Você está na página 1de 100

5

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO


CAMPUS SÃO MATEUS
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

LUÍSA COLOMBO DIAS

ANÁLISE TERMOECONÔMICA DE UM CICLO RANKINE COGERATIVO


INTEGRADO A UM CICLO DE CAPTAÇÃO DE ENERGIA SOLAR NO MUNICÍPIO
SÃO MATEUS-ES

SÃO MATEUS-ES
2020
6

LUÍSA COLOMBO DIAS

ANÁLISE TERMOECONÔMICA DE UM CICLO RANKINE COGERATIVO


INTEGRADO A UM CICLO DE CAPTAÇÃO DE ENERGIA SOLAR NO MUNICÍPIO
SÃO MATEUS-ES

Monografia apresentada à Coordenadoria do Curso


de Engenharia Mecânica do Instituto Federal do
Espírito Santo, campus São Mateus, como requisito
para a obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Felipe Costa Novo Malheiros.

SÃO MATEUS-ES
2020
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Bibliotecária responsável Sheila Guimarães Martins CRB6-ES 671

D541a Dias, Luísa Colombo, 1993-

Análise termoeconômica de um ciclo Rankine cogerativo integrado a


um ciclo de captação de energia solar no município São Mateus-es / Luísa
Colombo Dias.-- 2020.

97 f. : il. ; 30 cm.

Orientador : Felipe Costa Novo Malheiros.

Monografia (graduação) - Instituto Federal do Espírito Santo, Campus


São Mateus, Coordenadoria de Curso Superior de Engenharia Mecânica,
2020.

1. . Energia – Fontes alternativas. 2. Energia solar. I. Malheiros, Felipe


Costa Nova. II. Instituto Federal do Espírito Santo. Campus São Mateus.
III. Título.

CDD 22 – 621.473
1

DECLARAÇÃO DA AUTORA

Declaro, para fins de pesquisa acadêmica, didática e técnico-científica, que este


Trabalho de Conclusão de Curso pode ser parcialmente utilizado, desde que se faça
referência à fonte e à autora.

São Mateus, 20 de fevereiro de 2020.

Luísa Colombo Dias


8

RESUMO

A energia solar heliotérmica é uma forma renovável de geração de energia pela


concentração de radiação solar. Os coletores parabólicos são atualmente a tecnologia
mais madura de concentração solar. É usual a integração de um ciclo solar a um ciclo
de potência a vapor para geração de energia, e que numa planta de potência seja
produzida energia elétrica e térmica num mesmo equipamento, gerando dois produtos
com valor agregado. Logo, o objetivo desse trabalho é estudar e comparar a ocupação
física, geração e custo exergético dos produtos finais de um ciclo Rankine cogerativo
integrado a um ciclo solar, na região de São Mateus. O ciclo a vapor é analisado de
duas formas: com turbina de contrapressão e com turbina de condensação e extração
de vapor. Esse ciclo produz vapor destinado a gerar potência líquida e atender a um
processo. O processo de dessalinização foi usado nesse estudo visto a dificuldade
sofrida no abastecimento de água do município devido a ocorrência de água salgada.
Dados meteorológicos da região foram obtidos no site do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), e usados no modelo apresentado por Kalogirou (2014) para
análise da energia térmica concentrada no coletor parabólico. O programa
Engineering Equation Solver (EES) foi usado para estudo do sistema. O coletor solar
foi avaliado em relação a radiação na região e a vazão de óleo no coletor. Para o ciclo
a vapor com turbina de contrapressão e com turbina de condensação, foram
calculadas a potência líquida, a produção de água doce e a área do campo de
coletores, variando radiação solar e pressão na entrada da turbina. Os resultados
obtidos foram comparados, para cada disposição do ciclo. Aplicando os modelos E e
H&S foi feita a análise termoeconômica do sistema nas com turbina de contrapressão
e com turbina de condensação. Os resultados obtidos dos custos exergéticos unitários
referentes aos dois produtos finais da planta (potência líquida e a vazão da água
dessalinizada) foram comparados. Para a mesma taxa de radiação e pressão na
entrada da turbina verificou-se que: o sistema de condensação ocupa maior área,
porém gera mais potência líquida e a água doce tem um custo exergético unitário
menor. Já o sistema de contrapressão apresenta menor custo exergético unitário da
potência líquida.

Palavras-chave: Cogeração. Ciclo a vapor. Energia Solar. Geração Heliotérmica.


Termoeconomia.
9

ABSTRACT

Heliothermal solar energy is a renewable way of energy generation using the


concentration of solar radiation. Parabolic collectors are currently the most mature
technology of solar concentration. It is usual to integrate a solar cycle with a steam
power cycle for power generation, and it has become common in power plants to
produce electricity and thermal energy in the same equipment, two products with
added value. Thus, the goal of this research is to study and compare the physical
occupation, generation and exergetic cost of the final products of cogenerative
Rankine cycle integrated with a solar cycle, at the São Mateus region. The steam cycle
is analyzed in two ways: with back pressure turbine and with condensation turbine with
steam extraction. This cycle produces steam to generate net power and serve a
process. The desalination process was used in the development of this study given
that the city suffered with water supply due to the occurrence of salty water.
Meteorological data for the region was obtained from the website of the National
Institute of Meteorology (INMET), and used in the model presented by Kalogirou (2014)
for the analysis of concentrated thermal energy parabolic collectors. The Engineering
Equation Solver (EES) software was used to study the system. The solar collector was
evaluated with the radiation in the region and the oil flow in the collector. For the steam
cycle with backpressure turbine and condensation turbine, the net power, production
of desalinated water and collector field area were calculated by varying solar radiation
and the turbine inlet pressure. The results were compared for each cycle arrangement.
Applying the E and H&S models, the thermoeconomic analysis of the system with
back-pressure turbine and condensation turbine was made. The costs results obtained
for the two products of the plant (the net power and the desalinated water flow) were
compared. For the same solar radiation and pressure at the turbine inlet, it was
observed that the condensation system occupies a larger area, but generates more
net power and the fresh water has a lower exergetic unit cost. The back-pressure
system, on the other hand, presents a lower exergetic unit cost of net power.

Keywords: Cogeneration. Steam cycle. Solar Energy. Concentrating Solar Power.


Thermoeconomic.
10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo Rankine simples. ............................................................................. 22


Figura 2 – Diagrama temperatura-entropia com irreversibilidades internas. ............. 26
Figura 3 – MED com Termocompressão do Vapor (MED-TVC)................................ 30
Figura 4 – Representação do coletor solar parabólico. ............................................. 32
Figura 5 – Coletor solar LS3, parte da SEGS no Deserto de Mojave, EUA. ............. 33
Figura 6 – Taxas de transferência de calor no coletor. ............................................. 37
Figura 7 – Coletores em série e em paralelo............................................................. 42
Figura 8 – Trocador de calor com escoamento contracorrente. ................................ 44
Figura 9 – Taxa de radiação solar em relação as horas do dia nos meses de janeiro e
julho 2019. ................................................................................................................. 52
Figura 10 – Ciclo a vapor cogerativo com turbina de contrapressão. ........................ 54
Figura 11 – Ciclo a vapor cogerativo com turbina de condensação. ......................... 55
Figura 12 - Temperatura de saída do óleo do coletor em função da vazão do óleo com
10 coletores em série para as diferentes taxas de radiação. .................................... 59
Figura 13 - Diagrama T-s do ciclo a vapor com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na
entrada da turbina de contrapressão. ........................................................................ 61
Figura 14 – Potência líquida e produção de água doce em função da pressão de
entrada da turbina de contrapressão. ........................................................................ 63
Figura 15 – Área do campo coletor em função da pressão de entrada da turbina de
contrapressão para diferentes taxas de radiação...................................................... 64
Figura 16 – REAr em função da pressão na entrada da turbina de contrapressão para
diferentes taxas de radiação. .................................................................................... 64
Figura 17 - Diagrama T-s do ciclo a vapor com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na
entrada da turbina de contrapressão. ........................................................................ 66
Figura 18 – Potência líquida e produção de água doce em função da pressão de
entrada da turbina de condensação. ......................................................................... 67
Figura 19 – Área do campo coletor em função da pressão de entrada da turbina de
condensação para diferentes taxas de radiação. ...................................................... 68
Figura 20 – REAr em função da pressão na entrada da turbina de condensação para
diferentes taxas de radiação. .................................................................................... 69
Figura 21 – Diagrama Produtivo do ciclo a vapor cogerativo com turbina de
contrapressão segundo o Modelo E. ......................................................................... 69
11

Figura 22 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10 bar na entrada da turbina de
contrapressão............................................................................................................ 74
Figura 23 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 20 bar na entrada da turbina de
contrapressão............................................................................................................ 74
Figura 24 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de
contrapressão............................................................................................................ 75
Figura 25 – Diagrama Produtivo do ciclo a vapor cogerativo com turbina de
condensação e extração de vapor e segundo o Modelo H&S. .................................. 76
Figura 26 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10 bar na entrada da turbina de
condensação. ............................................................................................................ 82
Figura 27 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 20 bar na entrada da turbina de
condensação. ............................................................................................................ 83
Figura 28 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de
condensação. ............................................................................................................ 83
Figura 29 – Área do campo coletor em função da taxa de radiação para diferentes
pressões de vapor na entrada da turbina de contrapressão e de condensação. ...... 85
Figura 30 – REAr função da PET da turbina de contrapressão e de condensação. . 86
Figura 31 – REA em função da pressão de vapor na entrada da turbina de
contrapressão............................................................................................................ 87
Figura 32 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da
turbina de contrapressão. .......................................................................................... 88
Figura 33 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da
turbina de condensação. ........................................................................................... 88
7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Características do coletor LS-3. ............................................................... 53


Tabela 2 – Parâmetros de entrada no coletor. .......................................................... 58
Tabela 3 – Vazão de óleo na linha de coletores em série para diferentes taxas de
radiação..................................................................................................................... 59
Tabela 4 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de
10 bar na entrada da turbina de contrapressão......................................................... 60
Tabela 5 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de
20 bar na entrada da turbina de contrapressão......................................................... 61
Tabela 6 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de
28,68 bar na entrada da turbina de contrapressão. ................................................... 61
Tabela 7 – Potência líquida, eficiência térmica, vazão de água doce e área ocupada
para diferentes taxas de radiação e pressões na entrada da turbina de contrapressão.
.................................................................................................................................. 62
Tabela 8 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de
10 bar na entrada da turbina de condensação. ......................................................... 65
Tabela 9 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de
20 bar na entrada da turbina de condensação. ......................................................... 65
Tabela 10 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão
de 28,68 bar na entrada da turbina de condensação. ............................................... 66
Tabela 11 – Potência líquida, eficiência térmica, vazão de água doce e área ocupada
pelo campo coletor para diferentes taxas de radiação e pressões na entrada da turbina
de condensação. ....................................................................................................... 67
Tabela 12 – Sistema de equações de custos do ciclo a vapor cogerativo com turbina
de contrapressão segundo o Modelo E. .................................................................... 70
Tabela 13 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 10 bar na entrada da turbina de contrapressão. ............................. 71
Tabela 14 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 20 bar na entrada da turbina de contrapressão. ............................. 71
Tabela 15 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de contrapressão. ........................ 72
Tabela 16 – Exergia do sol para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20
e 28,68 bar na entrada da turbina de contrapressão. ................................................ 72
8

Tabela 17 – Valor dos fluxos para pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da turbina
de contrapressão....................................................................................................... 73
Tabela 18 – Sistema de equações de custos do ciclo a vapor cogerativo com turbina
de condensação e extração de vapor segundo o Modelo H&S. ................................ 77
Tabela 19 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 10 bar na entrada da turbina de condensação................................ 78
Tabela 20 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 20 bar na entrada da turbina de condensação................................ 79
Tabela 21 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de condensação. .......................... 80
Tabela 22 – Valor dos fluxos físicos para pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da
turbina de condensação. ........................................................................................... 81
Tabela 23 – Exergia do sol para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20
e 28,68 bar na entrada da turbina de condensação. ................................................. 82
9

LISTA DE SÍMBOLOS

𝑄̇ Taxa de transferência de calor


𝑊̇ Potência
𝑚̇ Vazão mássica
∆ Variação
ℎ Entalpia específica
𝐸𝐶 Energia cinética
𝐸𝑃 Energia potencial
𝜂 Eficiência térmica
𝜂− Eficiência isentrópica
𝐶𝐸 Consumo específico
𝑉̇ Produção de água dessalinizada
𝑅𝐸𝐴 Razão entre potência líquida e água dessalinizada
𝑇 Temperatura
𝑅 Resistência térmica
𝑢 Coeficiente de transferência de calor
𝐷 Diâmetro
𝑘 Condutividade térmica
𝐿 Comprimento
𝑈 Coeficiente global de transferência de calor
𝐴 Área superficial
𝐹 Fator
𝑈𝐿 Coeficiente global de perda de calor
𝑇 Temperatura
𝐺 Taxa de radiação solar no local
𝑐𝑝 Calor específico à pressão constante
𝜀 Emissividade
𝜎 Constante de Stefan-Boltzmann
𝑁𝑢 Número de Nusselt
𝑅𝑒 Número de Reynolds
𝑣 Velocidade do escoamento
𝜌 Densidade
𝜇 Viscosidade
𝑃𝑟 Número de Prandtl
𝑛 Coletores em paralelo
𝑚 Coletores em série
𝑅𝐸𝐴𝑟 Razão entre potência líquida e área do campo coletor
𝐸 Exergia
𝐻 Entalpia
𝑆 Entropia
𝑠 Entropia específica
𝑐 Custo exergético unitário

Subscritos
𝑇 Turbina
𝐵 Bomba
10

𝑒𝑛𝑡 Entrada
𝑠𝑎𝑖 Saída
𝐿 Líquida
𝑃 Processo
𝑒 Elétrico
𝑡 Térmico
𝑐𝑜𝑛𝑣 Convecção
𝑐𝑜𝑛𝑑 Condução
𝑒𝑞 Equivalente
𝑡𝑜𝑡 Total
𝑢 Útil
𝑟𝑎𝑑 Radiação
𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 Perdas de calor para o ambiente
𝑅 Remoção de calor
𝑟 Receptor
𝑎 Ambiente
𝑎𝑏 Abertura do coletor
𝑜 Óleo térmico
𝑖 Interno
𝑒 Externo
𝑣 Vidro
𝑎𝑟 Ar
𝑤 Vento
𝐸 Eficiência do coletor
𝐶𝐶 Campo coletor
𝑇𝐶 Trocador de calor
𝑞 Quente
𝑓 Frio
𝑚𝑙 Média logarítmica
0 Referência
𝑠 Sol
𝑤 Potência
ℎ Base entálpica
𝑥 Base exergética
11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 17

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 22

3.1 CICLO RANKINE ............................................................................................. 22

3.1.1 Elementos do ciclo Rankine ....................................................................... 22

3.1.2 Eficiência térmica ....................................................................................... 25

3.1.3 Perdas e irreversibilidades ......................................................................... 25

3.2 COGERAÇÃO .................................................................................................. 27

3.2.1 Dessalinização da água ............................................................................. 28

3.3 CAPTAÇÃO DE RAIOS SOLARES COM COLETORES PARABÓLICOS ...... 31

3.3.2 PTC em plantas de potência ...................................................................... 32

3.4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO COLETOR ............................................... 34

3.5 TROCADORES DE CALOR............................................................................. 43

3.5.1 Trocador de Calor com Escoamento Contracorrente................................. 43

3.6 TERMOECONOMIA......................................................................................... 45

3.6.1 Modelo E .................................................................................................... 47

3.6.2 Modelo H&S ............................................................................................... 49

4 METODOLOGIA..................................................................................................... 50

4.1 CICLO SOLAR ................................................................................................. 50

4.1.1 Dados da região......................................................................................... 50

4.1.2 Coletor Solar .............................................................................................. 52

4.3 CICLO A VAPOR COGERATIVO .................................................................... 53

4.3.1 Trocador de Calor ...................................................................................... 56

4.3.2 Processo de Dessalinização ...................................................................... 57

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 58

5.1 COLETOR SOLAR........................................................................................... 58


12

5.2 CICLO A VAPOR COGERATIVO .................................................................... 60

5.2.1 Ciclo com turbina de contrapressão........................................................... 60

5.2.2 Ciclo com turbina de condensação e extração de vapor ........................... 65

5.3 MODELAGEM TERMOECONÔMICA .............................................................. 69

5.3.1 Ciclo com turbina de contrapressão – Modelo E ....................................... 69

5.3.2 Ciclo com turbina condensação e extração de vapor – Modelo H&S ........ 76

5.4 ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS ................................................... 84

5.4.1 Área do campo coletor ............................................................................... 84

5.4.2 Potência líquida por área ocupada em relação a PET ............................... 85

5.4.3 Potência líquida por unidade de água doce produzida em relação a PET. 86

5.4.4 Custos exergéticos unitários dos produtos finais do sistema ..................... 87

6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 90

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 92
13

1 INTRODUÇÃO

Na comunidade científica pesquisas e estudos têm surgido no campo de energias


alternativas para suprir a crescente demanda energética, visto a gradativa redução na
disponibilidade dos combustíveis convencionais, e de forma reduzir os impactos
ambientais ocasionados pela geração de energia (PEREIRA, E. B. e outros, 2006).

As energias renováveis apresentam diversas vantagens em relação ao meio ambiente


como, por exemplo, a diminuição nas emissões de CO2 e a redução da poluição do ar
(IRENA, 2017). Além disso, as tecnologias de geração de energia renovável auxiliam
na produção segura, confiável e acessível de energia, tornam possível do
fornecimento de eletricidade para todos e a promoção do desenvolvimento social e
econômico do país (TAYLOR e outros, 2015).

Atualmente o setor energético brasileiro passa por uma intensa transformação


(RAMOS; GONDIM, 2017). A geração elétrica a partir de combustíveis fósseis tem
diminuído: de 2015 para 2016 houve uma redução de 6,3% desse tipo de produção
de energia no país. A principal forma de produção de energia elétrica no Brasil é a
hidráulica (EPE, 2017). Apesar da utilização de recursos hídricos tratar de uma forma
renovável de produzir energia, seu desenvolvimento oferece riscos ambientais. A
energia solar, por sua vez, permite a geração de energia de maneira sustentável, sem
prejudicar o meio ambiente (KALOGIROU, 2014).

A energia solar pode ser dividia em dois tipos: a geração fotovoltaica e a heliotérmica
(LIMA e outros, 2013). Ao se tratar de eficiência de conversão de radiação solar em
energia térmica a geração heliotérmica se mostra muito superior a fotovoltaica. De
acordo com Teske e Leung (2016), a energia heliotérmica tem como benefícios
substituir a energia gerada por combustíveis fósseis, reduzir a emissão de gases de
efeito estufa, que causam mudanças climáticas e ainda possui um potencial
energético inesgotável. Além disso, a instalação de uma usina heliotérmica promove
o desenvolvimento da região, cria postos de trabalho diretos na sua construção e
manutenção. Com a probabilidade de que os custos de implantação vão diminuir
significativamente, esse tipo de energia tem a capacidade de ser economicamente
viável em regiões ensolaradas ao redor do mundo. O IBICT (2017) destaca que a
14

região Nordeste e parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil apresentam


grande potencial para a geração de energia heliotérmica uma vez que são
caracterizadas por grande intensidade de radiação solar e relevos planos.

Na geração heliotérmica ou concentrating solar power (CSP), como é conhecida


internacionalmente, a energia elétrica é produzida através de um ciclo termodinâmico
(PEREIRA e outros, 2014). Segundo Desai e Bandyopadhyay (2014) a configuração
mais comum das plantas CSP é a combinação do sistema de recirculação solar com
o ciclo Rankine à vapor. O calor que aquece a água do ciclo é produzido utilizando
espelhos para concentrar os raios solares. Existe uma variedade de formatos de
espelhos e métodos de rastreamento do sol, mas todos constam no mesmo princípio:
fornecer o calor necessário ao ciclo para gerar energia (TESKE; LEUNG, 2016).

O componente mais importante de qualquer sistema heliotérmico é o coletor solar,


que absorve a radiação solar incidente, a converte em calor, e transfere esse calor
para um fluido térmico que passa pelo coletor. A energia térmica coletada é
transportada do fluido do coletor direto para a água do ciclo termodinâmico, sendo
assim o fluido térmico transfere calor para o ciclo Rankine e é recirculado no sistema
para ser reutilizado (KALOGIROU, 2014). Existem basicamente os seguintes tipos de
coletor solar: discos parabólicos, refletores de Fresnel, torres solares e calhas
parabólicas.

