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Chico – Professora esse boi vem de onde mesmo? Fico confuso só de pensar
que o boi dança.
Josefina – Vamos ensaiar logo, tenho que passar na venda do Toninho antes
de chegar em casa. A mãe pediu para levar pastel de camarão. Coisa boa né?
Maria – Esse boi divino dança? Ou somos nós que dançamos com o boi?
Francisco - Nossa que medo, o boi vai me pegar hahahaha! ( sai correndo)
Otília – Vem cá rapariga, vai escangalhar toda a tua roupa com essa
brincadeira de rapaz. Ôiôiôi. Não digo mesmo. Essas crianças inventam de
tudo né. Eu vou é fazer o almoço antes que o Manoel chegue da praia com as
tainhas pra escalar.
Otília – Credo, cruzes. Então vamos recolher tudo cedo não quero ficar de
porta aberta quando escurecer. Se essas bruxas forem maldosas não sei o que
pode acontecer. Muito mal olhado elas tem para oferecer.
Manoel – Olha só! Até disseram que o boizinho de estimação do Mateus que
está doente foi embruxado.
Otília – Vou chamar a Catarina para casa, ela está brincando de boi, o boi que
ela fez com um mamão verde. Ôiôiôiô!!!
Bruxa 1 – Quem disse que vamos fazer o mal, está enganado. Nós somos
benzedeiras Hahahahahaha!!! Viemos de longe.
Bruxa 3 – Mau olhado de fisura. Mau agouro vamos espalhar por toda a
comarca. Hahahhaha!
Bruxa 1 - Se tiverem crianças coloquem num banho de arruda. Antes que
fiquem doentes.
Bruxa 2 – Mas não se preocupem com seus dentes. Alguns podem até cair se
a bruxaria pegar. Mas alguns ainda vão alguns vão sobrar.Hahahahaha!
Bruxa 3 – Podem rezar, pois alguém nesta comarca nos chamou pra assustar.(
saem)
Manoel – Bom dia seu Padre. Ontem a noite ouvimos os gritos das bruxas, e o
boi do Mateus ficou curado, acho que o boi é divino. Ou será que as bruxas o
salvaram.
O Padre – interferindo furioso: Pêra ai, pêra aí, pêra ai. Isto é um sacrilégio!
Dizer que um boi é divino? Tas tolo tas? Quem é o dono desse boi, seu ateu,
seu ateu, seu ateu. (Gritando aos pulmões plenos.)
Entra Mateus - Meu nome é Mateus sua excelência e não ateu. É Mateus como
o nome do santo apóstolo que tem uma águia como símbolo. Eu Senhor Padre,
tenho um boi de estimação que é mais que um irmão, mais do que um filho e o
senhor quer saber.
Padre – Mas isto é uma ofensa, endeusar um animal, ainda mais sendo um boi
que lembra mesmo é o demo. Vade retro satanás!
Mateus – Vade padre, vade que isto é para a nossa alegria e em louvor a São
João.
Mateus – Credo em cruz (benzendo-se) Diz que praga de padre pega. Deus
me livre. Os anjos nos guardem e nos protejam, mas sem boi eu não vivo. A
civilização se fez pela domesticação dos animais que geram riquezas para o
homem.
Xandóca – Olha só! nós vamos é comemorar a volta do boi do Mateus! Vou
chamar a Maricota, o cavaleiro, a bernúncia e todos os bichos do folguedo
para comemorar. Vai ser uma festança. E se foi as bruxas que ressuscitaram o
boi, elas também vão ser convidadas.
Mateus - Xandóca, não foram as bruxas que ressuscitaram o meu boizinho. Eu
chamei o Sr. doutor ele não conseguiu curar, foi então que o vaqueiro chamou
o Pai Adão. Ele fez uma benzedura e o boi se alevantou na hora.
Professora Rute – Estão vendo que linda história, de crenças e heranças dos
antepassados. ( Entra a professora Sônia)
Gerusa – Que dança mais chata, sem propósito nenhum. Isso é só uma
tradição dos manezinhos da Ilha de Santa Catarina. Aqueles que vieram lá de
Portugal para colonizar a Ilha.
Marinês – Não vejo nenhuma graça nisso. Ficar dançando com um boi de
mentirinha.
