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CIVILIZAÇÕES ASIÁTICAS – EXTREMO ORIENTE

1. A Idade de Ouro na China


Após o fim da dinastia Han, no século III d.C., a China viveu períodos de unificação e fragmentação do poder
imperial. Um desses momentos de unificação ocorreu a partir de 618, quando uma rebelião colocou no poder
a dinastia Tang.
Durante esse período, que se estendeu até 907, os chineses viveram sua Idade de Ouro. A economia se
expandiu, a metalurgia conheceu um grande desenvolvimento, com a abertura de mais de cem locais para a
fundição de cobre, ferro e prata, e a agricultura prosperou de modo notável. O comércio com os povos vizinhos
se dinamizou e diversas cidades surgiram. No plano espiritual, o budismo, originário da Índia, consolidou-se
como uma de suas principais religiões. São dessa época as gigantescas estátuas de Buda esculpidas nas grutas
de Longmen, na cidade de Luoyang, e de Mogao, em Dunhuang.
Em 907, uma rebelião camponesa provocou a queda da dinastia Tang e a China voltou a ser dividida em vários
reinos. Somente em 960, com a ascensão da dinastia Song, o território foi novamente unificado. Sob os Song,
os chineses criaram o dinheiro de papel e passaram a produzir novas armas, como a que utilizava pólvora para
lançar flechas. Comerciantes persas e árabes levaram a bússola para a Europa, onde esse invento chinês
desempenharia importante papel nas Grandes Navegações dos séculos XV e XVI.
Houve também aperfeiçoamentos na impressão xilográfica: o artesão Bi Sheng inventou, entre 1041 e 1048,
uma forma de impressão com tipos móveis de argila cozida que permitiam a produção de livros com grande
facilidade. Uma invenção semelhante só teria lugar na Europa em 1445, quando Johannes Gutenberg inventou
(ou reinventou) os tipos móveis de impressão. A dinastia Song terminou em 1279, quando a China foi
conquistada pelos mongóis.
A supremacia econômica do Oriente
O mundo está assombrado com a recente ascensão da China e da Índia, mas a supremacia econômica desses
países asiáticos foi a regra na maior parte da história depois de Cristo. A exceção são os últimos duzentos
anos, nos quais o Ocidente se impôs graças às inovações tecnológicas que desaguaram na Revolução
Industrial. Entre o ano um e o fim do século XVIII, China e Índia respondiam por mais da metade do PIB
[Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas em um ano] global, segundo cálculos do
economista Angus Maddison, professor emérito da Universidade de Groningen [na Holanda] e um dos mais
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respeitados especialistas em história econômica do mundo, que fez estimativas de PIBs para os últimos 2 mil
anos.
A enorme população é o fator mais óbvio para a supremacia da China e da Índia no passado. Por volta de
1500, os dois países somados tinham metade dos habitantes do mundo, 213 milhões. Mas a população não era
o único fator que explica o peso econômico, pelo menos no caso da China. O Império do Meio [nome com
que os chineses designavam o reino em que viviam] manteve durante séculos a dianteira tecnológica em
relação ao Ocidente, o que lhe permitiu realizar uma renda per capita razoável, apesar da grande população.
Maddison afirma que uma das mudanças cruciais no país aconteceu na dinastia Song (960-1279), quando os
chineses desenvolveram um sistema agrícola que tornou possível a realização de mais de uma colheita de
arroz por ano. Em consequência, a renda per capita do império teve alta de 30%. O desenvolvimento da
agricultura era uma das prioridades da burocracia chinesa. Os burocratas utilizaram a imprensa para
disseminar novas técnicas entre os agricultores por meio de livros ilustrados e folhetos (Adaptado de:
TREVISAN, Cláudia. Supremacia do Ocidente é exceção na História. Folha de São Paulo, São Paulo, 30 set.
2006).