Purohit e outros (2013) admite que dentre os métodos de concentração solar, os


coletores parabólicos ou PTCs (parabolic trough collectors) são atualmente a
tecnologia mais madura e que compõe a maioria das plantas solares do mundo. Essa
tecnologia já é comercializada por vários fabricantes e apresenta uma boa experiência
de mercado. Portanto, projetos que usam tecnologia de calha parabólica podem ser
considerados confiáveis e de baixo risco (TESKE; LEUNG, 2016). Existem plantas de
geração heliotérmica que estão em operação há muitos anos, como a da California
(EUA), que comprovam a aplicabilidade dessa tecnologia (PEREIRA et al, 2014).

A tecnologia das calhas parabólicas consiste em fileiras espelhos refletores, com


formato parabólico, usados para coletar a radiação solar e concentrá-la em um
receptor termicamente eficiente posicionado na linha focal das calhas (TESKE;
15

LEUNG, 2016). Tubos receptores, de aço inoxidável, com revestimento seletivo,


servem como coletores de calor. O revestimento é feito de modo a permitir altos níveis
de absorvência de radiação solar enquanto emitem uma radiação infravermelha bem
baixa. Externamente os tubos são envoltos por uma cobertura isolante de vidro
(PUROHIT; PUROHIT; SHEKHAR, 2012).

A Geração Distribuída consiste na energia gerada de forma descentralizada, no


próprio espaço ou numa região próxima de onde essa energia vai ser consumida. O
estudo de uma planta potência na região de São Mateus baseia-se no conceito da
geração distribuída que proporciona a diminuição da sobrecarga do sistema de
transmissão de eletricidade, reduz o acontecimento de quedas de energia e blackouts,
tornando o fornecimento de energia mais estável e confiável, além de diminuir ou
eliminar a dependência de empresas de distribuição de energia elétrica (LÓPEZ e
outros, 2017).

Além da produção de energia elétrica, tem se tornado cada vez mais comum nas
plantas potência a geração de energia elétrica e térmica num mesmo equipamento,
para utilização própria ou por terceiros, diminuindo ou evitando o uso sistemas
próprios de produção de calor (BRANDÃO, 2004). A instalação que utiliza uma planta
de conversão termomecânica de energia com o objetivo de produção de eletricidade
e calor consiste numa planta de cogeração. A cogeração permite que o rejeito de uma
máquina térmica seja utilizado para fins de aquecimento de um dado processo ou em
um equipamento (CESPEDES; JÚNIOR, 1998). Como o transporte desses rejeitos
envolve perda de calor não é viável destina-los a locais muito afastados, portanto
devem ser utilizados em processos que existem na região. Na cogeração com ciclos
a vapor, são possíveis dois sistemas: com turbinas de condensação e extração de
vapor ou com turbinas de contrapressão (LORA; NASCIMENTO, 2004).

Desde de 2015 o município de São Mateus tem sofrido uma crise hídrica em
consequência da invasão do Rio Cricaré, fonte do abastecimento de água da região,
pela água do mar, tornando-a salgada e prejudicando o fornecimento de água própria
para consumo humano (GAZETA ONLINE, 2017). Uma alternativa para solucionar
esse problema seria promover a dessalinização da água da Rio, e um dos métodos
16

para realização desse processo envolve vapor como o que circula em um ciclo
Rankine de potência.

Para que os benefícios de um sistema térmico sejam fidedignos, é necessário que os


custos na formação de cada produto produzido na planta sejam conhecidos. A fim de
realizar esta avaliação e alocação de custos (exergéticos ou monetários) as
metodologias termoeconômicas são utilizadas (BELISARIO, 2012).

Sendo assim o objetivo desse trabalho é estudar e comparar a ocupação física,


geração e custo exergético dos produtos finais de um ciclo a vapor cogerativo,
integrado ao ciclo solar, em duas situações distintas: com turbina de contrapressão e
com turbina de condensação e extração de vapor, atendendo o processo de
dessalinização. Foi feita a avaliação do comportamento do coletor solar escolhido em
relação a radiação incidente na região e a vazão de óleo no coletor. Para o ciclo a
vapor com turbina de contrapressão e com turbina de condensação e extração de
vapor, foram calculadas a potência líquida, a produção de água dessalinizada e a área
do campo de coletores, variando a taxa de radiação solar, e a pressão na entrada da
turbina. Foi realizada a comparação entre os resultados obtidos de potência líquida e
área ocupada pelo campo de coletor, para cada disposição do ciclo. Aplicando os
modelos E e H&S foi feita a análise termoeconômica do ciclo nas duas situações (com
turbina de contrapressão e com turbina de condensação) e os resultados dos custos
referentes aos dois produtos finais da planta, a potência líquida e a vazão da água
dessalinizada, foram comparados.
17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na pesquisa bibliográfica deste trabalho estão presentes diferentes estudos referentes


a energia CSP, coletores parabólicos, PTCs aliados ao ciclo Rankine e sistemas de
cogeração, além de trabalhos abordando analise termoeconômica de sistema
térmicos.

O ciclo Rankine é considerado o ciclo de geração de energia mais comum e


competitivo que é usado para produzir eletricidade a partir de energia solar térmica.
Baseado no fluido de trabalho usado, o ciclo Rankine pode ser a vapor ou orgânico.
A maioria dos sistemas de energia solar concentrada atualmente em operação usa o
ciclo Rankine a vapor devido à adequação da água para trabalhar em altas
temperaturas em comparação com os fluidos orgânicos. A tecnologia de calhas
parabólicas é mais madura entre os sistemas de captação da energia solar existentes
utilizadas nas usinas CSP, usado em 90% das instalações mundiais (ABOELWAFA e
outros, 2018). O coletor parabólico é o equipamento mais desenvolvido, devido a sua
experiência de mercado significativa e sua aplicabilidade comprovada em diversas
usinas equipadas com esse dispositivo que estão operando eficientemente há muitos
anos (KALOGIROU, 2014).

Padilla e outros (2011) analisam detalhadamente a transferência de calor


unidimensional em um tubo receptor de um coletor parabólico. A interação térmica
entre superfícies adjacentes é explicada através da implementação de uma análise
da radiação para as perdas de calor no absorvedor e na cobertura de vidro. Também
foi realizada uma revisão das correlações para perdas por transferência de calor por
convecção. O receptor e a cobertura são divididos em vários segmentos e o balanço
de massa e energia é realizado em cada volume de controle. Esse modelo foi
analisado numericamente e para obter validação, foi comparado com os dados
experimentais obtidos por outros autores.

Pesquisas na área de sistemas CSP apresentam vários modelos de transferência de


calor para os coletores parabólicos, baseando-se nas leis de conservação. Liang, You
e Zhang (2015) resumem os modelos matemáticos unidimensionais (1-D) sob
diferentes suposições e detalhes para os PTCs. Todos os processos de transferência
18

de calor foram considerados: convecção no fluido dentro do tubo receptor, entre o


tubo e o vidro e entre o vidro e o ambiente; condução através da cobertura de vidro,
do receptor e de suportes de apoio; radiação entre o tubo e o vidro e entre o vidro e o
ambiente. Para facilitar a resolução das equações elaboradas para descrever o
modelo de transferência de calor um algoritmo simples foi adotado. A diferença na
precisão dentre diversos modelos de transferência de calor unidimensional foi
apresentada e analisada, e foi verificado que os modelos de uma dimensão são tão
precisos quanto os modelos tridimensionais.

Bellos e Tzivanidis (2018) desenvolvem expressões analíticas para a determinação


do desempenho térmico de PTCs. Os autores simplificam as equações não-lineares
dos balanços energéticos no dispositivo coletor de calha parabólica, incluindo todos
os parâmetros possíveis que influenciam o desempenho do sistema, de modo que
possam ser resolvidas diretamente sem auxílio computacional. Comparações com
resultados da literatura são utilizadas para validação do modelo. Além disso, é feito o
uso do software Engineering Equation Solver (EES) para que o modelo desenvolvido
seja testado diferentes condições de operação. Para testar a precisão do modelo
parâmetros como a temperatura do fluido de entrada, vazão, temperatura ambiente,
irradiação do feixe solar e o coeficiente de transferência de calor entre a cobertura e
o ambiente são investigados.

Para avaliar o desempenho do coletor parabólico Marefati, Mehrpooya e Shafii (2018)


o analisam termicamente realizando estudos de caso em quatro cidades do Irã com
diferentes condições climáticas. Modelando numericamente, a análise foi feita usando
o software MATLAB, de modo a avaliar o potencial de geração e energia solar
utilizando calhas parabólicas em cidades com climas diferentes. Também são
investigados a influência de alguns parâmetros no sistema, como temperatura de
entrada de fluido, vazão mássica de fluido e área de abertura do coletor na saída do
sistema.

O tamanho adequado de campo solar é muito importante em plantas heliotérmicas


que não possuem sistema de armazenamento térmico e nem hibridização para manter
o desempenho do bloco de energia em condições nominais durante longos períodos
de não-insolação. Montes e outros (2009) apresentam o desempenho térmico cinco
19

configurações de plantas parabólicas, com os mesmos parâmetros no bloco de


potência, mas diferentes tamanhos de campos solares, tanto em condições nominais
quanto em carga parcial. A eletricidade anual produzida por cada uma dessas plantas
é calculada e assim o custo da energia pode ser determinado.

Em sua pesquisa, Nishith e Bandyopadhyay (2014), analisam os efeitos da pressão


de entrada da turbina, temperatura de entrada da turbina, taxa de radiação, tamanho
da planta e variadas configurações do ciclo Rankine na eficiência geral de um sistema
solar que opera com um campo de coletores parabólicos. O custo da implementação
da usina também é estudado. Além disso, são modeladas neste trabalho, aeficiência
isentrópica da turbina de acordo pressão de entrada, temperatura e vazão mássica da
turbina, bem como fração de vapor na saída do mesmo equipamento. A análise feita
pelos autores é útil para o dimensionamento do campo de coletores solares, do bloco
de potência da planta e auxilia na definição de parâmetros do ciclo de potência.

Em um estudo de caso na India, Desai et al (2014) também avaliaram a performance


do ciclo de Rankine a vapor associado a um campo de coletores parabólicos. Uma
usina de energia solar com capacidade 1 MW e 600 W/m² de incidência de radiação
solar, foi projetada e está sendo operada em Gurgaon, perto de Nova Délhi. A usina
integra dois campos solares diferentes (coletores parabólicos e refletores lineares de
Fresnel) sem backup de combustível fóssil. Óleo quente (Therminol VP1) proveniente
dos coletores parabólicos e vapor saturado vindo dos refletores lineares de Fresnel
são combinados para produzir vapor superaquecido para operar uma turbina que
aciona um gerador de eletricidade. Foi feita uma simulação do funcionamento da usina
sob as condições climáticas da região para verificar as variações diárias do ganho de
calor do coletor e da potência da planta.

Mokheimer e outros (2014) desenvolveram um código no software EES para simular


o funcionamento de uma usina termelétrica solar a fim de avaliar eficiências óticas e
térmicas do campo de coletores parabólicos considerando dados meteorológicos
médios por hora, anuais e mensais, além da análise detalhada de custos do campo
solar. Os tipos de coletores PTC considerados na simulação são o EuroTrough (ET-
100) e o LS-3. O estudo revelou que o custo específico para um campo de PTC por
unidade de área de abertura e o custo específico de diferentes trabalhos mecânicos
20

pode ser reduzido em relação ao tamanho do campo solar. Por outro lado, os custos
civis específicos permanecem constantes independentemente do tamanho da planta.
Verificou-se que a relação entre o custo do PTC e a área do campo solar diminui
significativamente à medida que o tamanho do campo solar aumenta.

Shahin, Orhan e Uygul (2016) propõem um modelo que integra um sistema de coleta
de energia solar que aquece a água em um ciclo Rankine convencional para a
produção de energia elétrica e térmica. Uma análise termodinâmica do modelo
proposto é realizada para avaliar e melhorar seu desempenho. Os autores avaliaram
equações de energia para cada subsistema: os coletores solares (calha parabólicas e
um campo de espelhos planos) e o ciclo Rankine. Essas equações são usadas para
simular o desempenho do sistema geral sob radiação solar constante e um estudo
paramétrico é realizado para determinar o efeito de vários parâmetros de projeto e
operação na eficiência e na potência total do sistema. As diferentes condições
operacionais incluem diferentes intensidades de radiação solar, geometrias dos
coletores, fluxos de massa dos fluidos de transferência de calor e valores de
temperatura.

Calise e outros (2018) apresentam um modelo de uma usina solar alta temperatura.
O sistema compreende um ciclo combinado aliado a um ciclo solar equipado com
PTCs. A energia solar é utilizada para produzir vapor adicional a ser fornecido à
turbina a vapor da central elétrica. O sistema é baseado na transferência de calor,
explorando a energia solar térmica. A análise é desenvolvida por um modelo de
simulação dinâmico, incluindo algoritmos detalhados para o cálculo dos desempenhos
dos componentes do sistema. O trabalho apresenta uma comparação
termoeconômica e ambiental entre o ciclo solar e um ciclo convencional, movido a
combustíveis fósseis. Um estudo de caso, referente a uma usina com potência
máxima de cerca de 100 MW em Almeria (sul da Espanha) é apresentado e discutido.

Valenzuela e outros (2018) propõem em seu estudo uma usina CSP de cogeração
baseada na tecnologia parabólica. O estudo de cogeração considera duas usinas
diferentes, uma para energia e calor, e outra para energia e refrigeração, que foram
estudadas em Santiago, no Chile. Os resultados mostram um benefício na
substituição de combustíveis fósseis quando a usina de cogeração é comparada a
21

uma usina convencional para a produção de calor industrial. Para a cogeração de


energia e calor, a reposição de energia no processo de aquecimento industrial é de
no mínimo 69%, dependendo da demanda e da configuração da usina, e pode chegar
a até 100%.

Ciência que une a termodinâmica e a economia, a termoeconomia oferece métodos


para solução de problemas de sistemas complexos que podem ou não serem
resolvidos utilizando ferramentas convencionais de análise energética baseada na
Segunda lei da termodinâmica (ERLACH; SERRA; VALERO, 1999).

Em uma indústria de papel e celulose, Ferrarini (2016) analisa um sistema que tem o
intuito de atender as demandas de energia térmica, mecânica e elétrica da unidade.
Com o objetivo definir o custo exergético unitário dos produtos finais da planta, uma
análise termoeconômica foi realizada através da alocação de custos aplicada com
diferentes modelos termoeconômicos. Foi constatado, através das análises desse
estudo, que discussões sobre investimentos e melhorias nesse processo são cabíveis
para aperfeiçoar os sistemas de conversão de energia e amenizar as perdas na
utilização de recursos primários.

Belisario (2012) foca seu estudo nos gases residuais disponíveis em uma usina
siderúrgica para geração de energia. O autor apresenta uma central de cogeração
operando com ciclo Rankine de potência, contendo equipamentos regenerativos com
a função de atender a necessidade de energia mecânica e energia térmica (vapor de
processo). Três modelos termoeconômicos (Modelo E, Modelo E&S e Modelo H&S)
são utilizados para realizar uma avaliação termoeconômica. O cálculo de indicadores
de desempenho da planta foi feito a partir dos resultados obtidos. Foram constatados
resultados mais coerentes para avaliação do sistema em questão no Modelo E e no
Modelo H&S, enquanto o Modelo E&S forneceu resultados inconsistentes.
22

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 CICLO RANKINE

Moran e Shapiro (2009) afirmam que compondo um sistema de potência a vapor existe
um ciclo termodinâmico, no qual o fluido de trabalho fica submetido, quando circula
por vários elementos interligados. Esse ciclo é conhecido como ciclo Rankine.

Utilizada na maioria das usinas de potência a vapor, a água é o fluido de trabalho que
apresenta a maior aplicabilidade em ciclos Rankine. Figura 1 ilustra os quatro
componentes do ciclo: turbina, condensador, bomba e caldeira.

Figura 1 – Ciclo Rankine simples.

Fonte: Moran e Shapiro (2009).

3.1.1 Elementos do ciclo Rankine

Na Figura 1 podem ser identificados os quatro elementos básicos de um ciclo Rankine,


Turbina a vapor, Condensador, Caldeira e Bomba, assim como os quatro estados
termodinâmicos da água à medida que passa pelos componentes do ciclo.
23

3.1.1.1 Turbina

No estado 1, o vapor apresenta elevadas pressão e temperatura, e o passar pela


turbina se expande até o estado 2 para gerar trabalho.

Utilizando a primeira lei da termodinâmica assim como Moran e Shapiro (2009), é


possível chegar à Equação 1 que representa a variação total de energia no
equipamento.

0 = 𝑄̇ − 𝑊̇𝑇 + 𝑚̇(∆ℎ12 + ∆𝐸𝐶 + ∆𝐸𝑃) (1)

Onde:
𝑄̇ = taxa de transferência de calor (𝑄̇ ) entre a turbina e a vizinhança [W]
𝑊̇𝑇 = potência gerada pela turbina [W]
𝑚̇ = vazão mássica de água que flui pelo sistema [kg/s]
∆ℎ12 = variação de entalpia do fluido do estado 1 para o estado 2 [kJ/kg]
∆𝐸𝐶 = variação de energia cinética [J/kg]
∆𝐸𝑃 = variação de energia potencial [J/kg]

Os termos referentes às energias cinética e potencial são desprezíveis, e assim a


Equação 2 é obtida.

0 = 𝑄̇ − 𝑊̇𝑇 + 𝑚̇(ℎ2 − ℎ1 ) (2)

A transferência de calor entre a turbina e a vizinhança é inevitável, porém é uma


quantidade usualmente pequena quando comparada aos termos relacionados à
potência da turbina (𝑊̇𝑇 ) e à entalpia do fluido (ℎ), de forma que pode ser
desconsiderada. Dessa forma, tem-se a Equação 3 para o trabalho gerado pela
turbina.

𝑊̇𝑇 = 𝑚̇(ℎ1 − ℎ2 ) (3)


24

3.1.1.2 Condensador

A mistura líquido-vapor entra no condensador no estado 2, e nesse equipamento troca


calor, a pressão constante, com a água de resfriamento que flui em um ciclo a parte.
A mistura é condensada à medida que a temperatura da água de resfriamento é
elevada.

Fazendo o balanço de energia no lado do condensado, a partir da primeira lei da


termodinâmica (Equação 2), ao desprezar as parcelas referentes às energias cinética
e potencial, é possível encontrar a Equação 4 que representa a quantidade de calor
perdida pelo sistema no condensador.

𝑄̇𝑠𝑎𝑖 = 𝑚̇(ℎ2 − ℎ3 ) (4)

O subscrito 𝑠𝑎𝑖 significa que o calor está saindo do sistema.

3.1.1.3 Bomba

Na saída do condensador o líquido condensado passa do estado 3 ao 4 quando é


bombeado para a caldeira, aumentando sua pressão.

De maneira análoga ao que foi considerado para a turbina, partindo da Equação 2 é


possível encontrar a Equação 5, que representa o trabalho necessário para comprimir
o fluido, ou seja, a potência consumida pela bomba (𝑊̇𝐵 ).

𝑊̇𝐵 = 𝑚̇(ℎ4 − ℎ3 ) (5)

3.1.1.4 Caldeira

Deixando a bomba no estado 4, o líquido comprimido é aquecido até que evapore na


caldeira. Sendo desenvolvida de modo semelhante ao utilizado no condensador, a
Equação 6 representa a energia térmica inserida no sistema que está atrelada a esse
processo.
25

𝑄̇𝑒𝑛𝑡 = 𝑚̇(ℎ1 − ℎ4 ) (6)

O subscrito 𝑒𝑛𝑡 significa que o calor está entrando no sistema.

3.1.2 Eficiência térmica

As Equações 1(1 a 6 fornecem a energia que entra que sai do sistema em forma de
calor e trabalho. A partir desses dados é possível calcular a eficiência térmica do
sistema que é um parâmetro que descreve o desempenho da uma planta de potência
a vapor.

Moran e Shapiro (2009) definem a eficiência térmica (𝜂) do sistema como a quantidade
de energia introduzida no sistema pela caldeira que é transformada em potência
líquida (𝑊̇𝐿 ). Sendo assim tem-se a Equação 7.

