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Abrindo as janelas do céu

“Em tudo vos dei o exemplo de que deveis


trabalhar assim, a fim de socorrerdes os doentes, recordando as palavras do próprio
Senhor Jesus: Dar é mais bem-aventurado que receber” (Atos 20.35)

A filosofia que rege o mundo é diametralmente oposta àquela estabelecida por Jesus. O
filho de Deus ensina o que o mundo rejeita e reprova o que o mundo aplaude.
Numa cultura em que a lei régia é levar vantagem em tudo, ganhar tudo o que puder, por
todos os meios, de todas as formas, em todo, e de todas as pessoas, para o seu próprio
deleite, o ensino de Jesus de que mais bem-aventurado é der que receber parece um
contrassenso.
Na verdade, ninguém é tão pobre que não possa dar é nem tão rico que não possa
receber. Todos podem experimentar essa bem-aventurança. O dar não é tanto uma
questão de quanto dinheiro temos nas mãos, mas quanto amor temos no coração. Nós
sempre somos ricos em relação a alguém. Sempre haverá alguém mais necessitado do
que nós. Somos sempre desafiados a repartir um pouco do que temos. Essa bem-
aventurança de dar não é restrita apenas aos ricos.
A Bíblia não condena a riqueza. Se granjeada com honestidade e trabalho e usada com
generosidade e altruísmo, a riqueza é uma bênção. O problema não é ser rico, mas
avarento. O problema não é possuir dinheiro, mas é ser possuído por ele. O problema não
é ganhar dinheiro, mas retê-lo com usura. O problema do mundo moderno não é escassez
de provisão, mas injusta distribuição. Enquanto uns têm de sobra, outros passam
necessidade. Enquanto uns morrem de comer, outros morrem de fome. O que é jogado
fora da mesa de uns, falta na mesa de outros. O problema da fome não é falta de alimento,
mas falta de amor.
A parábola do samaritano (Lc 10.25-37) aponta-nos três tipos de atitudes que estão
presentes na sociedade. A primeira atitude é a dos ladrões e salteadores que saquearam o
viajante, deixando-o semimorto à beira do caminho. Esses são aqueles que vivem para
fazer o mal. São de todo corrompidos. Maquinam o mal, tramam a violência e executam-na
sem compaixão. Em vez de trabalhar e ganhar o pão com o suor do próprio rosto, não
respeitam a vida nem os bens do próximo.
A segunda atitude é representada pela omissão do sacerdote e do levita, que ao verem o
homem ferido à beira do caminho, passaram de largo. Esses são aqueles que vivem para
si mesmos. Estão muito ocupados com os seus próprios negócios e não têm tempo nem
amor para cuidar dos necessitados.
A terceira atitude é a do samaritano, que ao ver o moribundo abandono à sua própria
sorte, olha, aproxima-se, cura, levanta, carrega e investe na vida do necessitado, sem se
importar com sua nacionalidade ou religião.
O amor não tem preconceitos nem fronteiras. Ele é altruísta. O amor pensa nos outros
mais do que em si mesmo. O amor tem mais prazer em dar que em receber. Na verdade,
perdemos o que retemos e possuímos o que damos. A semente que comemos ou
guardamos não pode se multiplicar. O que damos, porém, é como uma sementeira que se
multiplica. Quanto mais damos, mais recebemos. Quanto mais semeamos, mais colhemos.
O princípio de Jesus é “[...] Dar é mais bem-aventurado que receber.” (Atos 20.35)
Vejamos alguns ensinos práticos sobre esse postulado de Jesus:
1. Precisamos entender que a riqueza não é para ser acumulada, mas distribuída
(Atos 20.35)
Jesus disse que é muito difícil um rico entrar no reino de Deus. Na verdade, é mais fácil
passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico ser salvo. Contudo, o que
para os homens é impossível, é possível para Deus (Lucas 18.24-27). O rico não pode
fazer do dinheiro o seu deus nem pôr a sua confiança na instabilidade das riquezas (1Tm
6.17). Os ricos têm um grande ministério: ajudar os pobres. Eles precisam ser generosos
no dar. Eles precisam aprender a repartir os seus bens. Zaqueu, ao se converter a Cristo,
resolveu destronar o deus Mamom do seu coração. A generosidade foi a primeira
evidência da sua conversão (Lc 19.8). Jesus fala sobre um rico avarento que se regalava
em suas festas sem se apiedar de Lázaro, faminto à sua porta. Sua riqueza tornou-se o
combustível da sua própria ruína. Ele morreu e foi para o inferno, porque amou mais o
dinheiro do que a Deus e ao próximo. Ele não foi para o inferno por ser rico, mas por ser
avarento (Lc 16.19-31).
2. Precisamos entender que quando damos aos pobres, é como se estivéssemos
dando ao próprio Deus (Mt 25.40).
