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Núcleo de Apoio à Saúde da Família: aspectos legais, conceitos e possibilidades


para a atuação dos Profissionais de Educação Física.

Book · August 2016

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1 author:

Paulo Sergio Cardoso da Silva


Federal University of Santa Catarina
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O autor

Paulo Sergio Cardoso da Silva possui Licenciatura Plena em Educação Física pela
Universidade Federal de santa Catarina (UFSC); Bacharelado em Administração Pública
pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC); Especialização em Fisiologia do
Exercício pela Universidade Gama Filho (UGF); Especialização em Gestão em Saúde pela
UFSC; MBA em Gestão Estratégica de Pessoas em UGF; e Mestrado e Doutorado em
Saúde Coletiva, com ênfase em epidemiologia, pela UFSC.

Atua desde 2006 na área de atividade física relacionada à saúde, tendo experiência na área
do treinamento físico e preparação física, saúde ocupacional, gestão estratégica, saúde
pública e projetos sociais. Como pesquisador, realizou consultorias e treinamentos na área
de gestão, saúde e qualidade de vida. Foi responsável pela implementação do Núcleo de
Apoio à Saúde da Família (atualmente denominado de NASF-AB) do município de São José-
SC, coordenando este serviço, e ocupando as posições de Gerente de Programas
Estratégicos em Saúde e de Diretor de Vigilância Epidemiológica.

Integra a Comissão de Atividade Física e Saúde do Conselho Regional de Educação Física


de Santa Catarina e é membro da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde, com
atuação na área de Políticas Públicas. É autor do “Guia de Registros e Procedimentos de
Saúde Realizados pelo Profissional de Educação Física no SUS”, publicado pelo Conselho
Federal de Educação Física com parceria institucional do Ministério da Saúde (baixe
clicando aqui)

Acompanhe nas mídias meus projetos e conteúdos:

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www.paulosergio.net
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NÚCLEO DE
APOIO À SAÚDE
DA FAMÍLIA
Aspectos legais, conceitos
e possibilidades para a
atuação dos Profissionais de
EDUCAÇÃO FÍSICA
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

NÚCLEO DE
APOIO À SAÚDE
DA FAMÍLIA
Aspectos legais, conceitos
e possibilidades para a
atuação dos Profissionais de
EDUCAÇÃO FÍSICA

UNIVERSIDADE DO SUL
DE SANTA CATARINA
UNISUL
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

REITOR
Sebastião Salésio Herdt

VICE-REITOR
Mauri Luiz Heerdt

EDITORA UNISUL

DIRETOR
Laudelino José Sardá

ASSISTENTE EDITORIAL
Alessandra Turnes Soethe

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO
Amaline Mussi

COORDENAÇÃO DE PROJETOS NACIONAIS


Deonísio da Silva

ASSISTENTE DE VENDAS
Larissa de Souza

AVENIDA PEDRA BRANCA, 25


FAZENDA UNIVERSITÁRIA PEDRA BRANCA
8 8 1 3 7 - 2 7 0 – PA L H O Ç A S C
FONE (48) 3279-1088 – FA X (48) 3279-1170
EDITORA@UNISUL.BR

C A PA
Officio (officio.com.br)
CONCEPÇÃO GRÁFICA
Jucélia Fernandes
REVISÃO
Amaline Mussi

S58 Silva, Paulo Sergio Cardoso da, 1985-


NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família : Aspectos legais, conceitos
e possibilidades para a atuação dos profissionais de Educação Física /
Paulo Sergio Cardoso da Silva. - Palhoça : Ed. Unisul, 2016.
168 p.: il. ; 21 cm.

ISBN 978-85-8019-156-1

1. Educação física. 2. Educação física – Legislação. 3. Promoção da


saúde. 4. Exercícios físicos. I. Brasil. Ministério da Saúde. Núcleo de Apoio
à Saúde da Família. II. Título.

CDD 21. ed. – 796.023


Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Dedico este livro a todos os Profissionais de Educação
Física que procuram ampliar suas possibilidades de
atuação no campo da saúde, especificamente sob a
ótica dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, esta
importantíssima modalidade de serviço que nos permite
levar a promoção de saúde a toda a sociedade.
AGRADECIMENTOS

A consecução deste projeto só foi possível graças à presença de pes-


soas muito especiais nesta caminhada. As palavras de incentivo, apoio
e as críticas foram fundamentais neste processo, e aí vai meu agradeci-
mento:
à minha esposa Marcella, pelo apoio incondicional; e ao meu filho
Theo, pela inspiração a cada dia;
aos meus pais, Paulo e Kathya, por me ensinarem os valores que
hoje são a base da minha essência;
aos meus irmãos Arthur e João, por estarem presentes e me apoia-
rem em cada investida;
aos meus amigos e também colegas de profissão Tiago Lima e Fran-
co Ache, pelo apoio nas conversas informais;
ao professor Antonio Boing, por me orientar no doutorado de ma-
neira assertiva, tornando possível minha evolução como pesquisador;
ao professor Marino Tessari, por acreditar e por estimular a luta por
esta bela profissão, capaz de levar tantos benefícios à sociedade;
ao CREF/SC, pela busca constante por uma profissão mais forte;
aos profissionais das equipes NASF de São José, por me creditarem
confiança e pela parceria nas batalhas do dia a dia;
à Prefeitura do município de São José, na imagem de seus profissio-
nais, que acreditaram na minha capacidade para exercer uma posição
tão importante no município;
a todas as outras tantas pessoas que estiveram presentes de algu-
ma forma nesta jornada e que me trouxeram elementos e inspiração
para este projeto.
O que você sabe não tem valor;
o valor está no que você faz com o que sabe.
BRUCE LEE
L I STA D E Q UA D R O S

Quadro 1. Modalidades de NASF e suas características.................................................... 28


Quadro 2. Elementos presentes no Atendimento individual e domiciliar no NASF.... 53
Quadro 3. Elementos presentes na Atividade Coletiva no NASF..................................... 57
Quadro 4. Elementos presentes nas ações de Educação em Saúde............................... 64
Quadro 5. Relação de procedimentos e testes X equipamentos necessários.............. 74
Quadro 6. Informações básicas para anamnese................................................................. 81
Quadro 7. Questionário de Prontidão para Atividade Física (Q-PAF).............................. 83
Quadro 8. Categorias de Estratificação de Risco................................................................. 84
Quadro 9. Fatores de risco primários e secundários para desenvolvimento
de doenças coronarianas...................................................................................... 85
Quadro 10. Classificação do perfil de risco coronariano...................................................... 86
Quadro 11. Equações para estimativa da densidade corporal em adultos
brasileiros, segundo Petroski (1995).................................................................... 93
Quadro 12. Percentual de Gordura Corporal para Mulheres a partir de 18 anos de
idade e da soma das dobras cutâneas axilar média, suprailíaca oblíqua,
coxa média e panturrilha medial......................................................................... 95
Quadro 13. Percentual de Gordura Corporal para Homens a partir de 18 anos de
idade e da soma das dobras cutâne as subescapular, tríceps,
suprailíaca oblíqua e panturrilha medial........................................................... 96
Quadro 14. Classificação do Percentual de Gordura segundo Lohman (1992).............. 98
Quadro 15. Protocolos para avaliar aptidão cardiorrespiratória....................................... 107
Quadro 16. Escala de BORG (intensidade subjetiva de esforço)........................................ 112
Quadro 17. Ações estruturantes da equipe............................................................................. 150
Quadro 18. Ações de saúde......................................................................................................... 151
Quadro 19. Fechamento da Atividade...................................................................................... 153
L I STA D E F I G U RA S

Figura 1. Tela de acesso ao Sistema com PEC.......................................................................... 140


Figura 2. Ficha de Atendimento Individual (frente)................................................................. 147
Figura 3. Ficha de Atendimento Individual (verso).................................................................. 148
Figura 4. Ficha de Atividade Coletiva (frente)........................................................................... 155
Figura 5. Ficha de Atividade Coletiva (verso)............................................................................ 156

L I STA D E TA B E L A S

Tabela 1. Classificação do peso pelo IMC.............................................................................. 103


Tabela 2. Classificação da RCQ (Relação Cintura-Quadril) para mulheres.................... 105
Tabela 3. Classificação da RCQ (Relação Cintura-Quadril) para homens...................... 105
Tabela 4. Classificação da RCQ (Relação Cintura-Quadril)................................................ 106
Tabela 5. Classificação do VO² segundo distância, por faixa-etária em mulheres
(teste de Cooper - valores expressos metros)..................................................... 109
Tabela 6. Classificação do VO2 máx. segundo distância, por faixa-etária em homens
(teste de Cooper - valores expressos metros)....................................................... 110
Tabela 7. Valores de referência de VO2 máx. (ml.kg.min)-1 em mulheres...................... 110
Tabela 8. Valores de referência de VO2 máx. (ml.kg.min)-1 em homens......................... 111
Tabela 9. Valores de referência para o teste sentar e alcançar – mulheres................... 115
Tabela 10. Valores de referência para o teste sentar e alcançar – homens...................... 115
Tabela 11. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (feminino)...................................... 120
Tabela 12. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (masculino)................................... 121
Tabela 13. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (feminino, 7 a 18 anos)............... 121
Tabela 14. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (masculino, 7 a 18 anos)............ 122
Tabela 15. Classificação para Teste de flexão de braços (feminino) ................................. 124
Tabela 16. Classificação para Teste de flexão de braços (masculino) .............................. 124
Tabela 17. Normas para Teste de preensão manual (feminino)......................................... 126
Tabela 18. Normas para Teste de preensão manual (masculino)...................................... 127
Tabela 19. Normas para Teste de dinamometria de tronco................................................ 128
Tabela 20. Classificação da intensidade do exercício físico ................................................ 136
SUMÁRIO

PREFÁCIO........................................................................................................... 19

1. SAÚDE NO BRASIL: uma síntese do SUS ............................................... 21

2. O NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF).............................. 27
2.1. Aspectos fundamentais do NASF.................................................... 27
2.2. Marco legal........................................................................................... 32

3. O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O NASF .............................. 35
3.1. O Profissional de Educação Física.................................................. 35
3.2. Educação Física no NASF.................................................................. 38
3.2.1. Práticas Corporais e Atividade Física (PCAF) no NASF.... 39
3.2.2. Perfil profissional e outras particularidades..................... 45

4. ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO NASF......... 51
4.1. Modalidades de atuação.................................................................. 52
4.1.1. Atuação individual e domiciliar........................................... 52
Visitas domiciliares para estimular hábitos saudáveis.. 55
Reabilitação pós-traumática/pós-operatória.................. 55
Atendimento a pacientes que sofreram AVC.................... 55
Atendimento a pacientes com transtornos ou
distúrbios mentais.................................................................. 56
Outras situações...................................................................... 56
4.1.2. Grupos e atividades coletivas.............................................. 56
Grupos de convivência........................................................... 58
Grupos focais ........................................................................... 59
Grupos de caminhada orientada........................................ 61
Ginástica comunitária............................................................ 61
Saúde Laboral.......................................................................... 61
Outras práticas coletivas....................................................... 62
4.1.3. Ações de educação em saúde............................................. 62
4.2. Reuniões ............................................................................................. 65
4.2.1. Reunião entre os Profissionais de Educação Física........ 65
4.2.2. Reuniões de alinhamento da equipe NASF ..................... 66
4.2.3. Reuniões entre equipe NASF e equipes ESF vinculadas.. 68
4.3. Construção da agenda e planejamento das ações.................... 69
4.3.1. Mapeamento das ações desenvolvidas nas UBS
vinculadas........................................................................................... 70
4.3.2. Mapeamento das condições existentes para
desenvolver ações............................................................................. 71
Horário das equipes de Atenção Básica............................ 71
Espaço físico disponível......................................................... 72
Materiais e equipamentos necessários.............................. 72
Fluxo e serviços já existentes intra e
intersetorialmente ................................................................. 75
4.3.3. Organização da proposta da agenda................................. 75

5. AVALIAÇÕES, TESTES E PARÂMETROS DE PRESCRIÇÃO..................... 77
5.1. Avaliações e Testes............................................................................. 80
5.1.1. Anamnese................................................................................. 80
5.1.2. Testes e Medidas..................................................................... 88
Antropometria.......................................................................... 89
Massa Corporal.................................................................. 89
Estatura................................................................................ 90
Composição Corporal...................................................... 92
Perímetros........................................................................... 100
Indicadores de Saúde (IMC e RCQ)................................ 102
Respostas Cardiovasculares (VO2 máx)............................. 106
Teste de 1 milha (Rockport Walk).................................. 108
Teste de Cooper................................................................. 108
Flexibilidade............................................................................. 113
Teste “Sentar e Alcançar”................................................ 114
Resistência Muscular Localizada (RML)............................. 117
Teste Abdominal de 1 minuto........................................ 118
Teste de Flexão de Braços............................................... 122
Força Muscular......................................................................... 125
Teste de Preensão Manual.............................................. 125
Teste de Dinamometria de Tronco................................ 127
Avaliação Postural................................................................... 128
Avaliação no Simetógrafo ou Posturógrafo................ 129
Avaliação de pontos-chave............................................. 132
Outros testes e avaliações..................................................... 134
5.2. Parâmetros para prescrição de exercício físico........................... 135

6. SISTEMA E-SUS ............................................................................................. 139
6.1. Acesso ao Sistema.............................................................................. 140
6.2. Fluxo de Transmissão de dados e o CDS...................................... 141
6.3. Orientações de preenchimento do Profissional de
Educação Física.......................................................................................... 142
Ficha de Atendimento Individual........................................ 142
Ficha de Atividade Coletiva................................................... 149
SIGLAS................................................................................................................ 157

REFERÊNCIAS................................................................................................... 159
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

P R E FÁC I O

A SAÚDE NO BRASIL passou por várias fases até sua constituição atual.
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem, na Atenção Básica, a porta de
entrada do sistema, atendendo a cerca de 80% da demanda em saúde.
Dentro desta lógica, as equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF),
compostas normalmente por médico da família, enfermeiro, técnico
de enfermagem, odontólogo e por agentes comunitários, são a refe-
rência dos serviços de saúde às famílias do território adscrito.
Visando apoiar a consolidação da Atenção Básica, ampliando as
ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolutividade, a
abrangência e o alvo das ações, o Ministério da Saúde cria, no ano de
2008, por meio da Portaria nº MS/154/2008, o Núcleo de Apoio à Saúde
da Família. Trata-se de equipes multiprofissionais que atuam integra-
damente, o que permite a discussão de casos sob o olhar de diferentes
profissionais, garantindo, dentre outros princípios, o da integralidade.
Os profissionais de Educação Física encontram-se entre as espe-
cialidades mais presentes nas equipes NASF e detêm uma série de
possibilidades dentro da sua atuação. Atendimentos individuais, com-
partilhados, domiciliares, grupos e atividades coletivas, e as ações de
educação em saúde são algumas destas possibilidades. As constru-
ções conjuntas com outros profissionais do NASF e das ESF tornam as
ações do profissional de Educação Física únicas.
Justamente, a falta de material específico de qualidade no mercado
motivou a produção deste livro. A maioria do material disponível tem
origem no Ministério da Saúde, mas, ainda assim, não traz, aplicada-
mente, a área da Educação Física. Alguns artigos mostram as experi-
ências dos profissionais ao longo do país, mas também não tornam

19
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

claras as possibilidades de atuação. Por fim, esta importante temática


não aparece consolidada na grade curricular dos cursos de graduação
de Educação Física no Brasil.
Considerando a presença crescente do NASF no SUS e ainda o Gap
encontrado na literatura, o presente livro visa organizar de maneira cla-
ra os conceitos e possibilidades do profissional de Educação Física no
NASF.

20
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

1
SAÚDE NO BRASIL:
uma síntese do SUS

FOI COM A CONSTITUIÇÃO Federal de 1988 que a saúde passou a ser


reconhecida como um direito de todo cidadão e um dever do Estado.
As leis 8.080 e 8.142, de 1990, reconhecidas como as Leis Orgânicas da
Saúde brasileiras, auxiliaram neste processo de transição do modelo
antigo de saúde (com característica fortemente tecnicista, hospitalo-
cêntrica, biologiscista, fragmentada) para o atual Sistema Único de
Saúde (SUS). Esta nova organização dos serviços de saúde no Brasil
vem para atenuar as desigualdades em saúde, constituindo-se como
um modelo universal e redistributivista, sob uma lógica mais equâni-
me e integral. (ANDRADE; PONTES; MARTINS JÚNIOR, 2000, ROSA; LA-
BATE, 2005, NORONHA; LIMA; MACHADO, 2008).
A partir dos princípios trazidos com a Constituição Federal de 1988 e com
as Leis Orgânicas da Saúde, o Ministério da Saúde formula o que viria a ser
o primeiro passo em prol de uma estratégia mais elaborada de saúde no
país. No ano de 1991 é criado o Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS), que tem a finalidade de contribuir para a redução das mortalidades
infantil e materna, ampliando a cobertura dos serviços de saúde sob uma óti-
ca familiar e não individual. (ROSA; LABATE, 2005; VIANNA; DAL POZ, 1998).
O Programa Saúde da Família (PSF) iniciou no ano de 1993, mas,
só em 1994, foi regulamentado como uma estratégia do Ministério da
Saúde, formalizando a mudança do modo como a assistência em saú-

21
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

de dar-se-ia no Brasil. A partir deste momento, a Atenção Básica pas-


sa a aumentar sua resolutividade para cerca de 85% das questões de
saúde. (BESEN et al., 2007; ALMEIDA et al., 2011). Esta nova forma de
assistência, que organiza o processo de trabalho para a garantia do
acesso aos serviços de saúde nas comunidades assistidas, é uma das
principais características, que confere singularidade e potência como
modalidade tecnoassistencial em atenção básica. (JUNIOR; JESUS;
CREVELIM, 2010).
Criado inicialmente como um programa, o PSF foi adquirindo gradu-
almente um caráter de estratégia de reorganização da Atenção Básica e
do modelo assistencial do país, ao ponto de mudar, inclusive, sua de-
nominação para Estratégia de Saúde da Família (ESF). (AZEVEDO; COS-
TA, 2010; TRAD; ESPERIDIÃO, 2010). Para se compreender a velocidade
com que o programa se ampliou, no ano de 2004 a PSF abrangia 80,2%
dos municípios brasileiros, cobrindo cerca de 36,4% da população e,
já no ano de 2007, o alcance havia passado para 90% dos municípios,
e cerca de 46% da população brasileira (ELIAS et al., 2006; AZEVEDO;
COSTA, 2010). Contudo, a ESF passa a ser a principal estratégia de saú-
de no Brasil, integrando-se a ela o PACS, a PSF e, mais recentemente, o
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). (TRAD; ESPERIDIÃO, 2010).
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), regulamentada pela
Portaria nº 2.488/2011, caracteriza a Atenção Básica como:
[...] um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coleti-
vo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção
de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução
de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver
uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autono-
mia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde
das coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas
de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de
trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos,
pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando
a dinamicidade existente no território em que vivem essas popu-
lações. Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que

22
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saú-


de de maior frequência e relevância em seu território, observando
critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético
de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento devem
ser acolhidos. (BRASIL, 2012a, p.19).

Dentro desta lógica, sobre a ESF, a Portaria nº 2.488/2011 traz ainda que:
A Estratégia de Saúde da Família visa à reorganização da Atenção Bá-
sica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde,
e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais,
representados respectivamente pelo CONASS e CONASEMS, como es-
tratégia de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica
por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior
potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da
atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de
saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importan-
te relação custo-efetividade. (BRASIL, 2012a).

Segundo a mesma Portaria, está previsto dentro do processo de tra-


balho das equipes de Atenção Básica:
I - definir o território de atuação e de população sob responsabili-
dade das UBS e das equipes;
II - programar e implementar as atividades de atenção à saúde de
acordo com as necessidades de saúde da população, com a priori-
zação de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde
segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e resiliência.
Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda de trabalho
compartilhado de todos os profissionais e recomenda-se evitar a
divisão de agenda segundo critérios de problemas de saúde, ciclos
de vida, sexo e patologias dificultando o acesso dos usuários;
III - desenvolver ações que priorizem os grupos de risco e os fatores
de risco clínico-comportamentais, alimentares e/ou ambientais, com
a finalidade de prevenir o aparecimento ou a persistência de doen-
ças e danos evitáveis;
IV - realizar o acolhimento com escuta qualificada, classificação de
risco, avaliação de necessidade de saúde e análise de vulnerabili-
dade tendo em vista a responsabilidade da assistência resolutiva à
demanda espontânea e o primeiro atendimento às urgências;

23
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

V - prover atenção integral, contínua e organizada à população ads-


crita;
VI - realizar atenção à saúde na Unidade Básica de Saúde, no domi-
cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches,
praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada;
VII - desenvolver ações educativas que possam interferir no proces-
so de saúde-doença da população, no desenvolvimento de auto-
nomia, individual e coletiva, e na busca por qualidade de vida pelos
usuários;
VIII - implementar diretrizes de qualificação dos modelos de atenção
e gestão tais como a participação coletiva nos processos de gestão,
a valorização, fomento à autonomia e protagonismo dos diferentes
sujeitos implicados na produção de saúde, o compromisso com a
ambiência e com as condições de trabalho e cuidado, a constitui-
ção de vínculos solidários, a identificação das necessidades sociais
e organização do serviço em função delas, entre outras;
IX - participar do planejamento local de saúde assim como do
monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade e
município; visando à readequação do processo de trabalho e do
planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e
possibilidades analisadas;
X - desenvolver ações intersetoriais, integrando projetos e redes de
apoio social, voltados para o desenvolvimento de uma atenção in-
tegral;
XI - apoiar as estratégias de fortalecimento da gestão local e do con-
trole social; e
XII - realizar atenção domiciliar destinada a usuários que possuam
problemas de saúde controlados/compensados e com dificuldade
ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde,
que necessitam de cuidados com menor frequência e menor ne-
cessidade de recursos de saúde e realizar o cuidado compartilhado
com as equipes de atenção domiciliar nos demais casos.

São itens necessários à Estratégia Saúde da Família, de acordo com


a Portaria nº 2.488/2011:
I - existência de equipe multiprofissional (equipe saúde da família)
composta por, no mínimo, médico generalista ou especialista em
saúde da família ou médico de família e comunidade, enfermeiro

24
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico


de enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo acres-
centar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional,
os profissionais de saúde bucal: cirurgião dentista generalista ou
especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em Saúde
Bucal;
II - o número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da po-
pulação cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de
12 ACS por equipe de Saúde da Família, não ultrapassando o limite
máximo recomendado de pessoas por equipe;
III - cada equipe de saúde da família deve ser responsável por, no
máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pes-
soas, respeitando critérios de equidade para esta definição. Reco-
menda-se que o número de pessoas por equipe considere o grau de
vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que, quanto
maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de
pessoas por equipe;
IV - cadastramento de cada profissional de saúde em apenas 01
(uma) ESF, exceção feita somente ao profissional médico que pode-
rá atuar em no máximo 02 (duas) ESF e com carga horária total de
40 (quarenta) horas semanais; e
V - carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os pro-
fissionais de saúde membros da equipe de saúde da família, à exce-
ção dos profissionais médicos, cuja jornada é descrita no próximo
inciso. A jornada de 40 (quarenta) horas deve observar a necessi-
dade de dedicação mínima de 32 (trinta e duas) horas da carga ho-
rária para atividades na equipe de saúde da família podendo, con-
forme decisão e prévia autorização do gestor, dedicar até 08 (oito)
horas do total da carga horária para prestação de serviços na rede
de urgência do município ou para atividades de especialização em
saúde da família, residência multiprofissional e/ou de medicina de
família e de comunidade, bem como atividades de educação per-
manente e apoio matricial.

Tanto as atribuições aplicáveis a todos os profissionais da ESF como


aquelas específicas a cada área podem ser mais bem estudadas atra-
vés da Portaria mencionada (nº 2.488/2011) e na própria Política Nacio-
nal da Atenção Básica, mas para fins de compreensão geral da ESF, os

25
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

detalhes aqui presentes permitem uma ideia palpável do seu modo de


funcionamento.
Contudo, dentro deste escopo, são criados, através da Portaria GM
nº 154, de 24 de janeiro de 2008, os Núcleos de Apoio à Saúde da Famí-
lia (NASF), visando apoiar a inserção da Estratégia de Saúde da Família
na rede de serviços de saúde, permitindo a ampliação da sua abran-
gência, resolutividade, territorialização, regionalização, bem como das
ações da Atenção Básica no Brasil. Com o NASF, a população passa a
ter acesso a um atendimento interdisciplinar, onde profissionais de
diferentes áreas de conhecimento atuam em conjunto com os pro-
fissionais das equipes Saúde da Família, compartilhando e apoiando
práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das equipes de
Saúde da Família. Cabe aqui deixar registrado que o NASF não é porta
de entrada do sistema para os usuários, mas sim um serviço de apoio
às equipes de Saúde da Família. (BRASIL, 2010a). Maiores detalhes so-
bre o NASF serão discutidos no próximo capítulo.

26
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

2
O NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA
(NASF)

2.1. Aspectos fundamentais do NASF

Criado pelo Ministério da Saúde em 2008, por meio da Portaria


154/2008, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família veio como estratégia
inovadora, com o objetivo de apoiar, ampliar, aperfeiçoar a atenção e
a gestão da saúde na Atenção Básica/Saúde da Família. Segundo o Ca-
derno de Atenção Básica nº 27 (BRASIL, 2010a, p.10-11), seus requisitos
são, além do conhecimento técnico, a responsabilidade por determi-
nado número de equipes de SF e o desenvolvimento de habilidades
relacionadas ao paradigma da Saúde da Família. Deve estar compro-
metido, também, com a promoção de mudanças na atitude e na atu-
ação dos profissionais da Saúde da Família e entre sua própria equipe
(NASF), incluindo na atuação ações intersetoriais e interdisciplinares,
promoção, prevenção, reabilitação da saúde e cura, além de humani-
zação de serviços, educação permanente, promoção da integralidade
e da organização territorial dos serviços de saúde.
Quanto às modalidades de NASF, com a Portaria nº 3.124/2012
(BRASIL, 2012b), ficam formalizadas pelo Ministério da Saúde, três mo-
dalidades (Quadro 1).

27
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Quadro 1. Modalidades de NASF e suas características

Somatória das Cargas


Modalidades Nº de Equipes Vinculadas
Horárias Profissionais 1
Mínimo 200 horas
5 a 9 eSF 2 e/ou eAB 3 para semanais. Cada ocupação
Nasf 1 populações específicas (eCR deve ter, no mínimo, 20h e,
4
, equipe ribeirinha e fluvial) no máximo, 80h de carga
horária semanal.
Mínimo 12 horas semanais.
3 e 4 eSF e/ou eAB para
Cada ocupação deve ter, no
populações específicas
Nasf 2 mínimo, 20h e, no máximo,
(eCR, equipe ribeirinha e
40h de carga horária
Fluvial)
semanal.
Mínimo 80 horas semanais.
1 e 2 eSF e/ou eAB para
Cada ocupação deve ter, no
populações específicas
Nasf 3 mínimo, 20h e, no máximo,
(eCR, equipe ribeirinha e
40h de carga horária
Fluvial)
semanal.
Fonte: BRASIL, 2014a, p.16 (Cadernos de Atenção Básica nº 39).

A Portaria 3.124/2012, no seu Artigo 3º, traz as especificidades de


cada uma das modalidades NASF (BRASIL, 2012b):
Art. 3º Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família podem ser organiza-
dos, com financiamento federal, nas modalidades NASF 1, NASF 2
e NASF 3, seguindo os parâmetros e critérios abaixo estabelecidos:
I - A modalidade NASF 1 deverá ter uma equipe formada por uma
composição de profissionais de nível superior que reúnam as se-
guintes condições:
a) a soma das cargas horárias semanais dos membros da equipe
deve acumular no mínimo 200 (duzentas) horas semanais;
b) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor
que 20 (vinte) horas; e

1 Nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor que 20 horas.
2 Equipe Saúde da Família.
3 Equipe de Atenção Básica.
4 Equipe Consultório na Rua.

28
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

c) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo


20 (vinte) horas e no máximo 80 (oitenta) horas de carga horária se-
manal.
II - Cada NASF 1 deverá estar vinculado a no mínimo 5 (cinco) e a no
máximo 9 (nove) Equipes Saúde da Família e/ou equipes de Aten-
ção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equi-
pes ribeirinhas e fluviais);
III - A modalidade NASF 2 deverá ter uma equipe formada por uma
composição de profissionais de nível superior que reúnam as se-
guintes condições:
a) a soma das cargas horárias semanais dos membros da equipe
deve acumular no mínimo 120 (cento e vinte) horas semanais;
b) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor
que 20 (vinte) horas; e
c) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo
20 (vinte) horas e no máximo 40 (quarenta) horas de carga horária
semanal.
IV - Cada NASF 2 deverá estar vinculado a no mínimo 3 (três) e a
no máximo, 4 (quatro) Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de
Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua,
equipes ribeirinhas e fluviais);
V - A modalidade NASF 3 deverá ter uma equipe formada por uma
composição de profissionais de nível superior que reúnam as se-
guintes condições:
a) a soma das cargas horárias semanais dos membros da equipe
deve acumular no mínimo 80 (oitenta) horas semanais;
b) nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor
que 20 (vinte horas); e
c) cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter no mínimo
20 (vinte) horas e no máximo 40 (quarenta) horas de carga horária
semanal.
VI - Cada NASF 3 deverá estar vinculado a no mínimo 1 (uma) e a
no máximo 2 (duas) Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de
Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua,
equipes ribeirinhas e fluviais), agregando-se de modo específico
ao processo de trabalho das mesmas, configurando-se como uma
equipe ampliada.