𝑊̇𝐿 𝑊̇𝑇 − 𝑊̇𝐵


𝜂= = (7)
𝑄̇𝑒𝑛𝑡 𝑄̇𝑒𝑛𝑡

Fazendo as devidas substituições de acordo com as relações já estabelecidas


também se define a eficiência pela Equação 8.

(ℎ1 − ℎ2 ) − (ℎ4 − ℎ3 )
𝜂= (8)
(ℎ1 − ℎ4 )

No ciclo termodinâmico, a interação dos componentes do ciclo com o ambiente e as


mudanças de estado sofridas pelo fluido causam efeitos nos sistemas, e alguns deles
interferem no desempenho da planta de potência.

3.1.3 Perdas e irreversibilidades

As perdas e irreversibilidades do ciclo de Rankine podem ser atribuídas a cada um


dos quatro componentes citados anteriormente. Esses efeitos são identificados como
internos ou externos, uma vez que ocorrem internamente ao ciclo Rankine ou em suas
vizinhanças. Os efeitos externos estão normalmente ligados a queima de
26

combustíveis fósseis e trocas de calor com a vizinhança. As irreversibilidades internas


representam as perdas atreladas ao fluido de trabalho.

A Figura 2 apresenta o diagrama T-s, temperatura e entropia, para ciclo de Rankine


simples, onde podem ser identificadas suas principais irreversibilidades internas.

Figura 2 – Diagrama temperatura-entropia com irreversibilidades internas.

Fonte: Moran e Shapiro (2009).

A irreversibilidade interna mais relevante, que reduz a potência de saída da planta, é


sofrida pelo fluido quando passa através da turbina. Um aumento de entropia está
associado à expansão adiabática real do fluido pela turbina (Processo 1-2). Então o
trabalho por unidade de massa nesse processo é menor do que quando o fluido se
expande isentropicamente (Processo 1-2s). A eficiência isentrópica (𝜂𝑇 ) da turbina
auxilia na definição mais adequada do estado 2 como mostra a Equação 9.

𝑊̇𝑇 /𝑚̇ (ℎ1 − ℎ2 )


𝜂−𝑇 = = (9)
(𝑊̇𝑇 /𝑚)̇𝑠 (ℎ1 − ℎ2𝑠 )

A potência que é concedido a bomba, necessária para superar as irreversibilidades,


também diminui a potência líquida do sistema. Um aumento de entropia acompanha
o bombeamento real (Processo 3-4). A eficiência isentrópica da bomba (𝜂𝐵 ) possibilita
que a perda em relação a essa irreversibilidade seja considerada (Equação 10).
27

(𝑊̇𝐵 /𝑚)̇𝑠 (ℎ4𝑠 − ℎ3 )


𝜂−𝐵 = = (10)
𝑊̇𝐵 /𝑚̇ (ℎ4 − ℎ3 )

3.2 COGERAÇÃO

Lora e Nascimento (2004) afirmam que a geração simultânea e sequencial de energia


mecânica ou elétrica e energia térmica é o que caracteriza os sistemas de cogeração.
Ao gerar calor e trabalho úteis, a cogeração diminui as perdas de energia e possibilita
o abastecimento de ambas demandas com quase o mesmo consumo de combustível.
Um aspecto importante dos sistemas de cogeração é a possibilidade de utilizar
qualquer fonte de energia, desde resíduos industriais como bagaço de cana, fontes
alternativas como o sol e o vento, até combustíveis mais nobres como o gás natural.

Devido à perda de calor de que envolve o transporte de tais utilidades, a água e o


vapor quente não podem ser destinados a locais muito distantes, portanto deverão
existir demandas locais. Além disso, esses produtos devem ser gerados às
temperaturas e/ou pressões requeridas na região.

O vapor é largamente empregado como vetor energético para aquecimento em


diversos processos, e já se encontra disponível no escape das turbinas. A pressão de
escape da turbina representa uma classificação deste equipamento: quando a
pressão do vapor de exaustão tem valor igual ou superior a atmosférica a turbina é
pode ser classificada como turbina de contrapressão e quando esse valor inferior a
pressão atmosférica classifica-se como turbina de condensação. Na cogeração com
ciclos a vapor, são possíveis dois sistemas: com turbinas de condensação com
extração ou com turbinas de contrapressão.

A utilização de calor é necessária em diferentes processos como cozimento, secagem,


evaporação, dessalinização, entre outros. A maioria desses processos ocorre sob
níveis não muito altos de temperatura, ao redor de 120 a 200 °C.
28

3.2.1 Dessalinização da água

O aumento da demanda de água própria para utilização e consumo humano é um


desafio global e uma das mais urgentes prioridades para o século XXI. O consumo de
água deverá aumentar em cerca de 55% em 2050 devido ao aumento da população
e dos padrões de vida. A dessalinização da água do mar pode expandir o suprimento
de água pura, porém o processo tem custos elevados, e é geralmente considerado
como último recurso. Dessa forma, é necessário que novos estudos sejam
desenvolvidos para que essa tecnologia se torne mais competitiva (BROGIOLI; LA
MANTIA; YIP, 2018).

A dessalinização é um processo de obtenção da água doce a partir de uma solução


de água e sal. A água doce evapora deixando o sal à medida que a solução recebe
calor. Em seguida esse vapor é condensado obtendo água própria para consumo
humano. Esse processo pode ser realizado utilizando energia elétrica ou energia
térmica. A Destilação a Múltiplos Efeitos (MED) é uma das principais tecnologias de
dessalinização que utilizam o calor como fonte de energia (SANTOS, 2009).

As unidades térmicas de dessalinização podem utilizar o calor proveniente das


unidades de cogeração para realização do processo, e isso define uma planta dual.
Neste tipo de planta é possível empregar o ciclo a vapor combinado com
dessalinização por via térmica. O vapor e parte da energia elétrica gerada na
cogeração são utilizados como insumo energético da dessalinização.

A unidade MED baseia-se no preceito da evaporação a vácuo. A evaporação acontece


utilizando o calor de condensação do vapor de água. O processo ocorre ao longo de
vários efeitos: o vapor produzido em um efeito condensa-se no seguinte, enquanto
promove a evaporação da água pura que se condensará num próximo efeito. Nos
últimos anos a tecnologia MED tem sido aperfeiçoada buscando melhoria de
eficiência, acoplando a ela alguns equipamentos como, por exemplo, o
Termocompressor (MED-TVC).

O MED e o MED-TVC se diferem somente no termocompressor. No MED todo o vapor


produzido no último efeito é condensado no condensador, enquanto no MED-TVC
29

uma parte do vapor se une ao vapor vivo para elevar a energia térmica recebida pelo
primeiro efeito, ou para com que a demanda de vapor da cogeração seja menor para
a mesma produção de água doce.

A Figura 3 mostra um esquema de uma unidade de dessalinização MED-TVC com 3


efeitos. O vapor do processo, vindo do ciclo a vapor, entra no termocompressor da
unidade de dessalinização e à medida que atravessa a menor seção ocorre a
conversão de pressão em energia cinética ocasionando uma redução de pressão e
um aumento de velocidade do vapor. Isso resulta na sucção de parte do vapor
produzido no último efeito. Posteriormente essa mistura é comprimida elevando sua
temperatura conforme se aumenta a seção do termocompressor na direção do
escoamento. Em seguida, a mistura segue para o primeiro efeito onde cede calor para
a água salgada proporcionando a evaporação da água pura. Dessa forma, ocorre sua
condensação no primeiro efeito. O condensado retorna para o ciclo a vapor com a
vazão igual à que foi cedida ao processo de dessalinização, enquanto a água pura
que foi evaporada segue para o segundo efeito, onde será condensada à medida que
cede calor para outro fluxo de água salgada. O mesmo ocorre no terceiro efeito, porém
a água pura evaporada nesse efeito condensa no condensador onde ao mesmo tempo
pré-aquece a água salgada que entra no sistema. Dessa forma, uma interface térmica
é formada entre o ciclo a vapor e a unidade de dessalinização. A troca de calor nessa
interface e a energia elétrica auxiliar fazem com que o processo de destilação ocorra.
Desse modo, a água doce, produto da dessalinização, é extraída da água bruta (com
alta salinidade) proveniente do mar, e a salmoura (água com salinidade superior à
água bruta) é devolvida ao mar.
30

Figura 3 – MED com Termocompressão do Vapor (MED-TVC).

Fonte: Santos (2009).

O consumo específico é um indicador de performance usado na comparação de


unidades dessalinizadoras, sendo dividido em elétrico (𝐶𝐸𝑒 ) e térmico (𝐶𝐸𝑡 ). O
processo é térmico, mas também exige o consumo de energia elétrica para bombas e
equipamentos auxiliares. Para calcular o consumo específico elétrico é necessário
conhecer a potência entregue à unidade de dessalinização e a produção de água
dessalinizada (Equação 11). O consumo específico térmico (Equação 12) depende do
calor utilizado no processo (𝑄̇𝑃 ). Para calcular o calor utilizado no processo é preciso
saber os estados termodinâmicos do vapor entregue ao processo e do condensado
que volta da unidade (SANTOS, 2005).

𝑊̇𝑃
𝐶𝐸𝑒 = (11)
𝑉̇

𝑄̇𝑃
𝐶𝐸𝑡 = (12)
𝑉̇

Numa planta dual a capacidade a ser instalada é um valor relativo que é dado pela
razão entre a potência líquida gerada e a capacidade de produção de água
dessalinizada, como mostra a Equação 13.
31

𝑊̇𝐿
𝑅𝐸𝐴 = (13)
𝑉̇

A relação potência líquida por produção de água doce (𝑅𝐸𝐴) muda com o tipo de
sistema de cogeração e com as propriedades do vapor entregue à unidade de
dessalinização: quanto mais altos forem as propriedades do vapor, maior a REA.

3.3 CAPTAÇÃO DE RAIOS SOLARES COM COLETORES PARABÓLICOS

Os coletores de energia solar são tipos especiais de trocadores de calor que


transformam a energia da radiação solar em energia interna ao meio de transporte. O
principal componente de qualquer sistema solar é o coletor solar. Este é um dispositivo
que absorve a radiação solar, converte-a em calor e transfere calor para um fluido
(geralmente ar, água ou óleo) que flui através do coletor. A energia solar coletada é
transportada do fluido circulante diretamente para a água quente ou a um tanque de
armazenamento de energia térmica, do qual pode ser projetado para uso durante a
noite ou em dias nublados. De acordo com Kalogirou (2014), para fornecer altas
temperaturas com boa eficiência, é necessário um coletor solar de alto desempenho.
Os coletores de calha parabólica, parabolic trough collector (PTC) em inglês, são
sistemas com estruturas leves e com tecnologia de baixo custo que podem
efetivamente produzir calor a temperaturas entre 50 e 400 ºC. Devido à capacidade
de geração de calor à altas temperaturas, os sistemas coletores de calha parabólica
são capazes de produzir energia térmica de alto grau podendo ser usada para geração
de eletricidade e para fornecer água quente e vapor usados em aplicações comerciais
e industriais (QIBLAWEY; BANAT, 2008).
32

3.3.1 Composição e funcionamento do PTC

Os PTCs são construídos em módulos suportados a partir do solo por pedestais em


cada extremidade. O coletor é composto por um espelho em formato parabólico e um
tubo receptor que é colocado ao longo da linha focal da parábola como representa a
Figura 4. Quando a parábola está apontada para o sol, raios paralelos incidentes no
refletor são refletidos no tubo. A radiação concentrada que atinge o receptor aquece
o fluido que circula através dele, transformando a radiação solar em calor útil. O
receptor é tipicamente coberto com um revestimento seletivo que tem alta absorção
de radiação solar, mas baixa emissão de radiação térmica. Um tubo de vidro é
colocado ao redor do tubo receptor para reduzir a perda de calor por convecção,
reduzindo ainda mais o coeficiente de perda de calor. Uma desvantagem da cobertura
de vidro é que a luz refletida do concentrador deve passar através do vidro para
alcançar o tubo, adicionando uma perda de transmissão. O envelope de vidro
geralmente tem revestimento antirreflexo para melhorar a transmissividade. Uma
forma de reduzir ainda mais a perda de calor por convecção do tubo receptor é
evacuar o espaço a cobertura de vidro e o receptor, o que aumenta o desempenho do
coletor.

Figura 4 – Representação do coletor solar parabólico.

Fonte: Adaptado de Kalogirou (2014).

3.3.2 PTC em plantas de potência

O coletor parabólico é a tecnologia de captação de energia solar mais madura e


avançada devido à sua grande experiência comercial na indústria. Grande exemplo
disso são nove usinas, conhecidas como Solar Electric Generating Systems (SEGS),
33

que operam no Estados Unidos, desde dos anos 80. As SEGS foram projetadas e
instaladas no Deserto de Mojave, no sul da Califórnia. A primeira usina instalada está
em operação desde 1985 e a última, desde 1991. Essas usinas são compostas por
vastos campos de coletores parabólicos utilizados para fornecer a energia térmica
necessária para produzir vapor em um ciclo Rankine que gera energia elétrica.
Existem três tipos de coletores que estão instalados nas usinas SEGS: LS-1 para
SEGS I, LS-2 para SEGS II a VII, e LS-3 (Figura 5) para parte das SEGS VII, VIII e IX.

Figura 5 – Coletor solar LS3, parte da SEGS no Deserto de Mojave, EUA.

Fonte: Solaripedia (2018).

O campo coletor consiste em uma série de PTCs, instalados em filas paralelas


alinhadas em um eixo horizontal norte-sul e rastreando o sol de leste a oeste durante
o dia para garantir que os raios solares estejam continuamente focados no receptor.
Esse arranjo resulta em um pouco menos de energia incidente sobre eles ao longo do
ano, mas favorece a operação durante o verão quando mais energia é necessária.

Através do receptor é circulado um fluido térmico que é aquecido pela radiação solar
e retorna a uma série de trocadores de calor para gerar vapor superaquecido de alta
pressão no ciclo Rankine e depois segue de volta ao campo solar. Esse vapor se
34

expande na turbina é canalizado para um condensador padrão e depois é bombeado,


retornando aos trocadores de calor, repetindo o mesmo processo.

Dentre os fluidos térmicos utilizados sistemas de circulação solar podem ser citados:
ar, água, sais e óleos sintéticos. O fluido mais usado em grande parte das plantas de
geração de energia solar e que é utilizado atualmente nas SEGS é um óleo sintético
conhecido como Therminol VP-1.

Os trocadores de calor solares funcionam como um gerador de vapor do ciclo Rankine,


o óleo sintético de elevada temperatura é usado para produzir vapor superaquecido
que alimenta a turbina que está ligada a um gerador para produção de energia elétrica.

3.4 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO COLETOR

As taxas de transferência de calor são determinadas pela divisão entre a diferença de


temperatura entre a duas superfícies da camada e a resistência térmica (𝑅) entre elas,
como é mostrado na Equação 14 (INCROPERA e outros, 2008).

𝑇1 − 𝑇2 (14)
𝑄̇ =
𝑅

Sendo 𝑇1 a temperatura mais alta, da superfície que está cedendo calor, e 𝑇2 a


temperatura mais baixa, referente a superfície que está recebendo calor.

As resistências, por convecção (𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣 ) epor condução (𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 ) em camadas cilíndricas,


são definidas pelas Equações 15 e 16, respectivamente.

1 (15)
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣 =
𝑢(𝜋𝐷𝐿)

ln (𝐷2 /𝐷1 ) (16)


𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 =
2𝜋𝐿𝑘
35

Onde:
• 𝑢 é o coeficiente de transferência de calor por convecção;
• 𝐷1 é o diâmetro medido do centro do cilindro até a superfície onde ocorre a
transferência de calor de uma camada para outra;
• 𝑘 é a condutividade térmica do material da camada cilíndrica;
• 𝐷2 é o diâmetro medido do centro do cilindro até o início da camada onde ocorre
a condução.
• 𝐿 é o comprimento do corpo.

As resistências térmicas de cada camada onde ocorre transferência de calor podem


ser somadas para que seja obtida uma resistência equivalente (𝑅𝑒𝑞 ). Em sistemas
como com diversas camadas convém a utilização de um coeficiente global de
transferência de calor (𝑈) que se relaciona com a resistência total (𝑅𝑡𝑜𝑡 ) da seguinte
forma (INCROPERA e outros, 2008):

1 (17)
𝑅𝑡𝑜𝑡 =
𝑈𝐴

Onde 𝐴 é a área superficial da camada que está cedendo calor.

Deste modo, é possível escrever a partir da Equação 18 uma relação para a taxa de
transferência de calor total sistema:

𝑄̇𝑡𝑜𝑡 = 𝑈𝐴 ∆𝑇 (18)

Onde ∆𝑇 é a variação global de temperaturas.

Quando uma certa quantidade de radiação solar incide na superfície de um coletor, a


maior parte é absorvida e entregue ao fluido de transporte, e é levada como energia
útil. No entanto, como em todos os sistemas térmicos, as perdas de calor para o
ambiente por diferentes formas de transferência de calor são inevitáveis
(KALOGIROU, 2014). A transferência de calor entre as camadas do receptor do
coletor parabólico é analisada unidimensionalmente na forma de resistências
térmicas, concordando com Incropera e outros (2008), uma vez que o receptor é
36

considerado um sistema cilíndrico em que constantemente de existem gradientes de


temperatura apenas na direção radial.

Sob condições de estado estacionário, a taxa de calor útil (𝑄̇𝑢 ) recebida pelo óleo
térmico que passa pelo coletor, pode ser calculada pela diferença entre a taxa de
energia fornecida pela radiação incidente (𝑄̇𝑟𝑎𝑑 ) e as perdas de calor da superfície do
receptor para o ambiente (𝑄̇𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 ) multiplicada pelo fator de remoção de calor (𝐹𝑅 ),
que funciona como um coeficiente de correção do calor útil (KALOGIROU, 2014).

𝑄̇𝑢 = 𝐹𝑅 (𝑄̇𝑟𝑎𝑑 − 𝑄̇𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 ) (19)

O fluxo de energia que deixa o sistema, ou seja, as perdas de energia no coletor,


podem ser escritas, a partir da Equação 18, como:

𝑄̇𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑈𝐿 𝐴𝑟 (𝑇𝑟 − 𝑇𝑎 ) (20)

Por sua vez, o fluxo de energia fornecido pela radiação solar traduz-se na expressão:

𝑄̇𝑟𝑎𝑑 = 𝐴𝑎𝑏 𝐺 (21)

Sendo assim, a Equação 19 pode ser escrita da seguinte forma:

𝑄̇𝑢 = 𝐹𝑅 [𝐴𝑎𝑏 𝐺 − 𝐴𝑟 𝑈𝐿 (𝑇𝑒𝑛𝑡 − 𝑇𝑎 )] = 𝑚̇𝑜 𝑐𝑝𝑜 (𝑇𝑠𝑎𝑖 − 𝑇𝑒𝑛𝑡 ) (22)

Onde:
𝐴𝑎𝑏 = área de abertura do coletor [m²]
𝐺 = taxa de radiação solar no local [W/m²]
𝐴𝑟 = área superficial do receptor [m²]
𝑈𝐿 = coeficiente global de perda de calor no tubo receptor [W/m²K]
𝑇𝑎 = temperatura do ambiente [K]
𝑚̇𝑜 = vazão mássica de óleo térmico [kg/s]
𝑐𝑝𝑜 = calor específico a pressão constante do óleo Therminol VP-1 [J/kgK]
𝑇𝑠𝑎𝑖 = temperatura do óleo na saída do tubo receptor [K]
37

𝑇𝑒𝑛𝑡 = temperatura do óleo na entrada do tubo receptor [K]

Como mostra a Figura 6 a expressão pode ser desmembrada nos seguintes termos:
a energia térmica absorvida pelo fluido térmico por condução ao longo da camada
cilíndrica do tubo (𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑑,𝑟 ) e convecção da parede interior do receptor para o óleo
(𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 ); as perdas térmicas que ocorrem na superfície externa da cobertura de
vidro, que está em contato com o ar, por convecção (𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 ) e por radiação
(𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 ); e entre o vidro e o tubo receptor, região de vácuo, o calor é perdido por
radiação (𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 ).

𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑑,𝑟 + 𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 = 𝑄̇𝑟𝑎𝑑 − (𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 + 𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 + 𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 ) (23)

Figura 6 – Taxas de transferência de calor no coletor.

Fonte: Autora.

