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PARA A DÉCADA
AFRODESCENDENTE
NA BAHIA
SALVADOR
OUTUBRO DE 2016
Governador do Estado
Rui Costa
Chefe de Gabinete
Maiara Alves Oliveira
Equipe Técnica:
Sistematização e Texto
Antônio Cosme Lima da Silva
Nairobi Aguiar
Cleifson Dias
Cristiano Lima
Célia Menezes
Ana Paula França
Elisia Santos
Gabriele Vieira
Maria Aparecida dos Santos
Izolda Conceição Pereira
Estagiários/as:
Alex Borges
Arthur Lira
Fernanda Santiago
Francine Santos
Lays Franco Fon
Vitor Marques
PLANO ESTADUAL
PARA A DÉCADA
AFRODESCENDENTE
NA BAHIA
SUMÁRIO
6-8
APRESENTAÇÃO
10-12
O PLANO ESTADUAL DA DÉCADA
AFRODESCENDENTE 46-54
APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS
14-18 46
POPULAÇÃO NEGRA E INDICADORES DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
SOCIAIS: PARADOXOS NO ACESSO
46
AOS DIREITOS NO BRASIL DO DIREITO À EDUCAÇÃO, CULTURA,
ESPORTE E LAZER
20-22 47
DOS DIREITOS DOS POVOS E
CONJUNTURA DA DÉCADA COMUNIDADES TRADICIONAIS
INTERNACIONAL AFRODESCENDENTE
49
DO DIREITO AO TRABALHO, EMPREGO,
RENDA, EMPREENDEDORISMO E AO
24-26 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A DÉCADA PARA A BAHIA E OS MARCOS
50
LEGAIS DAS POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DO COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL
DA IGUALDADE RACIAL
51
DAS MULHERES NEGRAS
28-30 52
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA DÉCADA DA JUVENTUDE NEGRA
53
32-34 DO ACESSO À JUSTIÇA
36-44
DESAFIOS DA DÉCADA INTERNACIONAL 56-58
AFRODESCENDENTE NA BAHIA CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS
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Este documento, o Plano da Década Esta- ras de ascensão social e intelectual, e muitas
dual Afrodescendente, resultante do esforço vezes, criminalizando modos de vidas.
conjunto do Grupo de Trabalho instituído pelo Buscamos ao final da década, particularmen-
Governador do Estado, retrata que ainda pre- te em 2023, ano que o Estado da Bahia completa-
cisamos afirmar diariamente que o fenômeno rá 200 anos de independência do Brasil na Bahia,
do racismo, mais especificamente do racismo ter conseguido consolidar as políticas de promo-
institucional e da intolerância religiosa correla- ção da igualdade, inovar nas práticas de gestão,
ta, coexiste com todas as suas sofisticações. E articular e fomentar possibilidades de superação
que na nossa atuação, da mesma forma, preci- do racismo e desenvolvimento dos povos e co-
samos também ser sofisticados na implemen- munidades tradicionais, e permanecermos fir-
tação de medidas que possam superar os im- mes no propósito e na missão desta secretaria.
pactos negativos que eles causam à sociedade
baiana, dificultando o desenvolvimento social Fabya dos Reis Santos
e econômico, limitando as possibilidades de Secretária de Promoção da Igualdade Racial
acesso ao mercado de trabalho, criando barrei- do Estado da Bahia
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de que pouco ou quase nenhum reconhecimen- estruturados a partir dos capítulos do Estatuto
to oficial é dado às mulheres negras - a exemplo da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância
da própria Maria Felipa - processo intimamente Religiosa, gerando um cronograma de mesas te-
relacionado ao sexismo e ao racismo histórico. máticas, rodas de diálogos, além de audiências
Outro importante fato a destacar na elabora- públicas que ocorreram na Assembleia Legisla-
ção deste Plano concerne na criação do Grupo tiva do Estado da Bahia, sendo que a primeira
de Trabalho da Década Estadual Afrodescen- foi destinada à apresentação da Carta da Bahia
dente, também instituída através do Decreto para a Década Internacional Afrodescendente
16.320/2015. Esse grupo foi formado por um e do Decreto 16.320/2015, evento que contou
conjunto de secretarias e organismos do Esta- com a participação da ministra da Secretaria
do com o intuito de pensar e estruturar as dire- Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
trizes de consolidação das ações da década na Racial da Presidência da República(SEPPIR/PR),
Bahia. Nesse intento, tanto o plano de trabalho Nilma Lino Gomes, da então secretária de Pro-
quanto a metodologia para discussão acerca moção da Igualdade Racial, Vera Lúcia Barbosa,
dos principais temas que afetam a população além de diversas autoridades e lideranças da
negra e para o acolhimento das propostas para sociedade civil. Já a segunda audiência pública
a elaboração do Plano basearam-se em eixos serviu como espaço de escuta e apresentação
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Cerca de 64% deles não completam a Educa- como ao gozo de direitos civis, sociais, econô-
ção Básica, o que demonstra que muitos vivem micos e políticos.
