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Cíntia Vieira Souto
A diplomacia do
interesse nacional
A política externa
do governo Médici
2ª ed. rev.
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO
Rio de Janeiro
2013
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO Publicação 897
Coleção General Benício Volume 499
ISBN 978-85-7011-532-4
CDD 320.981
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO
Ao meu marido, José Carlos,
e aos meus filhos, Arthur e Alice
Sumário
Apresentação .................................................................................................. 05
Introdução .................................................................................................. 11
Capítulo 1 – O projeto político-econômico interno e
a diplomacia do interesse nacional ................................. 19
Política interna e economia ................................................ 19
A diplomacia do interesse nacional,
o “Brasil Grande Potência” e a geopolítica ................... 30
Concepção da diplomacia do interesse nacional ...... 35
Diplomacia do interesse nacional e desenvolvimento ... 40
O projeto político-econômico
interno e a diplomacia
do interesse nacional
lógica é ainda maior, uma vez que tende a se isolar aqueles anos e temas
de todo o restante. Cremos que é isso o que explica em parte a atribuição
de “nomes” à política externa – prosperidade, interesse nacional, prag-
matismo responsável –, fora, é claro, a facilidade de expressão que os
nomes permitem, bem como muito se reforça com o discurso “sobre” a
prática da política externa. Ressalvando os avanços que realmente ocor-
reram, é impossível não perceber a popularidade do “pragmatismo res-
ponsável” como resultado da militância do chanceler Azeredo da Silvei-
ra e, principalmente, na insistência de que estava iniciando algo “novo”,
“inédito”, quando seu caminho já havia sido ladrilhado por Magalhães
Pinto e Mario Gibson Barboza, sem falar nos formuladores da Política
Externa Independente.
Posto isso, acreditamos ser mais frutífero indagar como a polí-
tica do interesse nacional foi planejada. Assim, a um só tempo, reconhe-
cemos seu caráter próprio, individual, e fugimos da rigidez que a atri-
buição deste poderia conferir.
Parece-nos claro que quando Gibson assumiu a pasta não pos-
suía um plano arquitetado sobre qual seria a sua política externa. Deti-
nha algumas ideias gerais construídas ao longo de sua experiência di-
plomática. Como o ministro afirmou, era uma “plataforma” revelada no
discurso de Médici proferido no Itamaraty, por ocasião da inauguração
da nova sede em Brasília, no dia 20 de abril de 197037 que, segundo
relato, foi escrito por ele. O chanceler ressaltou que tais premissas
orientaram sua atuação, mas muitas questões e novos problemas sur-
giram ao longo da gestão. De fato, considerável parte do que aparece
nas relações multilaterais encontra-se no discurso, como a crítica às
estruturas de comércio internacional; o repúdio às tentativas de con-
gelamento do poder mundial; a defesa de livre acesso à tecnologia e a
necessidade de luta conjunta contra o subdesenvolvimento, especial-
mente em relação aos países latino-americanos. Aqui se divisa uma
característica muito marcada da política externa do governo Médici,
isto é, a total separação entre bilateralismo e multilateralismo. A “pla-
taforma” era obviamente multilateral. O bilateral, conforme o ministro,
precisava ser tratado individualmente e, conforme destacou, isso valia
especialmente para os países com os quais o Brasil possuía relações já
solidificadas, como os latino-americanos, os Estados Unidos, os da Euro-
pa Ocidental e o Japão. Uma abordagem mais geral, mais indiferenciada,
40 A diplomacia do interesse nacional
poderia ser adotada para aqueles com os quais o Brasil estava inician-
do aproximação, integrantes das repúblicas centro-americanas e da
África subsaariana.38
Bilateralismo e
terceiro-mundismo como
membros de uma
mesma equação
O caráter do bilateralismo
Multilateralismo
Unctad e o G77
O Brasil na ONU
1965 13.0 66.0 88.0 0.0 38.5 41.4 61.5 85.7 50.0