A taxa de transferência de calor do receptor para o óleo equivale ao calor útil


aproveitado pelo óleo, e pode ser obtida através da Equação 24.
38

𝑇𝑟 − 𝑇𝑜
𝑄̇𝑢 = (24)
𝑅𝑒𝑞,𝑟−𝑜

A resistência térmica equivalente do receptor (𝑅𝑒𝑞,𝑟−𝑜 ) corresponde a soma da


resistência da convecção que ocorre na superfície interna do receptor para o óleo
(𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 ) e da condução que ocorre na espessura do tubo (𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑,𝑟−𝑜 ).

𝐷
1 ln ( 𝐷𝑒 )
𝑅𝑒𝑞,𝑟−𝑜 = 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 + 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑,𝑟−𝑜 = + 𝑖 (25)
𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 𝜋𝐷𝑖 𝐿 2𝜋𝐿𝑘𝑟

Combinando os termos das Equações 22, 24 e 25, a temperatura do tubo receptor (𝑇𝑟 )
pode ser calculada através da Equação 26.

𝑇𝑟 − 𝑇𝑜
𝐴𝑎𝑏 𝐺 − 𝐴𝑟 𝑈𝐿 (𝑇𝑟 − 𝑇𝑎 ) =
𝐷
ln ( 𝐷𝑒 ) (26)
1 𝑖
𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 𝜋𝐷𝑖 𝐿 + 2𝜋𝐿𝑘𝑟

Onde 𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 é o coeficiente de transferência de calor por convecção do receptor


para o óleo, que pode ser calculado. O calor útil recebido pelo óleo também é igual a
taxa de transferência de calor por convecção no óleo. Logo, a temperatura do óleo
dentro do coletor (𝑇𝑜 ) que pode ser obtido pela seguinte equação:

𝑄̇𝑢 = 𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 𝜋𝐷𝑖 𝐿(𝑇𝑜 − 𝑇𝑒𝑛𝑡 )] (27)

O coeficiente global de perda de calor (𝑈𝐿 ) é determinado a partir dos coeficientes de


transferência de calor referentes as camadas do receptor em que ocorrem as perdas
térmicas como mostra a Equação 28:

−1
𝐴𝑟 1
𝑈𝐿 = [ + ] (28)
𝐴𝑣 (𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 + 𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 ) 𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣
39

Desse modo, é necessário sejam definidos os coeficientes de radiação do receptor


para o vidro (𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 ) e do vidro para o ambiente (𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 ); e o coeficiente de
convecção do vidro para o ambiente (𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 ).

Como o coletor é uma superfície completamente coberta por outra superfície muito
maior (o ambiente), o coeficiente da radiação perdida do vidro para o ambiente
(𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 ) pode ser calculado a partir da Equação 29 (KALOGIROU, 2014).

𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 = 𝜀𝑣 𝜎(𝑇𝑣 − 𝑇𝑎 )(𝑇𝑣 2 − 𝑇𝑎 2 ) (29)

𝑇𝑣 e 𝜀𝑣 correspondem a temperatura e a emissividade do vidro, respectivamente, e 𝜎


corresponde à constante de Stefan-Boltzmann que é igual a 5.67x10-8 W/m2 K4.

Kalogirou (2014) sugere que o coeficiente da perda de energia por radiação no vácuo
entre o receptor e a cobertura de vidro (𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 ), dois cilindros concêntricos, pode ser
obtido pela Equação 30:

𝜎(𝑇𝑣 + 𝑇𝑟 )(𝑇𝑣 2 + 𝑇𝑟 2 ) (30)


𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 =
1 𝐴𝑟 1
𝜀𝑟 + 𝐴𝑣 (𝜀𝑣 − 1)

𝐴𝑟 e 𝐴𝑣 correspondem a áreas superficiais do receptor e da cobertura de vidro. 𝑇𝑟 e 𝜀𝑟


são a temperatura e a emissividade do receptor. 𝑇𝑣 foi calculada.

Fazendo o balanço de energia na cobertura de vidro (Equação 31) tem-se as perdas


térmicas que ocorrem no sistema: por convecção (𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 ) e por radiação (𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 );
e entre o vidro e o tubo receptor, região de vácuo, o calor é perdido por radiação
(𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 ).

𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 + 𝑄̇𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 + 𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 = 0 (31)

Ao desmembrar os termos da equação anterior é possível encontrar a temperatura do


vidro (Equação 32).
40

𝐴𝑟 𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 𝑇𝑟 + 𝐴𝑣 (𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 + 𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 ) 𝑇𝑎


𝑇𝑣 = (32)
𝐴𝑟 𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑟−𝑣 + 𝐴𝑣 (𝑢𝑟𝑎𝑑,𝑣−𝑎 + 𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 )

𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 pode ser calculado através da Equação 33, a partir do número de Nusselt
para o escoamento externo do ar no vidro (𝑁𝑢𝑣 ), do diâmetro externo do tubo de vidro
(𝐷𝑣 ) e da condutividade do ar (𝑘𝑎 ).

𝑁𝑢𝑣 ∙ 𝑘𝑎 (33)
𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑣−𝑎 =
𝐷𝑣

Kalogirou (2014) afirma que o número de Nusselt para o escoamento externo do ar


no qual o número de Reynolds (𝑅𝑒) está entre 1000 e 50000 pode ser calculado como
é mostrado a seguir:

𝑁𝑢 = 0,3(𝑅𝑒)0,6 (34)

𝑅𝑒 para escoamento sobre um cilindro circular pode ser expresso por uma relação
entre o diâmetro externo do tubo (𝐷𝑒 ), a velocidade do escoamento (𝑣), a densidade
(𝜌) e viscosidade (𝜇) do fluido como é dado abaixo (INCROPERA e outros, 2008).

𝜌𝑣𝐷𝑒 (35)
𝑅𝑒 =
𝜇

As propriedades na superfície de troca de calor entre o ar e a cobertura de vidro,


densidade (𝜌𝑎𝑟 ), viscosidade (𝜇𝑎𝑟 ) e condutividade (𝑘𝑎𝑟 ) do ar, foram estimadas no
EES a partir de uma temperatura média, entre a temperaturas ambiente (𝑇𝑎 ) e do vidro
(𝑇𝑣 ). Sendo assim, o número de Nusselt para o escoamento do vento é definido pela
Equação 36.
𝑁𝑢𝑣 = 0,3(𝑅𝑒𝑎𝑟 )0,6 (36)

A Equação 35 pode ser reescrita para número de Reynolds do escoamento do ar


(𝑅𝑒𝑎𝑟 ) como:
𝜌𝑎𝑟 𝑣𝑤 𝐷𝑣 (37)
𝑅𝑒𝑎𝑟 =
𝜇𝑎𝑟
41

Em que 𝑣𝑤 é a velocidade do vento.

Para calcular o coeficiente de convecção no óleo no interior do tubo, suas


propriedades (densidade (𝜌𝑜 ), viscosidade (𝜇𝑜 ), condutividade (𝑘𝑜 ) e calor específico
a pressão constante (𝑐𝑝𝑜 )) foram obtidas no EES a partir de uma média entre a
temperatura de entrada no coletor e a máxima temperatura operacional do óleo
térmico.

De forma análoga ao que foi feito para a convecção na superfície de vidro a Equação
38 foi obtida para o coeficiente da convecção que ocorre do tubo para o óleo:

𝑁𝑢𝑜 ∙ 𝑘𝑜 (38)
𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 =
𝐷𝑣

Para o escoamento interno turbulento em tubos circulares, como no receptor,


Incropera e outros (2008) define o número de Nusselt como:

𝑁𝑢𝑜 = 0,023𝑅𝑒𝑜 4/5 𝑃𝑟𝑜 0,4 (39)

Onde o número de Prandtl do óleo (𝑃𝑟𝑜 ) pode ser calculado pela Equação 40:

𝑐𝑝𝑜 𝜇𝑜 (40)
𝑃𝑟𝑜 =
𝑘𝑜

O número de Reynolds também pode ser definido pela expressão a seguir que envolve
a vazão mássica do óleo (𝑚̇𝑜 ) (FOX; PRITCHARD; MCDONALD, 2010).

4𝑚̇𝑜 (41)
𝑅𝑒𝑜 =
𝜇𝑜 𝜋𝐷𝑖

De forma a obter ganho real de energia útil alcançado se a superfície de absorção do


coletor estivesse na temperatura local do fluido, uma vez que a temperatura do fluido
muda ao longo do comprimento do tubo. O fator de remoção de calor pode ser
calculado pela Equação 42.
42

𝑈 𝐹 𝐴
𝑚̇𝑜 𝑐𝑝 (− 𝐿 𝐸 𝑟 )
𝐹𝑅 = [1 − 𝑒 𝑚̇𝑜 𝑐𝑝 ] (42)
𝐴𝑟 𝑈𝐿

Em que 𝐹𝐸 é o fator de eficiência do coletor, e para o coletor parabólico e pode ser


definido pela expressão:

1
𝑈𝐿
𝐹𝐸 = (43)
1 𝐷𝑒 𝐷𝑒 𝐷𝑒
𝑈𝐿 + 𝑢𝑐𝑜𝑛𝑣,𝑟−𝑜 𝐷𝑖 + 2𝑘𝑡 + ln ( 𝐷𝑖 )

Os coletores podem ser arranjados em série e em paralelo formando um campo


coletor, como mostra a Figura 7.

Figura 7 – Coletores em série e em paralelo.

Fonte: Autora.
43

A área do campo de coletores (𝐴𝐶𝐶 ) que é obtida pelo produto do número de coletores
em paralelo (𝑛), número de coletores em série (𝑚), área de abertura do coletor (𝐴𝑎𝑏 )
e comprimento do coletor (𝐿).

𝐴𝐶𝐶 = n ∙ m ∙ 𝐴𝑎𝑏 ∙ L (44)

Vale destacar que a variação da 𝐴𝐶𝐶 significa a necessidade de mais ou menos


unidades de coletores, o que provoca uma variação no custo do sistema: quanto maior
a quantidade de coletores maior o custo. Dessa forma, é vantajoso para o sistema
gerar a maior quantidade de potência líquida com a menor área possível, ou seja, a
relação potência por área (REAr), mostrada na Equação 45.

𝑊̇𝐿
𝑅𝐸𝐴𝑟 = (45)
𝐴𝐶𝐶

3.5 TROCADORES DE CALOR

Trocador de calor é o equipamento utilizado para realizar a troca de calor entre dois
fluidos que se encontram a temperaturas distintas e estão separados por uma parede
sólida. Esse processo ocorre em várias aplicações de engenharia como por exemplo
no condicionamento de ar, no aquecimento de um ambiente e na geração de potência.
Os trocadores de calor podem ser classificados de três maneiras em relação a
configuração do escoamento: escoamento cruzado, paralelo e contracorrente. Devido
a disposição de seu escoamento o trocador de calor contracorrente, para uma mesma
taxa de transferência de calor, demanda uma área menor em relação aos outros tipos
o que vantajoso no que se refere a sua instalação (INCROPERA e outros, 2008).

3.5.1 Trocador de Calor com Escoamento Contracorrente

A Figura 8 representa a dinâmica dos fluidos quente e frio em no trocador de calor. O


desempenho desse equipamento é projetado relacionando a taxa de transferência de
calor com outras grandezas como: a área superficial (𝐴) disponível para o processo
44

de troca de calor, o coeficiente global de transferência de calor (𝑈) e as temperaturas


de entrada e saída dos fluidos (𝑇𝑓 e 𝑇𝑞 ).

Figura 8 – Trocador de calor com escoamento contracorrente.

Fonte: Autora.

Aplicando o balanço de energia nos fluidos quente e frio, de forma similar ao que foi
feito nos itens 3.1.1.1 a 3.1.1.4, as Equações 46 e 47 podem ser obtidas para a taxa
de transferência de calor no trocador.

𝑄̇𝑇𝐶 = 𝑚̇𝑞 (ℎ𝑞,𝑒𝑛𝑡 − ℎ𝑞,𝑠𝑎𝑖 ) (46)

𝑄̇𝑇𝐶 = 𝑚̇𝑓 (ℎ𝑓,𝑠𝑎𝑖 − ℎ𝑓,𝑒𝑛𝑡 ) (47)

Em que os subscritos 𝑞 e 𝑓 referem-se a quente e frio, e 𝑒𝑛𝑡 e 𝑠𝑎𝑖 referem-se a entrada


e saída do fluido.

Outra expressão sugerida por Incropera e outros (2008) para o trocador de calor é a
Equação 48, que relaciona a área superficial (𝐴𝑇𝐶 ), o coeficiente global de
transferência de calor (𝑈) e as temperaturas dos fluidos (𝑇𝑓 e 𝑇𝑞 )

𝑄̇𝑇𝐶 = 𝑈𝐴𝑇𝐶 ∆𝑇𝑚𝑙 (48)


45

Onde ∆𝑇𝑚𝑙 é um valor médio adequado para as diferenças de temperaturas máximas


e mínimas no trocador (∆𝑇1 e ∆𝑇2 , respectivamente), que é definido pela seguinte
média logarítmica:

∆𝑇2 − ∆𝑇1 ∆𝑇1 − ∆𝑇2


∆𝑇𝑚𝑙 = = (49)
ln (∆𝑇2 /∆𝑇1 ) ln (∆𝑇1 /∆𝑇2 )

Para o trocador contracorrente as diferenças de temperaturas são definidas como:

∆𝑇1 = 𝑇𝑞,1 − 𝑇𝑓,1 = 𝑇𝑞,𝑒𝑛𝑡 − 𝑇𝑓,𝑠𝑎𝑖


(50)
∆𝑇2 = 𝑇𝑞,2 − ∆𝑇𝑓,2 = 𝑇𝑞,𝑠𝑎𝑖 − 𝑇𝑓,𝑒𝑛𝑡

3.6 TERMOECONOMIA

A termoeconomia é considerada uma ciência que une a termodinâmica e a economia


ao oferecer métodos para solução de problemas de sistemas térmicos complexos que
podem ou não serem resolvidos utilizando ferramentas convencionais de análise
energética baseada na Segunda Lei da Termodinâmica. Como por exemplo, uma
avaliação racional de custos para os produtos de uma planta com base em critérios
físicos, otimização local, diagnóstico de operação e assim por diante (ERLACH;
SERRA; VALERO, 1999).

Durante os últimos anos, várias metodologias termoeconômicas têm sido


desenvolvidas. Belisario (2012) destaca que existem duas vertentes dentre as
metodologias termoeconômicas: a Metodologia Estrutural e a Metodologia
Exergoeconômica. A primeira se constitui na otimização associada à Termoeconomia
e a outra na determinação de custos finais dos produtos através alocação de custos
a partir da exergia. A Metodologia Estrutural engloba Análise Funcional de Engenharia
(AFE) e a Análise Funcional Termoeconômica (AFT) e a Metodologia
Exergoeconômica compreende a Teoria do Custo Exergético (TCE) e a
Exergoeconomia.

A Análise Funcional Termoeconômica (AFT) caracteriza-se principalmente por definir


uma função para cada unidade do sistema que pode ser um equipamento, um grupo
46

de equipamentos ou um elemento fictício que interagem entre si ou com o ambiente


por meio dos seus produtos. Esses produtos podem ser fluxos materiais ou
incumbências financeiras referentes a algum serviço. Essa metodologia também
define o diagrama produtivo do sistema onde figuras geométricas representam cada
elemento e seus produtos e insumos são representados por setas.

A Teoria do Custo Exergético compreende a elaboração de um sistema de equações


em forma matricial para determinar os custos dos fluxos do sistema. Para que sejam
determinados os custos exergéticos e monetários dos fluxos do sistema é preciso que
sejam definidas sua estrutura física e sua estrutura produtiva (insumo e produto em
forma de tabelas). Uma variação dessa teoria é a Teoria Estrutural do Custo
Exergético (TECE) que é a combinação da Teoria do Custo Exergético e da Análise
Funcional Termoeconômica que integra esse sistema de alocação de custos com o
conceito de diagrama produtivo, permitindo a representação gráfica da estrutura
produtiva dos sistemas, simplificando a análise termoeconômica.

A Exergoeconomia consta em análises energéticas, exergéticas e econômicas para


determinar os fluxos de um sistema assim como os custos atrelados à manutenção,
operação e aquisição dos equipamentos envolvidos. Nessa metodologia pode se
trabalhar com modelos termoeconômicos que envolvem a exergia total ou a exergia
desagregada em suas parcelas, térmica, mecânica e química, de acordo com a
necessidade do sistema.

Os diferentes modelos termoeconômicos definem estruturas produtivas que são


diferentes no tipo de fluxo que é utilizado na definição de produtos e insumos dos
subsistemas (exergia total, parcelas da exergia e/ou neguentropia) (SANTOS, 2015).

A princípio, apenas a exergia é usada para que seja definida a estrutura produtiva
(Modelo E). Buscando melhores resultados as parcelas térmica, mecânica e química
são desagregadas. Entretanto, essa desagregação não é o bastante para separar
apropriadamente o custo dos resíduos e dos equipamentos dissipativos. Diante disso,
os fluxos de neguentropia são incluídos como fluxo fictício na estrutura produtiva. Essa
aplicação da neguentropia com a exergia conduz a algumas inconsistências e
47

inaplicabilidades. Aplicando a neguentropia como uma das parcelas da exergia física


esses fatores são contornados (Modelo H&S).

3.6.1 Modelo E

O modelo E resume-se a exergia total sendo utilizada para definir os fluxos físicos de
um sistema no diagrama produtivo (SANTOS, 2015). Recomenda-se que esse modelo
seja usado no estudo de sistemas que possuem apenas equipamentos cuja a função
produtiva pode ser unicamente determinada em termos da exergia total.

As variações dos fluxos de exergia (𝐸𝑖:𝑗 ) do vapor em cada equipamento e os fluxos


físicos da planta representam os produtos e insumos de cada unidade no diagrama
produtivo do modelo E. Os fluxos produtivos baseados na variação de exergia dos
fluxos físicos são calculados seguindo a notação da Equação 51.

𝐸𝑖:𝑗 = 𝐸𝑖 − 𝐸𝑗 = 𝑚̇[ℎ𝑖 − ℎ𝑗 − 𝑇0 (𝑠𝑖 − 𝑠𝑗 )] (51)

Onde 𝑇0 corresponde a temperatura de referência que é a ambiente (𝑇𝑎 ).

Com a estrutura produtiva definida e os fluxos produtivos determinados, monta-se o


sistema de equações de custo. Como são unidades conservativas, os custos
exergéticos ou monetários permitem a geração de equações para cada unidade da
estrutura produtiva, real ou fictícia, de acordo com a TCE de Lozano e Valero (1993).

A quantidade de recursos externos a ser fornecida a uma dada planta térmica para
formar um determinado fluxo define o custo desse fluxo (SANTOS, 2009). Os recursos
externos podem ter seus custos atribuídos em base monetária ou exergética. Em base
exergética, os custos são calculados de acordo com o fluxo produtivo exergético (𝐸𝑖:𝑗 )
que consta na variação de dois fluxos físicos, como mostra a Equação 51.

Por sua vez, o custo exergético unitário de um fluxo (𝑐𝑖:𝑗 ) é definido pela quantidade
de recursos exergéticos exigidos para se formar uma unidade do fluxo produtivo, e
pode ser obtido a partir do o balanço de equações de custo baseado na Equação 52.
48

∑(𝐸𝑖:𝑗 𝑐𝑖:𝑗 ) = 0 (52)

Assume-se custo exergético unitário igual a 1 para insumos externos. Atribui-se custo
zero a todas as perdas, uma vez que todos os custos gerados no processo devem ser
incluídos nos custos finais dos produtos. Dessa forma um sistema de equações pode
ser montado, no qual os custos exergéticos unitários podem ser determinados.

É necessário o uso de equações auxiliares em unidades que contém mais de um fluxo


de saída. Para custos exergéticos, na formação dessas equações são utilizados os
critérios de subproduto e multiproduto. Cada modelo termoeconômico é adepto a um
critério. O modelo E adota o critério de multiproduto, que concorda em conferir o
mesmo custo unitário aos fluxos que saem da mesma unidade nestes tipos de
bifurcações. Uma vez que foram definidos a estrutura produtiva e os fluxos produtivos
pode-se montar o sistema de equações de custo (BELISARIO, 2012).

A exergia do combustível frequentemente é o único insumo externo. Quando esse


insumo externo é proveniente do sol é necessário que a exergia do sol seja calculada.
Petela (2005) sugere a Equação 53 para definir esse fluxo em função da área do
campo coletor (𝐴𝐶𝐶 ), taxa de radiação (𝐺), temperatura ambiente (𝑇𝑎 ) e temperatura
do sol (𝑇𝑠 ).