29
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

§1º A implantação de mais de uma modalidade de forma concomi-


tante nos Municípios e no Distrito Federal não receberá incentivo
financeiro federal correspondente ao NASF.
§2º O número máximo de NASF 2 ao qual o Município pode fazer
jus para recebimento de recursos financeiros específicos será de 1
(um) NASF 2.
§3º O número máximo de NASF 3 ao qual o Município pode fazer
jus para recebimento de recursos financeiros específicos será de 1
(um) NASF 3.

Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família são constituídos por equi-


pes multiprofissionais, compostas por diferentes profissões ou especia-
lidades, e que, de maneira integrada, devem prestar apoio às Equipes
de Saúde da Família e às equipes de Atenção Básica para populações
específicas (Consultórios na Rua, equipes ribeirinhas e fluviais), através
do referencial teórico metodológico do apoio matricial. (BRASIL, 2014a,
p.16 - Cadernos de Atenção Básica nº 39).
O apoio matricial, popularmente denominado de “matriciamento”,
é uma tecnologia de gestão que se complementa com o processo de
trabalho das “equipes de referência”. Estas equipes buscam, em suas
ações, empoderar as comunidades a serem responsáveis por si mes-
mas e pelo próximo, gerando um processo sustentável, dentro de um
território de abrangência. Na prática, estas equipes são as equipes de
Estratégia Saúde da Família, referências de saúde para as populações
na Atenção Básica à Saúde. (BRASIL, 2010a, p.16). Quanto ao apoio ma-
tricial, o Caderno de Atenção Básica nº 27 ainda coloca que:
[...] será formado por um conjunto de profissionais que não têm, ne-
cessariamente, relação direta e cotidiana com o usuário, mas cujas
tarefas serão de prestar apoio às equipes de referência (equipes de
SF). Assim, se a equipe de referência é composta por um conjunto
de profissionais considerados essenciais na condução de proble-
mas de saúde dos clientes, eles deverão acionar uma rede assis-
tencial necessária a cada caso. Em geral é em tal “rede” que estarão
equipes ou serviços voltados para o apoio matricial (no caso, os
Nasf), de forma a assegurar, de modo dinâmico e interativo, a reta-
guarda especializada nas equipes de referência (no caso, as equi-

30
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

pes de Saúde da Família). Vale ressaltar aqui que o Nasf está inse-
rido na rede de serviços dentro da Atenção Primária à Saúde (APS)
assim como as equipes de Saúde da Família, ou seja, ele faz parte
da APS. (BRASIL, 2010a, p.16 - Cadernos de Atenção Básica nº 27).

Cabe ainda destacar que o apoio matricial é constituído por duas


dimensões: a assistencial (que está relacionada com a ação da clínica
direta com os usuários) e a técnico-pedagógica (que produz ações de
apoio educativo como e para a equipe), ambas bastante relacionadas
entre si.
Dentre as possibilidades profissionais na constituição das equi-
pes NASF, estão previstas as seguintes especialidades: Assistente so-
cial; Profissional de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta;
Fonoaudiólogo; Profissional com formação em arte e educação (arte
educador); Nutricionista; Psicólogo; Terapeuta ocupacional; Médico gi-
necologista/obstetra; Médico homeopata; Médico pediatra; Médico ve-
terinário; Médico psiquiatra; Médico geriatra; Médico internista (clínica
médica); Médico do trabalho; Médico acupunturista e Profissional de
saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com
pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente
em uma dessas áreas. (BRASIL, 2014a, p.16-17).
Quanto às possibilidades de trabalho, tanto a dimensão clínica e sa-
nitária como a dimensão pedagógica podem ser trabalhadas, inclusive
simultaneamente, em alguns casos. Dentro destas possibilidades estão
as discussões de caso; o atendimento conjunto com profissionais das
equipes de referência; os atendimentos individuais e domiciliares (este
último, sempre aconselhado com a presença de algum profissional da
equipe de referência); a construção conjunta de Projetos Terapêuticos
Singulares; as ações de Educação Permanente; as intervenções no ter-
ritório, dentre outras. Ainda fazem parte das ações dos profissionais do
NASF as reuniões de planejamento da equipe NASF, as possíveis reu-
niões de alinhamento entre os profissionais de uma mesma formação
(como uma reunião entre os Profissionais de Educação Física do NASF);
as reuniões entre equipe NASF com outros setores do município. As

31
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

possibilidades de atuação dos Profissionais de Educação Física dentro


do NASF serão exploradas no capítulo 4, com maior detalhamento no
capítulo 5.
Por fim, cabe deixar o modo de captação de dados preconizado
pelo Ministério da Saúde, e que abrange os profissionais da Atenção
Básica, a se incluírem os profissionais do NASF. Trata-se da Estratégia
E-SUS Atenção Básica (E-SUS AB), que conta com dois sistemas de sof-
tware para captação de dados: o sistema de Coleta de Dados Simplifi-
cada (CDS) e o sistema de Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC). Será
melhor detalhada no capítulo 6 deste livro.

2.2. Marco legal

Embora o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) tenha sido


criado pelo Ministério da Saúde apenas no ano de 2008, já em 2006,
com a Portaria Federal GM/648/2006, de 28 de março de 2006, o Minis-
tério da Saúde definia a Política Nacional de Atenção Básica, que trazia
no conceito das Redes de Atenção à Saúde (RAS), dentre outras coisas,
a importância de uma equipe multidisciplinar com cobertura de toda a
população. (BRASIL, 2006a).
Finalmente, com a Portaria nº MS/154/2008, são criados os Núcle-
os de Apoio à Saúde da Família – NASF, com o objetivo de ampliar a
abrangência e o escopo das ações da Atenção Básica, bem como sua
resolubilidade, apoiando a inserção da Estratégia de Saúde da Família
na rede de serviços e o processo de territorialização e regionalização a
partir da atenção básica. (BRASIL, 2008a).
Esta Portaria traz ainda a gama de profissionais que os NASF podem
conter; as modalidades existentes; horário de trabalho dos profissio-
nais; especificidades das modalidades 1 e 2 do NASF; as competências
das Secretarias Municipais e do Distrito Federal; as competências das
Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal; o processo de
credenciamento, implantação e expansão dos NASF; o valor de trans-
ferência para a implantação, segundo sua categoria; o valor de cus-

32
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

teio, segundo sua modalidade; e, por fim, questões relacionadas aos


recursos orçamentários envolvidos. Complementando, a referida Por-
taria traz como pressupostos políticas nacionais diversas, tais como:
de Atenção Básica; de Promoção da Saúde; de Integração da Pessoa
com Deficiência; de Alimentação e Nutrição; de Saúde da Criança e do
Adolescente; de Atenção Integral à Saúde da Mulher; de Práticas Inte-
grativas e Complementares; de Assistência Farmacêutica; da Pessoa
Idosa; de Saúde Mental; de Humanização em Saúde, além da Política
Nacional de Assistência Social e da Saúde do Homem. (BRASIL, 2010a).
A Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de outubro de 2011, que aprova
a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), estabelece a revisão de
diretrizes e normas para organização da Atenção Básica, para a Estra-
tégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários
de Saúde (PACS). Neste contexto, está previsto o NASF, como um am-
pliador da abrangência e do escopo das ações da Atenção Básica, bem
como sua resolubilidade. (BRASIL, 2011).
Em 38 de dezembro de 2012, o Ministério da Saúde lança a Portaria
nº 3.124/GM/MS, que redefine os parâmetros de vinculação dos Núcle-
os de Apoio à Saúde da Família (NASF) Modalidades 1 e 2 às Equipes
Saúde da Família e/ou Equipes de Atenção Básica para populações es-
pecíficas, cria a Modalidade NASF 3, dando outras providências. (BRA-
SIL, 2012b).
No ano de 2013, são lançadas a Portaria nº 256, de 11 de março, que
estabelece novas regras para o cadastramento das equipes que farão
parte dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) no Sistema de
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); a Porta-
ria nº 548/GM/MS, de 4 de abril, que define o valor de financiamento
do Piso da Atenção Básica variável para os Núcleos de Apoio à Saúde
da Família (NASF) Modalidades 1, 2 e 3; e, a Portaria nº 562, de 04 de
abril,  que define o valor do PMAQ, incluindo o PAB Qualidade para o
NASF. (BRASIL, 2013a; BRASIL, 2013b; BRASIL, 2013c).
Em 2014, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 161, de 29
de janeiro, que credencia Municípios a receberem incentivos referentes

33
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). A partir da aprovação


do credenciamento das Comissões Intergestores Bipartites Estaduais
de Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins, fica
credenciado um grande vulto de municípios brasileiros, os quais estão
classificados segundo sua modalidade, permitindo, assim, uma previ-
são orçamentária. (BRASIL, 2014b).

34
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

3
O PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA E O NASF

3.1. O Profissional de Educação Física

De acordo com Pereira (1988), Educação Física é a parte da educa-


ção do ser humano que acontece a partir do movimento e com e para
o movimento. A educação física é um meio de educação social que
ocorre através – e para – a prática consciente, processual, metódica de
atividades físicas gímnicodesportivas, que valorizam o conhecimento
do corpo humano e objetivam o seu desenvolvimento (p.111). No Brasil
ela surge relacionada à formação e educação corporal disciplinadora,
baseada em fins variados, a citar: militares, estéticos, esportivos, de
alto rendimento ou não, recreativos, de saúde, e sendo usada, muitas
vezes, como um mecanismo de alienação ou desmobilização social
perante tensões políticas e lutas ideológicas. (OLIVEIRA, 2008). Consi-
derando a abrangência das competências do Profissional de Educação
Física e, ainda, a complexidade do ser humano, que é, na sua constitui-
ção, um ser indivisível, holístico e único, à medida que os anos foram
passando, mais clara foi ficando a essencialidade de se considerarem
as práticas corporais no campo social.
Quanto à formalização, a Resolução nº 218, de 6 de março de 1997,
originada do Conselho Nacional de Saúde, reconhece os Profissionais

35
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

da Educação Física como profissionais de saúde de nível superior. A


aprovação da Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998, por sua vez, regu-
lamenta a profissão de Educação Física. O Código de Ética da profissão,
aprovado com a Resolução CONFEF nº 307, coloca que o sistema CON-
FEF/CREFs reconhece como Profissional de Educação Física o profissio-
nal identificado consoante as características da atividade que desem-
penha nos campos estabelecidos da profissão. (CONFEF, 2015). Outro
aspecto normativo que contribuiu para a expansão da área foi a Lei
Federal nº 11.342/2006, que institui o dia do Profissional de Educação
Física (BRASIL, 2006b), e a Lei nº 12.864, de 24 de setembro de 2013, que
altera o caput do art. 3o da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, in-
cluindo a atividade física como fator determinante e condicionante da
saúde. (BRASIL, 2013d). Ademais, a Resolução do Conselho Federal de
Educação Física (CONFEF) nº 255/2013 reforça estes entendimentos e
ainda define, no seu Art. 1º, a especialidade Profissional em Educação
Física como um conjunto de habilidades e competências específicas
dessa profissão, que aprofunda conhecimentos e técnicas próprias ao
exercício profissional em um determinado tipo de intervenção.
Sobre a formação do Profissional de Educação Física, Júnior e Tas-
soni (2013) colocam que a graduação forma profissionais em diferen-
tes âmbitos, mas foi com a reforma dos cursos de educação física, no
ano de 1987, que ficaram bem delimitadas as formações, tendo ou um
foco na atuação escolar, ou um foco nas demais áreas, fora da escola.
Segundo o CONFEF, o profissional apresenta em sua formação conhe-
cimentos das áreas médicas, pedagógicas, psicológicas e sociais.
O CONFEF define o Profissional de Educação Física como o egresso
de curso superior de Educação Física que, pela natureza, característi-
cas e estatuto da profissão que exerce, deve ser devidamente registra-
do no Sistema CONFEF/CREF, devendo possuir cédula de identidade
profissional e reconhecer que as suas ações estão sujeitas ao Código
de Ética Profissional. (MARTINS, 2015).
Tomando como referência a Resolução CONFEF nº 046/2002, no seu
Artigo 1º:

36
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físi-


cas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos,
desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades
rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação,
reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios
compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas
corporais -, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o
desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a ca-
pacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempe-
nho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando
à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência,
da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças,
de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúr-
bios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da autonomia,
da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da
cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente,
observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade
técnica e ética no atendimento individual e coletivo. (CONFEF, 2002).

Complementando, Martins (2015, p.21), baseado na Lei nº 9.696 de


1998, ainda destaca que o perfil do Profissional de Educação Física ca-
racteriza-se pelo conhecimento da atividade física nas suas variadas
formas e objetivos, possuindo competências e habilidades para identi-
ficar, planejar, programar, coordenar, supervisionar, assessorar, organi-
zar, lecionar, desenvolver, dirigir, dinamizar, executar e avaliar serviços,
programas, planos e projetos na área. Além disso, ainda realiza audito-
ria, consultoria, treinamento especializado, e participa de equipes mul-
tidisciplinares e interdisciplinares, sendo capaz de produzir informes
técnicos, científicos e pedagógicos na área.
A Resolução CNE/CES nº 7/2004, que institui as diretrizes curricula-
res nacionais para os cursos de graduação de Educação Física em nível
superior de graduação plena, torna clara que a Educação Física é uma
área do conhecimento que tem como objeto de estudo e de interven-
ção o movimento humano, considerando diferentes formas e moda-
lidades, bem como diferentes perspectivas da prevenção de agravos
da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação

37
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

cultural, da educação, e da reeducação motora do rendimento físico-


-esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às
atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que
oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividade física, re-
creativas e esportivas. (BRASIL, 2004a, Art. 3º).
Maiores informações sobre as possibilidades de intervenção do
Profissional de Educação Física e as particularidades da sua formação
podem ser encontradas em recente publicação: MARTINS, I.M.L. Inter-
venção profissional e formação superior: Articulação necessária para
a qualidade do exercício profissional. Sistema CONFEF/CREFs, 2015. 87p.,
fornecida gratuitamente pelo CONFEF em seu sítio eletrônico.

3.2. Educação Física no NASF

Dentro da atuação dos profissionais de educação física, cabe desta-


car o arranjo político que embasa sua atuação sob o âmbito da saúde.
Segundo o Caderno de Atenção Básica nº 27, com a Política Nacional
de Promoção de Saúde (PNPS) as Práticas Corporais e Atividade Física
(PCAF) são incluídas como um dos seus eixos, servindo posteriormente
de subsídio para os profissionais de Educação Física inseridos no NASF.
A PNPS considerou na sua construção, recomendações internacionais
como a Estratégia Mundial sobre Alimentação Saudável, Atividade Físi-
ca e Saúde, documento produzido pela Organização Mundial da Saúde
e Organização Pan-Americana de Saúde em 2003. A PNPS defende sete
eixos de atuação, um deles a PCAF, que teve sua construção motivada
pelo enfrentamento da prevalência ascendente das doenças crônicas,
como as doenças do aparelho circulatório. A PCAF tem ainda uma vi-
são reflexiva sobre as práticas de saúde, considerando o controle so-
cial, corresponsabilidade social, construção de redes de cuidados inte-
grais, integralidade e transversalidade das políticas de saúde e acesso
aos serviços e tecnologias em saúde e direito ao lazer.
Neste sentido, a abordagem do Profissional de Educação Física
dentro do NASF, a partir da PCAF, deve favorecer a promoção de saúde,

38
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

considerando nesta construção a diversidade das manifestações da


cultura corporal presentes localmente e as que são difundidas nacio-
nalmente, procurando ir além das técnicas pedagógicas clássicas. Este
processo deve considerar componentes culturais, históricos, políticos,
econômicos e sociais, sempre articulado com o espaço-território onde
se materializarão as ações de saúde. Um aspecto muito enfatizado é
que, para uma maior participação e adesão às práticas propostas pelo
NASF, é fundamental que os profissionais reconheçam a identidade da
comunidade, seus espaços, suas dinâmicas e suas relações, favorecen-
do a valorização local perante as PCAF propostas.

3.2.1. Práticas Corporais e Atividade Física (PCAF) no NASF

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a atividade física é


conceituada como qualquer movimento corporal produzido pelos
músculos esqueléticos que requeiram gasto de energia, incluindo as
atividades físicas praticadas durante o trabalho, jogos, execução de ta-
refa doméstica, viagens e em atividades de lazer. (WHO, 2014). Quanto
às recomendações para a sua prática de atividade física, muitas são as
sugestões ao longo do mundo, podendo estas variar de acordo com a
localidade, faixa etária, condições de saúde e outras variáveis. (LIMA;
LEVY; LUIZ, 2014; WHO, 2010).
No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 596, de 8
de abril de 2004, analisou a Estratégia Global para Alimentação Saudá-
vel, Atividade Física e Saúde, elaborada pela OMS, e a considerou como
oportuna de ser adotada, visto que se baseia em evidências científicas
convincentes, além de criar oportunidades para promoção de saúde e
prevenção do acometimento de doenças crônicas não transmissíveis.
(BRASIL, 2004b). Desde então, as recomendações da OMS para a prá-
tica de atividades físicas vêm direcionando as ações neste âmbito no
Brasil, e, segundo sua última atualização, em 2010, a orientação para a
prática de atividades físicas entre adultos é a de pelo menos 150 minu-
tos por semana (no mínimo 30 minutos diários por pelo menos 5 dias

39
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

na semana), a uma intensidade moderada; ou 75 minutos por semana,


a uma intensidade vigorosa, em sessões de, pelo menos, 10 minutos de
duração, sem determinação semanal. (WHO, 2010).
De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 27 (p.126-127), no
que tange ao escopo da PCAF, fica muito claro que a atividade física
deve expandir seu entendimento para além da fisiologia cartesiana,
compreendendo o indivíduo como um ser completo, cultural, social,
holístico. Ao se referir às responsabilidades dos profissionais nas PCAF,
é muito importante enfatizar a necessidade de interação entre todos os
profissionais do NASF e das ESF na construção de grupos para desen-
volvimento de atividades coletivas, de modo a assegurar um processo
de formação crítica do sujeito, da família ou pessoas de referência dele,
e, ainda, da comunidade como um todo. (BRASIL, 2010a).
O que se espera é que haja uma compreensão e contextualização
histórica dos fenômenos, conceitos e determinações que envolvem a
prática de atividade física na contemporaneidade, de forma a vislum-
brar concepções hegemônicas do corpo, massificadas pela grande mí-
dia, como as problemáticas relativas ao gênero, de etnia, do trabalha-
dor e aos ciclos de vida, acesso e prática de esportes, à transformação
do lazer em mercadoria para o consumo. (BRASIL, 2010a).
Esta concepção enfatiza a importância de uma sociedade atuante,
proativa, que pratica o controle social e que participa das decisões no
campo da saúde pública (esta participação pode ocorrer nos conselhos
locais, distritais e de unidades, nas conferências de saúde, e em outros
locais). A partir desta participação, os profissionais do NASF passam e
ter um direcionamento para organizar suas ações, que considerarão as
reais necessidades e desejos da comunidade em relação ao PCAF.
O envolvimento da comunidade no processo de construção das
atividades e estratégias de desenvolvimento, em detrimento da im-
posição, assegura maiores laços para com os profissionais da saúde,
garantindo maior sucesso e adesão nas propostas ofertadas. Contudo,
trabalhar as PCAF na Saúde da Família implicará, para os profissionais,

40
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

a necessidade de manter diálogos intersetoriais para ampliar seu cam-


po de atuação e reconhecimento do real contexto.
Sobre as PCAF e os processos de trabalho no NASF, o Caderno de
Atenção Básica nº 27 coloca a importância de as intervenções no âm-
bito das PCAF favorecerem os diálogos inter e intrassetoriais, reconhe-
cendo as várias possibilidades de intervenções como um constructo
amplo, impossíveis de serem resumidas em manuais. Em outras pala-
vras, os manuais trariam ideários e possibilidades de caminhos iniciais,
e que, inseridos na complexidade do SUS, poderiam seguir diferentes
trajetórias, sempre com o objetivo maior de contemplar a sociedade
com ações que visem a promoção da saúde por meio das PCAF, que,
por sua vez, fazem parte do processo de atuação do Profissional de
Educação Física do NASF. (BRASIL, 2010a).
As diretrizes de atuação de profissionais definem se existem cam-
pos que devam ser identificados e ações que devam ser desenvolvidas
como representação do espaço e da atuação do profissional, mostran-
do o reforço da aproximação do trabalho desejado e dos resultados es-
perados com as demandas e problemáticas da área de atuação. Contu-
do, o Caderno de Atenção Básica traz algumas diretrizes para atuação
em PCAF, de forma a ampliar tal prática e fazê-la compreensível a to-
dos os profissionais do NASF e ESF. Baseado nos princípios do SUS, na
PNPS e na experiência de diversos programas de promoção de saúde
neste âmbito, o Ministério da Saúde definiu algumas diretrizes para as
PCAF nos NASF, podendo ser adotadas não somente pelos profissio-
nais de Educação Física, mas por toda equipe NASF. São elas (BRASIL,
2010a, p.128-129):
1. Fortalecer e promover o direito constitucional ao lazer;
2. Desenvolver ações que promovam a inclusão social e que te-
nham a intergeracionalidade, a integralidade do sujeito, o cuidado
integral e a abrangência dos ciclos da vida como princípios de orga-
nização e fomento das práticas corporais/atividade física;
3. Desenvolver junto à equipe de SF ações intersetoriais pautadas
nas demandas da comunidade;

41
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

4. Favorecer o trabalho interdisciplinar amplo e coletivo como ex-


pressão da apropriação conjunta dos instrumentos, espaços e as-
pectos estruturantes da produção da saúde e como estratégia de
solução de problemas, reforçando os pressupostos do apoio ma-
tricial;
5. Favorecer no processo de trabalho em equipe a organização das
práticas de saúde na APS, na perspectiva da prevenção, promoção,
tratamento e reabilitação;
6. Divulgar informações que possam contribuir para adoção de mo-
dos de vida saudáveis por parte da comunidade;
7. Desenvolver ações de educação em saúde, reconhecendo o pro-
tagonismo dos sujeitos na produção e apreensão do conhecimento
e a importância desse último como ferramenta para produção da
vida;
8. Valorizar a produção cultural local como expressão da identidade
comunitária e reafirmação do direito e possibilidade de criação de
novas formas de expressão e resistência sociais;
9. Primar por intervenções que favoreçam a coletividade mais que
os indivíduos sem excluir a abordagem individual;
10. Conhecer o território na perspectiva de suas nuances sociopo-
líticas e dos equipamentos que possam ser potencialmente traba-
lhados para o fomento das práticas corporais/ atividade física;
11. Construir e participar do acompanhamento e avaliação dos re-
sultados das intervenções;
12. Fortalecer o controle social na saúde e a organização comunitá-
ria como princípios de participação políticas nas decisões afetas a
comunidade ou população local.

Referente aos processos de trabalho e estratégias possíveis no


NASF, ressalta-se mais uma vez a essencialidade do apoio matricial,
possível através de espaços coletivos de discussão e planejamen-
to. Através deste apoio, serão organizadas e estruturadas as ações
de clínica compartilhadas; intervenções específicas do profissional
do NASF com os usuários e/ou famílias; e as ações compartilhadas
nos territórios de sua responsabilidade. Algumas das possibilidades
de atuação do Profissional de Educação Física são: os Projetos Te-
rapêuticos Singulares (PTS); o Projeto de Saúde no Território (PST);

42
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

o Apoio Matricial; a Clínica Ampliada e a Pactuação do Apoio. Para


que a estratégia adotada pela equipe NASF tenha a maior efetivida-
de possível, é fundamental que haja uma sincronia bem estabelecida
dentro da própria equipe, bem como da equipe NASF para com as
ESF vinculadas. Esta relação com a ESF, inclusive, auxiliará na absor-
ção de importantes informações sobre as especificidades do territó-
rio, facilitando a escolha das ações no âmbito das práticas corporais/
atividades físicas a serem adotadas. Desta forma fica claro que cada
contexto irá requerer um planejamento e organização de ações muito
particulares, de acordo com a realidade encontrada. Uma vez plane-
jadas, estas ações devem estar previstas em uma agenda predeter-
minada, que será construída em reuniões, oficinas ou nas visitas da
equipe NASF até as UBS. (BRASIL, 2010). Importantíssimo reiterar a
importância de se ater às questões sociodemográficas e epidemioló-
gicas locais, analisando-se indicadores de morbimortalidade do ter-
ritório, dificuldades e facilidades de atuação da ESF, ações realizadas
na comunidade. Somente depois desta apropriação do território, as
atividades devem ser programadas com as ESF. (BRASIL, 2010a).
Pensando no Profissional de Educação Física, é fundamental en-
tender que, sob a perspectiva do NASF, as ações devem ser pensadas
como potenciais promotoras de saúde, ou seja, as ações devem pre-
ceder a ideia de prevenção de saúde. Promover significa fomentar, de-
senvolver algo que possibilite a escolha, a autonomia e a corresponsa-
bilidade dos sujeitos envolvidos na construção coletiva de modos de
viver melhor. Outra questão importante é selecionar ações que aten-
tem às demandas encontradas no território. Pensando no público-alvo
das ações propostas, cabe sempre destacar a importância de se con-
siderarem as demandas da comunidade, o desejo coletivo construído,
as demandas de saúde identificadas no território, as possibilidades
concretas de trabalho e a coparticipação das ESF no desenvolvimento
das ações. É fundamental, aqui, ter cuidado para não escolher crité-
rios de prioridades que possam de alguma forma reforçar a exclusão
de determinados grupos populacionais, reforçando as desigualdades

43
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

em saúde. Em outras palavras, embora um grupo possa ser direciona-


do para um estrato populacional (como idosos ou cardiopatas), não é
recomendável negar a participação de pessoas que não se enquadrem
nestes critérios. Desta forma, recomenda-se que as atividades propos-
tas favoreçam o maior número possível de pessoas, sendo, ainda, rea-
lizadas em espaço de fácil acesso e sendo atrativas para todas as faixas
etárias. (BRASIL, 2010a).
No que se refere ao planejamento das atividades, é muito importan-
te considerar o tempo de atuação de cada equipe NASF em cada UBS,
de modo a prever quantos grupos o Profissional de Educação Física e
o restante da equipe conseguirão apoiar. Além disso, é fundamental
saber em quais locais as atividades podem ser realizadas na comuni-
dade. Para isso, recomenda-se que haja um mapeamento dos espaços
do território potencialmente utilizáveis. Quanto à realização de avalia-
ção física e prescrição de exercícios, o Profissional de Educação Física
deve distribuir tais atividades de modo a não comprometer as demais
atividades possíveis, como apoio a grupos e atividades de educação
em saúde. (BRASIL, 2010a).
As atividades desenvolvidas devem ser diversificadas, visando atin-
gir vários estratos da população. O Profissional de Educação Física
deve ter em mente que sua atuação está destinada a todo o ciclo da
vida das pessoas. É importante que as recomendações sejam vincula-
das à realidade da comunidade, de modo a serem sustentáveis e não
se prenderem a produtos veiculados pela grande mídia, que, muitas
vezes, impõem padrões não essenciais e limitantes. Neste âmbito, se
estimula a utilização de materiais acessíveis, como cabos de vassoura,
garrafas pet, elásticos, e outros materiais. (BRASIL, 2010a).
Contudo, é importante entender que o NASF é um serviço que favore-
ce a interlocução de conhecimentos e experiências, aproximando-se da
ESF e da comunidade e envolvendo as pessoas e suas famílias nas ações
propostas. Neste âmbito, os profissionais de Educação Física levam sua
expertise, visando incorporar a adesão a hábitos mais saudáveis e dan-
do apoio às ações que favorecem, principalmente, a promoção de saúde

44
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

da população. Por fim, destaca-se ainda a potencialidade de aproximar


a atuação dos profissionais de Educação Física a outros programas fede-
rais, como é o caso do Programa Segundo Tempo e o Programa Esporte e
Lazer da Cidade (desenvolvidos pelo Ministério dos Esportes); o Programa
Saúde na Escola e o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (desenvol-
vidos pelo Ministério da Saúde); e, o Programa Escola Aberta (desenvol-
vido pelo Ministério da Educação). Além destes programas, os estados,
municípios e outras organizações (formais, ou não) podem ter programas
específicos em que a atuação conjunta com o NASF e a ESF podem ser
pertinentes. (BRASIL, 2010a).
A grande maioria das informações tratadas neste tópico (3.2.1) fo-
ram compiladas do Caderno de Atenção Básica nº 27, desenvolvido
pelo Ministério da Saúde no ano de 2010. Pertencem à Série “Normas
e Manuais Técnicos”. Maiores informações sobre este tema podem ser
obtidas nas páginas 124 a 133 do mesmo, detalhadas na referência que
se segue. (BRASIL, 2010a).

