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FERNANDA SCHWENGBER
IJUÍ, RS
2017
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FERNANDA SCHWENGBER
IJUÍ, RS
2017
2
Elaborado por
FERNANDA SCHWENGBER
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________________
Prfª Drª Christiane de Fátima Colet (orientadora)
____________________________________________
Prfª Ms Marilei Uecker Pletch
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
Introdução: A dor é uma das queixas mais frequentes entre pacientes com câncer.
Pesquisas realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), elegeram a dor,
associada às neoplasias, como uma emergência médica mundial. As terapias
farmacológicas são a base do tratamento da dor nos pacientes com câncer, e estas
podem ser feitas com medicamentos não opioides, opioides e adjuvantes analgésicos.
A OMS desenvolveu a escada analgésica como uma diretriz para o tratamento da dor
do câncer e cada degrau refere-se à intensidade da dor do paciente, mas é necessário
também um amplo controle sobre os efeitos adversos decorrentes ao uso de opioides.
Metodologia: Este estudo tem por objetivo realizar uma revisão da literatura sobre a
segurança e eficácia dos medicamentos opioides mais utilizados no controle da dor
oncológica, desenvolvida com produções cientificas indexadas nas bases de dados
Lilacs, Medline, Pubmed e Google Acadêmico. Resultados e discussão: Segundo a
OMS é possível controlar a dor em 90% dos pacientes oncológicos. O uso de opioides
se mostra como o principal fármaco para alivio e conforto da dor nesses pacientes,
porém, o seu uso pode desencadear diversos efeitos colaterais, colocando em duvida
a sua segurança. O sucesso do controle da dor é alcançado quando avaliações
repetidas permitem a escolha da terapêutica mais apropriada para cada paciente,
alcançando um efeito favorável entre o alívio da dor e os efeitos adversos.
Conclusão: Para obtenção de um alivio da dor nos pacientes oncológicos com o
mínimo possível de efeitos adversos, são necessários que os profissionais envolvidos,
assim como familiares e pacientes, tenham conhecimentos suficientes para fazer dos
opioides os fármacos mais efetivos e seguros disponíveis para a dor oncológica.
ABSTRACT
Introduction: Pain is one of the most frequent complaints among cancer patients.
Research by the World Health Organization (WHO) has chosen pain, associated with
neoplasias, as a global medical emergency. Pharmacological therapies are the basis
of pain management in cancer patients, and these can be done with non-opioid drugs,
opioids and analgesic adjuvants. The WHO has developed the analgesic ladder as a
guideline for the treatment of cancer pain and each step refers to the intensity of the
patient's pain, but a broad control over the adverse effects of the use of opioids is also
necessary. Methodology: This study aims to review the literature on the safety and
efficacy of opioid drugs most used in the control of cancer pain, developed with
scientific productions indexed in the Lilacs, Medline, Pubmed and Google Academic
databases. Results and discussion: According to WHO it is possible to control pain
in 90% of cancer patients. The use of opioids is shown as the main drug for relief and
comfort of pain in these patients, however, its use can trigger several side effects,
posing doubts about its safety. The success of pain control is achieved when repeated
evaluations allow the choice of the most appropriate therapy for each patient, achieving
a favorable effect between pain relief and adverse effects. Conclusion: In order to
achieve pain relief in cancer patients with the least possible adverse effects, it is
necessary that the professionals involved, as well as family members and patients,
have enough knowledge to make opioids the most effective and safe drugs available
for pain Cancer.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9
2 METODOLOGIA ................................................................................................ 11
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 11
3.1 OPIOIDES .................................................................................................... 14
3.1.1 Opioides fracos ........................................................................................ 15
3.1.1.1 Codeína .............................................................................................. 15
3.1.1.2 Tramadol ............................................................................................ 15
3.1.2 Opioides fortes ......................................................................................... 17
3.1.2.1 Morfina ............................................................................................... 17
3.1.2.2 Metadona ........................................................................................... 18
3.1.2.3 Fentanil............................................................................................... 19
3.1.2.4 Oxicodona .......................................................................................... 20
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 24
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 26
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1 INTRODUÇÃO
A dor é um dos fenômenos mais temidos e uma das queixas mais frequentes
entre pacientes com câncer. Pesquisas realizadas pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), na década de 1980, elegeram a dor, associada às neoplasias, como
uma emergência médica mundial. Cerca de 50% dos pacientes apresentam dor em
algum período do tratamento e isso preocupa ainda mais a saúde pública, visto que
no Brasil tem-se a estimativa de 600 mil casos novos de câncer entre os anos de 2016
e 2017, e ainda não se obteve novas perspectivas para o controle da dor na oncologia
(ARANTES, 2008; BRASIL, 2016).
