos unitários estão
apresentados. Assim como no Modelo E, todos os custos possuem valor acima da
unidade e o custo da Potência elétrica (Pel) é maior do que o custo do Calor Útil (QU).
Constatou-se ainda que a diferença entre os custos de cada fluxo para os dois critérios
é pequena, como defendido por Santos (2009) em sua tese, garantindo então que,
independentemente do critério a ser utilizado, o Modelo H&S apresenta resultados
51

coerentes com a termodinâmica e com a termoeconomia. Comparando os fluidos, foi


verificado que, utilizando o critério do multiproduto, os custos de Potência Elétrica e
de Calor útil foram os mesmos.

Tabela 12 – Custos exergéticos unitários para o Arranjo I segundo o Modelo H&S


Custo exergético unitário [kW/kW]
Valor [kW]
Fluxo Subproduto Multiproduto
R134a R1234yf R134a R1234yf R134a R1234yf
Qin 18551,25 18551,25 1 1 1 1
H1:2 3315,00 3315,00 3,79 3,78 3,56 3,55
H1:6 14841,00 14841,00 3,58 3,58 3,55 3,55
H3:4 5566,50 5566,50 3,79 3,78 3,56 3,55
H6:5 22,50 22,50 8,48 8,47 8,13 8,13
H7:8 5982,00 5982,00 3,79 3,78 3,56 3,55
Ha:d 4453,63 4453,87 4,43 4,43 4,32 4,32
Ha:b 262,68 261,73 3,79 3,78 4,33 4,33
Hb:c 4204,78 4210,03 3,79 3,78 4,33 4,33
Hd:c 13,83 17,90 7,86 7,29 7,58 7,25
S2:1 286,08 286,08 3,99 3,98 3,93 3,92
S1:6 8685,21 8685,21 3,99 3,98 3,93 3,92
S3:4 4316,53 4316,53 3,99 3,98 4,32 4,32
S6:5 2,98 2,98 3,99 3,98 3,93 3,92
S7:8 4667,35 4667,35 3,99 3,98 3,56 3,55
Sa:d 3978,60 3978,60 3,99 3,98 4,55 4,54
Sb:a 23,54 26,67 3,99 3,98 4,55 4,54
Sb:c 4003,32 3986,42 3,98 4,00 4,55 4,58
Sd:c 1,18 6,67 3,99 3,98 4,55 4,54
PT1 2483,31 2483,31 5,52 5,51 5,20 5,20
PB1 32,44 32,44 5,52 5,51 5,28 5,28
PT2 197,74 197,73 5,51 5,54 6,29 6,34
PB2 18,84 23,83 5,52 5,51 5,28 5,28
Pel 2629,77 2624,77 5,52 5,51 5,28 5,28
Qu 1313,07 1313,07 3,08 3,09 3,56 3,56
Fonte: autora.

5.2.4 Análise comparativa dos modelos aplicados

Na Tabela 13 estão dispostos os custos dos produtos finais – Potência Elétrica (Pel) e
Calor Útil (QU), que são os objetivos principais do método da alocação de custos.
52

Assim como observado, o custo da Potência Elétrica foi maior do que o custo do Calor
Útil em todos os modelos aplicados e em ambos os fluidos. Em especial, verificou-se
que no caso do Modelo E&S, o custo da Potência Elétrica em relação ao custo do
Calor Útil foi, aproximadamente 577% maior, para o critério SP, e 541% maior, para o
critério MP, e que o custo do Calor Útil foi menor do que a unidade no critério do SP,
o que representa incoerência em relação à segunda Lei da Termodinâmica, como já
havia sido afirmado por Santos (2009), que na alocação de custos numa planta de
cogeração, a aplicação do Modelo E&S sobrecarrega o custo da potência em
detrimento ao custo de vapor. Por outro lado, os resultados confirmaram que o melhor
modelo para se aplicar em plantas como essa é o Modelo H&S, com resultados
coerentes e significativos.

Tabela 13 – Custos exergéticos unitários dos produtos finais para o Arranjo I


Custo Exergético Unitário [kW/kW]
Modelo Potência elétrica Calor útil
R134a R1234yf R134a R1234yf
E 5,54 5,55 3,04 3,04
E&S - SP 6,57 6,57 0,97 0,97
E&S - MP 6,54 6,54 1,02 1,02
H&S - SP 5,52 5,51 3,08 3,09
H&S - MP 5,28 5,28 3,56 3,56
Fonte: autora.

