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SÃO MATEUS-ES
2023
JULIAN CANI BANDEIRA DE JESUS
SÃO MATEUS-ES
2023
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
CDD 22 – 620.1
Emitido em 27/01/2023
Aos meus pais que me deram todo o suporte, apoio e incentivo para realizar um
grande sonho.
Ao Tiago, meu esposo, que sempre foi meu amigo e companheiro e nos momentos
mais difíceis de toda a minha formação, esteve presente ao meu lado, me apoiando
totalmente.
Ao meu orientador, Igor Chaves Belisario, por todo conhecimento transmitido, toda
cobrança realizada e orientação passada nesse período.
Aos meus amigos de faculdade, que foram muito importantes para a minha
caminhada. Obrigada por compartilhar comigo muitos momentos de alegria, amo
todos vocês.
A todo o corpo docente por, de alguma forma, contribuírem para a minha formação e
realização desse trabalho.
(Albert Einstein)
RESUMO
Organic Rankine Cycles (ORC) are characterized by low efficiency and low work
output due to the low pressure and temperature operating range. Therefore, they are
usually presented using a heatsink from another process as their heat addition; thus,
they are seen as a promising alternative to take advantage of the heat rejection of the
conventional Rankine cycle. This configuration can be classified as Binary Cycle. This
work proposes to carry out a thermoeconomic analysis in a Binary Cycle of an energy
cogeneration plant, in order to verify the exergy costs of the final products of the system
(electric power and useful process heat). In the Binary Cycle to be used, the heat
source of the Conventional Rankine Cycle will come from the sugarcane bagasse
biomass, while the ORC will receive the heat rejected by this Conventional Rankine
Cycle. The working fluid will be selected considering mainly the Global Warming
Potential (GWP) and the Ozone Depletion Potential (ODP). The concepts that underlie
the proposed analysis are those of the thermodynamic approach, performing a first
and second law analysis. From this, the thermoeconomic analysis was carried out
considering the cost allocation method, determining the productive diagram and using
the different E, E&S and H&S models. The obtained results were analyzed considering
the studied thermodynamic approach, allowing the calculation of plant performance
indicators. Among the applied models, the E&S Model presented inconsistencies in
relation to the 2nd Law of Thermodynamics. Models E and H&S were the ones that
presented the most satisfactory results for the thermoeconomic evaluation, with Model
E limited only to the evaluation of purely dissipative equipment. The R1234yf fluid
showed favorable results for the replacement of the R134a fluid. Regarding the
production diagram, the costs presented different results depending on the way they
were defined.
𝑄̇ Taxa de calor
𝑊̇ Taxa de trabalho
𝑚̇ Vazão mássica de entrada
ℎ Entalpia de entrada
𝑉 Velocidade de entrada do fluido
𝑔 Aceleração da gravidade
𝑧 Altura deslocada do fluido (entrada)
𝑚̇ Vazão mássica de saída
ℎ Entalpia de saída
𝑉 Velocidade de saída do fluido
𝑧 Altura deslocada do fluido (saída)
𝜂 Eficiência
𝑃̇ Potência do Ciclo Rankine Convencional
𝑃̇ Potência do Ciclo Rankine Orgânico
𝑄̇ Calor adicionado à caldeira
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS .............................................................................................. 15
1.1.1 Objetivo geral .......................................................................................... 15
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................. 16
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................. 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 17
2.1 CICLO RANKINE ...................................................................................... 17
2.2 CICLO RANKINE ORGÂNICO ................................................................. 18
2.3 CICLO BINÁRIO DE COGERAÇÃO ......................................................... 19
2.4 BIOMASSA E BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR .................................... 20
2.5 PODER CALORÍFICO .............................................................................. 20
2.6 EXERGIA .................................................................................................. 21
2.7 HISTÓRICO DA TERMOECONOMIA ....................................................... 22
2.8 DESAGREGAÇÃO DA EXERGIA: NEGUENTROPIA .............................. 24
2.9 CUSTO, INSUMO E PRODUTO ............................................................... 24
2.10 ESTRUTURA PRODUTIVA E DIAGRAMA PRODUTIVO ........................ 25