3.2.2. Perfil profissional e outras particularidades

Com a Portaria nº 154/2008 (BRASIL, 2008a), que instituiu o pro-


grama Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), o Profissional de
Educação Física fica previsto em contexto de profissão possível de ser
incorporada em duas modalidades (I e II) de NASF. Um estudo de San-
tos (2012) mostrou que, em média, os profissionais de educação física
estão em 49,2% das equipes, no Brasil. Martinez et al. (2014) colocaram
que o Profissional de Educação Física se encontra entre as cinco profis-
sões mais frequentes no NASF.
Dentro do NASF, o Profissional de Educação Física pode ter sete de-
nominações profissionais, de acordo com sua função. São elas: Pro-
fissional de Educação Física na Saúde; Avaliador Físico; Preparador
Físico; Professor de Educação Física no Ensino Superior; Professor de
Educação Física no Ensino Médio; Técnico de desporto individual e
coletivo (exceto futebol) e Ludomotricista. (MARTINEZ et al., 2014). Em

45
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

se tratando do Código Brasileiro de Ocupações (CBO), possui oito de-


nominações possíveis no NASF. O “Profissional de Educação Física na
Saúde” possui o CBO igual a 2241-E1, segundo a Portaria nº 256, de
11 de março de 2013, e é uma das codificações mais usadas, devido à
sua generalidade. A Portaria nº 409, de 23 de julho de 2008, traz ainda
os seguintes CBO para o profissional de Educação Física: avaliador físi-
co (CBO: 2241-05); ludomotricista (CBO: 2241-10); preparador de atleta
(CBO: 2241-15); preparador físico (CBO: 2241-20); técnico de desporto
individual e coletivo – exceto futebol – (CBO: 2241-25); técnico de labo-
ratório e fiscalização desportiva (CBO: 2241-30); treinador de futebol.
(CBO: 2241-35). (BRASIL, 2008b).
Ao retratar o perfil dos profissionais de Educação Física no
NASF, Santos (2012) identificou, após entrevista por telefone a 296
profissionais, que 53,4% eram do sexo masculino; tinham média de
idade de 32,3 (±7,4); 74,7% possuíam licenciatura plena; e 55,5% possu-
íam pós-graduação em educação física e/ou saúde. Referente às con-
dições de trabalho, mais de 80% tinham carga horária de 40 horas, no
entanto apenas 23,6% eram estáveis, por meio de concurso.
Com a expansão da Atenção Básica, por meio de diferentes progra-
mas e serviços, em especial do NASF, alguns estudos buscaram levantar
o processo de formação dos profissionais de Educação Física para com
a atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). Anjos e Duarte (2009) ana-
lisaram currículos de faculdades de graduação de educação física, do
estado de São Paulo, que possuíam pós-graduação na área e nota igual
ou superior a quatro (4) na avaliação da CAPES, buscando identificar:
o objetivo dos cursos; as disciplinas relacionadas à saúde; a existência
das disciplinas Saúde Coletiva e Saúde Pública e, ainda, a existência
de disciplinas de estágio nos serviços públicos de saúde. Concluíram
que: os cursos de educação física não possuem direcionamento para
o campo da saúde, tendo os bacharéis maior respaldo sobre o assunto
quando comparados com os licenciados; que predominam as discipli-
nas com abordagem curativa, prescritiva, ainda presa no modelo biolo-
gicista; que nenhuma das instituições analisadas possuíam o conjunto

46
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

de disciplinas Saúde Coletiva, Saúde Pública, sendo ainda incipiente


o debate acerca de temas como políticas públicas, gestão em saúde e
epidemiologia. Concluíram, por fim, que nenhuma instituição ofertou
estágio no serviço público de saúde, na Atenção Básica.
Outro estudo analisou a inserção do Profissional de Educação Física
na Atenção Básica através do NASF, e verificou em cursos de graduação
no estado de Minas Gerais uma frágil formação para a Atenção Básica,
aspecto que poderia ser superado via estratégias com foco na inserção
destes futuros profissionais na Atenção Básica; por meio da reestrutu-
ração curricular; estágios inseridos no SUS; transversalidade do tema
na grade curricular; e interação com outras áreas do conhecimento
através de disciplinas integradas. (FALCI; BELISÁRIO, 2013, p.897). Sou-
za e Loch (2011) investigaram profissionais de Educação Física atuan-
tes em municípios da região norte do estado do Paraná e, em pesquisa
qualitativa, por meio de entrevista semiestruturada, verificaram que os
profissionais referiram pouca aproximação da sua grade curricular com
a área de saúde pública, possuindo as grades curriculares um caráter
generalista e voltado para a área esportiva.
Guarda et al. (2014), ao analisarem aspectos relativos à formação,
perfil e competências dos profissionais de Educação Física no SUS,
identificaram que as instituições formadoras pouco exploram a atua-
ção destes profissionais no âmbito do sistema de saúde. Embora te-
nha havido importantes avanços na formação em saúde, visando a
integralidade e superação do modelo biomédico, esta formação ain-
da é incipiente, frente a ausência de conteúdos, disciplinas e estágios
no campo da saúde coletiva. Foi apontada a necessidade de maior
integração das instituições formadoras com os serviços de saúde, de
modo a consolidar a inserção destes profissionais no SUS. Freitas et al.,
(2013, p.650), colocam que a clínica ampliada, a qual consiste em uma
formação teórico-conceitual e metodológica potencializadora de com-
petências para a integralidade, pensa tanto no desenvolvimento do
sistema de saúde como nas questões relativas ao enfrentamento das
necessidades de saúde apresentadas pela população. Desta forma, é

47
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

uma teoria que vem para qualificar o profissional de Educação Física,


ao passo que exige noções e conceitos, bem como uma atitude propo-
sitiva e problematizadora fundada na complexidade das relações que
se formam e se renovam permanentemente no processo de trabalho,
chamando atenção para os obstáculos e conflitos a serem enfrentados.
(FREITAS et al., 2013, p.650). Scabar et al. (2012) compartilham da visão
de que os profissionais da Atenção Básica, dentre os quais o Profissio-
nal de Educação Física, devem contemplar uma postura de superação
quanto à perspectiva individualizante e fragmentária.
Neste contexto complexo estão os profissionais de Educação Físi-
ca que, através de uma concepção ampliada e multidisciplinar, devem
agregar ações visando a mudança positiva de hábitos da população,
utilizando seu conhecimento específico de maneira combinada com
os demais profissionais da Atenção Básica, sejam eles da ESF ou da sua
equipe NASF.
Schuh et al. (2015) trazem que a promoção de saúde, como ação
preconizada pelo SUS, marca a atuação do Profissional de Educação
Física, que deve estimular mudanças de atitude e a busca por um es-
tilo de vida mais saudável da população coberta. Este processo, que
sempre considerará o contexto local, deve ser caracterizado por ações
compartilhadas, visando uma intervenção interdisciplinar, amplian-
do e fortalecendo as intervenções das ESF. De acordo com o CONFEF,
cabe ao Profissional de Educação Física orientar a comunidade sobre
a importância de hábitos de vida mais saudáveis, e, ainda, promover e
estimular a adoção de um estilo de vida ativo, contribuindo para mi-
nimizar os riscos de doenças crônicas não transmissíveis e os agravos
delas decorrentes. Desta forma, sob a perspectiva do NASF, as ações
devem focar na melhoria da qualidade de vida da população e na re-
dução dos agravos e danos decorrentes das doenças não transmissí-
veis, favorecendo inclusive, a redução do consumo de medicamentos
e fomentando a prevenção e promoção da saúde por meio de práticas
corporais. (CONFEF, 2010).

48
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Contudo, deve ficar claro que a necessidade emergente dos profis-


sionais de Educação Física na Atenção Básica, normalmente via NASF,
vem requerendo destes profissionais competência quanto à compre-
ensão dos complexos contextos encontrados no âmbito da saúde pú-
blica. Neste sentido, o profissional deve saber discernir quais as me-
lhores ações, dentro da sua formação, que podem ser desenvolvidas
em comunhão com os demais profissionais da Atenção Básica de ma-
neira efetiva, sempre com o olhar multidisciplinar e ampliado. Embo-
ra alguns estudos tenham mostrado um déficit na formação dos pro-
fissionais de Educação Física neste âmbito, a abrupta entrada destes
profissionais no SUS tem aumentado vertiginosamente tanto a quan-
tidade de estudos acerca do tema, como a preocupação dos cursos
de graduação de Educação Física em incluir as temáticas relacionadas
à saúde pública, epidemiologia, políticas públicas de saúde e a inser-
ção do profissional de Educação Física no Sistema Único de Saúde.
Nesta reavaliação dos cursos estaria, inclusive, a previsão de estágios
na área, visando a formação mais completa destes futuros profissio-
nais. Não obstante, cabe ao profissional buscar capacitar-se para atuar
com segurança, dentro dos preceitos éticos, oferecendo o serviço mais
adequado e eficiente possível, no contexto que for. Em se tratando
da atuação no Sistema Único de Saúde, recomenda-se a leitura dos
Cadernos de Atenção Básica nº27 e nº39, que trazem aspectos gerais e
específicos sobre as possibilidades do Profissional de Educação Física
no SUS. Além disso, materiais como as recomendações dos CREF/CON-
FEF, da OMS, da PNPS, dentre outras referências aqui trazidas, podem
auxiliar neste processo.

49
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

4
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA NO NASF

SEGUNDO O MINISTÉRIO da Saúde, os profissionais do NASF possuem


diferentes atribuições, a se citar a atuação individual; domiciliar; cole-
tiva e em grupos; de educação em saúde e as reuniões (entre profis-
sionais, equipes, e de matriciamento). (BRASIL, 2010a; BRASIL, 2014a).
O presente capítulo objetiva oferecer possibilidades ao Profissional de
Educação Física dentro do âmbito de cada uma destas modalidades
de atendimento.
O primeiro tópico abordará as modalidades de atuação do Profis-
sional de Educação Física, sendo abordadas a atuação individual e
domiciliar, os grupos e atividades coletivas, e as ações de educação
em saúde. O segundo tópico traz as modalidades de reuniões mais co-
muns no cotidiano do profissional do NASF, a se destacarem as reuni-
ões necessárias entre os Profissionais de Educação Física, as reuniões
de alinhamento dentro da equipe NASF em que está inserido, e as reu-
niões entre as equipes NASF e as equipes ESF vinculadas. O terceiro
e último tópico mostra importantes aspectos sobre a construção da
agenda e o planejamento das ações a serem implementadas.
Todos os tópicos estão constituídos de modo a trazer as determina-
ções (genéricas) do Ministério da Saúde, e, logo em seguida, mostrar as
possibilidades de atuação aos Profissionais de Educação Física dentro
deste escopo.

51
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

4.1. Modalidades de atuação

4.1.1. Atuação individual e domiciliar

Segundo o Ministério da Saúde, para a melhor qualidade e asser-


tividade dos atendimentos individual e domiciliar (compartilhado e
específico), os profissionais do NASF devem se ater a alguns detalhes.
Além do planejamento prévio, de acordo com as informações e prontu-
ário obtidos durante o matriciamento, uma estrutura se faz necessária
neste processo. Além disso, uma série de ações deve ser realizada para
que seja garantida a melhor articulação entre os profissionais do NASF
e Atenção Básica. O Quadro 2 traz, de maneira sintética, os principais
aspectos a serem considerados neste processo.

52
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Quadro 2. Elementos presentes no Atendimento individual e domici-


liar no NASF

Elemento Descrição da Condições e ações para


Infraestrutura necessária
Estruturante Atividade organização da atividade
• Atendimento individual • Prontuários comuns às equipes • Ocorrência das reuniões de
compartilhado: de AB para análise e registro das matriciamento para discussão
realizado informações do atendimento. dos casos e pactuação das ações
conjuntamento entre o • Consultório disponível. (os atendimentos realizados pelo
profissional NASF e, no • Levantamento prévio dos fluxos da NASF devem ser precedidos de
mínimo, um membro da Rede de Atenção à Saúde (para evitar pactuação prévia com as equipes
equipe vinculada. duplicidade de ações). de AB).
Atendimento • Atendimento individual • Organização de atribuições e critérios • Abertura dos profissionais para
individual específico: realizado para atendimento por categorias a realização de atendimentos
compartilhado e apenas pelo profissional profissional do NASF. e visitas domiciliares
específico do NASF, após regulação • Estrutura mínima de equipamentos compartilhadas.
e pactuação com a e insumos, conforme necessidade e • Horário protegido na agenda
equipe de AB vinculada, tipo de atendimento. do NASF e da equipe de AB
atrelado a um projeto para a realização de ações
terapêutico produzido compartilhadas.
conjuntamente. • Conhecimento dos usuários pela
equipe de AB para discussão de
caso e construção do Projeto
• Visa a promover o • Carro para deslocamento aos locais Terapêutico Singular.
acesso dos usuários mais distantes da UBS ou de difícil • Utilização de fluxos, critérios
restritos ao leito ou ao acesso. e atribuições pactuados.
domicílio. • Prontuários comuns às equipes Importante ressaltar que devem
• Pode ser realizado de AB para análise e registro das ser flexíveis por se tratar de uma
em conjunto com informações do atendimento. lógica em que os casos podem
ao menos um • Levantamento prévio dos fluxos da apresentar singularidades que
profissional da equipe RAS para evitar duplicidade de ações. vão além do que foi definido
Atendimento de AB (recomendado), • Listas de usuários acamados ou previamente.
domiciliar servindo, também, restritos ao domicílio, gerenciadas • Uso de mecanismos de
compartilhado e como estratégia de pelas equipes de AB. devolutiva dos casos atendidos
específico educação permanente • Organização de atribuições e critérios exclusivamente pelo NASF às
e manutenção de para atendimento por categoria equipes de AB (por meio de
vínculo com essa profissional do NASF. prontuários, listas de pessoas em
equipe, ou apenas • Estrutura mínima de equipamentos acompanhamento, discussão em
pelo profissional do e insumos, conforme necessidade e reuniões de matriciamento ou
NASF, após regulação tipo de atendimento. outros meios).
e pactuação com a • Oferta em todas as UBS adscritas
equipe vinculada. ao NASF, conforme necessidade
local.
Fonte: BRASIL, 2014a - Caderno de Atenção Básica, nº39, p.53.

53
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Dentre as modalidades de atendimento domiciliar e individual, en-


contram-se duas ações bastante importantes, a serem realizadas pelo
Profissional de Educação Física. São elas a Anamnese, que busca levantar
as informações deste usuário, tornando possível uma estratégia e dire-
cionamento mais apropriado e resolutivo; e os Testes e Medidas, que for-
necem indicadores individuais das condições de saúde deste indivíduo e
permitem um melhor monitoramento das ações, quando replicados pos-
teriormente. É importante destacar que tanto a avaliação inicial, repre-
sentada pela anamnese, como os testes e medidas, são modalidades de
atendimentos nem sempre possíveis de realizar como o profissional de-
seja idealmente. Isso pode ocorrer por alguns motivos, como por exem-
plo, pela falta de estrutura e recursos existentes no município, ou ainda,
pela alta demanda de pacientes, o que pode fazer com que atendimentos
coletivos tenham que ser priorizados. Independente das dificuldades, é
fundamental que o processo de avaliação seja realizado para uma pres-
crição segura. Cabe ainda registrar que, como uma equipe NASF possui
inúmeras especialidades profissionais, o alinhamento entre estes profis-
sionais é fundamental para a maior assertividade, bem como para se evi-
tar o retrabalho. Exemplificando, poderia acontecer de um indivíduo já ter
sido avaliado pelo nutricionista e fisioterapeuta, o que traria informações
como IMC, RCQ, composição corporal, histórico de doenças e hábitos de
vida, dentre outras. Uma vez que a equipe esteja alinhada, nunca dois ou
mais profissionais buscarão a mesma informação duas vezes (a menos
que as informações coletadas tenham sido obtidas a um tempo que exija
a reavaliação). Isso se confirma, inclusive, pelo fato de o sistema utilizado
pelo Ministério da Saúde (E-SUS) permitir o preenchimento simultâneo
pelos profissionais, garantindo maior eficiência. Maiores detalhes sobre
as possibilidades de avaliações, testes e parâmetros de prescrição do Pro-
fissional de Educação Física no NASF serão trazidos no próximo capítulo;
e, sobre o Sistema E-SUS, serão trazidos no capítulo 6.
Sobre as demais possibilidades dentro do contexto do atendimento
individual e domiciliar para o Profissional de Educação Física, embora
não tão comuns, estão previstas:

54
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

a) Visitas domiciliares para estimular hábitos saudáveis: ação


em que o Profissional de Educação Física mostra ao domiciliado
as vantagens de uma vida ativa, tentando, através de um proces-
so cuidadoso de convencimento, trazê-lo para as ações desen-
volvidas no município pelo NASF, como as atividades de grupos,
atividades de educação em saúde e outras. Aqui também po-
dem ser trabalhadas orientações aos familiares destes pacientes
que possuem dificuldades para a adesão a uma vida mais ativa
e equilibrada. Estes pacientes geralmente estão relacionados a
outras questões, como distúrbios no âmbito da saúde mental.
b) Reabilitação pós-traumática / pós-operatória: em comunica-
ção constante com demais profissionais da equipe, o Profissio-
nal de Educação Física pode auxiliar no processo recuperativo
destes pacientes. As ações do Profissional de Educação Física
visam o aprimoramento das funções neuromusculares e podem
ser variadas, de acordo com cada caso. Segundo Barreto (2004),
no caso de lesões osteoarticulares, a reabilitação pode envolver
a realização de atividades isométricas, isotônicas, isocinéticas,
de equilíbrio e propriocepção, resistência, potência. Quando é
realizado o tratamento com o exercício ativo, tanto os músculos
são fortalecidos como há a prevenção da atrofia óssea, estimu-
lando a circulação, aumentando a coordenação e restaurando a
função. Nos casos da reabilitação de lesões cardiorrespiratórias,
por exemplo, entende-se que o período inicial do tratamento é
realizado pelo profissional da fisioterapia, e, após o paciente ad-
quirir certa autonomia, o profissional de educação física pode
atuar conjuntamente, até que ele possa integrar, por exemplo,
um grupo destinado a pacientes com características similares
(grupo para cardiopatas, neste caso).
c) Atendimento a pacientes que sofreram Acidente Vascular Ce-
rebral: o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ter cunho isquê-
mico ou hemorrágico. Dentre as condições relacionadas ao AVC,

55
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

destaca-se: a disfagia, paralisia facial, fraqueza muscular, déficits


de sensibilidade, alterações visuais e as limitações de atividades
motoras e funcionais. (BRASIL, 2013e). A reabilitação após um AVC
envolve uma gama de profissionais, como os fonoaudiólogos, nu-
tricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, algumas especialidades
médicas e os Profissionais de Educação Física. Dependendo das
limitações do paciente, este trabalho pode ser feito no domicílio
do paciente ou nos espaços públicos de atuação da equipe NASF.
d) Atendimento a pacientes com transtornos ou distúrbios men-
tais: Visa dar atenção àqueles pacientes que, por conta de algu-
ma questão relacionada à saúde mental, passam a comprometer
sua corporeidade, socialização e qualidade de vida. Pode estar
relacionada a questões como estresse, bipolaridade, depressão,
autismo, esquizofrenia, dependência de álcool e outras drogas,
síndromes cromossômicas e adquiridas, dentre outros. É impor-
tante verificar se o paciente possui características de paciente de
Atenção Básica, pois, quando a complexidade em que ele se en-
contra é muito grande, pode tratar-se de um caso para os Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS), nas suas diversas modalidades
(Álcool e drogas, infantil, etc.).
e) Outras situações: situações específicas não mencionadas podem
fazer necessária a presença do Profissional de Educação Física no
domicílio do paciente. Cabe à equipe NASF e ao Profissional de
Educação Física, durante os momentos de contato com a equipe
ESF (como o matriciamento) e com os pacientes, levantar as de-
mandas que são passíveis desta modalidade de atendimento.

4.1.2. Grupos e atividades coletivas

Seguindo o mesmo princípio do atendimento individual e domici-


liar, o Ministério da Saúde estipulou alguns importantes aspectos a se-
rem considerados nos atendimentos coletivos (Quadro 3).

56
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Quadro 3. Elementos presentes na Atividade Coletiva no NASF

Elemento Infraestrutura Condições e ações para


Descrição da Atividade
Estruturante necessária organização da atividade
• Atividade coletiva • Espaço físico • Ocorrência das reuniões
compartilhada: apoio adequado para de matriciamento para
para planejamento, a realização de pactuação das ações
programação ou execução ações coletivas. (temas dos grupos,
conjunta de grupos • Prontuários periodicidade, critérios
de educação e saúde e comuns às para acesso aos grupos
ações de sensibilização equipes de AB específicos do NASF, etc.).
desenvolvidas na UBS para análise • Horário protegido na
ou em outros espaços e registro de agenda do NASF e das
comunitários. O apoio informações equipes de AB para ações
pode ocorrer sempre necessárias. compartilhadas.
que demandado pelas • Organização • Utilização de fluxos,
equipes de AB, a partir de fluxos de critérios e atribuições
da identificação pelo atribuições e dos pactuados. Importante
NASF da necessidade de critérios para ressaltar que devem ser
Atividade qualificação dos grupos participação flexíveis, considerando
coletiva já realizados ou da dos usuários as necessidades de cada
compartilhada necessidade de incentivo nas atividades usuário.
e específica ao desenvolvimento de coletivas. • Oferta em todas as
grupos de promoção à • Estrutura mínima UBS adscritas ao NASF,
saúde. de equipamentos conforme necessidade
• Atividade coletiva e insumos local. Para otimizar as
específica: atividade em conforme ações, principalmente
grupo coordenada pelo necessidade e tipo aquelas coordenadas pelo
profissional do NASF, de ação coletiva NASF, podem ser realizadas
específica de seu núcleo realizada. de forma a abranger mais
de saber. Recomenda- • Dados relativos de uma equipe ou UBS
se a participação de à população vinculadas.
profissionais da equipe de do território e • Considerar que o acesso
AB nesses grupos como necessidades e aos grupos específicos do
estratégia de educação demandas das NASF também deve ser
permanente na Atenção equipes de AB ao regulado e pactuado com
Básica (transferência NASF. as equipes de AB.
tecnológica).
Fonte: BRASIL, 2014a - Caderno de Atenção Básica, nº39, p.54.

57
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

É muito importante ter claro que os grupos e atividades coletivas


organizados nas Unidades Básicas de Saúde sempre terão como refe-
rência as equipes da Atenção Básica (normalmente equipes de ESF),
visto que são estes profissionais que possuem o vínculo mais forte com
os usuários do sistema de saúde (SUS). Dessa forma, é fundamental
que, durante a realização de um grupo, se façam presentes integrantes
da equipe de referência daqueles usuários, visando garantir a maior
adesão dos mesmos.
Outra questão é que, embora os profissionais do NASF estejam pre-
sentes para dar todo o apoio às equipes, a realização dos encontros em
grupos não necessita que os profissionais do NASF estejam presentes
em todos os momentos da sua realização. Considerando que, normal-
mente, as equipes NASF estão vinculadas a muitas Unidades Básicas
de Saúde, e, ainda, que as ações realizadas nestas podem ocorrer num
mesmo momento, a alternativa mais sustentável é capacitar os inte-
grantes da equipe de saúde que ficarão responsáveis pelo grupo ofe-
recido, e dar autonomia a eles. Ainda assim, é muito importante que,
sempre que possível, os profissionais do NASF participem desses gru-
pos, mostrando à comunidade os diferentes olhares especializados so-
bre aquela questão que foram buscados, ao aderir ao grupo.
Os atendimentos em grupo são ferramentas vitais dentro da atu-
ação do Profissional de Educação Física. Silva et al. (2009) colocam
como atividades oportunas no âmbito coletivo os grupos de convivên-
cia, a ginástica comunitária, a caminhada e os projetos envolvendo a
saúde do trabalhador. Outra ação bastante efetiva são os grupos focais,
organizados para dar atenção às pessoas com alguma condição espe-
cífica. Seguem abaixo algumas possibilidades:

a) Grupos de convivência: são grupos que podem ser compostos


por diferentes populações focais, que visam desenvolver relações
familiares e comunitárias, o sentimento de pertença, de identi-
ficação e integração, sendo, ainda, um espaço para o comparti-
lhamento de objetivos e interesses. Normalmente estes grupos

58
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

trabalham a importância da socialização, comunicação, regras,


responsabilidades, resolução de conflitos, entre outros aspectos
de vínculo social. O Profissional de Educação Física pode contri-
buir, junto com outros profissionais, em temáticas como a cons-
trução de hábitos saudáveis, a importância da qualidade de vida
e da prática regular de atividade física, dentre outros temas.
b) Grupos focais: são grupos organizados a partir de uma morbida-
de, mais de uma (comorbidades) ou alguma condição/caracte-
rística específica. Podem ter foco, por exemplo, em cardiopatas;
hipertensos, portadores de diabetis mellitus; obesos; idosos;
gestantes; crianças; dores crônicas; dependentes de álcool e
drogas; portadores de distúrbio mental; portadores de deficiên-
cia física; dentre outras especificidades identificadas na popula-
ção do local de atuação. O modo de atuação deve ser condizen-
te com as necessidades identificadas, sempre visando, além de
atender as causas específicas, estimular os hábitos saudáveis, a
melhora nos níveis de qualidade de vida, a socialização e a au-
tonomia dos participantes. Podem incluir diferentes estratégias
para atingir de maneira positiva seus participantes, como por
exemplo, a caminhada, a dança, alongamentos, atividades de
educação em saúde, dentre outros. O que vai caracterizar este
grupo como focal é o objetivo da sua criação. Seguem alguns
exemplos de grupos focais:
 Grupo de Promoção de Saúde com crianças: voltado para crian-
ças que possuem dificuldades em se relacionar ou de aprendi-
zado e precisam melhorar sua qualidade de vida, resiliência e
socialização. São realizadas atividades de caráter lúdico, psico-
educativo e com foco no desenvolvimento de habilidades físi-
cas, motoras, de concentração e raciocínio. Podem participar,
além do Profissional de Educação Física, o psicólogo, o pedia-
tra, a fonoaudióloga, além dos representantes da ESF;
 Grupo de Pessoas com Sobrepeso e Obesidade: voltado para
pessoas que necessitam emagrecer com saúde e buscam mais
qualidade de vida. Normalmente, neste tipo de grupo, são

59
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

trabalhadas modificações do estilo de vida, que vão desde as


orientações alimentares e prática de atividade física, até o con-
trole da ansiedade/estresse e uso consciente de medicamen-
tos. Podem participar, além do Profissional de Educação Física,
o nutricionista, o psicólogo, o psiquiatra, o farmacêutico, além
dos representantes da ESF e NASF;
 Grupo Hiperdia: voltado para pessoas que possuem hiperten-
são e/ou diabetes, em qualquer idade. Agrupa duas morbidades
bastante comuns e visa oferecer espaços propícios para a troca
de conhecimentos sobre o tema, abordando a alimentação, a
prática de atividades físicas, e os medicamentos associados a
este perfil. Podem participar, além do Profissional de Educação
Física, o nutricionista, o farmacêutico, o enfermeiro, o médico
da família e demais representantes da ESF e NASF;
 Grupo de Gestantes: voltado para gestantes em qualquer idade
gestacional, objetiva oferecer um espaço para troca de conhe-
cimento relacionados a gestação, parto e puerpério. São abor-
dados temas como alimentação, prática de atividades físicas e
aspectos associados a este estado. O Profissional de Educação
Física pode contribuir orientando para a prática de atividade
física e os benefícios da sua prática: melhoria na circulação
periférica, controle de peso, diminuição das dores musculares,
preparo do corpo para o parto e pós-parto e prevenção da hi-
pertensão e diabetes gestacional. Podem ser trabalhadas téc-
nicas de respiração, alongamento, relaxamento, consciência
corporal, resistência muscular e atividades aeróbicas, sempre
levando em conta as particularidades da participante. Podem
participar, além do Profissional de Educação Física, o nutricio-
nista, o psicólogo, o enfermeiro, o médico da família, médico
ginecologista e demais representantes da ESF e NASF;
 Grupo Antitabagismo: voltado para dependentes do tabaco,
normalmente trata-se de uma iniciativa alinhada com progra-
mas maiores preconizados pelo Ministério da Saúde, como o
“Programa deixando de Fumar Sem Mistérios” e o “Programa
Nacional de Controle do Tabagismo”. Aborda técnicas com foco
no controle de ansiedade e estresse e incentiva uma vida mais
ativa e saudável. A atividade física é trabalhada, além de tudo,
como uma alternativa não medicamentosa, com importantes
benefícios fisiológicos neste processo de abandono do hábito

60
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

de fumar. Podem participar, além do Profissional de Educação


Física, o psicólogo, médico psiquiatra, terapeuta ocupacional,
médico da família, e demais representantes da ESF e NASF.

c) Grupo de caminhada orientada: trata-se da formação de gru-


po de caminhada, com periodicidade e supervisão durante a
prática. Praticantes que requererem algum cuidado específico
podem ser direcionados para os grupos específicos. Para isso, o
Profissional de Educação Física deve ter o cuidado de verificar o
prontuário dos participantes. Estes grupos podem ter o caráter
puro da promoção de saúde. O grupo de caminhada pode ser
uma das estratégias para fortalecer o hábito da prática regular
de atividades físicas, de maneira supervisionada, garantindo
ainda a socialização da comunidade. A metodologia pode in-
cluir o aquecimento específico e geral; a caminhada, trote e cor-
rida orientada; exercícios de volta à calma e os alongamentos.
Pode haver momentos de orientação individual e coletiva sobre
os cuidados com a saúde. Podem participar, além do Profissio-
nal de Educação Física, o nutricionista, médico da família, e de-
mais representantes da ESF e NASF.
d) Ginástica comunitária: são grupos que podem ser compostos
por diferentes populações focais, que visam estimular uma vida
mais ativa através de exercícios físicos orientados, com sessões
planejadas e periódicas. Os exercícios podem incorporar alon-
gamentos, exercícios isométricos, exercícios de Resistência Mus-
cular Localizada (RML), e outras metodologias julgadas conve-
nientes. A participação da comunidade estimula hábitos de vida
mais saudáveis, favorecendo ao aumento na qualidade de vida
e diminuição da ocorrência de doenças crônicas.
e) Saúde Laboral: são práticas planejadas com foco em público
específico, podendo ser, inclusive, pensadas para os funcioná-
rios do próprio município. As ações podem incluir a educação
em saúde, no que se refere à conscientização de aspectos ergo-

61
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

nômicos e ensinamento de práticas a serem incorporadas no


dia a dia destes profissionais; como podem incluir também a
atuação direta do Profissional de Educação Física como agente
ativo em sessões de ginástica laboral, por exemplo. Programas
específicos podem ser desenvolvidos neste âmbito, sempre
tentando difundir hábitos saudáveis de maneira sustentável.
O médico do trabalho, profissional passível de ser incorporado
às equipes NASF, os profissionais de saúde mental (médico psi-
quiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social), o
médico da família e o fisioterapeuta também possuem um papel
muito relevante junto com os Profissionais de Educação Física
na saúde laboral. Visando tornar sustentável este processo, rei-
tera-se a importância de capacitar os participantes do grupo a
realizarem tais mudanças culturais e comportamentais, em prol
de um maior equilíbrio e qualidade de vida.
f) Outras práticas coletivas: muitas outras práticas podem ser in-
corporadas pelo Profissional de Educação Física dentro do NASF.
A demanda local e as condições de trabalho definirão qual será a
melhor alternativa. A atuação do Profissional de Educação Física
incorpora as práticas lúdicas, esportivas e terapêuticas. (SILVA;
BARROS, 2010). Outras possibilidades incluem: as Danças, a Ca-
poeira e outras artes marciais, o Tai Chi Chuan, o Lien Chi, o Lian
Gong, o Tui-ná, a Shantala, o Do-in, o Shiatsu, a Yoga, os jogos
cooperativos, dentre outras. 

