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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE FARMÁCIA

ARTHUR FERNANDO SILVA ANDRADE DOS SANTOS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE COMPRIMIDOS DE MALEATO DE ENALAPRIL


PÓS-COMERCIALIZADOS

NATAL

2019
ARTHUR FERNANDO SILVA ANDRADE DOS SANTOS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE COMPRIMIDOS DE MALEATO DE ENALAPRIL


PÓS-COMERCIALIZADOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Farmácia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito obrigatório
para obtenção do grau de Farmacêutico.

Orientador (a): Prof. Dr. Fernando Henrique Andrade Nogueira


Coorientador (a): Profª Drª Lourena Mafra Veríssimo

NATAL

2019
Santos, Arthur Fernando Silva Andrade dos. Avaliação da qualidade de
comprimidos de maleato de enalapril pós-comercializados / Arthur Fernando
Silva Andrade dos Santos. - 2019. 24f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Farmácia) -


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,
Departamento de Farmácia. Natal, RN, 2019.
Orientador: Fernando Henrique Andrade Nogueira. Coorientadora: Lourena
Mafra Veríssimo.

1. Medicamentos - Controle de Qualidade - TCC. 2. Descarte de


Medicamentos - TCC. 3. Maleato de Enalapril - TCC. I. Nogueira, Fernando
Henrique Andrade. II.
Veríssimo, Lourena Mafra. III. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 615.012


ARTHUR FERNANDO SILVA ANDRADE DOS SANTOS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE COMPRIMIDOS DE MALEATO DE ENALAPRIL


PÓS-COMERCIALIZADOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Farmácia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito obrigatório
para obtenção do grau de Farmacêutico.

Aprovado em: ______/____________/_______

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Fernando Henrique Andrade Nogueira (Orientador) - UFRN


_________________________________________________

Prof. Dr. Rand Randall Martins (Examinador) -UFRN


_________________________________________________

Prof. Dr. Cícero Flávio Soares Aragão (Examinador) - UFRN


__________________________________________________
AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA

Agradeço à Universidade Federal do Rio Grande do Norte por ter me dado a


oportunidade de me transformar no homem que sou hoje, agradeço ao curso de
Farmácia por me fornecer uma qualificação inigualável, ao meu orientador por
acreditar no que parecia pouco provável, aos meus professores por sempre
manterem-se abertos ao diálogo e aos meus colegas por me mostrarem o ônus e o
bônus de cultivar relações fraternais.

Dedico este trabalho à minha mãe Vilma e ao meu pai Fernando, que desde
sempre fizeram o possível e o impossível para que eu pudesse realizar os meus
sonhos e desde cedo me mostraram que a educação é a principal ferramenta de
transformação social.
RESUMO

O uso rotineiro de medicamentos faz com que a aquisição seja maior que a

demanda, causando o acúmulo das substâncias que vão ser despejadas no meio

ambiente. São variadas as condições de armazenamento desses medicamentos,

que podem sofrer alterações químicas ao longo do tempo. Considerando essa

problemática, foi analisado neste estudo um lote de comprimidos de Maleato de

Enalapril recolhidos em uma máquina coletora e foram avaliados o perfil de

dissolução, uniformidade de doses unitárias e teor de fármaco, tentando responder a

esse questionamento. Após os ensaios, o lote foi reprovado no teste, indicando que

os comprimidos não seriam efetivos, mesmo que ainda no prazo de validade.

Palavras-chave: Controle de Qualidade; Descarte de medicamentos; Maleato de

Enalapril
ABSTRACT

The daily use of medicines makes the purchase greater than the demand causing the

disposal of medical substances on the environment. The storage conditions of these

drugs vary, which may cause chemical changes over time. Considering this problem,

in this study we try to answer those questions analyzing some tablets collected from

a Universidade Federal do Rio Grande do Norte program, evaluating the dissolution

profile, uniformity of dosage units and drug assay. The batch has failed the tests,

indicating that it was not effective anymore, even without being expired.

