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CHINA

Dados Principais

Área 9.536,499 km²


Capital Pequim
População 1,42 bilhão de Habitantes (mar/2016)
Moeda Iuan
Nome Oficial República Popular da China (Zhonghua Renmin
Gongheguo).
Nacionalidade Chinesa
Data Nacional 01 e 02 de outubro (Dia da Pátria, Proclamação da
República Popular da China).
Divisão 22 províncias, 5 regiões especiais (Hong Kong e
Administrativa Macau), 5 regiões autônomas e 4 municipalidades.
Governo Estado Unipartidário
Presidente Xi Jinping (desde março de 2013)
História

A China é considerada uma das mais antigas e importantes civilizações


do mundo, historiadores baseados em documentos antigos afirmam que a
civilização chinesa possui mais de 4000 anos de existência.
Os registros mais remotos do povo chinês comprovam a sua formação
marcada pela influência de povoados que habitaram pioneiramente o território
e estabeleceram-se nas proximidades do rio Amarelo.
A Civilização chinesa foi responsável pela criação de importantes
invenções. Até o século XV, os chineses ocuparam posição destacada na
produção intelectual e tecnológica. São eles os inventores da pólvora, do
compasso, das primeiras prensas e contribuíram bastante para a criação da
medicina também.
Entretanto, na Idade Contemporânea, a superioridade do Império Chinês
foi abalada pelo contato com as nações europeias envolvidas no processo de
expansão da economia industrial.
Durante o século XIX, a ação imperialista acabou estabelecendo uma
série de conflitos que colaboraram para um novo período da história chinesa.
Os chineses então modernizaram suas instituições e, hoje, ocupam a categoria
de potência mundial.
Sua história pode ser dividida em 04 principais eras: A China Antiga, as
Eras Imperiais, A China Nacionalista e a China Comunista.

A China Antiga

Neste período, três dinastias iniciaram o processo de ocupação territorial


e formação étnica do povo chinês.
A primeira delas é conhecia como Xia (2200 A.C. - 1750 A.C.). Os Xia
ocuparam o Vale do Rio Amarelo (considerado o berço da civilização chinesa)
e foram precursores do sistema de escrita criado na dinastia Shang, além de
introduzirem a agricultura, medicina, comércio e o casamento.
A segunda foi Dinastia Shang (1750 A.C. – 1040 A.C.). Esta dinastia
desenvolveu o uso de peças de bronze e formou uma vasta civilização
caracterizada pela divisão da sociedade entre os nobres, habitantes das
cidades-palácios, e os camponeses. Sua organização política era monárquica,
embora o poder deste, na prática, se limitasse ao campo religioso. Além disso,
esta dinastia ficou conhecida, principalmente, pelo desenvolvimento do sistema
de escrita gravado em peles de animais.

A Era do Bronze

A dinastia Shang foi enfraquecida pela pressão dos povos vizinhos,


sendo substituída pela dinastia Zhou (1100 A.C. – 771 A.C.).
Tida como a principal fundadora da civilização chinesa, essa dinastia
controlou a região do chamado Reino Médio. Os Zhou foram responsáveis
pelas primeiras criações de peças com ferro, que ajudou conter as ameaças às
fronteiras, e pela elaboração de distintos sistemas de pensamento filosófico: o
confucionismo e o taoismo.
No fim desse período, inicia-se um intenso momento de batalhas,
conhecido como Estados Guerreiros (403 A.C. - 221 A.C.), encerrando as
origens da civilização chinesa.

Rei Wu - Primeiro Imperador Zhou


A Era Imperial (221 a.C. até 1644 d.C.)

Primeira Era Imperial:

Dinastia Qin (221 A.C. - 206 A.C.).

A Primeira Era Imperial inicia-se com a ascensão da dinastia Qin. Essa


dinastia foi de vital importância para a China, pois lançou as bases do império,
formou grande parte do atual território chinês e foi responsável pelo processo
de centralização político-administrativa que garantiu a unidade dos territórios.
Qin Shi Huang Di , foi rei do Estado
chinês de Qin de247 a.C. a 221 a.C., e
posteriormente tornou-se o primeiro
imperador de uma China unificada, reinando
sob a alcunha de Primeiro Imperador.
Tendo unificado a China, ele e

Imperador Qin e seus conselheiros seu primeiro-ministro, Li Si, iniciaram uma


série de reformas significativas com o
intuito de fortificar e estabilizar a unidade política chinesa, ordenando projetos
de construção gigantescos, como a própria Muralha da China - ainda não em
suas dimensões máximas. Apesar de Qin Shi Huang ser considerado ainda
hoje como um dos fundadores da China unificada, que assim permaneceria,
com certas interrupções e diferenças territoriais, por mais de dois milênios, o
imperador também é lembrado como um tirano autocrático.
A grande muralha: Apesar de seu poder militar, o recém unificado
império Qin enfrentava ameaças recorrentes do norte: invasões pelas tribos
nômades Xiongnu (ancestrais de Átila dos Hunos)
A fim de afastar os Xiongnu, Qin Shi Huang ordenou a contrução de enorme
muro defensivo. O trabalho foi realizado por centenas de milhares de escravos
e prisioneiros entre 220 e 206 a.C, entre os quais incontáveis milhares
morreram durante a construção.
Esta fortificação ao norte formou a primeira seção do que se tornaria a Grande
Muralha da China.
O Exército de Terracota: Para proteger Qin Shi Huang na vida após a morte, e
quem sabe permitir que ele conquistasse os céus como havia feito na terra, o
imperador mandou construir um exército de terracota, que seriam incluídos na
tumba. O exército incluía cavalos de terracota, bem como carroças e armas
reais. Cada soldado foi moldado individualmente, com um rosto com
características faciais únicas – apesar de os corpos e membors terem sido
produzidos em massa com moldes.
Com a morte do imperador, em 210 A.C., o governo dos Qin entrou em
colapso com a deflagração de uma série de conflitos internos, da qual saiu
vencedora a dinastia Han.

A Grande Muralha Guerreiros de Terracota

Primeira Dinastia Han (206 A.C. e 220 D.C.)

A dinastia Han manteve grande parte da estrutura político-administrativa


implementada pelos Qin. Os Han
também adotaram uma política
expansionista que resultou na conquista
de vários territórios e coincidiu com um
período de expansão comercial e
agrícola. No campo ideológico, essa
dinastia fez do confucionismo a doutrina
oficial do estado e a Literatura e as Artes tiveram intenso desenvolvimento.
Importantes avanços tecnológicos também fizeram parte desse período, com a
invenção do papel e da porcelana.
Os Três Reinados (220 - 265) e as 6 Dinastias do Norte e do Sul (317 -
589)

Nesse período, com a queda da dinastia Han, a China sofreu divisões


internas e o ataque de diversos povos nômades (tibetanos, turcos e mongóis)
que trouxeram notáveis mudanças. A primeira dela é que a etnia Han foi
forçada a se deslocar para a região sul do território chinês, enquanto os povos
“bárbaros” promoveram um intercâmbio cultural ao se fixarem na parte norte.
No âmbito religioso, difundiram-se o budismo e o taoísmo.

Segunda Era Imperial:

Dinastia Sui (589 – 618)

Na Segunda Era Imperial, a China passou por um processo de


reunificação territorial e reorganização política, econômica e social
empreendido pela dinastia Sui. Os Sui conduziram um intenso processo de
centralização política e a criação de um rigoroso sistema de contribuição social
que incluía o pagamento de impostos e a participação em trabalho
compulsório. Seu fim é explicado por uma série de turbulências internas e
questões militares que enfraqueceram seu domínio, principalmente as
investidas realizadas contra a Coréia, no início do século VII.
A obra mais importante construída durante o governo do segundo
imperador Sui foi o Grande Canal, que ligava
os dois principais rios da China. Ela facilitou
o transporte do imposto pago em arroz até
as duas capitais do país na época, na bacia
do rio Amarelo: Chang'an, a oeste, e
Luoyang, a leste.

Traçado do Grande Canal de Pequim a Hancheu. O Grande Canal da China


Dinastia Tang (618 - 907)

A dinastia Tang continuou a reunificação do território, reorganizou a


administração e alargou as fronteiras da China. Durante essa época, houve um
grande desenvolvimento cultural do povo chinês, com a popularização da
escrita.
O cultivo do chá teve mais incentivo, e além do budismo e taoísmo, o
confucionismo também foi incentivado, crescendo ainda mais a força religiosa
na China. O Grande Canal também cresceu e se solidificou como rota de
comercio. As artes, em especial dança e musica também foram incentivadas.
Durante o século VIII, uma série de tensões políticas marcou o processo
de crise e desintegração da Dinastia Tang, ocorrendo sua queda, em 907.
Depois da queda, até a primeira metade do século X, a China passou por um
novo processo de desintegração política que a dividiu em cinco dinastias ao
norte e dez reinados ao sul.

