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1

capa

O POVO
NEGRO
NO CENTRO

MINISTÉRIO DA
IGUALDADE
RACIAL
2

GOVERNO FEDERAL

Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Vice-Presidente
Geraldo Alckmin

MINISTÉRIO DA
IGUALDADE RACIAL

Ministra
Anielle Franco

Secretária Executiva
Roberta Eugênio

Secretária de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da


Igualdade Racial/SINAPIR
Iêda Leal Souza

Secretária de Políticas e Ações Afirmativas, Combate e


Superação do Racismo
Márcia Lima

Secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e


Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Ciganos
Ronaldo dos Santos
3

FICHA TÉCNICA

Organização
Luna Costa
Marcelle Decothé

Redação
Marina Farias Rebelo

Revisão
Ana Míria Carinhanha
Juliana Romão
Luna Costa
Raio Gomes

Projeto gráfico
Tábata Alves Matheus

Apoio
4

SUMÁRIO
Um outro projeto de país 5
Tormenta e travessia 12
Um trabalho feito a muitas mãos 17
O futuro é agora 24
Segurança alimentar e combate à fome 25
Justiça e combate ao racismo 26
Cultura e memória negra 28
Igualdade de gênero e combate à violência
contra a mulher 28
Trabalho 29
Educação 29
Direito à terra e ao território 30
Quilombos, Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana, Povos de
Terreiros e Ciganos 31
Saberes, tradições e religiosidade negra 32
Alargando horizontes 33
5
6
Fotos: Matheus Alves e
Ricardo Stuckert/SECOM
7

Em 1º de janeiro de 2023 o Governo Federal assumiu


o compromisso de, junto à população brasileira, colocar de
pé um outro projeto de país, assentado na democracia e
determinado a enfrentar as agudas desigualdades sociais.
Nesse Brasil que está sendo erguido, o conceito de cidadania
é refundado a partir de novos e inegociáveis parâmetros
de equidade e bem-viver em que pessoas negras possam
acessar direitos promotores de dignidade e ocupar espaços
de protagonismo e decisão em todas as esferas da sociedade,
movimentando e expadindo suas vidas em total liberdade.

Este tem sido, desde então, o farol que guia as ações do


primeiro Ministério da Igualdade Racial (MIR) da história do
nosso país. Esta centena de dias, então, trata também da escrita
do futuro, em tempo real, com ampla consciência do passado
e a força coletiva para avançar na promoção da igualdade de
direitos e oportunidades para 56,1% da população brasileira
que se autodeclara negra, segundo dados publicados pelo
IBGE em 2022 .

É uma tarefa complexa. Durante mais de três séculos o


Brasil baseou toda a sua estrutura em um sistema escravista
que desumanizou o povo negro, explorou violentamente sua
intelectualidade, sua força de trabalho, sua liberdade.

As consequências do racismo naturalizado ao longo da


história se entranharam de diversas formas, em múltiplas
dimensões, envolvendo um perverso critério de valoração
humana consolidado em uma rígida hierarquia racial que, ainda
hoje, define, por um lado, quais vidas merecem ser cuidadas
e preservadas, e, por outro, as vidas cuja existência se dá à
margem do acesso a oportunidades, refletida na continuada
8
negligência do Estado com a garantia de direitos básicos. E é
sobretudo com este segundo grupo de pessoas, os 56,1% da
população brasileira que se autodeclara negra, que o MIR se
compromete a dedicar integralmente os seus esforços para
garantir que todos tenham o mesmo acesso a oportunidades
e a uma vida digna.

Os desafios ao trabalho do MIR são


volumosos e complexos, envolvendo aspectos
que afetam todas as esferas da vida da
população negra. Isto reforça a
urgência do Ministério em atuar para
promover a positivação de direitos
e o bem-viver, explicitado nas
potências criativas, intelectuais
e emancipatórias do indivíduo.
No entanto, significa também a
necessidade do enfrentamento
veemente às limitações e barreiras
que essa população encontra no
acesso ao território e aos seus modos de
vida tradicionais, à justiça, moradia, saúde,
educação, segurança alimentar, trabalho,
cultura, memória e à livre expressão de sua
religiosidade.

