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ESCOLA ESTADUAL TESSALÔNICA

PROFª CAMILA PIMENTEL


REVOLUÇÕES INGLESAS
A mudança de organização político social é uma das mais profundas marcas das Revoluções Inglesas. Esse
movimento aconteceu durante o século XVII e culminaram na ascensão da burguesia e na criação da
monarquia parlamentarista que perdura na Inglaterra até os dias atuais.

As Revoluções Inglesas aconteceram no século XVII, em meio a Idade Moderna e as transformações próprias
desse período. Socialmente, uma nova classe social ganhava poder frente à população e aos governos: a
burguesia.

Durante o reinado da dinastia Tudor, quando a Reforma


Protestante Anglicana aconteceu, os burgueses
aproximaram-se da nobreza. Esse fato tem íntima relação
com a questão religiosa, já que nesse período as terras
passaram a ser privatizadas e vendidas, o que garantia a
rentabilidade dos burgos com carvoarias ou plantações.

Com essas considerações, fica evidente que pouco a


pouco a burguesia tornou-se parte do cenário econômico
do país e, consequentemente, atingiu um novo patamar
político, já que suas atitudes influenciariam no
desenvolvimento da nação.

Apoiados no puritanismo,
que também é chamado de calvinismo inglês, eles possuíam um
ideal antiabsolutista radical e ameaçavam o poder dos nobres. Afinal, seu
acúmulo de renda poderia ser crescente com as atividades mercantis, ao
passo que a hereditariedade da nobreza talvez se mantivesse estagnada por
gerações.

Nesse sentido, pode-se considerar que as Revoluções inglesas marcaram


o primeiro movimento de caráter burguês que se fortaleceu e se
expandiu. A busca da camada burguesa era alcançar legitimidade política,
uma vez que, economicamente, eles tinham conquistado certo poder e
domínio.

Revolução puritana

Diante das ameaças de enfraquecimento do poder, a dinastia Stuart, que


deu sequência ao reinado inglês, optou por estabelecer maior controle
sobre os burgueses. Por meio da cobrança de impostos e fomento dos
negócios da nobreza, esperava-se um refreamento da ascensão
burguesa.

Nessa época, o Parlamento, local onde ocorriam disputas entre nobres e


pessoas “comuns”, foi dissolvido, como tentativa de impedir a força da
burguesia. Tudo isso acontecia porque os componentes da Câmara dos
Comuns se opunham às cobranças indevidas de impostos que os Stuart
tentavam implantar.

Entretanto, durante essas disputas, ficava claro que o apoio econômico


proveniente dos burgos era essencial para o financiamento das guerras e
desenvolvimento do território. Por isso, muitas vezes o rei se via obrigado
a convocar o Parlamento e a Câmara dos Comuns para a bancar os conflitos.

Dados apontam que o Parlamento Inglês foi dissolvido três vezes em um período de 4 anos de reinado dos
Stuart.

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Então, em uma das ocasiões de reconvocação parlamentar, os
indivíduos puritanos e antiabsolutistas resolveram lutar por
alterações sociais, pois sentiam que o absolutismo era exercido
de maneira excessivamente autoritária.

Tais ideias estavam apoiadas no documento conhecido


como Magna Carta, descrita em 1215, que regia a Inglaterra e
previa um poder monárquico que se relacionasse efetivamente
com o Parlamento, o qual deveria ser o órgão máximo de poder
político na Inglaterra.

Quando o Rei Carlos I entra em disputa com as autoridades da


Escócia e precisa de apoio financeiro para iniciar uma guerra,
opta por colocar em votação o aumento dos impostos sobre a
sociedade.

Diante disso, surgiu a questão que permeia essa primeira fase


das Revoluções Inglesas: “O poder está nas mãos do rei
absolutista, por ordem divina, ou o poder pertence a todos setores da nação que podem escolher as opções
que melhor suprem suas necessidades?”

Ou seja, a principal reivindicação dos burgueses era pela dissolução do modelo absolutista, afinal essa
organização social os engessava nas relações políticas. Por isso, buscavam um modelo mais aberto em que
tivessem maior autonomia econômica e social.

