Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Centro de Ciência Humanas e Sociais

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

VITTORIA SAMPAIO NETO BELIZÁRIO

CARACTERÍSTICAS DAS DINASTIAS ZHOU, QIN E HAN – ATIVIDADE

RIO DE JANEIRO

2022
INTRODUÇÃO

O Império Chinês durou, se formos contar a Dinastia Xia, de -2205 a +1911.


Entretanto, durante este período milenar, a China passou por várias dinastias com
características próprias entre si. Embora, podemos indicar algumas semelhanças umas
com as outras.

Neste pequeno texto, iremos abordar as características de três importantes


dinastias chinesas, Dinastias Zhou, Qin e Han, e como estas dinastias foram importantes
para a construção do Império Chinês ao longo da história.

DINASTIA ZHOU

Mapa do território Zhou.

Fonte: Wikimedia Commons, 2011.

De acordo com o Shujing e com o Shiji, a Dinastia Zhou começa com a queda da
Dinastia Shang, em torno dos séculos -12 e -11, com a invasão dos Zhou ao território
Shang, comandada pelo rei Wen.

Um ponto importante da Dinastia Zhou é o fim de rituais e tradições de


sacrifícios humanos, muito comuns durante a Dinastia Shang. Inclusive, o objetivo do
rei Wen era, justamente, acabar com os Shang por eles representarem valores
considerados, pelos Zhou, como malignos e amorais. Entretanto, os Zhou não
encerraram com as tradições e rituais dos Shang, apenas adaptaram, utilizando figuras
de bronze que eles acreditavam que ganhariam vida no mundo espiritual. A reforma
ritualística dos Zhou pode ser vista nos materiais arqueológicos encontrados em sítios
do período. No livro China – Uma História em Objetos, de Jessica Harrison-Hall,
ilustra a mudança material entre os Shang e os Zhou:

A elite governante Zhou manteve e modificou a prática Shang de moldar


recipientes cerimoniais em bronze, sendo que alguns traziam nomes de clãs, e
introduziu novos e longos textos que documentavam as façanhas militares e as
honrarias civis de membros da família. O registro e a proclamação dessas
realizações e da lealdade reforçavam a posição dos Zhou como nova elite, tanto
para os vivos quanto para os mortos – os ancestrais recebiam oferendas de
alimentos e vinho nos rituais. (HALL, 2018, p.42)

Uma importante característica desta dinastia é a distribuição de terras e títulos de


nobreza para os aliados e fiéis servidores. Dentro do governo de Zhou, existia vários
territórios, com autonomia, mas ligados aos imperadores Zhou. Este sistema político
chamava-se de Fengjian e pode ser muito parecido com o feudalismo europeu. No livro
O Extremo Oriente na Antiguidade vol 1, de André Bueno, podemos observar como
funcionava este sistema político, as vezes apontado como período feudal chinês, nome
não muito adequado, mas utilizado, às vezes, para ilustrar o período Zhou:

A época Zhou ficou marcada pelo sistema Fengjian, que comentamos no início
da aula. Ele pressupunha uma espécie de feudalismo, distribuindo o território
entre senhores que possuíam títulos semelhantes aos de conde, duques,
marqueses etc. Responsáveis pela administração das terras, eles estavam
ligados a estados maiores, em geral governados por reis (Wang) ou grandes
senhores mandatários (Ba). O papel do imperador era manter a aliança entre
esses estados e feudos por meio da instituição dos ritos e do arbítrio no conflito
entre seus servos. Por conta disso, a dinastia Zhou constituiu, praticamente,
uma federação de estados que não raro brigavam entre si, possuíam leis

próprias e tinham um alto grau de independência. (BUENO, 2012, p. 122)


O período Zhou pode ser dividido em dois períodos. De -1027 a -700, temos o
Zhou Ocidental, que é o momento em que a dinastia instala sua capital na cidade de
Chengzhou, modifica alguns parâmetros culturais e artísticos. É no Zhou Ocidental que
temos o auge desta dinastia, com a consolidação de seu poder político e ritualístico.
Ainda no livro de Bueno, podemos analisar esta fase dos Zhou:

Partindo dos séculos -11 e -10, o tempo dos Zhou é dividido em períodos
distintos: o primeiro, que iria de -1027 a -700 seria o dos Zhou anteriores,
também chamados de ocidentais ou antigos. Esta divisão é marcada pela
transferência da capital para a cidade de Chengzhou e pela modificação de
alguns parâmetros culturais e artísticos. A data aproximada de -770 marcaria o
auge desta dinastia, que depois iria declinar em função da desestruturação
interna e dos conflitos com os bárbaros. (BUENO, 2012, p.120)

