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CARACTERIZAÇÃO FISIOGEOGRÁFICA E ECONÔMICA DO MUNICÍPIO

DE MOSSORÓ
Bárbara Edemara Silva Lima
Fábio Cunha Guimarães de Lima

1 INTRODUÇÃO
O município de Mossoró, pertencente à mesorregião Oeste Potiguar, está
localizado no estado do Rio Grande do Norte, na região Nordeste brasileira. Sua
extensão total é de 2,099.334 quilômetros quadrados com uma população estimada
em 300.618 habitantes (IBGE, 2020)1, que o torna o maior município potiguar, em
termos de área territorial. Os municípios limítrofes de Mossoró são Baraúna,
Governador Dix-Sept Rosado, Upanema, Açu, Serra do Mel, Areia Branca, Grossos
e Tibau, ainda o município cearense de Aracati. A cidade de Mossoró posiciona-se
estrategicamente entre as capitais Natal (RN) e Fortaleza (CE), com distâncias
rodoviárias medindo, respectivamente, 278 e 245 km, (Prefeitura Municipal de
Mossoró, 2021)2. Toda a extensão territorial do município encontra-se inserida na
Bacia Hidrográfica do rio Apodi – Mossoró.
Nas últimas duas décadas, Mossoró sofreu massivos investimentos da área
petrolífera, contribuindo para a explosão demográfica. Áreas como a construção civil
talvez foram as mais beneficiadas, fazendo com que mais capital industrial tenha
vindo e promovido a abertura de outras empresas. Além disso, outro setor crescente
foi o da educação superior, o qual universidades públicas foram ampliadas e
instituições privadas foram abertas, pois, surgiu um mercado consumidor, tornando
Mossoró não mais uma cidade voltada para a agricultura ou sal, mas também de
perfil estudantil e industrial.
Por outro lado, não se deve deixar de citar que Mossoró ainda é forte no
setor primário, embora tenha um clima desfavorável, seus solos e recursos hídricos

1
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/mossoro/panorama>. Acessado em: 11 de mar de 2021.

2
Prefeitura Municipal de Mossoró. Disponível em:
<https://www.prefeiturademossoro.com.br/geografia/#:~:text=Sua%20forma%C3%A7%C3%A3o%20
%C3%A9%20composta%20pela,hidrogr%C3%A1fica%20do%20rio%20Apodi%2FMossor%C3%B3.>.
Acessado em: 11 de março de 2021.
de profundidade permitiram há tempos a instalação de empresas e assentamentos
voltados para a agricultura. Outro fator contribuinte é o relevo, que por ser livre de
elevações, amplia o potencial agricultor.
Desse modo, realizamos uma caracterização sobre o município de Mossoró
seus fatores fisiogeográficos a ponto de analisar como esses fatores permitiram o
desenvolvimento de atividades econômicas e quais são elas. Adicionalmente,
detectar possíveis problemas e limitações também mediante a esses fatores, e se
possível, propor sugestões para melhor uso eficiente dos recursos naturais da área.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Nosso trabalho se baseou numa análise e compilação de dados, para os
quais realizamos uma revisão bibliográfica das principais fontes técnicas como
EMPARN, EMBRAPA, CPRM, IBGE, IDEMA e outros arquivos públicos abertos.
Considerando o município de Mossoró, achamos pertinentes caracterizações
sobre o espaço físico, descrevendo as principais atividades econômicas, tanto numa
perspectiva atual quanto histórica. Essa análise permitiu explorarmos outras
potencialidades e perspectivas futuras para o município.

3 RESULTADOS
3.1 Caracterização geológica
Referente à formação geológica, Mossoró está inserida nas coberturas
cenozoicas e mesozoicas, e situada na Bacia Sedimentar Potiguar. Os principais
ambientes geológicos dessa bacia sedimentar intrínsecos ao território do município
de Mossoró são: a Formação Jandaíra, que segundo o Idema (2008)3, apresenta
predominância de calcarenitos e calcilutitos, biocláscticos, de coloração cinza clara a
amarelo, com níveis evaporíticos na base, ao longo da planície de maré e numa
plataforma rasa. O Grupo Barreiras, ao Norte, com a predominância de sedimento
inconsolidados, conglomerados e argilitos, formando solos arenosos e espessos de
coloração amarela e avermelhada.
Ainda sobre a Bacia Sedimentar Potiguar, formada por rochas sedimentares
cretáceas, esta é responsável pelas atividades petrolíferas do estado, além de

