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EVOLUÇÃO
Resumo
Devido a representatividade da pecuária leiteira no Brasil e especificamente no Paraná, o objetivo deste estudo foi
apresentar a evolução dessa atividade no segmento da Agricultura Familiar (AF) paranaense, tomando como
contraponto números também da pecuária leiteira na Agricultura Não Familiar (ANF), agregados por mesorregiões
e por área total (hectares), em nível estadual. Complementarmente, a agricultura familiar foi separada entre aptos
ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e não aptos ao PRONAF. Os dados
utilizados para as análises foram obtidos nos Censos Agropecuários do IBGE (2006 e 2017), apontando
quantitativo de estabelecimentos rurais, quantidades produzidas, número de vacas ordenhadas e produtividades.
Os dados por área total foram segmentados em: menos de cinco hectares, de cinco a menos de dez ha., de dez a
menos de 20 ha., de 20 a menos de 50 ha., e 50 hectares ou mais. A AF aumentou sua representatividade, quando
comparada a ANF, em vacas ordenhadas e em volume produzido. No entanto, a produtividade por vaca ordenhada
aumentou cerca de 1.516 litros na AF, contra a ANF, que teve ganho de 2.178 litros. De modo geral, ocorreu
redução no número de estabelecimentos produtores de leite para a AF aptas ou não aptas ao PRONAF, assim como
na ANF, no estado ou mesmo separadas as mesorregiões. Em quantidade produzida, teve redução na ANF e
aumento na AF. Em volume total produzido na ANF, o grupo de mais de 50 hectares se manteve como o mais
expressivo, situação diferente da AF, que teve os maiores volumes produzidos nos grupos de 20 a menos de 50 ha.
Já em produtividade/vaca ordenhada, independente do Censo, na AF e na ANF, quanto maior a área total em ha
dos estabelecimentos, maiores foram as produtividades. Contudo, a AF manteve uma produtividade inferior a ANF
com ressalvas aos aptos ao PRONAF, que tem produtividades superiores as médias da AF e da ANF. Na AF cabe
destaque a mesorregião Sudoeste e na ANF as mesorregiões de maior relevância são a Centro Sul e Centro Oriental.
Palavras-chave: Censo Agropecuário, Produtividade, PRONAF, Estabelecimentos agropecuários, Vacas
ordenhadas.
Abstract
Due to the representativeness of dairy farming in Brazil and specifically in Paraná State, the objective of this study
was to present the evolution of this activity in the segment of Family Agriculture (AF) in Paraná, taking as a
counterpoint also numbers of dairy farming in Non-Family Agriculture (ANF), aggregated by mesoregions and
by total area (hectares), at the state level. In addition, family farming was separated into those eligible for the
National Program for the Strengthening of Family Agriculture (PRONAF) and those not eligible for PRONAF.
The data used for the analyzes were obtained from the IBGE agricultural censuses (2006 and 2017), indicating
the number of rural establishment, quantities produced, number of milked cows and productivity. Data by total
area were segmented into: less than five hectares, from five to less than ten ha., from ten to less than 20 ha., from
20 to less than 50 ha., and 50 hectares or more. AF has increased its representativeness, when compared to ANF,
in cows milked and in volume produced. However, the productivity per milked cow increased by about 1,516 liters
against the ANF, which had a gain of 2,178 liters. In general, there was a reduction in the number of milk-
producing establishments for the AF that are suitable or not suitable for PRONAF, as well as in the ANF, in the
state or even separate the mesoregions. In quantity produced, there was a reduction in ANF and an increase in
AF. In terms of total volume produced in the ANF, the group of more than 50 hectares remained the most
1. Introdução
O Brasil vem se destacando como grande produtor mundial de leite nas últimas décadas
(MILANI; SOUZA, 2010; DA ROCHA, CARVALHO e RESENDE, 2020). O país está entre
os cinco maiores produtores de leite em escala mundial (SABBAG; COSTA, 2015; FABIANA
DA SILVA et al., 2015), apesar dos dados que confirmam a sua posição no cenário
internacional como importador líquido, com esporádicas exceções em 2004–2008 (VILELA et
al., 2017).