O segundo período, chamado de Zhou Oriental, foi datado de -771 a -221,


finalizando, de fato, no fim da unificação da China pela Dinastia Qin. Ainda neste
período, há dois sub-períodos: o primeiro, de -771 a -481 é chamado de Primaveras e
Outonos e o segundo, que se inicia no período dos Estados Combatentes, vai de -481 até
-221. Ainda no livro de Bueno, podemos ver este problemático período da história
antiga chinesa:

Assim, o sistema feudal chinês terminou por implodir na disputa pelo poder
político e pelos territórios. O período que vai até próximo do século -6 seria
conhecido como Primaveras e Outonos, contidos nos anais do mesmo nome
(Primaveras e Outonos ou Chunqiu, escritos por Confúcio, como vimos na
seção “Documentação chinesa”). Neste momento, diversos conflitos e
violações das fronteiras entre os reinos e os pequenos Estados que formavam o
“império” Zhou forçaram os chineses a rever suas posições diante do mundo e
da sociedade.

Esse momento acabou por se ver engolido pelos acontecimentos políticos da


época, que numa crescente escalada de violência culminaram com o período
dos Estados combatentes (datado tradicionalmente entre -481 a -221), quando
se formaram os sete principais Estados que lutariam pelo poder até a vitória de
Qin, em -221, resultando na unificação de todo o Império em um novo sistema
de governo centralizado. (BUENO, 2012, p. 80)
Embora a China estivesse passando por instabilidades políticas, foi neste período
que tivemos o alvorecer de vários sistemas clássicos de pensamento. É durante os
séculos -6 e -5 que teremos a Época das Cem Escola de Pensamento e que grandes
autores criaram bases para as principais formas de pensar da sociedade chinesa. Porém,
é importante frisar que a China, mesmo antes da sua Época das Cem Escolas, já
produzia filosofias e pensamentos importantes para a sua sociedade, entretanto, não
podemos deixar de admirar que, mesmo com instabilidade política e conturbações
sociais, os chineses não deixaram de produzir pensamento crítico e filosófico. Ainda no
livro de André Bueno, podemos observar que, mesmo em um período tão conturbado, a
China conseguiu ser palco para o alvorecer de pensamentos filosóficos:

Os chineses opunham os dois períodos, demonstrando claramente a perspectiva


de conflito e corrupção do poder e da sociedade que se estabeleceram, a partir
dos séculos -7 a -6. No séculos -6 a -5, é interpolado o período, denominado
Época das Cem Escolas, que marca o alvorecer dos sistemas clássicos de
pensamento chinês. (BUENO, 2012, p. 121)

O período Zhou foi marcado por grandes eram grandes contribuições para a arte
e a cultura chinesa. Neste período, a música, a literatura e as belas-artes foram refinadas,
desenvolvidas e ampliadas. Há, também, o início da produção de vidros, algo que, em
um estudo de cultura material, é digno de nota. No livro de Hall, podemos enxergar
sobre o início da produção de vidro:

A tecnologia de fabricação de vidro foi trazida do Noroeste para a China. O


vidro do período dos Estados Combatentes no Zhou Oriental (475-221 a.C.)
ainda existe como incrustação em bronzes e recipientes de cerâmica ou na
forma de pequenas contas multicoloridas. Como o vidro verde-claro lembrava
o caro e cobiçado jade, durante a dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) ele também
foi usado como imitação barata desse material em sepultamentos, inclusive em
placas de revestimento e vestes tumulares. (HALL, 2018, p. 56)
Por fim, o período Zhou acabou com a vitória da Dinastia Qin em relação aos
outros que disputavam o trono vago dos Zhou, marcando o fim definitivo deste período.
Um final melancólico para uma dinastia que teve começos gloriosos.

DINASTIA QIN

Mapa do território Qin.

Fonte: Wikimedia Commons, 2010.

É durante o reinado de Qinshi Huangdi que a China é unificada. Depois de anos


de estados separados lutando entre si, a o trono vazio dos Zhou é ocupado por um novo
imperador.

Os Qin são responsáveis por uma reforma completa na sociedade e na


organização política da China. O ponto chave para entender a mentalidade deste
período, é entender e compreender as teorias da escola de pensamento Legista (ou
legalista, dependendo do livro). A administração pública ficou centralizada nas mãos de
um corpo burocrático, que estabeleceu as diretrizes funcionais dos cargos e atributos das
posições. Os burocratas Qin, por sua vez, devem responder ao imperador, que agora é a
maior autoridade do império. Acabou-se, por sua vez, a independência dos territórios
chineses.