A nobre dama Guoguo e suas irmãs, ilustração de Zhan Xuan,


durante a dinastia Tang.

Dinastia Song (960 – 1126)

Depois dessa fase marcada pela descentralização política, a Dinastia


Song conseguiu reimplantar a unificação dos territórios. Ao estabelecer sua
dinastia, os Song elevaram o crescimento econômico e estimularam o
desenvolvimento da cultural, com a difusão de textos impressos e a renovação
das doutrinas confucionistas e ascensão do Neoconfucionismo. A força desse
conjunto de ideias foi responsável por um período de grande estabilidade nos
campos político, social e ideológico na China.

Invasão mongol e o Yuan (1126- 1368)

A invasão mongol na China e a dominação


do território chinês, em meados do século XIII,
consolidou uma nova fase da história política da
China. Kublai Khan derrotou os Song e unificou
todo o território chinês, estabelecendo a Dinastia
Yuan. Contudo, preservou a estrutura hierárquica
existente. Durante essa época, o império realizou
a ampliação do Grande Canal e o controle da
zona ocidental, o que possibilitou a extensão do contato comercial dos
chineses a outras regiões da Ásia e da Europa, permitindo os primeiros
contatos entre os chineses e o mundo ocidental.
Esse intercâmbio cultural abriu espaço para o desenvolvimento
tecnológico e surgimento de novas orientações religiosas.

Dinastia Ming (1368 – 1644)

Em 1368, a dinastia mongol foi deposta


do poder pela resistência interna, e, a dinastia
Ming assume o poder. Essa dinastia incentivou
o isolamento sociopolítico e cultural a fim de
preservar a unidade do povo chinês. Ao mesmo tempo, a grande estabilidade
criada durante os Ming justificou, entre os chineses, a crença de que sua
civilização alcançara um grau de autonomia onde o contato e valores
estrangeiros eram secundários.
Em contrapartida a fase isolacionista, a
atividade marítima foi amplamente desenvolvida.
As embarcações chinesas chegavam à Arábia, e
há alguns relatos do início do século XV que
sugerem que um navegante chamado Zheng
He teria feito a circunavegação do globo
terrestre, antecipando em quase cem anos a
teoria proposta por Cristóvão Colombo. Além
disso, o território chinês se expandiu para a
Manchúria, Indochina e Mongólia.
A Cidade Proibida, foi o palácio imperial da China desde meados
da Dinastia Ming até ao fim da Dinastia
Qing. Fica localizada no centro da antiga
cidade de Pequim.
O título de Cidade Proibida surgiu
pelo fato de somente o imperador, sua
família e empregados especiais terem
permissão para entrar no conjunto de
prédios do palácio.
Este reinado começa a cair em decorrência da chegada dos europeus,
em 1516, e tem seu fim definitivo no ano de 1644, após a invasão manchu,
dando início à última dinastia imperial da China.

Dinastia Qing (1644-1911)

A Dinastia Qing alcançou o poder em um período delicado na China,


devido às contradições geradas pela visão de mundo isolacionista dos Ming, os
problemas de ordem interna e a aproximação dos países capitalistas
ocidentais. Durante essa dinastia, a população chinesa cresceu bastante e
realizou importantes expansões territoriais. Em virtude dessas expansões e
com a chegada dos europeus, durante o século XVI, começou o contato dos
chineses com o Ocidente. Esse contato com povos estrangeiros somente era
aceitável por motivos comerciais. Em âmbito cultural, os valores das demais
nações eram vistos como inferiores à cultura chinesa.
Com o fim do século XVIII, porém, a China entrou em um período de
crise econômica, política e social. A grande população chinesa deparou-se com
a falta de empregos e a carência de terras disponíveis. A eclosão desses
problemas sociais também incentivou a formação de sociedades, que
combatiam a dinastia Qing.
Além dos problemas internos, China era ameaçada pela Europa, que
pretendia aumentar sua penetração comercial no país. A instabilidade política
interna, fruto da crise econômica, serviu de brecha aos europeus para forçarem
a abertura dos portos chineses ao comércio. Em 1839, os ingleses
aproveitaram a destruição de um carregamento de ópio (mercadoria que
introduziam na China a partir da Índia) para declarar guerra à dinastia manchu.
A chamada guerra do ópio terminou com a derrota chinesa, onde os
ingleses forçaram o Tratado de Nanquim (1842), pelo qual os chineses se
comprometiam a abrir ao comércio britânico cinco portos, entre os quais os
dois mais importantes do país, Xangai e Cantão, e além disso, cessão de Hong
Kong e Macau.

Bandeira da dinastia Qing


Guerra do Ópio

Nos anos seguintes, prosseguiu a instabilidade interna. Em meados da


década de 1850, sucederam-se os levantes muçulmanos das regiões de
Xinjiang e Yunnan; e, em 1853, o movimento Taiping, de cunho religioso e
milenarista, conquistou Nanjing e tentou expandir seu poder pelo norte da
China. Uma intervenção militar franco-britânica obrigou o governo chinês a
fazer novas concessões. Pelo Tratado de Pequim, firmado em 1860, abriram-
se 11 outros portos no país e ofereceram-se mais vantagens aos estrangeiros.
A China, agora aberta ao comércio, tornou-se presa dos interesses
europeus. O império cedeu aos franceses o território vassalo do Vietnam e aos
japoneses a ilha de Formosa e a península da Coréia.
As duas Guerras do Ópio e seu tráfico foram custosos para a Dinastia
Qing e para o povo chinês. O tesouro imperial foi extremamente reduzido, por
conta do pagamento de indenizações devidas às guerras e à grande evasão de
prata causada pelo tráfico de ópio. Além disso, a China sofreu duas fomes
extremas em 1860 e 1880, e os Qing não conseguiram de acudir a população.
Tais eventos tiveram um profundo impacto ao desafiar a hegemonia de que os
chineses gozavam na Ásia há séculos e mergulharam o país no caos.
Em virtude das ações imperialistas das potências capitalistas da época,
a integridade política e econômica da China foi abalada e fez com que, a partir
da segunda metade do XIX, o governo chinês buscasse formas de remodelar
suas instituições por meio do domínio de saberes oriundos do mundo ocidental.

Revolução de 1911 e a República

No início do século XX, devido às transformações e mudanças ocorridas


com a introdução dos interesses estrangeiros em seus territórios, começou a
ganhar força na um expressivo movimento de modernização política entre
representantes políticos nacionalistas, anti-imperiais, militares e estudantes,
que defendiam a derrubada da Dinastia Qing e a proclamação da República.
Eles eram inspirados pelas ideias de Sun Yat-sen, fundador do partido
nacionalista conhecido como Kuomintang.
Em outubro de 1911, um grupo de militares da cidade de Wuchang,
iniciou um conflito contra a dinastia Qing, que rapidamente se espalhou pelo
país dando origem a Revolução de 1911. Ela levou à proclamação da
República da China em 1912 e a formação de um governo provisório. Sun Yat-
sen foi declarado presidente, mas foi forçado a passar o poder a Yuan Shikai,
como parte do acordo de deixar o último imperador abdicar. Nos anos
seguintes, Shikai aboliu as assembleias nacionais e provinciais e declarou-se
imperador. Contudo, suas ambições imperiais encontraram forte oposição por
parte de seus subordinados, de modo que terminou por abdicar em 1916,
morrendo logo depois. Sua morte deixou um vácuo de poder na China e
inaugurou um período de guerras civis, durante a qual grande parte do país foi
governado por coalizões concorrentes de líderes militares provinciais, os
“Senhores da Guerra”.
Nos anos 1920, com a propagação de movimentos comunistas pelo
mundo e sucesso da revolução na Rússia foi criado o Partido Comunista
Chinês (PCC). Com forte apelo popular, o novo partido foi visto como uma
ameaça à ordem governamental e, por isso, seus membros foram perseguidos
pelas autoridades.
Na mesma época, Sun Yat-sen estabeleceu uma base revolucionária no sul da
China e se propôs à unificação do país com auxílio soviético e aliado ao PCC.
Após a sua morte em1925, seu sucessor,Chiang Kai-shek, assumiu o
controle doKuomintange unificou a maior parte do sul e do centro da China. Em
seguida, rompeu com o PCC e iniciou a perseguição aos comunistas,
provocando uma guerra civil (1927-1936). Em 1934, os comunistas iniciaram
sua famosa “Longa Marcha” pelos terrenos no
noroeste da China, onde estabeleceram uma
base guerrilheira. Durante a Longa Marcha, os
comunistas reorganizaram sob um novo líder,
Mao Tsé-tung.
Enquanto isso, em 1931, os japoneses aproveitaram a guerra civil para forçar a
entrega de vários territórios chineses. Essa política de concessões gerou
protestos em toda China, o que obrigou o governo nacionalista a enfrentar os
invasores. Durante essa invasão japonesa, os nacionalistas e os comunistas
formaram uma frente unida para opor-se à japonesa. Contudo, o conflito entre
o KMT e o PCC continuou, aberta ou clandestinamente, ao longo dos catorze
anos da invasão japonesa.
Após a derrota do Japão em 1945, a guerra entre o KMT e o PCC foi retomada,
depois de tentativas frustradas de reconciliação. Assim, em 1947, beneficiando-
se da excessiva dispersão das tropas nacionalistas, o exército comunista
conquistou todo o norte da China. Ao mesmo tempo, a negativa do governo
nacionalista de promover reformas e acabar com a corrupção atraiu para Mao o
apoio de grande parte da burguesia e dos intelectuais da zona controlada por
Chiang Kai-shek.