à margem da sociedade, mesmo com o apoio de Segundo o Retrato das Desigualdades de
programas sociais. Os jovens ainda formam a Gênero e Raça, projeto desenvolvido pelo Ins-
parcela mais afetada, posto que experimentam tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),
o acesso limitado à educação de qualidade e as sete em cada 10 casas que recebem o benefí-
altas taxas de abandono da escola. cio do Bolsa Família são chefiadas por mulheres
O censo deixa claro a relação direta entre negras e 2/3 das casas presentes nas favelas
analfabetismo e raça, posto que demonstra os brasileiras são chefiadas por homens ou mu-
índices elevados de analfabetismo e a cor da lheres negras. Das 16,2 milhões de pessoas vi-
pele, conduzindo certo grupo de pessoas à in- vendo em extrema pobreza no país, 70,8% delas
justa situação de má distribuição de renda. Os são afro-brasileiros. Segundo o levantamento
dados permitem concluir, a priori, que o analfa- da ONU, os salários médios dos negros no Brasil
betismo na população negra conduz aos mais são 2,4 vezes mais baixos que o dos brancos, e
baixos níveis de renda. Estas disparidades tam- 80% dos analfabetos brasileiros são negros.
bém estão refletidas nos acessos desiguais a Os dados da Pesquisa de Emprego e Desem-
bens e serviços, ao mercado de trabalho, bem prego da Região Metropolitana de Salvador (PE-
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baixa escolaridade – são ocupadas por 65,0% quadros de servidores públicos federais, a par-
de pardos e pretos. tir da representação das diversidades da popu-
Esta análise subsidiou a sanção a Lei nº lação brasileira. E no Estado da Bahia, a Lei nº
12.990/14, que reserva aos negros 20% das va- 13.182/2014 estabeleceu no seu art. 49 o quan-
gas nos concursos públicos da administração titativo mínimo de 30% das vagas a ser providas
pública federal, autarquias, fundações públicas, através de concursos públicos e processos se-
empresas públicas e sociedades de economia letivos de pessoal, no âmbito da Administração
mista controladas pela União. Seu objetivo é Pública Direta e Indireta para a população negra.
contribuir para a adequada composição dos Conforme o “Mapa do Encarceramento –
Os Jovens do Brasil”, publicação realizada pela
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SEPPIR e que traz um diagnóstico sobre o perfil
da população carcerária no país, em 2005, ha-
via 92.052 negros presos e 62.569 brancos, ou
seja, considerando-se a parcela da população
carcerária para a qual havia informação sobre
cor disponível, 58,4% era negra. Já em 2012
havia 292.242 negros presos e 175.536 bran-
cos, ou seja, 60,8% da população prisional eram
pessoas negras.
Na Bahia, segundo dados do Anuário Brasi-
leiro de Segurança Pública (2014), enquanto a
população de brancos penitenciários reduziu de
1.428 em 2012 para 1.340 em 2013, a popula-
ção de pretos (exclui pardos e outros) aumentou
de 2.407 para 3.255 no mesmo período. Consta-
ta-se, assim, que quanto mais cresce a popula-
ção prisional no país, mais cresce o número de
negros encarcerados.
A violência é outro grande fator de desigual-
dade da população negra, que tem como alvo
principalmente os jovens negros. Os homicídios
são a principal causa de morte de jovens de 15
a 29 anos, majoritariamente negros do sexo
masculino, moradores das periferias e áreas
metropolitanas dos centros urbanos. Dados do
Ministério da Saúde que subsidiam o Mapa da
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Violência 2014 mostram que 71,1% dos 56.337 instituição da Política Nacional de Desenvolvi-
mortos por homicídio em 2012 no Brasil eram mento Sustentável dos Povos e Comunidades
jovens, dos quais 76,9% negros (pretos e pardos) Tradicionais (PNPCT); a sanção do Estatuto da
e 93,3% do sexo masculino. Igualdade Racial; a implementação do sistema
Este conjunto de dados proporciona o re- de cotas para o acesso às universidades públi-
conhecimento da necessidade de execução de cas e em concursos. Contudo, apesar dos avan-
programas de inclusão social, visando gerar na ços, os gargalos persistem para a efetividade
vida da população negra avanços no que tange das políticas de ações afirmativas.
ao reconhecimento dos valores fundamentais Construir pontes que aproximem as realida-
para o exercício pleno de sua cidadania, parti- des de brancos e negros no Brasil é um desafio
cipação social, econômica e política. Foi esse monumental de engenharia social e econômica,
contexto que ensejou o surgimento de políticas levando o Poder Público e a sociedade civil a
públicas voltadas para o segmento populacio- continuar a fomentar a reparação e a igualdade
nal negro no Brasil, tais como: obrigatoriedade sociorracial de forma eficaz e duradoura, con-
do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira siderando as peculiaridades étnico-culturais e
no Ensino Fundamental e Médio, a Política Na- possibilitando, assim, a construção uma socie-
cional de Saúde Integral da População Negra; a dade plural e igualitária.