Chico – Chata és tu que não conheces nada da cultura de São José e de Santa
Catarina.
Professora do Boi – Não vamos brigar crianças. Acredito também que não
podemos gostar aquilo que não conhecemos. Mas convido a todos os alunos
da turma da professora Sônia a participar da dança do boi. Vamos fazer uma
apresentação em breve na praça.
Sônia – Muito bem, agora vamos começar nossa aula. Tchau! Tchau! Clarice
vamos relembrar a coreografia da aula passada.
Soraia – Não aguento mais professora, tá muito puxada essa aula. Não sei até
quando vou conseguir.
Clarice – Vamos meninas temos que ser melhores que as outras turmas.
Nossa apresentação vai ser impecável.
Chico – Oi Maria vou ler pra você o versinho que eu fiz, é um Pão por Deus
que eu aprendi com a professora Rute.
"Lá vai meu coração Nas asas de uma andorinha
Vai pedir um pão por Deus À minha querida Maria
Que me dê um boizinho da cor de uma cotia
Chico – Mas esse boi é iluminado. Que lindo! Nossa! Tô até tonto.
Josefina – Nunca pensei que o boi pudesse ser tão lindo! Que encantamento.
Professora – Por isso é folclore, é uma tradição para divertir. E também tem a
Maricota. Uma moça alemã alta e desengonçada. E a cabrinha, o cavalinho,
urso, cachorro, macaco e muitos outros animais que compoem este folguedo.
Professora - Calma, calma. Temos que ter cuidado para preservar os bonecos
e bichos. Então vamos lá. ( E todos os bichos no salão ô cidade sim ô cidade
não)
Helena - Oi professora Rute, que legal e animado. Não sabia que o boi era tão
lindo assim.
Clarice - Mas será que podemos participar desta aula também. Precisamos
conhecer melhor nossos antepassados e nossa cultura.
Clarice - Mas temos que ensaiar com a professora Sônia. Ela é muito exigente.
Sônia - Boa tarde alunas. Ainda estão aqui professora Rute. Já está no meu
horário.
Professora Rute - Pois é. Gostaria de fazer uma proposta para você. Suas
alunas também querem fazer parte do Boi de Mamão. Então gostaria de pedir
você cedesse sua aula para nós ensaiarmos. Só hoje.
Sônia - De jeito nenhum. Também vou apresentar e preciso ensaiar.
Helena – Por favor professora, o meu pé ainda está doendo da outra aula.
Mateus - Então, onde está o nosso boizinho? Mas antes quero apresentar uma
pessoa muito graciosa. ( Música da Moreninha)
(A orquestra ataca com versos solícitos para que o boi venha e entram o
vaqueiro levando uma vara comprida e fina contendo em uma extremidade
alguns cincerros, pequenas sinetas. O vaqueiro todo fagueiro faz mil
salamaleques de cumprimentos, reverências e padedes. Em seguida entra o
boi extremamente comportado dançando bonito brincando, sempre coordenado
pelo vaqueiro que é na verdade o pajem do boi e o altivo. Orgulhoso senhor
Mateus se pavoneia, leva uma pequena capa vermelha de toureador nas mãos
e habilidoso, realiza verdadeiras acrobacias com a capa e interage com o boi.
Mas de maneira bem serena, doce brincadeira cheia de música dança e arte
entre o boi, o vaqueiro e o senhor Mateus até que de repente, para espanto de
todos, o boi pifa. De repente, um tropeço, um tremor, um espasmo seguido de
espanto, muita tremedeira e o boi fica inerte. Acabou-se! O boi morreu...)
Mateus alterado e apavorado: O que foi que aconteceu? O que é que está
acontecendo? Senhor Vaqueiro diga logo o que foi que o boi comeu? O que foi
que o boi bebeu?
O boi está doente? O boi morreu?
Vaqueiro: Meu senhor Mateus, também estou desolado, com o que está
acontecendo com o boi Pimpão. Tive o maior cuidado. Isto que está
acontecendo só pode ser mal olhado!
Vaqueiro: Acho sim, pergunte pra toda esta gente se não é mesmo que o boi
está embruxado.
Mateus: Será mesmo boa gente, que este nosso boizinho Pimpão está
embruxado?