Keywords: Quality Control; Pharmaceuticals disposal; Enalapril Maleate


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Critérios para escolha do procedimento de uniformidade de dose


Figura 2 – Condições para o Teste de Dissolução de comprimidos de Maleato
de Enalapril.
Figura 3 – Condições para o Teste de Doseamento do Maleato de Enalapril
Comprimidos
Figura 4 – Gráfico da segunda derivação dos resultados do doseamento do
MaEnMp

Figura 5 - Cromatogramas obtidos no Doseamento de maleato de enalapril nos


comprimidos
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Condições cromatográficas dos ensaios de Doseamento, UC e
Dissolução.
Tabela 2 – Resultados da titulação de doseamento do MaEnMp
Tabela 3 – Resultados da titulação de doseamento do MaEnMp
Tabela 4 – Percentuais do valor declarado para as amostras do ensaio de UC
Tabela 5 – Resultados da corrida cromatográfica das amostras no teste de
Dissolução
Tabela 6 – Resultados da corrida cromatográfica das Solução DsAm A e DsAm B
LISTA DE ABREVIATURAS
DiAm A-F – Solução amostra de comprimidos de enalapril 10mg a serem analisadas
quanto à dissolução.
DiPd A – Solução padrão de Maleato de Enalapril utilizada para os testes de
dissolução.
DsAm A e B - Solução amostra de comprimidos de enalapril 10mg a serem
analisadas quanto ao teor de fármaco.
DsPd A - Solução padrão de Maleato de Enalapril utilizada para os testes de
doseamento dos comprimidos de enalapril 10 mg. HPLC- Cromatografia
Líquida da Alta Eficiência
MaEnMp – Maleato de Enalapril Matéria Prima
TF- Tampão Fosfato
UcPd A – Solução padrão de Maleato de Enalapril utilizada para os testes de
Uniformidade de Dose.
UcAm A-J - Solução amostra de comprimidos de enalapril 10mg a serem analisadas
quanto à Uniformidade de Dose Unitária.
VA – Valor de Aceitação
VR – Valor Rotulado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 11
2.1 Doseamento do Maleato de Enalapril padrão secundário ............................. 11
2.3 Determinação de peso ...................................................................................... 12
2.4 Uniformidade de doses unitárias ..................................................................... 12
2.5 Teste de dissolução ......................................................................................... 13
2.6 Doseamento ...................................................................................................... 14
2.7 Análise das amostras........................................................................................ 15
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 15
3.1 Doseamento do Maleato de Enalapril Matéria Prima .................................... 15
3.2 Determinação de peso ..................................................................................... 17
3.3 Uniformidade de doses unitárias ..................................................................... 17
3.4 Teste de Dissolução .......................................................................................... 18
3.5 Doseamento ....................................................................................................... 19
3.6 Resultados Finais .............................................................................................. 20
4 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 21
9

1 INTRODUÇÃO

Por possuir vasto tamanho territorial e influência sobre a América do Sul, o


Brasil figura-se como grande exportador e importador de uma variedade de
produtos, não sendo diferente no ramo da saúde. De acordo com a ANVISA, o
mercado farmacêutico brasileiro, em 2017, movimentou aproximadamente 69,6
bilhões de reais, gerados por 214 empresas e 6.587 produtos (ANVISA, 2018).

Viver em condições pouco favoráveis, com baixo acesso a hospitais e


estabelecimentos de saúde, faz com que se recorra à automedicação como
fuga para um eventual problema de saúde. Um a cada três brasileiros já fez uso
de medicamentos por contra própria (SCHMID; BERNAL; SILVA, 2010).
Analisando o perfil de armazenamento, os achados de Ribeiro e Heineck (2010)
apontam os analgésicos como os mais presentes nos lares brasileiros,
representando 11,15% do total.

Schenkel et al. (2005) estudaram o perfil de armazenamento de


medicamentos em Porto Alegre – RS. Seus estudos indicaram que 56% dos
medicamentos estavam expostos ao calor e umidade, 29% estavam expostos à
luz e 100% estavam ao alcance de crianças. SERAFIM et al. (2007)
relacionaram as condições de armazenamento, o pouco cuidado com o manejo
dos medicamentos à diminuição dos teores de fármaco, bem como a
contaminações microbiológicas e outros fatores que tornam os medicamentos
pouco seguros ao uso.

