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Séculos XVI e XVII: Geral e Brasil

Teoria

Tretas religiosas

Reforma

Com a consolidação da Idade Moderna, crescia a insatisfação de alguns


grupos sociais com a ostentação da Igreja. Enquanto os reis nutriam
insatisfação em relação ao excesso de poder e terras da Igreja Católica, a
burguesia, em ascensão, incomodava - se com a condenação da usura
(lucro) por parte da Igreja.
Somado a isso, no século XVI, as críticas a determinadas práticas da Igreja
ganharam um novo fôlego, sobretudo após o Renascimento, movimento que
valorizou a razão e permitiu o questionamento da lógica teocêntrica. Entre as
práticas criticadas, estavam a venda do perdão (indulgência), a venda de
objetos supostamente sagrados (simonia) e a nomeação de familiares para
cargos eclesiásticos (nepotismo).
Apesar de tentativas anteriores, a Reforma só se iniciou com Martinho
Lutero, um monge católico que estava insatisfeito com algumas práticas
realizadas pela Igreja. A atuação de Lutero teve como ponto de partida a
divulgação das 95 teses, em 1517, que rapidamente espalharam - se pela
Europa e deram origem ao movimento reformista. A doutrina luterana
defendia a ideia de “justificação pela fé”, ou seja, de que a salvação é
resultado essencialmente da fé em Deus.
Diante de suas críticas à Igreja Católica, Lutero foi excomungado pelo papa e
sua sobrevivência foi garantida pela nobreza feudal da região, que hoje
chamamos de Alemanha. Por meio da Confissão de Augsburgo, sintetizou
os principais elementos da religião luterana:

 Livre interpretação da Bíblia;


 Manutenção dos sacramentos do batismo e da eucaristia, suprimindo - se
todos os outros;
 Fim da proibição do casamento para os clérigos (celibato).

Outro importante reformador foi João Calvino, que elaborou a teoria da


predestinação, que é a ideia de que viemos ao mundo predestinados por
Deus à salvação ou a condenação. Os sinais da escolha divina se
manifestariam na vida dos indivíduos. O trabalho e o cumprimento dos
deveres seriam alguns desses sinais. No pensamento calvinista, consolidou
- se a ideia de que, com a vida dedicada ao trabalho, seria possível, por meio
do progresso material, saber se o homem era ou não predestinado à
salvação.
O pensamento calvinista trouxe grande transformação na concepção de
trabalho. Segundo Max Weber, em “A Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo”, a transformação operada pelo calvinismo foi central ao
desenvolvimento do modo de produção capitalista, pois valorizava o trabalho
e os ganhos materiais como sinais de graça divina. Não por acaso o
calvinismo se tornou uma religião essencialmente burguesa, já que, ao
contrário da Igreja Católica (que condenava a usura), João Calvino valorizava
o trabalho e os ganhos materiais.
Na esteira do reformismo religioso, o anglicanismo surgiu de forma
completamente distinta das duas religiões citadas anteriormente. Enquanto
calvinismo e luteranismo nasceram promovendo uma série de críticas a
algumas práticas do catolicismo romano, a Igreja Anglicana surgiu de
interesses particulares de Henrique VIII, monarca inglês. O rompimento com
o catolicismo veio após a negação do seu divórcio com Catarina de Aragão,
uma vez que tal ato não era permitido pela Igreja.
Embora comumente ouvirmos falar que a separação foi causada pela recusa
do divórcio, a historiografia entende que o rompimento já era algo desejado
há um bom tempo pelos monarcas ingleses, uma vez que a Igreja possuía
muito poder dentro do território inglês e era uma das principais detentoras de
terras. Ou seja, o divórcio foi apenas um pretexto utilizado para concretizar tal
objetivo.
Assim, tendo o seu pedido negado pela Igreja, Henrique decidiu se separar,
de acordo com sua vontade, e acabou sendo excomungado pelo Papa
Clemente VII. Aproveitando tal ato, o rei, aliado ao Parlamento, decretou o
rompimento concreto das relações entre a Igreja Católica e a monarquia
inglesa com a promulgação do Ato de Supremacia, em 1534. Henrique VIII
não só fundou a Igreja Anglicana, como se tornou seu chefe religioso. Além
disso, o Parlamento confiscou os bens da Igreja Católica no território inglês.