3
Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema.
serem geradoras e armazenadora de hidrocarbonetos, podendo destacar as rochas
carbonáticas encontrada na Formação Jandaíra. De acordo com o Idema, “Nos
vales dos leitos do rio Apodi ou Mossoró encontram-se depósitos aluvionares
compostos de areias e cascalhos, com intercalações pelíticas, associados aos
sistemas fluviais atuais, formando uma planície fluvial, área plana resultante da
acumulação fluvial sujeita a inundações periódicas.” (Idema, 2008, p. 9).
Já na região de estuário do rio Apodi-Mossoró encontra-se a presença de
Planície Fluviomarinha também formada por uma área plana resultante da
combinação de processos de acumulação fluvial e marinha, com inundações
periódicas, com presença de mangues. Caracterizada como Depósitos de Planícies
e Canais de Marés compostos por pelitos arenosos e carbonáticos, com isso
possibilita que Mossoró esteja entre os principais produtores de sal marinho do
estado do Rio Grande do Norte e do Brasil, pois a área é propícia para exportação.
No município é encontrado diversos tipo de minerais que são utilizados
como recurso gerador de economia, como a areia onde é se encontra o quartzo,
bastante utilizado pelas indústrias de alta tecnologia, nas indústrias de vidros,
cerâmicas, cimento, fertilizantes etc. A argila, muito utilizada para produção de
cerâmicas vermelhas e outros artefatos da indústria da construção civil. O calcário,
uma das principais matérias primas criadas pela natureza, é bastante utilizado para
produção do cimento, de cal e de tintas, podendo também ser utilizado como
corretivo de solos dentre outras aplicações. De grande importância econômica e
social destacam-se o sal marinho, o gás natural e o petróleo que apresentam
relevante produção no município, fazendo com que ele figure entre os maiores
produtores do estado.

3.2 Caracterização geomorfológica


Geomorfologicamente, a região de Mossoró se caracteriza por não possuir
formações muito diversificadas. Dentre os componentes do relevo, temos planícies
litorâneas e tabuleiros costeiros. A área do munícipio não é rica em altas altitudes,
onde as maiores elevações são os da Serra Mossoró (250 m) e Serra do Mel (230
m) (CPRM, 2013). Entre essas elevações, temos a planície flúvio-marinha a qual
está inserida a região urbana do município.
3.3 Caracterização climática
Com uma média de pluviométrica de 757,7 mm, a cidade possui um clima
quente e semiárido. Seu período chuvoso dura de fevereiro à abril, apresentando um
período seco extenso de maio e janeiro. temperatura média é de 27,4 ºC, podendo
atingir máxima de 36,0 ºC e mínima de 21,0 ºC. A umidade relativa apresenta taxa
de 70%, conforme registra pesquisa desenvolvida pelo Idema (2008).

3.4. Recursos hídricos


A hidrogeologia de Mossoró é composta pelos Aquíferos Jandaíra, Açu,
Barreiras e Aluvião. De acordo com o Idema (2008), respectivamente, o primeiro é
formado por calcários, de água salobra e composição química favorável para
pequenas irrigações, possuindo uma vazão de até 30m³/h, com média de 3 m³/h. O
segundo, localizado na borda da Bacia Potiguar, possui uma espessura média de
150m na porção aflorante, possui uma vazão de 10m³/h até 200 m³/h na área de
subsuperfície. O terceiro, possui uma água de excelente qualidade química,
apresentando-se confinando, semiconfinado e em algumas áreas livres. Os poços
construídos podem chegar a ter vazão de 5 a 100 m³/h. O quarto e último, é
constituído por sedimentos arenosos depositados nos leitos e terraços dos rios e
riachos com alta permeabilidade e boas condições de realimentação.

3.5. Pedologia
Em Mossoró, quatro tipos de solo são recorrentes (Embrapa, 1999); (CPRM
2013):
1. Latossolos vermelho amarelo eutrófico: possui boa fertilidade e textura média.
Bem drenado e poroso, com pouca matéria orgânica. É típico de relevos
planos.
2. Cambissolo eutrófico: comum em áreas sedimentares, alta fertilidade e
textura argilosa. Podem ser rasos ou profundos, desenvolvendo-se a partir de
rochas como o calcário, granitos e migmatitos.
3. Chernossolo: derivado do calcário, é um solo argiloso e plano, com drenagem
não muito boa, porém possui alta fertilidade e é adequado para a agricultura.
4. Planossolo: também chamado de solo salino, são solos rasos e não possuem
grandes extensões. Baixo nível de drenagem e elevada concentração de
sódio, sendo inadequado para a agricultura.
3.6. Vegetação
Assim como é ocorrente em grande parte do Nordeste, a região de Mossoró é
dominada pelo bioma Caatinga, conhecido pela sua adaptação aos períodos secos,
o xeromorfismo. Diversas espécies são conhecidas, como mandacaru, juazeiro,
xique-xique, jurema, dentre outras, entretanto, essas plantas não são exploradas
economicamente.
Outro bioma considerado de transição que ocorre na região de Mossoró é a
Mata dos Cocais. Embora sua extensão não seja nem de perto como a da Caatinga,
por muitos anos a carnaúba foi fonte de renda para diversas comunidades. No auge,
chegou a ser instalada uma fábrica para produção de produtos a base de cera de
carnaúba, mas, há mais de uma década está desativada e a exploração é quase
nula. Atualmente, os carnaubais estão sendo derrubados para extração da madeira,
porém, como a Amazônia, consiste num símbolo de saúde ambiental para o a
região, e que também está sendo utilizado de forma não sustentável.