1 𝑇𝑎 4 4 𝑇𝑎
𝐸𝑠𝑜𝑙 = 𝐴𝐶𝐶 𝐺 (1 + ( ) − ( )) (53)
3 𝑇𝑠 3 𝑇𝑠

Onde 𝑇𝑠 = 5800 K
49

3.6.2 Modelo H&S

O Modelo H&S compreende os fluxos físicos do sistema térmico analisados com base
na entalpia e na entropia. Ele se difere do anterior pois nesse modelo a exergia física
é desagregada em sua parcela entálpica e entrópica (SANTOS, 2009). Nesse modelo,
os produtos dos equipamentos que elevam a entalpia da água aparecem na forma
dos fluxos de entalpia (𝐻𝑖:𝑗 ) e os que reduzem a entalpia do fluido tem a mesma como
insumo. Os equipamentos que causam aumento de entropia (𝑆𝑖:𝑗 ) do fluido a têm como
insumo e a mesma é produto dos equipamentos onde a entropia do fluido é reduzida.
A divisão entre parcelas entálpica e entrópica da exergia corresponde a desagregação
da exergia física (𝐸𝑖:𝑗 ) em suas parcelas térmica e mecânica, respectivamente, como
mostram as Equações 54, 55 e 56.

𝐸𝑖:𝑗 = 𝑚̇[ℎ𝑖 − ℎ𝑗 − 𝑇0 (𝑠𝑖 − 𝑠𝑗 )] = 𝑚̇(ℎ𝑖 − ℎ𝑗 ) − 𝑚̇𝑇0 (𝑠𝑖 − 𝑠𝑗 ) = 𝐻𝑖:𝑗 − 𝑆𝑖:𝑗 (54)

𝐻𝑖:𝑗 = 𝑚̇(ℎ𝑖 − ℎ𝑗 ) (55)

𝑆𝑖:𝑗 = 𝑚̇𝑇0 (𝑠𝑖 − 𝑠𝑗 ) (56)

As equações de custo são montadas da forma semelhante ao modelo anterior. Como


mostram as Equações 57 e 58, para os fluxos de entalpia e entropia (respectivamente)

∑(𝐻𝑖:𝑗 𝑐𝑖:𝑗 ) = 0 (57)

∑(𝑆𝑖:𝑗 𝑐𝑖:𝑗 ) = 0 (58)

Igualmente ao adotado pelo modelo E, no Modelo H&S, a atribuição de custo é feita


nas equações de balanço de custo de cada unidade produtiva. Para isso, os fluxos
que vindos de uma mesma unidade (real ou fictícia) no diagrama produtivo devem ter
o mesmo custo exergético unitário.
50

4 METODOLOGIA

Foi desenvolvida uma pesquisa exploratória de caráter quantitativo para análise desse
sistema. No programa Engineering Equation Solver (EES), estão contidas
propriedades termodinâmicas dos fluidos em análise, bem como o método interativo
resolução sistemas de equações e funções matemáticas necessárias para resolução
das equações que descrevem o sistema.

4.1 CICLO SOLAR

Aboelwafa e outros (2018) admite que um dos principais componentes de um sistema


de ciclo Rankine com coletores parabólicos são as unidades de armazenamento
térmico. Em contrapartida, Montes e outros (2009) ressalta que usinas térmicas
solares de calha parabólica de aproximadamente 50 MW são comumente projetadas
sem sistema de armazenamento térmico. Uma vez que a planta estudada não é capaz
de produzir uma potência líquida superior a citada (como é mostrado no item 5), o
sistema de armazenamento não foi considerado.

Utilizando dados sobre a taxa de radiação recorrente na região e sobre o coletor solar
escolhido, a quantidade de coletores em série em pode ser avaliada em relação a
vazão mássica do óleo e a variação de temperatura do mesmo. Diferentes valores
para a taxa de radiação foram usados para o estudo. Dessa forma definiu-se, baseado
na quantidade de coletores em série, a vazão mássica do óleo para que esse alcance
a variação de temperatura determinada.

4.1.1 Dados da região

Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram necessárias informações sobre as


condições climáticas da região de São Mateus, tais como radiação solar, temperatura
local e velocidade do vento. Esses fatores influenciam na temperatura de saída do
fluido térmico do coletor solar, assim como nas perdas térmicas para o ambiente, o
que influi no funcionamento do sistema. Os dados referentes a esses fatores foram
obtidos no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) em relação aos meses
de dezembro de 2018 a novembro de 2019 (12 meses), e estão dispostos de acordo
51

com as horas do dia de cada dia do ano. Os dados são coletados no horário
correspondente ao Tempo Universal Coordenado, Universal Time Coordenated (UTC)
em inglês, definido pela Decea (2018) como “escala de tempo coordenado, mantida
pela Agência Internacional de Pesos e Medidas e utilizada como padrão de hora
certa”. O fuso horário do brasileiro corresponde a um atraso de três horas em relação
a esse horário, ou seja, UTC-3. Nesse período existia o horário de verão no Brasil, em
que os relógios são atrasados em uma hora, logo o horário na região ficava atrasada
duas horas em relação ao UTC (UTC-2). Sendo assim, essa correção foi feita nas
informações provenientes do INMET, de modo que os parâmetros registrados na
região de São Mateus estivessem de acordo com o horário UTC-3. De acordo com o
site do Governo do Brasil, de 2018 para 2019 horário de verão teve início em 4 de
novembro e término em 16 de fevereiro, portanto nesse período foi subtraído duas
horas do horário em que os dados foram registrados ao invés de três como foi feito
para o restante do ano.

Para definir a faixa de radiação que seria utilizada na análise do sistema, primeiro foi
definida qual seria a radiação mínima necessária para que o óleo começasse a ser
aquecido. A partir das Equações do Item 3.4 é possível determinar esse valor ao
considerar que o taxa de calor útil (𝑄̇𝑢 ) recebida pelo óleo térmico é igual a zero.
Considerando os dados do coletor da Tabela 1 a radiação mínima encontrada foi 67,23
W/m².

Os dados coletados sobre a taxa de radiação em 2019, durante os meses do ano,


mostraram uma a variação 0 W/m² até o máximo valor de 1200 W/m². Também foi
possível notar que no intervalo de 18h de um dia, as 8h do dia seguinte a taxa de
radiação oscila em torno da radiação mínima de aquecimento do óleo. Essas taxas
mais baixas não fornecem energia o suficiente para o funcionamento do sistema, por
isso considerou-se que a planta estaria operando durante o dia, de 9h as 17h.

O registro de taxas de radiação varia também com os meses do ano: nos meses mais
quentes (verão) existem taxa de radiação maiores e nos meses mais frios (inverno)
as taxas de radiação são mais baixas. A Figura 9 exibe a variação da taxa de radiação
durante as horas do dia nos meses de janeiro e julho de 2019, o mês mais quente e o
mês mais frio do ano, respectivamente.
52

Figura 9 – Taxa de radiação solar em relação as horas do dia nos meses de janeiro e
julho 2019.
1200
Taxa de radiação [W/m²]

900

600
jan/19
jul/19
300

0
9 10 11 12 13 14 15 16 17
Hora do dia

Fonte: Autora.

Na Figura 9 nota-se que em relação ao mês mais quente e o mês mais frio do ano a
taxa de radiação incidente em São Mateus se concentra no intervalo de 300 a 1200
W/m² durante o dia. A temperatura ambiente foi considerada 25°C e a pressão
atmosférica igual a 1 bar. Foi verificado que o valor para velocidade do vento mais
recorrente do intervalo de dados foi de 5 m/s.

4.1.2 Coletor Solar

O coletor LS-3 foi selecionado para análise pois é o coletor mais recorrente em
pesquisas acadêmicas (AL-SULAIMAN, 2013; SHAHIN; ORHAN; UYGUL, 2016). As
características do coletor estudado constam na Tabela 1.
.
53

Tabela 1 – Características do coletor LS-3.


Parâmetros Valores
Comprimento do coletor (𝐿) 12,27 m
Largura de abertura (𝐴𝑝) 5,76 m
Diâmetro externo do tubo receptor (𝐷𝑒 ) 0,07 m
Diâmetro interno do tubo receptor (𝐷𝑖 ) 0,066 m
Diâmetro da cobertura de vidro (𝐷𝑣 ) 0,121 m
Emissividade do receptor (𝜀𝑟 ) 0,94
Emissividade do vidro (𝜀𝑣 ) 0,86
Condutividade do receptor (𝑘𝑟 ) 15 W/mK
Fonte: Adaptado de Shahin, Orhan e Uygul (2016).

Como é um fluido térmico bastante utilizado em usinas solares em funcionamento e


também em diversos trabalhos científicos, o óleo Therminol VP-1 foi o fluido térmico
utilizado para análise do ciclo solar. Esse óleo é considerado um fluido incompressível,
portanto quaisquer propriedades do mesmo foram calculadas somente em relação a
temperatura do fluido térmico. A temperatura operacional máxima do óleo que escoa
no receptor é de 400°C (EASTMAN CHEMICAL COMPANY, 2019). Para ganhos
térmicos superiores a 200°C em plantas solares costuma ser constante uma
intensidade de radiação solar acima de 1200 W/m² na região da planta (KALOGIROU,
2014). Como esse é o limite de radiação da região de São Mateus, foi definido que o
óleo entra no campo de coletores com a temperatura de 200 °C.

4.3 CICLO A VAPOR COGERATIVO

Os ciclos a vapor com turbina de condensação e com turbina de contrapressão foram


estudados para atender ao processo e gerar potência líquida. Considerando variações
na taxa de radiação incidente na região e na pressão na entrada da turbina (PET), a
potência líquida do ciclo a vapor (𝑊̇𝐿 ), a área do campo de coletores do ciclo de fluido
térmico (𝐴𝑐𝑐 ) e a produção de água dessalinizada (𝑉̇ ) foram analisadas. Os dois
sistemas são mostrados nas Figura 10 e Figura 11.
54

Figura 10 – Ciclo a vapor cogerativo com turbina de contrapressão.

Fonte: Autora.

O ciclo de potência no lado direito da Figura 10 difere do ciclo Rankine a vapor


convencional pois não apresenta um equipamento: o condensador. O ciclo pode ser
caracterizado como um sistema de cogeração com ciclo a vapor com turbina de
contrapressão, que atende um processo consumidor de vapor. A vazão de vapor do
ciclo acima corresponde a vazão da unidade de dessalinização (processo).
55

Figura 11 – Ciclo a vapor cogerativo com turbina de condensação.

Fonte: Autora.

O ciclo de potência da Figura 11 pode ser caracterizado como um sistema de


cogeração com ciclo a vapor, com extração de vapor na turbina, que atende um
processo consumidor de vapor. Nesse caso, a turbina é de condensação, ou seja, ao
final da expansão da água na turbina a mesma sai a uma pressão inferior a
atmosférica e na região de saturação. Foi definida a pressão de 0,08 bar na saída da
turbina por ser um valor recorrente na indústria e em sistemas cogerativos
(BELISARIO, 2012). Uma bomba é adicionada ao sistema para igualar a pressão da
água no Estado 3 a pressão do condensado que deixa o processo. O fluxo de vapor
necessário ao processo é extraído na turbina no Estado 7. Considerou-se que metade
do fluxo total de vapor atende ao processo, portanto a vazão total do sistema
corresponde ao dobro da vazão do processo.
56

Os cálculos térmicos referentes aos equipamentos dos dois ciclos foram realizados
de acordo com as Equações 3 e 9 para as turbinas, Equação 4 para o processo e para
o condensador e Equações 5 e 10 para as bombas. O trabalho na bomba de óleo foi
desconsiderado pois é desprezível em relação aos demais fluxos do sistema. A
eficiência isentrópica das bombas e turbinas é de 80%, pois é um valor típico para
esse tipo de ciclo (AL-SULAIMAN, 2014; SHAHIN; ORHAN; UYGUL, 2016). Foi
considerado que o sistema funciona em regime permanente, não existe queda de
pressão ou perda de calor nas tubulações e que o trocador de calor, o campo coletor
e o condensador operam sob pressão constante. Em um ciclo Rankine o pinch point
é o ponto em que a diferença de temperatura entre a fonte de calor e o fluido de
trabalho é mínima, assegurando que a temperatura da fonte de calor não fique abaixo
da temperatura de evaporação da fluido de trabalho (QUOILIN e outros, 2011). Para
este trabalho foi definida uma variação de 10 °C entre a temperatura do óleo e do
vapor, ou seja, a temperatura do pinch point é de 390°C para o vapor na entrada da
turbina.

A análise termoeconômica dos ciclos foi feita a partir dos modelos E e H&S. Faria e
outros (2013) atesta em sua pesquisa que para ciclos sem equipamentos dissipativos
os modelos E e H&S fornecem os mesmos resultados. Sendo assim, o ciclo com
turbina de contrapressão foi analisado de acordo com o modelo E. Por sua vez, no
ciclo com turbina de condensação existe um equipamento dissipativo: o condensador,
e por isso foi analisado a partir do modelo H&S.

4.3.1 Trocador de Calor

Nos sistemas analisados a geração de vapor do ciclo Rankine é feita por meio de um
trocador de calor com escoamento contracorrente no qual a água entra como líquido
comprimido e sai como vapor superaquecido, enquanto o óleo térmico circula no
sentido oposto. A taxa de transferência de calor no trocador pode ser definida pelas
Equações 46 e 47. O coeficiente global de transferência de calor (U) é diferente para
cada evento que ocorre com o fluido de trabalho. Yue, You e Huang (2016) sugerem
0,2 kW/m²K como o coeficiente para trocadores de calor em que acontece mudança
de fase. Sendo assim, a taxa de transferência de calor no trocador (𝑄̇𝑇𝐶 ) também é
calculada pela Equação 48.
57

4.3.2 Processo de Dessalinização

Em geral, as unidades de dessalinização MED-TVC utilizam vapor saturado ou vapor


de baixa pressão. O processo de dessalinização sugerido por Santos (2005) consta
em uma unidade de dessalinização do tipo MED-TVC com evaporador com oito efeitos
e vapor de baixa pressão. Da água bruta com alta salinidade a unidade
dessalinizadora produz água doce com o consumo de energia elétrica auxiliar, de
acordo com a Equação 11. O condensado da unidade dessalinizadora retorna ao ciclo
com temperatura e pressão de 60,20 °C e 1,23 bar, respectivamente. A pressão de
entrada do processo corresponde a 2 bar. Para que a unidade opere adequadamente
que é necessário que a temperatura de entrada do processo seja igual ao superior a
136 °C. A vazão de vapor do processo é igual 11,5 ton/h (3,2 kg/s).

A produção de água dessalinizada é quantificada em m³/h. É necessário transformar


essa vazão em um fluxo exergético para que seu custo exergético unitário possa ser
comparado com o custo de outros equipamentos. Para colocar esse fluxo em base
exergética basta multiplica-lo pelo o consumo específico térmico em base exergética
(𝐶𝐸𝑡𝑥 ). O 𝐶𝐸𝑡𝑥 da unidade dessalinizadora MED-TVC sugerida por Santos (2005) é
igual a 18,74 kWh/m³. Já seu consumo específico térmico em base entálpica (𝐶𝐸𝑡ℎ ) e
elétrico (𝐶𝐸𝑒 ) são iguais a 79,14 kWh/m³ e 2 kWh/m³, respectivamente.
58

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As equações enunciadas no Capítulo 3 foram resolvidas no EES (Engineering


Equation Solver), e uma análise paramétrica foi conduzida no sistema investigando os
efeitos da vazão de óleo no coletor solar, radiação solar e PET na potência líquida,
área ocupada pelo campo coletor, produção de água doce e nos custos exergéticos
unitários dos produtos finais de cada sistema.

5.1 COLETOR SOLAR

O campo solar composto pelo coletor parabólico consiste em coletores solares em


série e em paralelo. As informações de entrada necessárias para os cálculos no
campo de coletores parabólicos são mostradas na Tabela 2. Para obter os resultados
do estudo de acordo com os parâmetros da tabela seguinte foram utilizadas as
equações do Item 3.4 referentes a transferência de calor no coletor.

Tabela 2 – Parâmetros de entrada no coletor.


Parâmetros Valores
Temperatura ambiente (𝑇𝑎𝑚𝑏 ) 25 °C
Velocidade do vento (𝑣𝑣 ) 5 m/s
Pressão atmosférica (𝑃𝑎𝑡𝑚 ) 1 bar
Temperatura de entrada no coletor (𝑇𝑒𝑛𝑡 ) 200 °C
Temperatura de saída no coletor (𝑇𝑠𝑎𝑖 ) 400 °C
Fonte: Autora.

Considerando que a taxa de radiação em São Mateus variou entre 300 e 1200 W/m²
no período definido, além dessas taxas também foram utilizadas na análise do sistema
os valores intermediários de 600 e 900 W/m². Shahin e outros (2016) e Valenzuela e
outros (2005) em trabalhos semelhantes a esse, consideram campos com 10
coletores em série do tipo LS-3. Sendo assim, a vazão de óleo em 10 coletores em
série foi estudada de acordo com a temperatura de saída do óleo, que não deve
exceder 400 °C (limite térmico do óleo), como mostra a Figura 12.
59

Figura 12 - Temperatura de saída do óleo do coletor em função da vazão do óleo com


10 coletores em série para as diferentes taxas de radiação.
700
Temp. de saída do coletor [°C]
650

600

300 W/m²
550
600 W/m²

500 900 W/m²


1200 W/m²
450

400
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8
Vazão de óleo [kg/s]

Fonte: Autora.

Pode ser observado na figura acima que independentemente da taxa de radiação o


aumento da vazão de óleo, diminui a temperatura de saída do coletor, uma vez que
faz com que o óleo absorva menos energia por unidade coletora, reduzindo a
temperatura de saída. Com a vazão constante, o aumento da taxa de radiação
aumenta a energia recebida pelo óleo por unidade coletora, elevando a temperatura
de saída. Observado o comportamento da temperatura de saída do óleo em função
de sua vazão no coletor para as taxas de radiação determinou-se, para cada taxa, a
vazão de óleo necessária para obter temperatura de saída de 400 °C, como mostra a
Tabela 3.

Tabela 3 – Vazão de óleo na linha de coletores em série para diferentes taxas de


radiação.
Taxa de radiação (𝐺) Vazão (𝑚̇𝑜 )
300 W/m² 0,3001 kg/s
600 W/m² 0,7404 kg/s
900 W/m² 1,1835 kg/s
1200 W/m² 1,6267 kg/s
Fonte: Autora.
60

5.2 CICLO A VAPOR COGERATIVO

O aumento da PET com temperatura constante, causa a redução da entalpia do fluido


nesse estado. Como a entrada do processo é dependente do Estado 1 (entrada da
turbina), de acordo com a relação da Equação 9, o aumento da PET também significa
uma entalpia menor na entrada do processo, e uma vez que nesse estado a pressão
é constante a temperatura do fluido tende a diminuir. Logo, o aumento da PET provoca
a diminuição da temperatura de entrada no processo. No ciclo a vapor cogerativo foi
verificado que para qualquer PET acima 28,68 bar a temperatura de entrada no
processo fica abaixo de 136 °C (valor pré-definido), sendo esse então o limite da
pressão do fluido no sistema. Sendo assim, o sistema foi estudado para PET igual ou
inferior 28,68 bar e com as faixas de radiação explicitadas no item anterior (300, 600,
900 e 1200 W/m²) para campos solares com 10 coletores em série.

5.2.1 Ciclo com turbina de contrapressão

As Tabelas 4, 5 e 6 mostram os estados termodinâmicos do ciclo a vapor com turbina


de contrapressão, representado na Figura 10, assim como a Figura 13 mostra os
estados termodinâmicos no diagrama T-s para as PETs de 10, 20 e 28,68 bar. O ciclo
solar opera para atender a demanda de energia do ciclo a vapor. Logo, os estados
termodinâmicos do ciclo a vapor não se alteram com a variação da taxa de radiação.
Entretanto, no ciclo do óleo essa variação gera campos com mais ou menos coletores
em paralelo (áreas maiores ou menores).