Contrarreforma

Tentando gerenciar tais reivindicações e barrar a expansão do protestantismo


pelo “Velho Continente” (e pelo “Novo Mundo” também), a Igreja realizou a
Contrarreforma. Tal resposta veio entre os anos de 1545 e 1563, com o
Concílio de Trento, no qual as principais lideranças da instituição se
reuniram para criar propostas para o fortalecimento do catolicismo mediante
as Reformas Protestantes.
Quanto às modificações, podem ser apontadas: a criação de ordens que
tinham o objetivo de levar a palavra sagrada para mais próximo do povo e
promover o auxílio aos mais necessitados, proibição da venda de
indulgências e a criação de seminários para a formação de novos religiosos.
Foi feita, além disso, uma lista de livros proibidos (Index Librorum
Prohibitorum). E, para atuar nos territórios descobertos, foi utilizada a recém -
criada Companhia de Jesus, cujo objetivo era a expansão da fé e a
catequização dos nativos pelos jesuítas.
Ainda ocorreu a reativação do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição), com a
intenção de perseguir aqueles considerados hereges, levando à perseguição
desenfreada de milhares de pessoas, que poderiam ser torturadas,
condenadas ao confisco de seus bens, excomungadas e até mortas na
fogueira.
O estilo artístico Barroco também surgiu nesse momento de crise e se
configurou como uma tentativa de renovação da Igreja, a fim de mostrar a
grandiosidade e reafirmar os valores católicos por meio de representações
artísticas ligadas à religiosidade.
A Inglaterra e o absolutismo

A Revolução Puritana

Durante o século XVII, período de domínio da dinastia Stuart, uma grande


imigração provocada pelo cercamento dos campos, que se desenrolava
desde o final da Idade Média, ligava os centros urbanos e enriquecia a
aristocracia rural, a qual concentrava cada vez mais riquezas e terras.
Na questão religiosa, esse período viveu uma continuação das disputas entre
católicos e protestantes, com uma burguesia chamada de “puritana”, que
defendia as ideias calvinistas presentes no anglicanismo, e uma nobreza que
se voltava para a face católica da do cristianismo. Esses conflitos ficavam
ainda mais claros no Parlamento, com a Câmara dos Comuns
(representando a burguesia e as classes populares) e a Câmara dos Lordes
(representando os defensores da nobreza e do rei) lutando por interesses
opostos.
Tendo em vista essas tensões e o receio da Coroa e da nobreza de
perderem espaço para uma burguesia puritana que ascendia, Jaime I iniciou
uma política de combate aos opositores, aumentando os impostos,
interferindo ainda mais no mercado, criando monopólios estatais e
perseguindo puritanos. Por fim, incorporando o autoritarismo absolutista,
Jaime I fechou o Parlamento, que ficou inativo entre 1614 e 1622.

Apesar de reaberto durante o governo de Carlos I, o Parlamento e o rei não


cessaram as disputas. Carlos I, defendendo o ideal do direito divino, via na
centralização do poder a resposta para os problemas ingleses e suas
ambições, mas o Parlamento, liderado sobretudo pelo líder Oliver Cromwell,
da Câmara dos Comuns, ainda questionava os poderes reais. Essa disputa
acabou se tornando uma Guerra Civil entre os “cavaleiros”, defensores do
rei, e os “cabeças redondas”, exército formado pela burguesia puritana que
reagia contra o absolutismo. No exército de Cromwell, o chamado New
Model Army, destacavam - se os dois grupos radicais que já faziam
oposição ao rei nos campos (diggers) e na cidade (levellers).
Vitoriosa, a burguesia, liderada por Cromwell, decapitou o rei Carlos I no dia
30 de janeiro de 1649 e iniciou a república, chamada de commonwealth.
Apesar da ruptura com o modelo absolutista e da defesa de interesses
econômicos da burguesia, o novo governo se revelou autoritário, dissolvendo
o Parlamento e declarando o ditador como lorde protetor de Inglaterra,
Irlanda e Escócia.
Além do autoritarismo, o governo de Cromwell ficou marcado pela criação
dos Atos de Navegação, que traziam maiores lucros aos comerciantes
ingleses e aumentavam consideravelmente a frota marítima do país.