O cenário de desmonte de políticas públicas enfrentado


nos últimos anos agravou ainda mais o quadro de
desigualdades que historicamente pesaram mais nos ombros
das pessoas negras. Pelo menos desde o impeachment da
presidenta Dilma Rousseff em 2016, seguido da eleição de
Jair Bolsonaro em 2018 e da pandemia de Covid-19 entre
os anos de 2020 e 2022, as iniciativas federais voltadas à
promoção da igualdade racial e à superação do racismo
foram enfraquecidas e, em alguns casos, descontinuadas.
9
Este contexto conduziu os 100 primeiros dias de
atuação do MIR em duas frentes: por um lado, de estruturação
e formulação do Ministério, e, por outro, de formulação e
condução de ações estratégicas. O nosso primeiro desafio foi
estruturar de maneira pioneira o Ministério da Igualdade Racial
do Brasil, antecedido pela Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial (SEPPIR), criada em 2003.

Em paralelo, as ações realizadas no período de 1º


de janeiro a 10 de abril buscaram, sobretudo, fortalecer
a articulação entre ministérios, orientando a elaboração
de medidas de promoção da igualdade racial de maneira
transversal. Visamos a retomada de programas e espaços
para construção de políticas destinadas à população negra e
colocamos como central o diálogo e a participação com outros
órgãos e com a sociedade civil.

Na importante data de 21 de março, dia Internacional


de Luta Pela Eliminação da Discriminação Racial e data
de celebração dos 20 anos de criação da SEPPIR, primeiro
órgão voltado à promoção da igualdade racial no Brasil, o MIR,
em parceria com outros ministérios, anunciou o lançamento
do Pacote pela Igualdade Racial.

Assinado pela Presidência da República, o pacote


abrange medidas como o novo Programa Aquilomba Brasil,
a reserva de no mínimo 30% das vagas dos cargos e funções
comissionadas no âmbito da administração pública federal
para pessoas negras, a titulação de terras quilombolas.
Além disso, prevê a criação de grupos de trabalho para
elaboração de diretrizes do Novo Programa Nacional de
Ações Afirmativas, do Plano Juventude Negra Viva, do
Plano de Gestão do Sítio Arqueológico Cais do Valongo, e
de Enfrentamento ao Racismo Religioso. Este significativo
conjunto de medidas selou um compromisso do país com a
retomada e o aprofundamento das políticas de promoção
da igualdade racial.
10
Nas semanas que se seguiram até a data dos primeiros
100 dias de atuação do MIR, foi anunciado ainda o Acordo
de Cooperação entre o Ministério da Igualdade Racial e o
Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família
e Combate à Fome, para a construção de uma agenda de
enfrentamento da fome e da pobreza entre famílias negras.

Nas páginas a seguir, será apresentado o caminho
percorrido desde o primeiro dia de atuação do Ministério
da Igualdade Racial até o centésimo dia de gestão. As
raízes de uma agenda comprometida com a cidadania plena
da população negra vêm de longe. Impulsionada pelas
contribuições e formulações do movimento negro brasileiro
ao longo da história e pela força conjunta do Ministério, esta
agenda reflete avanços concretos, mas também uma estrada
ainda longa a se seguir.

É um projeto ambicioso e necessariamente coletivo
que coloca o MIR como matriz imprescindível para o futuro
pautado pela justiça social. E este trabalho será ainda mais
efetivo se potencializado pelo envolvimento de toda a sociedade
brasileira na construção deste outro projeto de país.

Nós estamos aqui porque temos um outro


projeto de país:

Um projeto de país onde uma mulher negra


possa acessar e permanecer em diferentes espaços
de tomada de decisão da sociedade, sem ser
interrompida ou violentada.
11
Um projeto de país onde uma mãe de um jovem negro não
sofra todos os dias na dúvida se o seu filho vai voltar pra casa
porque ele corre o risco de ser assassinado
pelo próprio Estado.