2.11 MODELOS TERMOECONÔMICOS ......................................................... 26
2.11.1 Modelo E .................................................................................................. 27
2.11.2 Modelo E&S ............................................................................................. 27
2.11.3 Modelo H&S ............................................................................................. 28
2.11.4 Equações auxiliares ............................................................................... 28
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 29
3.1 ANÁLISE TERMODINÂMICA DE CICLO BINÁRIO .................................. 29
3.2 ENERGIA DA BIOMASSA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR .......... 30
3.3 SELEÇÃO DO FLUIDO DE TRABALHO .................................................. 31
3.4 ANÁLISE TERMOECONÔMICA DE PLANTAS DISTINTAS .................... 32
4 METODOLOGIA ....................................................................................... 35
4.1 MODELAGEM TERMODINÂMICA ........................................................... 35
4.2 MODELAGEM TERMOECONÂMICA ....................................................... 39
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 42
5.1 MODELAGEM TERMODINÂMICA ........................................................... 42
5.2 ESTRUTURA PRODUTIVA DO ARRANJO I ............................................ 43
5.2.1 Modelo E: exergia total dos fluxos produtivos .................................... 43
5.2.2 Modelo E&S: neguentropia como fluxo fictício ................................... 46
5.2.3 Modelo H&S: neguentropia como parcela da exergia total ................. 49
5.2.4 Análise comparativa dos modelos aplicados ...................................... 51
5.3 ESTRUTURA PRODUTIVA DO ARRANJO II ........................................... 54
5.3.1 Modelo E: exergia total dos fluxos produtivos .................................... 54
5.3.2 Modelo E&S: neguentropia como fluxo fictício ................................... 56
5.3.3 Modelo H&S: neguentropia como parcela da exergia total ................. 58
5.3.4 Análise comparativa dos modelos aplicados ...................................... 60
5.4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS ARRANJOS I E II ........................ 63
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 65
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 67
14
1 INTRODUÇÃO
Tem crescido, no Brasil, o calor rejeitado disponível para recuperação e, com isso, há
necessidade de se avaliar o custo da energia gerada a partir dele. A Termoeconomia,
portanto, possui grande importância, por ser uma disciplina capaz de determinar
aspectos importantes que não são descritos em uma análise comum, como os custos
exergéticos de uma planta industrial.
1.1 OBJETIVOS
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Moran e outros (2013), o ciclo Rankine se trata de uma máquina térmica a
vapor, a qual utiliza a energia fornecida por um combustível para um fluido de trabalho,
como a água, para alimentar uma turbina, expandindo sua pressão, para então ser
condensado e posteriormente bombeado, retornando à pressão inicial, gerando
potência elétrica e/ou calor de processos industriais. Ou seja, é constituído baseado
nos quatro processos térmicos: evaporação, expansão, condensação e compressão,
obtido através dos equipamentos básicos: caldeira (ou evaporador), turbina,
condensador e bomba, respectivamente, como demonstra o esquema representado
na Figura 1.
Em síntese, o ciclo Rankine orgânico (ORC, do inglês Organic Rankine Cycle), possui
o mesmo conceito que o ciclo Rankine convencional supracitado. A sua diferença
encontra-se no fluido de trabalho, pois este utiliza compostos orgânicos que possuem
baixo ponto de evaporação, de forma que a temperatura de ebulição seja menor que
a da água, tornando, assim, possível a geração de potência em menores temperaturas
e pressões (QUOILIN et al., 2012).
Em relação aos fluidos orgânicos, existem diversos que são muito utilizados em
ORC’s, podendo classificá-los em três grupos e a Figura 2 representa tal classificação:
Segundo Roy e outros (2010), os fluidos úmidos formam gotículas nos estágios finais
do dispositivo expansor, o que requer o superaquecimento do fluido, para se evitar
danos ao equipamento. Os fluidos secos permanecem superaquecidos mesmo depois
19
O ciclo binário consiste em aproveitar parte da energia dissipada por um ciclo de alta
temperatura (ou ciclo superior) fornecendo o calor necessário a um ciclo de baixa
temperatura (ou ciclo inferior). Dessa forma, o condensador do ciclo superior opera
como a caldeira do ciclo inferior (ÇENGEL; BOLES, 2007).