A Revolução Gloriosa

Após a morte de Oliver Cromwell e com a instabilidade do governo de seu


herdeiro (Richard Cromwell), a reação monárquica contra a burguesia e os
puritanos obteve sucesso e restabeleceu a dinastia Stuart ao poder, em
1660, com Carlos II e em seguida com Jaime II. Ou seja, novamente as
tensões entre a nobreza puritana e a nobreza anglicana, com características
católicas, afetavam o país e ampliavam a crise entre rei e Parlamento.
Assim, foi durante o governo de Jaime II, que beneficiou os católicos e se
converteu ao catolicismo, que os conflitos se acirraram, dando início, em
1688, à Revolução Gloriosa, que complementava a anterior. O novo
movimento burguês, dessa vez liderado pelo holandês Guilherme de Orange,
casado com Maira II, filha do rei, caracterizou - se como um evento rápido e
sem derramamento de sangue, que depôs Jaime II e selou a vitória do
Parlamento contra o absolutismo. Com a vitória burguesa, o Parlamento
tratou de implementar a Declaração de Direitos de 1689, a chamada Bill of
Rights, que limitava definitivamente os poderes reais e consolidava a
monarquia parlamentarista inglesa.

América Espanhola

A conquista da América Espanhola foi o processo de ocupação da América


pelos espanhóis e consequente controle sobre as áreas até então ocupadas
por povos nativos, entre os quais podemos destacar astecas e incas. A
primeira expedição de espanhóis à América chegou em 1492, liderada por
Cristóvão Colombo.
Para consolidar a ocupação do território e enfrentar a resistência dos povos
nativos (que eram a imensa maioria), os espanhóis se aproveitaram de sua
superioridade bélica, com a utilização de armas de fogo e cavalos. A vitória
espanhola também pode ser explicada pela questão biológica; ou seja, a
disseminação de doenças que não existiam na América, provocando
epidemias fatais aos nativos. Outro fator determinante foi a aliança com
povos dominados pelos impérios Asteca e Inca, estimulando as desavenças
que já existiam entre os nativos. Por fim, podemos levar em consideração a
religião, uma vez que os indígenas pensavam que os espanhóis eram a
encarnação de deuses. Os astecas, por exemplo, acreditavam que os
conquistadores liderados por Hernán Cortés eram mensageiros de
Quetzacoatl.
Na fase de conquista, a Coroa espanhola criou os adelantados, grandes
extensões de terras que eram entregues a conquistadores, os quais tinham
autonomia sobre a administração desses territórios. À medida que se ampliou
a dominação espanhola sobre a América, surgiu a necessidade de montar
um aparelho administrativo que se associasse aos interesses mercantilistas
da Espanha, especialmente após a descoberta de grandes quantidades de
ouro na área do Império Asteca, e de prata na área do Império Inca.
O território foi dividido em vice - reinados e capitanias gerais. Para o
controle da economia colonial, a Coroa espanhola criou em 1503 a Casa de
Contratação, que controlava o comércio espanhol com as áreas coloniais, e
o sistema de Porto Único, determinando que os produtos que saíssem e
entrassem na América só poderiam ir e vir do Porto de Sevilha.
Com a consolidação da colonização, a América Espanhola ficou marcada
por uma sociedade estratificada, na qual a elite de nascimento detinha de
privilégios. A sociedade era dividida nos seguintes grupos:

 Chapetones: Homens brancos, nascidos na Espanha, vivam na colônia e


representavam os interesses metropolitanos, ocupando altos cargos
administrativos, judiciais, militares e no comércio externo;
 Criollos: Elite econômica colonial, descendentes de espanhóis, nascidos
na América, grandes proprietários rurais;
 Mestiços: Homens livres, trabalhadores geralmente superexplorados;
 Indígenas: Grande maioria da população; foram submetidos ao trabalho
forçado por meio da mita ou da encomienda;
 Escravizados africanos: Foram utilizados sobretudo no Caribe
(Antilhas) e trabalhavam principalmente na agricultura.