Notou-se que, comparando os fluidos utilizados, a maior diferença encontrada foi no


custo do Calor Útil para o Modelo H&S – SP, apresentando um aumento de 0,29% ao
se utilizar o fluido R1234yf ao invés do R134a. Nos outros modelos e critérios
aplicados não houve diferença significativa (de 0 a 0,1%).

Outra forma de representar e comparar os resultados dos custos encontrados é


através do gráfico presente na Figura 8. Para a reta solução, foi considerada a mesma
planta, sem a extração do fluxo para os processos industriais, a fim de se obter o custo
máximo da Potência Elétrica, encontrando um valor de kPel_máx = 6,42 kW/kW, para o
fluido R134a e kPel_máx = 6,45 kW/kW, para o fluido R1234yf. Da mesma forma, foi
considerada uma planta sem produção de potência elétrica, apenas com a extração
do fluxo para os processos industriais, obtendo o custo máximo do Calor Útil, com um
53

valor de kQu_máx = 5,69 kW/kW para ambos os fluidos. Na Figura 8, estão dispostas as
duas retas, sendo a reta contínua do fluido R134a e a reta tracejada do fluido R1234yf.

Foi possível constatar, portanto, que os custos obtidos utilizando o Modelo E&S, para
ambos os critérios do subproduto (SP) e multiproduto (MP) e ambos os fluidos, não
condizem com a reta solução, apresentando resultados fora da mesma, o que
confirmou todo o relato e estudo deste trabalho, de que o Modelo E&S não é viável
para determinação dos custos dos produtos finais, por considerar as parcelas de
neguentropia de forma duplicada.

Nos estudos de Santos (2009), os valores dos custos dos produtos finais, utilizando o
Modelo E&S e o critério do subproduto, foram próximos aos limites da reta solução.
Já nos estudos do Belisario (2012), os valores dos custos dos produtos finais,
utilizando o Modelo E&S, em ambos os critérios, foram incoerentes à reta solução.
Com isso, percebe-se que o Modelo E&S – SP pode apresentar valores aceitáveis
considerando os limites estabelecidos pela produção separada de calor útil e potência
elétrica, a depender das configurações da planta estudada.

Figura 8 – Reta solução dos custos máximos de Calor útil e Potência elétrica, para o
Arranjo I
7
Custo unitário da Potência elétrica [kW/kW]

6,5

5,5

4,5

4
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
Custo unitário do Calor Útil [kW/kW]
Modelo E - R134a Modelo E&S - SP - R134a Modelo E&S - MP - R134a
Modelo H&S - SP - R134a Modelo H&S - MP - R134a Modelo E - R1234yf
Modelo E&S - SP - R1234yf Modelo E&S - MP - R1234yf Modelo H&S - SP - R1234yf

Fonte: autora.
54

Quanto ao Modelo E, a única característica levada em consideração foi quanto aos


equipamentos puramente dissipativos pois, apesar deles, os resultados dos produtos
finais obtidos foram coerentes com a reta solução. No entanto, ao analisar todos os
custos dos fluxos internos determinados, observou-se o elevado custo dos fluxos do
conjunto ao qual o equipamento dissipativo fora acoplado. Sendo assim, o Modelo E
é recomendável apenas para plantas sem equipamentos puramente dissipativos.

Notou-se ainda que, independentemente do critério utilizado, o Modelo H&S é o que


apresentou resultados mais coerentes tanto com os conceitos da termodinâmica
quanto com os conceitos da termoeconomia, o que foi defendido em todo o estudo
realizado.

5.3 ESTRUTURA PRODUTIVA DO ARRANJO II

A definição da estrutura produtiva é uma etapa importante no processo de análise


termoeconômica, por isso, ao invés de definir a estrutura produtiva com uma unidade
fictícia por fluxo para cada ciclo, a proposta da nova estrutura produtiva é que
possuísse apenas uma junção-bifurcação para cada fluxo de exergia, neguentropia e
entalpia. Diante disso, foram aplicados os Modelos E, E&S e H&S, utilizando os fluidos
R134a e R1234yf como fluidos de trabalho do Ciclo Rankine Orgânico.