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A Década Internacional de Afrodescenden- Discriminação Racial, assegurando a sua plena
tes foi consagrada para o período compreendido e efetiva implementação. O Estado brasileiro
entre 2015 e 2024. Entre seus principais objeti- aderiu à Década Internacional Afrodescendente
vos estão a promoção ao respeito, à proteção e em julho de 2015, mesmo mês em que se cele-
ao cumprimento de todos os direitos humanos bra o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-
e liberdades fundamentais da população ne- -Americana e Caribenha e o Dia Nacional Tereza
gra, como reconhecido na Declaração Universal de Benguela e da Mulher Negra, data instituída
dos Direitos Humanos, bem como impulsionar pela Lei Nº 12.987/2014, ambas consideradas
o conhecimento e o respeito pelo patrimônio marcos de evocação à memória e presença das
diversificado, pela cultura e contribuição de mulheres negras na formação da sociedade bra-
afrodescendentes para o desenvolvimento das sileira e americana.
sociedades. Pretende-se, ainda, legitimar os Em março do mesmo ano, a agência
quadros jurídicos nacionais, regionais e interna- ONU Brasil realizou a Oficina Interagencial “Pla-
cionais de acordo com a Declaração e Programa nejando a Década dos Afrodescendentes 2015-
de Ação de Durban e da Convenção Internacio- 2024”, em Brasília, onde foi destacada a posi-
nal sobre a Eliminação de Todas as Formas de ção dessa organização frente a temas como a
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JUVE), que mais tarde será fortalecido a partir O Decreto 14.720/2013 instituiu a Políti-
da mudança de status legal, com a Lei Estadual ca Estadual de Atenção Integral à Saúde da
nº 13.452/13, vinculando o CEJUVE à Secretaria População Negra e tem por finalidade esta-
de Justiça, Direito Humanos e Desenvolvimento belecer princípios, diretrizes e ações de pro-
Social da Bahia (SJDHDS). moção, proteção e recuperação da saúde da
O ano de 2011 viu surgir, ainda, o Plano população negra, garantindo que profissionais
Estadual de Juventude, sancionado através da da Saúde Pública sejam capacitados para o
lei nº 12.361/11, constituindo o eixo juventude atendimento com equidade e a promoção da
com uma efetiva política de Estado. E para cor- saúde da população negra.
roborar toda a política de juventude no Estado, No ano de 2014, com a Lei nº 13.208, ins-
tivemos a vinculação do Estado da Bahia por tituiu-se a Política Estadual de Fomento ao
meio do Termo de Adesão ao Plano Juventude Empreendedorismo de Negros e Mulheres
Viva, que ganhou densidade legal, especialmen- (PENM) no Estado da Bahia, com a finalidade
te, a partir da sanção do Decreto nº 15.066/14, de criar condições para aumentar a inclusão,
que cria o Comitê Gestor Estadual do Plano de a produtividade e o desenvolvimento sustentá-
Prevenção à Violência Contra a Juventude Ne- vel de empreendimentos liderados por negros
gra - Juventude Viva. e mulheres no mercado.
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Uma concepção de Década
A participação da sociedade civil
Internacional Afrodescendente
nos processos de implementação,
que potencialize e amplie os
monitoramento e avaliação das
pilares básicos de afirmação identitária,
propostas explicitadas no Plano, com
de conformação de um marco legal e uma
vistas à promoção da igualdade racial
política de inclusão e desenvolvimento para
no Estado da Bahia, por meio de seus
os próximos dez anos,vinculada aos Planos
organismos representativos;
2
Plurianuais do Estado;
5
O desenvolvimento sustentável
Uma capacidade de entender o
como promoção da melhoria
território baiano como um espaço
da qualidade de vida dos
multidimensional em seus diversos
povos e comunidades tradicionais nas
territórios de identidade e das suas
gerações atuais, garantindo as mesmas
mais diversas manifestações culturais e
possibilidades para as gerações futuras e
civilizatórias, o que implica que a Década
respeitando os seus modos de vida e as
Baiana precisa se conformar em um
suas tradições;
3
amálgama que sintetize o caldo cultural
das africanidades na Bahia diaspórica;
6
Medidas e programas de ações
afirmativas destinados ao
Um ideário renovado de uma
enfrentamento das desigualdades
década que dialogue com arranjos
raciais no tocante à educação, cultura,
estatais e privados e com as
esporte, lazer, saúde, segurança, trabalho,
mais diversas experiências da economia
moradia, meios de comunicação de
solidária, cooperativa e comunitária,
massa, financiamentos públicos, acesso
incentivando o empreendedorismo como
à terra, acesso à justiça e outros aspectos
modo emancipatório de superação das
da vida pública;
desigualdades na Bahia;
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Acompanhar e avaliar os progressos
7
realizados na implementação do
Uma disposição em programa de atividades da Década
interseccionar as políticas Internacional de Afrodescendentes e, para
públicas de tal modo a combater tal, recolher informação relevante por
os altos índices de desigualdades parte dos governos, órgãos e entidades
históricas que envolvem a mulher negra das Nações Unidas, organizações
e o jovem negro, bem como enfrentar intergovernamentais, organizações não
a intolerância religiosa, a feminização governamentais e outras fontes pertinentes;
10
da pobreza, além de trabalhar pela
democratização da terra, pelo acesso à A promoção da
moradia e ao etnodesenvolvimento; descentralização e
8
transversalidade das ações
Uma constatação de que as e da ampla participação da sociedade civil
ações festivas e comemorativas na elaboração, monitoramento e execução
devem ser vistas apenas como dessa política a ser implementada pelas
marcas simbólicas da agenda da década, instâncias governamentais;
11
comprometendo-nos com a elaboração
de um Plano de Ação aprofundado à luz Articular e promover as
de uma necessária construção política propostas explicitadas no
que realize mudanças estruturais na presente Plano, na perspectiva
sociedade baiana e nas relações raciais do alcance de universalidade de cobertura ao
atualmente existentes; longo de dez anos, tendo como referencial
básico a territorialidade e,onde se aplicar, o
território das populações negras e indígenas.