1966 18.0 56.0 84.0 0.0 0.0 35.5 20.0 90.9 50.0
1967 6.0 71.0 24.0 18.2 85.7 56.2 66.7 95.7 50.0
1968 21.0 29.0 52.0 0.0 0.0 8.6 6.7 52.2 0.0
1969 33.0 18.0 4.0 0.0 0.0 14.3 6.7 47.8 0.0
1970 82.0 12.0 8.0 0.0 0.0 0.0 12.5 34.8 0.0
1971 63.0 27.0 24.0 0.0 0.0 22.9 31.2 34.8 0.0
1973 52.0 93.0 30.8 16.7 94.4 82.9 100.0 79.2 100.0
1974 60.0 7.0 0.0 0.0 5.6 2.8 5.9 16.0 0.0
1975 72.0 20.0 8.0 0.0 5.6 17.1 38.9 12.0 0.0
61
Tabela 2 – Padrões de Concordância Regional do Brasil em ou acima de 0.75
(75%) nas votações do Plenário da Assembleia Geral da ONU em temas econômicos,
1965-1975 (expresso em percentagem de cada grupo regional)
número Grupo Comuni- África América China,
1967 5.0 7.0 0.0 0.0 7.1 0.0 0.0 21.7 50.0
1968 10.0 10.0 4.0 0.0 0.0 8.6 13.3 17.4 0.0
1969 1.0 24.0 60.9 54.5 0.0 11.1 22.2 0.0 0.0
1970 10.0 87.0 16.7 9.1 92.9 100.0 93.3 87.0 100.0
1971 10.0 7.0 8.0 0.0 11.8 3.0 0.0 9.1 0.0
1972 64.0 53.0 0.0 18.2 44.4 48.6 23.5 87.0 100.0
1973 29.0 26.0 3.8 0.0 0.0 26.5 18.7 50.0 50.0
1974 67.0 106.0 8.0 100.0 100.0 94.4 94.1 88.0 100.0
1975 7.0 107.0 24.0 100.0 100.0 89.7 100.0 68.0 100.0
62
Tabela 3 – Padrões Regionais de Concordância do Brasil em ou acima de 0.75
(75%) nas votações de Plenário da Assembleia Geral da ONU em temas coloniais e de
comércio, 1965-1975 (expresso em percentagem de cada grupo regional).
1965 23.0 13.0 4.0 0.0 0.0 0.0 0.0 52.4 50.0
1966 9.0 25.0 36.0 0.0 0.0 6.7 26.7 40.9 50.0
1967 12.0 13.0 4.0 0.0 14.3 15.6 6.7 17.4 0.0
1968 34.0 2.0 0.0 9.1 0.0 0.0 0.0 4.3 0.0
1969 24.0 6.0 0.0 0.0 0.0 2.9 0.0 17.4 50.0
1970 27.0 1.0 4.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
1971 71.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
1973 51.0 1.0 3.8 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
1974 17.0 112.0 32.0 100.0 100.0 97.2 100.0 80.0 100.0
1975 56.0 3.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 12.0 0.0
63
64 A diplomacia do interesse nacional
Relações hemisféricas
O embaixador sintetiza:
Nixon declarou:
Direitos humanos
direto com os EUA. A opção pelo marco bilateral incluía algumas inova-
ções alinhadas por Carlos Estevam Martins:
Brasil/Argentina
Relações extra-hemisféricas
Brasil/Portugal e África
ministro dos Negócios Estrangeiros daquele país, além de haver sido es-
trategicamente inserida entre a de Gibson ao Egito e a Israel. Ela contou
com dois pontos importantes, como a conversa com Njoroge Mungai so-
bre a negociação secreta a qual tivera com Rui Patrício, em Roma, a res-
peito de uma possível reunião de ministros das Relações Exteriores de
países africanos e de Portugal. Mungai aceitou servir de intermediário
entre Portugal e os governos africanos. Todavia, a negativa dos lusos em
aceitar a presença de membros da resistência africana nas conversações
inviabilizou a empresa.
O segundo ponto foi o discurso que Mario Gibson Barboza pro-
feriu por ocasião do almoço oficial a ele oferecido. Em suas memórias,
relata que resolveu com aquele discurso fixar alguns aspectos da polí-
tica externa do Brasil, que “naquele momento, em fevereiro de 1973, já
assumira feição definida e própria, através de intensa atuação diplomá-
tica”.31 Tal detalhe é importante, pois sua gestão já se encaminhava para
o final. A impressão registrada é a de a diplomacia do interesse nacional
ser menos articulada do que se imaginava em um primeiro exame, por-
quanto “assumira feição definida” quase ao término do governo Médici.
Logicamente, existe coerência, a qual pode ser individualizada. Contudo,
é discutível que ela já houvesse no início do governo e viesse a se desen-
rolar como um plano. Parece-nos mais um conjunto de ideias, algumas
das quais foram postas em operação; outras não, por diversos fatores,
mas não um plano minuciosamente concebido.
Gibson Barboza assim caracterizou o que ele chama “filosofia
de nossa postura”:
Egito-Israel-mundo árabe
Países socialistas
1
GONÇALVES, Williams da Silva; MIYAMOTO, Shiguenoli. Os mili-
tares na política externa brasileira: 1964-1984. Estudos Históri-
cos, Rio de Janeiro, v. 6, n. 12, p. 242-243, 1993.