Um projeto de país onde nossos jovens negros possam ter


acesso à educação pública, gratuita e de qualidade, através
de escolas, universidades e serviços públicos que lhes
permitam sonhar e construir outras possibilidades de futuro.

Um projeto de pais em que


negros, brancos, indigenas,
populacoes tradicionais e todas
as pessoas independentemente
de sua raca, cor, etnia, genero e
sexualidade, tenham seus direitos
constitucionais garantidos e sejam
tratados com dignidade e igualdade
de oportunidades.

Um projeto de país pautado na busca pelo


bem-viver coletivo, pela melhoria da qualidade
de vida e pela garantia da cidadania. Nós
temos um projeto de país e esperamos contar
com vocês nessa construção.

E é por isso que eu faço esse


pedido a toda a população
brasileira: CAMINHEM
CONOSCO!

Trecho do discurso de posse de


Anielle Franco como Ministra da
Igualdade Racial - 11 de janeiro 2023
12

No domingo, dia 8 de janeiro de 2023, o Brasil assistiu,


estarrecido, às cenas de ataque e depredação contra os
prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e
Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Com o objetivo de
desestabilizar a ordem democrática, vândalos e extremistas
criaram um dos mais lamentáveis momentos da história do país,
reproduzindo a destruição e a violência que marcaram os
quatros anos da passagem de Jair Bolsonaro pela Presidência
da República. Foi um ataque frontal à democracia.

Nos dias seguintes a esse episódio, aconteceria a posse da


Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Ministra dos
Povos Indígenas, Sonia Guajajara. As posses mais simbólicas e
representativas, as únicas que ainda faltavam, tiveram de ser
adiadas, confirmando o caráter violento e antidemocrático dos
ataques. Como resposta, foi realizada, no dia 11 de janeiro de
2023, a posse conjunta dos dois Ministérios.

O salão nobre do Palácio do Planalto, que havia sido alvo


de ódio, foi palco de uma posse histórica nunca antes vista
na história do Brasil. Com intervenções culturais de afoxé e
manifestações culturais indígenas, as ministras Anielle e Sonia
assumiram seus cargos, mostrando que este, sim, é um país do
respeito aos povos, aos direitos, à terra e à diversidade.
13

Fotos: Jaqueline Lisboa, Matheus Alves e Ricardo Stuckert/SECOM


14
Porém, assim como o patrimônio material danificado nas
sedes dos Três Poderes, o quadro encontrado no âmbito da
execução das políticas públicas de promoção da igualdade
racial era desastroso.

Dos 18 principais programas ou ações criados até 2016:

seis foram descontinuados

cinco desmantelados

seis enfraquecidos

um não recebeu nenhum aprimoramento

Importantes marcos legais conquistados pela população


negra estavam negligenciados:

• P
aralisação nas iniciativas voltadas ao
enfrentamento da violência e das vulnerabilidades
que ameaçam a vida de jovens negros e negras,
como o Programa Juventude Viva

• Extinção da Secretaria de Educação Continuada,


Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do
Ministério da Educação e o impacto na efetivação
da Lei sobre o Ensino da História e Cultura Afro-
brasileira e Indígena (Leis nº 10.639/03 e 11.645/08).

• Grave risco de descontinuidade da política de Lei de


Cotas no Ensino Superior (Lei nº 12.711/2012) após
15
revisão recomendada por acórdão do Tribunal de
Contas da União (TCU) publicado em 2022.

• Ameaça de encerramento da Lei de Cotas de


Ingresso no Serviço Público (Lei nº 12.990/2014) e
do não cumprimento de seus objetivos pela falta
de acompanhamento e avaliação de resultados da
política.