Como se pode perceber, a mão de obra indígena foi usada em larga escala.
Isso se deu mediante duas formas de trabalho:

 Mita: Consistia na exploração das comunidades dominadas. Os homens


eram sorteados e em geral trabalhavam quatro meses, recebendo um
pagamento irrisório. Cumprido o prazo, deveriam retornar à comunidade;
que, por sua vez, deveria enviar um novo grupo de homens. Apesar de
sua origem Inca, os espanhóis se apropriaram da mita para impor um
ritmo de trabalho compulsório aos nativos americanos;
 Encomienda: Sistema criado pelos espanhóis, consistia na exploração
de um grupo ou comunidade de indígenas por um colono. Em troca, o
colono deveria pagar um tributo à metrópole e promover a cristianização
dos indígenas.

América Portuguesa

Nos primeiros anos após a chegada de Portugal à América, não houve


efetiva ocupação do território. Inicialmente o pau - brasil era adquirido por
meio do escambo (troca) com os povos nativos e transportado para a
Europa. A decisão de recrudescer a administração colonial estava ligada
diretamente ao declínio com o comércio de especiarias nas Índias e a perda
de entrepostos comerciais importantes na África, o que fez com que Portugal
se voltasse para o território americano a fim de o tornar mais rentável para a
Coroa.
A distribuição de terras foi a forma que Portugal encontrou para colonizar o
território de forma “terceirizada”, uma vez que a Coroa portuguesa possuía
recursos limitados para investir na colonização, delegando os custos da
ocupação aos responsáveis pelas novas áreas divididas. Assim, as
capitanias eram doadas aos capitães - donatários (que faziam parte da
pequena nobreza portuguesa ou eram militares com honras) por meio de
forais e cartas de doação.
Entre 1534 e 1536, 15 capitanias foram criadas, no entanto apenas duas
prosperaram (Pernambuco e São Vicente), graças ao rico cultivo da cana -
de - açúcar, que se tornaria o produto mais importante da colonização
portuguesa no Brasil e base da civilização colonial durante os dois primeiros
séculos.
Tendo em vista os problemas que se desencadearam por conta da
descentralização provocada pelas capitanias, em 1548 o governo português
decidiu fortalecer sua autoridade sobre a colônia centralizando a
administração nas mãos de um governador - geral.
Junto com Tomé de Souza, foram enviados membros da Companhia de
Jesus, tornando evidente que a ocupação do território e a lucratividade da
colônia não eram os únicos interesses portugueses. A expansão do
catolicismo também foi um dos propulsores do povoamento do território e se
tornou um dos fatores centrais na colonização portuguesa.
A criação de um aparato administrativo pela Coroa portuguesa foi seguida
pela atuação dos próprios colonos e as atividades produtivas realizadas em
território colonial. O bandeirismo, por exemplo, teve grande importância na
ocupação/interiorização do território. Os bandeirantes eram indivíduos que
haviam deixado a Capitania de São Vicente (principalmente após o declínio
da produção açucareira na região) rumo ao interior em busca de metais,
indígenas para escravização ou para a destruição de quilombos e captura de
escravizados.
Além disso, durante o período colonial a região Sul ganhou importância na
criação de gado, atividade destinada ao mercado interno (alimentação,
vestimenta, transporte, etc.). A pecuária também foi desenvolvida nas regiões
mais ao interior do Nordeste, já que o litoral era destinado à empresa
açucareira. A região Norte, até o início do século XVII, era praticamente
desabitada pelos europeus. A ocupação só ocorreu a partir da exploração
das “drogas do Sertão” (cravo, pimenta e urucum) que eram retiradas da
floresta para serem revendidas na Europa, feita geralmente nas missões
jesuíticas.

Pega a visão: Ao longo das questões, você encontrará as palavras “índio” ou


“tribo” sendo usadas para se refeirir aos povos indígenas, porém ressaltamos
que elas não são adequadas. Como não podemos alterar questões oficiais
dos vestibulares, recomendamos considerar “indígenas” e “aldeia”,
respectivamente, como os termos corretos.