Quando os medicamentos são utilizados não apresentam problemas de


natureza ambiental, o problema apresenta-se quando tais insumos não são
utilizados, extrapolam seu prazo de validade, não são armazenados ou
descartados corretamente e como tendência, são jogados no lixo comum, pia
ou vaso sanitário (BARNETT-ITZHAKI et al., 2016). Em pesquisa feita com 300
residentes de uma cidade do Líbano, 67% alegaram que descartam seus
medicamentos por conta do prazo de validade expirado, 27% responderam que
a principal razão é o fim do tratamento. Desses medicamentos descartados,
10

80% tiveram como destino o lixo doméstico, 9,4% foram descartados na pia ou
no vaso sanitário e 5% foram doados para pessoas em necessidade
(MASSOUD et al., 2016)

Diferente de resíduos sólidos, os medicamentos descartados no vaso


sanitário ou na pia, se tornam difíceis de serem contidos. A tecnologia do
sistema de tratamento de efluentes avançou bastante, entretanto, ainda não é
capaz de eliminar completamente os medicamentos, embora o teor de fármaco
presente nos efluentes pós-tratamento seja menor do que o teor inicial (DONG
et al., 2016).

O sistema de tratamento de rejeitos sólidos exige uma infraestrutura


completamente diferente comparada ao de rejeitos líquidos, em um ambiente
próximo ao ideal, onde o lixo é levado para aterros sanitários, o risco ainda é
existente. Os achados de SUI et al. (2017) apontam que é possível detectar a
presença de medicamentos em solo próximo a aterros sanitários, causados
pelo processo de lixiviação.

Mas qual seria o destino correto desses medicamentos e qual a melhor


forma de separá-los do lixo comum? Os medicamentos devem ter como fim a
incineração, que atua na redução do peso, volume e periculosidade dos
resíduos (FALQUETO; KLIGERMAN; FACCHETTI ASSUMPÇÃO, 2010)

A empresa brasileira Brasil Health Service fornece um serviço intitulado


“Programa Descarte Consciente” que realiza o processo de logística reversa,
fornecendo uma máquina coletora de medicamento, o processo de coleta é
simples e não precisa de acompanhamento, desde que o paciente seja
alfabetizado. As máquinas possuem separação entre medicamentos líquidos e
sólidos e semissólidos, a empresa cobra uma mensalidade que cobre os custos
da máquina de coleta, do fornecimento de sacos plásticos resistentes, lacres
numerados e dependendo do serviço pela incineração dos produtos.

No RN, a empresa atua através de uma parceria público-privada em


associação com a UFRN, o “Projeto Descarte Consciente” atua coletando os
11

medicamentos vencidos e e os alunos do curso de farmácia atuam fazendo o


aconselhamento da população acerca da problemática dos medicamentos
vencidos. Após recolhidos, os medicamentos são classificados de acordo com
sua Classificação Anatômico-terapêutica-Química (ATCC) para avaliar o perfil
de descarte da população. Ao longo de 3 anos, o programa recolheu 1029,87
kg de medicamentos. Dos medicamentos recolhidos, 13% atuam no sistema
cardiovascular (ATCC C).

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para realização deste estudo, as amostras foram coletadas por meio de


uma máquina coletora de medicamentos, pertencente ao projeto de extensão
“PJ4422019 – Descarte de medicamentos de uso domiciliar – Descarte
Consciente”.

Para o estudo, foram coletados 50 comprimidos de Maleato de Enalapril


10 mg, com prazo de validade para outubro de 2019. Como Substância Química
de Referência (SQR), foi utilizado Maleato de Enalapril matéria prima, adquirida
através de doação.