O ORC pode ser considerado uma das melhores opções para o aproveitamento de
rejeitos a baixas e médias temperaturas, devido ao fato de possuir pouca
complexidade no sistema. Dessa forma, o ORC tem sido aplicado diretamente ao ciclo
binário como ciclo de baixa de forma eficiente (OLIVEIRA NETO, 2016).
20
O poder calorífico pode ser definido como a quantidade de energia na forma de calor
liberada pela combustão de uma unidade de massa do combustível e divide-se em
superior e inferior (JARA, 1989).
2.6 EXERGIA
Dessa forma, é possível concluir através dos estudos e definições que a exergia está
diretamente ligada a um ambiente de referência. Ou seja, quanto mais afastado o
estado de um fluxo de trabalho estiver do estado em que o ambiente se encontra,
maior será o trabalho que poderá ser obtido em um processo de conversão reversível.
Para a análise, um modelo de referência deve ser adotado o mais próximo possível
do ambiente físico real onde cada elemento químico possui uma substância de
referência padrão para o cálculo de exergia, de forma que o ar atmosférico seria
composto por substâncias de referência e sua exergia seria nula (SZARGUT et al.,
1988).
22
Ainda que o problema CGAM não tenha atingido seu objetivo principal, outros
pesquisadores analisaram as principais metodologias em um sistema semelhante,
para calcular os custos dos fluxos internos e produtos finais. Estas análises foram
importantes para definir as particularidades de cada conceito. Dessa forma, Cerqueira
23
(1999) pôde concluir que o custo final não depende da metodologia, mas da forma
como se define a estrutura produtiva do sistema.
Em 2000, muitas questões ainda estavam em aberto, pois não havia uma unificação
total das metodologias existentes. Especialmente a questão dos equipamentos
puramente dissipativos, por não haver concordância ao definir um produto para tais,
em termos de exergia total, conhecido como Modelo E (BELISARIO, 2012).
Após a análise das falhas encontradas no Modelo E&S, Santos (2009) propõe uma
nova abordagem que alia os benefícios da utilização do neguentropia juntamente com
os fluxos de entalpia (Modelo H&S), desagregando assim a exergia física dos
equipamentos. Deste modo, as inconsistências, limitações e arbitrariedades do
Modelo E&S foram resolvidas no Modelo H&S, com relação aos equipamentos
dissipativos. A partir de então, foram propostos novos modelos para a avaliação dos
custos presentes em uma planta, a fim de resolver arbitrariedades encontradas nos
modelos já existentes, como o modelo de desagregação da exergia total em exergia
térmica, mecânica e química, estudado por Faria (2014) e Santos e outros (2016) e o
modelo UFS, proposto por Lourenço (2012).
24
𝑆 = − 𝑇 ∙ 𝑚̇ ∙ 𝑠 (01)
Dessa forma, foi possível definir um produto aos equipamentos dissipativos, sendo
utilizado como fluxo fictício em alguns modelos, ou como parcela da exergia física em
outros modelos (SANTOS, 2009).
𝐸: =𝐸 −𝐸 (02)
necessário para produzir uma unidade deste fluxo. Para obter todos os custos
exergéticos unitários dos fluxos internos (𝑖) em termoeconomia, é formulado um
balanço de equações de custos em cada equipamento, assumindo-se que o custo
exergético unitário do combustível consumido pela planta é igual à unidade, como
representado na Equação 03 (SANTOS, 2009).
(𝐸 : 𝑘 : ) = 0 (03)
produtivos e não mais fluxos físicos. Dessa forma, o diagrama é montado de acordo
com a função produtiva de cada equipamento, dispensando assim a representação
por meio de tabelas (SANTOS, 2009).
Fonte: autora.
Com isso, a diferença entre os modelos está no tipo de fluxo produtivo utilizado –
exergia, entalpia ou neguentropia, como nos Modelos E, E&S e H&S citados
anteriormente.
2.11.1 Modelo E
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Leal (2018), por outro lado, utilizou o ciclo binário em seu estudo de uma planta híbrida
de usina geotérmica e energia solar térmica. Seu objetivo foi avaliar a melhor
configuração para essa integração, utilizando 4 configurações distintas. Como
resultado, a melhor configuração alcançou um aumento de 276% da geração total.