A Revolução Chinesa de 1949 e a República Popular

A guerra civil terminou em 1949 com o PCC de Mao Tsé-Tung vitorioso


e em 1 de Outubro de 1949, foi proclamada a República Popular da China
(RPC). Derrotados Chiang Kai Shek e seu Kuomintang, fugiram para a ilha de
Taiwan. Lá constituiram um governo nacionalista que até hoje governa de
forma autônoma a ilha.
Durante os três primeiros anos do novo regime, a China passou por diversas
transformações econômicas: decretou-se uma reforma agrária, nacionalizou as
instituições financeiras e comerciais e manteve o setor privado na indústria.
Além disso, a primeira constituição do regime foi aprovada em 1954 e
definia a China como um estado socialista, estruturado segundo os princípios
do centralismo democrático e alinhado a União Soviética e aos países
europeus do bloco soviético. Em 1950, os chineses intervieram na guerra da
Coréia, primeiro conflito militar a opor capitalistas e socialistas, apoiando o
governo comunista da Coréia do Norte contra a do Sul, respaldado pelas
Nações Unidas.
A RPC foi moldada por uma série de campanhas e planos quinquenais,
com diferentes níveis de êxito. O primeiro plano quinquenal, inspirado no
modelo soviético, com o objetivo de acelerar o processo de industrialização e
incrementar a produção foi um sucesso. Seus resultados favoráveis
estimularam o governo comunista chinês a criar um grande projeto de
transformação político-econômico que ficou conhecido como “Grande Salto
para Frente”. Entretanto, seu resultado foi um fracasso e resultou em fome e
degradação econômica e social.

Paralelamente, surgiram graves problemas internos e externos. Em


1960, a China rompeu relações com a União Soviética, devido à luta pela
hegemonia na direção do movimento comunista internacional e as disputas
territoriais ao longo da fronteira. Internamente, o partido comunista estava
dividido em duas facções: a primeira, que defendia a pureza ideológica do
comunismo chinês, e a segunda, favorável a uma postura tecnocrática.
Em 1966, Mao e seus aliados lançaram a Revolução Cultural, um programa de
controle cultural, político e ideológico que duraria até a morte de Mao.
Essa revolução foi fundamental para depurar o partido, afastando do
poder os elementos moderados e estimulando o espírito revolucionário do
povo. A revolução cultural paralisou o progresso material e tecnológico do país.
Na década de 1970, a política internacional da China se orientou no sentido da
distensão e da moderação.
Essa nova postura criou condições para o ingresso do país nas Nações
Unidas (outubro de 1971) e para a normalização das relações diplomáticas
com muitos países capitalistas, como os Estados Unidos com a histórica visita
do presidente Nixon à China em 1972 e o estabelecimento de relações
diplomáticas com Brasil em 1974. Em 9 de setembro de 1976 morreu Mao Tsé-
Tung e assim, a China entrava em uma era mais pragmática.

Pós Maoísmo

Com a morte de Mao, em 1976, o “Bando dos Quatro”(núcleo radical do


Partido Comunista Chinês ligado a Mao Tsé-tung formado por sua esposa,
Chiang Ching, e por Zhang Chunqiao, Yao Wenyuan e Wanga Hongwen) foram
presos e acusados de excessos da Revolução Cultural, marcando o fim de uma
era turbulenta política na China.
Deng Xiaoping emergiu como o líder de fato da
China, apesar do sucessor de Mao ser o presidente
Hua Guofeng. Deng foi o líder supremo da China, de
1978 a 1992. Embora nunca tenha se tornado o chefe
do partido ou do Estado, durante seu “governo”, foi
iniciada a abertura da China para o mundo e a
introdução de reformas na economia e sociedade, visando modernizar a China
e trazer prosperidade.
No campo político, consolidava-se a tendência à distensão com os
países ocidentais e ao confronto com a União Soviética. Nesta época, a China
passou por uma grande abertura diplomática e de liberdades pessoais. Em
1982, houve a promulgação de uma nova constituição.
Um dos principais
fatores que permitiram a
arrancada da produção
industrial e comércio da
China foi a criação das
chamadas Zonas
Econômicas Especiais
(ZEEs) por Deng. As ZEEs
apresentam políticas
econômicas especiais
(mais orientadas para o
livre mercado) e medidas governamentais mais flexíveis, que visavam atrair
investimentos estrangeiros e absorver as inovações tecnológicas
desenvolvidas nos países mais avançados. Isso permitiu às ZEEs terem um
sistema de gestão econômica propício para fazer negócios, que não existia no
resto da China continental. A primeira cidade chinesa a abrigar uma ZEE foi
Shenzhen.
Além disso, seu governo acelerou o processo de liberalização e
modernização com as reformas econômicas, onde se destacam as quatro
modernizações, nos setores da agricultura, indústria e comércio,
ciência/tecnologia e na área militar. Contudo, o princípio socialista da
propriedade estatal dos meios de produção não foi alterado. Estes eventos
marcaram a transição da China de uma economia planejada para uma
economia mista com um ambiente de mercado cada vez mais aberto, um
sistema denominado por alguns como "socialismo de mercado" ou “capitalismo
com características chinesas”.
Entretanto, o processo de modernização chinesa enfrentou dificuldades
iniciais, já que o país passou a enfrentar os problemas de transição para uma
um mercado mais aberto, como inflação, desemprego, tensão política,
corrupção, êxodo rural e desigualdades sociais crescentes levando a protestos
e insatisfação geral da população no final da década de 80.

Anos 90 – Modernização e Crescimento Acelerado

No início da década de 90 ascende à


Presidência Jiang Zemin e o primeiro ministro Zhu
Rongji, que governaram um período marcado por
reformas econômicas significativas, incluindo
privatizações, investimentos e parcerias
estrangeiras e abertura do mercado. Nesse período
o desempenho econômico da China tirou uma
estimativa de 150 milhões de camponeses da
pobreza e manteve uma impressionante média
anual de crescimento do PIB de 11,2%.
Com a morte de Deng Xiaoping em 1997, Jiang Zemin se tornou a
maior figura política do país, mantendo a transição para o “capitalismo com
características chinesas”. Em julho do mesmo ano, em meio à crise financeira
asiática que abalou as bolsas e economias da região como um todo, celebrou-
se a reincorporação, após mais de um século de domínio inglês, de Hong Kong
a República Popular da China, e dois anos depois o retorno de Macau pelos
portugueses. O fim da colonização ocidental de territórios chineses também é
simbólico da nova ordem global e o papel da China no mundo.

Século XXI – Ascenção como potencia no cenário mundial

O novo milênio consolidou a maior


abertura da economia da China, sua
modernização e crescente exportação e
investimento no exterior. A entrada como
membro pleno da OMC em 2001 é um marco
importante nesse progresso.
Em 2003 assumiu a nova liderança sob o Presidente Hu Jintao e o
Primeiro Ministro Wen Jiabao, que mantiveram o crescimento econômico e
desenvolvimento do conhecimento e inovação bem como uma presença maior
da China no cenário global.
Os grandes exemplos dessa nova China
são os sucessos tanto do programa espacial
Chinês como a realização de grandes eventos
mundiais. Em 2003 a China começou a
explorar o espaço com viagens tripuladas
culminando em um passeio espacial em 2008
tornando-se o terceiro país a levar um
astronauta ao espaço.
O sucesso de grandes eventos como as
Olimpíadas Beijing em 2008 e Expo Shanghai 2010 reforçaram ainda mais a
imagem da China como um líder no cenário mundial indo de encontro com uma
presença maior da China no cenário global.

