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FACULDADE DE LETRAS

ÁREA: LETRAS, LINGUÍSTICA E


ESTÁGIO DE LÍNGUA PORTUGUESA
CANDIDATA: LETÍCIA ALCÂNTARA
A palavra leitura, embora seja um substantivo,
nomeia um processo: o ato de ler, ou o resultado de
um processo, a leitura que se fez de um livro, de um
conto, de uma notícia. Por se referir a processo,
temos um agente humano. Leitura implica, portanto,
ação humana; esta, pois, está no domínio da cultura
e não da natureza, portanto é algo que se aprende.

(TERRA, 2018, p. 14)

02
Área da linguística que estuda o significado tal
como ele é estruturado nas línguas.
(PORTAL DA LÍNGUA PORTUGUESA)
Não há um consenso na sua definição, em especial,
pelo conceito de significado. Assim, a semântica é
um domínio de investigação de limites movediços [...]
a semântica aparece, [...] como o terreno em que se
debatem problemas cujas conexões não são sempre
óbvias.
(ILARI; GERALDI, 2006, P. 6)
03
TEXTO 1
POEMA MOTIVO CECÍLIA MEIRELES

Eu canto porque o instante existe


e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,


não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.


Tem sangue eterno a asa ritmada. 04
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
TEXTO 2 Veja
A qualidade está inferior
MUITO POUCO MARIA RITA E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Pronto! Chega
Agora que voltou tudo ao normal Não me condene pelo seu penar Simplesmente seja
Talvez você consiga ser menos rei Pesos e medidas não servem O que você julgar ser o melhor
E um pouco mais real Pra ninguém poder nos comparar Mas lembre-se que tudo que começa com
muito
Esqueça Porque Pode acabar muito pior
As horas nunca andam para trás Eu não pertenço ao mesmo lugar
Todo dia é dia de aprender um pouco Em que você se afunda tão raso Mas muito pra mim é tão pouco
Do muito que a vida traz Não dá nem pra tentar te salvar E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco
Mas muito pra mim é tão pouco Porque muito pra mim é tão pouco Não sei mais do que sou capaz
E pouco é um pouco demais E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco Viver tá me deixando louco Gritando pra não ficar rouco
Não sei mais do que sou capaz Não sei mais do que sou capaz Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
Gritando pra não ficar rouco Gritando pra não ficar rouco E pouco eu não quero mais
Em guerra lutando por paz Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco Muito pra mim é tão pouco Não quero mais 05
E pouco eu não quero mais E pouco eu não quero Não quero mais.
TEXTO 3
PARA QUE NINGUÉM A QUISESSE MARINA COLASANTI

Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos
e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que
eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da
gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem
dela, pegou a tesoura e tosquiou lhe os longos cabelos.
Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por
ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair.
Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos
cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do
desejo inflamado que tivera por ela.
Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de
cetim para enfeitar lhe o que restava dos cabelos.
Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o
tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto
a rosa desbotava sobre a cômoda.
TEXTO 1
POEMA MOTIVO CECÍLIA MEIRELES

Eu canto porque o instante existe


e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,


não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.


Tem sangue eterno a asa ritmada.
06
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
TEXTO 2
MUITO POUCO MARIA RITA Veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
Pronto! Chega A estrutura de um grande amor
Agora que voltou tudo ao normal Não me condene pelo seu penar
Talvez você consiga ser menos rei Pesos e medidas não servem Simplesmente seja
E um pouco mais real Pra ninguém poder nos comparar O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito
Esqueça Porque Pode acabar muito pior
As horas nunca andam para trás Eu não pertenço ao mesmo lugar
Todo dia é dia de aprender um pouco Em que você se afunda tão raso Mas muito pra mim é tão pouco
Do muito que a vida traz Não dá nem pra tentar te salvar E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco
Mas muito pra mim é tão pouco Porque muito pra mim é tão pouco Não sei mais do que sou capaz
E pouco é um pouco demais E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco Viver tá me deixando louco Gritando pra não ficar rouco
Não sei mais do que sou capaz Não sei mais do que sou capaz Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
Gritando pra não ficar rouco Gritando pra não ficar rouco E pouco eu não quero mais
Em guerra lutando por paz Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco Muito pra mim é tão pouco Não quero mais 08
E pouco eu não quero mais E pouco eu não quero Não quero mais.
TEXTO 3
PARA QUE NINGUÉM A QUISESSE MARINA COLASANTI

Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos
vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a
exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as
roupas de seda, da gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se
acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou lhe os longos cabelos.
Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava
por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair.
Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio
pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas
do desejo inflamado que tivera por ela.
Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de
cetim para enfeitar lhe o que restava dos cabelos.
Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou
o tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita,
enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.
REFERÊNCIAS
COLASANTI, Marina. Para que ninguém a quisesse. In: COLASANTI, Marina. Contos
de amor rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 111-112

ILARI, Rodolfo; GERALDI, João Wanderley. Semântica. 11. ed. São Paulo: Ática, 2006.
(Princípios; 8)

MEIRELES, Cecília. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

MUITO POUCO. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ciiXIDkptx8.


Performance: Paulinho Moska. Acesso em 24 jan. 2023.

SEMÂNTICA. In: Portal da Língua Portuguesa. Disponível em:


http://www.portaldalinguaportuguesa.org/admin.html. Acesso em 24 jan. 2023.

TERRA, Ernani. Da leitura literária à produção de textos. São Paulo: Contexto, 2018.

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