Muñoz (2013) utilizou o ciclo binário, sendo o ciclo de baixa um Rankine Orgânico
(ORC), para determinar a melhor geração renovável. Os fluidos utilizados foram o
R134a e o n-pentanto, para a energia geotérmica, o R600 e o benzeno, para a energia
solar, e o ciclopentano e o octametiltetrassiloxano para a energia proveniente da
biomassa. Como resultado, a biomassa apresentou maior rendimento, de 15,4%,
seguida da energia solar, de 10%, e da geotérmica, de 5,9%. Apesar do resultado de
rendimento ser mais vantajoso para a biomassa, o autor concluiu que se trata de uma
determinação com elevada complexidade, devido ao fato de cada fonte apresentar
diferentes vantagens e desvantagens.
Gennari Barría (2022) avaliou a viabilidade técnica da cogeração geotérmica com ciclo
binário na cidade de Puyuhuapi, Chile. Utilizando o fluido R134a como fluido de
trabalho do ORC no ciclo binário, foi possível verificar a possibilidade de cogeração,
através do calor produzido pelo condensador, conseguindo secar 2876 m³ de lenha
anualmente. Economicamente, o projeto consegue gerar um valor presente líquido de
1476,60 milhões de pesos chilenos.
Já no trabalho realizado por Ariedi Junior e Miranda (2013), o objetivo foi determinar
a energia proveniente da combustão do bagaço de cana-de-açúcar, verificar a
autossuficiência energética e carbono neutro. Como resultado, a energia transformada
representa 30% do potencial de cogeração, a expansão do modelo de cogeração para
outras usinas poderia atenuar o risco de blecaute do fornecimento de energia elétrica
na região Nordeste do Estado de São Paulo e o sistema de cogeração é neutro em
emissão de gases do efeito estufa.
Quoilin e outros (2013) afirmam que os fluidos secos são preferenciais aos ORC’s
devido ao fato de não ser necessário o superaquecimento do fluido. Apesar de
existirem diversos estudos realizados a fim de se determinar o melhor fluido de
trabalho para ORC, não se pode especificar apenas um, uma vez que cada aplicação
requer parâmetros diferentes, o que acarreta em diferentes resultados para cada
fluido.
32
Um modelo para se determinar o fluido ótimo para uma aplicação definida foi proposto
por Quoilin e outros (2012), no qual os parâmetros do ciclo são definidos de acordo
com a necessidade e os fluidos são estudados buscando melhores valores de
desempenho.
A termoeconomia tem se expandido cada vez mais, com novos estudos, plantas
diversas e sempre complementando estudos anteriores. Um bom exemplo é o caso
do estudo realizado por Santos (2009), no qual foi defendido o uso da neguentropia
como parcela da exergia física para resolver problemas encontrados em outros
modelos. Como resultado, o estudo mostrou vantagens que a utilização da
neguentropia oferece na alocação de custos, evitando inconsistências, arbitrariedades
e inaplicabilidades.
Após o defendido por Santos (2009), Belisario (2012) realizou uma análise
termoeconômica de uma central de cogeração operando em ciclo rankine, com três
aquecedores regenerativos de alimentação fechados e um aberto, cuja função era
33
Modesto e Nebra (2006) analisaram um ciclo combinado composto por duas turbinas
a gás, dois geradores de vapor de recuperação de calor (HRSGs) e uma turbina a
vapor como um sistema proposto para a geração de energia para a Companhia
Siderúrgica Tubarão. No diagrama produtivo adotado, ainda obedecendo a teoria
estrutural do custo exergético, não há diferença no tratamento entre os subsistemas
dos ciclos a gás e vapor, ou seja, utiliza-se apenas um par de junção e bifurcação.
Por outro lado, Colombo (2016) comparou a alocação dos custos de um sistema de
cogeração com turbina a gás regenerativa, intercooler e queima suplementar quando
o custo da exergia adicional é distribuído entre a potência e o calor, e quando o custo
da exergia adicional é alocado integralmente no calor. O diagrama produtivo foi
construído criando junções e bifurcações distintas por ciclo.
4 METODOLOGIA
Para se obter o Poder Calorífico Inferior (PCI) em base úmida, utiliza-se a Equação
05, conhecida como equação de Mendeliev, na qual 𝑊 é a umidade do bagaço de
cana. Entretanto, como a composição presente na Tabela 2 se encontra na base seca,
deve-se realizar a conversão para a base úmida, que segundo Teixeira e Lora (2004),
deve ser realizada a partir da Equação 06.