Os ensaios de Determinação de peso, Uniformidade de doses unitárias,


Doseamento, Teste de dissolução, foram realizados baseados na 6ª Ediçãoda
Farmacopéia Brasileira. (VIGILÂNCIA, 2019b) e os cálculos realizados com o
auxílio do programa de computador Microsoft Office Excel™

2.1 Doseamento do Maleato de Enalapril padrão secundário


Para a padronização do Maleato de Enalapril matéria prima (MaEnMp),
foi realizado o método A de Doseamento da monografia do Maleato de
Enalapril. Foram pesados 0,105 g de Maleato de Enalapril em dois béqueres, a
eles foram adicionados em 30 mL de água isenta de dióxido de carbono, a
solução foi então titulada com hidróxido de sódio 0,09807 M SV preparada em
laboratório.
12

O tipo de titulação preconizado é a titulação potenciométrica, seu ponto


final não foi visualmente determinado. Por isso, a solução de NaOH foi
adicionada aos poucos e o potencial da solução foi medido com auxílio de um
medidor de pH. As quantidades adicionadas de NaOH estão descritas na
Tabela
2. Os gráficos foram feitos para determinar o segundo ponto de inflexão, o
ponto final da titulação e consequentemente a quantidade presente de
C20H28N2O5.C4H4O4 na matéria prima.

2.3 Determinação de peso


Para a Determinação de peso realizado o procedimento 5.1.1 da Farmacopéia
Brasileira 6ª Edição, foram usados 20 comprimidos de Maleato de Enalapril 10
mg, os valores foram anotados e calcularam-se os desvios individuais das
amostras em relação à média. De acordo com a Farmacopéia Brasileira (2019),
“ Pode-se tolerar, no máximo, duas unidades fora dos limites especificados[...],
em relação ao peso médio, porém, nenhuma poderá estar acima ou abaixo do
dobro das porcentagens indicadas.” O desvio máximo para comprimidos de
peso médio acima de 250 mg é ±5%.

2.4 Uniformidade de doses unitárias


A uniformidade de doses unitárias pode ser determinada de duas formas,
pela variação de peso ou pela uniformidade de conteúdo, a escolha do método
é feita de acordo com os requisitos mostrados na Figura 1.
Figura 1- Critérios para escolha do procedimento de uniformidade de dose

Fonte: Farmacopéia Brasileira 6ª Edição


13

Sendo assim, por apresentar dosagem menor que 25 mg, a uniformidade


de doses unitárias deve ser determinada utilizando o método de uniformidade
de conteúdo de acordo com o método geral 5.1.6 da Farmacopeia Brasileira, 6ª
edição.

A solução padrão foi preparada utilizando 0,0104 g de Maleato de


Enalapril SQR em 100 mL de tampão fosfato pH 2,2, a solução possui
concentração de 0,1 mg/mL e foi identificada como UcPd A.

Foram separados 10 comprimidos da mesma amostra, e transferidos


individualmente para 10 balões volumétricos de 100 mL contendo q.s. de
tampão fosfato pH 2,2, os balões foram então levados para o banho de
ultrassom por 6 minutos. Uma alíquota foi retirada, filtrada utilizando um filtro de
seringa 0,22 µm e transferida para um vial, a alíquota seria analisada por
HPLC. As amostras foram identificadas com o prefixo UcAm seguido de uma
letra, em ordem alfabética de A até J.

2.5 Teste de dissolução


A solução padrão foi elaborada fazendo uma diluição a partir da solução
UcPd A. 5 mL da solução 0,1 mg/mL foram transferidos para um balão
volumétrico de 50 mL, o volume foi então completado com tampão fosfato pH
2,2. A solução possui concentração de 0,01 mg/mL e foi identificada como DiPd
A.

O teste de dissolução foi realizado baseado no método 5.1.5, atendendo as


peculiaridades exigidas pela monografia do maleato de enalapril, utilizando um
dissolutor Sotax™ AT7. As cubas do dissolutor foram preenchidas com 900 mL
do tampão fosfato 6,8 e o equipamento foi então configurado de acordo com as
condições ideais preconizadas, mostradas na Figura 2. O teste foi iniciado, e ao
fim dos 30 minutos, uma alíquota dos meios foi retirada, filtrada com filtros de
seringa 0,22 µm e armazenado em vial identificado com o prefixo DiAm
seguido de uma letra, em ordem alfabética de A até F.
14

Figura 2 – Condições para o Teste de Dissolução de comprimidos de Maleato de


Enalapril.