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7. ADEQUAÇÃO
AO PPA 2016-2019
No Plano Estadual da Década Afrodescenden-
te 2015-2024, à vista do Plano Plurianual Par-
ticipativo (PPA) 2016-2019, instituído pela Lei
nº 13.468, de 29 de dezembro de 2015, estão
estabelecidos os compromissos, as diretrizes
e as metas que alinham a Política de Promo-
ção da Igualdade Racial e o Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradi-
cionais do Estado da Bahia aos objetivos da
Década Internacional Afrodescendente.
No que se refere diretamente ao PPA 2016-
2019, este, por sua vez, balizado no Programa
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te, desde a sua concepção, o compromisso da
gestão do Governo com a promoção da inclu-
são de segmentos historicamente excluídos
da sociedade baiana. Os afrodescendentes,
as mulheres, os jovens, os idosos, a comuni-
dade LGBT, as pessoas com deficiência, os in-
dígenas, os quilombolas e os demais Povos e
Comunidades Tradicionais (PCTs) estão con-
templados em um conjunto de ações que já
começaram a ser implementadas.
Dentre os Programas que compõem o PPA
2016-2019, merece referência o Programa 214
– Promoção da Igualdade Racial, Povos e Co-
munidades Tradicionais, que reforça o caráter
do governo em alinharas políticas públicas
finalísticas com as políticas sistêmicas, que
articulam e promovem o desenvolvimento de
determinados segmentos, apontando indica-
dores que garantam a sua efetividade.
Para além do programa em referência, o
PPA 2016-2019 contempla outros programas
transversais à política de Política de Igualdade
Racial do Estado referenciado a seguir:
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JUVENTUDE NEGRA
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deral dará todo o respaldo à questão do
Plano Juventude Viva, e estamos articulan-
do todas as esferas, todos os ministérios,
todos os governos estaduais e também a
justiça, através do CNJ e do Ministério Pú-
blico, no sentido de assegurar que haja, de
fato, um foco no que muitos chamam de
genocídio da juventude negra. (Mapa da
Violência 2013 – Homicídios e Juventude
no Brasil, grifo nosso).
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MULHERES NEGRAS
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Na dimensão do Reconhecimento:
1
Promover um maior conhecimento,
4
reconhecimento e respeito pela
cultura, história e patrimônio dos Fomentar o desenvolvimento
povos afrodescendentes, inclusive através da capacidade de entender o
de pesquisa e da educação, e promover a território baiano como um espaço
inclusão completa e precisa da história e da multidimensional em seus diversos
contribuição dos povos afrodescendentes territórios de identidade e das suas
nos currículos escolares, especialmente mais diversas manifestações culturais e
a partir do efetivo cumprimento do Art. civilizatórias, o que implica que a Década
26 A da Lei de Diretrizes e Bases da Baiana precisa se conformar em um
Educação Nacional (LDBN), modificado amálgama que sintetize o caldo cultural
pelas leis nº10.639/2003 e nº11.645/2008, das africanidades na Bahia diaspórica;
5
considerando um conjunto complexo de
ações para este fim; Promover o reconhecimento de que o
2
patrimônio material e imaterial, legado
Promover uma maior cooperação, dos povos negros aqui enraizados,
articulação e parceria entre as fundadores de uma nova civilização africana
organizações governamentais e não no Brasil, criando uma identidade peculiar no
governamentais para efetivar a agenda de espaço brasileiro e baiano;
6
afirmação de direitos econômicos, culturais,
patrimoniais, sociais, políticos e civis da Promover um reconhecimento
população negra; e uma afirmação de que
3
entendemos que apenas uma
Fomentar o desenvolvimento de uma agenda global e estratégica construída em
concepção de Década Internacional todas as áreas de governo e em todas as
Afrodescendente na Bahia que áreas da atividade humana pode efetivar
potencialize e amplie os pilares básicos de uma política de igualdade refletida nas
afirmação identitária, de conformação de ações da Década na Bahia.
um marco legal e uma política de inclusão
e desenvolvimento para os próximos
dezanos, vinculado ao programa baiano de
crescimento denominado Pensar a Bahia;
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4
Empreender uma revisão
abrangente da legislação
Na dimensão do Acesso à Justiça: estadual com vistas a identificar
1
e abolir disposições que impliquem em
Prevenir e punir adequadamente discriminação direta ou indireta;
5
todas as violações de
direitos humanos que afetem Fornecer proteção efetiva para
afrodescendentes, incluindo violência, os povos afrodescendentes na
atos de tortura, tratamento desumano ou Bahia e rever e rejeitar todas as
degradante, com aqueles cometidos por leis que tenham efeito discriminatório
agentes do Estado; de afrodescendentes sofrendo formas
2
múltiplas, agravadas e inter-relacionadas
Desenvolver e implementar uma de discriminação;
6
agenda de resgate de experiências
emancipatórias aliada a um conjunto Projetar, implementar e aplicar
de proposições com alta incidência nos medidas eficazes para a eliminação
territórios e setores populares com o do fenômeno popularmente
propósito de ampliar os direitos de cidadania conhecido como perfil “racial” do suspeito,
do povo negro na Bahia; bem como promover a punição adequada
3
para agentes públicos ou particulares que
Promover e ampliar um conjunto disseminem tal postura;
7
efetivo de políticas, programas
e projetos que potencialize a Garantir que afrodescendentes
implementação de todo o arcabouço tenham total acesso à proteção
legal para a garantia de direitos e recursos eficazes perante aos
humanos, econômicos, sociais, culturais, Tribunais de Justiça do Estado da Bahia
civis e políticos, incluindo o direito ao e outras instituições do Estado contra
desenvolvimento para a população quaisquer atos de discriminação racial, e o
negra da Bahia; direito de exigir reparação ou indenização
justa e adequada por qualquer dano sofrido
como resultado de tal discriminação.