A economia açucareira

A implantação da economia açucareira na colônia portuguesa na América foi


a forma que Portugal encontrou de efetivar a ocupação territorial. A
civilização que se formou a partir da sua estruturação se tornou a base de
quase todo o período colonial brasileiro.
Para o completo funcionamento dessa lógica agrícola e para render os altos
lucros, os engenhos de açúcar funcionavam em um modelo agrícola
conhecido como plantation, que era um padrão de exploração voltado para a
monocultura, a exportação dos produtos e o uso da mão de obra
escravizada em grandes latifúndios (doação de sesmarias por donatários).
Contudo o alto custo da produção e do refino do produto fez com que os
portugueses procurassem investimento em outros locais, uma vez que a
Coroa não prestava grande suporte financeiro. Assim, os comerciantes
holandeses se tornaram os principais parceiros comerciais dos colonos,
atuando principalmente no transporte, no refino e na distribuição do produto.
Outra forma de atuação desses comerciantes era por meio de empréstimos
para a manutenção dos engenhos, uma vez que o investimento era bem alto.
A escravidão africana se tornou o motor dessa estrutura de exploração
açucareira, e graças aos escravizados os portugueses conseguiram superar
o problema demográfico e produzir e exportar em grandes quantidades.
Ainda sobre a escravidão utilizada durante o ciclo de açúcar, vale destacar
que primeiro foi usada a mão de obra indígena escravizada, deixando os
nativos conhecidos como os “escravos da terra”. Dentro desse contexto, é
essencial compreender que mais do que apenas uma mão de obra, a
escravidão era um comércio extremamente lucrativo com o tráfico negreiro
e se tornou um modo de produção que permitiu a institucionalização da
escravidão tanto no aspecto legal (lei) quanto no social.
Dentro da sociedade colonial, o escravizado era um “item de luxo” que
demonstrava riqueza e opulência, além de ser um símbolo de prestígio social.
A posse de escravizados era utilizada como uma forma de deistinguir,
hierarquizar e organizar a lógica social, política e econômica dessas colônias.
Sendo assim, é possível dizer que a sociedade colonial (e posteriormente a
sociedade brasileira) não apenas possuía escravizados, pois ela era
plenamente escravista.

Pega a visão: A escravidão está diretamente ligada a uma estrutura


hierarquizante de poder que também se manifesta na escrita da História.
Por isso se faz necessário citar que atualmente a historiologia vem deixando
de utilizar o termo “escravo” e passando a usar a “escravizado” no lugar. O
intuito é combater a ideia de que essas pessoas, trazida à força, eram
naturalmente escravas (quando, na verdade, elas foram tornadas tal).

Vale ressaltar que a exploração não se deu sem luta, tanto por parte dos
nativos americanos quanto por parte dos escravizados africanos. Apesar do
apagamento histórico do processo de resistência desses povos durante
todo o Brasil colonial, falar sobre isso é permitir que seus descendentes
reconstruam uma história que não está vinculada apenas à exploração dos
corpos dos seus antepassados, e sim a um processo de luta constante, à
qual esses grupos se propuseram ao longo de quase 400 anos de
colonização. Entre as principais formas de resistência, podemos citar:
sincretismo religioso, formação de quilombos, fugas, aborto, suicídio, quebra
de maquinários, prática da capoeira, alcoolismo e ações mais violentas
contra os seus senhores.
Brasil holandês

Com a União Ibérica, Portugal, assim como suas colônias, virou alvo dos
inimigos da Espanha. No período da união, o Brasil vivia o auge da economia
açucareira, com o principal polo econômico no Nordeste. Logo, os Países
Baixos lançaram os olhos osbre essa região da colônia, a fim de reaver o
comércio açucareiro entre Holanda e Portugal, o que fora proibido por Felipe
II.
Assim, em 1624 os holandeses mandaram uma expedição a Salvador, mas
Jacob Willekens e seus 1500 homens foram expulsos pelos espanhóis no
ano seguinte. Mesmo derrotados, o ímpeto dos holandeses não cessou, e
eles invadiram em 1630 a cidade de Olinda. Os invasores seguiram em
direção ao interior e dominaram a capitania de Pernambuco, retomando o
comércio açucareiro depois de uam forte resistência lusitana.
O fim da dominação holandesa veio logo após o desgate das relações entre
Portugal e Holanda se aprofundar. Os dois países, que acabaram juntos com
a dominação espanhola, agora disputavam as terras em Pernambuco. Em
1654 os portugueses conseguiram reaver a região com a ajuda dos ingleses,
no entanto o açúcar começou a perder a importância na Europa, gerando
uma crise nesse ramo da economia colonial.

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