A aplicação dos modelos foi análoga às análises realizadas anteriormente, alterando


apenas a estrutura produtiva.

5.3.1 Modelo E: exergia total dos fluxos produtivos

A Figura 9 mostra a estrutura produtiva do ciclo binário aplicando o Modelo E.

Por se tratar de exergia, independente do fluido de trabalho, as unidades fictícias


foram determinadas de acordo com o fluxo, ou seja, uma unidade junção-bifurcação
para os fluxos de exergia (JE+BE) e uma unidade junção-bifurcação para os fluxos de
potência elétrica (JP+BP). Os produtos finais foram o calor útil (QU) e a potência
elétrica (Pel) e o único fluxo externo foi a exergia do combustível (Qin).
55

Os fluxos produtivos foram então determinados a partir das equações 08-09,


montando assim o sistema de equações de custo, geradas para cada estrutura
produtiva, real ou fictícia. Mais uma vez, foram definidas 6 equações para unidades
reais e 2 auxiliares, com a diferença na equação da junção-bifurcação de exergia.
Além disso, foi atribuído o valor de kQin = 1, ou seja, o custo do calor de entrada (no
evaporador) como sendo a unidade. A Tabela 14 apresenta as equações.

Figura 9 – Diagrama produtivo do Arranjo II aplicando o Modelo E

Fonte: autora.

Tabela 14 – Equações de custos para o Arranjo II segundo o Modelo E


Unidade Produtiva Equação
E k1:6E1:6 = kQinQin
B1 k6:5E6:5 - kPB1PB1 = 0
T1 kPT1PT1 - k1:2E1:2 = 0
T.C. ka:dEa:d - k3:4E3:4 = 0
B2 kd:cEd:c - kPB2PB2 = 0
T2 + Cond. kPT2PT2 - ka:bEa:b - kb:cEb:c = 0
JE + BE k1:2E1:2 + k3:4E3:4 + kQuQU - k1:6E1:6 - k6:5E6:5 - ka:dEa:d - kd:cEd:c = 0
JP + BP kPB1PB1 + kPB2PB2 + kPelPel - kPT1PT1 - kPT2PT2 = 0
Fonte: autora.

Resolvendo as Equações 15-16, a partir do conjunto de equações presentes na


Tabela 14, foi obtida a Tabela 15, na qual o valor de cada fluxo e de seus respectivos
custos exergéticos unitário estão apresentados, para cada fluido. Todos os custos
possuem valor acima da unidade. Observou-se o custo elevado da potência na
Turbina 2 (PT2), a qual foi alocada junto ao condensador, porém mais suavizado do
que com a estrutura produtiva anterior, que possuía um valor 2,5 vezes acima do custo
da Potência elétrica (Pel), agora com um valor 0,6 vezes acima do custo da Potência
56

Elétrica (Pel). Em destaque estão o custo da Potência elétrica (Pel) e o custo do Calor
Útil (QU), verificando um valor maior para o custo da Potência Elétrica.

Tabela 15 – Custos exergéticos unitários para o Arranjo II segundo o Modelo E

Valor [kW] Custo exergético unitário [kW/kW]


Fluxo
R134a R1234yf R134a R1234yf
Qin 18551,25 18551,25 1 1
E1:2 3599,00 3599,00 3,49 3,48
E1:6 6150,45 6150,45 3,02 3,02
E3:4 1248,90 1248,90 3,49 3,48
E6:5 20,40 20,40 8,45 8,47
Ea:d 473,01 497,06 9,21 8,73
Ea:b 286,57 286,56 3,49 3,48
Eb:c 198,29 225,49 3,49 3,48
Ed:c 11,85 14,99 8,45 8,47
PT1 2483,31 2483,31 5,06 5,04
PB1 32,44 32,44 5,31 5,33
PT2 197,74 197,73 8,55 9,00
PB2 18,84 23,83 5,31 5,33
Pel 2629,77 2624,77 5,31 5,33
QU 1313,07 1313,07 3,49 3,48
Fonte: autora.

5.3.2 Modelo E&S: neguentropia como fluxo fictício

A Figura 10 apresenta a estrutura produtiva da planta para o modelo em questão.