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PLANO ESTADUAL PARA A
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Na dimensão do Desenvolvimento:
1
Tomar medidas para assegurar
Promover a densificação de toda política que os sistemas de educação
de saúde da população negra, inclusive, pública e privada não discriminem
instituindo o Centro de Referência da ou excluam crianças afrodescendentes, e
Saúde da População Negra na Bahia; que elas sejam protegidas de discriminação
2
direta ou indireta, de estereótipos negativos,
Fomentar uma disposição em de estigmatização e violência por parte
interseccionar as políticas públicas de colegas ou professores; para tanto,
de tal modo a combater os altos treinamento e conscientização devem ser
índices de desigualdades históricas que fornecidos para os professores e medidas
envolvem a mulher negra, o jovem negro, para aumentar o número de professores
bem como enfrentar a intolerância religiosa, afrodescendentes trabalhando em
a feminização da pobreza, além de trabalhar instituições de ensino devem ser tomadas;
6
pela democratização da terra, pelo acesso à
moradia e ao etnodesenvolvimento; Reconhecer as condições de moradia
3
precárias e inseguras em que muitos
Reconhecer que a pobreza é tanto afrodescendentes vivem no Estado
causa quanto consequência da da Bahia, e desenvolver e implementar
discriminação, devendo, conforme o políticas e projetos, conforme o caso, visando,
caso, adotar ou fortalecer programas estaduais dentre outras coisas, a assegurar que essa
e nacionais para a erradicação da pobreza e parcela significativa da população possa
redução da exclusão social que levem em conta adquirir e manter um lar e uma comunidade
as necessidades específicas e as experiências segura e protegida onde seja possível viver
dos afrodescendentes, e também expandir em paz e dignamente;
7
seus esforços para promover a cooperação
regional e internacional na implementação Promover um ideário renovado de
desses programas; década que dialogue com arranjos
4
estatais e privados e com as
Assegurar que a educação de mais diversas experiências da economia
qualidade seja acessível e esteja solidária, cooperativa e comunitária,
disponível em áreas onde existam incentivando o empreendedorismo como
comunidades de afrodescendentes, modo emancipatório de superação das
particularmente em comunidades rurais e desigualdades na Bahia.
marginalizadas, com atenção na elevação da
qualidade da educação pública;
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PLANO ESTADUAL
PARA A DÉCADA
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9. DAS PROPOSTAS
PARA A DÉCADA
6 Garantir que nos concursos públicos de
profissional de Saúde sejam incluídas
questões sobre a Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra (PNSIPN) para
9.1 - DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE atender às especificidades dos povos e comu-
nidades tradicionais;
7
O Capítulo I - Do Direito à Vida e à Saúde, do Títu-
Realizar o diagnóstico no Estado sobre a
lo II - Dos Direitos Fundamentais, do Estatuto da
saúde do trabalhador, dos povos e comuni-
Igualdade Racial, iniciado em seus arts. 15 a 21,
dades tradicionais e implantar políticas de saú-
compõe as principais diretrizes para a produção
de voltadas para o atendimento das necessida-
e o desenvolvimento das políticas de saúde da
des desse grupo;
população negra, considerando suas especifici-
dades. No que tange ao direito à vida e à saúde
da população negra, seguem as seguintes pro- 8 Criar, fortalecer e ampliar programas e pro-
jetos de Segurança Alimentar e Nutricional,
com ênfase nas experiências das práticas tera-
postas aqui listadas:
pêuticas de matriz africana e indígena;
3 Inserir o tema com recorte étnico-racial, II - Do Direito à Educação, Cultura, Esporte e La-
gênero, geracional e Lésbicas, Gays, Bisse- zer, do Título II - Dos Direitos Fundamentais, arts.