2
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Brasil-Estados Unidos: a rivali-
dade emergente (1950-1988). Rio de Janeiro: Civilização Brasi-
leira, 1989.
3
CERVO, Amado Luiz. A política exterior do nacionalismo pragmá-
tico. In: ______; BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do
Brasil. São Paulo: Ática, 1992. p. 348.
4
MARTINS, Carlos Estevam. Brasil-Estados Unidos: do 60 aos 70.
Cebrap, São Paulo, n. 9, 1975.; MARTINS, Carlos Estevam. Capita-
lismo de Estado e modelo político do Brasil. Rio de Janeiro: Graal,
1977.
5
TAVARES, M. da C. Comentario al artículo de C. E. Martins. In:
COTLER, J.; FRAGEN, R. Relaciones políticas entre America Latina
y Estados Unidos. Buenos Aires: Amorrutu, 1974. p. 336.
6
Para análise das políticas externas do período anterior, cf. CERVO;
BUENO, op. cit. e VIZENTINI, Paulo G. Fagundes. Relações internacio-
nais e desenvolvimento: o nacionalismo e a política externa indepen-
dente (1951-1964). Petrópolis: Vozes, 1995.
7
BUENO, C. Dos alinhamentos ao nacional desenvolvimentismo.
In: CERVO; BUENO, op. cit., p. 278.
148 A diplomacia do interesse nacional
8
VIZENTINI, op. cit., p. 194.
9
Ibid., p. 228.
10
Apud BANDEIRA, op. cit., p. 146.
11
China ameaça Brasil por causa de agentes presos. Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, p. 1, 18 abr. 1964.
12
O termo Terceiro Mundo foi pela primeira vez enunciado em 1952
pelo demógrafo Alfred Sauvy, que fez uma comparação entre a
conquista de direitos políticos pelo Terceiro Estado e a conquista
de direitos políticos pelos países que passaram pela descoloniza-
ção. A primeira manifestação de “ingresso” desses países no ce-
nário internacional ocorreu na Conferência de Bandung, em abril
de 1955. Apesar de não mais constituírem possessões coloniais,
o Terceiro Mundo permanecia como um conjunto de “nações pro-
letárias”, à medida que se situam na periferia do centro capitalista
desenvolvido e fornecem matérias-primas, mão de obra barata e
produtos industriais que não exigem emprego de alta tecnologia.
Em 1961, o Terceiro Mundo enunciou uma ideologia justificativa
de sua unidade, o neutralismo, com o nascimento do Movimento
Não Alinhado. A expressão terceiro-mundismo será tomada no
presente texto como apoio aos ideais de desenvolvimento do Ter-
ceiro Mundo, a partir da identificação do conflito Norte-Sul, como
mais importante que o conflito Leste-Oeste, e não como sinônimo
de neutralismo. Reservamos o termo neutralismo somente para
países que integraram o Movimento Não Alinhado. MOREAU DE-
FARGES, P. Les Grandes Concepts de la Politique Internacionale.
Paris: Hachette, 1995. p. 144-145.
13
Consultamos o relato graças à gentileza de Maria Inês Niedo, que
nos permitiu o acesso ao documento. Todos os funcionários do
CPDOC – Fundação Getúlio Vargas com quem tivemos contatos
merecem nossos sinceros agradecimentos.
10
LAGO, Luiz Aranha Corrêa do. A retomada do crescimento e as
distorções do “milagre”: 1967-1973. In: ABREU, Marcelo de Paiva
(Org.). A ordem do progresso: cem anos de política econômica re-
publicana (1889-1989). Rio de Janeiro: Campus, 1990. p. 235.
11
AURELIANO, Liana. Economia, 1960/1964: entre a crise e a pre-
paração do milagre. In: Nosso século (1960/1980). São Paulo: Abril,
1980. p. 174.
12
Ibid., p. 176.
13
Ibid., p. 177.
14
Existem diversos trabalhos que discutem a economia brasileira
no período Médici, entre eles SINGER, P. I. “O milagre brasileiro:
causas e consequências”. Cadernos Cebrap, n. 6, 1972; CASTRO, A.
B. de; SOUZA, F. E. P. de. A economia brasileira em marcha forçada.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985; FURTADO, C. A nova dependên-
cia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982; LAGO, op. cit. Há também
muitos estudos de brasilianistas, citados em SKIDMORE, op. cit.
15
LAGO, op. cit., p. 272.
