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Baudelaire, afirma Valéry1, conhece, no início do século XX, o auge de sua glória.
Diferentemente de seus antecessores, pouco conhecidos ou apreciados no estrangeiro,
Baudelaire, com sua leitura peculiar do mundo e sua modernidade, tornou-se lido em outros
sistemas literários e atraiu admiradores e imitadores.
Valéry nos lembra de que quando Baudelaire chegou à idade adulta o romantismo
estava em seu apogeu. Na França, destacavam-se os nomes de Lamartine, Hugo e Musset.
Baudelaire teria, segundo Valéry, se orientado por caminhos não explorados por Victor Hugo,
cujo poder vital, não obstante, era incomparável (atestado por sua capacidade de trabalho e
longevidade). Baudelaire, portanto, é herdeiro de um passado clássico e de um presente
romântico, que julgava detestá-lo.
Por fim, o ensaísta afirma que a obra de Baudelaire permanece atual graças à nitidez
singular de seu timbre, ao desenvolvimento de sua linha melódica admirável pura e a uma
sonoridade perfeita. Verlaine e Rimbaud teriam dado prosseguimento a seu legado na esfera
do sentimento e da sensação, e Mallarmé a teria prolongado no que tange à perfeição e à
pureza poética.
1
Conferência realizada em 19 de fevereiro de 1924 na Société de Conférence de Monaco e publicada numa
plaquete no mesmo ano: Situation de Baudelaire. Mônaco: Imprimerie de Monaco, 1924. Foi publicado em
Variétés II em 1929. (N. T.)