4.1.3. Ações de Educação em Saúde

Todos os profissionais do NASF apresentam, dentro das suas pos-


sibilidades de atuação, a educação em saúde como uma importante
ferramenta. Neste contexto está incluída a elaboração de materiais de
apoio, além do estabelecimento de rotinas, protocolos e outras ações
de educação permanente.

62
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Ainda sobre as ações de Educação em Saúde, é muito importante


deixar claro que pode haver diferentes maneiras de construções neste
sentido, destacando-se três possibilidades bastante comuns. A primei-
ra delas reflete a possibilidade de preparar ações com foco na popula-
ção, a partir de uma demanda identificada. Neste sentido, a linguagem
tem de ser compreensível ao respectivo público, normalmente com
vocabulário menos técnico e menos rebuscado. Uma segunda possi-
bilidade é realizar ações voltadas aos profissionais da saúde, visando
instrumentalizá-los e capacitá-los para lidar com possíveis situações
que podem surgir. Isso é muito importante, pois torna o sistema muito
mais sustentável, visto que propicia empoderamento aos profissionais.
A terceira possibilidade de ação no âmbito da educação e capacitação
são as ações intersetoriais, onde os profissionais do NASF podem ins-
truir os demais serviços a compreenderem o fluxo existente, evitando
futuros encaminhamentos errados e melhorando o alinhamento entre
diferentes órgãos (exemplo: capacitar os profissionais do Ministério
Público sobre os fluxos da saúde mental, visando evitar encaminha-
mentos ineficientes e errados). Além destas três possibilidades, outras
podem ser vislumbradas, cabendo à equipe identificar a melhor forma
de planejamento e consecução das ações.
Segundo o Ministério da Saúde, ao referirmo-nos às ações de Edu-
cação em Saúde, devemos ainda nos ater aos seguintes pontos:

63
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Quadro 4. Elementos presentes nas ações de Educação em Saúde

Condições e ações
Elemento Descrição da Infraestrutura
para organização
Estruturante Atividade necessária
da atividade
• Ações • Estrutura mínima • Ocorrência das
direcionadas para de equipamentos reuniões de
a elaboração e materiais, matriciamento
de materiais de conforme para pactuação
apoio, rotinas, necessidade. das ações.
protocolos e • Acesso a rotinas • Horários protegido
outras ações protocolos na agenda dos
de educação e fluxos profissionais
permanente estabelecidos do NASF para a
devem ser municipalmente elaboração dos
realizadas sempre ou em outras materiais.
que necessárias. esferas de gestão. • Utilização de
• A identificação • Dados relativos fluxos, critérios
Elaboração de dessa necessidade à população e atribuições
materiais de pode ser realizada do território pactuados para
apoio, rotinas, por meio de e demandas a elaboração
protocolos e demanda direta levantadas. dos materiais
outras ações das equipes ou a (incluindo normas
de educação partir do próprio e protocolos
permanente. profissional estabelecidos nas
do NASF no diferentes esferas
desenvolvimento de gestão).
das ações com • Identificação
as equipes de temas ou
vinculadas. situações de maior
dificuldade para
a resolutividade e
a qualificação do
cuidado.
• Oferta em todas as
UBS adscritas ao
NASF, conforme
pactuação local.
Fonte: BRASIL, 2014a - Caderno de Atenção Básica, nº39, p.55.

64
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

O Profissional de Educação Física dentro do processo de Educação


em Saúde tem uma gama de assuntos possíveis de serem abordados,
sempre promovendo a saúde por meio de ações que incidam sobre os
hábitos do indivíduo, que devem ser o mais saudáveis possível. Uma
das recomendações é que a Política Nacional de Promoção de Saú-
de seja contemplada pelo NASF, e, dentre suas ações, estão previstas:
a) Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção de
Saúde; b) Alimentação Saudável; c) Prática Corporal / Atividade Física;
d) Prevenção e Controle do Tabagismo; e) Redução da morbimortali-
dade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas; f) Re-
dução da morbimortalidade por acidentes de trânsito; g) Prevenção da
violência e estímulo à cultura da paz; h) Promoção do Desenvolvimen-
to sustentável. (BRASIL, 2010b). Estes eixos podem ser abordados sob
diferentes perspectivas, sendo, inclusive, esta relação multidisciplinar
uma das garantidoras do princípio da integralidade.
Além destes eixos, as ações de educação em saúde atendem dife-
rentes temáticas para os Profissionais de Educação Física: saúde da
mulher; saúde do idoso; saúde de criança e adolescente; saúde da
escola; saúde laboral; a relação da atividade física com a obesidade,
diabetes, cardiopatias, hipertensão, gestação, saúde mental, usuários
de álcool e drogas, dentre outros temas.

4.2. Reuniões

4.2.1. Reunião entre os Profissionais de Educação Física

Trata-se de reunião de alinhamento entre os Profissionais de Edu-


cação Física dentro das Equipes NASF no município. Visando melhor
organizar a Rede de Atenção à Saúde no município, pode ainda haver
reuniões com os profissionais dos outros serviços de saúde presentes
no município e região (como os CAPS e os Hospitais que possuem
profissionais de Educação Física atuantes em grupos de reabilitação
cardíaca, por exemplo), e, ainda, com profissionais de outras secre-

65
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

tarias (no caso dos Profissionais de Educação Física com a Secretaria


de Esporte).
O conhecimento do que os profissionais da mesma área fazem no
município permite uma melhor compreensão do que cada tipo de ser-
viço pode oferecer, favorecendo, inclusive, a construção do fluxo do
serviço e do protocolo da área dentro do NASF. Ainda que estes sejam
constituídos, podem ser necessárias novas reuniões de alinhamento
com demais serviços, principalmente quando alguma conduta nova é
adotada pelo município.

4.2.2. Reuniões de alinhamento da equipe NASF

De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 39 (BRASIL, 2014a,


p.52), as reuniões de Equipe NASF são um espaço de ocorrência peri-
ódica entre os profissionais que compõem o NASF para articulação e
organização como equipe. É utilizado para:

• Debater sobre o modo de operação do NASF e assuntos perti-


nentes às UBS e equipes de Atenção Básica;
• Ajustes e avaliação da agenda de trabalho;
• Planejamento e programação de ações articuladas entre os pro-
fissionais e de ações específicas de cada categoria profissional
do NASF com base nas necessidades das equipes vinculadas;
• Desenvolvimento de pesquisas e materiais de apoio;
• Educação permanente da equipe NASF;
• Alinhamento de conceitos, organização de protocolos e linhas
de cuidado e discussão de ações realizadas por profissionais de
mesma categoria;
• Debate de questões administrativas com a coordenação do
NASF ou da Atenção Básica.

66
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Quanto à infraestrutura necessária para estas reuniões, faz-se ne-


cessário um espaço que comporte todos os profissionais da equipe;
os prontuários dos casos em acompanhamento – quando for o caso;
recursos audiovisuais e outros materiais necessários para a discus-
são de temas e educação permanente da equipe NASF; registro das
ações realizadas com as equipes de ESF, como roteiros de monitora-
mento das demandas de matriciamento e outros dados necessários;
e, ainda, a ata das reuniões ou outra forma de registro das pactua-
ções realizadas.
Para tornar possíveis estas reuniões, é fundamental que haja um
horário protegido na agenda de todos os profissionais da equipe
NASF; e, ainda, um monitoramento do trabalho integrado para levan-
tamento das dificuldades e potencialidades e proposição de ações, a
partir das necessidades das equipes vinculadas.
As reuniões de alinhamento de cada equipe NASF (de cada distri-
to) têm horário combinado entre os próprios integrantes da equipe,
sempre buscando a maior participação possível. A periodicidade das
reuniões é variável de acordo com a demanda do distrito ao qual a
equipe está vinculada. Segundo o Caderno de Atenção Básica nº 39,
recomenda-se que haja pelo menos uma reunião por mês (se hou-
ver outras mídias de relacionamento), sendo que a periodicidade de
duas semanas é tida como ideal quando o serviço já está em pleno
funcionamento. No momento de concepção do NASF no município,
ou quando a equipe NASF, já criada, passa por alterações substan-
ciais na constituição dos seus elementos, a frequência das reuniões
pode ser aumentada.
Resumindo, as equipes NASF poderão ter basicamente dois tipos
de reuniões entre seus integrantes: a) reunião com todos os integran-
tes de todas as equipes NASF do município, visando atender ques-
tões de interesse geral, bem como contemplar estratégias maiores de
intervenção; e b) reuniões de equipe, onde se reúnem os profissionais
de uma mesma equipe para alinhar as estratégias e rotinas dentro do
seu alcance.

67
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

4.2.3. Reuniões entre equipe NASF e equipes ESF vinculadas

As reuniões de matriciamento são espaços de ocorrência periódi-


ca destinados à problematização, ao planejamento, à programação
e à execução de ações colaborativas entre NASF e equipes de ESF.
Elas englobam discussões de casos e temas (fortemente relaciona-
dos à educação permanente), pactuações entre NASF e as equipes
vinculadas, planejamento e programação de ações (construção de
propostas de grupos, atendimentos e intervenções entre as equi-
pes), ações de vigilância em saúde, monitoramento e outras. Du-
rante este processo, pauta-se em uma relação dialógica e horizontal
entre os profissionais que compõem tais equipes e está baseada em
uma abordagem centrada na pessoa e com enfoque intersubjetivo e
interdisciplinar. Cabe acrescentar ser recomendado que as reuniões
de matriciamento aconteçam entre a equipe NASF e uma equipe ESF
de cada vez (quando for o caso da Unidade Básica de Saúde ter mais
de uma equipe). Isso se deve a uma série de fatores, como a possibi-
lidade de manter a unidade de saúde aberta (visto que não estarão
todas as equipes em matriciamento) e, ainda, por questões éticas,
visto que os casos discutidos de uma equipe terão sua privacidade
respeitada.
Quanto à infraestrutura necessária, o Caderno da Atenção Básica
nº39 (p.51) sugere a existência de uma sala que comporte todos os
integrantes da equipe de Atenção Básica e os profissionais da equi-
pe NASF respectiva; o prontuário dos usuários cujos casos serão dis-
cutidos; recursos audiovisuais e outros materiais necessários para a
discussão de temas; ata das reuniões ou outra forma de registro das
pactuações realizadas e, por fim, os dados concernentes às discus-
sões a serem realizadas (Exemplo: número de portadores de diabe-
tes mellitus para organização do atendimento compartilhado entre
enfermeiro, médico, Profissional de Educação Física, farmacêutico,
nutricionista e demais profissionais).

68
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Para a realização das reuniões de matriciamento, alguns aspectos


são fundamentais:

• Horário protegido na agenda dos profissionais envolvidos;


• Organização inicial das equipes ESF para definição de casos, de-
mandas e propostas para matriciamento;
• Organização do NASF para devolutivas de casos acompanhados
(por exemplo, por meio de listas de casos em acompanhamento,
planilhas compartilhadas, etc.), temas de educação permanen-
te, sensibilização das equipes, propostas de ações, etc.;
• Utilização de reuniões já existentes de equipes de ESF ou criação
de novos espaços (envolvendo o máximo possível de profissio-
nais do NASF em cada reunião).

Além das reuniões de matriciamento, que serão momentos impor-


tantíssimos de contato entre as equipes da Atenção Básica e equipes
NASF, haverá outros momentos de contato entre estes profissionais,
como possíveis reuniões gerais da Unidade Básica de Saúde, que ocor-
rem, normalmente, para alinhar questões administrativas, mas que po-
dem ter a participação dos profissionais do NASF (quando previamen-
te acordado); e, ainda, os momentos em que a agenda do profissional
estiver prevista em determinada Unidade Básica de Saúde, e onde os
profissionais da Atenção Básica e do NASF poderão realizar trocas e
atendimentos conjuntos.

4.3. Construção da agenda e planejamento das ações

Considerando o caráter multidisciplinar proposto pelo NASF e, ain-


da, o fato de que sua atuação dar-se-á em um contexto complexo, cujas
demandas são compartilhadas com as ESF vinculadas, é importante
que, durante a construção da agenda, sejam contempladas as diversas
possibilidades de ações que podem ser realizados no trabalho integrado.

69
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Segundo o Caderno de Atenção Básica nº39 (p.49), são elementos


constituintes da agenda do NASF:

a) Reunião de matriciamento com as equipes de ESF, com periodi-


cidade de acordo com a modalidade do NASF e com o contexto
(é recomendado que seja no mínimo uma reunião mensal, des-
de que haja possibilidade de contato a distância);
b) Atendimentos individuais (específicos e compartilhados);
c) Atendimentos domiciliares (específicos e compartilhados);
d) Grupos e atividades coletivas (específicas e compartilhadas);
e) Espaço destinado à elaboração de materiais de apoio, rotina,
protocolos e outras ações de educação permanente, reservado
na agenda sob demanda, quando acordado com as equipes vin-
culadas;
f) Reunião entre os profissionais do NASF e, se possível, com pro-
fissionais de outros Núcleos e de outros pontos de atenção do
município.

Durante este processo de construção, ainda se recomendam que


sejam levantadas algumas informações importantes: 1) Mapeamento
das ações desenvolvidas em cada UBS vinculada ao NASF; 2) Mapea-
mento das condições existentes para o desenvolvimento do trabalho
na UBS; 3) Organização da proposta da agenda.

4.3.1. Mapeamento das ações desenvolvidas nas UBS vinculadas

Segundo o Caderno de Atenção Básica nº 39, as equipes do NASF


devem identificar os dias das reuniões das equipes de Atenção Básica;
o horário de visitas domiciliares das equipes de Atenção Básica; os gru-
pos e outras atividades já desenvolvidas; e a forma de organização da
UBS (atendimento à demanda espontânea, agendamentos para ações
de cuidado continuado, etc.). A partir da organização já existente nas

70
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

UBS e da disponibilidade das Equipes NASF, acorda-se um momento


de encontro das equipes para o matriciamento.
Cabe ao Profissional de Educação Física identificar todas as ativida-
des com escopo inserido dentro da sua área de atuação, que já estejam
em funcionamento na unidade, bem como levantar as possibilidades
de atuação dentro das demandas e condições existentes nas UBS vin-
culadas à sua equipe.

4.3.2. Mapeamento das condições existentes para desenvolver


ações

O Caderno de Atenção Básica nº 39 aponta para que o profissional


tenha ciência dos seguintes aspectos: carga horária e turnos de tra-
balho dos profissionais das equipes de Atenção Básica, espaço físico
disponível para a realização de ações (na UBS e em outros espaços do
território), materiais e equipamentos necessários para a realização das
intervenções, fluxos e serviços já existentes intra e intersetorialmente
para possíveis parcerias, necessidade e a disponibilidade de carro para
a realização de atendimento domiciliar.

a) Horários das equipes de Atenção Básica


Cada município estabelece suas normas quanto ao horário de fun-
cionamento das Unidades Básicas de Saúde. Algumas atendem dentro
do horário comercial, outras possuem atendimento estendido. Cabe
aos profissionais do NASF identificar e alinhar suas ações de acordo
com a organização da Atenção Básica e suas equipes.
Sobre a estruturação das reuniões de matriciamento, sugere-se cau-
telosa organização para que todos (ou a maioria) dos profissionais da
equipe NASF consigam fazer-se presentes neste processo simultanea-
mente, daí a importância deste momento ocorrer em datas distintas, nas
diferentes UBS. No caso de alguma equipe de ESF possuir profissionais
com uma carga horária não convencional, a equipe NASF deve se organi-
zar para que o processo não seja de alguma forma prejudicada.

71
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

b) Espaço físico disponível


Ao levantar as possibilidades de espaço físico no município, os
profissionais do NASF devem considerar todas as estruturas presen-
tes na sua área de atuação. As ações dos profissionais não precisam,
necessariamente, ocorrer dentro da Unidade Básica de Saúde, tendo
em alguns casos, inclusive, que ser realizadas em espaço maior, para
comportar um grande número de pessoas.
Para realizar um bom planejamento, a equipe NASF deve fazer o le-
vantamento das possibilidades a serem utilizadas, e, posteriormente,
verificar se elas serão de fato passíveis de utilização. Estão dentro das
possibilidades de espaço a serem usados: Unidades Básicas de Saúde
(salas, espaço interno e arredores); Academias da Saúde; Academias
ao ar livre; praças do município; pistas e calçadões para caminhada e
corrida; quadras e salas de colégios da região; espaço físico de Univer-
sidades, como pistas de atletismo, quadras, campos; igrejas; espaços
comunitários do bairro; clubes sociais; salas e/ou auditórios de em-
presas privadas e ONGs; pistas e quadras de skate; espaços de escolas
de formação em saúde; espaço físico de outros aparelhos municipais
(como os Centros de Referências, as Policlínicas e as Sedes dos Distri-
tos Sanitários); dentre outras possibilidades.
Normalmente, dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS), o profis-
sional conta com uma sala na qual pode realizar atendimento individu-
al, coletivo e, até mesmo, alguma ação de saúde. Outras dependências
da UBS também podem ser usadas, para, por exemplo, a exposição de
cartazes, e materiais construídos para campanhas, entre outras ações.
O espaço do entorno da UBS também oferece a possibilidade da reali-
zação de inúmeras atividades, como grupos de caminhada, de alonga-
mento, dança, yoga e outras ações coletivas.

c) Materiais e equipamentos necessários
Considerando que as atividades realizadas pelo Profissional de
Educação Física são variadas, a gama de materiais e equipamentos
possíveis de serem utilizados também é.

72
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Para que o Profissional de Educação Física possa realizar atividades


a diferentes grupos e ainda prestar atendimento individual com quali-
dade, alguns materiais são considerados muito oportunos:

• Colchonetes;
• Bastões (madeira/plástico/borracha);
• Bolas de tênis (para massagem);
• Elásticos de resistência;
• Bola Suíça;
• Cones;
• TRX (Total-body Resistance Exercise);
• Som com entrada para pendrive;
• Cronômetro;
• Materiais para esporte coletivo (bolas de esportes coletivos).

Outros materiais são importantes para a realização de ações de ava-


liação, diagnóstico e monitoramento dos indivíduos:

• Prancheta;
• Monitor de frequência cardíaca;
• Plicômetro (adipômetro) e software de avaliação física;
• Fita métrica;
• Balança de pesagem;
• Estadiômetro;
• Aparelho de pressão;
• Banco de Wells;
• Dinamômetro de preensão manual e/ou de tronco;
• Simetógrafo/Posturógrafo.

73
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Além destes materiais, outros podem ser usados nas ações de edu-
cação em saúde, mas, por serem semelhantes às demais áreas e por
possuírem apelos variados, não serão aqui descritos. Cabe ressaltar
que todos os materiais aqui podem ser utilizados pelos demais profis-
sionais do NASF.
O Conselho Federal de Educação Física – CONFEF sistematiza a lista
de procedimentos e testes ideal para possibilitar um atendimento de
qualidade aos beneficiários no Quadro 5.

Quadro 5. Relação de procedimentos e testes X equipamentos neces-


sários

Testes e Aferições Equipamentos


Balança (digital ou analógica),
estadiômetro, paquímetro,
Antropometria: peso, estatura,
compasso de dobras cutâneas,
perímetros, composição corporal.
fita métrica, bioimpedância
elétrica.
Testes neuromotores: força Aparelhos de musculação,
muscular, resistência muscular, dinamômetro, banco de Wells,
potência muscular, flexibilidade, goniômetro, pista, cronômetro,
equilíbrio, coordenação motora, trena, plataforma de força,
velocidade, agilidade. aparelhos isocinéticos.
Frequencímetros (monitores de
Avaliação metabólica:
FC), estetoscópio, bicicleta ou
concentração de lactato,
esteira ergométrica, ergômetro de
glicemia, VO2 máximo, limiares
braço, lactímetros, monitores de
ventilatórios.
glicemia.
Frequencímetros (monitores
Avaliação cardiorrespiratória: VO2
de FC), esfignomanômetro,
máximo, limiares ventilatórios,
estetoscópio, bicicleta ou esteira
pressão arterial, frequência
ergométrica, ergômetro de braço,
cardíaca.
ventilômetro, ergoespirômetro.
Posturógrafo (simetógrafo),
Avaliação postural.
câmeras e filmadoras.
Fonte: CONFEF, 2010.

74
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Os materiais listados acima permitem que sejam realizadas ativi-


dades a públicos com diferentes diagnósticos, garantindo segurança
e confiabilidade durante seu uso. Não obstante, o Profissional de Edu-
cação Física deve estar preparado para situações adversas e basear-se
nas tecnologias leves, de modo a oferecer os melhores serviços aos
usuários com o que tiver em mãos.

d) Fluxo e serviços já existentes intra e intersetorialmente


Cada equipe NASF deve identificar as ações realizadas no distrito
em que atuará. O Profissional de Educação Física pode reter as infor-
mações referentes às ações pertencentes à sua competência durante
as reuniões com as equipes de ESF vinculadas, durante o processo de
territorialização da própria equipe NASF e, também, com a própria co-
munidade, durante as práticas desenvolvidas. Ações intersetoriais (ini-
ciativa privada; ONGs; de cunho governamental estadual ou federal; ou
de outra Secretaria do Município – como Esportes, Assistência Social
ou Cultura) no território de atuação podem ser verificadas com busca
ativa da equipe, de modo a serem consideradas no planejamento pos-
teriormente.

4.3.3. Organização da proposta da agenda

São necessárias, durante o processo de organização da agenda: a


definição dos horários das reuniões de matriciamento nas UBS, englo-
bando as equipes vinculadas, e com periodicidade no mínimo mensal;
a definição das ações conjuntas com as equipes saúde da família vin-
culadas, e o fluxo de encaminhamentos; a definição das ações assis-
tenciais realizadas diretamente pelas equipes do NASF (individuais e
coletivas), a partir da construção de projetos terapêuticos e ações es-
tratégicas no território; e, ainda, a sincronia assegurada das agendas
dos diferentes profissionais que compõem a mesma equipe do NASF,
permitindo que esta construção seja viável, fluída e assertiva.

75
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Normalmente as agendas da equipe NASF são constituídas nas reu-


niões em que todos os membros da mesma se encontram, de modo
a já considerarem as ações que serão realizadas. Exemplificando: se,
durante o matriciamento, decidiu-se realizar um evento que tem como
tema a obesidade, será importante alinhar o horário do Profissional de
Educação Física com o Nutricionista na presente data.

76
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

5
AVALIAÇÕES, TESTES E
PARÂMETROS DE PRESCRIÇÃO

INÚMEROS SÃO OS protocolos para avaliação, testes, ou mesmo, os


parâmetros para a prescrição de exercícios presentes na literatura,
no âmbito da saúde. Segundo a Nota Técnica CONFEF nº 002/2012, “a
avaliação é um procedimento essencial do trabalho do Profissional de
Educação Física e objetiva reunir elementos para fundamentar a sua de-
cisão sobre o método, tipo de exercício e demais procedimentos a serem
adotados para prescrição de exercício físico e desportivo. A avaliação
física deve ser ampla e sistemática, e, de acordo com os objetivos e as
características do beneficiário, pode ser composta por anamnese com-
pleta, análise dos fatores de risco para coronariopatia, classificação de
risco, verificação dos principais sintomas ou sinais sugestivos de doença
cardiovascular e pulmonar, medidas antropométricas, testes neuromo-
tores, avaliação metabólica, avaliação cardiorrespiratória e avaliação
postural”. Diante dessas considerações, a mesma Nota Técnica ainda
estabelece:
1 - Antes do início do desenvolvimento do programa de exercícios,
de atividades físicas e/ou desportivas, faz-se necessária a realização
de avaliação física procedida por Profissional de Educação Física,
de acordo com a sua respectiva área de intervenção, que analisará
as condições para o desenvolvimento das atividades a serem rea-
lizadas;

77
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

2 - Nos casos em que o Profissional de Educação Física, de acordo


com a classificação de risco proposta pelo ACSM e a intensidade de
exercício proposta, identifique indivíduos sintomáticos ou com fato-
res de risco para doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmona-
res e do sistema locomotor, que podem ser agravadas pela atividade
física, deverá solicitar avaliação médica especializada objetivando
identificar restrições e estabelecer linhas de orientação para pres-
crições de exercícios apropriados pelo Profissional Educação Física;
3 - Na aplicação de avaliação física, o Profissional de Educação Fí-
sica utilizará conhecimentos sobre: Protocolos de testes, suas indi-
cações e contraindicações; Fisiologia do exercício e das respostas
hemodinâmicas e respiratórias ao exercício físico; Princípios e de-
talhes da avaliação, inclusive o preparo do beneficiário e mecanis-
mos de funcionamento dos equipamentos, bem como suas limita-
ções; Indicações de interrupção dos testes;
4 - No âmbito da avaliação física, o Profissional de Educação Física
coleta dados e interpreta informações relacionadas com prontidão
para a atividade física, fatores de risco, qualidade de vida e nível de
atividade física; Afere e avalia pressão arterial e frequência cardíaca;
Aplica escalas de percepção do esforço; Utiliza ergômetros (esteira,
cicloergômetro, etc.) e outros equipamentos usados em programas
de atividade física; Utiliza equipamentos para medição de glicemia
e concentração de lactatos e interpreta os resultados obtidos; Co-
nhece, aplica e interpreta testes de laboratório e campo utilizados
em avaliação física; Realiza e interpreta avaliação de medidas an-
tropométricas; Prescreve atividades físicas baseadas em testes er-
goespirométricos; Prescreve atividades físicas baseadas em limia-
res metabólicos, frequência cardíaca e percepção de esforço;
5 - No âmbito da avaliação física, o Profissional de Educação Física
poderá trabalhar individualmente ou em equipes multiprofissionais;
6 - O Profissional de Educação Física deve registrar o mais porme-
norizado possível, as informações relativas à avaliação física, utili-
zando-se de prontuário, ficha de controle ou equivalente relatando
as informações sobre dados pessoais; hábitos de vida, bem como
se faz ou não uso de medicamentos ou tratamento médico especí-
fico; limitações físicas, condições físicas/corporais e programa de-
senvolvido pelo beneficiário;
7 - Em face da responsabilidade ética do exercício profissional, as
informações da avaliação física serão mantidas sob sigilo, tanto

78
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

do ponto de vista profissional quanto institucional e o beneficiário


será notificado da importância da veracidade das informações por
ele prestadas. (CONFEF, 2012).