xuais e Travestis (LGBT) na Política Estadual de 22 a 41, compõe as principais diretrizes para a
Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS); produção e o desenvolvimento das políticas pú-
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PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
8
guintes propostas aqui listadas:
Fomentar, qualificar e ampliar a inserção
1
nos concursos públicos do conteúdo dos
Promover a inclusão qualificada e completa temas relacionados à história de África e di-
na rede estadual de educação do estudo de
áspora, bem assim do Estatuto da Igualdade
História e Cultura Afro-brasileira e Indígena e da
Racial e Combate à Intolerância Religiosa do
contribuição dos povos afrodescendentes nos
Estado da Bahia;
9
currículos escolares, em conformidade com o
Promover cursos e campanhas institucio-
art. 26-A, da Lei nº 9394/96, Lei de Diretrizes e
nais de combate ao analfabetismo junto
Bases da Educação Nacional;
2
aos povos e comunidades tradicionais;
10
Implantar nos programas de capacitação
Assegurar a edição de material sobre
e qualificação da Universidade Corpora-
a temática étnico-racial em brail e dis-
tiva do Serviço Público do Estado da Bahia
ponívelnas bibliotecas e escolas públicas, além
(UCS-BA) temas ligados ao combate ao racis-
da formação de docentes no sistema da Língua
mo institucional;
3
Brasileira de Sinais (LIBRAS);
11
Promover e executar cursos de pós-gradu-
Garantir a preservação das manifes-
ação (stricto e lato-sensu) voltados para a
tações da cultura popular de matrizes
promoção da igualdade racial e do combate à
africanas e afro-brasileiras abrangidas pelas
intolerância religiosa;
4
expressões e bens de natureza material e ima-
Elevar o grau de escolaridade dos povos e terial, tomados individualmente ou em con-
comunidades tradicionais, oferecendo o en-
junto, portadores de referência à identidade, à
sino público de qualidade, garantindo o acesso,
ação e à memória.
a permanência e a formação continuada;
47
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
tange ao acesso à terra para povos e comuni- rança e ocupação dos espaços, além de articular
dades tradicionais, seguem as seguintes pro- políticas de prevenção e enfrentamento à violên-
postas aqui listadas: cia contra as mulheres de povos e comunidades
tradicionais, no âmbito do Fórum Estadual de
6
ção e o monitoramento de políticas públicas Promover a política estadual de desen-
voltadas para os povos e comunidades tradi- volvimento rural sustentável e solidário e
cionais, promovendo o desenvolvimento socio- ampliar a participação de agricultores e empre-
econômico sustentável de povos e comunida- endedores de economia solidária nas compras
des tradicionais, contribuindo para a redução governamentais, estruturando empreendimen-
das desigualdades e melhoria da qualidade de tos comerciais e agroindustriais e promovendo
vida dos mesmos; os produtos da agricultura familiar nos merca-
7
moção dos bens culturais de povos e co- Fortalecer o sistema de garantia de direitos,
munidades tradicionais, articulando ações de a promoção da cultura da paz e a ampliação
apoio às manifestações culturais e identitárias da política comunitária, inclusive com ações de
dos povos e comunidades tradicionais e das enfrentamento à violência contra grupos em si-
religiões afro-brasileiras, apoiando técnica e fi- tuação de vulnerabilidade;
8
nanceiramente projetos para o desenvolvimen-
Promover o acesso à terra e a permanência
to desses segmentos;
nos territórios tradicionais dos povos e co-
9
e comunidades tradicionais, conteúdos para a
Implantar serviços públicos em assenta-
educação e a difusão dos conhecimentos e prá-
mentos rurais, povos e comunidades tra-
ticas identitárias;
dicionais, além de sistemas simplificados de
10
mico sustentável e assegurar ações de preser-
Implantar uma rede de pesquisa e
vação, conservação e manejo sustentável da
inovação voltada para a agricultura
biodiversidade;
familiar, povos e comunidades tradicionais e
48
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
3
da larga, por meio de implantação
Certificar as organizações públicas e or-
da última milha rural para o atendimento de
ganizações da sociedade civil acerca da
agricultores, dos povos e comunidades tradi-
necessidade de aplicabilidade das ações e/ou
cionais, assentamentos da reforma agrária,
programas de responsabilidade social por meio
mulheres e jovens;
da inclusão de jovens negros e negras, povos e
4
ção de material didático e pedagógico para o
Promover o fortalecimento institucional, in-
cumprimento das Leis nº 10.639 e nº 11645 e
centivo, ampliação, acompanhamento, ga-
realizando uma articulação intersetorial para o
rantia da sustentabilidade e do orçamento para
fortalecimento do grupo de trabalho de educa-
o financiamento de atividades de economia soli-
ção para diversidade étnico-racial.