𝑄 = 𝑐 ∙ (𝑇 − 𝑇 ) + 𝑚 ∙ 𝑐 + 𝑊 ∙𝑐 ∙ (𝑇 − 𝑇 ) + 𝑃𝐶𝑆 (07)
Uma vez obtidos os valores acima descritos, o próximo passo consiste na modelagem
da planta de cogeração. O vapor d’água superaquecido entra na turbina com uma
vazão mássica de 18 ton/h, 40 bar e 440 °C e se expande até a pressão de 1,5 bar.
Então, metade da vazão é retirada para aquecimento em um processo industrial e a
outra metade segue para o trocador de calor, o qual tem o papel do condensador no
ciclo a vapor e do evaporador no ciclo orgânico. O vapor condensado sai do trocador
como líquido saturado a 1 bar, devido às perdas de carga, e é combinado ao fluxo que
retorna do processo industrial a 1 bar e 60 °C. Na sequência, a mistura dos fluxos
oriundos do processo e do trocador de calor é bombeada até a pressão da caldeira.
No ciclo orgânico, o fluido entra na turbina a 16 bar e 100 °C e sai do condensador
como líquido saturado a 9 bar. A Figura 4 representa a estrutura física da planta de
cogeração a ser estudada.
𝑑𝐸 𝑉 𝑉
= 𝑄̇ – 𝑊̇ + 𝑚̇ ∙ (ℎ + + 𝑔∙𝑧 )– 𝑚̇ ∙ (ℎ + + 𝑔∙𝑧 ) (10)
𝑑𝑡 2 2
𝑃̇ + 𝑃̇
𝜂 = (11)
𝑄̇
39
𝑃̇ + 𝑃̇ + 𝑄̇
𝜂 = (12)
𝑄̇
𝑑𝑆 𝑄̇
= + 𝑚̇ ∙ 𝑠 − 𝑚̇ ∙ 𝑠 + 𝜎̇ (13)
𝑑𝑡 𝑇
𝑒 = (ℎ − ℎ ) − 𝑇 ∙ (s − 𝑠 ) (14)
termos de variação de dois fluxos físicos, Equação 16, que considera a estrutura física
do ciclo. Além disso, foi atribuído o valor de kQin = 1, ou seja, o custo do calor de
entrada (na caldeira) como sendo a unidade, assim como adotado por Cerqueira
(1999) e utilizado posteriormente por Santos (2009), Belisario (2012), Lourenço
(2012), Faria (2014) entre outros autores.
(𝑌 : ∙ 𝑘) - (𝑌 : ∙ 𝑘) = 0 (15)
𝑌: = 𝑌 − 𝑌 (16)
Somente equações dos equipamentos físicos do ciclo não são suficientes para
determinar os custos, por isso foram utilizadas equações auxiliares, provenientes de
elementos fictícios, chamados de junções e bifurcações. Tais elementos são definidos
na estrutura produtiva, levando em consideração produtos e insumos de cada
equipamento. Para se definir as equações auxiliares, foram utilizados os critérios do
multiproduto e do subproduto, para os modelos E&S e H&S. O critério do subproduto
é, fundamentalmente, utilizado no Modelo E&S, porém foi utilizado também no Modelo
H&S para análise comparativa dos critérios. Da mesma forma para o critério do
multiproduto, utilizado costumeiramente no Modelo H&S, também foi utilizado no
Modelo E&S para análise comparativa.
mesma planta, sem a extração do fluxo para os processos industriais, a fim de se obter
o custo máximo da Potência Elétrica. Da mesma forma, foi considerada uma planta
sem produção de potência elétrica, apenas com a extração do fluxo para os processos
industriais, obtendo o custo máximo do Calor Útil.
Por fim, foram comparados os resultados dos custos dos produtos finais para cada
fluido e também para cada arranjo adotado.
42
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Fonte: autora.
As unidades produtivas que somente produzem exergia em cada ciclo (E, B1 e B2),
assim como o trocador de calor (T.C.) que tanto aumenta quanto diminui a exergia do
fluido de trabalho, estão dispostos ao lado esquerdo. De forma similar, os
equipamentos que consomem exergia em cada ciclo (T1 e T2+Cond.) estão dispostos
ao lado direito.