A partir deste entendimento e considerando a realidade encontra-


da na Atenção Básica, as avaliações, testes e exercícios prescritos pelo
Profissional de Educação Física devem sempre considerar duas ques-
tões:
1) As complexas características presentes na natureza do NASF,
que se constitui como um serviço itinerante (pois as equipes
podem atender diferentes UBS e equipes ESF); que possui uma
elaborada logística (dependente de um sistema de mobilidade
assertivo, uma equipe alinhada, e um planejamento coeso); e
que ainda depende de uma estrutura variada para a realização
das suas atividades (seja estrutura física ou de materiais); e
2) As características do município onde esta equipe NASF está si-
tuada (cada município apresentará características muito sin-
gulares, seja sob a análise das variáveis sociodemográficas, de
saúde, geográficas, dentre outras).
Desta forma, muitas ações ou protocolos podem ser oportunos
em algumas realidades e absolutamente inviáveis em outras. A pro-
posta aqui é trazer os elementos mais usuais, e que necessitam de
uma estrutura passível de ser encontrada na maioria dos municípios
brasileiros. É racional considerarmos, por exemplo, que não dispo-
remos de um aparelho de bioimpedância avançado para realizar as
avaliações de composição corporal na população do município. Em-
bora uma parceria com instituições de pesquisa que possuem este
equipamento seja algo possível, é relativamente inviável, e, portanto,
a proposta aqui foi a de considerar situações mais realistas. Outra
questão a ser registrada é que os protocolos são inúmeros na litera-
tura, e, devido a diferentes vertentes teóricas e opiniões profissionais,
você pode julgar que outras escolhas possam ser mais interessantes
do que as aqui abordadas.

79
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

5.1. Avaliações e Testes

5.1.1. Anamnese

Inclui informações como dados pessoais, dados cadastrais, dados


de trabalho, dados de saúde, histórico de prática de atividade física
(incluindo duração, frequência semanal e intensidade), objetivos do
indivíduo, preferências, tempo disponível para a prática de atividade
física dentre outras questões. Monteiro (1998, p.21) ainda destaca a im-
portância para a investigação da história pregressa ou presente quanto
a sinais, sintomas ou doenças que seguem: infarto do miocárdio; an-
gioplastia coronariana ou cirurgia cardíaca; desconforto torácico, prin-
cipalmente com a prática de exercício; tontura, desmaios e dispneia
durante a prática do exercício; palpitações ou taquicardia; sopros car-
díacos, cliques ou achados cardíacos pouco habituais; pressão arterial
elevada; acidente vascular encefálico; edema maleolar; doença arterial
periférica ou claudicação; flebite e embolia; doenças pulmonares, in-
cluindo asma, enfisema e bronquite; anormalidades no perfil lipídico;
diabetes; anemia; questões de fundo emocional; doenças importantes,
hospitalização ou procedimentos cirúrgicos recentes; medicamentos
em uso; alergia a drogas; problemas ortopédicos; artrite; história fami-
liar de doença coronariana, morte súbita, anormalidades no perfil lipí-
dico; hábitos como ingestão de cafeína, ingestão de álcool, tabagismo,
problemas alimentares.
Muitas destas informações estarão no prontuário do paciente, ca-
bendo levantar aquelas que não estiverem. O sistema E-SUS, que traz o
prontuário dos pacientes da atenção básica, terá algumas destas infor-
mações e fará com que este processo seja facilitado.
O Quadro 6 sistematiza algumas das informações a serem levanta-
das neste contato inicial com o indivíduo, no caso de o município ain-
da não utilizar o sistema E-SUS preconizado pelo Ministério da Saúde.
Desta forma, o quadro pode direcionar o profissional durante a avalia-
ção inicial.

80
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Quadro 6. Informações básicas para anamnese

Informação Pergunta Especificação


Dados Nome, data de nascimento,
Pessoais sexo
Dados
Endereço, telefones, e-mail.
Cadastrais
Dados do Profissão, horas de trabalho
Turno
trabalho diário
Realizou consulta clínica
recentemente (últimos 6
meses) para a prática de
atividade física?
Sente dor no peito, tontura ou
falta de ar durante o esforço?
Faz uso de medicamento(s)? Tipo e dosagem diária
Sexo, idade, hereditariedade,
Presença de fatores de risco colesterol, hipertensão, obesidade,
para desenvolvimento de diabetes, fumo, sedentarismo,
doença cardiovascular dislipidemia, hipertensão arterial
Dados de sistêmica
Saúde Presença de doença(s) Qual; Tempo; Tratamento
Realizou ou irá realizar alguma
Cirurgia prévia
cirurgia?
Limitações ósteo-articulares? Lesões prévias? Faturas prévias?
Limitações músculo-
Lesões prévias?
articulares?
Está grávida?
Gravidez Tempo da última gestação
Número de gestações
Qualidade do sono e horas de sono
Sono
por noite

81
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Informação Pergunta Especificação


Experiência prévia Praticou atividade física regular?
Prática
regular de Sedentário; Praticante de atividade
exercício física regular ou Atleta. Tipo de
Experiência atual
físico exercício? Frequência semanal?
Duração da sessão?
Qual o objetivo com a prática
Objetivos
regular de exercício físico?
Tipo de exercício que mais
Preferências gosta. Tipo de exercício que
não gosta.
Tempo Dias da semana, turno e
disponível horas disponíveis
Observações:
Fonte: CONFEF, 2010.

A anamnese pode contar ainda com o Questionário de Prontidão


para Atividade Física (Q-PAF), que identifica o padrão mínimo para in-
clusão num programa com exercício de intensidade moderada - entre
indivíduos de 15 a 69 anos. (Quadro 7).
Este questionário é composto por sete questões simples, onde uma
simples resposta positiva (ou mais) implicará a necessidade do enca-
minhamento ao médico antes do início do programa de atividade física
ou dos testes de aptidão, se o mesmo for realizado. É importante que
o respondente não saiba que a resposta “sim” a uma das perguntas o
encaminhará ao médico, pois isso pode mascarar o real resultado.
Outra questão, quanto a sua aplicação: inicialmente é recomenda-
do entregar-lhe apenas o Q-PAF e, logo após as respostas, pedir-lhe a
assinatura confirmando as informações, para então explicar o resulta-
do ao respondente. (FONTOURA, FORMENTIN, ABECH, 2008).

82
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Quadro 7. Questionário de Prontidão para Atividade Física (Q-PAF)

Nº Questão Resposta
01 Seu médico já mencionou alguma vez que SIM NÃO
você possui um problema do coração e lhe
recomendou que só fizesse atividade física
sob supervisão médica?
02 Você sente dor no tórax quando realiza SIM NÃO
atividade física?
03 Você sentiu dor no tórax quando estava SIM NÃO
realizando atividade física no último mês?
04 Você já perdeu o equilíbrio por causa de SIM NÃO
tontura ou alguma vez perdeu a consciência?
05 Você tem algum problema ósseo ou articular SIM NÃO
que poderia ser agravado com a prática de
atividade física?
06 Seu médico está prescrevendo uso de SIM NÃO
medicamentos para a sua pressão arterial ou
coração?
07 Você conhece alguma outra razão pela qual SIM NÃO
você não deveria praticar atividade física?
Observação: Se você respondeu SIM para uma ou mais questões do
questionário acima é recomendável uma avaliação médica antes de iniciar
a prática de exercícios físicos.
Fonte: CONFEF, 2010.

Por fim, ainda dentro deste processo inicial da anamnese, o Ameri-


can College of Sports Medicine estabeleceu definições relacionadas ao
risco para a realização de exercício físico, conforme registrado no Qua-
dro apresentado a seguir (CONFEF, 2010):

83
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Quadro 8. Categorias de Estratificação de Risco

Homens com menos de 45 anos e mulheres com menos


de 55 anos assintomáticos e que apresentam no máximo
Baixo risco
um fator de risco para desenvolvimento de doença
cardiovascular.
Homens com 45 anos ou mais, e mulheres com 55 anos
Risco moderado ou mais, ou aqueles que apresentam 2 ou mais fatores de
risco para desenvolvimento de doença cardiovascular.
Indivíduos com um ou mais sinais ou sintomas sugestivos
Alto risco de doença cardiovascular e pulmonar ou com doença
cardiovascular, pulmonar ou metabólica conhecida.
Fonte: CONFEF, 2010.

A partir do risco identificado e da intensidade do exercício físico/


teste de esforço a ser realizado, a ACSM estabelece algumas recomen-
dações a seguir (CONFEF, 2010):

a) Necessidade de encaminhamento a médico antes de iniciar um


programa de exercícios físicos:
Risco do indivíduo
Nível de Esforço
Baixo Moderado Alto
Exercícios moderados Desnecessário Desnecessário Recomendado
Exercícios intensos Desnecessário Recomendado Recomendado

b) Necessidade da presença de um médico durante a aplicação de


testes de esforço:
Risco do indivíduo
Nível de Esforço
Baixo Moderado Alto
Teste Submáximo Desnecessário Desnecessário Recomendado
Desnecessário/
Teste Máximo Recomendado Recomendado
Recomendado*

84
Quadro 9. Fatores de risco primários e secundários para desenvolvimento de doenças coronarianas

De 10 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos Acima de 60 anos


Idade
1 2 3 4 6 8
Nenhum parente Um parente com Dois parentes com Três parentes com Quatro parentes Cinco parentes com
Herança Familiar com cardiopatia cardiopatia cardiopatia cardiopatia com cardiopatia cardiopatia
1 2 3 7 7 7
M < 12% M= de 12% a 15,99% M= de 16% a 19,99% M= de 20% a 21,99% M= de 22% a 29,99% M= acima de 30%
% Gordura F < 16% F= 16% a 19,99% F= 20% a 24,99% F= 25% a 32,99% F= 33% a 39,99% F= acima de 40%
0 1 2 3 5 7
Até 10 De 11 a De 21 a De 31 a Acima de 40
Não fuma
Fumo cigarros/dia 20 cigarros/dia 30 cigarros/dia 40 cigarros/dia cigarros/dia
0
1 2 4 6 10
Acima de De 120 a 2 De 80 a De 60 a De 31 a Abaixo de
Exercícios
240 minutos 40 minutos 119 minutos 79 minutos 59 minutos 30 minutos
(minutos/semana)
0 1 2 3 6 8
Abaixo de 180 De 181 a 205 De 206 a 230 De 231 a 235 De 236 a 280 Acima de 280
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Colesterol
1 2 3 4 5 7
Pressão Arterial De 110 a 119 De 120 a 139 De 140 a 159 De 160 a 179 De 180 a 199 Acima de 200
Sistólica 1 2 3 4 6 8
Pressão Arterial Abaixo de 70 De 71 a 76 De 77 a 82 De 83 a 93 De 94 a 105 Acima de 106
Diastólica 1 2 3 4 6 8
Fonte: Adaptado da Sociedade de Cardiologia de Michigan (PITANGA, 2008, p.43).

85
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Para identificar o risco para desenvolvimento de doenças coronaria-


nas, a Sociedade de Cardiologia de Michigan desenvolveu um instru-
mento que, a partir da investigação de oito (8) fatores de risco, permite a
classificação do perfil de risco coronariano do indivíduo. Pitanga (2008)
adaptou este instrumento (Quadro 9), de forma que, com uma fácil apli-
cação, seja possível uma análise a partir do registro numérico de deter-
minação de valores aos referidos fatores de risco. Uma vez que tenha
sido respondido cada um dos fatores analisados, o avaliador verifica a
respectiva classificação do perfil do risco coronariano (Quadro 10).

Quadro 10. Classificação do perfil de risco coronariano

Pontuação Classificação
De 5 a 11 pontos Risco bem abaixo da média
De 12 a 17 pontos Risco abaixo da média
De 18 a 24 pontos Risco médio habitual
De 25 a 31 pontos Risco moderado
De 32 a 40 pontos Risco perigoso
De 41 a 63 pontos Risco urgente - procure seu médico
Fonte: Adaptado da Sociedade de Cardiologia de Michigan (PITANGA, 2008, p.43).

Visando complementar esta avaliação do risco para desenvolvi-


mento de doença cardiovascular, o Conselho Federal de Educação
Física, através da publicação Recomendações sobre Condutas e Proce-
dimentos do Profissional de Educação Física na Atenção Básica à Saú-
de, destaca a importância de investigar os seguintes fatores (CONFEF,
2010, p.31):
 Idade e sexo;
 Histórico familiar de enfarte do miocárdio, revascularização co-
ronariana, ou morte súbita antes dos 55 anos de idade do pai
ou de outro parente de primeiro grau do sexo masculino (irmão
ou filho) e/ou antes dos 65 anos de idade da mãe ou de outro
parente do primeiro grau do sexo feminino (irmã ou filha);

86
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

 Hipertensão arterial sistêmica – quando pressão arterial sistóli-


ca for ≥ 140mmHg e/ou a diastólica se apresentar ≥ 90 mm/Hg,
confirmadas por mensurações feitas pelo menos em 2 ocasiões
diferentes, além de indivíduos com quadro de hipertensão con-
firmada e que fazem uso de medicação anti-hipertensiva;
 Dislipidemia – lipoproteína de baixa densidade (LDL colesterol)
≥ 130 mg/dL ou lipoproteína de alta densidade (HDL colesterol)
< 40 mg/dL, incluindo-se, também, aqueles indivíduos que fa-
zem uso regular de medicação para reduzir o nível do colesterol.
Em casos em que se dispõe apenas dos níveis de colesterol total,
considerar valores ≥ 200 mg/dL;
 Glicose sanguínea em jejum alterada – ≥ 100 mg/dL, confirmada
em pelo menos 2 ocasiões diferentes;
 Obesidade – índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 Kg/m2;
 Distribuição anatômica da gordura: circunferência da cintura >
102 para homens e > 88 cm para mulheres ou, ainda, razão cin-
tura/quadril ≥ 0,95 para homens e ≥ 0,86 para mulheres;
 Sedentarismo – Também denominado inatividade física, refere-
-se ao estado das pessoas que não praticam exercício físico re-
gular ou não realizam pelo menos 30 minutos de atividade física
moderada na maioria dos dias da semana;
 Hábitos alimentares inadequados em proporção e composição
– que não seguem a proporção de 55-65% de carboidratos; 10-
15% de proteínas e 20-30% de lipídios, e cuja composição não
assegura a presença equilibrada dos oito grupos de alimentos
que compõem a pirâmide alimentar: pães, cereais e tubérculos;
hortaliças; frutas; carnes; leite e derivados; leguminosas; óleos e
gorduras; açúcares e doces);
 Fumante habitual de cigarros ou aqueles que deixaram de fumar
nos últimos 6 meses.

87
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Resumindo, a proposta aqui apresentada traz três etapas básicas


para a investigação, neste processo de avaliação inicial/anamnese:

1) Levantamento de informações do indivíduo, podendo ser utili-


zadas as informações do sistema E-SUS ou de outros questio-
nários (como o modelo sugerido no Quadro 6) ou outros que o
profissional julgar pertinentes. Mesmo que o município tenha o
sistema E-SUS implantado, pode ser necessária a obtenção de
mais informações neste processo;
2) Aplicação do Questionário de Prontidão para Atividade Física
(Q-PAF), para identificar o padrão mínimo para inclusão em um
programa de atividade física, e verificação da classificação do
indivíduo nas categorias de risco;
3) Investigação do risco para desenvolvimento de doença corona-
rianas, através da aplicação do Questionário sobre Fatores de
Risco e da análise dos fatores relacionados.

Outras informações podem ser incluídas neste processo, de acor-


do com a necessidade identificada no contexto, ou ainda, a partir da
experiência do Profissional de Educação Física. Os testes e medidas
fornecerão ainda mais subsídios para que o Profissional de Educação
Física junto aos demais integrantes da equipe NASF tracem a melhor
estratégia para a comunidade atendida.

5.1.2.Testes e Medidas

De acordo com Pitanga (2008), as medidas são a determinação das


grandezas, de modo que medir é comparar resultados de testes a gran-
dezas conhecidas e preestabelecidas, a partir de um referencial. Os tes-
tes são instrumentos utilizados para se obterem medidas. Através deles
é que são determinados os valores numéricos das medidas (p.15).
Dentro da realidade do NASF, eles terão como objetivo identificar, in-
vestigar ou monitorar as condições de saúde do indivíduo, a partir de pa-

88
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

râmetros preestabelecidos. Sua aplicação deve considerar as característi-


cas, perfil e diagnóstico do indivíduo, bem como dependerá do contexto
no qual ele se encontra, ou seja, as condições para sua realização. Inúme-
ros são os testes e medidas passíveis de serem aplicados, mas, para fins
de serem aplicados no NASF, este livro abordará a avaliação de aspectos
antropométricos; das respostas cardiovasculares, da flexibilidade e da
força dinâmica. O objetivo do presente livro é trazer possibilidades de tes-
tes e medidas a serem usados dentro da realidade dos municípios (custo
baixo com retorno de informações de qualidade). Será considerado que
o Profissional de Educação Física tem conhecimento dos procedimentos
aqui abordados. Maiores informações sobre esta temática podem ser ex-
ploradas a partir das referências utilizadas neste livro.

a) Antropometria
Para Michels (2000), a antropometria pode ser definida como parte
da antropologia que estuda as proporções e medidas do corpo huma-
no. Petrosky (1995, ) coloca que a Cineantropometria é uma área emer-
gente da antropometria e a define como “uma área científica emergen-
te que estuda a forma, dimensão, proporção, composição, maturação
e o desenvolvimento do corpo na ontogênese humana em relação ao
crescimento, ao desporto, à atividade física e à nutrição.”
Dentre as medidas antropométricas exploradas, trataremos da
massa corporal, estatura, composição corporal, perímetros e os índices
construídos a partir destas medidas (Índice de Massa Corporal - IMC e
Relação Cintura Quadril – RCQ).

Massa corporal

De acordo com Petroski (2007, p.31), “a massa corporal é uma me-


dida antropométrica que expressa a dimensão da massa ou volume
corporal”. É o somatório da massa orgânica e inorgânica existente no
corpo e pode ser utilizado como medida do processo de crescimento e
indicador do estado nutricional, entretanto é preciso relacioná-lo com

89
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

outras variáveis, como idade, sexo e idade. Servirá de subsídio para a


construção do Índice de Massa Corporal. (PETROSKI, 2007).
Sua medida é obtida através do instrumento denominado “Balan-
ça”, podendo ser esta digital ou de cilindros (mais comum em serviços
de saúde), e devendo ter uma resolução de 100 gramas. É importante
que esta seja periodicamente (a cada 6 meses) regulada. Considerando
a variação possível no perfil dos usuários da Atenção Básica, recomen-
da-se uma balança que suporte grandes valores, como até 180kg. Pos-
sivelmente estas balanças já se encontrarão dentro das UBS.

Balança de cilindros

Estatura

Trata-se de uma categoria das alturas, que são medidas lineares


no sentido vertical. É considerada como o maior indicador de desen-
volvimento corporal e comprimento ósseo. Importante na verificação
de doenças, estado nutricional e na seleção de atletas. Junto com a

90
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

massa corporal, permitirá a construção do Índice de Massa Corporal.


(PETROSKI, 2007).
Para sua verificação, utiliza-se o estadiômetro, que é uma escala
métrica vertical instalada perpendicularmente a um plano de base.
Pode ser encontrado adaptado em alguns tipos de balança (balança
de cilindros), fixo em uma parede ou mesmo de forma portátil. Normal-
mente utilizamos a leitura em centímetros. (FONTOURA; FORMENTIN;
ABECH, 2008).

Haste presente nas balanças de cilindro

Estadiômetro portátil

91
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Composição Corporal

Petroski (2007) coloca que a composição corporal é a quantificação


dos principais componentes estruturais do corpo humano. Tradicional-
mente, o termo composição corporal refere-se à estimativa da gordura
corporal no simples fracionamento do corpo (p.121). Os componentes
corporais podem ser estimados a partir das medidas antropométricas,
as quais podem fracionar o corpo humano em dois compartimentos
– peso gordo e peso magro –, de modo que o peso gordo é a gordura
corporal, e o peso magro representa os ossos, músculos, pele e órgãos;
ou quatro compartimentos – peso gordo, peso muscular, peso ósseo e
peso residual. (FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008).
Existem inúmeras técnicas para mensurar a composição corporal,
a se destacarem a pesagem hidrostática, a bioimpedância elétrica e a
antropometria, através das dobras cutâneas. (FONTOURA; FORMENTIN;
ABECH, 2008). Esta última, considerada como um método duplamen-
te indireto, é bastante propício para realização em campo. (PETROSKI,
2007).
Considerando a factibilidade de se mensurar a composição corpo-
ral nos trabalhos realizados pelo NASF, traremos as dobras cutâneas
como a técnica mais propícia, por apresentar estimativas fidedignas,
muito testadas, além de ser pouco custosa. Outra questão favorável é
que a grande maioria dos profissionais de educação física tem contato
com esta técnica durante sua formação acadêmica.
Dentro desta técnica, inúmeras são as equações presentes na litera-
tura para se estimar o percentual de gordura a partir das dobras cutâ-
neas. Segundo Petroski (2008), no Brasil, as equações para estimativa
da densidade corporal e/ou Massa Corporal Magra mais comuns são:
Guedes (1985); Petroski (1995); Rodriguez Añez (1997); Carvalho (1998);
Carvalho e Pires-Neto (1998); e, por fim, Pires-Neto e Rodriguez Añez
(1998). É fundamental que a equação a ser adotada considere a reali-
dade da população brasileira, e, se possível, que considere, inclusive, a
região onde o município está inserido.

92
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Para este livro, adotou-se a equação de Petroski (1995) como o pa-


drão, visto que, dentre as regressões acima mencionadas, apresenta boa
validade (para homens um R=0,875; e, para mulheres, um R=0,848) e, ain-
da, uma boa extensão na sua aplicabilidade, ou seja, pode ser aplicada a
uma faixa etária de 18 a 51 anos nas mulheres e 18 a 66 anos nos homens.

Quadro 11. Equações para estimativa da densidade corporal em adul-


tos brasileiros, segundo Petroski (1995)

Sexo Faixa etária Regressão R EPE


D = 1,19547130 - 0,07513507 Log10(Y4) +
Feminino 18 a 51 anos 0,829 0,0071
0,00041072(ID)
D = 1,10726863 - 0,00081201(X4) +
Masculino 18 a 66 anos 0,875 0,0075
0,00000212(X4)² - 0,00041761(ID)
Legenda: ID = idade; Y4 = Somatório das 4 dobras cutâneas: axilar média, suprailíaca oblíqua,
coxa média e panturrilha medial; X4 = Somatório das 4 dobras cutâneas: subescapular, tríceps,
suprailíaca oblíqua e panturrilha medial. Adaptado de Petroski, 2007, p.132.

Seguem as referências anatômicas para os seis (6) pontos anatômi-


cos abarcados nas equações masculina e feminina de Petroski:

I) Axilar Média: Ponto de intersecção entre a linha axilar média e


uma linha imaginária transversal na altura da junção xifoexter-
nal. Será utilizada para o cálculo da equação feminina de Pe-
troski, aqui sugerida.
II) Coxa média: Ponto médio entre a dobra inguinal e a borda supe-
rior da patela. Será utilizada para o cálculo da equação feminina
de Petroski aqui sugerida.
III) Suprailíaca oblíqua: Linha axilar média, imediatamente superior
à crista ilíaca. Será utilizada para o cálculo de ambas as equa-
ções de Petroski aqui sugeridas.
IV) Panturrilha medial: Ponto medial de maior perímetro da perna.
Será utilizada para o cálculo de ambas as equações de Petroski
aqui sugeridas.

93
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

V) Subescapular: Dois centímetros abaixo do ângulo inferior da


escápula, em ângulo de 45º em relação ao eixo longitudinal do
corpo. Será utilizada para o cálculo da equação masculina de
Petroski aqui sugerida.
VI) Tríceps: Face posterior do braço no ponto médio entre o processo
acromial da escápula e o processo do olecrano da ulna. Será utiliza-
da para o cálculo da equação masculina de Petroski aqui sugerida.

Todos os pontos acima mencionados serão utilizados nas equações


sugeridas, expressas no Quadro 11. Os números “I”, “II”, “III” e “IV” serão
utilizados na equação feminina, e “III”, “IV”, “V” e “VI” serão utilizados na
equação masculina.
Petroski (2007) coloca que a validade de uma equação refere-se ao
grau de precisão com que ela estima a densidade (D) ou o %G de uma
amostra populacional (p.132). Identificando o (D), basta inseri-lo na
Equação de Siri para verificar o %Gordura do indivíduo.

Equação de Siri (1962)


% Gordura = (4,95/D – 4,5) * 100

Também proposto por Petroski (1995) estão os Quadros 12 e 13, que


permitem a identificação dos percentuais de gordura estimados atra-
vés de equações generalizadas para homens e mulheres, em todas as
idades. Considerando todas as particularidades do trabalho executa-
do pelos profissionais do NASF, duas vantagens podem ser destacadas
quanto à utilização destes quadros: a) permitem que os valores sejam
obtidos sem a presença de cálculos matemáticos, o que otimiza a ava-
liação, visto que alguns grupos podem ter grande número de partici-
pantes; b) não apresentam limitação na idade dos indivíduos, poden-
do ser usados para todas as populações, a partir de 18 anos.
Para identificar o valor do percentual de gordura estimado, é ne-
cessário apenas saber a idade do indivíduo e realizar o somatório de

94
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

quatro medidas de dobras cutâneas que variam para os homens e mu-


lheres. No caso das mulheres são: subescapular, tríceps, suprailíaca
oblíqua e panturrilha medial. No caso dos homens são: axilar média,
suprailíaca oblíqua, coxa média e panturrilha medial, as mesmas do-
bras da equação numérica presentes no Quadro 11.

Quadro 12. Percentual de Gordura Corporal para Mulheres a partir de


18 anos de idade e da soma das dobras cutâneas axilar média, suprailí-
aca oblíqua, coxa média e panturrilha medial

IDADE ATÉ O ÚLTIMO ANO (em anos)


∑DC 18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 > 60
21-23 5,29 5,64 6,50 7,36 8,23 9,11 9,98 10,86 11,75 12,63
24-26 7,05 7,39 8,26 9,13 10,01 10,89 11,77 12,66 13,55 14,44
27-29 8,61 8,96 9,84 10,71 11,06 12,48 13,37 14,26 15,16 16,06
30-32 10,03 10,38 11,26 12,14 13,03 13,92 14,82 15,72 16,62 17,52
33-35 11,32 11,67 12,56 13,45 14,34 15,24 16,14 17,04 17,95 18,86
36-38 12,51 12,86 13,75 14,56 15,55 16,45 17,35 18,26 19,17 20,08
39-41 13,61 13,97 14,86 15,76 16,66 17,57 18,48 19,39 20,30 21,22
42-44 14,64 15,00 15,89 16,80 17,70 18,61 19,52 20,44 21,36 22,28
45-47 15,60 15,96 16,86 17,70 18,68 19,59 20,51 21,43 22,35 23,28
48-50 16,50 16,86 17,77 18,68 19,59 20,51 21,43 22,35 23,28 24,21
51-53 17,36 17,72 18,63 19,54 20,46 21,38 22,30 23,23 24,16 25,10
54-56 18,17 18,53 19,44 20,36 21,28 22,20 23,13 24,06 24,99 25,93
57-59 18,94 19,30 20,22 21,13 22,06 22,98 23,91 24,85 25,78 26,73
60-62 19,67 20,03 20,95 21,87 22,80 23,73 24,66 25,60 26,54 27,48
63-65 20,37 20,73 21,66 22,58 23,51 24,44 25,38 26,32 27,26 28,21
66-68 21,04 21,40 22,33 23,26 24,19 25,12 26,06 27,00 27,95 28,90
69-71 21,68 22,05 22,97 23,90 24,84 25,77 26,71 27,66 28,61 29,56
72-74 22,29 22,66 23,56 24,51 25,45 26,39 27,33 28,28 29,23 30,19
75-77 22,89 23,26 24,19 25,12 26,06 27,00 27,95 28,90 29,85 30,81
78-80 23,46 23,83 24,76 25,70 26,64 27,59 28,53 29,49 30,44 31,40
81-83 24,01 24,38 25,32 26,26 27,20 28,15 29,10 30,05 31,01 31,97
84-86 24,54 24,91 25,85 26,79 27,73 28,68 29,64 30,59 31,55 32,51
87-89 25,06 25,43 26,37 27,32 28,26 29,21 30,17 31,13 32,09 33,05

95
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

IDADE ATÉ O ÚLTIMO ANO (em anos)


∑DC 18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 > 60

90-92 25,56 25,93 26,87 27,82 28,77 29,72 30,68 31,64 32,60 33,57
93-95 26,04 26,42 27,36 28,31 29,26 30,21 31,17 32,13 33,10 34,07
96-98 26,51 26,89 27,83 28,78 29,73 30,69 31,65 32,62 33,58 34,56
99-101 26,97 27,34 28,29 29,24 30,20 31,16 32,12 33,08 34,05 35,03
102-104 27,41 27,79 28,74 29,69 30,65 31,61 32,57 33,54 34,51 35,49
105-107 27,84 28,22 29,17 30,13 31,08 32,05 33,01 33,98 34,96 35,93
108-110 28,26 28,64 29,59 30,55 31,51 32,47 33,44 34,41 35,39 36,37
111-113 28,67 29,05 30,01 30,96 31,93 32,89 33,86 34,83 35,81 36,79
114-116 29,07 29,45 30,41 31,37 32,33 33,30 34,27 35,24 36,22 37,21
117-119 29,46 29,84 30,80 31,76 32,73 33,70 34,67 35,64 36,62 37,61
120-122 29,84 30,23 31,18 32,15 33,11 34,08 35,06 36,04 37,02 38,00
123-125 30,21 30,60 31,56 32,52 33,49 34,46 35,44 36,42 37,40 38,39
126-128 30,58 30,96 31,92 32,89 33,86 34,83 35,81 36,79 37,77 38,76
129-131 30,93 31,32 32,28 33,25 34,22 35,19 36,17 37,15 38,14 39,13
132-134 31,28 31,67 32,63 33,60 34,57 35,55 36,53 37,51 38,50 39,49
135-137 31,62 32,01 32,97 33,94 34,92 35,89 36,88 37,86 38,85 39,84
138-141 31,96 32,34 33,31 34,28 35,26 36,23 37,22 38,20 39,20 40,19

Equação extraída do Quadro 11.