dária dirigidas às comunidades tradicionais;
8
dores (as) ligados aos grupos historicamente
Incluir os aldeamentos e quilombos no
excluídos;
Programa de Erradicação do Trabalho In-
49
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
10 Construção do selo quilombola para a haja vista a sua complexidade. No que tange ao
1
Estado da Bahia;
11
Implantar nos programas de capacitação
Articular formas de potencializar o
e qualificação da Universidade Corpora-
desenvolvimento de atividades arte-
tiva do Serviço Público do Estado da Bahia
sanais e o seu respectivo comércio, garantindo
(UCS-BA) temas ligados ao combate ao racis-
ainda a qualidade dos produtos, com fulcro na
mo institucional;
Lei nº 13.208/2014;
13
mento negro e dos movimentos de povos e co-
Preservar e revitalizar o meio ambiente
munidades tradicionais;
das comunidades quilombolas, respei-
tando seu modo de vida, através de programas
e projetos públicos de conservação para o de- 4 Promover campanhas periódicas na mídia
com a finalidade de impulsionar o comba-
senvolvimento socioambiental desses territórios, te ao racismo institucional, assim como revisar
conforme o art. 2º da Lei nº 11.050/08, do Esta- os instrumentos de comunicação/publicidade
do da Bahia, e da capacitação das comunidades, utilizados, no intuito de eliminar as mensagens
dando subsídio técnico e financeiro para este fim. racistas e sexistas;
50
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
8
No Estatuto da Igualdade Racial, as diretrizes para o Garantir nos programas de qualificação pro-
presente conteúdo encontram-se no Capítulo VII – fissional do governo a inclusão de conteúdos
Das Mulheres Negras, ainda no Título Dos Direitos que promovam discussões acerca das questões
Fundamentais, nos arts. 64 a 67. No que tange às de gênero, raça/etnia, sexualidade e geração;
9
Mulheres Negras, seguem as seguintes propostas:
Promover campanhas que estimulem o pro-
1
tagonismo político das mulheres negras;
10
Criar mecanismos para a qualificação das
mulheres negras nos espaços de decisão Promover ações que fortaleçam a pre-
sença de mulheres negras nos cargos
por meio de formação política e capacitação nas
e funções do Poder Executivo;
áreas de Produção Cultural e de Comunicação;
3
erradicação da pobreza;
12
Nomear espaços públicos que estimulem o
Realizar formação continuada e huma-
acesso à diversidade e que valorizem a his-
nizada para todos os profissionais da
tória e a memória das mulheres negras;
4
Segurança Pública que operam com mulheres
Garantir a ampliação dos processos de
em situação de violência, contemplando o recor-
editais, prêmios e linhas de créditos para o
te étnico-racial, geracional, orientação sexual e
financiamento de projetos específicos para as
mulheres com deficiência;
13
mulheres negras;
5
Ampliar programas de geração de
Fortalecer a comunicação e a cultura imple-
renda destinados às mulheres em si-
mentando a inclusão da questão de gênero,
tuação de privação da liberdade e egressas do
raça/etnia, orientação sexual, geracional e de
sistema prisional;
14
necessidades especiais nos editais estaduais;
6
Incentivar que sejam estabelecidos
Fortalecer e estimular empreendimentos critérios de prioridade às mulheres ne-
da economia solidária desenvolvidos pelas
gras nas ações de assistência técnica rural, sim-
mulheres negras;
plificação do acesso ao crédito agrícola e forta-
7 Garantir o acesso das mulheres negras, por lecimento da infraestrutura de logística para a
meio de cotas, a todos os programas e siste- comercialização da produção.
51
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
10
Título Dos Direitos Fundamentais, nos arts. 68 a Criar mecanismos de qualificação pro-
71. No que tange à Juventude Negra, seguem as fissional para os jovens egressos do
seguintes propostas aqui listadas: cumprimento de medida socioeducativa;
5 Criar mecanismos para a qualificação da ju- povos e das comunidades tradicionais, assenta-
ventude negra nos espaços de decisão por dos de reforma agrária, jovens e mulheres, con-
meio de formação política e capacitação nas siderando as particularidades e potencialidades
áreas de Produção Cultural e de Comunicação; territoriais;
8
tadual de ensino;
Ampliar e fortalecer o Plano de Enfrenta-
16
mento à Vulnerabilidade da Juventude Ne- Promover ações de proteção, promo-
gra -Juventude Viva; ção social e garantia de direitos, forta-
52
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
derando as diversidades dos territórios, das o direito de exigir reparação por qualquer dano
4
nero, raça/etnia, das comunidades tradicio- Implementar e aplicar punições contra
nais e das pessoas em situação de vulnera- todo e qualquer ato de violação dos direi-
bilidade social. tos humanos, atos de racismo e/ou intolerân-
cia religiosa, inclusive os praticados por agen-
9.8 - DO ACESSO À JUSTIÇA tes do Estado.