mil crianças e
adolescentes
assassinados ATÉ 9 ANOS
entre 2016 • 56% eram negras

e 2020 •

33% meninas
40% morreram
dentro de casa

mais de 88% tinham


entre 15 e 19 anos

142 vítimas tinham DE 15 A 19 ANOS

entre 0 e 4 anos •

90% eram meninos
80% eram negros

Fonte: Unicef e Fórum Brasileiro de Segurança Pública

• Desmantelamento da Política Nacional de Atenção


Integral à Saúde da População Negra, com impactos
no acesso ao Sistema Único de Saúde e nas condições
de vida e bem-estar da população negra.
• Graves cortes orçamentários que colocaram em
risco a existência de políticas destinadas à garantia
do direito à terra de comunidades quilombolas e
impossibilitaram a efetivação do Sistema Nacional de
Promoção da Igualdade Racial, o SINAPIR.
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• A Fundação Cultural Palmares, criada para reconhecer
e valorizar a contribuição econômica, social e cultural
negra na formação da sociedade brasileira, sofreu
gravíssimas investidas contra a sua missão institucional
e se tornou o retrato fiel de um país devastado.

O diagnóstico desse cenário desolador foi realizado


pelo Grupo de Trabalho da Igualdade Racial junto ao
Gabinete de Transição do Governo Federal entre os meses
de novembro e dezembro de 2022. Esse foi um trabalho
fundamental para o entendimento da real situação que
encontramos e para o desenho dos primeiros passos de
estruturação do Ministério da Igualdade Racial nestes 100
dias. A equipe técnica da transição mapeou pontos de
alerta, analisou riscos e apontou caminhos viáveis para que
seja possível atravessar e superar um dos períodos mais
sombrios de nossa história.
17

O ano era 2003 e o Brasil experimentou, pela primeira vez


em sua história, a realidade de um governo preocupado em
promover justiça social. No dia 21 de março, data em que se
celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação
Racial, foi criada a Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), um importante marco
de institucionalização da luta e das demandas do movimento
negro brasileiro. Desde a data de sua criação, o órgão de
promoção da igualdade racial do Governo Federal passou por
cinco configurações de estrutura, e a partir de 2016 sofreu com
sucessivos períodos de abandono, desmontes e apagões.

Promulgação do Quarta Conferência


Estatuto da Nacional de
Igualdade Racial Promoção da
Igualdade Racial

Primeira Conferência Terceira Conferência 1º de Janeiro:


Nacional de Nacional de Criação do
Promoção da Promoção da Ministério da
Igualdade Racial Igualdade Racial Igualdade Racial

21 de março: criação SEPPIR passa a


da Secretaria de compor a estrutura do
Políticas de Promoção Ministério dos Direitos
da Igualdade Racial Humanos
Secretaria Nacional de
Políticas de Promoção da
Segunda Conferência Igualdade Racial/ SNPIR
Nacional de vinculada ao Ministtério
Promoção da da Mulher, Família e
Igualdade Racial Direitos Humanos
18
Duas décadas após o surgimento da SEPPIR, o Decreto nº
11.346, de 1º de janeiro de 2023 aprova a criação do Ministério
da Igualdade Racial, órgão da administração pública federal
direta que tem como competência elaborar e gerir as políticas
e diretrizes destinadas à promoção da igualdade racial e
étnica no Brasil.

Criado dentro de um contexto econômico, político e social


que tem exigido do poder público uma atuação enérgica e
ágil, o MIR é composto por uma estrutura planejada para
contemplar todas as áreas e temas voltados à promoção da
igualdade racial e enfrentamento ao racismo. De acordo com
o marco legal de sua criação, o MIR está organizado da seguinte
maneira:

Ministério da Igualdade Racial

Ministra

CNPIR Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos

Gabinete da Ministra

Assessoria Ass. Especial de


Ouvidoria Corregedoria
Internacional Comunicação Social

Ass. de Participação Social Ass. Especial de Colsultoria Ass. Especial de


e Diversidade Assuntos Parlamentares Jurídica Controle Interno

Secretaria-Executiva

Diretoria de Ações Diretoria de Gestão


Governamentais Administração

Secretaria-Executiva Adjunta

Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e


Combate e Superação do Racismo Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Ciganos

Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de


Diretoria de Políticas Diretoria de Políticas Promoção da Igualdade Racial Diretoria de Políticas
de Ações Afirmativas de Combate e para Quilombolas
Superação do Racismo e Ciganos

Diretoria de Articulação Diretoria de Avaliação, Diretoria de Políticas para Povos e


Interfederativa Monitoramento e Comunidades Tradicionais de Matriz
Gestão da Informação Africana e Povos de Terreiros
19
Cada uma das Secretarias que compõem o Ministério da
Igualdade Racial têm em seu escopo atribuições que prezam
pela eficiência e transparência na execução das políticas
públicas. O diálogo constante com outros ministérios e a
articulação transversal com as diferentes áreas do Governo são
um dos eixos mais relevantes para o trabalho das Secretarias.