Por se tratarem de fluidos de trabalhos distintos em cada ciclo (água no ciclo de alta
e fluido refrigerante no ciclo de baixa), as unidades fictícias também foram
determinadas de forma distinta. Dessa forma, os fluxos produtivos dos equipamentos
que aumentam a exergia do ciclo de alta se unem a uma junção (JE1) e são distribuídos
através de uma bifurcação (BE1). Analogamente, os fluxos produtivos dos
equipamentos que aumentam a exergia do ciclo de baixa se unem a uma junção (JE2)
e são distribuídos através de uma bifurcação (BE2), para posteriormente serem
direcionados ao conjunto T2+Cond. Além dos fluxos internos de exergia do fluido de
trabalho, estão presentes na planta os fluxos de potência elétrica (PB1, PB2, PT1, PT2),
os quais são unidos e distribuídos através da unidade fictícia junção-bifurcação
(JP+BP). Os produtos finais são o calor útil (QU) e a potência elétrica (Pel), e o único
fluxo externo é a exergia do combustível (Qin).
45
Como apontado por Santos (2009), Belisario (2012), Faria (2014), entre outros, o
condensador foi alocado junto à turbina 2, devido ao fato de o mesmo não apresentar
um produto definido em termos de exergia, o que tornaria o modelo ineficiente, pois
impossibilitaria a análise do processo de formação de custo do condensador como
uma unidade separada. Além disso, Santos e outros (2016) afirmam que o
condensador ajuda a turbina produzindo vácuo, permitindo um processo de expansão
adicional e, portanto, aumentando a produção de energia.
o ideal para plantas com equipamentos puramente dissipativos, por não ser possível
obter os custos presentes nos mesmos. Observa-se por isso, o custo elevado da
potência na Turbina 2 (PT2), a qual foi alocada junto ao condensador, com um valor
3,6 vezes acima do custo da Potência elétrica (Pel). Em destaque estão o custo da
Potência elétrica (Pel) e o custo do Calor Útil (QU), verificando-se um valor maior para
o custo da Potência Elétrica. Nota-se que, comparando os fluidos de trabalho
utilizados, a diferença dos custos da Potência elétrica foi mínima, de 0,18% e os
custos do Calor útil foram os mesmos.
final do Calor Útil (QU). Da mesma forma, as unidades produtivas que produzem
entropia em cada ciclo (QU, T.C. e Cond.) foram adicionadas a uma unidade fictícia,
junção-bifurcação (JS1+BS1 e JS2+BS2), para serem direcionadas às unidades
produtivas que possuem a entropia como insumo (E, B1, B2, T1, T2 e Cond.). Também,
as unidades produtivas que produzem potência (T1 e T2), foram adicionadas a uma
unidade fictícia, junção-bifurcação (JP+BP), para serem direcionadas às unidades
produtivas que possuem a potência como insumo (B1 e B2) e ao produto final da
Potência Elétrica (Pel).
Fonte: autora.
Assim como no Modelo E, os fluxos foram determinados a partir das Equações 15-16,
definindo o sistema de equações de cada unidade produtiva, real ou fictícia. Foram
descritas 7 equações para unidades reais e 5 equações auxiliares para o modelo
(Tabela 9).
de vista da segunda lei da termodinâmica, uma vez que isso significaria uma eficiência
energética acima de 100%. Como dito por Santos (2009), este modelo favorece os
equipamentos que produzem neguentropia e penaliza os que a têm como insumo.
Assim como nos modelos anteriores, os fluxos foram determinados a partir das
Equações 15-16, definindo o sistema de equações de cada estrutura produtiva, real
ou fictícia. Foram descritas 7 equações para unidades reais e 5 equações auxiliares
para o modelo (Tabela 11).
50
Fonte: autora.
Na Tabela 13 estão dispostos os custos dos produtos finais – Potência Elétrica (Pel) e
Calor Útil (QU), que são os objetivos principais do método da alocação de custos.