1
Pública para a população negra, seguem as se-
Fomentar a inclusão nos cursos de ingresso
guintes propostas aqui listadas:
e/ou formação para as carreiras jurídicas e
1
na formação continuada dos técnicos da justiça
Fomentar o estabelecimento de proximida-
(magistrados/as, promotores/as e defensores/
des entre os agentes públicos de segurança
as), de componentes que versem sobre a pro-
e a comunidade, com o fito de construir laços de
moção da igualdade racial e o combate à discri-
confiança e respeito mútuo;
minação, de modo a auxiliar na interpretação e
no tratamento aos jovens envolvidos;
2 Garantir uma especial atenção dos órgãos
2
de Segurança Pública aos moradores das
Implementar a política carcerária baseada
comunidades de povos tradicionais em situação
no princípio da dignidade humana, assegu-
de conflitos;
rando o acesso à justiça e às políticas sociais
através do fornecimento de informações acerca
dos direitos do preso e da prestação de assis- 3 Promover a retirada, até o final da apuração
administrativa ou judicial, dos agentes de
tência jurídica,quando necessário; Segurança Pública, quando das apurações de
53
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
7
Ascom - Sepromi/GOVBA
54
PLANO ESTADUAL
PARA A DÉCADA
AFRODESCENDENTE
NA BAHIA
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PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
IV
- RACISMO: ideologia baseada
I
entre raças e etnias e que,historicamente,
tem resultado em desvantagens sociais,
- POPULAÇÃO NEGRA: conjunto de
pessoas que se autodeclaram pretas econômicas, políticas, religiosas e culturais
V
ou que adotam autodefinição análoga;
II
- RACISMO INSTITUCIONAL:
ações ou omissões sistêmicas
- POLÍTICAS PÚBLICAS: ações,
caracterizadas por normas,
iniciativas e programas adotados
pelo Estado no cumprimento de práticas, critérios e padrões formais e não
III
pública e privada, resultantes de
preconceitos ou estereótipos, que resultam
- AÇÕES AFIRMATIVAS:
programas e medidas especiais em discriminação e ausência de efetividade
56
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
VI
- DISCRIMINAÇÃO RACIAL
OU DISCRIMINAÇÃO
ÉTNICO-RACIAL: toda
distinção, exclusão, restrição ou preferência
baseada em raça, cor, ascendência, origem
VIII
nacional ou étnica, incluindo-se as condutas
que, com base nestes critérios, tenham por
- DESIGUALDADE
objeto anular ou restringir o reconhecimento,
RACIAL: toda
exercício ou fruição, em igualdade de
situação de
condições, de garantias e direitos nos
diferenciação negativa no acesso e
campos político, social, econômico, cultural,
fruição de bens, serviços e oportunidades,
ambiental ou em qualquer outro campo da
nas esferas pública e privada, em
vida pública ou privada;
VII
virtude de raça, cor, ascendência, origem
nacional ou étnica;
IX
- INTOLERÂNCIA
RELIGIOSA: toda
- DESIGUALDADE DE
distinção, exclusão,
GÊNERO E RAÇA: assimetria
restrição ou preferência, incluindo-se
existente no âmbito da
qualquer manifestação individual, coletiva
sociedade que acentua a distância social
ou institucional, de conteúdo depreciativo,
entre mulheres negras e os demais
baseada em religião, concepção religiosa,
segmentos sociais. Lei nº 13182/2014 –
credo, profissão de fé, culto, práticas ou
Artigo 2º - Inciso IX;
peculiaridades rituais ou litúrgicas, e que
provoque danos morais, materiais ou
imateriais, atente contra os símbolos e
valores das religiões afro-brasileiras ou que
seja capaz de fomentar o ódio religioso ou o
menosprezo às religiões e aos seus adeptos.
Lei nº 13182/2014 – Artigo 2º - Inciso VII;
57
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
X
- POVOS E COMUNIDADES
XI
TRADICIONAIS: grupos
culturalmente diferenciados, - TERRITÓRIOS
tais como os povos indígenas, povos de TRADICIONAIS: são os
terreiro, povos ciganos, comunidades espaços necessários
quilombolas, geraizeiros, marisqueiras, à reprodução cultural, social e
comunidades de fundos e fechos de pasto, econômica dos povos e comunidades
pescadores artesanais, extrativistas que tradicionais, sejam eles utilizados de
ocupam ou reivindicam seus territórios forma permanente ou temporária,
tradicionais, de forma permanente ou observado no que diz respeito aos
temporária, tendo como referência sua povos indígenas e quilombolas,
ancestralidade e reconhecendo-se a respectivamente, o que dispõem os
partir de seu pertencimento baseado na arts. 231 da Constituição Federal e 68
identidade étnica e na autodefinição, que do Ato das Disposições Constitucionais
conservam suas próprias instituições Transitórias, acrescido do artigo 51 do
sociais, econômicas, culturais e políticas, ADCT da Constituição do Estado da Bahia
línguas específicas e relação coletiva com e demais regulamentações; em relação
o meio ambiente, que são determinantes às Comunidades de Fundo e Fecho de
na preservação e manutenção de seu Pasto e Povos de Terreiro devem ser
patrimônio material e imaterial, através da observados, respectivamente, o previsto
sua reprodução cultural, social, religiosa, no artigo 178 e o artigo 50 da ADCT da
ancestral e econômica, utilizando práticas, Constituição Estadual. Decreto Federal
inovações e conhecimentos gerados e nº 6040 – Artigo 1º - Inciso I, Decreto
transmitidos pela tradição. Decreto Federal Estadual nº 13247/2011 e Decreto
nº 6040 – Artigo 1º - Inciso I, Decreto Estadual nº 15634/2014.
Estadual nº 13247/2011 e Decreto Estadual
nº 15634/2014;
58
Ascom - Sepromi/GOVBA
PLANO ESTADUAL
PARA A DÉCADA
AFRODESCENDENTE
NA BAHIA
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
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altera o Decreto nº 13.247, de 30 de agosto de 2011, e dá outras providências. Portal da Legislação,
Salvador, nov. 2014. Disponível em: < http://www.legislabahia.ba.gov.br/> Acesso em: 05/10/2016.
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nível em: <http://www.legislabahia.ba.gov.br/> Acesso em: 05/10/2016.
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BAHIA. Governo do Estado da Bahia. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Plano Estadual de Políticas
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09 de junho de 2014. Reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concur-
sos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração
pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades
de economia mista controladas pela União. Portal da Legislação. Brasília, jun. 2014. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12990.htm> Acesso em: 05/10/2016.
60
PLANO ESTADUAL PARA A
DÉCADA AFRODESCENDENTE NA BAHIA
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014. São
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61
CDCN
Conselho de Desenvolvimento
da Comunidade Negra
do Estado da Bahia