Em linhas gerais, essas são as funções desempenhadas


pelas equipes do MIR:

• Secretaria-Executiva
assessora diretamente a ministra e tem o papel
de coordenação geral e controle das ações
governamentais da pasta, atuando na definição de
diretrizes e na articulação da secretaria com os demais
órgãos do Governo Federal. Exerce, ainda, o papel de
supervisão das atividades e a gestão corporativa das
três secretarias que compõem o ministério, monitorando
as atividades relativas ao tratamento de dados
de acordo com o preconizado pela Lei Geral
de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Cabe também à Secretaria Executiva a
formulação, articulação e implementação do
Sinapir, por meio da interlocução com a Secretaria de
Relações Institucionais da Presidência da República;
e a articulação institucional do Ministério com órgãos
governamentais e organizações não governamentais, para
a implementação de políticas de promoção de igualdade
racial.

Roberta Eugênio
20

• Secretaria de Gestao
do Sistema Nacional de
Promocao da Igualdade
Racial
atua no planejamento, formulação, coordenação,
monitoramento e avaliação das políticas no âmbito
do Sistema Nacional da Promoção da Igualdade
Racial, assim como na implementação,
coordenação, avaliação e no fortalecimento
do Sinapir. Cabe ainda à Secretaria realizar e
apoiar a elaboração de estudos, diagnósticos,
instrumentos de acompanhamento sobre as
desigualdades raciais e étnicas, bem como
de suas interseccionalidades, estimulando
e apoiando órgãos estaduais, municipais e
do Distrito Federal na formulação e execução
integrada de políticas de promoção da igualdade
racial e étnica. As soluções relacionadas à ciência d e
dados e à área de tecnologia da informação, bem como a
definição de diretrizes para a disponibilização de dados de
planos, políticas, programas, projetos, serviços e ações com
vistas à elaboração de estudos e pesquisas, também são
competência da Secretaria de Gestão do Sistema Nacional
de Promoção da Igualdade Racial.

Iêda Leal
21

• Secretaria de Politicas
de Acoes Afirmativas,
Combate e Superacao
do Racismo
atua no planejamento, formulação,
coordenação, execução, monitoramento e
avaliação de políticas públicas intersetoriais
e transversais de ações afirmativas de combate
e superação do racismo. A atuação da SEPAR
perpassa, também, a criação de mecanismos
e diretrizes que garantam a promoção da
igualdade racial, por meio de articulações
estratégicas e integradas das diretorias que
compõem a sua estrutura. Nesse âmbito,
é também competência da Secretaria o
apoio e a realização de estudos e diagnósticos
sobre as desigualdades raciais e suas transversalidades,
de modo a subsidiar a promoção e o fortalecimento das
ações afirmativas, das políticas para a juventude negra e
das relações de justiça racial internacional. Dessa forma, a
Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e
Superação do Racismo tem a missão de promover direitos
diversos, reafirmar o protagonismo da população negra e
contribuir na erradicação do racismo.

Márcia Lima
22

• Secretaria de Politicas
para Quilombolas, Povos e
Comunidades Tradicionais
de Matriz Africana, Povos
de Terreiros e Ciganos
tem como competência atuar
na coordenação, formulação,
planejamento, monitoramento e
avaliação de políticas públicas
voltadas a esses povos e comunidades
tradicionais. Em articulação
interministerial e intersetorial com
órgãos da administração pública
federal, estadual, municipal e distrital,
promove a criação de mecanismos
eficientes de avaliação e análise de
planos, programas e ações estratégicas,
buscando garantir a execução adequada das
políticas e o acesso do público a quem essas políticas
são destinadas. Nessa nova organização, a secretaria
passa a assistir e acompanhar as ações de regularização
fundiária e garantia dos direitos étnicos e territoriais dos
remanescentes das comunidades de quilombos, povos
e comunidades tradicionais de matriz africana, povos de
terreiros e ciganos.