16
Ibid., p. 275.
17
Ibid., p. 294.
18
Cf. CARVALHO, Elyseo. Brasil potência mundial – inquérito sobre a
indústria siderúrgica no Brasil. Rio de Janeiro: Monitor Mercantil,
1919. A respeito de comentários sobre a ideia de Brasil potência
na bibliografia brasileira, cf. MIYAMOTO, Shiguenoli. Geopolítica
e poder no Brasil. Campinas: Papirus, 1995.
19
SCHILLING, Paulo R. O expansionismo brasileiro: a geopolítica do
general Golbery e a diplomacia do Itamaraty. São Paulo: Global,
1981.
20
MARTINS, op. cit., 1977, p. 407-408.
21
Projeto para grande potência. Veja, São Paulo, n. 60, p. 30, 29 out.
1969.
22
Mario Gibson Barboza em seu depoimento ao CPDOC nega que
Manso Neto tivesse o papel de destaque no Governo, o qual a im-
prensa lhe atribuía.
23
VELLOSO e seus “grandes impactos”. Veja, São Paulo, n. 71, p. 18-
25, 14 jan. 1970.
24
BRASIL. Metas e Bases para a ação do Governo. Brasília: Secreta-
ria de Imprensa da Presidência da República, 1970. p. 15; BRA-
Notas 151
34
CARDOSO, F. H. O modelo político brasileiro. São Paulo: Difel, 1973.
p. 50-82.
35
CAMARGO; OCAMPO, op. cit., p. 36.
36
MIYAMOTO, op. cit., 1985, p. 276.
37
MÉDICI, E. G. A verdadeira paz. Brasília: Secretaria da Presidência
da República, 1973.
38
BARBOZA, op. cit., p. 209.
39
MÉDICI, op. cit., p. 7.
40
Documentos de Política Externa (DPE), v. IV, p. 145.
41
Ibid., p. 145-146.
42
Ibid., p. 146.
43
DPE, v. VII, p. 14.
44
No depoimento ao CPDOC, Gibson discorre longamente sobre
esse discurso proferido no Quênia. O chanceler reconheceu haver
cedido a uma “tentação retórica” ao fazer uma afirmação que foi
facilmente distorcida. Ele menciona inclusive alguns jornalistas
de se utilizarem do discurso para afirmar estar se comportando
o Brasil como vassalo norte-americano, e ele, Gibson, receber or-
dens diretas de Washington. É fácil compreender o que o minis-
tro quis dizer. Todavia, também é fácil, para quem possui ideias
preconcebidas, distorcer o sentido das afirmações.
45
Segundo Carlos Estevam Martins, o chamado pacto subimperia-
lista pressupõe obrigações políticas e econômicas. Esse autor o
caracteriza como um processo de desenvolvimento que implica
divisão de funções entre os Estados Unidos e seus aliados pre-
ferenciais no contexto do sistema interamericano. Em termos
políticos e militares, o aliado preferencial preencheria em nível
regional o vácuo de poder gerado pelo retraimento norte-americano.
No aspecto econômico, os Estados Unidos daria mais espaço
para os produtos do aliado preferencial tanto na esfera periférica
quanto central. Convém lembrar haver sido um arranjo rígido, o
qual conferia muito pouca margem de manobra ao país depen-
dente. MARTINS, op. cit., 1975. Sobre a teoria do subimperialis-
mo, cf. MARINI, Ruy Mauro. Subdesarrollo y Revolución. Mexico:
Siglo Veintuno Editores S. A., 1969; FRANK, Andre Gunder; CO-
CKROFT, James D.; JOHNSON, Dale L. Economia Politica do Subde-
sarrollo en America Latina. Buenos Aires: Signos, 1970.
Notas 153
46
MARTINS, op. cit., 1975, p. 41.
47
A partir de 1974, diversos trabalhos com abordagens diferentes
trataram da questão da posição do Brasil no sistema interna-
cional. Sônia de Camargo comenta alguns destes em CAMARGO;
OCAMPO, op. cit., p. 24.
48
MARTINS, op. cit., 1977, p. 405.
1
Ibid., p. 401.
2
Ainda segundo Amado Luiz Cervo, o pragmatismo da política ex-
terior do Brasil produziu outros dois resultados históricos, quais
sejam, o abandono da ideia de construção, bem como o uso da
potência para obter ganhos externos e a despolitização, depois
desideologização da conduta. Tais resultados tiveram consequên-
cias importantes, como a preocupação em reforçar por outras
vias o poder nacional e a orientação para uma espécie de diplo-
macia econômica; em outros termos, a baixa densidade política e
a alta densidade econômica nas relações internacionais do Brasil.
