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Influência das condições de contorno na previsão de retorno e enrugamento na

formação de chapas, de Revista Internacional de Ciências Mecânicas

Atualmente para se reduzir o consumo de combustível nos automóveis, os materiais


leves (como os aços avançados de alta resistência, AHSS) têm sido utilizados pela
indústria automóvel. Contudo, estes materiais apresentam uma baixa formabilidade,
devido aos elevados valores de tensão de escoamento e menor alongamento comparado
com os aços convencionais. Além disso, os AHSS são mais propensos a
comportamentos não tradicionais, tais como springback, rugas, fraturas, sendo estes os
principais problemas na formação de chapas. Desta forma, várias técnicas têm sido
propostas para compensar estes problemas, todas com o objetivo de reduzir o momento
fletor. Através de alguns estudos concluiu-se que uma combinação adequada da força
imposta à chapa e da força usada para a empurrar para cima permite eliminar o retorno
sem gerar quaisquer imperfeições geométricas na parte inferior. Apesar da enorme
importância da prevenção de rugas na formação das chapas, há tentativas relativamente
escassas de melhorar a sua previsão, o que se deve também ao facto de as rugas serem
afetadas por vários fatores, como o estado de tensão, as propriedades mecânicas do
material, a geometria das ferramentas e as condições de contorno.

Nos dias de hoje, mais do que nunca, é extremamente importante a previsão destes
defeitos usando a simulação numérica, sendo esta uma prática “quase obrigatória” na
indústria moderna, o que permite a redução das experiências tentativa e erro,
economizando-se dinheiro.

O objetivo do artigo mencionado acima (escrito por D.M. Neto, M. C. Oliveira, A. D.


Santos, J. L. Alves e L. F. Menezes) é avaliar a influência das condições de contorno
aplicadas ao modelo de previsão de rugas, deste modo são apresentadas novas ideias
sobre as causas do enrugamento nos processos de formação de chapas. É então realizada
uma análise experimental e numérica de um componente ferroviário, que é propenso a
defeitos de mola e de rugas. São então utilizados dois materiais diferentes, o aço macio
DC06 e o aço bifásico DP600, que apresentam valores diferentes de força de
escoamento e de resistência à tração.

Foram então avaliados vários parâmetros, como o comportamento do atrito


(lubrificado) entre a peça em branco e as ferramentas de moldagem, que permitiu a
evolução do coeficiente de atrito em função da pressão de contacto. Neste estudo o teste
utilizado para determinar as condições de atrito foi o teste de matriz plana, sendo este
um teste muito utilizado. Desta forma, conclui-se que o coeficiente de atrito entre o aço
de fase dupla DP600 e as ferramentas de conformação é mais baixo do que o valor
obtido para o aço DC06. Além disso, o coeficiente de atrito depende da pressão de
contacto através da relação expressa pela equação 4, sendo que o valor máximo da
pressão de contacto é mais alto no aço de fase dupla DP600, porque a sua tensão de
escoamento é consideravelmente maior do que a do aço macio DC06.

Foi também avaliada a influência das condições de contorno aplicadas na previsão de


rugas e para isso foram utilizados e comparados dois modelos diferentes de elementos
finitos. O primeiro modelo considera as condições de simetria do processo de
moldagem, permitindo simular apenas um quarto da geometria do espaço em branco.
Por outro lado, o segundo modelo considera a geometria completa do espaço em branco.
Conclui-se que a magnitude do springback é muito influenciada pela resistência do
material em branco. Efetivamente, o ângulo de retorno no aço de fase dupla é cerca de
três vezes maior do que no aço macio.

Concluindo, devido à grande diferença na resistência mecânica dos dois aços


selecionados, o formato das rugas na superfície do trilho depende do material, embora
ambos os modelos de elementos finitos forneçam resultados idênticos relativamente às
forças de mola e de formação, o formato das rugas depende do modelo numérico
utilizado. É de notar que os resultados numéricos estão em concordância com os
experimentais quando se considera a geometria completa do espaço em branco (as rugas
são assimétricas).

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