3.7. Economia
No município são encontrados diversos tipos de minerais que são utilizados
como recursos geradores de economia, como a areia onde é se encontra o quartzo,
bastante utilizado pelas indústrias de alta tecnologia, nas indústrias de vidros,
cerâmicas, cimento, fertilizantes etc. A argila, muito utilizada para produção de
cerâmicas vermelhas e outros artefatos da indústria da construção civil. O calcário,
uma das principais matérias primas criadas pela natureza, é bastante utilizado para
produção do cimento, de cal e de tintas, podendo também ser utilizado como
corretivo de solos dentre outras aplicações. De grande importância econômica e
social destacam-se o sal marinho, o gás natural e o petróleo que apresentam
relevante produção no município, fazendo com que ele figure entre os maiores
produtores do estado.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pequena caracterização do Município de Mossoró é apenas uma base
para estudos maiores e aprofundados nesta área tão rica, permitindo até mesmo
novos investimentos e potenciais econômicos. A partir deste trabalho é possível
compreender algumas especificidades do Município de Mossoró. O primeiro é que
está localizada completamente dentro dá Bacia Sedimentar Potiguar, formada por
rochas sedimentares cretáceas o que lhe dá vantagens no ramo petrolífero. Outro
ponto são os Depósitos de Planícies e Canais de Marés, formado por pelitos
arenosos e carbonáticos que são propícios a produção do sal marinho, tornando-o
exportador deste recurso.
Além de ser um forte produtor no setor primário com a agricultura, sua
localização central em relação aos municípios em seu entorno permite que Mossoró,
esteja em uma posição de grande importância na prestação de bens e serviços,
tendo destaque no setor terciário também. No decorrer dos anos tem ocorrido um
grande crescimento no setor industrial, com a construção civil e do ensino superior,
que receber alunos de todo o Brasil, tendo destaque nos estados vizinhos.
Por fim, é possível compreender que além de uma localização e extensão
territorial favorável, Mossoró possui solos, recursos hídricos e minerais favoráveis
para sua economia, tendo como ponto negativo o seu clima quente e semiárido.
Todavia sua localização inserida na Bacia Hidrográfica do rio Apodi – Mossoró,
permite uma boa disponibilidade hídrica, além de contribuir para solos nutridos
propícios a plantações e abastecimento populacional.

REFERÊNCIAS

_______. Caracterização Física. In: CUNHA, Eugênio Marcos Soares. Perfil do seu
município. Natal: Idema, 2008. p. 7 – 12. Disponível em:
<http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/idema/DOC/DOC000000000013950.PDF>. Acesso
em: 12 de março de 2021.

COMPANHIA DE PESQUISA E RECURSOS MINERAIS. Geologia e recursos


minerais da folha de Mossoró. 2014. Disponível em:
<http://rigeo.cprm.gov.br/jspui/bitstream/doc/17785/2/mossoro_nota.pdf>. Acesso:
10 de mar de 2021.

DANTAS, Marcelo Eduardo; FERREIRA, Rogério Valença. Relevo. In:


PFALTZGRAFF, Pedro Augusto dos Santos. Geodiversidade do estado do Rio
Grande do Norte. Recife: CPRM, 2010. p. 77 – 92.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de


classificação dos solos. Brasília: EMBRAPA, Serviço de Produção de Informação,
1999.

MEDEIROS, Vladimir Cruz de; NASCIMENTO, Marcos Antonio Leite do; SOUSA,
Debora do Carmo. Geologia. In: PFALTZGRAFF, Pedro Augusto dos Santos.
Geodiversidade do estado do Rio Grande do Norte. Recife: CPRM, 2010. p. 15 -
38.

PINHEIRO, José Ueliton; BRISTOT, Gilmar; LUCENA, Leandson Roberto Fernandes


de. Clima. In: PFALTZGRAFF, Pedro Augusto dos Santos. Geodiversidade do
estado do Rio Grande do Norte. Recife: CPRM, 2010. p. 93 – 98.

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