Ronaldo dos Santos


23

• Conselho Nacional de Promocao da


Igualdade Racial - CNPIR
atua como ente participativo na elaboração de critérios e
parâmetros para a formulação e implementação de metas e
prioridades que assegurem as condições de igualdade ao povo
preto e a outros segmentos étnicos da população brasileira.
Ao CNPIR compete ainda a proposição de estratégias de
acompanhamento, avaliação e fiscalização; a participação no
processo deliberativo de diretrizes das políticas de promoção
da igualdade racial, fomentando a inclusão da dimensão racial
nas políticas públicas desenvolvidas em âmbito nacional; e
a apreciação anual da proposta orçamentária do Ministério
da Igualdade Racial, sugerindo prioridades na alocação de
recursos.

Foto: Ricardo Stuckert/SECOM


24

A estruturação do Ministério da Igualdade Racial fez


parte das atividades desenvolvidas nos primeiros 100 dias
de governo. Esse trabalho foi fundamental para que as ações
prioritárias, planejadas ainda durante as atividades do Gabinete
de Transição, pudessem ser encaminhadas e efetivadas.

No dia 21 de março de 2023, em celebração aos 20 anos


de criação da SEPPIR, o MIR reforçou o seu compromisso
de promover igualdade de direitos e oportunidades para a
população negra brasileira. Mais do que isso, avançou na agenda
da igualdade racial e do combate ao racismo lançando um
pacote de medidas que aproxima o Brasil da ideia de um
futuro que pode, e deve, ser vivido no presente.

Foto: Rithyele Dantas


25
As ações prioritárias que ganharam forma nesses 100
dias de trabalho estão vinculadas às diferentes áreas de
atuação do Governo Federal:

SEGURANÇA
ALIMENTAR E
COMBATE À FOME
• Anúncio de acordo de Cooperação com o Ministério do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate
à Fome com foco na equidade de raça e gênero. O
objetivo é promover inclusão socioeconômica, segurança
alimentar e nutricional e criar ações e campanhas para
o cadastramento de grupos populacionais específicos e
mais vulneráveis no Cadastro Único.

Foto: UNICEF/UNI212715/Vilca
26

JUSTIÇA E
COMBATE AO
RACISMO
• Decreto de criação do Grupo de Trabalho do Plano
Juventude Negra Viva, para resgatar e aprimorar o Plano,
agora com foco direcionado à redução de homicídios e de
vulnerabilidades sociais que atingem a juventude negra.
Um país que cuida de seus jovens, olha para o presente e
cuida do futuro.

• Assinatura, junto ao Presidente Lula, da Lei nº 14.132/2023


que torna a injúria racial crime inafiançável e imprescritível,
equiparado ao crime de racismo, com pena de 2 a 5 anos
de reclusão.

• Missão ao Estados Unidos


para a retomada do JAPER,
um acordo bilateral assinado
em 2008 entre Brasil e EUA
para superação do racismo
e combate à eliminação da
discriminação racial em ambos
os países.

• Articulação com prefeitos


para a apresentação do
Foto: Claudio Kbene Sistema Nacional de Promoção
da Igualdade Racial/ SINAPIR, no intuito de se construir
políticas integradas de combate ao racismo nos municípios.

• Inclusão do assunto “racismo” entre opções do formulário do


Fala.BR, Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à
27
Informação que acolhe denúncias de casos de racismo
institucional, para melhor monitoramento e encaminhamento
desses dados.