Bruxa 1 – (No instante passa como um raio com sua vassoura e gritando
indignada, sempre bem ligeirinha, elétrica indo de um lado para o outro e
bradava! )
Que coisa, que coisa, que coisa! Sempre onde alguma coisa dá errado, a culpa
é da bruxa. Que coisa, que coisa, que coisa.
Bruxa 2 - Não temos nada a ver com o pitafe desse boi. Só pode ser por causa
da praga do padre. Que coisa seus intrometidos. As coisas do além, não é pra
ninguém. Estas coisas do sobrenatural é só para os escolhidos que são
chamados pelas vozes misteriosas que pairam pelos ares.
Bruxa 3 - Que coisa! A culpa é de vocês que estão cheios de mal olhado.
Vocês me metem é um medo medonho. Que coisa, que coisa e que coisa. (sai
ligeira)
Mateus: Chame o médico de uma vez, já disse, chame o médico e que venha
bem ligeiro
Vaqueiro.
Só pode ser mal olhado, é doença espiritual, devíamos chamar o Pai Adão, é o
melhor benzedor e curador que existe.
Médico: O senhor me desculpe, não sou médico de bicho e não sou veterinário.
Sou médico de gente, médico de dar remédio de boca a baixo.
Médico: Tá bom, tá bom, vou tentar diagnosticar para saber o que é que está
se passando.
Médico: Ninguém me engana, este boi está embriagado. Mamou mas foi na
cachaça, ele está mamado. É mesmo um boi mamão.
Vaqueiro: Não senhor, não. Ele esta é com um bruto de um mal olhado. Esta
com quebranto brabo de tanta gente a desejar possuir o pobre do boizinho só
por que ele é ensinado, porque é belo e dançador.
Médico: Pode ser, mas que está mamado da cachaça que chega a feder de
longe. ( sai com Mateus abraçado)
Vaqueiro: Não sinhozinho, ele não bebeu nenhum só traguinho. Eu sim bebi
um pouquinho.
Música para o cachorro que fagueiro contorno o boi, cheira aqui e ao cheirar o
focinho do boi, cai pra trás e dorme. No momento urubus entram em cena.
Música para os urubus que rodopiam em torno dos dois e felizes com o repasto
e acabam bicando primeiro o cachorro que se acorda e corre atrás dos urubus
daqui pra li de lá pra cá até que surge o Vaqueiro trazendo o benzedor e
colocando todos em fuga.
Vaqueiro: Que lástima Pai Adão olha só o que aconteceu com o querido boi
Pimpão.
Vaqueiro: Salva o boi Pimpão Pai Adão. Faça o favor de consertar o bichinho.
Benzedor: Já vai. Com a força da santa fé, nós vamos expulsar os espíritos
malignos que estão de encosto contra o pobre animal. ( Folhas de oliveira
começa a sacudir em cima do boi)
Pai Adão: Mô santo, vrige Maria o bicho ta munto do mamado. Aparece que
aressucitou-se, mas danou-se ainda ta munto grogue. Não tem é mal olhado
nenhum. Ele está mesmo é mamado. Não tem nada a ver com embruxado.
Esse boi está mamado é um boi mamão, pois não é não? Ta levanta boi
Pimpão, ta alevanta boi Mamão.
Cavaleiro - Aviso ao solicitante. Faço meu trabalho com esmero, mas careço
de cobrar em dinheiro. Laço e levo o bicho endemoninhado para a mangueira
que me mandar.
(O cavalinho laça o boi e se exibe puxando o animal pelo laço e sai levando o
boi. A orquestra se cala triste com a música de adeus ao cavalinho e ao boi.)
É de manhã
É meio dia
O sino bateu a Ave Maria
É Meia noite
O galo anuncia
Já madrugou
Já é de dia
(Caipora e curupira jogam flores sobre a Yara que traz uma jarra e ofereça
água fresca para a assistência.)
A orquestra ataca:
FIM
3 - BEATRIZ – JOSEFINA
8 - IZABELI – OTILIA
9 - JÚLIA – NARRADOR
13 - MATHEUS – MATEUS
17 - ALLICE - SÔNIA
18 - VITÓRIA – MARINÊS