Fonte: Petroski (2007, p.136).

Quadro 13. Percentual de Gordura Corporal para Homens a partir de


18 anos de idade e da soma das dobras cutâneas subescapular, tríceps,
suprailíaca oblíqua e panturrilha medial

IDADE ATÉ O ÚLTIMO ANO (em anos)


∑DC 18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 65 > 65
6-8 2,4 2,74 3,61 4,48 5,35 6,23 7,11 7,99 8,88 9,77 10,66
9-11 3,36 3,71 4,58 5,45 6,41 7,21 8,09 8,98 9,87 10,76 11,66
12-14 4,31 4,66 5,54 6,41 7,29 8,18 9,07 9,96 10,85 11,75 12,65
15-17 5,26 5,61 6,48 7,36 8,25 9,13 10,03 10,92 11,82 12,72 13,62
18-20 6,18 6,54 7,42 8,30 9,19 10,08 10,97 11,87 12,77 13,68 14,59
21-23 7,10 7,45 8,34 9,20 10,12 11,01 11,91 12,81 13,72 14,63 15,54
24-26 8,00 8,36 9,25 10,14 11,03 11,93 12,83 13,74 14,65 15,56 16,48
27-29 8,90 9,25 10,14 11,04 11,94 12,84 13,74 14,65 15,56 16,48 17,40

96
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

IDADE ATÉ O ÚLTIMO ANO (em anos)


∑DC 18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 65 > 65

30-32 9,77 10,13 11,03 11,92 12,83 13,73 14,64 15,55 16,47 17,39 18,31
33-35 10,64 11,00 11,90 12,80 13,70 14,61 15,52 16,44 17,36 18,28 19,21
36-38 11,49 11,85 12,75 13,66 14,57 15,48 16,39 17,31 18,24 19,16 20,09
39-41 12,33 12,69 13,60 14,50 15,42 16,33 17,25 18,17 19,10 20,03 20,96
42-44 13,16 13,52 14,43 15,34 16,25 17,17 18,09 19,02 19,95 20,88 21,82
45-47 13,97 14,33 15,24 16,16 17,08 18,00 18,92 19,85 20,79 21,72 22,66
48-50 14,77 15,13 16,04 16,96 17,88 18,81 19,74 20,67 21,61 22,55 23,49
51-53 15,55 15,92 16,83 17,75 18,68 19,61 20,54 21,48 22,41 23,36 24,31
54-56 16,32 16,69 17,61 18,53 19,46 20,39 21,33 22,26 23,21 24,15 25,10
57-59 17,08 17,44 18,37 19,29 20,23 21,16 22,10 23,04 23,99 24,94 25,89
60-62 17,82 18,19 19,11 20,04 20,98 21,91 22,86 23,80 24,75 25,70 26,66
63-65 18,54 18,91 19,84 20,78 21,71 22,65 23,60 24,55 25,00 26,45 27,41
66-68 19,25 19,63 20,56 21,49 22,43 23,38 24,33 25,28 26,23 27,19 28,15
69-71 19,95 20,32 21,26 22,20 23,14 24,09 25,04 25,99 26,95 27,91 28,88
72-74 20,63 21,00 21,94 22,88 23,83 24,78 25,73 26,69 27,65 28,61 29,38
75-77 21,30 21,68 22,62 23,56 24,51 25,46 26,73 27,38 28,34 29,31 30,28
78-80 21,95 22,33 23,27 24,22 25,17 26,12 27,08 28,04 29,01 29,98 30,95
81-83 22,59 22,97 23,91 24,86 25,81 26,77 27,73 28,70 29,68 30,64 31,61
84-86 23,2 23,58 24,54 25,49 26,44 27,40 28,37 29,33 30,30 31,28 32,26
87-89 23,81 24,19 25,14 26,10 27,06 28,02 28,98 29,95 30,93 31,91 32,89
90-92 24,40 24,78 25,74 26,69 27,65 28,62 29,59 30,56 31,53 32,52 33,50
93-95 24,98 25,36 26,31 27,27 28,24 29,20 30,17 31,15 32,13 33,11 34,09
96-98 25,53 25,92 26,87 27,84 28,80 29,77 30,74 31,72 32,70 33,68 34,67
99-101 26,08 26,46 27,42 28,38 29,35 30,32 31,30 32,27 33,26 34,24 35,24
102-104 26,60 26,98 27,95 28,91 29,88 30,85 31,83 32,81 33,80 34,79 35,78
105-107 27,11 27,49 28,46 29,42 30,40 31,37 32,35 33,33 34,32 35,31 36,31
108-110 27,60 27,99 28,95 29,92 30,89 31,87 32,85 33,84 34,83 35,82 36,82
111-113 28,08 28,46 29,43 30,40 31,38 32,36 33,34 34,33 35,32 36,31 37,31
114-116 28,53 28,92 29,89 30,86 31,84 32,82 33,81 34,80 35,79 36,79 37,79
117-119 28,98 29,36 30,34 31,31 32,29 33,27 34,26 35,25 36,25 37,25 38,25
120-122 29,40 29,79 30,76 31,74 32,72 33,71 34,69 35,69 36,68 37,69 38,69
123-125 29,81 30,20 31,17 32,15 33,13 34,12 35,11 36,11 37,11 38,11 39,12
126-128 30,20 30,59 31,57 32,55 33,53 34,52 35,51 36,51 37,51 38,51 39,52
129-131 30,57 30,96 31,94 32,92 33,91 34,90 35,89 36,89 37,89 38,90 39,91

97
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

IDADE ATÉ O ÚLTIMO ANO (em anos)


∑DC 18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 65 > 65

132-134 30,92 31,32 32,20 33,28 34,27 35,26 36,26 37,26 38,26 39,27 40,28
135-137 31,29 31,98 32,64 33,63 34,61 35,61 36,60 37,60 38,61 39,62 40,63

Equação extraída do Quadro 11.


Fonte: Petroski (2007, p.137).

Seja realizando o cálculo por meio das equações (Quadro 11), ou


utilizando os Quadros 12 e 13, após estimado o percentual de gordura,
basta verificar o valor obtido na classificação de risco que se deseja
adotar. A classificação aqui utilizada pertence a Lohman (1992):

Quadro 14. Classificação do Percentual de Gordura segundo Lohman


(1992)

HOMENS MULHERES
Muito Baixo5 ≤ 5% < 8%
Abaixo da média 6 - 14% 9 - 22%
Média 15% 23%
Acima da Média 16 - 24% 24 - 31%
Muito Alto 6
≥ 25% > 32%
Fonte: Lohman (1992) apud Petroski (2007).

Quanto ao instrumento necessário para mensuração das dobras


cutâneas, chamamos de compasso de dobras, adipômetro ou plicô-
metro. Este pode ser clínico ou científico. Normalmente, o clínico tem
uma escala de 0,5mm enquanto o científico uma escala de 0,1mm.
Para uso não científico, o clínico cumpre o papel, sendo inclusive me-
nos custoso.

5 Risco para doenças e desordens associadas com má nutrição


6 Risco para doenças e desordens associadas à obesidade

98
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Modelos de compasso de dobras clínico

Por fim, reitera-se que a técnica correta para a execução de uma


avaliação antropométrica deve ser estudada em material específico
para tal, sendo objetivo deste livro trazer aspectos de direcionamento
para o trabalho do Profissional de Educação Física no NASF. Importan-
te deixar registrado que a avaliação das dobras cutâneas exige muita
organização para que seja possível adotá-la no NASF. Isso porque ne-
cessita de uma sala que permita privacidade ao avaliado; exige instru-
mento específico (compasso de dobras cutâneas); e depende do equilí-
brio entre o número de profissionais aptos para realizar a avaliação e a
demanda de indivíduos a serem avaliados. Duas sugestões que podem
contribuir neste processo, em caso de uma demanda muito grande: 1)
envolver outros profissionais capacitados do NASF (como o fisiotera-
peuta ou nutricionista), seja no cálculo da equação, ou ainda, em ou-
tros procedimentos da avaliação; e 2) elaborar um fluxo de acesso para
determinadas ações praticadas pelo Profissional de Educação Física.
Neste fluxo seriam elencados critérios que deixariam claro quais os ele-
gíveis para determinado procedimento (exemplo: indivíduos que rea-
lizaram cirurgia bariátrica seriam priorizados em relação a indivíduos
pré-obesos para as avaliações antropométricas completas).
Maiores informações sobre técnicas de mensuração, outras refe-
rências anatômicas ou outras equações antropométricas podem ser
pesquisadas em bibliografia específica. Salienta-se a importância da

99
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

adoção de protocolos que se encaixem no perfil da população usuária


dos serviços de saúde oferecidos pelo NASF. É conveniente, dependen-
do do foco das ações realizadas, buscar na literatura especializada, por
exemplo, equações específicas para crianças ou mesmo idosos.

Perímetros

Os perímetros ou circunferências são medidas que determinam os


valores de circunferência de um segmento corporal perpendicular ao
eixo longitudinal do mesmo segmento. (FONTOURA; FORMENTIN; ABE-
CH, 2008, p.61). As medidas do perímetro corporal podem ser verifica-
das isoladamente ou de maneira combinada. (PETROSKI, 2007).
De acordo com Petroski (2007, p.57), as medidas de perímetro po-
dem representar medidas de crescimento, bem como fornecer índices
de estado nutricional e níveis de gordura (através de estimativas indire-
tas). Por meio dos perímetros corporais, podemos verificar, de maneira
simples e rápida, importantes informações para o estudo da antropo-
metria em indivíduos jovens, adultos, idosos e crianças.
Pompeu (2004, p.15) coloca que os cuidados gerais para a verifica-
ção dos perímetros são: a) Marcação dos pontos anatômicos com lápis
demográfico, quando possível; b) Mensuração sempre em um ponto
fixo e preciso; c) Mensuração sempre na pele nua; d) Nunca usar fita
elástica ou com baixa flexibilidade; e) Nunca esquecer o dedo entre a
fita e a pele; f) Não fazer pressão excessiva com a fita sobre a pele e não
deixá-la excessivamente frouxa.
Como instrumento na perimetria, utiliza-se uma fita métrica flexí-
vel, não elástica, com precisão milimétrica. Petroski (2007) sugere que
tenha 7 cm de largura e que, no caso de crianças, seja mais fina, possi-
bilitando a adaptação à depressão entre o processo estiloide do rádio,
a ulna e os carpos (p.58).
Os principais perímetros são o do tórax, abdominal, quadril, braço
(estendido ou fletido), antebraço, punho, coxa e perna. (MONTEIRO,
2004; POMPEU, 2004; PETROSKI, 2007).

100
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

De acordo com Pompeu (2004, p.15), estas dobras devem obedecer


à padronização que segue:

• Torácico: Pode ser medido no nível do mesoesternal para o gru-


po masculino, ou do xifoidal para o feminino.
I) Normal: ao final de uma expiração;
II) Máximo ou inspiratório: medido ao final de uma inspiração
máxima;
III) Mínimo ou expiratório: medido ao final de uma expiração
máxima;
• Abdominal: medida perpendicular no nível da cicatriz umbilical;
• Quadril: fita passando pelos pontos trocantérios direito e es-
querdo;
• Braço:
I) Estendido: braço ao longo do corpo, mede-se no ponto me-
soumeral com o braço em contração;
II) Fletido: ombro e cotovelo em ângulo reto, mede-se o ponto
de maior volume em contração, ou relaxamento;
• Antebraço: circunferência máxima com o cotovelo em extensão;
• Punho: medida no nível dos processos estiloides do rádio e do
cúbito;
• Coxa: ponto médio entre os pontos trocantério e tibial, marcan-
do-se medialmente e colocando a borda inferior da fita sobre a
marcação;
• Perna: medida no maior volume, estando o indivíduo em pé.

Através da perimetria, é possível identificar padrões de saúde, se-


gundo índices construídos para este fim. Os mais comuns são o IMC e
o RCQ.

101
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Indicadores de Saúde (IMC e RCQ)

Muitas doenças são causadas pelo desequilíbrio na balança ener-


gética (relação entre a energia gasta e consumida pelo indivíduo). Uma
nutrição inadequada e o sedentarismo proporcionam as condições
ideais para o acometimento de uma série de doenças, consequência
da obesidade e sobrepeso. (LESSA; MONTENEGRO, 2008). Indivíduos
obesos e com excesso de adiposidade no abdômen apresentam uma
maior associação a outros fatores de risco cardiovascular envolvidos
na síndrome metabólica como a hipertensão arterial, diabetes melli-
tos, dislipidemia. (SOUZA et al., 2003; PITANGA, 2008). Ainda assim,
muitos distúrbios podem ser relacionados a uma balança energética
negativa, o que levaria supostamente a uma desnutrição, aspecto tão
grave quanto a obesidade.
Dois indicadores de saúde bastante utilizados, e que possuem fácil
aplicabilidade e validade são os Índice de Massa Corporal (IMC) e a Re-
lação Cintura-Quadril (RCQ).

• IMC

O Índice de Massa Corporal (IMC), ou Índice de Quetelet, é utilizado


para avaliar o peso relativo à estatura, sendo calculado pela razão en-
tre o peso corporal em quilos e a estatura em metros quadrados [peso
(kg)/ estatura (m)²]. (FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008).
Os valores do IMC são eficientes para diagnosticar sobrepeso e obe-
sidade e também desnutrição energética crônica. (PITANGA, 2008). É
importante entender que o IMC é um bom indicador em níveis popula-
cionais, não sendo o melhor indicador para atletas, pois ele não consi-
dera a composição corporal. Ainda assim, é o índice recomendado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) como um indicador de gordura
corporal, sendo prático e pouco custoso. (FONTOURA; FORMENTIN;
ABECH, 2008).

102
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome


Metabólica (ABESO) fez uma adaptação da classificação da OMS (Ta-
bela 1):

Tabela 1. Classificação do peso pelo IMC

Classificação IMC (kg/m2) Risco de comorbidades


Baixo peso < 18,5 Baixo
Peso normal 18,5-24,9 Médio
Sobrepeso ≥ 25 -
Pré-obeso 25,0 a 29,9 Aumentado
Obeso I 30,0 a 34,9 Moderado
Obeso II 35,0 a 39,9 Grave
Obeso III ≥ 40 Muito grave
Fonte: ABESO (2009).

A partir da avaliação antropométrica e constatação de um diag-


nóstico de sobrepeso, o Profissional de Educação Física pode planejar
suas ações com mais subsídios para prescrição. Uma ação com boa
aplicabilidade e efetividade são os grupos de caminhada para indiví-
duos em situação de sobrepeso. Dependendo da classificação deste
sobrepeso, pode ser necessário subdividir o grupo, visto que, muitas
vezes, um pré-obeso tem um condicionamento cardiorrespiratório e
uma condição mio-osteoarticular melhor que um obeso grau III, por
exemplo. Desta forma, o que pode ser estímulo para um indivíduo,
pode não ser para outro. Esta avaliação dependerá da sensibilidade
e experiência do profissional. É possível, ainda, que a discrepância no
condicionamento dos participantes seja melhor visualizada apenas
após a primeira intervenção. Ainda sobre o IMC, é interessante utilizá-lo
também como um instrumento motivacional e de ampliação de cons-
ciência, sendo apresentado ao usuário dos serviços do NASF de modo
comparativo e fazendo ligações com a conduta do mesmo, exemplo:
“Nestes dois meses em que você participou do grupo de caminhadas,

103
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

seu IMC baixou em dois pontos, continue se esforçando, você pode me-
lhorar ainda mais!”.

• RCQ

A Relação Cintura-Quadril (RCQ), também conhecida como Índice


de Cintura-Quadril ou ainda Razão Circunferência Cintura-Quadril, é
um importante indicador no contexto da saúde. Abordaremos neste
livro a primeira nomenclatura, Relação Cintura-Quadril (RCQ).
Trata-se de uma relação (ou proporção) da cintura para o quadril.
Está fortemente associada à gordura visceral e parece ser um índice
aceitável de gordura intra-abdominal. (FONTOURA; FORMENTIN; ABE-
CH, 2008). Pompeu (2004) coloca que este índice é fortemente associa-
do a doença arterial coronariana, tanto para mulheres (r = 0,80) como
para homens (r = 0,95), podendo ainda ter relação com diabetes tipo II,
hipertensão, câncer endometrial e colesterol elevado. Pitanga (2008)
coloca que o RCQ é um forte preditor de morte prematura e doenças
cardiovasculares, podendo ser usado como índice do nível de adiposi-
dade, mas não independentemente das concentrações de colesterol e
da pressão sanguínea (p.141).
As circunferências são medidas em centímetros e, após sua mensu-
ração, ambos os valores são aplicados na fórmula abaixo e classifica-
dos em uma tabela de normalidade.

Cintura (cm)
RCQ =
Quadril (cm)

Após calculado o valor da Relação Cintura/Quadril (RCQ), utilizam-


-se as Tabelas 2 e 3 para classificar o risco para desenvolvimento de
doenças cardiovasculares, de acordo com a idade e o sexo do indiví-
duo.

104
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Tabela 2. Classificação da RCQ (Relação Cintura-Quadril) para mulheres

RCQ para Mulheres


Idade Baixo Moderado Alto Muito Alto
20-29 < 0,71 0,71 a 0,77 0,78 a 0,82  > 0,82
30-39 < 0,72 0,72 a 0,78 0,79 a 0,84 > 0,84
40-49 < 0,73 0,73 a 0,79 0,80 a 0,87 > 0,87
50-59 < 0,74 0,74 a 0,81 0,82 a 0,88 > 0,88
> 59 < 0,76 0,76 a 0,83 0,84 a 0,90 > 0,90
Fonte: Bray e Gray (1988, p.432).

Tabela 3. Classificação da RCQ (Relação Cintura-Quadril) para homens

RCQ para Homens


Idade Baixo Moderado Alto Muito Alto
20-29 < 0,83   0,83 a 0,88 0,89 a 0,94 > 0,94
30-39 < 0,84   0,84 a 0,91 0,92 a 0,96 > 0,96
40-49 < 0,88   0,88 a 0,95 0,96 a 1,00 > 1,00
50-59 < 0,90   0,90 a 0,96 0,97 a 1,02 > 1,02
> 59 < 0,91   0,91 a 0,98 0,99 a 1,03 > 1,03
Fonte: Bray e Gray (1988, p.432).

Por fim, a Tabela 4 traz uma síntese das tabelas acima, conside-
rando o valor limítrofe quanto ao risco de desenvolver doenças car-
diovasculares. Cabe salientar que, embora esteja como normal na
classificação, o aumento do valor encontrado, em ambos os sexos,
está diretamente relacionado com o aumento no risco, conforme ex-
presso nas Tabelas 2 e 3.

105
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Tabela 4. Classificação da RCQ (Relação Cintura-Quadril)

Cintura/Quadril (cm)
Classificação
Homens Mulheres
Normal Até 0,94 Até 0,82
Fonte: Bray e Gray (1988, p.432).

b) Respostas Cardiovasculares (VO2 máx)

A aptidão cardiorrespiratória é considerada como um dos mais


importantes componentes da aptidão física relacionada à saúde. Sua
melhoria e manutenção devem estar entre os principais objetivos de
qualquer programa sistemático de exercícios, visto que uma adequada
aptidão cardiorrespiratória está associada a uma menor ocorrência de
distúrbios orgânicos. (MONTEIRO, 2004).
Inúmeros são os protocolos para verificar a capacidade cardiovas-
cular do indivíduo. Um importante preditor da capacidade cardior-
respiratória é o VO2 máximo, também chamado de potência aeróbia
máxima. (MONTEIRO, 2004). De acordo com Astrand e Rodahl (1986), o
VO2 máximo reflete a maior quantidade de oxigênio que um indivíduo
é capaz de utilizar em um esforço físico, respirando ao nível do mar.
Este indicador pode ser medido diretamente ou estimado através de
equações preditivas que se baseiam na resposta da Frequência Cardía-
ca (FC) em cargas padronizadas de esforço, no tempo de permanência
em um protocolo, nas distâncias percorridas em testes com tempos fi-
xados ou mesmo no tempo gasto para percorrer determinada distância
ou estímulo. (MONTEIRO, 2004).
Pompeu (2004) coloca que, durante a realização dos testes, inúme-
ras variáveis podem influenciar sua execução, a se destacarem as con-
dições ambientais (temperatura e umidade relativa do ar); climáticas
(recomenda-se realizar os testes em horários menos quentes e sem
vento); o sexo (as mulheres apresentam em torno de 70 a 80% da po-
tência aeróbia máxima em valores absolutos [L/min] e de 80 a 85% em

106
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

valores relativos [mL/kg/min]); e a idade (o VO2 máx e a capacidade de


recuperação aumentam proporcionalmente ao peso, dos seis aos 18
anos e, a partir dos 13-14 anos, surge a diferença na potência aeróbia
entre os sexos. Outra questão importante é que, aos 20 anos, é atingida
a mais elevada potência aeróbia [VO2máx], sendo esta mantida até os
30-40 anos, a depender dos hábitos de atividade física do indivíduo).
Fontoura, Formentin e Abech (2008) trazem como necessária a mar-
cação prévia do local de realização do teste, e, ainda, a importância
deste não ser acidentado, com aclives ou declives. O nível individual de
motivação pode ter uma influência substancial no resultado dos testes.
Por fim, caso o avaliado sinta qualquer desconforto, o mesmo deve in-
terromper o processo a qualquer momento.
De antemão, os protocolos a serem selecionados devem considerar
a estrutura presente no município, passíveis de serem aplicados pelos
Profissionais de Educação Física pertencentes ao NASF. As sugestões
aqui realizadas consideraram a validade dos protocolos e a estrutura
necessária para a execução do mesmo. Contudo, serão abordados o
Protocolo da Milha (1.600 metros) e o Teste de Cooper (12 minutos). Es-
tes dois testes de campo permitem a estimativa da potência aeróbica
máxima, por meio do VO2 máximo do indivíduo, com uma opção para
aquele indivíduo com maiores dificuldades de realizar atividade física
(milha) ou aqueles em melhores condições de saúde (Cooper), ainda
que este último possa ser usado no caso de caminhada.

Quadro 15. Protocolos para avaliar aptidão cardiorrespiratória

Protocolo Faixa etária Características


Teste de 1 Milha 20 a 69 anos Sedentários e idosos
Teste de Cooper Todas Saudáveis e/ou condicionados

107
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Teste de 1 milha (Rockport Walk)

Trata-se de um teste recomendado para pessoas de 20 a 69 anos de


idade, e por envolver uma distância curta, de aproximadamente 1.609
metros (1 milha), é especialmente utilizado para pessoas sedentárias
ou mais idosas. Neste teste o avaliado deve caminhar a distância de
uma milha no menor tempo possível, devendo ser registrado no tes-
te: o peso corporal (kg); idade (anos completos); sexo = 0 (mulheres)
e 1 (homens); tempo (para percorrer 1.600m) em minutos e frequên-
cia cardíaca (FC) ao final do teste em bpm (FONTOURA; FORMENTIN;
ABECH, 2008). Tomando nota destas informações, deve-se aplicá-las
na seguinte fórmula:

VO2 máx = 132,853 – (0,1692 X PC) – (0,3877 X Idade) + (6,3150 x


Sexo) – (3,2649 x Tempo) – (0,1565 x FC)

Sendo:
PC = Peso Corporal
Idade = anos completos
Sexo = 0 (mulheres) e 1 (homem)
Tempo = Gasto para percorrer 1.600 m, em minutos
FC = Frequência Cardíaca

Teste de Cooper

Trata-se de um protocolo a ser aplicado, geralmente a pessoas ati-


vas ou com bom nível de condicionamento cardiorrespiratório. Reco-
menda-se que o teste seja realizado em ritmo de corrida, entretanto é
permitido que seja realizado caminhando (caso o avaliado não consiga
correr durante o tempo do teste). O avaliado deve sempre buscar al-
cançar a maior distância nos 12 minutos de duração do teste. (MON-

108
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

TEIRO, 2004). É importante que a superfície de realização do teste seja


plana e previamente demarcada. Após o término do tempo do teste, o
avaliado deve parar de progredir e caminhar perpendicularmente ao
sentido da pista, para que não haja uma pausa abrupta após este tes-
te máximo. (FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008). O Profissional de
Educação Física deve verificar a distância percorrida pelo indivíduo e
colocar este valor (em metros) na fórmula abaixo para se obter a esti-
mativa da potência aeróbia através do VO2 máximo.

VO2 máx = (dist. – 504,09) / 44,78

Sendo:
dist. = distância em metros, atingida em 12 minutos

A partir da distância percorrida no Teste de Cooper e da idade do


indivíduo, é possível obter a classificação do VO2 máximo, conforme
Tabelas 5 e 6.

Tabela 5. Classificação do VO² segundo distância, por faixa-etária em


mulheres (teste de Cooper - valores expressos metros)

Faixa etária/
< 30 30-39 40-49 >50
Classificação
Muito fraco <1530 <1370 <1300 <1130
Fraco 1540-1840 1380-1670 1310-1510 1140-1350
Regular 1850-2160 1680-2000 1520-1840 1360-1670
Bom 2170-2610 2010-2480 1850-2320 1680-2160
Excelente >2620 >2490 >2330 >2170
Fonte: ACSM, 2000.

109
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Tabela 6. Classificação do VO2 máx. segundo distância, por faixa-etária


em homens (teste de Cooper - valores expressos metros)

Faixa etária/
< 30 30-39 40-49 >50
Classificação
Muito fraco <1600 <1530 <1370 <1290
Fraco 1610-2000 1540-1840 1380-1670 1300-1590
Regular 2010-2400 1850-2240 1680-2080 1600-2080
Bom 2410-2800 2250-2640 2090-2480 2090-2400
Excelente >2800 >2650 >2490 >2410
Fonte: ACSM, 2000.

Outra opção que serve para qualquer protocolo (Milha ou Cooper)


é, após o cálculo do valor estimado do VO2 máximo, classificar o va-
lor encontrado segundo as Tabelas 7 e 8, que trazem as referências do
American College of Sports Medicine, segundo a idade e sexo.

Tabela 7. Valores de referência de VO2 máx. (ml.kg.min)-1 em mulheres

Idade 18-25 26-35 36-45 46-55 56-65 >65


Excelente > 56 > 52 > 45 > 40 > 37 > 32
Bom 47-56 45-52 38-45 34-40 32-37 28-32
Média + 42-46 39-44 34-37 31-33 28-31 25-27
Média 38-41 35-38 31-33 28-30 25-27 22-24
Média - 33-37 31-34 27-30 25-27 22-24 19-22
Baixo 28-32 26-30 22-26 20-24 18-21 17-18
Muito baixo < 28 < 26 < 22 < 20 < 18 < 17
Fonte: ACSM, 2000.

110
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Tabela 8. Valores de referência de VO2 máx. (ml.kg.min)-1 em homens

Idade 18-25 26-35 36-45 46-55 56-65 >65


Excelente > 60 > 56 > 51 > 45 > 41 > 37
Bom 52-59 49-56 43-51 39-45 36-41 33-37
Média + 47-51 43-48 39-42 35-38 32-35 30-31
Média 42-46 40-42 35-38 32-34 30-31 25-28
Média - 37-41 35-39 31-34 29-31 26-29 22-25
Baixo 34-36 30-34 26-30 25-28 22-25 20-21
Muito baixo < 34 < 30 < 26 < 25 < 22 < 20
Fonte: ACSM, 2000.

Visando possibilitar uma melhor parametrização do esforço do in-


divíduo durante o teste, o Profissional de Educação Física pode lan-
çar mão da Escala de Borg (Quadro 16). Pitanga (2008) coloca que a
utilização desta escala durante os testes de esforço para a estimativa
de VO2 máximo é bastante oportuna, pois permite a identificação das
respostas do indivíduo perante o estímulo dos testes. De acordo com
Silva et al. (2011), a identificação da intensidade do esforço percebido
pode ser um indicador válido e confiável para monitorar a tolerância de
um indivíduo durante a prática de um exercício.
Embora criada para verificar a percepção subjetiva do esforço, mui-
tos estudos mostraram que a Escala de Borg pode ser adaptada e utili-
zada para verificar a percepção quanto a alguns sintomas de doenças
específicas. Foi verificado, por exemplo, que era possível quantificar a
dispneia em pacientes com asma e outras afecções respiratórias. (CA-
VALLAZZI et al., 2005; CAVALCANTE et al., 2008). BURKHALTER (1996)
mostra a aplicação da Escala de Borg em programas de exercícios vol-
tados para a reabilitação cardíaca.
Quando o Profissional de Educação Física realizar testes em grupos
que tenham algum tipo de limitação ou restrição, poderá ser aplicado
este instrumento (que quantifica de 6 a 20 o esforço subjetivo do par-
ticipante), de modo a fornecer mais um indicador durante os testes.