Fotos: Luna Costa e Claudio Kbene


28

CULTURA E
MEMÓRIA NEGRA
• Decreto para estabelecimento do Grupo de Trabalho
Interministerial do Cais do Valongo, com o propósito de
garantir a salvaguarda do Sítio Arqueológico do Cais
do Valongo, a manutenção do título de Patrimônio da
Humanidade e promover iniciativas de reconhecimento e
preservação da memória e da herança africana na região.

• Assinatura da Lei 14.518/23 que inclui Antonieta de Barros no


‘Livro dos Heróis da Pátria’.

IGUALDADE
DE GÊNERO E
COMBATE À
VIOLÊNCIA CONTRA
A MULHER

• Assinatura do Decreto Mulher Viver Sem Violência para


garantir 8% das vagas em contratações públicas na
administração federal direta, autarquias e fundações, para
mulheres vítimas de violência.

• Elaboração do projeto de lei, em conjunto com o Ministério


das Mulheres, que cria o Dia Nacional Marielle Franco de
Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça. A
29
exposição de motivos foi assinada pelo presidente Luíz
Inácio Lula da Silva no dia 8 de março de 2023, Dia
Internacional das Mulheres, e seguiu para apreciação do
Congresso Nacional.

TRABALHO
• Entrega de listas de currículos de profissionais de negros e
negras especializados em finanças públicas para Ministério
do Planejamento, e em turismo e áreas afins, para a Embratur.

• Decreto que prevê a reserva de, no mínimo, 30% das vagas


em cargos e funções comissionadas na administração
pública federal direta e indireta para pessoas negras, com
criação de Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) no âmbito
do Ministério da Igualdade Racial (MIR).

• Estudos e levantamento de gargalos na implementação da


Lei de Cotas no Serviço Público para formulação de um
novo projeto de lei em parceria com o Ministério da Gestão
e da Inovação em Serviços Públicos e Ministério da Justiça e
Segurança Pública.

EDUCAÇÃO
• Decreto de criação do Grupo de Trabalho do Novo Programa
Nacional de Ações Afirmativas para garantir e ampliar o
acesso e permanência da população pobre e negra nas
universidades brasileiras.
30

DIREITO À TERRA E
AO TERRITÓRIO

• Titulação de de três territórios quilombolas que lutam


há mais de uma década pelo seu direito à terra em cinco
imóveis localizados em Brejo dos Crioulos (MG), Lagoa dos
Campinhos (SE) e Serra da Guia (SE). Foram beneficiadas
663 famílias quilombolas, mais de 3315 pessoas.

Fotos: Rithyele Dantas


31

QUILOMBOS, POVOS
E COMUNIDADES
TRADICIONAIS DE
MATRIZ AFRICANA,
POVOS DE TERREIRO
E CIGANOS

• Lançamento do Aquilomba Brasil, um aperfeiçoamento do


Programa Brasil Quilombola, criado em 2007. Atualizado
e fortalecido, o Aquilomba Brasil irá garantir acesso à
terra, infraestrutura, qualidade de vida, inclusão produtiva
e desenvolvimento local, direitos e cidadania a mais de 1
milhão de pessoas que vivem em territórios remanescentes
de quilombos. Estima-se a existência de 214 mil famílias e
1,17 milhão de pessoas quilombolas no Brasil.

• Visita às regiões atingidas pelas chuvas no litoral norte de


São Paulo, em fevereiro, com atendimento à comunidade no
Quilombo de Caçandoca, em Ubatuba.

• Início da campanha de acesso aos direitos dos Povos


Ciganos.
32

SABERES,
TRADIÇÕES E
RELIGIOSIDADE
NEGRA
• Decreto de criação do Grupo de Trabalho de Enfrentamento
ao Racismo Religioso, voltado para o combate à crescente
violência racista que atinge povos e comunidades tradicionais
de matriz africana e povos de terreiros. O objetivo é garantir
segurança para que essas comunidades tenham o direito de
vivenciar a sua fé em liberdade.

• Assinatura da Lei 14.519/2023 que institui o 21 de março como


Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas
e Nações do Candomblé.