A maioria dos casos de câncer é diagnosticada em fase avançada da doença,
conferindo um pior prognóstico, uma menor sobrevida e assim maior risco de recidivas
e metástases. A prevalência da dor sentida por esses pacientes aumenta conforme a
progressão da doença, sendo 10% a 15% com intensidade significativa já no estágio
inicial. As metástases são responsáveis pela maioria dos casos incuráveis de câncer
e a prevalência da dor aumenta para 25% a 30% nesses casos. Nas fases avançadas
a dor está presente em 60% a 90% dos pacientes sendo descrita como insuportável
(ARANTES, 2008; BRASIL, 2014).
A dor pode ser caracterizada como dor aguda, que está diretamente associada
a lesão tecidual, ou ela pode servir como sinal da progressão da doença, tornando-se
uma dor crônica. Não é raro que pacientes oncológicos apresentem quadros de dor
mista, em que estão presentes tanto o componente nociceptivo quanto o neuropático.
As aplicações de instrumentos de avaliação da dor são uma importante estratégia
para auxiliar na escolha adequada do tratamento para a redução do sofrimento desses
pacientes (COSTA & CHAVES, 2012; STRAUB, 2005; MORETE & MINSON, 2010;
WIERMANN et al., 2014).
O controle da dor oncológica é um assunto que tem despertado interesse e
questionamentos na comunidade médico-científica, visto que o alívio da dor não é
apenas uma possibilidade, mas um compromisso profissional, ético e moral para
aliviar os pacientes do sofrimento (COSTA & CHAVES, 2012; STRAUB, 2005).
Nos últimos anos, várias diretrizes e protocolos tornaram-
se eficazes para o controle da dor, e as terapias farmacológicas são necessários no
tratamento desse sintoma nos pacientes com câncer. Estas terapias podem ser
10
Desta forma, este estudo tem por objetivo realizar uma revisão da literatura sobre
a segurança e eficácia dos medicamentos opioides mais utilizados no controle da dor
oncológica, assim como descrever seus possíveis efeitos adversos e identificar sua
efetividade na associação com outros fármacos.
2 METODOLOGIA
Esse estudo foi elaborado a partir de uma revisão da literatura, desenvolvida com
produções cientificas indexadas nas bases de dados Lilacs, Medline, Pubmed e
Google Acadêmico publicados nos últimos 20 anos, e nos idiomas Inglês, Português
e Espanhol. As palavras chaves utilizadas foram “Cancer Pain”, “Cancer”, “Opioids” e
“Morphine” e suas correspondentes em português “Dor Oncológica”, “Câncer”,
“Opioides” e “Morfina”. Foram considerados como critérios de exclusão artigos
publicados antes do período proposto e que se referiam à tratamentos com opioides
em pacientes com dores não-oncológicas.
Além disso, utilizaram-se algumas fontes de informação secundária relacionadas
ao assunto, sem considerar ano de sua publicação.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
randomizados, mas, apesar dessa defasagem, este protocolo continua a ser utilizado
como padrão no mundo inteiro (BARBOSA, et al., 2012; RANGEL & TELLES, 2012).
Segundo a OMS, é possível controlar a dor em cerca de 90% dos pacientes
oncológicos (MICELI, 2002). Para manter isso, recomenda-se que as medicações
analgésicas sejam administradas em horários pré-estabelecidos, respeitando seus
intervalos de administração de acordo com a meia vida do fármaco. Uma escala de
horários fixos assegura que a próxima dose seja fornecida sem a perda da analgesia
da dose anterior, proporcionando um alivio da dor mais consistente (RANGEL &
TELLES, 2012).
A avaliação frequente do paciente, durante todo o seu tratamento, possibilita
um escalonamento progressivo dos analgésicos, avaliando seus efeitos colaterais e
possibilitando ajustes de doses sempre que necessário. Porém com o uso da dose
máxima do fármaco, sem efeito analgésico satisfatório, e aparecimento de efeitos
adversos intoleráveis, recomenda-se a substituição de um opioide por outro da mesma
potência, procedimento este que pode ser chamado de rotação de opioide, no qual se
faz uso de uma tabela de equivalência analgésica para obter melhor balanço entre a
analgesia e seus efeitos adversos (MINSON et al. 2012; MARCADANTE, 1999).