52
Assim como observado, o custo da Potência Elétrica foi maior do que o custo do Calor
Útil em todos os modelos aplicados e em ambos os fluidos. Em especial, verificou-se
que no caso do Modelo E&S, o custo da Potência Elétrica em relação ao custo do
Calor Útil foi, aproximadamente 577% maior, para o critério SP, e 541% maior, para o
critério MP, e que o custo do Calor Útil foi menor do que a unidade no critério do SP,
o que representa incoerência em relação à segunda Lei da Termodinâmica, como já
havia sido afirmado por Santos (2009), que na alocação de custos numa planta de
cogeração, a aplicação do Modelo E&S sobrecarrega o custo da potência em
detrimento ao custo de vapor. Por outro lado, os resultados confirmaram que o melhor
modelo para se aplicar em plantas como essa é o Modelo H&S, com resultados
coerentes e significativos.
valor de kQu_máx = 5,69 kW/kW para ambos os fluidos. Na Figura 8, estão dispostas as
duas retas, sendo a reta contínua do fluido R134a e a reta tracejada do fluido R1234yf.
Foi possível constatar, portanto, que os custos obtidos utilizando o Modelo E&S, para
ambos os critérios do subproduto (SP) e multiproduto (MP) e ambos os fluidos, não
condizem com a reta solução, apresentando resultados fora da mesma, o que
confirmou todo o relato e estudo deste trabalho, de que o Modelo E&S não é viável
para determinação dos custos dos produtos finais, por considerar as parcelas de
neguentropia de forma duplicada.
Nos estudos de Santos (2009), os valores dos custos dos produtos finais, utilizando o
Modelo E&S e o critério do subproduto, foram próximos aos limites da reta solução.
Já nos estudos do Belisario (2012), os valores dos custos dos produtos finais,
utilizando o Modelo E&S, em ambos os critérios, foram incoerentes à reta solução.
Com isso, percebe-se que o Modelo E&S – SP pode apresentar valores aceitáveis
considerando os limites estabelecidos pela produção separada de calor útil e potência
elétrica, a depender das configurações da planta estudada.
Figura 8 – Reta solução dos custos máximos de Calor útil e Potência elétrica, para o
Arranjo I
7
Custo unitário da Potência elétrica [kW/kW]
6,5
5,5
4,5
4
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
Custo unitário do Calor Útil [kW/kW]
Modelo E - R134a Modelo E&S - SP - R134a Modelo E&S - MP - R134a
Modelo H&S - SP - R134a Modelo H&S - MP - R134a Modelo E - R1234yf
Modelo E&S - SP - R1234yf Modelo E&S - MP - R1234yf Modelo H&S - SP - R1234yf
Fonte: autora.
54
Fonte: autora.
Elétrica (Pel). Em destaque estão o custo da Potência elétrica (Pel) e o custo do Calor
Útil (QU), verificando um valor maior para o custo da Potência Elétrica.
Assim como no Modelo E, os fluxos foram determinados a partir das Equações 15-16,
definindo o sistema de equações de cada estrutura produtiva, real ou fictícia. Foram
descritas 7 equações para unidades reais e 3 equações auxiliares para o modelo
(Tabela 16).
57
Fonte: autora.
Assim como nos modelos anteriores, os fluxos foram determinados a partir das
Equações 15-16, definindo o sistema de equações de cada estrutura produtiva, real
ou fictícia. Foram descritas 7 equações para unidades reais e 3 equações auxiliares
para o modelo (Tabela 18).
59
Fonte: autora.
Na Tabela 20, estão dispostos os custos dos produtos finais – Potência Elétrica (Pel)
e Calor Útil (QU) – para cada modelo, que são os objetivos principais do método da
alocação de custos.
o critério MP, 573% maior, com ambos os fluidos. Observou-se também que o custo
do Calor Útil foi menor do que a unidade no critério do MP, o que representa
incoerência em relação à segunda Lei da Termodinâmica. Por outro lado, mais uma
vez os resultados confirmaram que o melhor modelo para se aplicar em plantas como
essa foi o Modelo H&S, com resultados coerentes e significativos e diferença de,
aproximadamente, 46% do custo da Potência Elétrica em relação ao custo do Calor
Útil.
Tabela 20 – Custos exergéticos unitários dos produtos finais utilizando para o Arranjo
II.
