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ANÕES ÀS COSTAS

DOS GRANDES
GIGANTES DO PASSADO
PODER,MITOS
E MEMORIAS
NA SOCIEDADE
MEDIEVAL
CONTRIBUTOS DE LUÍS KRUS
ANÕES ÀS COSTAS
DOS GRANDES
GIGANTES DO PASSADO
PODER,MITOS
E MEMORIAS
NA SOCIEDADE
MEDIEVAL
CONTRIBUTOS DE LUÍS KRUS

Catálogo da Exposição

Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo,


1 a 31 de Outubro de 2015
Catálogo Exposição

Coordenação Concepção, organização, produção e montagem


Amélia Aguiar Andrade Instituto de Estudos Medievais (IEM-FCSH/NOVA)
João Luís Inglês Fontes Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das
Bibliotecas / Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Edição (DGLAB/Torre do Tombo)
Instituto de Estudos Medievais (IEM-FCSH/NOVA)
Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar (CHAM-FCSH/ Comissariado científico
NOVA e UAc) Amélia Aguiar Andrade
Bernardo Vasconcelos e Sousa
Textos de apresentação João Luís Inglês Fontes
Amélia Aguiar Andrade José Mattoso
João Luís Inglês Fontes Maria Adelaide Miranda
Silvestre Lacerda
Assessoria técnica
Autores Maria dos Remédios Amaral (DGLAB/Torre do Tombo)
Amélia Aguiar Andrade (IEM; FCSH/NOVA)
António Resende de Oliveira (CHSC; FLUC) Textos
Bernardo Vasconcelos e Sousa (IEM; FCSH/NOVA) Amélia Aguiar Andrade
Eleonora Lombardo (IEM; FCSH/NOVA; IF/FLUP) João Luís Inglês Fontes
Isabel Barros Dias (UAb; IELT-FCSH/NOVA)
João Luís Inglês Fontes (IEM-FCSH/NOVA; CEHR-UCP) Conservação e restauro
José Augusto de Sottomayor Pizarro (CESEM; FLUP; ACL) Luís Vasconcelos e Sá (DGLAB/Torre do Tombo)
José Carlos Miranda (IF/FLUP) Vânia Alves (DGLAB/Torre do Tombo)
José Mattoso (IEM-FCSH/NOVA)
Leontina Ventura (FLUC; CHSC-UC) Digitalização e impressão
Luís Filipe Oliveira (UAlg; IEM-FCSH/NOVA) Anabela Ribeiro (DGLAB/Torre do Tombo)
Maria Adelaide Miranda (IEM-FCSH/NOVA) José Miguel Magalhães (DGLAB/Torre do Tombo)
Maria Filomena Andrade (UAb; CEHR-UCP) Rui Pires (DGLAB/Torre do Tombo)
Maria João Branco (IEM; FCSH/NOVA)
Miguel Metelo de Seixas (IEM; CHAM-FCSH/NOVA e UAc) Cedência de peças
Sandra Monteiro Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra
Stéphane Boissellier (CESCM-MSHS/Université de Poitiers) Biblioteca Mário Sottomayor Cardia (FCSH/NOVA)

Traduções Cedência de imagens


Maria Teresa Lopes Pereira (IEM-FCSH/NOVA) Biblioteca Nacional de Portugal

Design Seguros
Ricardo Naito (IEM-FCSH/NOVA) Lusitânia Seguros

Cedência de imagens
Biblioteca da Ajuda – Palácio Nacional da Ajuda Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra 1 a 31 de Outubro de 2015
Biblioteca Nacional de Portugal
Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas –
Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Impressão
Finepaper

Depósito legal
398425/15
Imagem da capa: [Encyclopedic manuscript containing
ISBN allegorical and medical drawings]. [South Germany,
978-989-98749-8-5 (IEM) ca. 1410], Rosenwald Collection (Library of Congress)
978-989-8492-29-6 (CHAM) ms. no. 4 [15]

Publicação financiada por Fundos Nacionais através da


Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito dos
projectos UID/HIS/00749/2013 e UID/HIS/04666/2013.
Sumário

Apresentação 5
“…anões às costas dos grandes gigantes do passado”. Poder, Mitos, Memórias
na Sociedade Medieval: contributos de Luís Krus 7

Pórtico
1 . A lírica medieval galaico-portuguesa 9

A memória documental do reino


2 . Registo de Guimarães ou Livro do Padrom 10
3 . Lista das igrejas do padroado régio 12
4 . Inquirições Gerais de D. Afonso III 14
5. S entença a favor de D. Dinis contra D. Martim Gil, D. Mem Rodrigues
e D. João Rodrigues de Briteiros e outros, sobre os bens e direitos
herdados do Conde D. Gonçalo Garcia de Sousa 17
6 . Inquirição que se tirou sobre as honras e devassos dos julgados
do Souto de Rebordões, Geraz, Neiva, Barcelos, Aguiar de Neiva,
Prado e de outros lugares 19
7 . Chancelaria de D. Pedro I 20