Tabela 4 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de


10 bar na entrada da turbina de contrapressão.
Temperatura Pressão Vazão Entalpia Entropia
Estado
[°C] [bar] [kg/s] [kJ/kg] [kJ/kg]
1 390 10 3,20 3244 7,436
2 223,6 2 3,20 2918 7,61
3 60,20 1,23 3,20 252,1 0,8338
4 60,29 10 3,20 253,2 0,8344
Fonte: Autora.
61

Tabela 5 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de


20 bar na entrada da turbina de contrapressão.
Temperatura Pressão Vazão Entalpia Entropia
Estado
[°C] [bar] [kg/s] [kJ/kg] [kJ/kg]
1 390 20 3,20 3227 7,097
2 165,4 2 3,20 2801 7,35
3 60,20 1,23 3,20 252,1 0,834
4 60,39 20 3,20 254,5 0,835
Fonte: Autora.

Tabela 6 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de


28,68 bar na entrada da turbina de contrapressão.
Temperatura Pressão Vazão Entalpia Entropia
Estado
[°C] [bar] [kg/s] [kJ/kg] [kJ/kg]
1 390 28,68 3,20 3211 6,91
2 136 2 3,20 2740 7,21
3 60,20 1,23 3,20 252,1 0,834
4 60,48 28,68 3,20 255,5 0,835
Fonte: Autora.

Figura 13 - Diagrama T-s do ciclo a vapor com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na
entrada da turbina de contrapressão.

Fonte: Autora.
62

A potência líquida (𝑊̇𝐿 ), a eficiência térmica do ciclo a vapor (𝜂), vazão de água doce
produzida (𝑉̇ ), e a área do campo coletor (𝐴𝐶𝐶 ) foram calculadas para a faixa de
radiação e PETs definidas para o sistema da Figura 10. A Tabela 7 apresenta os
resultados. A Figura 14 mostra a produção de água doce e de potência líquida em
função da PET.

Tabela 7 – Potência líquida, eficiência térmica, vazão de água doce e área ocupada
para diferentes taxas de radiação e pressões na entrada da turbina de contrapressão.
PET 𝑊̇𝐿 𝜂 𝑉̇ 𝐴𝐶𝐶 [hectare]
[bar] [kW] [%] [m³/h] 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
10 1041 10,84 107,42 4,868 1,972 1,234 0,898
20 1363 14,25 102,71 4,838 1,960 1,227 0,892
28,68 1509 15,83 100,26 4,812 1,950 1,220 0,887
Fonte: Autora.

Pode ser observado na tabela acima que a potência líquida e a eficiência aumentam
com o aumento da PET, mas se mantém as mesmas para diferentes taxas de radiação
quando a pressão é mantida constante. O Estado 2 (saída da turbina) tem a pressão
constante pois é a condição de entrada do processo. Logo, quanto maior a pressão
do vapor no Estado 1 (entrada da turbina), maior a expansão sofrida pelo vapor para
que o mesmo chegue ao Estado 2, gerando mais trabalho, dessa forma a potência
líquida aumenta com o aumento da PET, como mostra a Figura 14.

Ao passo que a potência líquida aumenta também aumenta na eficiência térmica do


ciclo. A quantidade de calor fornecida ao ciclo diminui com o aumento da potência
líquida, dado que a variação de entalpia entre o Estado 4 e 1 que decresce com o
aumento da PET. Esse aumento também impacta na entrada do processo: para níveis
de PET mais altos a temperatura de entrada do processo é menor, reduzindo a
quantidade de calor que é cedida ao processo, e assim diminui a quantidade de água
doce produzida (Figura 14) e a energia auxiliar fornecida ao processo. Dessa forma o
ciclo a vapor se torna mais eficiente, porém a unidade de dessalinização passa a
produzir um fluxo menor de água doce.
63

Figura 14 – Potência líquida e produção de água doce em função da pressão de


entrada da turbina de contrapressão.
1800 120

Produção de água doce [m³/h]


Potência líquida [kW]

1500 90

1200 60

900 30

600 0
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

Potência líquida [kW] Produção de água pura [m³/h]

Fonte: Autora.

A função do ciclo solar é produzir energia térmica que demanda o ciclo a vapor para
passar o fluido de trabalho do Estado 4 para o Estado 1. Considerando a PET
constante, com o aumento da taxa de radiação incidente um campo coletor com uma
área menor é suficiente para produzir a mesma quantidade de energia, como pode
ser observado na Tabela 7. Sendo assim, a área do campo coletor tende a diminuir
com o aumento da taxa de radiação. Por sua vez, o aumento da PET também diminui
a área ocupada pelo campo coletor. Como a temperatura do Estado 1 é constante, ao
elevar a pressão fluido uma quantidade menor de energia é necessária para elevar a
temperatura do Estado 4 ao 1, dessa forma menos unidades de coletores são
necessárias. Uma vez constatado que tanto o aumento da PET quanto da radiação
provocam a diminuição do campo coletor, a Figura 15 ressalta que a taxa de radiação
tem um impacto muito maior que a PET em relação a variação da área do campo
coletor, visto que a energia térmica inserida no sistema quando o mesmo é submetido
a maiores taxas de radiação é mais significante que a redução da demanda de calor
do Estado 4 para o 1 que ocorre com o aumento da PET.

A variação da potência líquida em relação a área do campo coletor (REAr) em função


da PET para diferentes taxas de radiação é representada na Figura 16. Percebe-se
na figura que a REAr cresce com o aumento da taxa de radiação. A potência líquida
64

não muda com a variação da radiação e taxas maiores implicam em campos coletores
menores, logo cresce a quantidade de energia produzida por área ocupada. Já o
aumento da PET implica no aumento de trabalho gerado, e para a taxa de radiação
constante o campo permanece com o mesmo tamanho, logo a REAr aumenta.

Figura 15 – Área do campo coletor em função da pressão de entrada da turbina de


contrapressão para diferentes taxas de radiação.
5
Área do campo coletor [hectare]

3
300 W/m²
600 W/m²
2
900 W/m²
1200 W/m²
1

0
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

Fonte: Autora.

Figura 16 – REAr em função da pressão na entrada da turbina de contrapressão para


diferentes taxas de radiação.
0,18

0,15

0,12
REAr [kW/m²]

300 W/m²
0,09
600 W/m²

0,06 900 W/m²


1200 W/m²
0,03

0,00
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

Fonte: Autora.
65

5.2.2 Ciclo com turbina de condensação e extração de vapor

As Tabelas 8, 9 e 10 mostram os estados termodinâmicos do ciclo a vapor com turbina


de condensação e extração de vapor (Figura 11), a Figura 17 expõe os estados
termodinâmicos no diagrama T-s, para as PETs de 10, 20 e 28,68 bar.

Tabela 8 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de


10 bar na entrada da turbina de condensação.
Temperatura Pressão Vazão Entalpia Entropia
Estado
[°C] [bar] [kg/s] [kJ/kg] [kJ/kg]
1 390 10 6,40 3244 7,436
2 41,51 0,08 3,20 2510 8,018
3 41,51 0,08 3,20 173,8 0,5925
4 41,52 1,23 3,20 174,0 0,5926
5 50,86 1,23 6,40 213,0 0,7149
6 50,95 10 6,40 214,2 0,7156
7 223,7 2 3,20 2918B 7,606
8 60,20 1,23 3,20 252,1 0,8338
Fonte: Autora.

Tabela 9 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão de


20 bar na entrada da turbina de condensação.
Temperatura Pressão Vazão Entalpia Entropia
Estado
[°C] [bar] [kg/s] [kJ/kg] [kJ/kg]
1 390 20 6,40 3227 7,097
2 41,51 0,08 3,20 2422 7,736
3 41,51 0,08 3,20 173,8 0,5925
4 41,52 1,23 3,20 174,0 0,5926
5 50,86 1,23 6,40 213,0 0,7149
6 51,04 20 6,40 215,4 0,7164
7 165,5 2 3,20 2801 7,355
8 60,20 1,23 3,20 252,1 0,8338
Fonte: Autora.
66

Tabela 10 – Pressão, temperatura, vazão mássica, entalpia e entropia com pressão


de 28,68 bar na entrada da turbina de condensação.
Temperatura Pressão Vazão Entalpia Entropia
Estado
[°C] [bar] [kg/s] [kJ/kg] [kJ/kg]
1 390 28,68 6,40 3212 6,913
2 41,51 0,08 3,20 2372 7,580
3 41,51 0,08 3,20 173,8 0,5925
4 41,52 1,23 3,20 174,0 0,5926
5 50,86 1,23 6,40 213,0 0,7149
6 51,13 28,68 6,40 216,5 0,7170
7 200 2 3,20 2740 7,2110
8 60,20 1,23 3,20 252,1 0,8338
Fonte: Autora.

Figura 17 - Diagrama T-s do ciclo a vapor com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na
entrada da turbina de contrapressão.

Fonte: Autora.

A Tabela 11 apresenta os resultados de potência líquida (𝑊̇𝐿 ), a eficiência térmica (𝜂)


o número de coletores em paralelo (𝑛) e área ocupada pelo campo coletor (𝐴𝐶𝐶 ) para
a faixa de radiação e pressões determinadas, para o ciclo com turbina de
condensação.
67

Tabela 11 – Potência líquida, eficiência térmica, vazão de água doce e área ocupada
pelo campo coletor para diferentes taxas de radiação e pressões na entrada da turbina
de condensação.
PET 𝑊̇𝐿 𝜂 𝑉 𝐴𝐶𝐶 [hectare]
[bar] [kW] [%] [m³/h] 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
10 2921 15,07 107,42 9,863 3,996 2,501 1,819
20 3482 18,07 102,71 9,804 3,972 2,486 1,808
28,68 3742 19,53 100,26 9,751 3,951 2,472 1,798
Fonte: Autora.

A Tabela 11 mostra que a potência líquida e a eficiência térmica do ciclo com turbina
de condensação se comportam do mesmo modo que no ciclo com turbina de
contrapressão: aumentam com ao aumento da PET, pois é maior a expansão sofrida
pelo vapor na turbina para chegar aos Estados 7 e 2, gerando mais energia; e são
constantes para diferentes taxas de radiação, visto que a variação da radiação reflete
apenas no tamanho do campo necessário para gerar a energia que demanda o ciclo
com dada PET. A produção de água dessalinizada também não é alterada com a
mudança de radiação, porém é reduzida a medida que PET aumenta (Figura 18), pois
com isso menos energia térmica é fornecida a unidade dessalinizadora.

Figura 18 – Potência líquida e produção de água doce em função da pressão de


entrada da turbina de condensação.
4200 120
Produção de água doce [m³/h]
Potência líquida [kW]

3700 90

3200 60

2700 30

2200 0
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

Potência líquida [kW] Produção de água doce [m³/h]

Fonte: Autora.
68

A Figura 19 mostra a relação entre a área do campo coletor em função da PET de


condensação para diferentes taxas de radiação. Essa figura mostra que o
comportamento da área do coletor em relação a taxa de radiação e a PET é
semelhante ao que foi observado na Figura 15 para o ciclo com turbina da
contrapressão: a área do campo coletor diminui com o aumento da taxa de radiação
e com o aumento da PET, visto que com taxas de radiação mais elevadas é
necessária uma quantidade menor de coletores em paralelo e com níveis mais altos
de pressão menos energia é necessária para levar o vapor do Estado 6 ao Estado 1.

Figura 19 – Área do campo coletor em função da pressão de entrada da turbina de


condensação para diferentes taxas de radiação.
11
10
Área do campo coletor [hectare]

9
8
7
6 300 W/m²
5 600 W/m²
4 900 W/m²
3
1200 W/m²
2
1
0
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

Fonte: Autora.

A Figura 20 exibe a relação entre a potência líquida e a área ocupada pelo campo
coletor (REAr) em função da PET para o ciclo com turbina de condensação. Como foi
observado no item anterior, quanto maior a taxa de radiação, maior a REAr, pois a
potência líquida independe da taxa de radiação e taxas maiores implicam em campos
coletores menores maximizando a potência líquida produzida por área ocupada. O
aumento da PET implica no aumento do trabalho gerado, e com a taxa de radiação
constante, o tamanho do campo é mantido, mas à medida que a PET aumenta a
potência líquida aumenta, assim a REAr é maior.
69

Figura 20 – REAr em função da pressão na entrada da turbina de condensação para


diferentes taxas de radiação.
0,22

0,18
REAr [kW/m²]

0,14
300 W/m²
600 W/m²
0,10
900 W/m²
1200 W/m²
0,06

0,02
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

Fonte: Autora

5.3 MODELAGEM TERMOECONÔMICA

5.3.1 Ciclo com turbina de contrapressão – Modelo E

Nesse sistema os equipamentos têm apenas uma entrada e uma saída. Existem os
equipamentos que aumentam a exergia do fluido de trabalho, ou seja, produzem
exergia; e os equipamentos que a exergia é seu insumo: retiram exergia do mesmo.

Figura 21 – Diagrama Produtivo do ciclo a vapor cogerativo com turbina de


contrapressão segundo o Modelo E.

Fonte: Autora.
70

Na Figura 21 pode-se verificar os elementos CC (campo coletor), B (bomba) e TC


(trocador de calor), que elevam a exergia do vapor, e TV-CP (turbina a vapor de
contrapressão) e P (processo) que consomem exergia do mesmo. A junção (J E) une
os fluxos produtivos dos equipamentos que elevam a exergia do ciclo e a bifurcação
(BE) os dividem em insumos. Os fluxos de exergia entre os equipamentos são
caracterizados de acordo com os estados termodinâmicos expostos na Figura 10.
Também estão presentes no diagrama o fluxo de potência da turbina (𝑊̇𝑇 ), da bomba
(𝑊̇𝐵 ) e do processo (𝑊̇𝑃 ) e os produtos finais da planta: a potência líquida (𝑊̇𝐿 ) e a
vazão de água dessalinizada (𝑉̇ ). A exergia do sol (𝐸𝑠𝑜𝑙 ) é o único fluxo externo do
sistema.

Neste trabalho os custos foram calculados em base exergética de acordo com o fluxo
produtivo exergético (𝐸𝑖:𝑗 ) calculado pelo Equação 51. A exergia do sol é calculada
pela Equação 53. O sistema de equações para o modelo E foi montado de acordo
com a Equação 52, para determinar custos exergéticos unitários, como mostra a
Tabela 12.

Tabela 12 – Sistema de equações de custos do ciclo a vapor cogerativo com turbina


de contrapressão segundo o Modelo E.
Unidade Produtiva Equação
CC 𝑐6:5 𝐸6:5 − 𝐸𝑠𝑜𝑙 = 0
TC 𝑐1:4 𝐸1:4 − 𝑐6:5 𝐸6:5 = 0
B 𝑐4:3 𝐸4:3 − 𝑐𝑊 𝑊̇𝐵 = 0
P 𝑐𝑉 𝑉 𝐶𝐸𝑡𝑥 − 𝑐2:3 𝐸2:3 − 𝑐𝑊 𝑊̇𝑃 = 0
TV-CP 𝑐𝑇 𝑊̇𝑇 − 𝑐1:2 𝐸1:2 = 0
BP 𝑐𝑊 (𝑊̇𝐿 + 𝑊̇𝐵 + 𝑊̇𝑃 ) − 𝑐𝑇 𝑊̇𝑇 = 0
JE – B E 𝑐1:2 𝐸1:2 + 𝑐2:3 𝐸2:3 − 𝑐1:4 𝐸1:4 − 𝑐4:3 𝐸4:3 = 0
Fonte: Autora.

As Tabelas 13, 14 e 15 mostram os resultados obtidos para os custos exergéticos


unitários de cada fluxo do digrama produtivo para as 4 taxas de radiação estudadas
considerando as pressões de 10, 20 e 28,68 bar na entrada turbina.
71

Tabela 13 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 10 bar na entrada da turbina de contrapressão.
CUSTO EXERGÉTICO UNITÁRIO [kW/kW]
FLUXO VALOR [kW]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
𝐸1:2 877,7 4,522 3,664 3,439 3,335
𝐸1:4 3271 4,072 3,300 3,097 3,003
𝐸2:3 2070 4,522 3,664 3,439 3,335
𝐸4:3 2,93 4,645 3,764 3,533 3,426
𝐸6:5 4540 2,934 2,377 2,231 2,163
𝑊̇𝑃 214,9 3,815 3,091 2,901 2,813
𝑊̇𝐵 3,568 3,815 3,091 2,901 2,813
𝑊̇𝑇 1041 3,815 3,091 2,901 2,813
𝑊̇𝐿 1037 3,815 3,091 2,901 2,813
𝑉̇ 201,31 5,057 4,098 3,846 3,73
Fonte: Autora.

Tabela 14 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 20 bar na entrada da turbina de contrapressão.
CUSTO EXERGÉTICO UNITÁRIO [kW/kW]
FLUXO VALOR [kW]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
𝐸1:2 1117 4,348 3,523 3,307 3,206
𝐸1:4 3537 3,743 3,033 2,847 2,76
𝐸2:3 1934 4,348 3,523 3,307 3,206
𝐸4:3 6,269 4,338 3,515 3,3 3,199
𝐸6:5 4513 2,934 2,377 2,231 2,163
𝑊̇𝑃 205,41 3,563 2,887 2,71 2,627
𝑊̇𝐵 7,634 3,563 2,887 2,71 2,627
𝑊̇𝑇 1363 3,563 2,887 2,71 2,627
𝑊̇𝐿 1355 3,563 2,887 2,71 2,627
𝑉̇ 192,47 4,75 3,849 3,613 3,503
Fonte: Autora.
72

Tabela 15 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de contrapressão.
CUSTO EXERGÉTICO UNITÁRIO [kW/kW]
FLUXO VALOR [kW]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
𝐸1:2 1224 4,258 3,466 3,253 3,154
𝐸1:4 3661 3,597 2,937 2,757 2,673
𝐸2:3 1877 4,258 3,466 3,253 3,154
𝐸4:3 9,167 4,208 3,429 3,219 3,121
𝐸6:5 4488 2,934 2,377 2,231 2,163
𝑊̇𝑃 200,51 3,455 2,816 2,643 2,563
𝑊̇𝐵 11,16 3,455 2,816 2,643 2,563
𝑊̇𝑇 1509 3,455 2,816 2,643 2,563
𝑊̇𝐿 1498 3,455 2,816 2,643 2,563
𝑉̇ 187,89 4,622 3,766 3,534 3,427
Fonte: Autora.

A Tabela 16 apresenta os valores do fluxo de exergia do sol para as diferentes taxas


de radiação e pressões na entrada da turbina, visto que a exergia do sol muda com a
variação desses dois parâmetros, enquanto os demais fluxos só sofrem alteração com
a variação da pressão. A Tabela 17 evidencia a variação dos demais fluxos em função
da pressão na entrada da turbina.

Tabela 16 – Exergia do sol para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20
e 28,68 bar na entrada da turbina de contrapressão.
VALOR [kW]
FLUXO PET [bar]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
10 13320 10790 10130 9822
𝐸𝑠𝑜𝑙 20 13240 10730 10070 9762
28,68 13160 10670 10010 9709
Fonte: Autora.
73

Tabela 17 – Valor dos fluxos para pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da turbina
de contrapressão.
VALOR [kW]
FLUXO
10 bar 20 bar 28,68 bar
𝐸1:2 877,7 1117 1224
𝐸1:4 3271 3537 3661
𝐸2:3 2070 1934 1877
𝐸4:3 2,93 6,269 9,167
𝐸6:5 4540 4513 4488
𝑊̇𝑃 214,9 205,41 200,51
𝑊̇𝐵 3,568 7,634 11,16
𝑊̇𝑇 1041 1363 1509
𝑊̇𝐿 1037 1355 1498
𝑉̇ 201,31 192,47 187,89
Fonte: Autora.

As Figuras 22, 23 e 24 comparam os custos exergéticos unitários dos produtos finais


do sistema (potência líquida e vazão de água pura), em relação aos diferentes níveis
de PET e de taxa de radiação estudados.

Nota-se que as Figuras 22, 23 e 24 são semelhantes entre si mostrando que para as
três pressões estudadas os custos exergéticos unitários da potência líquida e da
vazão de água doce estão próximos para as taxas de radiação de 600, 900 e 1200
W/m², e que a taxa de 300 W/m² se distancia das outras apresentando custos mais
elevados. Também pode ser observado nessas figuras, assim como nas Tabelas 13,
14 e 15, que os custos exergéticos unitários da potência líquida e da água doce
diminuem com o aumento da radiação para a PET constante. Isso ocorre pois com o
aumento da taxa de radiação, o fluxo de exergia do sol diminui (Tabela 16), ou seja,
um menor fluxo externo é necessário para gerar a mesma a vazão de água
dessalinizada e a mesma potência líquida.
74

Figura 22 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10 bar na entrada da turbina de
contrapressão.

