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A Grande depressão e o seu impacto social

Iniciou-se, em 1929, nos EUA e propragou-se por todos os países que tinham laços económicos e
financeiros com eles.

Nas origens da crise


Havia indústrias, como a extração do carvão, a construção ferroviária, os têxteis tradicionais, que
não tinham recuperado os níveis anteriores à crise de 1920-21. Persistia também um desemprego
crónico, devido à intensa mecanização, chegou a atingir 2 milhões de pessoas.
A agricultura estava a baixar muito. As produções excedentárias originavam preços baixos e queda
de lucro.

Uma política de facilitação de crédito, processada pelos bancos, mantinha, artificialmente, o poder
de compra americano. A maior parte das transações de automóveis, eletrodomésticos e imóveis
realizava-se com base no crédito e nos pagamentos em prestações. A crédito, se adquiriam, as
ações que os americanos detinham nas empresas. Muitos eram os que investiam na Bolsa, onde a
especulação crescia. É na Bolsa de Nova Iorque, em Wall Street, que se irão manifestar os
primeiros sinais da crise de 1929.

A dimensão financeira, económica e social da crise


Desde 21/10 que as ordens de venda das ações se acumulavam na Bolsa. Os grandes acionistas
estavam alarmados com a descida dos preços e dos lucros industriais.

O pânico instalou-se em 24/10, a "quinta feira negra" -> 13 milhões de títulos postos no mercado a
preços baixissímos e não encontraram comprador. A 29/10, aumentou para 16 milhões. A
catástrofe ficou conhecida como crash de Wall Street.

A maior parte dos títulos tinha sido adquirida a crédito, a ruína dos acionistas significou a ruína dos
bancos, que deixavam de ser reembolsados. Entre 1929 e 1933 fecharam + de 10 mil bancos. E,
com as falências bancárias, a economia paralisou - o crédito.

Empresas faliram, especialmente as de frágil situação financeira.


O desemprego disparou -> 12 milhões de pessoas em 1933.
Procura afrouxou -> produção industrial contraiu-se e os preços baixaram.

Com isto tudo, repercutiram-se os campos. Os preços agrícolas afundaram-se. Hipotecavam-se


quintas, abatia-se gado e destruíam-se produções.
Famílias inteiras ficaram na miséria, outras andavam pelas cidades à procura de emprego. As
fábricas estavam fechadas ou só tinham os funcionários estritamente necessários.
Cortes drásticos nos salários; homens desesperados, ofereciam-se, a preços irrisórios, para
trabalhar em tarefas desqualificadas.
Não havia segurança social então, as pessoas faziam filas enormes nas ruas à espera de refeições
oferecidas pelas instituições de caridade.
Às portas das cidades cresciam os bairros de lata pois, não havia dinheiro para compra ou
arrendamento de casa.
Deliquência, "gangsterismo" e corrupção, proliferavam. O sonho americano estava a desmorenar-
se.

A mundialização da crise; a persistência da conjuntura


deflacionista
Economias dependentes dos Estados Unidos entraram na grande depressão também: aos países
fornecedores de matérias primas (Austrália, Nova Zelândia, México, Brasil e Índia) e todos aqueles
cuja reconstrução se baseava nos créditos americanos. Como a Áustria e a Alemanha, onde a
retirada dos capitais americanos originou uma situação económica e social absolutamente
insustentável. A conjuntura deflacionista parecia eternizar-se sem solução. Num ciclo vicioso, a
diminuição do consumo acarretava a queda dos preços e da produção, as falências, o desemprego.

Os EU, numa tentativa de proteger a sua economia, aumentaram de 26% para 50% taxas sobre as
importações. Criaram, em consequências, dificuldades aos outros países.

Por outro lado, aumentaram-se os impostos, buscando receitas novas para o orçamento, e
restringiu-se ainda mais o crédito para que desaparecessem as empresas não rentáveis. Se se
pretendia o saneamento financeiro evitando despesas e aumentando as receitas, originavam-se,
em contrapartida, obstáculos ao investimento e à elevação do poder de compra da população. E,
sem procura, não havia relançamento possível da economia.

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