Em 2020, foram 35,4 bilhões de litros produzidos no país. As regiões Sudeste e Sul são
as principais produtoras de leite, sendo o Sul responsável naquele ano por 34,6% da produção
nacional. O estado do Paraná, com 4,6 bilhões de litros, foi o principal produtor regional e o
segundo maior produtor nacional, responsável por 13,3% do total produzido. Ainda naquele
ano o valor bruto da produção de leite no país atingiu 56,5 bilhões de reais, com 7,8 bilhões
(13,7%) no Paraná (IBGE, 2022a).
No Brasil, assim como no Paraná, a produção de leite no estrato da agricultura familiar
possui grande importância em termos econômicos e sociais, pois reduz o êxodo rural e
diversifica os sistemas de produção, contribuindo para o desenvolvimento dos municípios de
pequeno e médio porte pela geração de renda, o que dinamiza as economias locais (AHLERT;
HAETINGER; REMPEL, 2017).
Avaliando dados censitários do IBGE, vários autores apresentaram análises relativas ao
número de vacas ordenhadas, estabelecimentos produtores, produção e produtividades leiteiras,
mostrando uma tendência de redução no número de estabelecimentos e vacas ordenhadas, mas
com aumento da produtividade por vaca e da produção total (VILELA et al., 2017; LAMPERT;
BRUM; DA SILVA, 2018; LEITE, 2020). Entretanto, esses dados não foram discutidos
especificamente para a agricultura familiar paranaense produtora de leite.
Devido à importância da atividade leiteira no sul do país, especificamente no estado do
Paraná e as heterogeneidades presentes na produção de leite, sejam por características regionais
ou perfil da unidade produtiva, familiar ou não familiar, o presente estudo objetivou discutir os
dados censitários de 2006 e 2017, considerando as unidades produtivas da Agricultura Familiar
(AF) e Agricultura Não Familiar (ANF), ao nível das mesorregiões e dos grupos de área total
dos estabelecimentos. Complementarmente, a agricultura familiar foi particularizada entre
estabelecimentos aptos e não aptos ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (PRONAF).
O trabalho encontra-se dividido em cinco seções. Além desta introdução, a seção 2 é
composta por uma revisão de literatura sobre os assuntos relevantes ao tema do artigo. Na seção
seguinte, foi exposta a metodologia empregada, passando posteriormente para a seção dos
resultados e discussões, agrupados em três blocos: mesorregiões geográficas, área total dos
estabelecimentos e aptidão ao PRONAF. Finalmente, na seção 5 são expressas as considerações
finais.
2. Revisão de Literatura
3. Metodologia
4. Resultados e Discussões
4.1 A produção de leite na Agricultura Familiar e Não Familiar ao nível das Mesorregiões
*Existe diferença entre a soma dos valores e o valor apresentado como total devido a metodologia adotada para
não identificar o informante e manter o sigilo das informações disponibilizadas.
Fonte: Adaptado pelos autores conforme IBGE (2022b,c).
Para os grupos mais produtivos, a AF passou de 2,250 mil litros/cabeça/ano para uma
produtividade de 3,998 entre Censos, números menores que os da ANF, que foi de 2,443 a 4,6
4.3 A produção de leite na Agricultura Familiar ao nível dos estabelecimentos aptos e não
aptos ao PRONAF
5. Considerações Finais
No âmbito nacional e estadual, vem ocorrendo uma redução no número de
estabelecimentos produtores de leite para a agricultura familiar aptas ou não aptas ao PRONAF,
assim como nas não familiares, considerando as diferentes mesorregiões geográficas ou os
grupos de área total.
Em contrapartida, no Paraná, a agricultura familiar segue uma tendência de aumento na
sua representatividade, quando comparada a agricultura não familiar, com crescimento no
número de vacas ordenhadas e no volume produzido. Entretanto, a produtividade por vaca
ordenhada na agricultura familiar, de modo geral, ainda está abaixo da agricultura não familiar.
Referências
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