CERVO, Amado Luiz. Relações internacionais do Brasil. In: ______
(Org.). O desafio internacional. Brasília: Universidade de Brasília,
1994. p. 27.
3
ARAÚJO CASTRO, João Augusto de. O congelamento do poder
mundial. In: AMADO, Rodrigo. Araújo Castro. Brasília: Universi-
dade de Brasília, 1982. p. 198.
4
LAFER, Celso. Política exterior brasileira: balanço e perspectivas.
Dados, Rio de Janeiro, n. 22, p. 55, 1979.
5
Ibid., p. 57.
6
LIMA, Maria Regina Soares de.; MOURA, Gerson. A trajetória do
pragmatismo: uma análise da política externa brasileira. Dados,
Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, p. 352, 1982.
7
BUENO, C. A política multilateral brasileira. In: CERVO, op. cit.,
1992, p. 59.
8
SELCHER, W. Brazil’s Multilateral Relations. Boulder: Westview
Press, 1978. p. 3.
154 A diplomacia do interesse nacional
9
Ibid., p. 15.
10
Ibid., p. 18.
11
Ibid., p. 20.
12
BUENO, op. cit., p. 132.
13
SELCHER, op. cit., p. 41-42.
14
VICUÑA, O. Las nuevas estructuras del comercio internacional. In:
SOBERON, Oscar. Las Nuevas estructuras del Comercio Internacio-
nal: una perspectiva latinoamericana. México: Fondo de Cultura
Económica, 1974. p. 9.
15
PAOLILLO, Felipe H. Apuntes sobre la solidariedade de los paises
em desarrollo en su lucha internacional por reivindicaciones eco-
nomicas. In: SOBERON, op. cit., p. 308-341.
16
Sobre maiores detalhes sobre essas questões, cf. PAOLILLO, op.
cit.
17
BUENO, op. cit., p. 102.
18
DPE, v. IV, p. 143.
19
Ibid., p. 143-153.
20
Ibid., p. 203-204.
21
Ibid., p. 232.
22
DPE, v. IV, p. 247-253.
23
DPE, v. VI, p. 238-253.
24
SELCHER, op. cit., p. 283.
25
BUENO, op. cit., p. 103; DPE, v. VII, p. 238-246.
26
DPE, v. V, p. 257-264.
27
SELCHER, op. cit., p. 282-283.
28
Ibid., p. 287.
29
Ibid., p. 176.
30
DPE, v. IV, p. 206.
31
SELCHER, op. cit., p. 184.
32
Ibid., p. 186.
33
Ibid., p. 189.
34
Ibid., p. 198.
35
Ibid., p. 198.
36
DPE, v. VI, p. 203.
37
Ibid., p. 203.
38
DPE, v. IV, p. 202.
39
Ibid., p. 205.
Notas 155
40
DPE, v. V, p. 240.
41
DPE, v. VII, p. 193.
42
DPE, v. VI, p. 200.
43
DPE, v. V, p. 237.
44
MARTINS, op. cit., 1975, p. 46.
45
DPE, v. VI, p. 196. Mario Gibson Barboza comenta detalhadamen-
te em seu depoimento ao CPDOC a posição do Brasil na referida
Assembleia. Em junho de 1970, a Assembleia Geral da OEA em
Washington discutiu a possibilidade de incluir o terrorismo em
uma categoria nova de crimes de lesa-humanidade, o que impli-
caria a negação de asilo político para terroristas. O Brasil apoiava
essa ideia. Foi marcada uma reunião de consulta de chanceleres,
em 1971, para discutir um projeto de tratado. Nessa reunião, di-
versos países divergiram da ideia, e o Brasil se retirou da reunião
acompanhado por Argentina, Paraguai, Equador, Haiti e Guate-
mala. Segundo o chanceler, a reunião se transformou em uma es-
pécie de julgamento do tipo de Governo de cada país e se afastava
do objetivo inicial.
24
MARTINS, op. cit., 1975; Id., 1977.
25
LIMA; MOURA, op. cit., p. 352-353.
26
LAFER, op. cit., p. 57.
27
BARBOZA, op. cit., p. 200.
28
Ibid., p. 201.
29
Ibid., p. 202.
30
McNair Paper Number 33, Chapter 3, p. 1, January 1995.
31
Nixon – aqui a nova política dos EUA para a América Latina. Zero
Hora, Porto Alegre, p. 12, 1o nov. 1969; Nixon mostrou o estado
do mundo. Zero Hora, Porto Alegre, p. 12, 19 fev. 1970.
