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Façamos o Homem – Introdução

O judaísmo atribui enorme importância ao conhecimento de si mesmo,


especialmente nas obras de ética e naquelas escritas pelos mestres
chassídicos.
Pois ele parte do princípio de que todo aquele que se empenha em conhecer
melhor a si mesmo estará descobrindo o próprio Criador.
Mais do que isto, estará revelando a Divindade presente dentro de si e o
enorme potencial que está a sua disposição.
Por isso, a autoestima saudável a que o autor se refere, o contrário da
arrogância e da autossuficiência, nada mais é do que a descoberta da
centelha Divina presente em todo ser humano.
São muitas as coisas que, em nossas vidas, não somos capazes de mudar.
No entanto, não há dúvida de que é possível mudar nossa visão e atitude
diante dos fatos e isto pode certamente melhorar em muito nossas vidas.
Neste estudo, desenvolvendo o tema da autoestima através do judaísmo, o
Rabino Dr. Abraham Twerski utiliza-se de seus profundos conhecimentos da
Torá, bem como de sua grande experiência como psicólogo e psiquiatra,
com a finalidade de ajudar o leitor a conhecer a si mesmo, apreciar suas
próprias virtudes e aproveitá-las ao máximo.
Aquele que ler e se aprofundar em cada capítulo, buscando aplicar em sua
vida o conhecimento que eles transmitem, com certeza tornará sua vida
muito mais feliz.

- Rabino Isaac Michaan

Introdução
Ao longo da história, o homem empenhou-se em várias buscas.
Ele buscou formas de melhorar seu ambiente, de aumentar sua
produtividade, de vencer as doenças.
E, num sentido mais sublime, o homem buscou a D-us.
Certa vez, ao defrontar-se com um jovem que fora procurá-lo em sua casa,
o Rebe de Kotzk perguntou-lhe: "O que o trouxe aqui?".
"Eu vim para encontrar D-us", respondeu o jovem.
"Que pena você ter desperdiçado seu tempo e seu dinheiro", disse o Rebe.
"D-us está em toda parte. Se tivesse ficado em casa, você poderia
encontrá-Lo da mesma maneira."
"Então por que eu deveria ter vindo?", perguntou o jovem.
"Para encontrar a si mesmo", disse o Rebe. "Para encontrar a si mesmo".
De tudo o que existe no mundo, o homem é o que está mais próximo de si
mesmo; no entanto, muitas vezes ele se encontra extremamente distante
de si mesmo.
Este distanciamento resulta numa distorção da percepção que este tem de
si mesmo e tal distorção pode causar uma alienação ainda maior do próprio
ser, gerando um círculo vicioso que se reforça cada vez mais.
Este estudo se propõe a fazer com que nos aproximemos do verdadeiro
conhecimento de nós mesmos e da autoestima positiva que deve resultar
dele.
Ele não promete eliminar as tristezas da vida, nem proporcionar um estado
transcendental como refúgio contra elas.
Em vez disso, ele tenta elaborar algumas das percepções psicológicas
contidas na Torá e mostra de que modo uma vida profunda de acordo com
a Torá fortalece a personalidade e ajuda a ampliar ao máximo as
possibilidades de cada indivíduo.
Na verdade, esta ampliação das possibilidades individuais nada mais é do
que urna extensão do trabalho da Criação e a realização da afirmação
Divina: "Façamos o homem" (Gênesis 1:26).
Embora algumas das minhas obras tenham obtido certo êxito, não espero o
mesmo deste estudo.
Grande parte da literatura sobre o aperfeiçoamento da personalidade traz
implícita a promessa de que, seguindo as instruções do autor, a pessoa
poderá atingir um estado de tranqüilidade ou felicidade.
Este estudo não faz tal promessa.
A Torá nos diz que foi breve a permanência do homem no Jardim do Éden e
que, após sua expulsão, ele nunca mais voltaria a conhecer o Paraíso
durante a vida terrena.
Numa época em que os avanços tecnológicos propiciam alívio rápido a
muitos tipos de desconforto e sofrimento, a tese deste estudo talvez seja
considerada excêntrica.
A todos aqueles que estão dispostos a admitir que o desenvolvimento da
personalidade talvez não dependa dos milagres da tecnologia moderna e
que talvez seja necessário muito tempo e esforço para se atingir um
objetivo que é não apenas intangível, como também, pouco gratificante no
sentido de propiciar tranqüilidade definitiva, eu respeitosamente apresento
este estudo.

Continua

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