No dia do juízo, os homens serão julgados segundo as suas obras (Mt 25.31-46).
Certamente, pelas obras ninguém pode ser salvo (Ef 2.8-9). Não somos salvos pelas
obras, mas para as boas obras (Ef 2-10). As nossas boas obras não nos levam para o céu,
mas nós as levamos para o céu (Ap 14.13). Jesus disse que quando damos pão ao
faminto, água ao sedento, vestes ao nu, abrigo ao forasteiro e visitamos os presos e
doentes, é como se fizéssemos essas coisas a Ele (Mt 25.40). Temos de ver Deus no
rosto do nosso próximo. Aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a
Deus, a quem não vê (1Jo 4.20). Negligenciar a generosidade aos pobres e aflitos é como
sonegar a Jesus um gesto de socorro. Deixar de dar pão a quem tem fome é o mesmo que
negar um prato de comida ao Filho de Deus.
3. Precisamos entender que quando damos aos pobres, emprestamos a Deus (Pv
19.17).
Deus é o dono de todas as coisas (Sl 24.1). Somos apenas mordomos dos bens que eles
nos confiou (1Co 4.1). Somos administradores dos bens alheios. Nada trouxemos para
este mundo, nem dele vamos levar coisa alguma (1Tm 6.7). Não há bolsos em mortalhas
nem caminhão de mudança em enterros. Nossos tesouros não podem acompanhar-nos
nem nos valer na viagem que faremos para a eternidade. Contudo, quando socorremos os
aflitos com os bens que o próprio Deus nos confiou, isso é como um empréstimo a Deus
(Pv 19.17). Ele nunca fica devendo a ninguém. Ele é a fonte de todo bem. Ele é quem nos
dá a vida, a saúde, a inteligência e nos capacita para adquirirmos riquezas (Dt 8.18). Ele é
quem abre as janelas dos céus e derrama sobre nós bênçãos sem medida (Ml 3.10). Sua
Palavra é clara: “Dai, e vos será dado, recebereis uma boa medida, cheia, generosa e
transbordante; pois sereis medidos com a mesma medida com que medis.” (Lc 6.38) Jesus
disse que até um copo de água fria que você der a alguém em seu nome não ficará sem
recompensa. Sim! Mais bem-aventurado é dar que receber. Enquanto damos coisas
materiais, recebemos recompensas materiais e, sobretudo, espirituais. Deus é o supremo
galardoador!
4. Precisamos entender que quando damos aos pobres, o nome de Deus é
glorificado e o Evangelho ganha credibilidade (2Co 9.13).
Quando os homens veem as boas obras da igreja, eles glorificam a Deus (Mt 5.16).
Quando a igreja compartilha as necessidades dos santos, as portas se abrem para o
testemunho do Evangelho. O apóstolo João diz que o amor verdadeiro não é apenas de
palavras, mas traduz-se em obras, em ajuda ao necessitado (1Jo 3.17-18). João Batista
disse que o verdadeiro arrependimento é repartir comida com quem tem fome e vestes
com quem está nu (Lc 3.11). Na igreja primitiva, as pessoas tinham tudo em comum (At
2.44;4-32). O apóstolo Paulo nunca separou a pregação do Evangelho da assistência
social. Ele se preocupava com os pobres (Gl 2.10). Quando a igreja demonstra amor aos
necessitados, isso redunda em glória ao nome de Deus e credibilidade para o Evangelho:
“Ao aprovarem essa ministração, eles glorificam a Deus por causa da obediência que
confessais quanto ao Evangelho de Cristo e por causa da generosidade da vossa
contribuição para com eles e para com todos.” (2Co 9.13)
5. Precisamos entender que a generosidade no dar é o caminho da verdadeira
felicidade (At 20.35).
Jesus disse que dar não é um peso, mas uma grande alegria (At 20.35). Ofertar não é um
ato que deve ser praticado com tristeza, pois Deus ama a quem dá com alegria (2Co 9.7).
Receber algo de alguém é uma grande bênção e nos proporciona uma grande felicidade,
mas Jesus disse que a alegria de dar é maior ainda do que a alegria de receber. Há muitas
recompensas para aqueles que têm o coração generoso. A primeira recompensa é que a
generosidade promove a glória de Deus (2Co 9.11-13). Em segundo lugar, ela supre a
necessidade do próximo (2Co 9.12). Em terceiro lugar, o generoso faz bem a si mesmo
(Pv 11.17). Em quarto lugar, a generosidade produz prosperidade (Pv 11.24-25; 2Co 9.10-
11). Em último lugar, àquele que acode ao necessitado, Deus liberta no dia da aflição,
preserva do inimigo, conforta na enfermidade e faz feliz na Terra (Sl 41.1-3). Mesmo que
sejamos pobres, podemos ser ricos em bondade. A Palavra de Deus diz: “Há quem se
torne rico sem nada possuir, e quem se torne pobre, tendo grande riqueza.” (Pv 13.7) Que
mesmo em nossa pobreza possamos ser generosos no repartir, assim como o apóstolo
ensinou: “… pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.” (2Co
6.10)

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