A demanda por recursos naturais e commodities para seu acelerado


crescimento resultou em parcerias e intercâmbio cada vez maiores no comércio
e investimentos. Com isso a China se tornou o maior parceiro comercial e
investidor de diversos países, principalmente na África, Ásia e América Latina,
expandindo conjuntamente sua influência econômica, geopolítica e cultural.
No fim de 2012, o Congresso do PCC elevou Xi Jinping ao posto de
secretário-geral do PCC e líder da Comissão Militar, assumindo a Presidência
em Maio de 2013, com o Primeiro Ministro Li Keqiang. Como 59 e 57 anos,
respectivamente, Xi e Li são também as figuras mais jovens da nova liderança
central, assinalando o início da ascensão ao topo do poder de uma nova
geração de líderes.

Vida e Cultura Chinesa

O calendário chinês é uma combinação dos calendários


solares e lunares. A cada ano segue a ordem do
horóscopo chinês em um ciclo de doze anos.
Apesar de lendas afirmarem que o
calendário teria sido inventado pelo imperador
Shi, em 2637 a.C., evidências demonstram que
os calendários foram usados mais tarde na
China, durante a dinastia Shang. Eles consistiam
em um ciclo anual de doze meses e alguns deles
apresentavam um décimo terceiro e até um décimo quarto mês. O calendário
em sua forma atual foi introduzido pelo imperador Wu da Dinastia Han
Ocidental.
O calendário chinês é usado principalmente para datar eventos
importantes como feriados – o Ano Novo Chinês ou o Festival do Meio-Outono
– e também para adivinhação. O calendário gregoriano foi oficialmente adotado
pela China em 1912 para questões civis e administrativas, apesar de o
calendário chinês ainda ser amplamente utilizado.

Religião e Filosofia Chinesa

Taoísmo

O Taoísmo é o único conjunto de ensinamentos filosóficos


e práticas religiosas que se originou na China.
Suas raízes vêm dos antigos panteístas
chineses e de crenças xamânicas. Foi criado por Lao-
Tsé durante o Período dos Estados Guerreiros e se
tornou uma religião organizada no século 5 d.C. Seu texto fundamental é o Tao
Te Ching, originalmente escrito por Lao-Tsé, e reflete sobre o caminho para a
humanidade eliminar o conflito e o sofrimento.
Os taoistas acreditam que o homem deve viver em harmonia com a
natureza por meio do Tao, “O Caminho”. A ideia é atingir uma grande harmonia
cósmica. As crenças taoistas ressaltam o autodesenvolvimento, a liberdade e a
busca da imortalidade.
O Taoismo é fortemente influenciado pela religião popular chinesa, e
seus deuses são figuras históricas que demonstraram poderes excepcionais
em vida.

Algumas divindades taoistas:

Imperador Jade

Considerado o soberano supremo de todas as


divindades chinesas, o imperador Jade teria criado a
humanidade a partir do barro. Os taoistas rezam para
ele em busca de boa sorte e longevidade, em seu
aniversário e também na noite do Ano Novo Chinês.

Cai Shen

O deus chinês da prosperidade e riqueza é


amplamente cultuado pelos chineses, por razões óbvias.
Acredita-se que Cai Shen teria sido um general da
Dinastia Qin, e é representado por um tigre negro.

Confusionismo

O Confucionismo foi um dos mais importantes aspectos da cultura


chinesa de 100 a.C. a 1.900 d.C., influenciando áreas como educação e
governo, além de orientar o comportamento social e os deveres do indivíduo
em relação à sociedade.

Confúcio nasceu em uma família nobre, mas empobrecida, durante a


Dinastia Zhou Oriental. Seu sistema moral é baseado na empatia e na
compreensão. É centrado em três conceitos, denominados li ou “ação ideal”, yi
ou “honradez”, e ren ou “compaixão humana ou empatia”. De acordo com o
Confucionismo, uma vida boa e obediente só poderia surgir em uma sociedade
bem disciplinada, que valoriza a cerimônia, o dever, a moralidade e o serviço
público.
Confúcio ensinou o valor do poder e acreditava que a solidez da
lealdade familiar, o culto aos ancestrais, o respeito pelos mais velhos e a
unidade familiar formavam a base de um bom governo. Em um de seus
discursos, conhecido como “Regra de Ouro”, ele declara que “um homem deve
praticar o que prega, mas também deve pregar o que pratica”.
Suas opiniões mais tarde se difundiram pela China através de seus
discípulos, e muitas pessoas aprenderam com seus sábios ensinamentos.

Sistema de ensino na China

A China é um país com mais de 1300


milhões de pessoas. Com um tal volume de
população, organizar um sistema de ensino
que satisfaça as exigências dos cidadãos e
que proporcione uma educação de qualidade é um trabalho que exige um
cuidadoso planejamento.
Primeiro lugar no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa)
2012, a província de Xangai, na China, tem um exigente sistema de ensino que
cria vantagens e deficiências na formação dos seus estudantes.
Cálculo e memorização do conteúdo são as prioridades no ensino, deixando
de lado a criatividade e a capacidade de análise e de expressão. Além de passar a
manhã e a tarde na escola, os alunos da China estudam em casa quase três vezes
mais que a média mundial. A maioria gasta em média 13,8 horas diárias fazendo
lição de casa, segundo o governo chinês. A média mundial é de 4,9 horas.
Estudantes da China sofrem uma grande pressão de pais, professores e da
sociedade em geral. Só quem alcança um sucesso acadêmico consegue competir
por um bom emprego no país mais populoso do mundo.

Economia

Na China a questão do desenvolvimento tem se tornado o centro das


atenções desde o fim do pesadelo da “Revolução cultural”.
A China é um gigantesco país em desenvolvimento com uma longa
história de feudalismo, tem a maior população do mundo constituída de 80% de
camponeses.
O extraordinário crescimento sustentado da economia chinesa por mais
de duas décadas é, sem lugar a dúvidas, uma das maiores transformações da
economia e da política internacional. Seu
desenvolvimento econômico, utilizando como
“vantagem comparativa” enormes reservas de
mão de obra barata, a converteu num centro,
por excelência, da produção manufatureira a
nível mundial, sendo considerada como a “oficina do mundo” como se
denominava a Inglaterra depois da Revolução Industrial. Ano passado, esses
êxitos e o espetacular aumento de suas importações, que cresceram em 40%
ao longo do ano, converteram-na em um dos dois motores da recuperação da
economia mundial marcando decididamente a emergência da China como um
ator a levar em conta no cenário internacional.

Desde que iniciou suas reformas em 1978 o progresso da economia


chinesa tem sido extraordinário. Nos últimos 25 anos seu produto interno bruto
se expandiu a 9% por ano, o crescimento de seu comércio exterior cresceu
15% ao ano desde 1978 e o superávit comercial com os Estados Unidos é
agora duas vezes o do Japão. Tudo isso é uma mostra da maior integração da
economia chinesa à economia mundial, sendo hoje a segunda economia do
mundo com 15,85 trilhões de iuanes (US$
2,44 trilhões) . Uma mostra disso foi que
em 2002, o Porto Shenzhen superou a
Roterdã e Los Angeles, convertendo-se
no sexto porto do mundo. E hoje sendo o
terceiro maior do mundo. Atrás do porto
de Xnagai na China, que está em primeiro lugar.
O excepcional desenvolvimento industrial tem levado muitos analistas a
denominá-la como “nova oficina do mundo”. Assim, o Financial Times sustenta:
Hoje, as cidades florescentes do delta do rio Pearl na China converteram-se na
nova oficina do mundo. Shunde se auto-intitula a capital do forno de
microondas, com 40% da produção global que se realiza em apenas uma de
suas fábricas gigantes. Shennzhen, a zona econômica especial, diz fabricar
70% das fotocopiadoras do mundo e 80% das árvores de natal artificiais,
Dongguan tem 80 mil pessoas trabalhando numa só fábrica fazendo sapatos
para os adolescentes do mundo.
Zhongshan é o lar da indústria de
eletricidade mundial. Zhuhai, até há pouco
uma cidade costeira rodeada de campos
de arrozais, está ganhando terra ao
oceano para fazer mais espaço para
fábricas que já dominam a cadeia global
de qualquer coisa desde consoles de
videogames a clubes de golfe. O país é uma máquina de produzir como nunca
se viu outra igual. Uma máquina que mistura características do comunismo e
do capitalismo. Mistura, portanto, baixos salários, partido único, ausência de
direitos civis e de reivindicação, com a busca pela produtividade, meritocracia,
capital abundante, atração de estrangeiros e investimento em capital humano.
É uma máquina bafejada pelas circunstâncias de ter a seu dispor o
maior mercado interno do mundo e o maior mercado externo do mundo.
O delta do rio Pearl – uma área do tamanho da Bélgica que contorna o
interior de exportações e Hong Kong através de uma série apertada de ilhas –
produz 10 bilhões de dólares de exportações e atrai um bilhão de investimento
estrangeiro ao mês. 30 milhões de pessoas já trabalham na manufatura, todos
os dias milhares mais descem dos trens vindos de terras mais ao norte.
As brechas entre a China e as economias desenvolvidas com relação à
pro-dutividade do trabalho e à riqueza estão se expressando através de uma
rápida relocalização das economias maduras em direção à China, e o
conseqüente crescimento rápido das exportações.