Foram definidas as unidades fictícias para cada fluxo, exergia (JE+BE), neguentropia
(JS+BS) e potência elétrica (JP+BP).

Assim como no Modelo E, os fluxos foram determinados a partir das Equações 15-16,
definindo o sistema de equações de cada estrutura produtiva, real ou fictícia. Foram
descritas 7 equações para unidades reais e 3 equações auxiliares para o modelo
(Tabela 16).
57

Figura 10 – Diagrama produtivo do Arranjo II aplicando o Modelo E&S

Fonte: autora.

Tabela 16 – Equações de custos para o Arranjo II segundo o Modelo E&S


Unidade
Equação
Produtiva
E k1:6E1:6 – k’1:6S1:6 = kQinQin
B1 k6:5E6:5 – k’6:5S6:5 - kPB1PB1 = 0
T1 kPT1PT1 - k1:2E1:2 - k’2:1S2:1 = 0
T.C. ka:dEa:d + k’3:4S3:4 - k’a:dSa:d - k3:4E3:4 = 0
B2 kd:cEd:c - k’d:cSd:c - kPB2PB2 = 0
T2 kPT2PT2 - ka:bEa:b - k’b:aSb:a = 0
Cond. k’b:cSb:c - kb:cEb:c = 0
JE + BE k1:2E1:2 + k3:4E3:4 + k7:8E7:8 + ka:bEa:b + kb:cEb:c - ka:dEa:d - kd:cEd:c - k1:6E1:6 - k6:5E6:5 = 0
JS + BS k’1:6S1:6 + k’6:5S6:5 + k’2:1S2:1 + k’a:dSa:d + k’d:cSd:c + k’b:aSb:a - k’b:cSb:c - k’7:8S7:8 - k’3:4S3:4 = 0
JP + BP kPB1PB1 + kPB2PB2 + kPelPel - kPT1PT1 - kPT2PT2 = 0
Fonte: autora.

Aplicando os critérios de multiproduto e subproduto e as equações da Tabela 16,


obteve-se a Tabela 17, na qual o valor de cada fluxo e de seus respectivos custos
exergéticos unitário estão apresentados. Outra vez, o custo da Potência elétrica (Pel)
é maior do que o custo do Calor Útil (QU) – em destaque. Assim como anteriormente,
em alguns casos, o custo exergético unitário apresentou valor abaixo da unidade, para
ambos os critérios, o que não é coerente no ponto de vista da segunda lei da
termodinâmica.
58

Tabela 17 – Custos exergéticos unitários para o Arranjo II segundo o Modelo E&S


Custo exergético unitário [kW/kW]
Valor [kW]
Fluxo Subproduto Multiproduto
R134a R1234yf R134a R1234yf R134a R1234yf
Qin 18551,25 18551,25 1 1 1 1
E1:2 3599,00 3599,00 3,78 3,81 4,44 4,45
E1:6 6150,45 6150,45 3,28 3,32 4,59 4,60
E3:4 1248,90 1248,90 3,78 3,81 4,44 4,45
E6:5 20,40 20,40 8,77 8,85 10,61 10,63
E7:8 1313,07 1313,07 3,78 3,81 4,44 4,45
Ea:d 473,01 497,06 9,85 9,41 2,08 2,07
Ea:b 286,57 286,56 3,78 3,81 4,44 4,45
Eb:c 198,29 225,49 3,78 3,81 4,44 4,45
Ed:c 11,85 14,99 8,76 8,91 10,55 10,96
S2:1 286,08 286,08 0,19 0,22 1,11 1,12
S1:6 8685,21 8685,21 0,19 0,22 1,11 1,12
S3:4 4316,53 4316,53 0,19 0,22 2,08 2,07
S6:5 2,98 2,98 0,19 0,22 1,11 1,12
S7:8 4667,35 4667,35 0,19 0,22 0,98 0,98
Sa:d 3978,60 3953,09 0,19 0,22 1,11 1,12
Sb:a 23,54 26,67 0,19 0,22 1,11 1,12
Sb:c 4003,32 3986,42 0,19 0,22 0,22 0,25
Sd:c 1,18 6,67 0,19 0,22 1,11 1,12
PT1 2483,31 2483,31 5,50 5,55 6,57 6,58
PB1 32,44 32,44 5,50 5,55 6,57 6,58
PT2 197,74 197,73 5,50 5,55 6,57 6,60
PB2 18,84 23,83 5,50 5,55 6,57 6,58
Pel 2629,77 2624,77 5,50 5,55 6,57 6,58
Qu 1313,07 1313,07 3,11 3,04 0,98 0,98
Fonte: autora.