32
Chega de soluções made in USA. Veja, São Paulo, n. 78, p. 5, 4 mar.
1970. Entrevista com o embaixador Burke Elbrick.
33
A referência a uma crise com os Estados Unidos, a qual envolve-
ram diversos aspectos, aparece com frequência em revistas e jor-
nais. A revista Veja, em agosto de 1970, dedica uma reportagem
especial a essa crise e aponta como problemas o café, o comércio,
o congresso, o mar e as dificuldades de entendimento. O CARDÁ-
PIO brasileiro de Kissinger. Veja, São Paulo, n. 152, p. 19-20, 4 ago.
1971.
34
Cf. SKIDMORE, op. cit., p. 307-308.
35
Ibid., p. 308.
36
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O Brasil e o continente. In: CER-
VO, op. cit., 1994, p. 170.
37
Ibid., p. 304-305.
38
Todavia, a imprensa norte-americana se encontrava dividida e
apresentava posições conflitantes a respeito do Brasil. Enquanto
alguns veículos e jornalistas denunciavam a prática de tortura,
outros, igualmente confiáveis, exaltavam o modelo brasileiro e
sugeriam que o Brasil assumisse a liderança na América Latina.
QUE Brasil é esse? Veja, São Paulo, n. 134, p. 22, 31 mar. 1971.
39
Ibid.
40
O depoimento do embaixador norte-americano no Brasil, William
Manning Rountree, na Subcomissão do Hemisfério Ocidental da
Comissão de Relações Exteriores do Senado, encarregada dos
“Programas e Políticas dos Estados Unidos no Brasil”, foi liberado
pelo congresso americano em agosto de 1971 e publicado na re-
vista Veja. As perguntas se concentram em questões de economia
158 A diplomacia do interesse nacional
63
A diplomacia fulmina os cowboys. Veja, São Paulo, n. 115, p. 20-
24, 16 jun. 1971.
64
Duzentas milhas fora da agenda do encontro Médici-Nixon. Cor-
reio do Povo, Porto Alegre, p. 1, 4 dez. 1971.
65
Em fins de 1969, o Ministério das Relações Exteriores e o Minis-
tério da Marinha constituíram um grupo de trabalho informal
que passou a se reunir a partir de janeiro de 1970. Presidido pelo
secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, compu-
nham-no o vice-almirante Elmar Mattos Dias e dois oficiais su-
periores pelo Ministério da Marinha; o subsecretário-geral e o
secretário-geral adjunto para Organismos Internacionais pelo
Ministério das Relações Exteriores; mais um representante do
Departamento Jurídico e serviços de assessoria e secretariado do
Itamaraty. A partir da segunda reunião, em meados de janeiro,
foi designado um grupo de redação que sintetizou em um quadro
comparativo as vantagens e desvantagens das 12 e 200 milhas.
Além das questões relativas à pesca, à pesquisa e à segurança, o
quadro revisava as prováveis repercussões de ambos os sistemas
interna e externamente. O texto foi encaminhado com comen-
tários ao grupo de trabalho que nele introduziu pequenas mo-
dificações. Após, foi submetido aos ministros da Marinha e das
Relações Exteriores que, o tendo aprovado, encaminharam-no ao
presidente da República. Aprovado pelo presidente e submetido
à aprovação do Conselho de Segurança Nacional, foi assinado em
25 de março de 1970 o Decreto-Lei nº 1.098 que alterava para
200 milhas o limite do mar territorial. Ibid., p. 125-126.
68
Há de se considerar que a medida foi tomada sem que a Marinha de
Guerra estivesse aparelhada para realizar o controle. Um dos argu-
mentos da Marinha era inclusive o de que a decisão estimularia o
poder marítimo do Brasil. O Nordeste, área crucial para a vigilância,
estava relativamente bem aparelhado, contando com nove corvetas
ligeiras, apoiadas por aviões Albatroz, baseados em Recife, Forta-
leza, Natal e Belém. O Sul encontrava-se mais vulnerável, exigindo
modernização da esquadra, até porque essa região tornara-se pre-
ferencial para os pesqueiros que não mais podiam frequentar a área
argentina. Brasil cresce para o mar, op. cit., p. 28-29.
66
MARTINS, op. cit., 1977, p. 412.
160 A diplomacia do interesse nacional
67
ARAÚJO CASTRO, op. cit., 1989, p. 270.
68
Ibid., p. 246.
69
Ibid., p. 246.
70
MARTINS, op. cit., 1977, p. 414.
71
BARBOZA, op. cit., p. 203.