Guerra civil
Em meio a esse período em que as tensões entre o monarca e o Parlamento se intensificaram, um líder radical
e fervoroso surge entre os burgueses puritanos: Oliver Cromwell.

A disputa, além de todo caráter ideológico, trazia consigo as visões


religiosas de cada um dos grupos. De um lado a nobreza católica, os
reis e o clero e, do outro, uma burguesia calvinista, cercada de
artesãos e pequenos comerciantes que aspiravam maiores direitos
sociais.

Uma das peculiaridades do exército de Cromwell era a nomeação dos


soldados conforme seu mérito e desenvolvimento militar. Com as
estratégias corretas, essas tropas, formadas pelos “comuns”, foram
capazes de vencer as investidas reais e conquistaram êxito em suas
batalhas, com a prisão do rei Carlos I.

Com a radicalização do movimento, em 1649, foi ordenado que o rei


fosse decapitado. Esse fato foi marcante pois demonstra um embate
direto entre o Parlamento e o poder real que resultou em medidas
drásticas contra a figura do absolutismo.

República de Cromwell
Com a morte de Carlos I, Oliver Cromwell assumiu o governo inglês com o título de “senhor protetor da
república”. Um de seus principais atos político-econômicos foi a instauração dos Atos de Navegação.

Nessa ocasião, o transporte dos produtos ingleses deveria ser feito única e exclusivamente por navios da
Inglaterra. Com isso, a indústria naval foi incentivada e fortaleceu-se, resultando na formação de uma
poderosa Marinha e no domínio do comércio marítimo pelos séculos seguintes.
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Com medo das reações populares, o líder optou por fechar o Parlamento e implantar uma ditadura no
território inglês. Posteriormente se envolve no mandato de homicídios dos chefes de exército que ele mesmo
havia formado.

Quando Cromwell falece e seu filho assume o trono, o poder da república já estava enfraquecido e, diante
disso, a própria burguesia busca a volta do regime monárquico. Em uma atitude arriscada, o Parlamento
retoma o poder às mãos da dinastia Stuart, com Carlos II, filho do rei que fora decapitado anos antes.

Restauração da dinastia Stuart


Na mesma linha dos embates religiosos que aconteciam anteriormente,
observa-se que o Parlamento inglês do período de Restauração da
Dinastia Stuart era predominantemente protestante.

O rei então se aproxima das lideranças francesas e das autoridades


clericais já que esses possuíam certa influência social. A partir disso,
Carlos II escolhe lutar contra os levantes calvinistas.

Apesar de períodos de aproximação e afastamento entre o rei e o


Parlamento, observa-se que a insatisfação protestante era
crescente nessa época. Os próximos reis da linhagem Stuart seguem os
mesmos princípios e continuam a disputa entre parlamentares e
monarca..

O irmão de Carlos II, Jaime II, se converteu ao catolicismo e forneceu


privilégios aos indivíduos que seguissem essa vertente do cristianismo.
Foi então que o Parlamento se revoltou e procurou adotar medidas mais
drásticas contra o autoritarismo presente naquela situação.

Revolução Gloriosa
Para conseguir seus objetivos, o Parlamento Inglês chama a filha de
Jaime II para reinar na Inglaterra, junto de seu esposo, que era rei dos
Países Baixos. Com a invasão do território e a revolta de sua própria
cavalaria real, Jaime II sai da nação e se exila na França, onde passou o
resto de sua vida.

Dessa forma, Maria II e Guilherme de Orange (ou Guilherme III)


assumem o poder inglês como prosseguimento da dinastia Stuart. Para
regular o reinado, a estratégia
parlamentar foi a criação
da Declaração de Direitos de
1689 (Bill Of Rights).

Esse documento limitava o poder dos reis e subjugava suas ações às


decisões do Parlamento Inglês, ou seja, o poder político estava
descentralizado das mãos do monarca, o que afastava o retorno de
uma gestão absolutista. Além disso, as questões religiosas foram
solucionadas com a garantia das liberdades individuais.

Esse tipo de organização política e social é conhecida como


“monarquia parlamentarista”, que é a base para o surgimento da
forma de governo atuante no Reino Unido até os dias de hoje.

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