Fonte: Farmacopéia Brasileira 6ª Edição

2.6 Doseamento
Figura 3 – Condições para o Teste de Doseamento do Maleato de Enalapril
Comprimidos

Fonte: Farmacopéia Brasileira 6ª Edição

O padrão a 0,2 mg/mL de maleato de enalapril foi preparado adicionandose


0,0208 g de MaEnMp, em balão volumétrico de 100 mL e o volume foi
completado com tampão fosfato pH 2,2. A solução foi identificada como DsPd
A.
A preparação da solução amostra seguiu o método descrito na monografia
do maleato de Enalapril (Figura 3) 10 comprimidos foram triturados e as
15

amostras preparadas utilizando 0,5621 g e 0,5611 g do pó. As amostras foram


identificadas como DoAm A e DoAm B.

A correção para o teor do padrão segue o mesmo modelo dos ensaios


anteriores utilizamos como referência a área do pico da solução de
concentração 0,1882 mg/mL, os resultados estão dispostos na Tabela 6.

2.7 Análise das amostras


Após o preparo das soluções amostra e soluções padrão, os ensaios de
Uniformidade de doses unitárias, Teste de dissolução e Teste de doseamento
exigiam HPLC como técnica de análise. Os testes foram feitos em cromatógrafo
Shimadzu Proeminence UFLC XR, utilizando a coluna cromatográfica XR-ODS
Shimpack-Shimadzu, de dimensões 30 mm de comprimento, 2 mm de Diâmetro
Interno e tamanho médio de partícula de 2,2 μm.

As condições cromatográficas estão dispostas na Tabela 1:

Tabela 1 – Condições cromatográficas para os ensaios de Doseamento, UC e Dissolução

Condições Cromatográficas
Fase Móvel Tampão fosfato pH 2,2/Acetonitrila (75:25)
Temperatura do
50ºC
forno
Volume de Injeção 3 μL
Fluxo 0,5 mL/min

As amostras e as soluções-padrão foram injetadas nas condições dispostas


e obtiveram-se as áreas sob os picos cromatográficos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Doseamento do Maleato de Enalapril Matéria Prima


Os resultados das medições da potenciometria do titulado estão dispostos
na Tabela 2.

Utilizando programa de computador é possível determinar que o segundo


ponto de inflexão da titulação de doseamento do MaEnMp em média localizase
16

após a adição de 5,9 mL da solução de NaOH 0,09807 M SV (Figura 4), a partir


desse dado, conseguimos determinar o teor de Maleato de Enalapril na Matéria
Prima.
Tabela 2 – Resultados da titulação de doseamento do MaEnMp

# Ponto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Qtd. Titulante 0,0 mL 1,0 mL 2,0 mL 3,0 mL 4,0 mL 4,4 mL 4,8 mL 5,0 mL 5,2 mL 5,4 mL 5,6 mL
mV 237,5 215,5 148,5 92 60 49 36,5 26,5 16,5 10 -8
# Ponto 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Qtd. Titulante 5,8 mL 6,0 mL 6,2 mL 6,4 mL 6,8 mL 7,0 mL 7,5 mL 8,0 mL 9,0 mL 10,0 mL
mV -90,5 -190 -206,5 -229 -248 -255,5 -265,5 -272,5 -281 -288

Figura 4 – Gráfico da segunda derivação dos resultados do doseamento do MaEnMp

Fonte: Autor

De acordo com a monografia do maleato de Enalapril matéria prima, cada


mL de uma solução 0,1 M equivale a 16,416 mg de Maleato de Enalapril,
entretanto, precisamos calcular o fator de correção para determinar a
quantidade real de NaOH gasto.
Concentração Real
do padrão
Volume gasto x Concentração Teórica = Volume real gasto
do padrão

0,9808 M
5,9 mL de NaOH x = 5,7867 mL de NaOH
1M
17

Foram gastos então 5,7867 mL, cada mL da solução titulante gasto


equivale a 16,416 mg de Maleato de Enalapril, por isso, determinamos que o
MaEnMp possui teor de 90,47%. Esse valor será considerado para o padrão
secundário “como tal”.