72
Ibid., p. 205.
73
O Acordo entre Brasil e Estados Unidos sobre a pesca do Camarão
foi publicado em nove de maio de 1972, mas sua negociação foi
iniciada em meados de 1971. O chanceler Gibson afirma, em suas
memórias, que pelo acordo “eles praticamente reconheceram o
nosso mar territorial de 200 milhas” (p. 205). No texto do acor-
do, todavia, ambos os governos marcam suas posições contrárias.
DPE, v. VI, p. 141-149.
74
VISITA teve resultado satisfatório. Zero Hora, Porto Alegre, p. 12,
10 dez. 1971.
75
Uma visita política. Veja, São Paulo, n. 170, p. 20, 8 dez. 1971.
76
DPE, v. V, p. 283.
77
DPE, V. V, p. 285- 288.
78
Nixon diz que o continente irá para onde for o Brasil. Correio do
Povo, Porto Alegre, p. 1, 10 dez. 1971.
79
BARBOZA, op. cit., p. 204.
80
Venezuela não aceita liderança brasileira para a América Latina. Cor-
reio do Povo, Porto Alegre, p. 1, 10 dez. 1971.
81
Os resultados da visita aos EUA. Veja, São Paulo, n. 171, p. 14, 15
dez. 1971.
82
SCHILLING, Paulo R. O expansionismo brasileiro: a geopolítica do
general Golbery e a diplomacia do Itamaraty. São Paulo: Global,
1981.
83
Em seu relato ao CPDOC, Gibson explica de que forma o governo
brasileiro ajudou o Chile no conturbado período de Allende. Gi-
bson teria dado ordem direta ao presidente do Banco do Brasil
para que a agência desse banco não fosse fechada em Santiago,
quando todos os bancos estrangeiros já haviam saído do país. O
Brasil também enviou medicamentos e forneceu crédito para Al-
lende comprar mil ônibus da Mercedes Benz.
84
Página negra: as tenebrosas transações do Itamaraty no Chile.
Veja. São Paulo, n. 897, p. 91, 13 nov. 1985.
Notas 161
85
Cartas. Veja. São Paulo, n. 899, p. 12, 27 nov. 1985.
86
Uma visita política. Veja. São Paulo, n. 170, p. 20, 8 dez. 1971.
87
JAGUARIBE, Hélio. Brasil: crise e alternativas. Rio de Janeiro:
Zahar, 1974. p. 116.
88
CAMPOS apud MARTINS, op. cit., 1977, p. 419.
89
Gibson comenta o fato de os Estados Unidos da América carece-
rem dessa percepção da América do Sul como um conjunto de paí-
ses diversificados. Segundo o chanceler, o malogro das políticas
norte-americanas para a região explica-se por essa falha. Gibson
aborda uma conversa que teve com Henry Kissinger durante a
Assembleia Geral da ONU, em 1973, em que fez tal sugestão. BAR-
BOZA, op. cit., p. 211-212.
90
BARBOZA, op. cit., p. 207-208; DPE, v. V.
91
A criação da linha marítima brasileira para a América Central in-
forma-nos um pouco a respeito do processo de tomada de deci-
sões durante o governo Médici. Gibson conta que falou com Mé-
dici, que disse, por sua vez, que autorizaria caso o ministro dos
Transportes Mário Andreazza concordasse. O chanceler conver-
sou então com este, o qual ponderou a inexistência de comércio
com a região que justificasse tal medida. Gibson, então, conven-
ceu Andreazza valer à pena correr o risco, o que veio logo a se
confirmar. Ao que parece, decisões desse tipo eram tomadas nas
altas esferas, sem maiores debates ou consultas. Isso explica o
embaraço do chanceler na interlocução com os Estados Unidos.
BARBOZA, op. cit., p. 208.
92
As novas relações. Veja, São Paulo, n. 152, p. 21, 4 ago. 1971.
93
Gibson teve essa conversa com Médici quando discutiram a opo-
sição de Delfim Netto à política do Itamaraty para a África. Segun-
do o chanceler, Médici haveria comentado que Delfim havia se
queixado, por ocasião da visita de Gibson à América Central, de
as linhas de crédito haverem sido concedidas sem o conhecimen-
to dele. BARBOZA, op. cit., p. 251.
94
MARTINS, op. cit., 1977, p. 420-421.
95
Cf. DPE, v. IV, V, VI, e VI.
96
Ibid.
97
DPE, v. IV, p. 79-82.
98
A diplomacia do Prata. Veja, São Paulo, n. 102, p. 35-36, 19 ago. 1970.