Dados da Economia Chinesa

– Crescimento no período de 1994- 2003


– Exportações 378% (15% a.a em média)
– Importações 297% (13,4% a.a em média)
– Maior importador mundial de soja e derivados
– Segundo maior importador mundial de ferro e aço (primeiro em aços
laminados planos e aços especiais)
O que a China consome em termos de mundo:

54% do cimento
51% da carne de Porco
40% das motocicletas
36% do aço
31% do carvão

Principais Cidades Chinesas

Xangai

Com uma população de quase 18 milhões e uma das


maiores densidades demográficas do planeta.

Shenzen
Com seus 8 milhões de habitantes a antiga aldeia de
pescadores bateu o recorde de crescimento
demográfico, nos últimos 25 anos a população
cresceu 2700%.

Wenzhou
É uma das cidades chinesas que mais receberam
migrantes do campo da última década.

Tianjin
O maior pólo de tecnologia da China. São 334 milhões
de celulares em uso na China, a maior concentração do
mundo equivalente à soma das linhas no Brasil, Estados
Unidos e Rússia
Pequim
A capital possui uma das 20 melhores universidades
do mundo.A Universidade de Pequim.

Changchum
Pólo da indústria automobilística.
A China ocupa o segundo lugar no
ranking mundial de produção de
veículos,atrás apenas dos Estados
Unidos.

Chongqing
É a primeira no ranking das 20 cidades mais poluídas do
mundo. Outras 15 ficam na China.

O Crescimento Endêmico

O modelo econômico adotado pela china na Gestão de Deng Xiao Ping


inseriu o país definitivamente no Comércio Internacional. Este crescimento vem
ocorrendo a taxas impressionantes desde 1990.
O problema para a China nessa economia é a excessiva dependência
de um modelo industrial e de exportações o qual requer uma produção em
escala crescente. Isso tudo para criar a quantidade de empregos necessária
para atender à nova e crescente força de trabalho e àquela foi e é dispensada
no processo de estruturação das indústrias estatais chinesas.
Esse ciclo requer 3 pontos importantes: investimentos ascendente,
crescimento de crédito e um preço de aço favorável. Os dois primeiros pontos
tem sido providenciados com as enormes reservas que o governo chinês vem
acumulando com sucesso e um processo de desvalorização do yuan vai
favorecer ao terceiro.
O governo chinês mantêm o ritmo deste crescimento ao criar um grande
números de projetos para alimentar este ciclo abundante.
Uma das maneiras encontradas pela china para sustentar esse ritmo é
uma mudança seletiva dos investimentos industriais estatais conforme a
demanda dos mercados mundiais.
Essa mudança exige a criação e a reformulação constante do mercado
de trabalho e para sustentar esse modelo, sendo necessário um crescimento
médio de pelo menos 7% do PIB ao ano e uma taxa de juros baixa. O objetivo
é manter o “momentum” do crescimento econômico e evitar uma queda nesse
ritmo.

A via chinesa para o desenvolvimento

A China tem registrado altas taxas de crescimento, mas não se vê razão


para exagerado otimismo quanto seu desenvolvimento no porvir.
A China ainda carrega muita das características de um país em
desenvolvimento, juntamente com problemas herdados de seu passado
histórico.
A fim de fazer avançar o desenvolvimento nacional por trilhas bem
delineadas, a china está dando mais atenção a um modelo de desenvolvimento
rápido, a qualquer custo: mais equilibrado desenvolvimento entre áreas
urbanas e rurais, mais equilibrado desenvolvimento entre diferente regiões,
mais equilibrado desenvolvimento de objetivos econômicos e sociais, mais
equilibrado desenvolvimento entre pessoas e meio ambiente.
O ponto de partida da China foi uma altamente centralizada instituição
de planejamento econômico, em que o governo tinha total controle em termos
de recursos humanos, materiais e financeiros, as empresas não tinha nenhuma
autonomia no gerenciamento de negócios , e os indivíduos não tinham
nenhum direito e oportunidade de escolha. Assim a transformação ou
construção do mercado (marketization) é um processo de crescimento dos
fatores de mercado e um processo de construção do mercado orientado pelo
governo porque:
– A China tenta ganhar tempo nesse desenvolvimento de economia de
mercado.O desenvolvimento natural de uma economia de mercado é processo
espontâneo em todos os seus aspectos e pode levar tempo até que atinja o
nível de maturidade.

– A China tem que avançar seu processo de construção do mercado sobre as


bases de uma economia planejada altamente centralizada.O obrigatório
planejamento estatal desempenhou as funções de distribuição de materiais,
decisão sobre o que produzir, equilíbrio na demanda de insumos nível de
preços e normas de produção.

– A construção do Mercado na China tem que enfrentar uma estrutura de


Economia dual a coexistência de uma relativamente desenvolvida economia
industrial e uma economia rural bem atrasada.

– A construção de mercado na China tem que enfrentar complicadas condições


internacionais o mesmo fenômeno teve lugar nos países do ocidente, num
período de economias nacionais relativamente fechadas.A China tem que
enfrentar a competição internacional desde o início da construção do mercado.
– A construção do mercado na China tem que se haver com restrições culturais
e tradicionais. A China é uma nação em que falta tradição da cultura de
mercado como um todo.

Mão-de-obra barata
Investimento estrangeiro massivo, exploração cruel de uma farta mão-de-obra
barata – o salário mínimo em Guangdong, é de US$22,00 por semana (0,13
cents por hora) – permitem uma fonte sem fim de bens de consumo baratos
que é engolida, principalmente, pelos consumidores dos EUA.
O motor fundamental são os baixos salários, não falta mão-de-obra
barata chegando todos os dias do empobrecido campo para abastecer o
mercado de trabalho. Somente a região de Xangai recebe diariamente 28.000
novos trabalhadores ávidos por encarar jornadas de seis a sete dias por
semana, doze horas por dia, recebendo algo entre 100 e 200 dólares por mês.
As plantas de Pou Chen, uma em Zhuhai e outra em Dongguan,
empregam 110 mil pessoas e produzem em série 100 milhões de pares de
sapatos ao ano para Nike, Adidas, Caterpillar, Timberland, Hush Puppy,
Reebok, Puma e outras. A produção a esta escala requer construções que
teriam desafiado aos mais ambiciosos proprietários de Lancashire durante a
revolução industrial inglesa.
Dezenas de milhares de jovens
mulheres contratados de todo o campo chinês
trabalham em barulhentas linhas de
produção que serpenteiam por uma série de
grandes edifícios de cinco andares. A fábrica
da Dr. Martens em North-ampton usa
pequenos grupos de trabalhadores montando
sapatos completos para reduzir os custos de inventário. Pou Chen usa técnicas
de produção em massa pouco mudadas desde os tempos de Henry Ford.
A Dr. Martens paga a seus 1.100
trabalhadores do Reino Unido cerca de US$ 490 por
semana e construiu um estádio para o clube de
futebol local. Pou Chen paga ao redor de 800
renminbi (US$ 100) ao mês, ou 36 centavos por
hora, para mais de 69 horas por semana e provê dormitórios para os
trabalhadores imigrantes que deve obedecer a estritos toques de recolher.
Apesar do crescimento acelerado e abundante nos últimos tempos o
poder aquisitivo de mais da metade do chineses alterou-se muito pouco, quase
a metade da população chinesa ainda vive abaixo da linha da pobreza com
renda de 730 doláres mensais.