Fotos: Rithyele Dantas


33

Alargando
horizontes
34

Fotos: Rithyele Dantas e Ricardo Stuckert/SECOM


35

Ministra da Igualdade Racial durante os anos de 2011 a 2014,


Luiza Bairros acreditava e defendia a urgência da reinserção do
negro “na formação econômica, política, social e cultural do
Brasil”. Bairros compreendia a complexidade das dinâmicas
raciais que fazem o Brasil perpetuar as desigualdades
herdadas da colonização.

No ano em que se completam duas décadas de políticas


de promoção da igualdade racial, e 70 anos de nascimento da
saudosa ministra, o Brasil busca, de maneira inédita, encarar
a sua história. A criação e consolidação de um Ministério da
Igualdade Racial fortemente comprometido com o avanço
de ações de reparação, justiça e enfrentamento à violência
desumanizadora do racismo é a continuidade de um trabalho
iniciado pelas mãos negras de quem veio antes. A sabedoria de
povos da África Ocidental diz que sempre é tempo de voltar para
aprender com o passado e construir o futuro. Sankofa.

O projeto de país que está no horizonte do MIR tem


o objetivo inabalável de promover uma vida digna para a
população negra brasileira. Garantir o acesso de pretas e
pretos aos serviços de saúde, educação, moradia adequada,
transporte, segurança alimentar, justiça, cultura, esporte,
lazer é o que move a equipe que trabalhou incansavelmente
nestes 100 dias de governo com a certeza de que foram apenas
os primeiros de muitos. O Brasil que se anuncia aqui é o Brasil
pela igualdade racial.

Muito obrigada!
36

Minha imensa gratidão à Matilde Ribeiro,


à saudosa Luiza Bairros, Nilma
Lino Gomes, Edson Santos, Martvs
Chagas, Elói Ferreira, que pavimentaram
e engrandeceram a luta pela superação do racismo na
SEPPIR e fora dela. [...]

Hoje, falamos por cada pessoa


negra que já tombou no Estado
brasileiro, falamos pela busca
por memória, verdade, justiça
e reparação. Falamos também pela nossa
ancestralidade e raízes, que através das folhas e dos saberes
das religiões de matriz africana, contribuíram para
que bençãos expressas no
axé cubrissem de proteção
aquelas e aqueles por tanto
tempo esquecidos pelo Estado.

Estamos aqui para honrar e


celebrar os 20 anos da Secretaria
Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial,
a SEPPIR. Não é possível
contar qualquer história honesta sobre a pauta
da justiça social e racial no Brasil sem lembrar
da Secretaria como referência e farol. Aquele 21
de março de 2003 marcou decisivamente o país ao inaugurar
o sentido de responsabilidade do Estado no enfrentamento
ao racismo, a partir da concepção e da execução de políticas
públicas, até então, inéditas.
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Trazendo o racismo para o debate público e institucional de
um modo até então não vivenciado na política brasileira, uma
conquista dos movimentos negros dos quais somos frutos. [...]

Nestes 80 dias de trabalho à frente deste Ministério,


priorizamos colocar no centro da formulação públicaww a
reconstrução das bases que proporcionarão a ampliação
da qualidade de vida e dignidade do povo negro brasileiro.
Encerro emocionada com este cruzamento de tempos
históricos. É uma honra ser impulsionada pela memória de
tantas conquistas das pessoas pretas que nos antecederam e
ter a oportunidade de desenhar um futuro baseado em novos
e inegociáveis parâmetros de equidade e bem-viver.

Agradeço a cada um de vocês que vieram até aqui, aos que


não conseguiram entrar, aos que estão assistindo em casa,
na rua, no transporte coletivo. Estamos apenas começando,
e com a confiança e credibilidade do presidente Lula, de
todos os meus companheiros e companheiras
ministros, do movimento negro organizado
brasileiro e de toda sociedade de forma geral
que se move pelo princípio da igualdade
e da equidade racial, avançaremos cada
vez mais para o dia em que o compromisso
da SEPPIR ao MIR seja coletivo e
irreversível.

Trecho do discurso de Anielle


Franco, Ministra da Igualdade
Racial do Brasil,
em 21 de março de 2023.
38

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