5.3.3 Modelo H&S: neguentropia como parcela da exergia total

A Figura 11 apresenta a estrutura produtiva da planta. Novamente, foram definidas as


unidades fictícias para cada fluxo, ou seja, uma junção-bifurcação para os fluxos de
entalpia (JH+BH), neguentropia (JS+BS) e potência elétrica (JP+BP).

Assim como nos modelos anteriores, os fluxos foram determinados a partir das
Equações 15-16, definindo o sistema de equações de cada estrutura produtiva, real
ou fictícia. Foram descritas 7 equações para unidades reais e 3 equações auxiliares
para o modelo (Tabela 18).
59

Figura 11 – Diagrama produtivo do Arranjo II aplicando o Modelo H&S

Fonte: autora.

Tabela 18 – Equações de custos para o Arranjo II segundo o Modelo H&S


Unidade
Equação
Produtiva
E k1:6H1:6 – k’1:6S1:6 = kQinQin
B1 k6:5H6:5 – k’6:5S6:5 - kPB1PB1 = 0
T1 kPT1PT1 - k1:2H1:2 - k’2:1S2:1 = 0
T.C. ka:dHa:d + k’3:4S3:4 - k’a:dSa:d - k3:4H3:4 = 0
B2 kd:cHd:c - k’d:cSd:c - kPB2PB2 = 0
T2 kPT2PT2 - ka:bHa:b - k’b:aSb:a = 0
Cond. k’b:cSb:c - kb:cHb:c = 0
JH + BH k1:2H1:2 + k3:4H3:4 + k7:8H7:8 - k1:6H1:6 - k6:5H6:5 + ka:bHa:b + kb:cHb:c - ka:dHa:d - kd:cHd:c = 0
JS + BS k’1:6S1:6 + k’6:5S6:5 + k’2:1S2:1 – k’7:8S7:8 - k’3:4S3:4 + k’a:dSa:d + k’d:cSd:c + k’b:aSb:a - k’b:cSb:c = 0
JP + BP kPB1PB1 + kPB2PB2 + kPelPel - kPT1PT1 - kPT2PT2 = 0
Fonte: autora.

Aplicando os critérios e as equações da Tabela 18, obteve-se a Tabela 19, na qual o


valor de cada fluxo e de seus respectivos custos exergéticos unitários estão
apresentados. Assim como para o Modelo H&S para o Arranjo I, todos os custos
possuem valor acima da unidade e o custo da Potência elétrica (Pel) é maior do que a
o custo do Calor Útil (QU). Observou-se que a diferença entre os custos de cada fluxo,
independente do critério utilizado, é pequena, obtendo valores bem similares.
60

Tabela 19 – Custos exergéticos unitários para o Arranjo II segundo o Modelo H&S


Custo exergético unitário [kW/kW]
Valor [kW]
Fluxo Subproduto Multiproduto
R134a R1234yf R134a R1234yf R134a R1234yf
Qin 18551,25 18551,25 1 1 1 1
H1:2 3315,00 3315,00 3,79 3,79 3,61 3,61
H1:6 14841,00 14841,00 3,58 3,58 3,48 3,48
H3:4 5566,50 5566,50 3,79 3,79 3,61 3,61
H6:5 22,50 22,50 8,48 8,49 8,08 8,09
H7:8 5982,00 5982,00 3,79 3,79 3,61 3,61
Ha:d 4453,63 4453,87 4,43 4,43 4,01 4,02
Ha:b 262,68 261,73 3,79 3,79 3,61 3,61
Hb:c 4204,78 4210,03 3,79 3,79 3,61 3,61
Hd:c 13,83 17,90 7,86 8,84 7,48 8,42
S2:1 286,08 286,08 3,99 3,99 3,80 3,80
S1:6 8685,21 8685,21 3,99 3,99 3,80 3,80
S3:4 4316,53 4316,53 3,99 3,99 4,01 4,02
S6:5 2,98 2,98 3,99 3,99 3,80 3,80
S7:8 4667,35 4667,35 3,99 3,99 3,61 3,61
Sa:d 3978,60 3978,60 3,99 3,99 3,80 3,80
Sb:a 23,54 26,67 3,99 3,99 3,80 3,80
Sb:c 4003,32 3986,42 3,98 4,01 3,79 3,82
Sd:c 1,18 6,67 3,99 3,99 3,80 3,80
PT1 2483,31 2483,31 5,52 5,52 5,25 5,26
PB1 32,44 32,44 5,52 5,52 5,25 5,26
PT2 197,74 197,73 5,51 5,55 5,24 5,29
PB2 18,84 23,83 5,52 5,52 5,25 5,26
Pel 2629,77 2624,77 5,52 5,52 5,25 5,26
QU 1313,07 1313,07 3,08 3,10 3,61 3,61
Fonte: autora.