Crescimento da renda per capita

Com o crescimento inegável da


economia chinesa, muitas pessoas
estão enriquecendo absurdamente
nos últimos anos.
Nas ruas das grandes metrópoles
chinesas a uma explosão de carros
importados por toda parte, Arranha-
céus luxuosos são construídos nas grandes cidades,e o poder aquisitivo
dessas pessoas aumentando consideravelmente.
Mas o importante salientar, apesar de altas taxas de crescimento a china
ainda possui mais 70% da população em zonas rurais.
Sabendo então, que nem todos estão tendo acesso nesses últimos 20
anos há um padrão de vida de nível alto.
Mas já fora levantada através de pesquisas a ascensão econômica da
classe média chinesa.
A China classifica como classe média quem ganha entre 60 mil iuanes
(US$ 7,2 mil) e 500 mil iuanes por ano.
Atualmente, enquadram-se nesse perfil apenas 5% dos chineses.
As reformas econômicas das últimas décadas elevaram o padrão de
vida no País, que conta com 1,3 bilhão de habitantes. Entretanto, uma das
preocupações do governo é com a concentração de riquezas e o quanto isso
pode comprometer a estabilidade social.
É difícil hoje fazer uma profunda avaliação da China. Até mesmo os
estudiosos afirmam que não há especialistas sobre o assunto, uma vez que a
abertura do país é recente e as informações pouco disseminadas. O governo
ainda mantém o controle sobre todas as atividades políticas e econômicas.
Ainda assim, entre os que mergulharam mais profundamente no mundo
chinês, muitos afirmam que o país não conseguiu conciliar os modelos social
(anterior às reformas) e o econômico. O agravamento das dificuldades estaria
afetando em especial saúde e educação.
Xangai é o pólo industrial e financeiro da China, mantendo um
crescimento em torno de 12% ao ano, acima da média nacional. As áreas
urbanas concentram o mercado consumidor do país, estimado em 400 milhões
de pessoas. Os números apontam as diferenças regionais. Segundo estudo do
Instituto de Economia Agrícola (IEA), 57% do PIB tem origem no leste, 26% na
área central e apenas 17% vem da parte oeste. A pujança de Xangai contrasta
com o pouco acesso à luz elétrica e água potável na área rural. As dificuldades
internas, pelo menos até agora, não têm impedido que a China caminhe para
se tornar a próxima superpotência mundial.

China e a Prática de dumping

A China já foi um dos país que


mais recebeu medidas antidumping.
Os produtos chineses também
foram os maiores alvos de novas
investigações por parte dos países-
membros da OMC (Organização Mundial
do Comércio), segundo relatório
divulgados pela entidade. Em 2005, os países da organização aplicaram 40
medidas contra os chineses. No ano anterior, esse número havia sido de 43.
O dumping é uma prática desleal de comércio em que uma mercadoria é
vendida no mercado externo por um preço inferior ao aplicado no mercado do
próprio país produtor. Essa manobra comercial tem como objetivo fazer com
que as empresas que as utilizam consigam oferecer preços mais baixos e,
assim, diminuir – em alguns casos até eliminar– a concorrência. A função de
mecanismos antidumping é a de oferecer proteção seletiva e temporária aos
setores prejudicados pela concorrência.
Em 2005, pelo segundo ano consecutivo houve uma queda no número
de aplicações de medida de proteção contra o dumping, representa uma queda
de 13% em relação a 2004.
No mundo inteiro tem se buscado na OMC medidas de salvaguarda com
os produtos chineses. Tantos europeus, americanos e emergentes como
Brasil e México procuram elaborar medidas junto à OMC para tornar seus
produtos mais competitivos e tentar barrar um pouco a importação desmedida
dos produtos chineses, que aumentam a tecnologia a cada dia, e o preço
aumenta muito pouco. A indústria e todos os outros setores da
economia chinesa investem em tecnologia e qualidade e esta difícil competir
com eles, produtos de qualidade e preço baixo igual a exportação chinesa em
grande volume.

O Crescimento e o impacto ambiental

A China sofrerá uma grave “crise ambiental” até 2020 se não mudar seu
modelo de desenvolvimento econômico, segundo cálculos da Saiba
(Administração Estatal de Proteção Ambiental, na sigla em inglês).
Nesse mesmo ano, a China terá consumido quase todas as suas
reservas minerais e só restarão seis dos atuais 45 principais recursos minerais
existentes no país.
O gigante asiático está utilizando seus recursos e contaminando seu
meio ambiente (ar e água) para fabricar bens destinados a todos os países do
mundo.
A atual contaminação é muito pior do que as que sofreram os países
ocidentais durante sua decolagem econômica, ainda segundo Yua, já que a
renda per capita dos chineses oscila entre US$ 400 e US$ 1.000 anuais,
enquanto nos países mais desenvolvidos, a poluição piorou ao subir de US$
3.000 para US$ 10 mil.
A China é o primeiro país do mundo em consumo de água, e o segundo
em consumo de energia e emissão de dióxido de carbono, segundo a agência
de notícias Xinhua. A China, ultrapassou os Estados Unidos como principal
consumidor combinado de grãos, carne, petróleo e aço. Se mantiver a sua
tendência atual de crescimento, no ano de 2031 não haverá recursos na terra
que satisfaçam a sua demanda.
O consumo energético total da China é sete vezes maior que o do
Japão, seis vezes o dos EUA e 2,8 vezes o da Índia, cuja população em breve
alcançará a chinesa.
O atual modelo de desenvolvimento chinês aposta primeiro na edificação
e industrialização, e depois a limpeza. Por isso, os principais rios e 25 dos 27
maiores lagos da China já estão contaminados.
A chuva ácida, a desertificação e a erosão fizeram com que a terra
habitável se reduzisse de seis milhões de quilômetros quadrados em 1949 para
apenas três milhões hoje, acrescentou Pan.
O especialista concluiu que a China deveria mudar já seu rumo de
desenvolvimento, na busca de um “crescimento verde” ou ecológico, para
evitar a degradação ainda maior de seus recursos.

A Usina Três gargantas

A China terminou a construção do gigantesco dique da Represa de Três


Gargantas, um marco no maior projeto hidrelétrico do mundo, que também tem
o objetivo de domar as enchentes do rio Yangtzé.
O líder nacionalista chinês Sun Yat-sen propôs esse projeto já em 1918
e Mao Zedong certa vez deu rédeas à sua vertente poética, expressando suas
esperanças de criação de uma “muralha de pedra” da qual “um lago calmo”
surgiria entre as gargantas.
Operários e autoridades marcaram a conclusão da maciça muralha no
sábado, numa cerimônia transmitida ao vivo pela televisão estatal. Uma banda
tocou e houve chuva de confete depois que os operários despejaram a última
porção de concreto na barragem.
A imprensa estatal elogiou a decisão da empreiteira responsável pelo
projeto de desistir de um plano de gastar mais de 1 milhão de iuans (US$ 125
mil) na cerimônia e optar por um evento mais simples, que custou apenas
algumas centenas de iuans, afirmando que isso enfatiza o fato de que a
construção do dique significa apenas o fim parcial do projeto.
As autoridades destacaram que, apesar da maior parte da construção da
represa estar agora completa, ainda há muito trabalho a ser feito.

Ajuda externa

Para tanto, a empreiteira pediu a ajuda de duas empresas alemãs de


engenharia no projeto de um mecanismo de comportas para levantarem os
navios, disse a agência de notícias oficial Xinhua.
“A introdução de cooperação externa no projeto tem o objetivo de
garantir a segurança”, disse Li Yongan, gerente geral da Empresa de
Desenvolvimento do Projeto de Três Gargantas, segundo a Xinhua. A agência
informou que essa será a primeira participação estrangeira no projeto.
Em editorial, o jornal oficial China Daily publicou que se deve lembrar
das mais de 100 pessoas mortas durante a construção da represa, assim como
as 1,3 milhão que tiveram que ser desalojadas para a formação do reservatório
da represa.
“A melhor forma de pagar uma dívida de gratidão como essa é garantir
que os maiores padrões de segurança e qualidade sejam observados até o fim
de todo o processo de construção”, disse o editorial.
Uma das principais funções da represa é domar as inundações do
Yangtzé, que mataram muitos milhares de pessoas durante séculos.
Mas o projeto, de US$ 25 bilhões e que se tornou um símbolo do poder
emergente e domínio tecnológico da China, é controvertido desde que foi
concebido, devido ao seu impacto ambiental e ao efeito sobre a população.
Quando o parlamento aprovou o projeto, em 1992, quase a metade de
seus membros votaram contra , uma rara manifestação de oposição no Estado
de partido único.
Para muitos ambientalistas, o reservatório da represa, que terá a
profundidade de 156 metros até outubro, se tornará um escoadouro de água de
esgoto e poluentes industriais, e que a criação dessa enorme massa de água
artificial pode ter efeitos ecológicos não previstos. Os críticos também
censuram o impacto da retirada forçada de um número tão grande de pessoas
de suas casas.