3.2 Determinação de peso


Os pesos das amostras estão dispostos na Tabela 3:
Tabela 3 – Resultados da determinação de peso dos comprimidos.

Comp. 1 2 3 4 5 6 (+) 7 8 9 10
Peso (g) 0,2845 0,2743 0,2825 0,2853 0,2787 0,2873 0,2839 0,2842 0,2781 0,2771
Desvio
1,50 -2,13 0,79 1,79 -0,57 2,50 1,29 1,39 -0,78 -1,14
Padrão (%)
Comp. 11 12 13 14 15 (-) 16 17 18 19 20
Peso (g) 0,2733 0,2776 0,2869 0,2811 0,2698 0,2762 0,2829 0,2803 0,2815 0,2804
Desvio
-2,50 -0,96 2,36 0,29 -3,74 -1,46 0,93 0,0018 0,43 0,037
Padrão (%)

O peso médio dos comprimidos é 0,2803 g, com desvio padrão de ± 0,0045


g. A monografia do MaEnComp exige que para a determinação de peso, as
amostras cumpram com os requisitos do método geral 5.1.1 da Farmacopeia
Brasileira, ou seja, que para comprimidos não revestidos de peso médio maior
que 250 mg (0,250 g), tolera-se no máximo duas unidades com variação maior
que ± 5%, sendo que nenhuma das amostras deve estar acima ou abaixo do
dobro da porcentagem indicada.

As amostras do ensaio apresentam-se em conformidade com o preconizado


pela farmacopeia, visto que todos os comprimidos se apresentaram entre os
limites, tendo o comprimido mais pesado o desvio de +2,50% e o comprimido
mais leve o desvio de -3,74%.

3.3 Uniformidade de doses unitárias


Obtendo as diferentes áreas sob os picos e associando à concentração da
solução UcPd A, conseguimos determinar o teor de fármaco presente nas
amostras, entretanto, precisamos levar em consideração o teor de MaEnMp,
com esta correção podemos então seguir para a determinação da porcentagem
de fármaco presente em relação ao valor rotulado (VR).
18

Tabela 4 – Percentuais do valor declarado para as amostras do ensaio de UC

AMOSTRA % VR AMOSTRA %VR


UcAm A 86,64% UcAm F 86,10%
UcAm B 86,90% UcAm G 86,04%
UcAm C 81,49% UcAm H 84,08% 𝑿=84,97%
UcAm D 82,65% UcAm I 86,65% Dpp= 1,80%
UcAm E 83,56% UcAm J 85,57%

Após determinar a porcentagem do valor rotulado para cada amostra,


podemos então calcular o valor de aceitação para o lote.

Para as amostras, temos: 𝑋̅= 84,90; 𝑘= 2,4; s = 1,8; T = 100 e M = 98,5,


seguindo os cálculos, temos que o VA= 17,85.

As amostras estão em desacordo com o teste, pois o Valor de Aceitação foi


superior a 15,0. Neste caso, deveríamos realizar o reteste, entretanto, devido à
pouca quantidade de amostras disponíveis, não foi possível continuar com a
próxima fase dos estudos.

3.4 Teste de Dissolução


O padrão tinha concentração real de 0,1882 mg/mL e a área sob o pico da
solução padrão foi utilizada como referência. Os resultados estão dispostos na
Tabela 5.

Tabela 5 – Resultados da corrida cromatográfica das amostras no teste de Dissolução

AMOSTRA %
DIAM A 84,91%
DIAM B 86,54%
DIAM C 86,61%
DIAM D 79,15%
DIAM E 87,97%
DIAM F 82,14%

O estágio E1exige que cada unidade apresente resultado maior ou igual a


Q+5%, ou seja ≥ 85%.