5.3.4 Análise comparativa dos modelos aplicados

Na Tabela 20, estão dispostos os custos dos produtos finais – Potência Elétrica (Pel)
e Calor Útil (QU) – para cada modelo, que são os objetivos principais do método da
alocação de custos.

Assim como observado ao analisar cada modelo em particular, o custo da Potência


Elétrica foi maior do que o custo do Calor Útil em todos os modelos aplicados. Em
especial, notou-se que, no caso do Modelo E&S, o custo da Potência Elétrica, para o
critério SP foi 77% maior com o fluido R134a e 82% maior com o fluido R1234yf e para
61

o critério MP, 573% maior, com ambos os fluidos. Observou-se também que o custo
do Calor Útil foi menor do que a unidade no critério do MP, o que representa
incoerência em relação à segunda Lei da Termodinâmica. Por outro lado, mais uma
vez os resultados confirmaram que o melhor modelo para se aplicar em plantas como
essa foi o Modelo H&S, com resultados coerentes e significativos e diferença de,
aproximadamente, 46% do custo da Potência Elétrica em relação ao custo do Calor
Útil.

Tabela 20 – Custos exergéticos unitários dos produtos finais utilizando para o Arranjo
II.
Custo Exergético Unitário [kW/kW]
Modelo Potência elétrica Calor útil
R134a R1234yf R134a R1234yf
E 5,31 5,33 3,49 3,48
E&S - SP 5,50 5,55 3,11 3,04
E&S - MP 6,57 6,58 0,98 0,98
H&S - SP 5,52 5,52 3,08 3,10
H&S - MP 5,25 5,26 3,61 3,61
Fonte: autora.

Comparando a utilização dos fluidos distintos, o custo da Potência Elétrica utilizando


o fluido R1234yf foi maior do que o obtido utilizando o fluido R134a, independente do
modelo aplicado. O Modelo E teve diferença de 0,30%, o E&S – SP teve diferença de
0,84%, o E&S – MP de 0,18%, o H&S – SP de 0,07% e o H&S – MP de 0,15%. O
custo do Calor Útil, por outro lado, reduziu em 0,37% no Modelo E e em 2,28% no
Modelo E&S – SP, aumentou em 0,14% no Modelo E&S – MP, 0,45% no H&S – SP e
0,11% no H&S – MP. Com isso, é possível afirmar que o fluido R1234yf é
termoeconomicamente viável para a substituição do fluido R134a para aplicação em
Ciclos Rankine Orgânico, pois apesar de apresentar custos dos produtos finais
superiores, a diferença, em geral, é inferior a 0,5%.

Outra forma de representar e comparar os resultados dos custos encontrados é


através do gráfico presente na Figura 12. Para a reta solução, foi considerada a
mesma planta, sem a extração do fluxo para os processos industriais, a fim de se obter
o custo máximo da Potência Elétrica, encontrando um valor de kPel_máx = 6,42 kW/kW.
Da mesma forma, foi considerada uma planta sem produção de potência elétrica,
62

apenas com a extração do fluxo para os processos industriais, obtendo um valor de


kQu_máx = 5,69 kW/kW para o custo máximo do Calor Útil.