162 A diplomacia do interesse nacional
99
Para um relato minucioso do sequestro do cônsul Aloísio Dias
Gomide, cf. BARBOZA, op. cit., p. 176-182.
100
MARTINS, op. cit., 1977, p. 420.
101
Ibid., p. 422-423.
103
JAGUARIBE, Hélio. Novo cenário internacional. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1986. p. 167-175.
104
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. Argentina e Brasil: a balança de
poder no Cone Sul. São Paulo: Annablume, 1996. p. 54.
105
Mello utiliza as categorias equilíbrio, preponderância e hegemo-
nia de R. Aron, com algumas adaptações, para o estudo das rela-
ções Brasil-Argentina entre 1970 e 1986. O autor opta por uma
abordagem teórica clássica e tenta mostrar como “a ruptura do
equilíbrio de poder brasileiro-argentino abriu espaço para uma
preponderância do País no contexto contíguo platino; essa posi-
ção preponderante no subsistema regional não se transformou
em hegemonia porque estava subordinada, por sua vez, à posição
hegemônica exercida pelos Estados Unidos no âmbito do sistema
interamericano” (MELLO, op. cit., p. 53). O contencioso Corpus-
Itaipu de 1973 marcaria a passagem do equilíbrio para a prepon-
derância brasileira.
106
BANDEIRA, op. cit., 1994, p. 194-196.
107
CAUBET, Christian G. Diplomacia, geopolítica e direito na Bacia
do Prata. Política e Estratégia, II, v. 2, p. 338-339, abr./jun. 1984;
cf. também CAUBET, Christian G. As grandes manobras de Itaipu.
São Paulo: Acadêmica, 1991.
108
MELLO, op. cit., p. 145.
109
RICUPERO, Rubens. O Brasil, a América Latina e os EUA desde
1930: 60 anos de uma relação triangular. In: GUILHON ALBU-
QUERQUE, Jose Augusto (Org.). Crescimento, modernização e po-
lítica externa. Coletânea Sessenta Anos de Política Externa Brasi-
leira. São Paulo: Programa de Relações Internacionais/Cultura,
1996. p. 49-50.
110
MELLO, p. 146-148.
111
Ibid., p. 148.
112
CAUBET, op. cit., 1991, p. 339.
113
A energia do Itamaraty. Veja, São Paulo, n. 121, p. 22-30, 27 set. 1972;
Fez-se a paz no Prata. Veja, São Paulo, n. 213, p. 15, 4 out. 1972.
Notas 163
114
Um entendimento inevitável. Veja, São Paulo, n. 240, p. 20-25, 11
abr. 1973.
115
CAUBET, op. cit., 1991, p. 340.
116
A cordialidade dos quilowatts. Veja, São Paulo, n. 243, p. 17-20, 2
maio 1973.
117
MELLO, op. cit., p. 149.
34
Ibid., p. 226-228.
35
DPE, v. VII, p. 302.
36
BIEBER, L. Brasil e Europa: um relacionamento flutuante e sem
estratégia. In: CERVO, op. cit., 1994, p. 242-261.
37
DPE, v. VII, p. 294-297.
38
CAVALCANTI, Geraldo Holanda. O Brasil e a CEE: 30 anos de re-
lações. In: GUILHON ALBUQUERQUE, Jose Augusto (Org.). Diplo-
macia do desenvolvimento. Coletânea Sessenta Anos de Política
Externa Brasileira (1930-1990). São Paulo: Programa de Rela-
ções Internacionais–USP/Cultura, 1996. p. 185-187.
39
SARAIVA, M. G. A opção europeia e o Projeto de Brasil Potência
Emergente. Contexto Internacional, n. 11, p. 95, jan./jul. 1990.
40
Ibid., p. 102.
41
CERVO; BUENO, op. cit., 1992, p. 352.
42
BARBOSA, op. cit., 1994, p. 342.
43
PAIVA LEITE, C. Brasil-Japão: uma relação especial. Revista Brasi-
leira de Política Internacional, v. 17, n. 65/68, p. 35, 1974.
44
BARBOSA, op. cit., 1994, p. 342-343.
45
SARAIVA, op. cit., p. 103.
46
BIEBER, op. cit., 1994, p. 238.
47
Todas as informações relativas ao Leste Europeu foram retiradas
dos Relatórios do Ministério das Relações Exteriores de 1970,
1971, 1972 e 1973.
48
O ministro faz em sua entrevista ao CPDOC um relato minucioso
dessa questão. Lembramos de ele restringir citações de sua entrevista,
o que nos impede de detalhar a questão.
Referências bibliográficas