A revolução Industrial que a China não fez

Economicamente a China estava no mesmo nível da Europa até a


metade ou fim do século dezoito. Na verdade, pela maior parte da história da
humanidade a China era, de longe, a mais inovadora e tecnologicamente
avançada de todas as civilizações. A lista de invenções importantes feitas
primeiro na China é quase interminável. Então por que o processo
revolucionário não começou lá?
Na verdade, começou na China antes que ocorresse na Europa. A China
teve uma “revolução industrial” comparável à da Europa do século dezoito –
cerca de 800 a 900 anos antes. Aconteceu sob talvez a mais maligna e ainda
assim fascinante dinastia imperial chinesa, a Song.
Eles introduziram várias mudanças importantes na política econômica e
organização do Império. Uma foi uma medida que dava aos camponeses
direitos de propriedade reais a suas terras, sobre todos os direitos de vendê-
las. O resultado foi o surgimento de um mercado de terra, que gerou a
consolidação de pequenas fazendas e a aparição da agricultura comercial.
Ainda mais importante foi sua política fiscal.
Tradicionalmente, o estado chinês dependia de impostos incidentes
sobre o campesinato, geralmente pagos em espécie. Song Taizu estabeleceu o
princípio: “impostos agrários não devem ser aumentados”. Consequentemente,
a dinastia Song começou a depender crescentemente dos impostos sobre o
comércio, e então sistematicamente o encorajou.
Isso teve resultados incríveis.
A China rapidamente tornou-se uma economia altamente monetizada.
Em 750, apenas 4% de todos os impostos eram pagos em dinheiro, mas por
volta de 1065, 50% eram pagos dessa forma. Em 1024, no reinado de Song
Renzong, o uso difundido de dinheiro em papel começou. Inicialmente, as
notas de papel tiveram um limite restrito de três anos e eram convertidas em
dinheiro ou quantidades especificadas de commodities.
Com o tempo, cheques, notas promissórias e letras de câmbio foram
usadas. Ao final da dinastia, a quantidade de dinheiro em papel em circulação
era equivalente a 70 milhões de cordões de cash [N. T.: cash foi uma moeda
chinesa do século II AC até o século XX DC], ou 70 bilhões de moedas de
cobre.

A nova face da administração Chinesa

À medida que a economia chinesa avança — expandindo-se e tornando-


se mais complexa e mais competitiva — as empresas multinacionais (MNCs)
procuram adaptar suas operações no país tomando por base essa nova
realidade. CEOs e outros executivos do alto escalão de empresas
multinacionais (MNCs) dos EUA, Europa e Ásia têm dedicado mais tempo e
recursos de suas empresas à China, segundo especialistas do Boston
Consulting Group e da Wharton.
Uma pesquisa realizada pelo BCG mostra que as MNCs mais bem-
sucedidas na China são aquelas cujos gerentes de primeiro escalão decidiram
enfatizar a importância dos seus negócios no país em relação às suas
operações em outras partes do mundo. Ao mesmo tempo, os gerentes
chineses de chão-de-fábrica também estão mudando. Embora os estrangeiros
continuem a ocupar os cargos de maior importância, os chineses
desempenham papéis cada vez mais relevantes nas gerências média e alta.
Nos próximos anos, as MNCs terão pela frente desafios novos na China:
cuidar do número cada vez maior de gerentes chineses mais bem instruídos e
experientes e alavancar suas operações no país de tal modo que gerem
vantagens competitivas para a empresa no plano internacional.

No passado, cabia ao gerente chinês a tarefa relativamente


descomplicada de vender os produtos da multinacional no país ou ajudar a
matriz a consolidar suas operações, contribuindo assim para fortalecer o papel
da China como fabricante de baixo custo. Evidentemente, tais
responsabilidades continuam a ser importantes; na verdade, o número de
empresas interessadas em transferir para a China fabricação dos seus
produtos cresce velozmente. Contudo, as exigências impostas aos gerentes
chineses são cada vez mais variadas, de acordo com Jim Hemerling, vice-
presidente sênior e diretor do escritório do BCG em Xangai.
Em primeiro lugar, os gerentes chineses ainda têm de lidar com o
crescimento significativo da demanda na China e enfrentar todos os desafios
próprios da concorrência com empresas estrangeiras e domésticas em um
mercado já bastante grande e complexo. Têm ainda de lidar com a migração
global de clientes.
Companhias industriais e fornecedores de componentes para as fábricas
de montagem notam que seus
clientes transferem cada vez mais
sua produção para a China, seja
por causa da demanda ou da
atração que o país exerce por sua
mão-de-obra barata. Portanto, os
gerentes chineses terão agora de
interagir com um fluxo constante de
visitas de clientes de várias partes do mundo. Além disso, os gerentes gerais
das MNCs com fábricas na China terão de aprimorar sua capacidade de
desenvolver talentos chineses focados na administração — além de
engenheiros e cientistas.
“A convergência dessas forças globais resultarão em uma mudança
significativa no papel do gerente geral chinês”. “Esse indivíduo terá de ser
agora o empresário ou orquestrador de um conjunto de demandas
administrativas muito mais complexas.
Os gerentes gerais já trabalham com afinco para fazer frente à
concorrência interna e externa. Para impulsionar o negócio doméstico,
agendam visitas, reúnem-se com clientes e montam grandes organizações
para operações de terceirização. Agora, cabe a eles certificarem-se de que sua
empresa tem talentos suficientes para o trabalho, o que é uma mudança e
tanto de papel. Uma coisa é uma empresa como a General Electric, que dispõe
de imensos recursos e, portanto, pode nomear um CEO na China que se
encarregue de tais processos. Para a maior parte das empresas, porém, um
gerente geral ou um CEO chinês capaz de dar conta dessa nova complexidade
é algo que vai além de suas possibilidades.”

Parâmetros estratégicos mais bem-sucedidos

Em 2003, uma pesquisa feita pelo BCG procurou definir os parâmetros


utilizados nas estratégias empresariais mais bem-sucedidas na China. O
estudo analisou os meios pelos quais 14 MNCs geriram sua presença no país
levando em conta os diversos aspectos próprios de uma empresa, e não de
unidades de negócios individuais.
O BCG analisou também o modo pelo qual as MNCs conferem
visibilidade global adequada às suas operações na China, bem como o modo
pelo qual as funções e processos são executados. A consulta examinou
detidamente as MNCs sob diversos ângulos: o modo como administram suas
operações na China; fixação de metas e processos de gestão; relações
públicas e com o governo; localização e desenvolvimento de recursos
humanos; o papel da operação na China; relação entre terceirização, vendas e
marketing; abrangência das atividades de desenvolvimento de produtos
relacionados.
De acordo com a pesquisa, as principais MNCs dão um tratamento
diferenciado à China em pelo menos dez áreas:
Nomeação de um funcionário sênior responsável pela operação em
nível mundial. Na Samsung, por exemplo, o CEO chinês é sempre um dos três
executivos principais.
Definição de metas claras e ousadas em âmbito interno; às vezes,
também externamente. A GE tem como objetivos 5 bilhões em vendas e 5
bilhões em produtos terceirizados em 2005.
Fortalecimento de um impulso
contínuo de gestão de cima para baixo por
meio de processos administrativos; Michael
Dell, da Dell Computadores, e outros CEOs,
visitam a China pelo menos uma vez por
ano.
Mudanças das regras de prioridade e
de normas globais em favor da China. A Kodak transferiu sua sede na Ásia
para o solo chinês.
Fabricação de produtos especificamente chineses. Praticamente todas
as MNCs mais importantes operam com produtos especificamente chineses.
Transferência para a China da cadeia de suprimentos da indústria,
inclusive do setor de pesquisa e
desenvolvimento. A Samsung montou um
laboratório de handsets em Pequim com
300 funcionários.
Treinamento de longo prazo para
os gerentes. A Universidade da Motorola
tem programas de desenvolvimento de gestão na China.
Ênfase acentuada sobre as relações públicas e com o governo. A Pepsi
fortaleceu sua relação com o governo concentrando-a mais no governo central
e menos nos governos das províncias.
A operação no país é vista sob o aspecto de verdadeiro “valor
agregado”. A Kodak chinesa planeja uma estratégia integrada em seis
negócios.
Conversão da China em centro global ou regional — ou ambas as coisas
— para realização das principais tarefas. A Nike observa que sua unidade na
China adquirirá importância cada vez maior durante os preparativos para as
Olimpíadas de 2008.
Com essa pesquisa, procuramos observar que métodos, de modo geral,
permitiram às MNCs — apesar de todo o seu tamanho, complexidade e
abrangência internacional — manter um foco sustentável na China e orientar
suas empresas para que intensificassem as atividades no país”, diz David
Michael, um dos vice-presidentes do escritório do BCG de Pequim.
Uma das conclusões mais importantes da pesquisa do BCG mostrou
que as MNCs crescem na China de cima para baixo, e não o contrário. “Tem
de ser assim porque é preciso realocar os recursos e as atividades mundiais
disponíveis se, de fato, a empresa estiver disposta a se estabelecer na China”,
diz Michael. “Para acelerar com sucesso os investimentos na China ao longo
do tempo, é preciso modificar as regras que, do contrário, prevalecerão dentro
da empresa. É imprescindível saber realocar o talento administrativo da
empresa, fazer com que os profissionais sênior dediquem mais tempo e
atenção às necessidades da empresa. Também é preciso investir mais do que
os retornos financeiros de curto prazo possam garantir. Se pelas regras
normais são necessários dois anos para que os investimentos feitos dêem
retorno, é importante compreender que um investimento na China
provavelmente não atingirá essa meta. As empresas que conseguiram fazer
avanços no país ¾ estabelecendo-se em outros locais além de Pequim e
Xangai, atingindo um grau e customização e localização mais elevado, criando
canais de distribuição mais sólidos ¾ tiveram de mudar as regras para que a
China se tornasse prioridade. Não são todas as empresas que conseguem
cruzar esse limiar.”
Outra descoberta importante: deslocar a cadeia de suprimentos para a
China e investir no longo prazo são fatores igualmente importantes. “Não basta
ter aqui uma pequena divisão de vendas”, explica Michael. “Em última análise,
é preciso customizar e modificar os produtos para o mercado local. É preciso
que haja também atividades que agreguem valor, como P&D, de modo que a
empresa possa estabelecer laços mais estreitos com fornecedores locais e
demonstre empenho em atender ao cliente local.”
Visão da Europa