A Construção da memória do passado


8 . Chronicon Regum Laurbanense 23
9 . Primeira Crónica Geral de Espanha, do rei Afonso X de Castela e Leão 24
10. Crónica Geral de Espanha de 1344 26
11. Livro Velho e Livro do Deão 27
12. Livro de Linhagens do Conde D. Pedro 30

Memórias sagr adas


13. Selo do concelho de Lisboa 32
14. Tratado da vida & martyrio dos cinco Martires de Marocos enviados
per São Francisco [...] 34
15. Vida de Santo António de Lisboa 36

As representações do mundo
16. Isidoro de Sevila, Mapamundo. In [Etymologiae] 39
17. Mapa-múndi. In [Comentário ao Apocalipse] 41

A vivência medieval do tempo


18. HERCULANO, Alexandre – O monge de Cistér ou a epocha de D. João I [...] 42

Bibliografia 45
13. Selo do concelho de Lisboa
8 de Janeiro de 1346
Cera, 70 x 50 cm
ANTT, Mesa da Consciência e Ordens, Mosteiro de Santos-o-Novo, doc. 245 (Casa Forte)

O texto “S. Vicente e o mar: das relíquias às moedas” foi publicado inicialmente
por Luís Krus em 1983 no suplemento histórico do jornal Diário de Notícias; onze
anos depois, integrou a colectânea de estudos reunidos sob o título de Passado,
memória e poder na sociedade medieval portuguesa (Krus 1994: 143-148). A escrita
deste texto originou-se na observação por Luís Krus de uma miríade de objectos
patentes na XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, carregados de
referências a São Vicente: manuscritos, iluminuras, pinturas, esculturas, selos e
moedas. Foi com base nesta diversidade de fontes que o Autor se interrogou acerca
das causas que haviam produzido semelhante recorrência do tema vicentino.
Em escassas páginas, Luís Krus logrou integrar a devoção a São Vicente na
relação que a cultura medieval cristã estabelecia com o mar – relação variável
consoante as épocas de maior ou menor fulgor do comércio marítimo. Neste
enquadramento, procurou compreender as características dos relatos hagiográ-
ficos vicentinos e as razões do seu sucesso no reino de Portugal, entendidas à
luz de condicionantes institucionais, políticas, sociais e económicas desde a for-
mação da sociedade medieval portuguesa até ao início da expansão ultramarina.
Ficava pois devidamente contextualizada e explicada a iconografia vicentina,
dominada em Portugal pela figuração da nau com os corvos alusiva à trasla-
dação do corpo deste santo para o cabo algarvio que levou o seu nome, e tão
corrente em Lisboa por ser São Vicente padroeiro da cidade. Isso mesmo mostra
o selo de cera aqui patente. Longe de constituir um objecto de estudo encarado
no seu aspecto meramente técnico, este selo ganha assim, por via da análise
iconológica realizada dentro de um amplo e sólido contexto histórico, capacida-
de para ajudar à reconstituição do passado medieval em numerosas vertentes.
Tal capacidade para sondar uma multiplicidade de objectos, interrogando-os
e interligando-os, constituía traço marcante da obra de Luís Krus e contribuiu
para o carácter interdisciplinar dos seus trabalhos. Com efeito, a diversidade de
fontes mencionadas no seu texto sobre São Vicente poderia levar a uma aborda-
gem restritiva, no âmbito daquilo a que a historiografia oitocentista chamou de
“ciências auxiliares da História”, como a sigilografia, a numismática, a heráldica,
a codicologia ou a diplomática. Mas esse não foi o caminho escolhido pelo Au-
tor; pelo contrário, partindo de objectos tantas vezes esquecidos como os selos,
Luís Krus evidenciou o interesse em estudá-los em correlação com a sociedade
que os gerou e dentro da qual eles formavam um acto comunicacional relevante.
Por serem objectos tão carregados de sinais, os selos permitem abrir portas de
entendimento insuspeitas para a história política, social, institucional, económica,
cultural, militar e, naturalmente, para a história da arte (Morujão 2011; Saraiva,
Morujão e Seixas 2014). Talvez resida aí a maior lição deixada por Luís Krus: a
importância de indagar em todos os campos, de quebrar barreiras, de entrecru-
zar dados, de divulgar o conhecimento. Mesmo partindo de um objecto de tão
reduzidas dimensões como um selo…

Miguel Metelo de Seixas

32

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