Custo Exergético Unitário [kW/kW]
Modelo Potência elétrica Calor útil
R134a R1234yf R134a R1234yf
E 5,31 5,33 3,49 3,48
E&S - SP 5,50 5,55 3,11 3,04
E&S - MP 6,57 6,58 0,98 0,98
H&S - SP 5,52 5,52 3,08 3,10
H&S - MP 5,25 5,26 3,61 3,61
Fonte: autora.
Figura 12 – Reta solução dos custos máximos de Calor útil e Potência elétrica, para o
Arranjo II.
7,00
Custo unitário da Potência elétrica [kW/kW]
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 5,50 6,00
Custo unitário do Calor Útil [kW/kW]
Modelo E - R134a Modelo E&S - SP - R134a Modelo E&S - MP - R134a
Modelo H&S - SP - R134a Modelo H&S - MP - R134a Modelo E - R1234yf
Modelo E&S - SP - R1234yf Modelo E&S - MP - R1234yf Modelo H&S - SP - R1234yf
Modelo H&S - MP - R1234yf Máximos - R134a Máximos - R1234yf
Fonte: autora.
Análogo aos resultados obtidos no Arranjo I, a partir do gráfico, nota-se que o Modelo
H&S é o que apresenta resultados mais coerentes, tanto com os conceitos da
termodinâmica quanto com os conceitos da termoeconomia, reafirmando o que foi
defendido em todo o estudo realizado.
Na Tabela 21, estão dispostos os resultados finais dos custos exergéticos unitários
obtidos aplicando os Modelos E, H&S – SP e H&S – MP, nas duas estruturas
produtivas e para os dois fluidos de trabalho utilizados no ORC. Para melhor
visualização, a Figura 13 representa graficamente esses resultados.
Tabela 21 – Custos exergéticos unitários dos produtos finais obtidos para os Arranjos
I e II
Arranjo I Arranjo II
Modelo Fluxo
R134a R1234yf R134a R1234yf
Pel 5,54 5,55 5,31 5,33
E
Qu 3,04 3,04 3,49 3,48
Pel 5,52 5,73 5,52 5,52
H&S - SP
Qu 3,08 3,04 3,08 3,10
Pel 5,28 5,28 5,25 5,26
H&S - MP
Qu 3,56 3,56 3,61 3,61
Fonte: autora.
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Pel Qu Pel Qu Pel Qu
E H&S - SP H&S - MP
Fonte: autora.
65
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Modelo E não é a melhor opção para uma análise profunda acerca dos custos
exergéticos do ciclo combinado, uma vez que o mesmo apresenta um
equipamento puramente dissipativo, o condensador. Entretanto, a efeito de
comparação entre os fluidos R134a e R1234yf, foi possível observar que os
custos de potência elétrica aumentaram em torno de 0,30% ao substituir o
R134a pelo R1234yf, ao contrário dos custos do calor útil, que diminuíram em
torno de 0,37% ao realizar a troca de fluidos;
66
O Modelo H&S é o modelo mais indicado para a melhor avaliação dos custos
exergéticos dos fluxos presentes no ciclo combinado, principalmente quando
aplicado o critério do multiproduto. Em todos os casos analisados nesse
trabalho, o modelo obteve resultados coerentes com a termodinâmica e com a
termoeconomia.
Com isso, pode-se concluir que o presente estudo foi contribuinte para a evolução da
disciplina em questão, além de abrir caminhos para estudos futuros.
67
REFERÊNCIAS
QUOILIN, Sylvain. et al. Working fluid selection and operating maps for Organic
Rankine Cycle expansion machines. International Compressor Engineering
Conference, p. 1–10, 2012. Disponível em:
https://orbi.uliege.be/bitstream/2268/128663/1/Purdue%20Paper%20SQ120416.pdf.
Acesso em: 16 set. 2019.
SANTOS, José Joaquim Conceição Soares et al. On the productive structure for the
residues cost allocation in a gas turbine cogeneration plant. ECOS 2008, Cracow,
Poland, v. 2, p. 641-648, 2008b.
VÉLEZ, Fredy et al. A technical, economical and market review of organic Rankine
cycles for the conversion of low-grade heat for power generation. Renewable And
Sustainable Energy Reviews, [s.l.], v. 16, n. 6, p.4175-4189, ago. 2012. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2012.03.022. Acesso em: 09 set. 2019.