Além da centralização do poder, como o legismo defendia, as leis passam a se


tornar mais fortes, mais punitivistas e rígidas. A sociedade se concentra na produção
agrícola e no poderio militar. A máquina de guerra Qin foi implacável, com sua forte
organização militar, com hierarquias bem estabelecidas e centralismo de poder. No livro
A Arte da Guerra Chinesa – Uma História de Estratégia na China de Sunzi a Mao
Zedong, de André Bueno, ilustra bem como foi a ascensão do estado Qin:

Só que Qin foi além: transformou a vida burocrática e militar numa carreira de
sucesso, cheia de possibilidades para aqueles que fossem destemidos e audazes
(dentro da lei, claro). Os soldados, por exemplo, ganhavam prêmios pelo
número de cabeças cortadas, e um assassino profissional podia chegar a oficial
facilmente. As tropas de Qin caracterizaram-se pela disciplina incrível e pela
ferocidade em combate.

Com isso, Qin conseguiu em pouco tempo montar um Estado novo, bem
organizado e forte, com uma força militar incrivelmente determinada. A
supremacia de Wei foi gradualmente abalada e as forças de Qin foram
conquistando reino a reino, num movimento irresistível. Suas campanhas
foram avassaladoras e seu exército chegou a ter 500 mil soldados. Em 221 a.C.,
Qin finalmente completou seu projeto de impor uma nova ordem ao país,
unindo-o novamente sobre o poder de uma nova dinastia – Qin, comandada por
um soberano que se autodenominou Qinshi Huangdi –, ou o primeiro soberano
de Qin. (BUENO, 2019, p. 54-55)

As outras formas de pensamento, que não sejam o legismo, são perseguidas e


proibidas. O legismo é uma forma de pensamento considerada bastante extremista, e
não é para menos, o estado Qin é um exemplo histórico de como este tipo de
pensamento é bem radical. Um bom exemplo do radicalismo Qin era que, neste período,
chegar atrasado no trabalho já era passível a penas capitais. Entretanto, é importante
ressaltar, que o legismo foi responsável pela a ascensão dos Qin. No livro Cem Textos
de História Chinesa, de André Bueno, podemos analisar a forma de pensar desta escola
de pensamento:

Confúcio também reproduz um diálogo sobre o que consistiria a Arte de


Governar. Foram os Legistas os principais críticos deste pensamento político,
pretendendo uma centralização forte do poder político em torno do príncipe. O
texto de Hanfeizi nos dá uma ideia do que seria o poder do novo imperador; já
o texto de Lisi no apresenta a primeira queima de livros da China, surgida em
função desta centralização, e da necessidade de se extirpar os pensamentos
diferentes. (BUENO, 2011, p. 71)

O período Qin também foi marcado por mudanças no ramo agrícola,


manufatureiro e, principalmente, de obras públicas. Houve, também, uma mudança na
arrecadação de impostos, no recolhimento de reservas em grãos e no estímulo ao
comércio externo. As obras públicas neste período são dignas de nota. É no regime Qin
que a Grande Muralha é construída, um bom exemplo da mentalidade megalomaníaca
de Qinshi Huangdi. No livro de Bueno, é possível analisar o campo econômico dos Qin:

No campo econômico, as mudanças políticas também surtiram efeito junto à


produção agrícola, manufatureira e nas obras públicas. Houve uma
reformulação na arrecadação de impostos, no recolhimento de reservas em
grãos para as épocas de carestia, crise ou guerra, e o estímulo ao comércio
externo. Grandes obras de irrigação, barragens, arroteamento de novos terrenos
e fortificação de cidades foram empreendidas, ao custo de milhares de
escravos, servos e camponeses livres convocados para o trabalho compulsório.
A Grande Muralha é um dos demonstrativos do projeto megalômano de Qinshi
Huangdi: construída pela união de várias outras pequenas muralhas locais, seu
objetivo era regular a presença dos nômades do Norte nas fronteiras chinesas.
(BUENO, 2012, p. 145)

Ainda no reinado de Qinshi Huangdi, os pesos, as medidas e as moedas foram


unificadas, desta forma, facilitando o trânsito de mercadorias pelo reino. Outra
importante contribuição do imperador, foi a uniformização dos ideogramas e a criação
do primeiro dicionário gramático da língua chinesa.