Figura 12 – Reta solução dos custos máximos de Calor útil e Potência elétrica, para o
Arranjo II.
7,00
Custo unitário da Potência elétrica [kW/kW]

6,50

6,00

5,50

5,00

4,50

4,00

3,50
0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 5,50 6,00
Custo unitário do Calor Útil [kW/kW]
Modelo E - R134a Modelo E&S - SP - R134a Modelo E&S - MP - R134a
Modelo H&S - SP - R134a Modelo H&S - MP - R134a Modelo E - R1234yf
Modelo E&S - SP - R1234yf Modelo E&S - MP - R1234yf Modelo H&S - SP - R1234yf
Modelo H&S - MP - R1234yf Máximos - R134a Máximos - R1234yf

Fonte: autora.

Observou-se que os custos obtidos utilizando o Modelo E&S, para o critério do


multiproduto (MP), não condizem com a reta solução, apresentando resultados fora
da mesma, o que confirma todo o relato e estudo deste trabalho, de que o Modelo
E&S não é viável para determinação dos custos dos produtos finais, por considerar as
parcelas de neguentropia de forma duplicada. No entanto, utilizando o critério do
subproduto, os resultados dos custos condizem com a reta solução, mostrando de
forma visual o quanto esse critério consegue mascarar os problemas de
inconsistências encontrados.
63

Quanto ao Modelo E, novamente os resultados dos produtos finais obtidos foram


coerentes com a reta solução e sendo recomendável apenas para plantas sem
equipamentos puramente dissipativos.

Análogo aos resultados obtidos no Arranjo I, a partir do gráfico, nota-se que o Modelo
H&S é o que apresenta resultados mais coerentes, tanto com os conceitos da
termodinâmica quanto com os conceitos da termoeconomia, reafirmando o que foi
defendido em todo o estudo realizado.

5.4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS ARRANJOS I E II

Como discutido, a definição da estrutura produtiva é uma etapa importante no


processo da análise termoeconômica, e, por isso, foi realizada uma análise
comparativa entre as estruturas produtivas definidas, sendo que o Arranjo I leva em
consideração que, para cada ciclo (de alta ou de baixa) haverá uma unidade fictícia,
junção-bifurcação, por fluxo de exergia, entalpia ou neguentropia, enquanto para o
Arranjo II, haverá apenas uma unidade fictícia para o ciclo combinado por fluxo de
exergia, entalpia ou neguentropia.

Como observado em todas as análises comparativas realizadas, o Modelo E&S não é


viável para ambos os fluidos e ambas as estruturas produtivas. Por isso, foi
desconsiderado desta análise.

Na Tabela 21, estão dispostos os resultados finais dos custos exergéticos unitários
obtidos aplicando os Modelos E, H&S – SP e H&S – MP, nas duas estruturas
produtivas e para os dois fluidos de trabalho utilizados no ORC. Para melhor
visualização, a Figura 13 representa graficamente esses resultados.

Observou-se que, utilizando o Modelo E, o custo da Potência Elétrica diminuiu e o


custo do Calor Útil aumentou. Segundo o defendido por Avellar (2018) em sua
dissertação, essa diminuição ou aumento dos produtos finais se deve ao fato de
aumentarem os insumos da junção-bifurcação, porém acredita-se que o motivo seja o
aumento da magnitude dos produtos. Constatou-se que, para o critério do subproduto,
utilizando o fluido R134a, o custo da Potência Elétrica e do Calor Útil não teve
64

alteração, enquanto que, utilizando o fluido R1234yf, o custo da Potência Elétrica


diminuiu e o custo do Calor Útil aumentou. Já no critério do multiproduto, o custo da
Potência Elétrica diminuiu e o custo do Calor Útil aumentou, para ambos os fluidos.
Notou-se ainda que a diferença, adotando a estrutura produtiva II para o critério do
multiproduto, foi relativamente menor, quando comparada aos outros modelos, o que
leva à conclusão de que a Estrutura Produtiva II pode ser adotada para o ciclo
combinado, uma vez que o critério do multiproduto aplicado ao Modelo H&S é a melhor
opção para se realizar análises termoeconômicas.

Tabela 21 – Custos exergéticos unitários dos produtos finais obtidos para os Arranjos
I e II
Arranjo I Arranjo II
Modelo Fluxo
R134a R1234yf R134a R1234yf
Pel 5,54 5,55 5,31 5,33
E
Qu 3,04 3,04 3,49 3,48
Pel 5,52 5,73 5,52 5,52
H&S - SP
Qu 3,08 3,04 3,08 3,10
Pel 5,28 5,28 5,25 5,26
H&S - MP
Qu 3,56 3,56 3,61 3,61
Fonte: autora.