111
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Cabe deixar registrado que a Escala de Borg não substitui outros parâ-
metros fisiológicos bastante importantes, sendo ele um complemento
nestas informações. Antes da realização destes testes, é fundamental
que o participante tenha, por exemplo, sua pressão arterial verificada,
bem como seja questionado quanto a sua condição (psicológica e físi-
ca) naquele momento. Após o teste, é importante verificar novamente
a pressão arterial, de modo a visualizar a resposta do organismo ao
estímulo do mesmo.
Na prática, basta questionar ao avaliado “Em uma escala de zero a
20, onde zero você está totalmente descansado e 20 você está no seu
máximo, qual número representa seu esforço neste momento do teste?”.
Para facilitar este processo, você explica antes o modo como funcionará,
e, no momento do teste, ele apenas dirá o número quando você sinalizar.

Quadro 16. Escala de BORG (intensidade subjetiva de esforço)

Escala Interpretação
6
7 Extremamente leve
8
9 Muito leve
10
11 Ligeiramente leve
12
13 Um pouco pesado
14
15 Pesado
16
17 Muito pesado
18
19 Extremamente pesado
20

112
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

c) Flexibilidade

Conceitualmente, flexibilidade é a maior extensão possível de um


movimento voluntário em uma ou mais articulações. (POMPEU, 2004).
A flexibilidade é um importante componente da aptidão física relacio-
nado à saúde. (MONTEIRO, 2004; PITANGA, 2008). Acentua-se na fase
pré-púbere e não pode ser confundida com a hipermobilidade, que é a
flexibilidade excessiva, e, quando diagnosticada, pode sacrificar a esta-
bilidade e sustentação articular. (POMPEU, 2004).
De acordo com Monteiro (2004), a flexibilidade é uma qualidade fí-
sica que pode ter implicações na reabilitação terapêutica ou profiláti-
ca de casos diversos como dismenorreias, tensões neuromusculares e
lombalgias. Sobre este último, Pitanga (2008) ainda acrescenta que a
baixa flexibilidade na região sacro-ilíaca, em combinação com pouca
força/resistência muscular na região abdominal, são fortes agravantes
destes casos de dores lombares.
Para avaliar a flexibilidade, aplicam-se testes que podem ser ativos
ou passivos. Nos ativos, a ação é realizada pelo avaliado sem auxílio
externo; já, nos passivos, há auxílio externo, do avaliador. O teste ativo
mais comum é o teste “Sentar e alcançar”, também conhecido como
“Sit and reach” ou “Banco de Wells”, e o teste passivo mais comumente
aplicado é o “Flexiteste”. Considerando que, dentre os distúrbios osteo-
-mio-articular, as lombalgias atingem níveis epidêmicos na população
em geral, com prevalência estimada em 70% nos países industrializa-
dos (SILVA; FASSA; VALLE, 2004), e que o teste “Sentar e alcançar” avalia
justamente a flexibilidade da articulação do quadril e músculos para-
vertebrais e os posteriores da coxa (FONTOURA; FORMENTIN; ABECH,
2008), este livro trará este teste como instrumento de avaliação desta
valência física. Ademais, as atividades do Profissional de Educação Fí-
sica no NASF normalmente são de caráter coletivo e, além de tudo, tra-
ta-se de um teste de rápida aplicação.
Em se tratando do Flexiteste, trata-se de um método de medida e
avaliação da amplitude articular passiva máxima e que compreende

113
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

vinte movimentos articulares. (MONTEIRO, 2004). Pode ser necessário


em alguns casos específicos, que o paciente tenha que passar por uma
avaliação mais detalhada da sua flexibilidade articular (por exemplo,
pacientes acidentados que ficaram com sequelas; pacientes pós-ope-
rados; pacientes que sofreram AVC, dentre outros). Nestes casos, é
estritamente recomendável que o Profissional de Educação Física tra-
balhe junto com outros profissionais do NASF, como o fisioterapeuta,
por exemplo, e, a julgar pela avaliação dos profissionais envolvidos, o
Flexiteste pode ser necessário.
O teste “Sentar e alcançar” consiste nos seguintes passos, de acordo
com Fontoura, Formentin e Abech (2008, p.140):

• O avaliado senta-se à frente da caixa, apoia os pés no local indi-


cado e mantém os joelhos estendidos (a fita métrica deve estar
posicionada em 38 cm para adultos e 22 cm em crianças);
• O avaliado pode fazer um ou dois movimentos para familiariza-
ção com o teste;
• Os pés ficam afastados, aproximadamente na linha do quadril;
• O avaliado pode deixar as mãos uma ao lado da outra, parcial-
mente sobrepostas, sobre o avanço da caixa;
• Ao sinal do avaliador, o avaliado deve, com ambas as mãos,
avançar lentamente para a frente, tão longe quanto possível,
sem fazer movimentos de insistência, ou sem uma das mãos
avançar mais que a outra;
• Os joelhos não devem se flexionar ao longo do movimento;
• Deve ser dado um intervalo de 30 segundos entre as tentativas;
• Caso o avaliado não consiga alcançar o anteparo do banco, é
considerado inapto para o teste;
• Pode ser realizado com a fita diretamente no chão (38 cm para
adultos e 22 cm para crianças) e uma fita deve ser fixada no
chão, marcando onde seria o apoio dos pés.

114
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Após a realização das três tentativas, e de registrada a melhor de-


las, o avaliador verificará a classificação nas Tabelas 9 e 10, conforme o
sexo e idade do indivíduo.

Tabela 9. Valores de referência para o teste sentar e alcançar – mulheres

Índice/Idade 18-25 26-35 36-45 46-55 56-65 >65


Excelente > 61 > 58 > 56 > 53 > 53 > 51
Boa 53-61 51-58 48-56 46-53 46-53 46-51
Média + 51-52 48-50 44-47 43-45 43-45 41-45
Média 46-50 46-47 41-43 38-42 38-42 36-40
Média - 43-45 41-45 36-40 36-37 33-37 30-35
Pequena 35-42 36-40 27-35 28-35 25-32 23-29
Muito pequena < 34 < 34 < 26 < 27 < 24 < 22
Fonte: Morrow et al., 2003, p.221 apud Fontoura, Formentin e Abech, 2008, p.142.

Tabela 10. Valores de referência para o teste sentar e alcançar – homens

Índice/Idade 18-25 26-35 36-45 46-55 56-65 >65


Excelente > 51 > 51 > 48 > 48 > 43 > 43
Boa 47-51 46-51 44-48 40-45 36-43 33-42
Média + 42-46 41-45 39-43 35-39 31-35 28-32
Média 37-41 36-40 34-38 30-34 25-30 23-27
Média - 33-36 31-35 29-33 24-29 20-25 20-22
Pequena 26-30 26-30 23-28 18-23 13-19 13-17
Muito pequena < 26 < 25 < 22 < 18 < 12 < 12
Fonte: Morrow et al., 2003, p.221 apud Fontoura, Formentin e Abech, 2008, p.142.

De acordo com Fontoura, Formentin e Abech (2008), o banco de


Wells deve possuir 45 cm de largura, 35 cm de altura, 40 cm de profun-
didade e um avanço de 25 cm.

115
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Banco de Wells

Marcação no solo, quando não tiver o Banco de Wells

116
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

d) Resistência Muscular Localizada (RML)

A resistência muscular, ou força resistente, é a capacidade do mús-


culo ou grupamento muscular executar determinado movimento, de
maneira correta e contínua, durante o maior tempo possível. (MONTEI-
RO, 2004).
A manutenção de níveis adequados de força e resistência muscu-
lar tornam as pessoas capazes de desenvolverem tarefas com menor
esgotamento fisiológico, prevenindo o acometimento de inúmeros ti-
pos de doenças neuromusculares e musculoesqueléticas. (MONTEIRO,
2004). Fontoura, Formentin e Abech (2008), com base em outros estu-
dos da área, colocam a resistência muscular como a capacidade de um
grupo muscular executar contrações repetidas por período de tempo
suficiente para causar a fadiga muscular ou manter estática uma por-
centagem específica da contração isométrica voluntária máxima, por
um período de tempo prolongado.
De acordo com Pereira e Gomes (2003, p.326), os testes de resistên-
cia muscular são aqueles em que diversas contrações são realizadas
com cargas submáximas. Embora muitas vezes classificados como
de força, estes testes são capazes de mensurar a resistência de força
muscular, sendo classificados, segundo Fontoura, Formentin e Abech
(2008), através do:

I) Tempo, onde são executados o máximo de gestos motores com-


pletos (repetições) em um tempo pré-determinado; e
II) Exaustão, onde o avaliado realiza o maior número de repetições
até a fadiga.

Monteiro (2004) ainda traz um terceiro tipo, que classifica através das:

III) Repetições, onde o número de execuções é fixado e deve ser re-


alizado no menor tempo possível.

117
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Os testes mais tradicionalmente adotados para medir a resistência


muscular são os abdominais e flexões de braços, principalmente por
envolverem grupamentos musculares muito utilizados no dia a dia.
(MONTEIRO, 2004; FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008; PITANGA,
2008). Além disso, requerem poucos recursos para sua realização, tor-
nando acessível sua aplicação.
Considerando que estes testes: 1) focam em grandes musculaturas,
de uso essencial para as ações cotidianas; 2) são de fácil aplicação e
baixo custo; e 3) são amplamente testados no mundo científico, trare-
mos ambos neste livro, como possibilidades para os NASF, lembrando
que cabe ao Profissional de Educação Física identificar a necessidade
e as condições do indivíduo para realizá-los, pois podem ser bastante
extenuantes e causar danos, se não consideradas as idiossincrasias do
avaliado. A menor chance de levar algum prejuízo à integridade física
do indivíduo é motivo para a não adoção destes testes. Lembre-se que
o objetivo maior aqui é a saúde!

Teste Abdominal de 1 minuto

Trata-se de um teste que permite a avaliação da musculatura ab-


dominal, fundamental para o equilíbrio estrutural de todo o corpo,
estando envolvida na maioria dos movimentos ao longo do dia a dia.
Fontoura, Formentin e Abech (2008) alertam para o fato de que sua exe-
cução não utiliza apenas os músculos do abdominal, mas também os
flexores do quadril.
Para sua execução, Pitanga (2008) destaca como materiais neces-
sários um colchonete por cada avaliado, e um cronômetro por cada
momento de teste. Na realidade do NASF, é possível que, em um grupo
numeroso, o professor explique a todos o modo de realização do teste,
dividindo o grupo em duplas, de modo que um indivíduo execute o
teste e o outro o auxilie, segurando seus pés e contando as execuções
corretas executadas. O professor de educação física cuidaria do tempo
do teste e fiscalizaria as execuções dos avaliados, circulando no local.

118
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Depois as duplas trocariam de posição, para que todos concluíssem


este processo (lembrando que só participariam do teste aqueles em
que seja necessária a investigação destas variáveis, e, ainda, aqueles
julgados condicionados para tal).
Quanto a sua execução, é um teste que consiste em executar o maior
número de repetições no período de 1 minuto. (FONTOURA; FORMEN-
TIN; ABECH, 2008). A partir da quantidade de repetições executadas
corretamente, é possível classificar a resistência muscular localizada
do abdômen, sempre considerando o sexo do indivíduo (Tabelas 11 e
12).
Os procedimentos para a realização do teste, segundo Pitanga
(2008, p.187), são:

• Colocar o avaliado deitado, com os joelhos flexionados e pés


apoiados inteiramente no chão;
• Apoiar as mãos na região posterior do pescoço, sem imprimir
força (outra possibilidade aqui é a de colocar os braços cruzados
na frente do tronco);
• Manter os pés presos (normalmente com o auxílio do avaliador
ou outra pessoa que realizará a avaliação posteriormente);
• Elevar o tronco até a posição sentada (45º em relação às pernas)
e retornar à posição inicial;
• É importante que só sejam contadas as execuções completas, de
modo que os cotovelos encostem nas coxas.

119
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Execução do Teste de resistência Abdominal de 1 minuto

Após a realização do teste, verificar nas Tabelas 11 e 12, de acordo


com o sexo, a classificação do resultado do teste.

Tabela 11. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (feminino)

Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco


20-29 > 44 39-43 33-38 29-32 0-28
30-39 36-43 31-35 25-30 21-24 0-20
40-49 31-35 26-30 19-25 16-18 1-15
50-59 26-30 21-25 15-20 11-14 0-10
> 60 21-25 16-20 10-15 6-9 0-5
Fonte: Pollock, Wilmore e Fox (1994).

120
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Tabela 12. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (masculino)

Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco


20-29 > 48 43-47 37-42 33-36 0-32
30-39 40-47 35-39 29-34 25-28 0-24
40-49 35-39 30-34 24-29 20-23 0-19
50-59 30-34 25-29 19-24 15-18 0-14
> 60 25-29 20-24 14-19 1-10 0-9
Fonte: Pollock, Wilmore e Fox (1994).

Considerando que o NASF atende a uma população variada, em to-


das as faixas etárias, cabe considerar a possibilidade da aplicação do
teste de resistência muscular localizada (abdominal) para crianças e
adolescentes. Pitanga (2008) traz uma classificação adaptada de Kiss
(1987) para meninos e meninas, com idade entre 7 e 18 anos (Tabelas
13 e 14).

Tabela 13. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (feminino, 7 a 18


anos)

Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco


9-10 > 35 30-34 25-29 21-24 Até 20
11-12 > 37 32-36 29-31 22-28 Até 21
13-14 > 39 33-38 30-32 23-29 Até 22
15-16 > 39 32-38 29-31 24-28 Até 23
17-18 > 40 33-39 30-32 25-29 Até 24
Fonte: Kiss (1987) apud Pitanga (2008).

121
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Tabela 14. Normas para o Teste Abdominal 1 minuto (masculino, 7 a


18 anos)

Idade Excelente Bom Médio Regular Fraco


9-10 > 40 35-39 30-34 25-29 Até 24
11-12 > 43 37-42 33-36 26-32 Até 25
13-14 > 47 43-46 36-42 28-36 Até 27
15-16 > 49 44-48 40-43 35-39 Até 34
17-18 > 49 42-48 38-41 35-37 Até 34
Fonte: Kiss (1987) apud Pitanga (2008).

Teste de Flexão de Braços

O teste de flexão de braços mensura a resistência dos membros su-


periores e tronco. Para Fontoura, Formentin e Abech (2008, p.131), tra-
ta-se de um teste que consiste na execução contínua do maior número
de repetições, até a exaustão. Outra questão importante a ser colocada
é que a posição inicial do teste modifica para homens e mulheres. No
caso das mulheres, o ponto de apoio nos membros inferiores será os
joelhos, enquanto, nos homens, será os pés.
Assim como no Teste Abdominal de 1 minuto, só serão contadas
as repetições completas, com execução correta. A posição inicial
consiste em o indivíduo ficar com as duas mãos em contato com o
solo, com uma abertura pouco maior que a dos ombros (para alguns
autores, na mesma linha dos ombros), e com os braços estendidos.
O apoio dos membros inferiores para os homens será a ponta dos
pés, ficando os dois pés lado a lado; e, para as mulheres, poderá ser
os joelhos, também lado a lado. Para a realização de uma execução,
os cotovelos devem flexionar-se (cotovelo 90º), sendo abduzidos em
relação ao tronco neste movimento descendente (até o peitoral se
aproximar do solo). Alguns autores sugerem a utilização de um taco
de madeira no solo, na altura do peitoral, de modo que a execução

122
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

seja contada quando o tronco toca neste taco. É muito importante


cuidar do alinhamento do tronco e do quadril, de modo que ambos
mantenham sempre um ângulo de 180º durante a execução da flexão
de braços.

Execução da flexão de braços para os homens e para as mulheres

O avaliador contabilizará uma execução quando o avaliado esten-


der completamente o braço (posição inicial). Quando a execução não
for realizada com a técnica adequada, não será contada. A contagem
termina quando o avaliado chega à exaustão voluntária máxima ou
quando as execuções ficarem descaracterizadas. Após o término do
teste, o resultado é verificado nas tabelas de classificação (Tabela 15
e 16).

123
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Tabela 15. Classificação para Teste de flexão de braços (feminino)

Acima da Abaixo da
Idade Excelente Média Ruim
média média
15-19 ≥ 33 25-32 18-24 12-17 ≤ 11
20-29 ≥ 30 21-29 15-20 10-14 ≤9
30-39 ≥ 27 20-26 13-19 8-12 ≤7
40-49 ≥ 24 15-23 11-14 5-10 ≤4
50-59 ≥ 21 11-20 7-10 2-6 ≤1
60-69 ≥ 17 12-16 5-11 2-4 ≤1
Fonte: Pollock e Wilmore (1993) apud Monteiro (2004).

Tabela 16. Classificação para Teste de flexão de braços (masculino)

Acima da Abaixo da
Idade Excelente Média Ruim
média média
15-19 ≥ 39 29-38 23-28 18-22 ≤ 17
20-29 ≥ 36 29-35 22-28 17-21 ≤ 16
30-39 ≥ 30 22-29 17-21 12-16 ≤ 11
40-49 ≥ 22 17-21 13-16 10-12 ≤9
50-59 ≥ 21 13-20 10-12 7-9 ≤6
60-69 ≥ 18 11-17 8-10 5-7 ≤4
Fonte: Pollock e Wilmore (1993) apud Monteiro (2004).

O teste de flexão de braços, assim como Teste Abdominal de 1


minuto, deve ser realizado quando houver uma justificativa plausível
para a sua execução. Além disso, é cabível identificar com os demais
profissionais da equipe NASF, ESF e através do prontuário no sistema
E-SUS, se há quaisquer riscos do indivíduo participar deste e dos de-
mais testes.

124
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

e) Força Muscular

Para avaliar a força muscular, inúmeras são as técnicas citadas na


literatura. A utilização destas técnicas está estritamente relacionada
com o tipo de força que se pretende testar. Considerando que, para
testar a força dinâmica, a maioria dos protocolos (inclusive o preco-
nizado pela ACSM) recomenda o aparelho supino e o Leg press, e que
estes equipamentos não se farão disponíveis na realidade do NASF, a
sugestão de parâmetro a ser usado no âmbito da valência força é a for-
ça isométrica, possível com a aquisição de dinamômetro de preensão
manual e dinamômetro de tronco.

Teste de Preensão Manual

Trata-se de um teste que avalia a força da mão esquerda e direita,


através da preensão manual, realizada em um dinamômetro. O pro-
tocolo sugere que haja três tentativas para cada mão, de modo que
a tentativa de cada mão deve ser intercalada. Cada tentativa tem em
média 7 a 8 segundos de contração isométrica voluntária máxima,
sendo contado o melhor valor de cada mão. (FONTOURA; FORMENTIN;
ABECH, 2008).
Quanto ao manejo do dinamômetro, é recomendado o ajuste do
mesmo para o tamanho da mão do avaliado. O primeiro ponto de
apoio deste instrumento deve ficar entre o polegar e o indicador, e o
segundo apoio deve ficar nas falanges médias dos dedos indicador,
médio e anelar. Estes procedimentos podem ser aplicados também
para crianças.

125
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Dinamômetro de preensão manual (digital e analógico


respectivamente)

Após a identificação dos valores obtidos no teste, o avaliador classi-


fica o resultado segundo a tabela normativa. (FONTOURA; FORMENTIN;
ABECH, 2008; PITANGA, 2008). (Tabela 17 e 18).

Tabela 17. Normas para teste de preensão manual - feminino

Força de preensão manual


MULHERES
Esquerda (kg) Direita (kg)
Excelente > 37 > 41
Bom 34 - 36 38 - 40
Regular 22 - 33 25 - 37
Fraco 18 - 21 22 - 24
Muito Fraco < 18 < 22
Fonte: Corbin et al. (1978) apud Pitanga (2008).

126
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Tabela 18. Normas para teste de preensão manual - masculino

Força de preensão manual


HOMENS
Esquerda (kg) Direita (kg)
Excelente > 68 > 70
Bom 56 - 67 62 - 69
Regular 43 - 55 48 - 61
Fraco 39 - 42 41 - 47
Muito Fraco < 39 < 41
Fonte: Corbin et al. (1978) apud Pitanga (2008).

Teste de Dinamometria de Tronco

Trata-se de um teste capaz de mensurar a força isométrica dos ere-


tores da coluna e extensores do quadril, através do dinamômetro. As-
sim como o dinamômetro de preensão manual, este requer ajustes no
que diz respeito ao tamanho do braço do equipamento de acordo com
a estatura do avaliado. Fontoura, Formentin e Abech (2008) colocam
que a posição padrão é aquela em que o avaliado empunha a pegada
(pronada); mantém os joelhos levemente flexionados, em aproximada-
mente 30º; e os cotovelos estendidos.
A partir desta posição, o avaliado, ao sinal do avaliador, deve fazer
sua força máxima para estender o quadril e a coluna, mantendo a con-
tração isométrica voluntária máxima durante aproximadamente 7 a 8
segundos. Assim como no Teste de preensão manual, são realizadas
três tentativas (com intervalos de 30 a 60 segundos entre elas), regis-
trando-se a melhor delas e classificando-se o resultado obtido nas Ta-
belas 19, de acordo com o sexo. Os valores obtidos também são dados
em quilos (kg).

127
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Modelos de dinamômetro e tronco

Tabela 19. Normas para teste de dinamometria de tronco

Classificação Homens Mulheres


Excelente > 209 > 111
Bom 177 - 208 98 - 110
Mediano 126 - 176 52 - 97
Regular 91 - 125 39 - 51
Baixo < 91 < 39
Fonte: Adaptado de Guedes e Guedes (2006).

f) Avaliação Postural

De acordo com Fontoura, Formentin e Abech (2008, p.185), a pos-


tura é caracterizada como: “a manutenção dos componentes corporais
mediante forças externas; a manutenção das curvas da coluna (lordoses
e cifoses) mediante forças externas; o equilíbrio dos componentes corpo-
rais (cabeça, tronco e membro), parados ou em deslocamento, sem dor”.
Pompeu (2004) traz que a aplicação da avaliação postural dentro
do programa de educação física pode ser classificada em três catego-

128
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

rias: os testes de postura estática anteroposterior; os testes de proje-


ção; e a avaliação postural requintada. Vale lembrar que, no contexto
do NASF, os profissionais devem atuar de maneira conectada com os
demais especialistas, ou seja, além do processo avaliativo postural ter
a necessidade de estar inserido das estratégias da equipe, com um pro-
pósito bem definido, ele pode ser realizado de maneira compactuada
com outros profissionais, como os fisioterapeutas, médicos geriatras,
médicos do trabalho, dentre outros profissionais.
Considerando a factibilidade de aplicar uma avaliação postural aos
usuários da Atenção Básica em Saúde, considero, aqui, dois pontos a
serem considerados neste âmbito:

 Avaliação no Simetógrafo ou Posturógrafo: Trata-se de uma ava-


liação postural subjetiva, realizada em um instrumento compos-
to por sucessivas linhas paralelas na vertical e na horizontal, que
se cruzam, formando ângulos perfeitos de 90º. Pode ser com-
posto por uma placa de acrílico demarcada com estas linhas;
por uma armação com arames que formam estas linhas; ou ain-
da, pode ser construído através da demarcação devidamente
cuidadosa destas linhas em uma parede. Fontoura, Formentin
e Abech (2008) colocam que a base do posturógrafo apresenta
duas linhas principais (mais espessas) e linhas secundárias (mais
finas), numeradas, de dentro para fora, de 1 a 3. Cada quadran-
te tem 5 cm². Esta avaliação é aplicada após identificado algum
desvio postural em exames subjetivos. Os pontos anatômicos
a serem demarcados, conforme sugerido por Pompeu (2004) e
Fontoura, Formentin e Abech (2008), são:

Vista anterior
• Ponto interocular;
• Extremidade esternal das clavículas direita e esquerda;
• Acrômios;

129
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

• Processo xifoide;
• Espinha ilíaca ântero-posterior direita e esquerda;
• Patela (bordas superior e inferior).

Vista lateral direita e esquerda


• Lóbulo da orelha (logo abaixo do meato auditivo);
• Acrômio (dois dedos à frente do acrômio – medial);
• Trocânter maior do fêmur;
• Cabeça da fíbula;
• Frente do maléolo lateral.

Vista posterior
• Décima vértebra dorsal;
• Ponto acromial direito e esquerdo;
• Bordas medial e lateral das escápulas;
• Processos espinhosos (ou espaços intervertebrais);
• Espinhas ilíacas póstero-superiores;
• Linha glútea (prega interglútea);
• Linha poplítea;
• Tendão calcâneo (Aquiles).

Para a avaliação, recomenda-se que o avaliado esteja com


roupa de banho. Os pés devem estar na mesma distância
de afastamento, na linha dos quadris, de modo equilibra-
do. É ainda importante que o avaliado esteja posicionado
com o maléolo sobre a linha secundária 1 do posturógra-
fo (estas linhas estão expressas na base do posturógrafo).
O avaliado deve ser colocado e corretamente posicionado
no posturógrafo pelo avaliador. Após posicionado, o avalia-

130
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

dor deve solicitar que o avaliado fique em posição confor-


tável e equilibrada. É importante que o avaliado adote uma
postura habitual. Seguindo estes passos, na vista anterior é
recomendado que o fio de prumo passe pelo meio da cabe-
ça e pela linha Alba, projetando-se no meio do polígono de
sustentação (entre os pés). Na vista posterior o fio de pru-
mo deverá passar no meio da cabeça, no meio das espinhas
vertebrais e entre o polígono de sustentação. Na vista lateral
o fio de prumo passará pelo lobo da orelha, acrômio, termi-
nando por passar no maléolo lateral. (FONTOURA; FORMEN-
TIN; ABECH, 2008).

Avaliação no posturógrafo (vista anterior, lateral direita, posterior,


lateral esquerda)

Na análise do plano frontal, é possível identificar um quadro


de escoliose (a partir de uma assimetria entre os acrômios
ou das cristas ilíacas, por exemplo). Na posição lateral (pla-
no sagital), podemos observar, por meio dos pontos ana-
tômicos, a acentuação de curvaturas da coluna vertebral,
bem como alterações posturais dos joelhos, tornozelos e
pés. Aqui se enquadrariam problemas como a hiperlordose
cervical, hiperlordose lombar e a hipercifose torácica.

131
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

 Avaliação de pontos-chave
Fontoura, Formentin e Abech (2008, p.192) colocam como pon-
tos importantes a serem avaliados:

Vista anterior
• Pés: normais, invertidos, evertidos, planos, cavos, equinos,
halux valgo;
• Joelhos: normais, rotados internamente, assimétricos, val-
go, varo;
• Quadril: simétrico, lateroversão pélvica direita e esquerda;
• Abdômen: normal, proeminente, linha alba normal ou incli-
nada;
• Tórax: normal, deprimido etc.;
• Ombros: simétricos, assimétricos, protusos, rotados inter-
namente, elevados;
• Cabeça: normal, inclinada (esquerda, direita);
• Linha dos dedos da mão: direita mais baixa, esquerda mais
baixa.

132
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Vista lateral
• Pés: normais, invertidos, evertidos, planos, cavos;
• Joelhos: normais, fletidos, hiperestendidos;
• Abdômen: normal, proeminente;
• Quadril: normal, antevertido, retrovertido, antepulsionado;
• Coluna: (lombar, dorsal e cervical) normal, atitude hiperlor-
dótica e/ou hipercifótica, retificada;
• Cabeça: normal, projetada à frente, etc.

Vista posterior
• Pés (calcâneo): invertidos, evertidos, planos, cavos;
• Joelhos: normal, valgo, varo;
• Quadril: simétrico, laterovertido;
• Triângulo de Thalles: normal, direito maior, esquerdo maior;
• Coluna: normal, atitude escoliótica em S ou C (lado da con-
vexidade e região);
• Escápulas: normais, aladas, rotadas, rotadas inferiormente,
rotadas superiormente, descoladas;
• Ombros: normais, assimétricos;
• Cabeça: normal, inclinada (direita/esquerda).

Em ambas as avaliações posturais propostas, é possível realizar o


registro fotográfico. Isso permite posteriores análises e comparação
entre um período avaliativo e outro. Para tal, é necessário que o regis-
tro siga dois passos básicos: a) a máquina deve ser colocada na mesma
posição e distância do avaliado em todas as avaliações; e b) quando
for registrar uma posição no posturógrafo, deixar a máquina à metade
da altura da medida do mesmo. O registro fotográfico dificilmente será
formalizado no processo diário de trabalho das equipes NASF, entre-

133
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

tanto nada impede que o Profissional de Educação Física, mediante


aceite do avaliado, faça estes registros.
Sobre a viabilidade destas avaliações na atenção básica, por meio
do NASF, cabe registrar que, nos casos em que o município não pos-
sua um posturógrafo, o mesmo é passível de ser construído nas uni-
dades, através de uma simples demarcação a ser realizada na pare-
de do consultório (mediante aprovação da coordenação da UBS), por
exemplo. Isso se faz, inclusive, necessário, visto que a avaliação exige
que o avaliado esteja com trajes de banho, portanto garantiria priva-
cidade. A avaliação dos pontos-chave mencionados são de extrema
importância neste processo. Sua maioria é facilmente identificada por
um profissional experiente e não há custo neste processo. Uma vez que
qualquer desequilíbrio seja previamente identificado, medidas correti-
vas podem ser adotadas. Outros profissionais podem fazer parte deste
processo, conforme colocado acima.