Entretanto, o reinado de Qinshi Huangdi, assim como o período Qin, foi curto.
Em -210, o fundador da Dinastia Qin morre sem deixar nenhum substituto que pudesse
garantir a manutenção da dinastia e dos ideais legistas. Revoltas e guerras civis foram
fundamentais para a queda dos Qin e ascensão dos Han.
Antes de finalizar esta dinastia, é importante ressaltar sua cultura material.
Durante o reinado do Imperador Qinshi Huangdi, sua tumba foi sendo construída. Os
famosos guerreiros de terracota foram criados para proteger o imperador no pós vida. É
possível enxergar, também, que túmulos deste período e, posteriormente da era Han,
deixaram de dar importância a artefatos cerimoniais e passaram a tentar recriar o
cotidiano do falecido. No livro de Hall, podemos deslumbrar as mudanças entre Zhou e
Qin no que diz respeito a cultura material em seus túmulos:

Quem obteve a unificação da China foi Qin Shihuangdi, o Primeiro Imperador,


em 221 a.C. Foi ele quem emergiu vitorioso em meio aos vários Estados em
guerra na era do Zhou Oriental. A partir de descrições do projeto de sua tumba
e da escavação de poços ao redor, onde ficavam os guerreiros de terracota e
outros artefatos, vemos que houve mudanças drásticas em relação às ideias
sobre o além. Os túmulos da unificação Qin e do império Han dão menos
importância a recipientes cerimoniais para alimentos e vinho, e muito mais
ênfase em recriar o ambiente para refletir o cotidiano, com artigos de luxo reais
e modelos em cerâmica e bronze. (HALL, 2018, p. 64).

Com o fim da era Qin, passamos para outro importante período da história
chinesa, A Dinastia Han.

DINASTIA HAN

Mapa do território Han.


Fonte: Wikimedia Commons, 2007.

Os Han surgiram graças ao caos político que assolou a China após a morte do
Imperador Qin Shihuangdi. Fundada por Liu Bang, a dinastia Han foi tão longínqua
que, até hoje, os chineses se autointitulam como etnia Han.

A administração Han preservou boa parte da estrutura administrativa Qin,


entretanto, como os Han eram confucionistas, muitas leis foram suavizadas, algo que
fez desta dinastia muito mais efetiva em se manter no poder. Embora a Dinastia Qin
tenha estruturado a administração pública, os Han aplicaram reformar para facilitar a
burocracia imperial e a vida da população do império. Dentre as reformar
administrativas, temos, a realização de exames para a admissão de funcionários, criação
de escola públicas e universidades para a renovação do corpo e ampliação dos quadros,
reforma no exército e restituição de títulos nobiliárquicos. No livro de Bueno, podemos
ver as reformar administradas pelos Han:

Os Han foram ainda mais efetivos na administração do Império, embora


tenham suavizado suas características autoritárias. Preservando muito da
estrutura administrativa Qin, algumas reformas foram feitas para dinamizar a
burocracia: realização de exames para a admissão de funcionários, criação de
escolas públicas e universidades para formação e renovação do corpo e
ampliação dos quadros. Reformaram o exército, combatendo de forma eficaz
os sempre ameaçadores bárbaros do Norte. Restituíram parte dos títulos
nobiliárquicos, mas sem a importância dos tempos Zhou. (BUENO, 2012, p.
153)

Foi durante o período Han que o daoísmo e o confucionismo se desenvolveram,


com o último se tornando ideologia oficial do Império. Foi, também, neste período, que
os primeiros budistas entraram em território chinês. A literatura, a filosofia e a história
são importantes características deste período. No que diz respeito a arte, podemos
destacar a inventividade de cerâmica, do bronze e a criação de novas técnicas de
pintura. A cultura material do período Han é essencial para entendermos os avanços
técnicos na fabricação artesanal deste período. Abaixo, podemos analisar algumas
técnicas e avanços do período Han:
Os túmulos suntuosos da dinastia Han incluíam artigos funerários modelados
segundo aspectos da vida cotidiana, incluindo homens jogando um jogo de
tabuleiros e itens grandes demais para se enterrar, como uma torre de sentinela
ou um lago de peixes. Esses modelos eram produzidos em larga escala, usando
moldes, e geralmente eram feitos de argila coberta com virados verdes ou
âmbar com chumbo, para que fundissem a temperaturas baixas nos fornos,
reduzindo assim o custo com combustível. As cores do vidrado mudaram
durante o sepultamento em decorrência da umidade da terra, que transformou
as cores originais de verde profundo em tons pálidos como os de opala.
(HALL, 2018, p. 72)

Outro avanço técnico que pode ser observável pela cultura material do período
Han, é a utilização da laca. Muitos objetos foram fabricados utilizando a laca, um
material altamente tóxico se não tratado e muito complicado de se dominar, porém, não
era nenhum desafio para os chineses Han. Abaixo, podemos ter um vislumbre de como
eram as técnicas Han em relação a laca:

Administradores e inspetores que trabalhavam para o Estado gerenciavam a


indústria de produtos luxuosos de laca durante a dinastia Han. Cada homem e
as tarefas que desempenhava no processo de manufatura eram registrados em
escrita refinada em algumas lacas. Uma taça particularmente bela nomeia seis
artesãos e sete supervisores na base. A resina de laca crua, sem tratamento, é
altamente tóxica, e imediatamente depois de ser retirada da casca da árvore
tinha que ser tratada com calor e colorida para o uso. A laca então era aplicada
em muitas camadas sobre um núcleo de madeira, sendo que cada camada
exigia 24 horas para secar. Fazer uma taça como essa demorava cerca de um
mês. A sobreposição da laca constituía um revestimento de proteção que servia
como plástico natural. Uma espada de ferro, peça rara remanescente do
período, hoje só está inteira graças a sua bainha de laca. (HALL, 2018, p. 74)

Foi durante o reinado de Wudi (século -2 a -1), que o império chinês estabeleceu
contato com Roma, Partia e Índia. Este contato com reinos e impérios mais ao ocidente
foram essenciais para abrir a Rota da Seda e difundir os produtos chineses por todo o
Velho Mundo. No livro de Bueno, podemos ler sobre os contatos chineses com regiões
mais ao oeste durante a era Han:

Os Han desenvolveram ainda mais a expansão do Império em direção a oeste.


Durante o reinado de Wudi (século -2 a -1), estabelecem-se contatos com os
impérios do Ocidente (Roma e Partia) e com a Índia, abrindo a Rota da Seda
(que analisaremos detalhadamente na Aula 12) para difundir suas mercadorias
em todas as partes do Mundo Antigo. (BUENO, 2012, p. 155)

A Dinastia Han foi um período de extrema importância para a história chinesa.


Até hoje, podemos observar o reflexo deste período nos chineses modernos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos apontar as principais características das três dinastias colocadas em


debate. Os Zhou, por exemplo, reformularam os rituais chineses, criaram um sistema de
administração pública que dava autonomia aos territórios do império Zhou. Entretanto,
mesmo que este sistema de descentralização política tenha sido importante para a
manutenção do poderio Zhou no período do Zhou Ocidental, foi o mesmo que não
manteve a dinastia no período do Zhou Oriental.

Em relação aos Qin, podemos apontar o oposto do que é visto na Dinastia Zhou.
O poder passa a ficar centralizado e não existe mais estado autônomo no território Qin.
Todos devem se curvar ao imperador e as leis Qin, leis estas, que eram extremamente
rígidas, já que a ideologia oficial do império era o legismo. O legismo foi responsável
pela organização e ascensão do Império Qin, mas, novamente, foi o mesmo que criou
revoltas que desestruturaram o império Qin após a morte de seu primeiro imperador. A
perseguição a intelectuais contrários ao legismo também é um importante episódio do
período Qin. Uma importante característica Qin esta relacionada aos projetos
megalomaníacos do imperador Qin Shihuangdi, como a Grande Muralha e a sua tumba
com os guerreiros de terracota.

Os Han, surgidos de revoltas contra os Qin, não aplicaram a ideologia legista


para administrar e governar a China, embora tenha utilizado as bases Qin de
organização estatal. Como a ideologia oficial do império neste período era o
confucionismo, os Han preferiram o diálogo com os nobres do que a implementação da
força, como ocorria na era Qin. Foi um período longo da história chinesa, com o avanço
do daoísmo, do budismo e do confucionismo como importantes formas de pensamento
no imaginário chinês. Os Han também foram responsáveis por reformas administrativas,
avanços territoriais, técnicos e culturais que foram as bases para a cultura e o império
chinês nos próximos períodos.

BIBLIOGRAFIA

BUENO, André. Extremo Oriente na Antiguidade vol. 1. Rio de Janeiro,


CEDERJ/UAB, 2012.

___________ . Cem Textos de História Chinesa. União da Vitória: FAFIUV, 2011.

___________ . A arte da guerra chinesa: uma história da estratégia de Sunzi a


Maozedong. São Paulo, Madras, 2019.

HALL, Jessica Harrison-. China – Uma História em objetos. Trad de Érico Assis, São
Paulo, Edições Sesc, 2018.

QUESTÕES:

1 – Quais as principais diferenças entre os sistemas políticos e sociais das dinastias


Zhou, Qin e Han?

2- Quais as características das culturas materiais das dinastias Qin-Han?

3- De acordo com o texto, por que os sistemas políticos Zhou-Qin ajudaram a ascender
estas duas dinastias ao mesmo tempo que as destruiu?

Você também pode gostar