De Paris, Xavier Mosquet, vice-presidente sênior e chefe de prática de


operações do BCG na Europa, diz que a Volkswagen e a Michelin são dois
exemplos de companhias européias que compreendem a importância da
China, tanto no plano regional quanto internacional, tendo estabelecido
operações bastante dinâmicas no país. Embora a Volks tenha enfrentado
dificuldades posteriormente, a empresa foi precursora no reconhecimento do
potencial da China para suas operações.
A Volkswagen percebeu logo de início que o mercado chinês seria
exigente e sofisticado, portanto os carros vendidos no país teriam de ter o
mesmo padrão dos europeus”, diz Mosquet. A Michelin, principal empresa de
pneus da China, fez parceria com a
fabricante no. 1 de pneus do país. Com
isso, inaugurou uma das primeiras
iniciativas em que uma empresa não-
chinesa (no caso, a Michelin) detém 51%
do controle acionário do empreendimento
conjunto. A Michelin elevou também o
padrão dos pneus vendidos na China, educando os consumidores sobre as
vantagens de tais melhorias.
Segundo Mosquet, os CEOs das MNCs européias já começam a se dar
conta da importância da China como mercado. “Creio que a maior parte das
empresas está se organizando, se é que já não estão totalmente organizadas.
Será que elas estão se empenhando tanto quanto deveriam? Aí está uma
questão ainda a ser respondida. Acho que muitas delas não elevaram ainda o
nível de recursos necessário, dado o desafio que isso representa, embora
saibam que se trata de questão importante e de natureza estratégica. Sabem
também que não é fácil. O mercado chinês é complexo. Especialistas nesse
mercado sabem que haverá altos e baixos. Nem todos, porém, pensam nos
baixos, o que faz uma diferença enorme.”
Além disso, será que os CEOs europeus compreendem em sua
totalidade o papel que a China pode desempenhar em suas operações
globais? “Há uma percepção generalizada disso”, explica Mosquet. ‘Para
muitos CEOs, entretanto, trata-se por enquanto de algo ainda abstrato. Eles
não dispõem de um plano detalhado do que isso significa em termos de
escala ¾ seja o papel da fabricação seja o da China em termos de
tecnologia ¾ e de que modo, e em que medida, podem ou não confiar naquele
país para fornecimento de serviços compartilhados para suas operações no
resto do mundo.”

O papel dos expatriados

Os chamados “expatriados” ainda constituem a maioria dos CEOs e


outros executivos do alto escalão na China. Cada vez mais, porém, as
multinacionais buscam executivos chineses para ocupar as fileiras da alta e
média gerência. Uma das razões para isso é que os gerentes chineses têm a
vantagem natural de conhecer a língua e a cultura locais. Outra razão é que o
custo de transferência de um gerente para a China, e de mantê-lo no país, bem
como sua família, costuma ser caro. John Wong, presidente do BCG na região
da Ásia-Pacífico, explica que, em geral, um expatriado ganha por volta de
200.000 a 300.000 dólares ao ano, além de 10.000 dólares mensais para
custeio de moradia. Além disso, sua empresa concede de 20.000 a 40.000
dólares ao ano para a educação dos filhos em escolas particulares; de 20.000
a 40.000 dólares ao ano em viagens para seu país de origem e também paga
seus impostos. “É possível encontrar gerentes muito bons na China por bem
menos do que isso”, diz Wong.
“As multinacionais confiam cada vez menos nos expatriados”,
observa Marshall Meyer, professor de Administração da Wharton, responsável
por um estudo detalhado das companhias chinesas. “Já deparei com algumas
empresas em que apenas um expatriado exercia cargo de gerente; em um
caso específico, até o diretor financeiro era de origem local.”
Michael, do BCG, vê a questão por outro ângulo. “A verdade é que a
avalanche de expatriados na China nunca foi tão grande”, diz. “A estreita
integração da China aos negócios globais requer a participação dos
expatriados. Engana-se quem acredita que a era dos expatriados esteja
chegando ao fim.”
Na verdade, mesmo os que apontam para o papel cada vez menos
significativo dos expatriados nas multinacionais européias e americanas
reconhecem que há exceções. A maior parte das empresas com as quais
Mosquet trabalhou tomaram medidas para promover a integração local,
reduzindo o número de expatriados. Mosquet acrescenta: “Isso ocorre com
menos freqüência em empresas que usavam a China como local de produção
para o resto do mundo, não apenas para os mercados locais. Tanto nos
setores de P&D quanto de engenharia, o volume de expatriados aumentou, ao
menos temporariamente, podendo se prolongar por um bom tempo. Isto porque
as empresas querem ter certeza de que, o que ocorre na China, não esteja
dissociado do resto do mundo. As MNCs européias, por sua vez, contam com
profissionais americanos em suas unidades. Nas fábricas que atendem ao
mercado chinês, é comum encontrar poucos europeus. Eles são caros demais,
não estão ali para ficar e sua familiaridade com o idioma local é sofrível. Se
você quiser um gerente mais sofisticado, é preciso que ele saiba falar chinês
em um nível que lhe permita compreender sutilezas e que facilite a rápida
integração.”
Durante muitos anos, as MNCs mandavam expatriados para a China
que lá permaneciam durante três anos, sendo depois transferidos. Era um
modo pouco prático de lidar com as operações da empresa no país porque os
expatriados deixavam a China no momento em que haviam ganho experiência
para realizar da melhor maneira possível o seu trabalho. “As MNCs encaravam
a China como um estágio de treinamento”, diz Wong. “Os expatriados agregam
muito valor. Contudo, transferir as pessoas a cada três anos não é a coisa mais
produtiva a fazer. Algumas MNCs, porém, dizem que é importante que o
gerente tenha mobilidade. Em geral, a única maneira de convencê-los a ir para
a China é prometer-lhes um emprego melhor e mais importante.”
As multinacionais mais espertas já descobriram as desvantagens da
fórmula dos três anos fizeram as mudanças necessárias, diz Michael. “As
grandes MNCs não fazem mais rodízio de curto prazo. Elas procuram pessoas
que permaneçam por períodos mais longos. Também procuram gerentes locais
ou expatriados que se comprometam a permanecer na China por períodos
mais longos. A verdade é que não é possível administrar um negócio fazendo
rodízio de pessoal a cada dois ou três anos.”
Michael acrescenta que o papel dos expatriados tornou-se secundário.
As operações locais de várias empresas em solo chinês são hoje maiores e
mais complexas. À medida que crescem, por uma questão de necessidade,
vêem-se obrigadas a confiar em equipes de gerentes locais. Os expatriados
desempenham um papel relativamente reduzido na maior parte das operações
das MNCs. As multinacionais que se acham em um estágio mais incipiente, ou
que se encontram em fase de testes, são geralmente administradas por
expatriados; contudo, empresas cujas operações já contam com anos de
experiência na China, são comandadas basicamente por gerentes chineses.

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