G) Outros testes e avaliações


Inúmeros testes e protocolos podem ser incorporados à rotina do
Profissional de Educação Física no NASF. O importante antes de tudo
é que qualquer intervenção realizada esteja prevista dentro de um pla-
nejamento maior, desprezando qualquer chance de uma ação como
essa ser uma ação pontual e isolada. Cada paciente na Atenção Básica
possui uma proposta de tratamento e ações para aprimorar sua saúde,
e, dentro disso, as ações de todos os profissionais do NASF se inter-re-
lacionam. No que tange às ações do Profissional de Educação Física,
estarão estes testes e avaliações, que deverão fornecer informações
para se usarem nas ações que serão desenvolvidas pelos profissionais
do NASF. Contudo, além dos testes aqui propostos, outros podem ser
incorporados nesta modalidade de serviços, desde que atendidas as
questões acima abordadas.
Outra questão que deve ser fortemente considerada é que a maio-
ria dos testes aqui mencionados foi elaborada para atletas e, portanto,

134
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

pressupõe um certo condicionamento físico dos avaliados. A popula-


ção atendida pelo NASF é muito variada, e sua grande maioria não terá
um condicionamento físico similar ao de um atleta. Ainda assim, estes
testes, se aplicados com consciência, respeitando as particularidades
do indivíduo e tendo sempre como objetivo maior a saúde, podem
oferecer importantes subsídios ao Profissional de Educação Física do
NASF e aos demais profissionais da equipe. Como se trata de um servi-
ço novo no SUS (desde 2008) e de complexa organização, ainda são es-
cassos na literatura os materiais com possibilidades claras de atuação
para os profissionais de educação física. Este capítulo tentou mostrar
a possibilidade do Profissional de Educação Física se apoderar de tes-
tes e protocolos já sacramentados, aplicando-os à realidade do NASF,
sempre considerando sua viabilidade e seu objetivo final, que deve ser
a saúde da população atendida.

5.2. Parâmetros para prescrição de exercício físico

O Conselho Federal de Educação Física, através das “Recomenda-


ções sobre Condutas e Procedimentos do Profissional de Educação
Física na Atenção Básica à Saúde”, classifica a intensidade do exercício
físico a partir do percentual de consumo máximo de oxigênio, ou ainda,
da frequência cardíaca durante o exercício, conforme Tabela a seguir:

135
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Tabela 20. Classificação da intensidade do exercício físico

Intensidade VO² máx FC máx Considerações


Moderada 40-60% 55/65- Para a maioria dos indivíduos,
90% exercícios nesta intensidade serão
mantidos confortavelmente e
são suficientes para aumentar a
aptidão cardiorrespiratória quando
combinados com apropriada
frequência e duração das sessões de
treinamento.
Alta Acima de Acima de Exercícios nesta intensidade são
60% 90% geralmente trabalhados na forma
de exercício intervalado (que mescla
série de exercício de intensidade
moderada e de intensidade
alta). O uso desta intensidade de
exercício é preferível para indivíduos
sem fatores de risco ou doença
estabelecida, pois a segurança
em sua prática ainda não está
claramente estabelecida.
Fonte: Adaptado de CONFEF, 2010, p.33.

Caso o parâmetro seja o VO² máximo, o valor pode ser obtido nos
testes sugeridos (Teste de 1 milha ou Teste de Cooper), ou ainda, em
outros testes. Também é possível que o indivíduo tenha realizado em
algum momento uma espirometria e, a julgar o tempo e o modo de
realização da mesma, o valor estimado do VO² máximo pode ser o utili-
zado para a prescrição. No caso de utilizar a Frequência Cardíaca como
parâmetro, podem ser utilizadas as equações de predição da frequên-
cia cardíaca máxima de Karvonen (220 – idade) ou de Tanaka (208 – (0,7
x idade)), ambas muito utilizadas na literatura e com boa correlação
entre si. (CAMARDA et al., 2008). No caso da realização de algum proto-
colo para verificar a capacidade cardiovascular (como o Teste de Coo-
per, por exemplo), cabe verificar a frequência cardíaca máxima atingi-

136
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

da, pois, se em comparação com o valor obtido nas equações acima


mencionadas (Karvonen e Tanaka), o valor da FC atingida no teste for
maior, esta será a FC adotada para a prescrição. Contudo, após o Pro-
fissional de Educação Física identificar a zona alvo do exercício a ser
praticado pelo indivíduo (de acordo com os objetivos traçados para o
mesmo), cabe ensiná-lo a verificar estes parâmetros. Como o frequen-
címetro (monitor cardíaco) é um equipamento relativamente dispen-
dioso para se ter disponível dentro dos NASF, e ainda em quantidade
suficiente para grandes grupos, recomenda-se ensinar os praticantes a
verificarem sua frequência cardíaca manualmente, podendo esta, por
exemplo, ser contabilizada num período de 15 segundos e multiplicada
por quatro (4).
Para aprofundar-se em padrões e metodologias de treinamento,
sugere-se a leitura de literatura específica. Embora este livro traga mé-
todos para obtenção de importantes parâmetros para a prescrição de
exercícios físicos, seu objetivo não é o de explorar aspectos do treina-
mento desportivo, mas sim o de mostrar aos profissionais de Educação
Física novas possibilidades de intervenção nos NASF.

137
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

6
SISTEMA E-SUS

ANTES DE FALAR DO E-SUS, é necessário fazermos um resgate do con-


texto onde o mesmo está inserido. Com o objetivo de reestruturar o
Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e otimizar o uso das
informações pelos gestores, profissionais da saúde e cidadãos, o De-
partamento de Atenção Básica (DAB) da Secretaria de Atenção à Saú-
de (SAS) do Ministério da Saúde (MS) buscou reestruturar as diretrizes
orientadoras, alinhando-as com a Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), Programa Nacional
de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ), Programa Saúde na Es-
cola (PSE), Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementa-
res (PNPIC), Política Nacional de Informação e Informática em Saúde
(PNIIS), Plano Estratégico de e-Saúde no Brasil e, ainda, integrando-as
aos sistemas de informação que compõem as Redes de Atenção à Saú-
de (RAS). (BRASIL, 2015).
Esta complexa readequação chamou-se de Estratégia E-SUS Aten-
ção Básica (E-SUS AB), que conta com dois sistemas de software para
captação de dados: o sistema de Coleta de Dados Simplificada (CDS) e
o sistema de Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), que alimentam
o Sistema de Informação em Saúde para a atenção Básica (SISAB),
substituindo o antigo SIAB. Em termos práticos, há o registro das in-
formações em saúde de forma individualizada, de modo a ser possível
o acompanhamento do histórico de atendimentos de cada usuário,

139
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

bem como a produção de cada profissional da AB. É recomendado que


uma instalação de PEC ou Centralizador Municipal processe os dados
do sistema E-SUS AB com CDS ou com PEC a serem enviados ao SISAB,
de modo a garantir a sincronização da rede local e, por conseguinte, a
gestão municipal das informações geradas na AB. (BRASIL, 2015).
Outra questão bastante relevante é a integração de vários sistemas
de informações oficiais existentes, evitando o retrabalho e otimizando
o tempo dos profissionais da saúde. Por fim, destaca-se que esta nova
composição prevê, além do registro de informação das equipes da Aten-
ção Básica e de programas diversos instituídos pelo MS, o registro das
equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). (BRASIL, 2015).

6.1. Acesso ao Sistema

Ao entrar no Sistema E-SUS AB, você verificará que, como forma de


controle de acesso aos usuários do sistema, é utilizado um identificador
(login) e uma senha para cada usuário, portanto o acesso é pessoal e
individual para cada usuário, conforme pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1. Tela de acesso ao Sistema com PEC

Fonte: BRASIL, 2014c.

140
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

A identificação para acesso do profissional (login) é controlada


pelo sistema, tendo como padrão o número de CPF do profissional
cadastrado no PEC ou importado do Cadastro Nacional de Estabe-
lecimentos de Saúde (CNES). Este login é pessoal e intransferível e
busca garantir que os registros feitos sejam identificados pelo CNS do
profissional. O primeiro acesso pedirá a alteração de senha. O passo a
passo pode ser encontrado no “Manual de Uso do Sistema com Pron-
tuário Eletrônico do Cidadão PEC v.1.3”, na referência que se segue.
(BRASIL, 2014c).

6.2. Fluxo de Transmissão de dados e o CDS

Considerando a heterogeneidade dos municípios brasileiros, deve-


-se considerar que os fluxos de transmissão de dados ao SISAB podem
ser distintos, sendo possível encontrar UBS não informatizadas; UBS
sem acesso à internet; UBS com internet e UBS onde o município pos-
sui sistema próprio de transmissão de dados.
A Coleta de Dados Simplificada (CDS) é um dos componentes da es-
tratégia E-SUS AB, sendo muito utilizada nos serviços de saúde que não
possuem sistema informatizado para utilização rotineira no trabalho
(mas não somente). O sistema com CDS é um programa de digitação
de fichas que contém dados coletados em cadastros, visitas domicilia-
res, atendimentos e atividades desenvolvidas na UBS pelas equipes de
AB, ESF e NASF. (BRASIL, 2014c; BRASIL, 2015).
Independente do fluxo de transmissão de dados utilizado pela UBS,
as fichas CDS parecem ser a melhor forma de organizar e sistematizar
as informações antes da digitação, sendo o modo indicado pela Direto-
ria de Atenção Básica. A Portaria nº14, de 07 de janeiro de 2014, orienta
os prazos para a alimentação do SISAB, que comporta um período má-
ximo de um mês entre a sincronia das bases. (BRASIL, 2014c).
Quanto ao Sistema CDS ou Módulo CDS, estão presentes sete fichas
para registro de informações, divididas em quatro blocos. São elas: Ca-
dastro Individual, Cadastro Domiciliar, Ficha de Atendimento Individu-

141
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

al, Ficha de Atendimento Odontológico Individual, Ficha de Atividade


Coletiva, Ficha de Procedimentos e Ficha de Visita Domiciliar. (BRASIL,
2014c; BRASIL, 2015).
Em sem tratando do NASF, estão previstas a utilização da Ficha de
Atendimento Individual; Ficha de Atividade Coletiva; Ficha de Procedi-
mento e os Marcadores de Consumo Alimentar. (BRASIL, 2015). Serão
trazidas neste livro as duas primeiras, considerando a maior recorrên-
cia da utilização destas pelos Profissionais de Educação Física. O ob-
jetivo aqui é familiarizar o profissional com este instrumento, sempre
lembrando que somente a prática levará à fácil compreensão delas.
Ainda assim, para o aprimoramento do conhecimento quanto a este
assunto, recomenda-se a leitura do Manual do Sistema com Coleta de
Dados Simplificada – CDS e do Manual de Uso do Sistema com Prontuá-
rio Eletrônico do Cidadão PEC, v.1.3.”, ambos disponibilizados e atualiza-
dos anualmente pelo Ministério da Saúde.

6.3. Orientações de preenchimento do Profissional de Educação


Física

As informações aqui colocadas foram retiradas do Manual do Siste-


ma com Coleta de Dados Simplificada – CDS. (BRASIL, 2015, p.93-96).
Considerando as particularidades e atribuições dos Profissionais de
Educação Física, serão trazidas informações quanto ao preenchimento
da Ficha de Atendimento Individual e Ficha de Atividade Coletiva.

FICHA DE ATENDIMENTO INDIVIDUAL

Objetivo da ficha: a Ficha de Atendimento Individual é um instru-


mento de coleta de dados dos atendimentos realizados por determi-
nado profissional de nível superior. Ela não objetiva esgotar todo o
processo de atendimento de um indivíduo e também não substitui o
registro clínico feito no prontuário em papel. As informações constan-
tes foram selecionadas segundo a sua relevância e por comporem in-

142
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

dicadores de monitoramento e avaliação para a AB e para as Redes de


Atenção à Saúde.

Cabeçalho: aqui é possível registrar dados de até três profissionais.


É o preenchimento destes campos com dados de mais de um profissio-
nal que possibilita o registro do atendimento que foi realizado de forma
compartilhada/conjunta entre profissionais da AB e NASF e/ou entre
profissionais do NASF.

Vale lembrar que cada mudança no arranjo dos profissionais envol-


vidos no atendimento compartilhado requer nova ficha. Por exemplo,
dois atendimentos do Profissional de Educação Física com o nutricio-
nista no mesmo dia podem ser registrados em uma única ficha, mas,
se o terceiro atendimento do Profissional de Educação Física for com
o enfermeiro, será necessária nova ficha com cabeçalho diferente. Se
o responsável pelo atendimento for o Profissional de Educação Física,
apenas este irá registrar as atividades nas fichas como atendimentos
compartilhados, incluindo o CNS e CBO dos outros profissionais (no
caso descrito, o nutricionista e o enfermeiro). Ainda seguindo o caso, o
nutricionista e o enfermeiro não devem registrar novamente estas ati-
vidades, evitando, assim, duplicidade de registro.

Cód. CNES unidade – o NASF registra neste campo o código do CNES


da UBS, sede em que está cadastrado. Até a versão 2.0 do E-SUS AB, só
é possível registrar os dados usando o CNES da UBS sede, mesmo que
a equipe do NASF desenvolva atividades em outras unidades.

Tipos de atendimento – neste campo constam os seguintes tipos de


atendimento: consulta agendada programada/cuidado continuado,
consulta agendada, demanda espontânea (escuta inicial/orientação;
consulta do dia; atendimento de urgência). Mesmo que o processo de
trabalho do NASF esteja pautado pela lógica do apoio matricial, é pos-
sível que ações assistenciais façam parte das atividades desenvolvidas

143
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

por esta equipe. Com isso, todos os tipos de atendimentos podem ser
realizados tanto de forma compartilhada/conjunta entre o profissional
do NASF e da sua equipe de referência, quanto de forma específica/
individual pelo profissional do NASF.

Como Profissional de Educação Física, o atendimento individual


pode ser o momento onde serão realizadas a anamnese, alguma
avaliação física (como a antropometria, que exige certa privacidade)
ou algum outro procedimento.

Consulta agendada programada/cuidado continuado – para o


NASF, o atendimento caracterizado como cuidado continuado acon-
tece quando já é identificado, a partir do diálogo com a equipe de re-
ferência, que, para o caso em questão, não bastará um atendimento
pontual, exigindo um cuidado continuado por determinado período
de tempo. Por exemplo: uma situação em que o psicólogo fará o
acompanhamento de uma gestante que está com dificuldade de se
vincular ao bebê.

Para o Profissional de Educação Física, este seria, por exemplo, um


atendimento periódico onde o profissional alinharia a prescrição da
atividade física proposta àquele usuário acompanhado.

Consulta agendada – este tipo de atendimento acontece quando o


diálogo com a equipe de referência gera um atendimento pontual ou
uma avaliação para verificar a necessidade de cuidado continuado. Por
exemplo: o médico da ESF está acompanhando um usuário com des-
nutrição que tenha dificuldade de aderir às recomendações e solicita
à nutricionista avaliação sobre a necessidade de acompanhamento
específico.

144
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Trata-se de uma situação mais incomum para o Profissional de Edu-


cação Física, mas poderia surgir, por exemplo, a partir de uma ne-
cessidade de transição de um paciente que está concluindo algum
tratamento fisioterápico e necessitando de maior autonomia para
realizar atividades físicas. O Profissional de Educação Física avaliaria
a necessidade de algum acompanhamento diferenciado para a rea-
lização destas atividades.

Demanda espontânea – os atendimentos à demanda espontânea


são de três tipos – escuta inicial/orientação, consulta no dia, atendi-
mento de urgência. Para o NASF, a ocorrência deste tipo de atendimen-
to dependerá da disponibilidade do profissional na UBS e da organiza-
ção da equipe.

a) Escuta inicial/orientação: os profissionais do NASF podem re-


alizar o acolhimento ao usuário, fazendo escuta qualificada e
orientando-o, de acordo com suas habilidades e competências.
O acolhimento realizado por profissionais de nível superior deve
ser registrado na Ficha de Atendimento Individual.
b) Consulta no dia: pode acontecer que o profissional do NASF
tome conhecimento de algum caso que esteja presente na UBS
naquele momento e que ele tenha disponibilidade na agenda
para realizar o atendimento. Devem ser registrados, neste cam-
po, apenas casos que não caracterizem urgência.
c) Atendimento de urgência: esses casos serão exceções no coti-
diano do NASF, porém podem ocorrer situações em que esta
equipe contribua. Por exemplo, o psicólogo pode contribuir no
manejo inicial de uma situação de crise psicótica que aconteça
no território ou o fisioterapeuta pode realizar a redução de um
cotovelo em luxação.

145
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Além disso, a Ficha de Atendimento Individual contém campos es-


pecíficos para preenchimento do NASF. Estes campos foram construí-
dos de forma a agrupar, de maneira simplificada, as grandes áreas do
atendimento individual realizado pelo NASF, mas isso não quer dizer
que ele deva preencher apenas esses campos. São eles:

a) Avaliação/diagnóstico: deve ser marcado sempre que se reali-


zarem anamneses, testes, avaliações etc., como testes físicos,
inquérito alimentar, avaliação funcional, avaliação psicológica,
avaliação antropométrica, avaliação psicossocial, entre outros.
b) Procedimentos clínicos/terapêuticos: devem ser marcados sem-
pre que ocorrer intervenção como manipulações osteoarticu-
lares, exercícios respiratórios, estimulações neurossensoriais,
exercícios ortoarticulares, exercícios de equilíbrio, psicoterapia,
entre outros.
c) Prescrição terapêutica: deve ser marcado sempre que ocorrer
prescrição de atividades, recomendação para o usuário, como
dietas, exercícios a serem realizados pelo usuário, adaptações
no domicílio para atender às demandas relacionadas à funcio-
nalidade e autonomia, à prescrição de atividades psicoterapêu-
ticas, às recomendações referentes a abordagens sociais, entre
outros.

Bloco de conduta – para além das orientações já colocadas neste


manual, vale destacar que, caso o atendimento gere nova demanda
para o NASF, ou mesmo, se o profissional de AB que atendeu um cida-
dão solicitar a avaliação do NASF, deverá ser utilizado o campo agen-
damento para o NASF.

146
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Figura 2. Ficha de Atendimento Individual (frente)

147
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Figura 3. Ficha de Atendimento Individual (verso)

148
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

FICHA DE ATIVIDADE COLETIVA

A Ficha de Atividade Coletiva permite o diálogo com o cotidiano de


trabalho de muitos NASF, pois, a partir das informações obtidas no seu
preenchimento, torna-se possível indicar quando há mais de um pro-
fissional envolvido na atividade, o público-alvo, os temas abordados,
entre outras informações. Por exemplo, as reuniões entre NASF e equi-
pe de AB e a elaboração de projetos terapêuticos singulares serão re-
gistradas nesta ficha. Todas as informações abaixo foram retiradas do
Manual do Sistema com Coleta de Dados Simplificada – CDS. (BRASIL,
2015, p.68-76).

Objetivo da ficha: a Ficha de Atividade Coletiva visa a registrar as


ações realizadas pelas equipes conforme as necessidades do territó-
rio e capacidade da equipe de estruturar as ações. Nela, devem ser re-
gistradas as ações estruturantes para a organização dos processos de
trabalho da equipe (reuniões de equipe, reuniões com outras equipes,
ou reuniões com outros órgãos) e as ações de saúde voltadas para a
população, como atividades de educação em saúde, atendimentos e
avaliações em grupo, e mobilizações sociais.

Cabeçalho: O cabeçalho desta ficha é um pouco diferente da ante-


riormente apresentada. Ele possui um bloco de identificação e controle
da digitação, um bloco de identificação da atividade e um bloco para a
identificação dos profissionais. O bloco de identificação e controle da
digitação é importante na organização do trabalho no nível local, per-
mitindo o registro da data, horário de início e fim de realização da ativi-
dade, do número do Inep (quando a atividade é realizada no âmbito do
Programa Saúde na Escola), do número de participantes programado e
do local da atividade. Por fim, o bloco de identificação dos profissionais
é utilizado para registrar os profissionais que conduziram a atividade.
É um campo de preenchimento obrigatório. Nele, são registrados os
números do Cartão Nacional SUS (CNS) de todos os profissionais que

149
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

contribuíram para a realização da atividade e a Classificação Brasileira


de Ocupação (CBO) desses profissionais. Embora exista a restrição de
seis campos para identificação dos profissionais na ficha, no momento
da digitação das informações no sistema, não existe essa restrição.

Tipo de atividade: Esse bloco é utilizado para registrar o tipo de ati-


vidade. É possível marcar apenas uma opção entre os tipos de ativi-
dade coletiva. O bloco está subdivido em dois tipos de atividades. O
primeiro tipo são as ações estruturantes para a organização dos pro-
cessos de trabalho da equipe, a partir da marcação das opções 01,
02 ou 03. Ao assinalar uma dessas opções, será necessário registrar
obrigatoriamente, pelo menos, uma opção do bloco “Temas para Reu-
nião”. Os temas de reuniões que podem ser registrados são: questões
administrativas/funcionamento; processos de trabalho; diagnóstico do
território/monitoramento do território; planejamento/monitoramento
das ações da equipe; discussão de caso/projeto terapêutico singular;
educação permanente; outros.

Quadro 17. Ações estruturantes da equipe

Campo Orientação sobre o bloco/preenchimento


01 - Reunião de equipe Opção utilizada para indicar reunião da
própria equipe.
02 - Reunião com outras Opção utilizada para indicar reunião da
equipes de saúde equipe com outras equipes de saúde
(inclusive com outras equipes de AB).
03 - Reunião Intersetorial/ Indica a realização de reunião com agentes
Conselho Local de Saúde/ externos da comunidade ou outros órgãos
Controle Social de governo.
Fonte: Brasil, 2015.

Já o segundo tipo de atividade são as ações de saúde voltadas para


a população, a partir da marcação das opções 04, 05, 06 ou 07. Quando

150
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

for marcada uma dessas opções, será necessário registrar, obrigato-


riamente, ao menos uma opção do bloco “Público-Alvo” e, ao menos,
uma opção do bloco “Práticas/Temas para Saúde”.

Quadro 18. Ações de saúde

Orientação sobre o bloco/


Campo
preenchimento
04 - Educação em Saúde Indica uma ação de educação em
saúde, como encenações teatrais
sobre algum tema em saúde, e/ ou
ações de atividade coletiva em saúde,
como palestras, escovação dental
supervisionada etc. Essa opção não
exige que os usuários da atividade
sejam identificados.
05 - Atendimento em Grupo Indica atendimento em grupo, com
ações voltadas para atividade física,
terapia comunitária, entre outros.
Essa opção exige que os usuários
que participaram da atividade sejam
identificados, mesmo que não
apresentem alterações na avaliação.
06 - Avaliação/Procedimento Indica avaliações ou procedimentos
Coletivo realizados em um grupo, como
avaliação antropométrica, testes de
acuidade visual, entre outros. Exige
a identificação dos usuários que
participaram da atividade.
07 - Mobilização Social Ações de promoção de mobilização
comunitária com a constituição de
redes sociais de apoio e ambientes
de convivência e solidariedade. Essa
opção não exige que os usuários da
atividade sejam identificados.
Fonte: Brasil, 2015.

151
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Público-alvo: Esse bloco é utilizado para registrar, na Ficha de Ati-


vidade Coletiva, os públicos-alvo que participaram da ação em saúde.
É possível marcar mais de uma opção. A opção 01 – Comunidade em
geral deve ser marcada quando a ação não possuir público-alvo espe-
cífico. Entre as opções, existem algumas categorias:

• por faixa etária (criança até três anos, criança de quatro e cinco
anos, criança de seis a 11 anos, adolescente, idoso);
• por sexo (mulher, homem);
• por condição de saúde (gestante, pessoas com doenças crôni-
cas, usuário de tabaco, usuário de álcool, usuário de outras dro-
gas, pessoas com sofrimento ou transtorno mental);
• familiares, profissionais de educação e outros.

Práticas/temas para saúde: Esse bloco é utilizado para registrar, na


Ficha de Atividade Coletiva, os temas discutidos na ação em saúde. É
possível marcar mais de uma opção. Existem algumas opções que são
exclusivas quando realizadas no âmbito de programas específicos:

• a opção 18 (Semana Saúde na Escola) deve ser marcada somen-


te se a ação for realizada no âmbito do programa Semana Saúde
na Escola; e
• as opções 25 a 28 devem ser marcadas somente se a ação for
realizada no âmbito do Programa Nacional de Controle do Taba-
gismo, e conforme protocolo desse programa.

Fechamento da atividade: Esse bloco deve ser utilizado para con-


cluir a atividade, com a identificação do profissional de saúde respon-
sável pela atividade e sua lotação, além do registro do número total de
participantes e do número de participantes com avaliações alteradas.

152
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Quadro 19. Fechamento da Atividade

Orientação sobre o bloco/


Campo
preenchimento
Nº do Cartão SUS do Número do Cartão Nacional do SUS
Responsável* (CNS) do profissional responsável pela
atividade coletiva.
Cód. CNES da Unidade* Código do Cadastro Nacional de
Estabelecimento de Saúde (CNES)
da Unidade Básica de Saúde onde o
profissional está lotado.
Cód. Equipe (INE)* Código Identificador Nacional de
Equipes (INE) no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES) do
Ministério da Saúde onde o profissional
está lotado. Este campo não é obrigatório
para as equipes que não têm INE, por
exemplo, as equipes tradicionais de
Atenção Básica.
Nº de Participantes* Número de participantes que
efetivamente comparecerem à atividade
programada.
Nº de Avaliação Alteradas Total de avaliações realizadas que
apresentaram alteração (listada no bloco
de identificação de usuários no verso da
ficha de atividade coletiva). Este campo
é preenchido automaticamente no
sistema a partir dos dados dos usuários
identificados no verso da ficha.
Rubrica/Carimbo do O profissional responsável deve rubricar
Profissional e assinar neste local.
Fonte: Brasil, 2015.

Identificação dos usuários: Para as atividades coletivas que deman-


dem a identificação dos usuários (opções 05 – Atendimento em Grupo
e 06 – Avaliação/Procedimento Coletivo), é preciso registrar, no verso
da Ficha de Atividade Coletiva, as seguintes informações:

153
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

• nº do cartão SUS do usuário;


• data de nascimento do usuário;
• marcar se o usuário apresentou avaliação alterada;
• peso e altura do usuário, se a atividade avaliou a antropometria.
Neste caso, também é necessário assinalar o item 20 – Antropo-
metria, no bloco de práticas/temas para saúde;
No caso de alguma ação coletiva com foco na avaliação antropomé-
trica, estes campos deverão ser preenchidos.

• marcar se o usuário cessou o hábito de fumar e/ou se abando-


nou o grupo, se a atividade ocorreu no âmbito do Programa Na-
cional de Controle do Tabagismo. Em caso afirmativo, é preciso
registrar, também, no bloco de práticas/temas para saúde, os
itens de 25 a 28, de acordo com cada situação.

154
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

Figura 4. Ficha de Atividade Coletiva (frente)

155
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

Figura 5. Ficha de Atividade Coletiva (verso)

156
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

SIGLAS

ACSM – American College of Sports Medicine


ACS – Agente Comunitário de Saúde
AVC – Acidente Vascular Cerebral
BPM – Batimentos cardíacos por minuto
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
CBO – Classificação Brasileira de Ocupação
CDS – Coleta de Dados Simplificada
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CNS – Cartão Nacional SUS
CONASS – Conselho Nacional dos Secretários de Saúde
CONFEF – Conselho Federal de Educação Física
CONASEMS – Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde
CREF – Conselho Regional de Educação Física
DAB – Departamento de Atenção Básica
E–SUS – Estratégia do Departamento de Atenção Básica para reestrutu-
rar as informações da Atenção Básica em nível nacional
ESF – Estratégia Saúde da Família
FC – Frequência Cardíaca
IMC – Índice de Massa Corporal
MS – Ministério da Saúde
NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família
OMS – Organização Mundial da Saúde (WHO)
ONG – Organização Não governamental
PACS – Programa dos Agentes Comunitários de Saúde
PCAF – Práticas Corporais e Atividade Física
PEC – Prontuário Eletrônico do Cidadão

157
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
aspectos legais, conceitos e possibilidades para a atuação dos Profissionais de Educação Física

PMAQ – Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade


PNAB – Política Nacional de Atenção Básica
PNIIS – Política Nacional de Informação e Informática em Saúde
PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
PNPS – Política Nacional de Promoção de Saúde
PNSB – Política Nacional de Saúde Bucal
PSE – Programa Saúde na Escola
PSF – Programa Saúde da Família
PST – Projeto de Saúde no Território
PTS – Projeto Terapêutico Singular
Q–PAF – Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q)
RCQ – Relação Cintura/Quadril
RAS – Redes de Atenção à Saúde
RML – Resistência Muscular Localizada
SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica
SISAB – Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica
UBS – Unidades Básicas de Saúde

158
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

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160
PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

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Define o valor mensal integral do incentivo financeiro do Programa Nacional
de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB),
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Variável (PAB Variável). Brasília: Ministério da Saúde, 2013c.

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Altera o caput do art. 3o da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, incluindo
a atividade física como fator determinante e condicionante da saúde.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.124, de 28 de janeiro de 2012.


Redefine os parâmetros de vinculação dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família (NASF) Modalidades 1 e 2 às Equipes Saúde da Família e/ou Equipes
de Atenção Básica para populações específicas, cria a Modalidade NASF 3, e
dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde, 2012b.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488 de 21 de outubro de 2011.


Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de
diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia
Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS). Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

161
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA:
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Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de
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PAULO SÉRGIO CARDOSO DA SILVA

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