O início do tratamento farmacológico no controle da dor no paciente com câncer
se dá primeiramente com a avaliação da sua intensidade. Para o alivio da dor
considerada leve preconiza-se o uso de um fármaco não opiode. Os analgésicos não
opioides têm importante papel no tratamento da dor, seja ela aguda ou crônica, e
seguindo os preceitos da escada analgésica da OMS, podem ser associados aos
opioides em qualquer degrau. O tratamento com anti-inflamatórios não-esteroides
(AINE’s) é um dos utilizados na clínica oncológica e pode ser instituído desde o
diagnóstico e durante todo o curso da doença, visando o fornecimento de maior
conforto ao paciente pelo alívio de sintomas e, especialmente, da dor e da inflamação.
A dor leve pode ser tratada com AINE’s simples (dipirona, paracetamol). Essa classe
farmacológica atua pela inibição da cicloxigenase (COX), inibindo a síntese de
prostaglandinas, envolvidas nos processos inflamatórios, atuando inteiramente no
tecido lesado, e não tendo ação central. O uso desses deve ser reservado aos
pacientes com baixo risco de sangramento gastrintestinal, pois apesar de sua
excelente eficácia analgésica, pode trazer efeitos colaterais graves ao paciente
(RANGEL & TELLES, 2012; BARBOSA et al., 2012).
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3.1 OPIOIDES
3.1.1.1 Codeína
3.1.1.2 Tramadol
3.1.2.1 Morfina
3.1.2.2 Metadona
3.1.2.3 Fentanil
3.1.2.4 Oxicodona
dor devido a sua neoplasia, porém, só 79% informaram ter recebido prescrição médica
analgésica e 21% declararam não a ter recebido. Dentre os doentes que possuíam
prescrição analgésica, somente 1 afirmou que a terapia prescrita o deixava livre da
sintomatologia álgica. Os 44 restantes possuíam prescrição analgésica, mas
persistiam com dor. Os autores para compreender a alta ocorrência de dor não
controlada, comparou a intensidade da dor com a potência do analgésico prescrito,
onde em 15,8% dos casos, a dor foi considerada leve (0 a 3) e 66,7% dos doentes
avaliaram a dor como moderada (4 a 7) e 17,5%, como intensa. No entanto, 26,7%
dos esquemas terapêuticos eram adequados para dor leve; 37,7% para dor moderada
e nenhum envolveu o terceiro degrau da escada analgésica, que prevê o uso de
opioides fortes para o controle da dor, embora 17,5% dos doentes tenham, avaliado a
dor como intensa (8 a 10). Isso demostra as avaliações errôneas realizadas pelos
profissionais que avaliam a intensidade da dor e os profissionais que prescrevem o
esquema terapêutico, sem atender as necessidades que os pacientes apresentam,
para o alivio consistente da dor, podendo ter como alternativas um aumento de doses,
uma substituição de fármacos ou até mesmo a titulação de uma dose de resgate.
O uso de opioides fortes como primeira escolha pode ser uma medida
apropriada para pacientes que apresentam dores mais intensas. Em um estudo feito
por Nunes, Garcia e Sakata (2014), os autores avaliaram o uso da morfina como
primeira medicação para o tratamento da dor câncer, e fizeram um comparativo desta
com as recomendações da OMS, que recomenda o uso dos analgésicos de forma
gradual. Ambos os protocolos utilizados apresentaram redução da dor na mesma
intensidade, porem os pacientes que receberam morfina como primeira escolha
apresentaram maiores efeitos adversos. Os autores recomendam maiores estudos
para avaliar novas opções para a escala analgésica da OMS.
Outros estudos questionam a falta de literatura e ensaios randomizados para o
uso da morfina, visto a importância deste medicamento no controle da dor no câncer
(WIFFEN, WEE & MOORE, 2013).
Há uma considerável variação nas respostas dos pacientes a morfina,
aproximadamente 30% dos pacientes não consegue analgesia adequada ou
experimentam efeitos adversos intoleráveis com o seu uso, com isso os opioides
fortes alternativos devem ser cada vem mais incorporados nas terapias
farmacológicas para o controle da dor no câncer (RILEY et al., 2015).
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERÊNCIAS
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in pharmacology, v. 7, 2016.
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