Custo exergético unitário da potência líquida 10 bar


6

300 W/m²
4
600 W/m²
900 W/m²
3 1200 W/m²

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada

Fonte: Autora.

Figura 23 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 20 bar na entrada da turbina de
contrapressão.

20 bar
Custo exergético unitário da potência líquida

300 W/m²
4
600 W/m²
900 W/m²
3 1200 W/m²

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada

Fonte: Autora.
75

Figura 24 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de
contrapressão.

Custo exergético unitário da potência líquida 28,68 bar


6

300 W/m²
4
600 W/m²
900 W/m²
3 1200 W/m²

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada

Fonte: Autora.

O ciclo a vapor, com PET constante, apresenta os mesmos estados termodinâmicos


independentemente da taxa de radiação a qual o campo solar é submetido, como foi
discutido anteriormente. Sendo assim, dentre os fluxos do sistema, a variação de
radiação tem influência somente sobre o fluxo de exergia do sol (Tabela 16). Dessa
forma, como pode ser visto nas Tabelas 13, 14 e 15, e evidenciado na Tabela 17, os
fluxos do sistema permanecem os mesmos com a variação de radiação. Porém, com
exceção dos fluxos referentes ao processo (𝐸2:3 , 𝑊̇𝑃 e 𝑉̇ ), o valor dos demais fluxos
do sistema aumenta com aumento da PET, pois insere-se mais energia no fluido de
trabalho. Os fluxos referentes a dessalinização diminuem, pois, o fluido entra no
processo com pressão constante, mas a uma temperatura menor, ou seja, com
entalpia e entropia menores. Como o a saída do processo é constante, o fluxo do
Estado 2 para o 3 diminui e consequentemente a demanda de energia auxiliar e a
vazão de água pura também diminuem.

A exergia do sol também diminui com aumento da PET, visto que com uma PET maior,
é menor a variação de entalpia, ou seja, menor a energia, que demanda o trocador de
calor para levar a água do Estado 4 para o Estado 1, dessa forma são necessários
76

menos coletores em paralelo para sustentar a mudança de estado da água. Isso faz
com que os custos exergéticos unitários dos produtos finais do sistema diminuam e
medida que essa pressão aumenta, como é mostrado nas Figuras 22, 23 e 24.

5.3.2 Ciclo com turbina condensação e extração de vapor – Modelo H&S

A Figura 25 mostra o diagrama produtivo do ciclo a vapor turbina condensação e


extração de vapor para o processo segundo o Modelo H&S. O condensador (C), o
processo (P) e o trocador de calor (TC) produzem entropia (𝑆𝑖:𝑗 ), ou seja, são
responsáveis pela remoção de entropia inserida no fluido de trabalho pelos outros
equipamentos do ciclo. Os fluxos de entalpia (𝐻𝑖:𝑗 ) e entropia (𝑆𝑖:𝑗 ) entre os
equipamentos são caracterizados de acordo com os estados termodinâmicos
expostos na Figura 11 e são calculados a partir das Equações 55 e 56.

Figura 25 – Diagrama Produtivo do ciclo a vapor cogerativo com turbina de


condensação e extração de vapor e segundo o Modelo H&S.

Fonte: Autora.
77

Os fluxos de potência (𝑊̇𝐿 , 𝑊̇𝐵1 , 𝑊̇𝐵2 e 𝑊̇𝑃 ) são produtos da turbina de condensação
(TV-CD). A potência líquida (𝑊̇𝐿 ) e o vapor do processo (𝑉) são os produtos finais do
sistema. O único insumo exergético externo do sistema é a exergia do sol (𝐸𝑠𝑜𝑙 ). A

Tabela 18 mostra o sistema de equações de custo formado com as Equações 57 e


58, de acordo com o diagrama produtivo da Figura 25.

Tabela 18 – Sistema de equações de custos do ciclo a vapor cogerativo com turbina


de condensação e extração de vapor segundo o Modelo H&S.
Unidade
Equação
Produtiva
CC 𝑐𝐻10:9 𝐻10:9 − 𝑐𝑆10:9 𝑆10:9 − 𝐸𝑠𝑜𝑙 = 0
TC 𝑐𝑆10:9 𝑆10:9 + 𝑐𝐻1:6 𝐻1:6 − 𝑐𝐻10:9 𝐻10:9 − 𝑐𝑆1:6 𝑆1:6 = 0
B1 𝑐𝐻4:3 𝐻4:3 − 𝑐𝑊 𝑊̇𝐵1 − 𝑐𝑆4:3 𝑆4:3 = 0
B2 𝑐𝐻6:5 𝐻6:5 − 𝑐𝑊 𝑊̇𝐵2 − 𝑐𝑆6:5 𝑆6:5 = 0
P 𝑐𝑆7:8 𝑆7:8 + 𝑐𝑉 𝑉 𝐶𝐸𝑡𝑥 − 𝑐𝐻7:8 𝐻7:8 + 𝑐𝑊 𝑊̇𝑃 = 0
C 𝑐𝐻2:3 𝐻2:3 − 𝑐𝑆2:3 𝑆2:3 = 0
TV 𝑐𝐻1:7 𝐻1:7 + 𝑐𝑆7:1 𝑆7:1 + 𝑐𝐻7:2 𝐻7:2 + 𝑐𝑆2:7 𝑆2:7 − 𝑐𝑇 𝑊̇𝑇 = 0
BP 𝑐𝑊 (𝑊̇𝐿 + 𝑊̇𝐵1 + 𝑊̇𝐵2 + 𝑊̇𝑃 ) − 𝑐𝑇 𝑊̇𝑇 = 0
𝑐𝐻1:7 𝐻1:7 + 𝑐𝐻7:2 𝐻7:2 + 𝑐𝐻2:3 𝐻2:3 + 𝑐𝐻7:8 𝐻7:8 − 𝑐𝐻1:6 𝐻1:6 − 𝑐𝐻4:3 𝐻4:3 −
JH – BH
𝑐𝐻6:5 𝐻6:5 = 0
𝑐𝑆7:1 𝑆7:1 + 𝑐𝑆2:7 𝑆2:7 + 𝑐𝑆4:3 𝑆4:3 + 𝑐𝑆6:5 𝑆6:5 + 𝑐𝑆1:6 𝑆1:6 − 𝑐𝑆2:3 𝑆2:3 −
JS – BS
𝑐𝑆7:8 𝑆7:8 = 0
Fonte: Autora.

As Tabelas 19, 20 e 21 apresentam os custos exergéticos unitários de cada fluxo do


digrama produtivo para as 4 taxas de radiação estudadas considerando as pressões
de 10, 20 e 28,68 bar na entrada turbina e a Tabela 22 apresenta os valores dos fluxos
em relação a variação de pressão na entrada da turbina. A exergia do sol varia tanto
com a pressão na entrada da turbina quanto com a taxa de radiação, e essa variação
está exposta na Tabela 23.
78

Tabela 19 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 10 bar na entrada da turbina de condensação.
CUSTO EXERGÉTICO UNITÁRIO [kW/kW]
FLUXO VALOR [kW]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
𝐻10:9 19390 3,857 3,127 2,935 2,846
𝐻1:6 19390 4,693 3,804 3,571 3,463
𝐻1:7 2081 4,767 3,864 3,627 3,517
𝐻2:3 7476 4,767 3,864 3,627 3,517
𝐻4:3 0,464 6,772 5,489 5,153 4,997
𝐻6:5 7,102 6,867 5,567 5,223 5,067
𝐻7:2 1305 4,767 3,864 3,627 3,517
𝐻7:8 8531 4,767 3,864 3,627 3,517
𝑆10:9 10180 4,693 3,804 3,571 3,463
𝑆1:6 12820 4,994 4,048 3,800 3,685
𝑆2:3 7080 5,034 4,080 3,830 3,714
𝑆2:7 392,6 4,994 4,048 3,800 3,685
𝑆4:3 0,088 4,994 4,048 3,800 3,685
𝑆6:5 1,306 4,994 4,048 3,800 3,685
𝑆7:1 325,5 4,994 4,048 3,800 3,685
𝑆7:8 6458 4,949 4,011 3,765 3,651
𝑊̇𝑃 214,9 5,826 4,723 4,433 4,299
𝑊̇𝐵1 0,464 5,826 4,723 4,433 4,299
𝑊̇𝐵2 250 5,826 4,723 4,433 4,299
𝑊̇𝑇 3386 5,826 4,723 4,433 4,299
𝑊̇𝐿 2921 5,826 4,723 4,433 4,299
𝑉 107,4 4,949 4,011 3,765 3,651
Fonte: Autora.
79

Tabela 20 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 20 bar na entrada da turbina de condensação.
CUSTO EXERGÉTICO UNITÁRIO [kW/kW]
FLUXO VALOR [kW]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
𝐻10:9 19270 3,608 2,925 2,745 2,662
𝐻1:6 19270 4,219 3,420 3,210 3,113
𝐻1:7 2725 4,284 3,473 3,260 3,161
𝐻2:3 7193 4,284 3,473 3,260 3,161
𝐻4:3 0,464 6,105 4,949 4,645 4,504
𝐻6:5 15,20 6,236 5,054 4,744 4,601
𝐻7:2 1213 4,284 3,473 3,260 3,161
𝐻7:8 8155 4,284 3,473 3,260 3,161
𝑆10:9 10120 4,219 3,420 3,210 3,113
𝑆1:6 12170 4,477 3,629 3,406 3,303
𝑆2:3 6812 4,524 3,667 3,442 3,338
𝑆2:7 363,8 4,477 3,629 3,406 3,303
𝑆4:3 0,088 4,477 3,629 3,406 3,303
𝑆6:5 2,794 4,477 3,629 3,406 3,303
𝑆7:1 491,9 4,477 3,629 3,406 3,303
𝑆7:8 6218 4,424 3,586 3,366 3,264
𝑊̇𝑃 205,4 5,257 4,261 4,000 3,879
𝑊̇𝐵1 0,464 5,257 4,261 4,000 3,879
𝑊̇𝐵2 250 5,257 4,261 4,000 3,879
𝑊̇𝑇 3938 5,257 4,261 4,000 3,879
𝑊̇𝐿 3482 5,257 4,261 4,000 3,879
𝑉̇ 102,7 4,424 3,586 3,366 3,264
Fonte: Autora.
80

Tabela 21 – Custo exergético unitário dos fluxos para diferentes taxas de radiação
com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de condensação.
CUSTO EXERGÉTICO UNITÁRIO [kW/kW]
FLUXO VALOR [kW]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
𝐻10:9 19170 3,503 2,840 2,666 2,585
𝐻1:6 19170 4,019 3,258 3,058 2,965
𝐻1:7 3017 4,081 3,308 3,105 3,011
𝐻2:3 7035 4,081 3,308 3,105 3,011
𝐻4:3 0,464 5,823 4,720 4,431 4,296
𝐻6:5 22,22 5,959 4,830 4,534 4,397
𝐻7:2 1176 4,081 3,308 3,105 3,011
𝐻7:8 7961 4,081 3,308 3,105 3,011
𝑆10:9 10070 4,019 3,258 3,058 2,965
𝑆1:6 11820 4,262 3,455 3,243 3,144
𝑆2:3 6663 4,309 3,493 3,279 3,179
𝑆2:7 351,5 4,262 3,455 3,243 3,144
𝑆4:3 0,088 4,262 3,455 3,243 3,144
𝑆6:5 4,085 4,262 3,455 3,243 3,144
𝑆7:1 568,2 4,262 3,455 3,243 3,144
𝑆7:8 6081 4,208 3,411 3,202 3,105
𝑊̇𝑃 200,5 5,016 4,066 3,816 3,701
𝑊̇𝐵1 0,464 5,016 4,066 3,816 3,701
𝑊̇𝐵2 250 5,016 4,066 3,816 3,701
𝑊̇𝑇 4193 5,016 4,066 3,816 3,701
𝑊̇𝐿 3742 5,016 4,066 3,816 3,701
𝑉̇ 100,3 4,208 3,411 3,202 3,105
Fonte: Autora.
81

Tabela 22 – Valor dos fluxos físicos para pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da
turbina de condensação.
VALOR [kW]
FLUXO
10 bar 20 bar 28,68 bar
𝐻10:9 19390 19270 19170
𝐻1:6 19390 19270 19170
𝐻1:7 2081 2725 3017
𝐻2:3 7476 7193 7035
𝐻4:3 0,464 0,464 0,464
𝐻6:5 7,102 15,20 22,22
𝐻7:2 1305 1213 1176
𝐻7:8 8531 8155 7961
𝑆10:9 10180 10120 10070
𝑆1:6 12820 12170 11820
𝑆2:3 7080 6812 6663
𝑆2:7 392,6 363,8 351,5
𝑆4:3 0,088 0,088 0,088
𝑆6:5 1,306 2,794 4,085
𝑆7:1 325,5 491,9 568,2
𝑆7:8 6458 6218 6081
𝑊̇𝑃 214,9 205,4 200,5
𝑊̇𝐵1 0,464 0,464 0,464
𝑊̇𝐵2 250 250 250
𝑊̇𝑇 3386 3938 4193
𝑊̇𝐿 2921 3482 3742
𝑉̇ 107,4 102,7 100,3
Fonte: Autora.
82

Tabela 23 – Exergia do sol para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20
e 28,68 bar na entrada da turbina de condensação.
VALOR [kW]
FLUXO PET [bar]
300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
10 bar 26980 21870 20530 19910
𝐸𝑠𝑜𝑙 20 bar 26820 21740 20410 19790
28,68 bar 26670 21620 20300 19680
Fonte: Autora.

As Figuras 26, 27 e 28 comparam os custos exergéticos unitários, dos produtos finais


do sistema, relação aos diferentes níveis de pressão na entrada da turbina e de taxa
de radiação estudados.

Figura 26 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10 bar na entrada da turbina de
condensação.

10 bar
Custo exergéticounitário da potênica líquida

300 W/m²
4
600 W/m²
900 W/m²
3 1200 W/m²

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada

Fonte: Autora.
83

Figura 27 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 20 bar na entrada da turbina de
condensação.

Custo exergético unitário da potência líquida 20 bar


6

300 W/m²
4
600 W/m²
900 W/m²
3 1200 W/m²

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada

Fonte: Autora.

Figura 28 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 28,68 bar na entrada da turbina de
condensação.

28,68 bar
Custo exergético unitário da potência líquida

300 W/m²
4
600 W/m²
900 W/m²
3 1200 W/m²

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada

Fonte: Autora.
84

As Figuras 26, 27 e 28 se parecem mostrando que para cada nível de PET, assim
como no ciclo com turbina de contrapressão, com a turbina de condensação os custos
exergéticos unitários dos produtos finais do sistema para taxa de 300 W/m² são mais
elevados. Através das mesmas figuras e das Tabelas 19, 20 e 21 observa-se que com
a PET constante, o aumento da taxa de radiação causa a diminuição dos custos
exergéticos unitários dos produtos finais do sistema pois o fluxo de exergia do sol
diminui (Tabela 23), assim como foi observado no sistema com turbina de
contrapressão.

Considerando a taxa de radiação constante, o aumento da PET insere mais energia


no fluido de trabalho, aumentando o valor desses fluxos de exergia no sistema, com
exceção dos fluxos referentes ao processo (𝐸2:3 , 𝑊̇𝑃 e 𝑉) que diminuem. Um nível
mais alto de PET diminui a variação entálpica do Estado 6 para o Estado 1, logo o
trocador de calor demanda menos energia e um campo coletor menor é necessário
para absorver essa energia. Assim, a exergia do sol diminui e os fluxos internos do
sistema aumentam com o aumento da pressão no Estado 1, e isso faz com que os
custos exergéticos unitários dos produtos finais do sistema diminuam e medida que a
PET aumenta, como mostram as Figuras 26, 27 e 28.

A quantidade de exergia do sol para gerar os produtos finais com a radiação de 300
W/m² é até 36% maior do que para as outras taxas de radiação. Logo, com PET
constante, os custos exergéticos unitários dos produtos finais do sistema para essa
taxa de radiação são significativamente maiores do que para as outras taxas.

5.4 ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS

5.4.1 Área do campo coletor

As Figuras 15 e 19 mostram que o comportamento da área do coletor em relação a


radiação e a PET é semelhante entre os sistemas estudados. A Figura 29 mostra esse
comportamento para ambos os sistemas, com a radiação de 600 W/m². Observa-se
que, para mesma taxa de radiação, o sistema com turbina de condensação ocupa
uma área maior, aproximadamente o dobro, que a área ocupada pelo outro sistema.
85

Esse aumento de área se justifica porque no ciclo com turbina de condensação circula
o dobro do fluxo de vapor utilizado no de contrapressão, e com a PET constante a
variação de entalpia entre os Estados 6 e 1 (condensação) e entre os Estados 4 e 1
(contrapressão) é quase a mesma, logo é preciso o dobro da área que demanda o
ciclo com turbina de contrapressão para absorver a energia necessária para atender
o ciclo com turbina de condensação.

Figura 29 – Área do campo coletor em função da taxa de radiação para diferentes


pressões de vapor na entrada da turbina de contrapressão e de condensação.
5
Área do campo coletor [hectare]

1
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

contrapressão condensação

Fonte: Autora.

5.4.2 Potência líquida por área ocupada em relação a PET

A Figura 30 mostra a relação entre a potência líquida produzida no ciclo por unidade
de área ocupada em função da PET, para a radiação de 600 W/m², para os dois
sistemas estudados.
86

Figura 30 – REAr função da PET da turbina de contrapressão e de condensação.


0,10

REAr [kW/m²] 0,08

0,06

0,04

0,02
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

condensação contrapressão

Fonte: Autora.

Para a mesma PET e taxa de radiação, a mudança de estado da entrada da turbina


para a entrada do processo é quase a mesma para os dois sistemas, a diferença entre
eles é que o dobro do fluxo vapor passa por essa expansão até a entrada do processo
na turbina de condensação. Logo, como pode ser constatado pela Equação 3, a
expansão do Estado 1 para Estado 7 (turbina de condensação) ocorrendo com o dobro
da vazão mássica da expansão do Estado 1 para Estado 2 (turbina de contrapressão)
gera o dobro de potência. Ainda na turbina de condensação metade do fluxo de vapor
é extraído para o processo e o restante expande do Estado 7 para o Estado 2, gerando
mais trabalho. Sendo assim, na turbina de condensação é produzida mais que o dobro
da potência líquida da turbina de contrapressão para uma área de campo igual ao
dobro da área ocupada no sistema com contrapressão, isso explica que, para
qualquer taxa de radiação, o ciclo com turbina de condensação e extração de vapor
gera uma quantidade superior de potência líquida por unidade de área ocupada pelo
campo coletor em relação ao ciclo com turbina de contrapressão.

5.4.3 Potência líquida por unidade de água doce produzida em relação a PET

A Figura 31 exibe relação entre a potência líquida do ciclo por unidade de água doce
produzida para os dois sistemas em função da PET. A produção de água
dessalinizada e a potência líquida não variam com a taxa de radiação. Percebe-se
87

que em ambos os sistemas a REA cresce com o aumento da PET. Como foi
observado na Figura 14 e na Figura 18, com aumento da PET aumenta a potência
líquida do ciclo e, ao mesmo tempo, diminui a produção de água dessalinizada. Dessa
forma, a quantidade de potência líquida por volume de água doce produzida (REA)
tende a crescer. Como mostram as Tabela 7 e Tabela 11, a produção de água
dessalinizada é a mesma para ambos os ciclos para determinada PET, portanto a
REA do ciclo com turbina de condensação é maior que a do ciclo com turbina de
contrapressão na mesma proporção que o trabalho de um ciclo é maior que o do outro.

Figura 31 – REA em função da pressão de vapor na entrada da turbina de


contrapressão.
1,8
REA [kW/m³ por dia]

1,4

1,0

0,6

0,2
5 10 15 20 25 30
PET [bar]

condensação contrapressão

Fonte: Autora.

5.4.4 Custos exergéticos unitários dos produtos finais do sistema

Na Figura 32 foram unidas as informações das Figuras 22, 23 e 24, plotando os custos
unitários exergéticos dos produtos finais do sistema para as diferentes taxas de
radiação e com diferentes níveis de pressão na entrada da turbina de contrapressão.
O mesmo foi feito na Figura 33, unindo as Figuras 26, 27 e 28 para as mesmas taxas
de radiação e níveis de pressão na entrada da turbina de condensação.
88

Figura 32 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da
turbina de contrapressão.