Levando em consideração que as amostras B, C e E apresentaram valores


pouco superiores a Q + 5% e as amostras A, D e F apresentaram valores
inferiores a 85%, as amostras então apresentam-se não conformes com E1.
19

Não foi possível realizar os estágios E2 e E3 devido ao baixo número de


amostras para a quantidade exigida de ensaios.

3.5 Doseamento
Analisando os resultados, e comparando com as exigências, podemos
concluir então que as amostras apresentaram teor abaixo do preconizado,
caracterizando-as como não conformes.
Tabela 6 – Resultados da corrida cromatográfica das Solução DsAm A e DsAm B

AMOSTRA TEOR
DSAM A 001 87,35%
DSAM A 002 86,87%
DSAM A 003 86,91%
MÉDIA 87,05%
DSAM B 001 87,20%
DSAM B 002 86,38%
DSAM B 003 86,63%
MÉDIA 86,73%

Figura 5 – Cromatogramas obtidos no Doseamento de maleato de enalapril nos comprimidos.

Fonte: Autor
20

Os cromatogramas de DsPd e DsAm A apresentam picos com tempos de


retenção semelhantes, podendo ser visualizados os picos do ácido maleico (em
torno de 0,5 minutos) e do Enalapril (em torno de 2 minutos) sem a presença
de picos relativos a produtos de degradação.

3.6 Resultados Finais


Os resultados causam surpresa, levando em conta o fato de os
medicamentos ainda estarem dentro do prazo de validade. Pouco se sabe
sobre as condições de armazenamento dessas amostras, era de se esperar
que o teor de fármaco nas amostras estivesse limítrofe por estarem próximos
ao prazo máximo de validade, entretanto, o fato de as amostras
apresentaremse abaixo dos limites especificados nos faz levantar a hipótese de
que esses medicamentos apresentaram problemas de formulação, na
distribuição ou no armazenamento.

Para que se possa estabelecer um padrão, é interessante ampliar o estudo,


analisando amostras tanto do mesmo medicamento, quanto de fármacos
diferentes, visto que a amostragem é extremamente pequena.

4 CONCLUSÕES

Este trabalho objetivou avaliar a qualidade de uma amostra de


medicamentos que foram comercializados e armazenados em ambiente
domiciliar. Diante dos resultados, é possível concluir que os medicamentos não
estariam em condições de serem utilizados, levando em consideração que, nos
testes de dissolução, uniformidade de doses unitárias e teor de fármaco as
amostras apresentam-se inferiores ao ideal.
21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARNETT-ITZHAKI, Z. et al. Household medical waste disposal policy in Israel.


Israel Journal of Health Policy Research, v. 5, n. 1, p. 1–8, 2016.
DONG, H. et al. Occurrence and removal of antibiotics in ecological and
conventional wastewater treatment processes: A field study. Journal of
Environmental Management, v. 178, p. 11–19, 2016.
FALQUETO, E.; KLIGERMAN, D. C.; FACCHETTI ASSUMPÇÃO, R. How to do
the correct discard of medicine residues? Ciencia e Saude Coletiva, v. 15, n.
SUPPL. 2, p. 3283–3293, 2010.
MASSOUD, M. A. et al. Assessment of Household Disposal of Pharmaceuticals
in Lebanon: Management Options to Protect Water Quality and Public Health.
Environmental Management, v. 57, n. 5, p. 1125–1137, 2016.
SCHENKEL, E. P. et al. Como S ã o Armazenados Os Medicamentos Nos Domic
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SERAFIM, E. O. P. et al. Qualidade dos medicamentos contendo dipirona
encontrados nas residências de Araraquara e sua relação com a atenção
farmacêutica. Revista Brasileira de Ciencias Farmaceuticas/Brazilian
Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 43, n. 1, p. 127–135, 2007.
SUI, Q. et al. Pharmaceuticals and personal care products in the leachates from
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