2. O Império Mongol
Os mongóis eram um povo formado por diversas tribos de pastores nômades que viviam nas estepes asiáticas,
em uma região delimitada ao norte pela Sibéria e ao sul pelo deserto de Gobi. Cada tribo reunia vários clãs –
grupos de pessoas que tinham um ancestral comum. O líder da tribo recebia o título de khan. Em 1206, as
diversas tribos se unificaram e aclamaram o líder guerreiro Temudjin como chefe de todos os mongóis com o
título de Gêngis Khan – ou seja, khan dos khans.
Com o novo líder teve início a expansão territorial que levaria os mongóis a conquistar a China. Quando
Gêngis Khan morreu, em 1227, os mongóis eram senhores de um império que se estendia do mar Cáspio a
Pequim. Ao sucedê-lo, seu filho Ogodai ampliou ainda mais as fronteiras imperiais.
Em 1260, Kublai Khan, neto de Gêngis Khan, ascendeu ao poder e o Império Mongol alcançou sua maior
extensão. Foi esse imperador quem recebeu o viajante europeu Marco Polo quando este visitou a Ásia. Após
a morte de Kublai Khan, em 1294, o Império Mongol enfraqueceu-se pouco a pouco.

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A cavalaria Mongol

O homem que viajava


Marco Polo (1254-1324) nasceu em Veneza, na península Itálica. Membro de uma família de mercadores, em
1271 juntou-se ao pai, Nicolau, e partiu por uma rota terrestre em direção à China. Ali, ele permaneceu por
dezessete anos, percorreu todo o Império Mongol e se tornou pessoa de confiança de Kublai Khan. Depois,
viajou por outras regiões do continente asiático, como Índia, Pérsia e Ásia Menor, só retornando a Veneza em
1295, aos 41 anos de idade.
Publicadas na península Itálica pelo escritor Rustichello de Pisa, as memórias de Marco Polo revelaram a
existência de civilizações complexas e avançadas, totalmente desconhecidas na Europa medieval. O livro
contribuiu para estimular o comércio e a aproximação entre o Ocidente e o Oriente.

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3.O Japão dos samurais
O Japão é um arquipélago formado por quatro ilhas principais e cerca de quatro mil ilhotas. Por muito tempo,
esse território fragmentado esteve dividido entre diversos reinos, até que, por volta de 660 a.C., eles foram
unificados por um líder chamado Jimu, que recebeu o título de imperador. Cerca de cem anos depois, o
budismo teria chegado ao Japão, onde se consolidou, junto com o xintoísmo, como uma de suas principais
religiões.
A proteção do imperador e de seus cortesãos era garantida pelos samurais, guerreiros que lideravam poderosos
clãs provinciais. Os samurais tinham um rigoroso código de ética pautado pela coragem, honra e lealdade e
contavam com diversos privilégios, entre os quais o de receber grandes extensões de terra como presente do
imperador.
Durante a dinastia Heian (794-1185), o poder imperial enfraqueceu-se gradativamente. Em 1185, o imperador
concedeu a um dos chefes guerreiros, o samurai Minamoto Yoritomo, o título de xogum, que significa ‘grande
general, supremo conquistador dos bárbaros’. A partir de então, o verdadeiro governante passou a ser o xogum,
escolhido sempre entre os chefes guerreiros, tornando-se o imperador uma figura praticamente decorativa.

Pintura sobre papel representando o ataque noturno ao Palácio de Sanjo, ocorrido em 1159, do Livro Ilustrado dos
Eventos da Era Heiji, período Kamakura, da segunda metade do século XIII.

RESPONDER:
1. Os historiadores costumam denominar de Idade de Ouro os longos períodos de prosperidade e
desenvolvimento de determinadas civilizações. No caso da China, a Idade de Ouro ocorreu entre os séculos
VI e X, durante a dinastia Tang. O que justifica essa afirmação?
2. Entre os séculos VI e XIII, os chineses desenvolveram importantes conquistas tecnológicas. Relacione essas
conquistas com o desenvolvimento histórico posterior no Ocidente.
3. Depois de décadas de viagens pelo Oriente, Marco Polo retornou à Europa e, com a ajuda do escritor
Rustichello de Pisa, publicou relatos dessas viagens. Qual foi o impacto provocado pela publicação de suas
narrativas?
4. No século XIII, o Império Mongol tornou-se o mais poderoso reino de toda a Ásia, dominando um extenso
território que ia do mar Negro ao mar da China. Como se formou esse império?
5. Explique a transferência de poder do imperador para os samurais durante o século XII, no Japão.
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