Custo exergético unitário da potência líquida 6

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada

10 bar 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²


20 bar 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
28,68 bar 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²

Fonte: Autora.

Figura 33 – Custo exergético unitário dos produtos finais do ciclo a vapor cogerativo
para diferentes taxas de radiação com pressão de 10, 20 e 28,68 bar na entrada da
turbina de condensação.
Custo exergético unitário da potência líquida

2
2 3 4 5 6
Custo exergético unitário da água dessalinizada
10 bar 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
20 bar 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²
28,68 bar 300 W/m² 600 W/m² 900 W/m² 1200 W/m²

Fonte: Autora.
89

Ao comparar as Figuras 32 e 33 percebe-se que no sistema com turbina de


condensação, para dada PET e taxa de radiação, o custo exergético unitário da água
doce é menor, e o da potência líquida é maior, que no sistema com turbina de
contrapressão. Nos dois sistemas é produzida a mesma vazão de água dessalinizada
com a PET constante. Porém, no sistema com turbina de condensação
aproximadamente o dobro potência líquida é gerada, dessa forma uma parcela maior
do fluxo externo desse sistema é dedicada a geração de potência líquida, tornando o
custo exergético unitário desse produto maior em relação ao sistema com turbina de
contrapressão. Consequentemente, o ciclo com turbina de condensação produz a
água pura com um custo exergético unitário inferior ao do sistema com turbina de
contrapressão, pois uma parcela menor do fluxo externo é utilizada na geração da
vazão de água dessalinizada nesse sistema em relação ao outro.
90

6 CONCLUSÃO

Esse trabalho teve como objetivo estudar e comparar a ocupação física, a produção
de água doce e energia e o custo exergético dos produtos finais de um sistema
composto por um ciclo solar integrado a um ciclo a vapor cogerativo, com turbina de
contrapressão ou com turbina de condensação e extração de vapor, atendendo o
processo de dessalinização.

Em relação aos parâmetros variados (taxa de radiação e pressão na entrada da


turbina) os dois sistemas se comportaram de forma semelhante: a produção de água
de doce não é afetada pela variação de radiação, porém diminui ao passo que a PET
aumenta; a potência líquida permanece a mesma com o aumento da taxa de radiação
e cresce com o aumento da PET; a área ocupada é menor para maiores níveis de
PET, porém diminui numa proporção muito maior com o aumento da taxa de radiação.
Feita a comparação dos dois sistemas, o sistema com turbina de condensação ocupa
uma área maior em relação ao sistema com turbina de contrapressão, para mesma
taxa de radiação e PET. Porém com a turbina de condensação mais potência líquida
por unidade de área e por unidade de água doce, é produzida.

Os custos exergéticos unitários dos produtos finais diminuíram tanto com o aumento
da PET quanto com o aumento taxas de radiação no campo coletor. Considerando a
menor taxa de radiação e a menor PET estudada (300 W/m² e 10 bar) até o maior
nível de PET (28,68 bar) e a máxima taxa de radiação da região (1200 W/m²), o custo
exergético unitário da potência líquida e da água doce tiveram redução de cerca 35%,
para os dois sistemas. Também cabe aos dois sistemas apresentados a consideração
que a taxa de radiação de 300 W/m² gera resultados bastante inferiores as outras
taxas estudadas, uma vez o sistema sob efeito dessa taxa apresentou campo
coletores até 6 vezes maiores, a uma mesma PET, e custos exergéticos unitários dos
produtos finais até 3 vezes maiores, o que tornaria um sistema adequado a essa taxa
de radiação muito custoso em relação as demais. Também se notou que no sistema
com turbina de condensação, para dada PET e taxa de radiação, o custo exergético
unitário da água doce é menor que para o sistema turbina de contrapressão. Já o
custo exergético unitário da potência líquida, é menor no sistema com turbina de
contrapressão.
91

Como proposta para projetos futuros sugere-se um trabalho de otimização do sistema


de cogeração para definir a configuração ideal da planta, encontrando o equilíbrio
entre a produção de água dessalinizada e a geração de potência líquida. Também é
pertinente uma análise termoeconômica para investigar os custos monetários que
estariam atrelados a implantação desse sistema.
92

REFERÊNCIAS

ABOELWAFA, Omar e outros. A review on solar Rankine cycles: Working fluids,


applications, and cycle modifications. Renewable and Sustainable Energy
Reviews, Giza, v. 82, p.868-885, fev. 2018. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2017.09.097.

AL-SULAIMAN, Fahad A. Exergy analysis of parabolic trough solar collectors


integrated with combined steam and organic Rankine cycles. Energy Conversion
and Management, Dhahran, v. 77, p.441-449, jan. 2014. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enconman.2013.10.013.

BARRERA, Jainer Rodriguez e outros. Experimental analysis of heat transfer


characteristics of a parabolic solar collector. Contemporary Engineering Sciences,
Barranquilla, v. 10, n. 31, p.1529-1537, 2017. Hikari,
Ltd..http://dx.doi.org/10.12988/ces.2017.710131.

BELISARIO, Igor Chaves. Análise Termoeconômica de uma Central de


Cogeração de uma Indústria Siderúrgica. 2012. 104 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Engenharia Mecânica, Centro Tecnológico, Universidade Federal do
Espírito Santo, Vitória, 2012.

BELLOS, Evangelos; TZIVANIDIS, Christos. Analytical Expression of Parabolic


Trough Solar Collector Performance. Designs, Athens, v. 2, n. 1, p.9-26, 2 mar.
2018. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/designs2010009. Disponível em:
<https://www.mdpi.com/2411-9660/2/1/9/pdf>. Acesso em: 24 out. 2018.

BENOIT, H. e outros. Review of heat transfer fluids in tube-receivers used in


concentrating solar thermal systems: Properties and heat transfer
coefficients. Renewable and Sustainable Energy Reviews, [S.l.], v. 55, p.298-315,
mar. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2015.10.059.

BHUTKA, Jignasha; GAJJAR, Jaymin; HARINARAYANA, T. Modelling of Solar


Thermal Power Plant Using Parabolic Trough Collector. Journal Of Power And
Energy Engineering. Gandhinagar, p. 9-25. ago. 2016. Disponível em:
<https://www.scirp.org/Journal/PaperInformation.aspx?PaperID=69363>. Acesso em:
09 nov. 2017.

BRANDÃO, Sérgio da Silva. Cogeração: Trabalho no âmbito da cadeira: Produção


e Planeamento de Energia Eléctrica. Coimbra, 2004. Disponível em:
<http://www.marioloureiro.net/tecnica/co-trigeracao/CogeracaoSergioBrandao.pdf>.
Acesso em: 31 jan. 2019.

BROGIOLI, Doriano; LAMANTIA, Fabio; YIP, Ngai Yin. Thermodynamic analysis and
energy efficiency of thermal desalination processes. Desalination, [s.l.], v. 428, p.29-
39, fev. 2018. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.desal.2017.11.010.

CALISE, Francesco e outros. Thermoeconomic analysis of an integrated solar


combined cycle power plant. Energy Conversion and Management, [s.l.], v. 171,
93

p.1038-1051, set. 2018. Elsevier BV.


http://dx.doi.org/10.1016/j.enconman.2018.06.005.
CAVALCANTI, Eduardo J.c.; MOTTA, Henrique Pereira. Exergoeconomic analysis of
a solar-powered/fuel assisted Rankine cycle for power generation. Elsevier. Rio
Grande do Norte, p. 555-562. maio 2015.

CESPEDES, João Francisco Peral; OLIVEIRA JÚNIOR, Silvio de. ANÁLISE


TERMOECONÔMICA DE PLANTAS DE COGERAÇÃO. Revista Brasileira de
Engenharia Química, São Paulo, v. 17, n. 4, p.21-27, jan. 1998. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Silvio_De_Oliveira_Junior/publication/2658161
26_ANALISE_TERMOECONOMICA_DE_PLANTAS_DE_COGERACAO/links/54cf7
4640cf24601c0937818/ANALISE-TERMOECONOMICA-DE-PLANTAS-DE-
COGERACAO.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2019.

DECEA. UTC – Tempo Universal Coordenado. Disponível em:


<https://www.decea.gov.br/sirius/index.php/2011/06/14/utc-tempo-universal-
coordenado/>. Acessoem: 26 out. 2018.

DESAI, Nishith B.; BANDYOPADHYAY, Santanu. Optimization of concentrating solar


thermal power plant based on parabolic trough collector. Journal Of Cleaner
Production. Mumbai, p. 262-271. 21 maio 2014. Disponível em:
<https://pdfs.semanticscholar.org/18cc/764929dca7747158aefc7d509e3ae6c60996.p
df>. Acesso em: 25 set. 2017.

EPE. Balanço Energético Nacional 2017: Ano base 2016. Rio de Janeiro, 2017.
Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2017.pdf>.
Acessoem: 27 set. 2017.

ERLACH, Berit; SERRA, Luis; VALERO, Antonio. Structural theory as standard for
thermoeconomics. Energy Conversion And Management, Zaragoza, v. 40, n. 15-
16, p.1627-1649, out. 1999. Elsevier BV.

EASTMAN CHEMICAL COMPANY. Therminol® VP-1 Heat Transfer Fluid. 2019.


Disponível em: <https://www.therminol.com/products/Therminol-VP1>. Acesso em:
23 nov. 2019.

FARIA, Pedro Rosseto de e outros. A comparative study of the thermoeconomic


methodologies for cost allocation in a gas turbine cogeneration system. 22nd
International Congress Of Mechanical Engineering (COBEM 2013), Ribeirão
Preto. nov. 2013.

FERRARINI, Renzo da Silva. Comparação de abordagens termoeconômicas:


aplicação a um sistema de cogeração do setor de papel e celulose. 2016. 112 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Mecânica, Centro Tecnológico,
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2016. Disponível em:
<http://repositorio.ufes.br/handle/10/9733>. Acesso em: 05 jul. 2019.

FOX, Robert W.; PRITCHARD, Philip J.; MCDONALD, Alan T.. Introdução à
Mecânica dos Fluidos. 7. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2010.
94

GOVERNO DO BRASIL. Horário de verão começa no dia 4 de novembro. 2018.


Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/educacao-e-
ciencia/2018/10/horario-de-verao-comeca-no-dia-4-de-novembro>. Acesso em: 26
out. 2018.

GAZETA ONLINE. São Mateus terá mais poços artesianos na tentativa de


amenizar crise hídrica. 2017. Disponível em:
<https://www.gazetaonline.com.br/noticias/norte/2017/05/sao-mateus-tera-mais-
pocos-artesianos-na-tentativa-de-amenizar-crise-hidrica-1014056209.html>. Acesso
em: 03 jul. 2019.

IBGE. São Mateus - ES - IBGE Cidades. 2010. Disponível em:


<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/es/sao-mateus/panorama>. Acesso em: 03 jul.
2019.

IBICT. O que é Energia Heliotérmica? 2017. Disponível em:


<http://energiaheliotermica.gov.br/pt-br/energia-heliotermica/o-que-e-energia-
heliotermica>. Acesso em: 20 set. 2017.

INCROPERA, Frank P. e outros. Fundamentos de transferência de calor e


massa. 6. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2008. 639 p.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (INMET). Dados meteorológicos de


estação automática em São Mateus – ES. Disponível em:
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home2/index. Acesso em: 15 de mar.
2017.

IRENA. Benefits. 2017. Disponível em: <http://www.irena.org/benefits>. Acesso em:


09 nov. 2017.

KALOGIROU, Soteris A. Solar Energy Engineering: Processes and Systems. 2. ed.


Oxford: Elsevier, 2014. Disponível em:
<https://www.academia.edu/32533754/Solar_Energy_Engineering_Processes_and_
Systems_Second_Edition>. Acesso em: 18 out. 2017.

LIANG, Hongbo; YOU, Shijun; ZHANG, Huan. Comparison of different heat transfer
models for parabolic trough solar collectors. Applied Energy, Tianjin, v. 148, p.105-
114, jun. 2015. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.apenergy.2015.03.059.

LIMA, Alberto Cesar de e outros. A Energia Solar no Espírito Santo: Tecnologias,


aplicações e oportunidades. Vitória: Aspe, 2013. Disponível em:
<http://www.aspe.es.gov.br/download/Energia_Solar_ES.pdf>. Acesso em: 20 set.
2017.

LORA, Electo Eduardo Silva; NASCIMENTO, Marco Antônio Rosa do. Geração
Termelétrica: Planejamento, Projeto e Operação. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.
1296 p.

LÓPEZ, Ariane Herek de e outros. No Brasil Pelo Brasil: Business to Society


Report. São Paulo: Siemens, 2017. Disponível em:
95

<http://www.siemens.com.br/relatoriob2s/assets/pdf/relatorio_b2s_siemens.pdf>.
Acesso em: 30 out. 2017.
MAREFATI, Mohammad; MEHRPOOYA, Mehdi; SHAFII, Mohammad Behshad.
Optical and thermal analysis of a parabolic trough solar collector for production of
thermal energy in different climates in Iran with comparison between the conventional
nanofluids. Journal Of Cleaner Production. Tehran, p. 294-313. 2018. Disponível
em:
<https://www.researchgate.net/profile/Md_Washim_Akram/post/What_are_the_factor
s_that_affect_the_optical_loss_of_the_Parabolic_Trough_Concentrator_PTC/attach
ment/5ab156e54cde266d5892b0c7/AS%3A606329207005184%401521571556920/
download/10.1016%40j.jclepro.2017.12.080.pdf>. Acesso em: 24 out. 2018.

MOKHEIMER, Esmail M. A. e outros. Techno-economic performance analysis of


parabolic trough collector in Dhahran, Saudi Arabia. Energy Conversion and
Management, [s.l.], v. 86, p.622-633, out. 2014. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enconman.2014.06.023.

MONTES, M.J.; ABÁNADES, A.; MARTÍNEZ-VAL, J. M.. Performance of a direct


steam generation solar thermal power plant for electricity production as a function of
the solar multiple. Solar Energy, [s.l.], v. 83, n. 5, p.679-689, maio 2009. Elsevier
BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.solener.2008.10.015.

MONTES, M.J. e outros. Solar multiple optimization for a solar-only thermal power
plant, using oil as heat transfer fluid in the parabolic trough collectors. Solar Energy,
Madrid, v. 83, n. 12, p.2165-2176, dez. 2009. Disponível em:
<http://oa.upm.es/5304/2/INVE_MEM_2009_69069.pdf>. Acesso em: 23 out. 2018.

MORAN, Michael J.; SHAPIRO, Howard N.. Princípios de Termodinâmica para


Engenharia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

PADILLA, Ricardo Vasquez e outros. Heat transfer analysis of parabolic trough solar
receiver. Applied Energy, Tampa, v. 88, p.5097-5110, ago. 2011.

PEREIRA, E. B. e outros. Atlas Brasileiro de Energia Solar. São José dos


Campos: INPE, 2006. Disponível em:
<http://ftp.cptec.inpe.br/labren/publ/livros/brazil_solar_atlas_R1.pdf>. Acesso em: 27
set. 2017.

PEREIRA, Elizabeth Marques Duarte e outros. Mapeamento Básico das


Precondições Gerais para Tecnologias Heliotérmicas no Brasil. Brasília: Projeto
Energia Heliotérmica, 2014. Disponível em: <http://energiaheliotermica.gov.br/pt-
br/system/files/papers/2014_pereira_mapeamento_basico_das_precondicoes_1.pdf>
. Acesso em: 26 set. 2017.

PETELA, Richard. Exergy analysis of the solar cylindrical-parabolic cooker. Solar


Energy, Alberta, v. 79, p.221-233, jan. 2005.

PUROHIT, Ishan; PUROHIT, Pallav; SHEKHAR, Shashaank. Evaluating the potential


of concentrating solar power generation in Northwestern India. Energy Policy. p.
157-175. 11 julho 2012. Disponível em:
96

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0301421513005764>. Acesso em:


30 out. 2017.

QIBLAWEY, Hazim Mohameed; BANAT, Fawzi. Solar thermal desalination


technologies. Desalination, [s.l.], v. 220, n. 1-3, p.633-644, mar. 2008. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.desal.2007.01.059.

QUOILIN, Sylvain e outros. Thermo-economic optimization of waste heat recovery


Organic Rankine Cycles. Applied Thermal Engineering, [s.l.], v. 31, n. 14-15,
p.2885-2893, out. 2011. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.applthermaleng.2011.05.014.

RAMOS, Arthur; GONDIM, Carlos Eduardo. Os Desafios do Setor Elétrico


Brasileiro: Avanços esperados frente a transformações global. Pwc, 2017.
Disponível em: <https://www.pwc.com.br/pt/estudos/strategy/2017/2017-strategy-
desafios-setor-elertrico-brasileiro.pdf>. Acesso em: 30 out. 2017.

SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Dicas de


economia. 2019. Disponível em:
<http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=140>. Acesso em: 23
nov. 2019.

SANTOS, Rodrigo Guedes dos. Avaliação dos Modelos Termodinâmicos e


Abordagem da Alocação de CO2 em Termoeconomia. 2015. 183 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Espírito
Santo, Vitória, 2015.

SANTOS, José Joaquim Conceição Soares. Aplicação da neguentropia na


modelagem termoeconômica de sistemas. 2009. 140 f. Tese (Doutorado) - Curso
de Engenharia Mecânica, Instituto de Engenharia Mecânica, Universidade Federal
de Itajubá, Itajubá, 2009.

SANTOS, José Joaquim Conceição Soares. Avaliação Exergoeconômica das


Tecnologias para a Produção Combinada de Eletricidade e Água
Dessalinizada. 2005. 221 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Mecânica, Universidade Federal de ItajubÁ, Itajubá, 2005.

SERRA, L. Optimización exergoeconômica de sistemas térmicos. Tesis


Doctoral: Departamento de Ingeniería Mecánica, Universidad de Zaragoza,
Zaragoza, 1994.

SHAHIN, Mohamed S.; ORHAN, Mehmet F.; UYGUL, Faruk. Thermodynamic


analysis of parabolic trough and heliostat field solar collectors integrated with a
Rankine cycle for cogeneration of electricity and heat. Solar Energy, [s.l.], v. 136,
p.183-196, out. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.solener.2016.06.057.

SOLARIPEDIA. Solar Energy Generating Systems (Mojave Desert, California,


USA). 2018. Disponível em:
<http://www.solaripedia.com/13/32/362/segs_kramer_junction_solar_collector.html>.
Acesso em: 31 out. 2018.
97

TAYLOR, Michael e outros. Renewable Power Generation Costs in 2014.Irena,


2015. Disponível em: <http://www.solarpaces.org/wp-
content/uploads/IRENA_RE_Power_Costs_2014_report.pdf>. Acesso em: 01 nov.
2017.

TESKE, Sven; LEUNG, Janis. Solar Thermal Electricity Global Outlook. Solar
PACES, ESTELA e Greenpeace International, 2016. Disponível em:
<http://m.greenpeace.org/international/Global/international/publications/climate/2016/
Solar-Thermal-Electricity-Global-Outlook-2016.pdf>. Acesso em: 27 set. 2017.

VALENZUELA, Carlos e outros. Modeling of a small parabolic trough plant based in


direct steam generation for cogeneration in the Chilean industrial sector. Energy
Conversion and Management, [s.l.], v. 174, p.88-100, out. 2018. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enconman.2018.08.026.

VALENZUELA, Loreto e outros. Control concepts for direct steam generation in


parabolic troughs. Solar Energy, [s.l.], v. 78, n. 2, p.301-311, fev. 2005. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.solener.2004.05.008.

YUE, Chen; YOU, Fengqi; HUANG, Ying. Thermal and economic analysis of an
energy system of an ORC coupled with vehicle air conditioning. International
Journal Of Refrigeration, v. 64, p.152-167, abr. 2016. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ijrefrig.2016.01.005.

ZARZA, Eduardo e outros. The DISS Project: Direct Steam Generation in Parabolic
Trough Systems. Operation and Maintenance Experience and Update on Project
Status. Journal Of Solar Energy Engineering. Almería, p. 126-133. maio 2002.
Disponível em:
<http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.472.8788&rep=rep1&type
=pdf>. Acesso em: 09 nov. 2017.

Você também pode gostar