Figura 13 – Gráfico comparativo dos produtos finais para os Arranjos I e II


6,00

5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
Pel Qu Pel Qu Pel Qu
E H&S - SP H&S - MP

Estrutura Produtiva I R134a Estrutura Produtiva I R1234yf


Estrutura Produtiva II R134a Estrutura Produtiva II R1234yf

Fonte: autora.
65

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os ciclos binários têm mostrado resultados favoráveis para sua aplicação em


diferentes situações e o presente trabalho contribuiu de forma a demonstrar como
usinas sucroalcooleiras podem aproveitar o combustível proveniente do bagaço de
cana utilizando ciclos binários. A Termoeconomia, por outro lado, é uma disciplina da
termodinâmica relativamente nova, com novos estudos sendo realizados e novas
visões sendo discutidas. Com este trabalho, pode-se concluir os seguintes pontos:

 A substituição do fluido R134a pelo fluido R1234yf é totalmente válida por


questões ambientais. No entanto, se o objetivo for o aumento da eficiência
térmica, deve-se analisar as condições do ciclo utilizado, uma vez que, se
tratando de um ciclo binário, o ciclo de alta apresenta maior influência na
eficiência. Portanto, a substituição do fluido para esse fim torna-se inviável. Em
questões termoeconômicas, a diferença dos custos obtidos foi menor do que
0,5% para os modelos E e H&S – MP;

 Com o Arranjo I, que define a utilização de uma junção-bifurcação por fluxo de


exergia, entalpia ou neguentropia para cada ciclo (de alta ou de baixa), foram
determinados, em média, 7 equações para unidades reais e 5 equações
auxiliares. Com o Arranjo II, que define a utilização de uma junção-bifurcação
por fluxo de exergia, entalpia ou neguentropia para o ciclo combinado, sem
separação de ciclo de alta ou de baixa, foram determinados, em média, 7
equações para unidades reais e 3 equações auxiliares. Dessa forma, verificou-
se uma redução do tempo de processamento;

 O Modelo E não é a melhor opção para uma análise profunda acerca dos custos
exergéticos do ciclo combinado, uma vez que o mesmo apresenta um
equipamento puramente dissipativo, o condensador. Entretanto, a efeito de
comparação entre os fluidos R134a e R1234yf, foi possível observar que os
custos de potência elétrica aumentaram em torno de 0,30% ao substituir o
R134a pelo R1234yf, ao contrário dos custos do calor útil, que diminuíram em
torno de 0,37% ao realizar a troca de fluidos;
66

 O Modelo E&S foi definido para corrigir o problema do equipamento puramente


dissipativo, porém apresentou outras inconsistências. No caso deste trabalho,
o mesmo foi aplicado apenas para comprovar o que fora defendido em
trabalhos anteriores, para ciclos diferentes. E, ao utilizar o fluido R1234yf, com
o Arranjo II e utilizando o critério do subproduto, foi possível constatar,
visualmente, o defendido por Santos (2009), de que essa regra de atribuição
de custos não é aplicável em qualquer ciclo.

 O Modelo H&S é o modelo mais indicado para a melhor avaliação dos custos
exergéticos dos fluxos presentes no ciclo combinado, principalmente quando
aplicado o critério do multiproduto. Em todos os casos analisados nesse
trabalho, o modelo obteve resultados coerentes com a termodinâmica e com a
termoeconomia.

 A definição da estrutura produtiva do Arranjo II trouxe diferenças entre os


resultados obtidos através da estrutura produtiva do Arranjo I, reafirmando que
sua definição afeta diretamente nos resultados dos custos exergéticos do ciclo.
Porém, ao analisar apenas o Modelo H&S – MP, nota-se que essa diferença é
de, no máximo, 1,46%, o que comprova que a definição do Arranjo II pode ser
utilizada para analisar os custos exergéticos do ciclo combinado.

Com isso, pode-se concluir que o presente estudo foi contribuinte para a evolução da
disciplina em questão, além de abrir caminhos para estudos futuros.
67

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