Data: 31 de dezembro de 2021Autor: Torah Yom vaLayla0
Por: Meir ben Moshe.
TzimTzum é o que os sábios chamam de “contração” de haShem ou “recolhimento”. D’us
é infinito e somente Ele pode criar finitos independentes Dele. Ou seja, para solucionar o problema do ser humano D’us que é infinito, que preenche tudo teve que “contrair-se”, “recolher-se” para dar espaço a algo finito. Os sábios Kabalistas aplicam o mesmo conceito de TzimTzum para a criação do universo, D’us que preenche tudo teve que se contrair para ter lugar a criação. A melhor forma de explicar este conceito é usando uma metáfora de um poder jurídico. É o que chamamos de poder legal. O que é um poder legal? É uma autorização por escrito para representar alguém em assuntos particulares ou comerciais de forma legal, ou seja, uma procuração. A pessoa que autoriza a outra pessoa a representá-lo é o principal, é quem está transferindo o poder. O autorizado para representar é o agente, o que foi empoderado. Neste caso a pessoa que autoriza se recolhe legalmente para dar espaço para o autorizado agir. Isto no judaísmo se chama TzimTzum. Porém, o autorizado só pode exercer sua função se o autorizador se recolher e der espaço para que o empoderado resolva o problema exatamente como o outorgante quer. A humanidade pecou, transgrediu contra D’us e não sabe, não faz ideia de como reparar seus problemas com D’us. Então o próprio D’us intervém para resolver o problema do homem. E como D’us faz isso? Ele pega um homem como qualquer outro, fisicamente falando, com pais humanos, em outras palavras, o Messias. Então D’us faz um TzimTzum e lhe entrega um espaço jurídico autorizando o Mashiach a representa-Lo legalmente. Ele diz; “Faz isto em minha representação a favor deles”. Então, não é um ser metade homem e metade D’us que está fazendo a reparação pelo pecado da humanidade, é D’us fazendo- se presente legalmente e não antologicamente em um homem escolhido, homem íntegro e santo, cumpridor da Torah realizando a reparação. Quem está reparando pela humanidade é o servo sofredor que representa D’us legalmente, por um lado, e o homem por outro. Este homem escolhido dentre todos os homens é quem concretiza a reparação desta falha humana. Em seu caráter de infinitude, pois recebeu legalmente a representação infinita da justiça infinita do D’us infinito. Por isso escrevem os emissários de Yeshua em 2º Cor 5:18: “Tudo isso provém de D’us, que nos reconciliou consigo mesmo por intermédio do Messias e nos outorgou o ministério da reconciliação”. Pois D’us estava no Messias reconciliando consigo mesmo o mundo, não levando em conta as transgressões dos seres humanos, e nos encarregou da mensagem da reconciliação. Por meio do Messias D’us e não outro estava reconciliando o mundo consigo mesmo. Fica bem claro quando diz: “…por intermédio do…”. …D’us estava no Messias reconciliando consigo mesmo o mundo… Agora se entende melhor o escrito por Rav Shaul (Paulo). Assim, não é um deus-homem é D’us fazendo-se presente de forma legal em um homem. Na Torah temos um exemplo do que estamos falando, Moshe (Moisés) é nosso exemplo. Quem salvou o povo hebreu da escravidão egípcia, foi D’us ou foi Moshe? Claro que foi D’us e não Moisés. E como D’us realizou está salvação, D’us sendo infinito podia ter duas mãos para levantar um cajado, ou uma boca humana para falar com o Faraó? Não, então D’us envia um homem, um representante para falar com outro homem. Escolheu Moshe e lhe deu uma procuração legal, lá na sarça D’us deu a Moshe uma procuração para O representar legalmente diante do Faraó. Em outras palavras, D’us estava diante do Faraó na pessoa de Moshe. Êxodo 7:1: “Então disse o Senhor a Moisés: Eis que te tenho posto como Elohim a Faraó, e Arão, teu irmão, será o teu profeta”. Em nenhum momento Moshe se apresenta ao Faraó em seu próprio nome, Moshe era apenas o recipiente e haShem era o conteúdo. D’us entregou a Moshe um poder absoluto para agir no Egito diante do Faraó. Quando Moshe falava diante do Faraó, não eram as palavras de Moshe, eram as palavras de D’us, e quando Moshe perguntava ao Faraó, quando queres que eu faça tal coisa e o Faraó respondia amanhã, Moshe dizia amanhã e D’us confirmava, amanhã. Por que era D’us quem operava não Moshe. Está é uma ideia jurídica bíblica e de Israel. D’us em Moshe tira o povo de Israel do Egito, Moshe é o representante legal de D’us, “homem-D’us”, não antologicamente como no paganismo, mas juridicamente como a bíblia atesta, como um representante legal. Um homem representando D’us. Isto é exatamente o que acontece com o Messias sofredor, assim como Moshe foi constituído por D’us em Elohim, ou seja, o agente para a redenção do povo hebreu no Egito, assim também o Messias sofredor é constituído em forma de D’us para redimir eternamente a Israel e o mundo. Em forma de D’us quer dizer que é D’us quem faz o trabalho que Israel não pode fazer e que a humanidade também não pode fazer. A reparação infinita de uma transgressão que tem ferido a infinita justiça de D’us. Visto desta forma o Messias em forma de D’us age representando a D’us por um lado, por eleição, e a humanidade por outro, por sua própria constituição, e, por conseguinte somente um pode fazer a reparação condignamente. De maneira que não é a lógica da encarnação de D’us que prevalece, mas o princípio da agência Divina que funciona. É por isso que a proposta do cristianismo que surge de Nicéia não tem sentido para o judaísmo, nem para os apóstolos e nem mesmo para Yeshua. E até que o cristianismo volte para suas raízes bíblicas continuará sendo rechaçada. Esta é a linha divisória entre o Judaísmo e o cristianismo, este último defendendo a encarnação como necessária para a satisfação da justiça divina, e o judaísmo defendendo o princípio da agência divina como instrumento legal para redenção. E qual é o resultado de tudo isto? Como resultado de tudo que aconteceu com o Messias sofredor haShem já não nos leva a sério como pecadores se cremos e vivemos Suas palavras. Como disse Yeshua: Jo 15:7- 8: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”. D’us não nos vê como pecadores, para D’us estamos mortos para o pecado, para a lei do pecado (Yetzer Hará, má inclinação), não para os mandamentos de D’us. Assim podemos entender mais claramente a Shaul quando dizia que, a lei do pecado, não a lei de D’us, a lei do pecado que dominava o homem, está ficou cravada no madeiro. Rom 7:1-4. O homem já não existe para o pecado e D’us tem reconhecido o homem e o apontado como justo, como um que agrada a D’us. Quando D’us olha para os filhos da luz, Ele diz; neles se agrada Meu “espírito”. O homem assim como ele é vive neste mundo e não deixa de ter sua existência no pecado e, por conseguinte sua culpa, porém esta culpa já não está diante da pessoa, mas foi lançada para trás. Porque a mudança foi realizada definitivamente, não temporariamente como os sacrifícios de animais, mas para sempre em Yeshua haMashiach o servo sofredor. Porém, está mudança só tem validade para todos nós se cremos no sacrifício do Mashiach Yeshua. Por isso a fé no Mashiach Ben Yosef é de suma importância, no Mashiach Ben Yosef morto pelas mãos dos homens e conforme sua ressurreição o homem agora é filho amado de D’us e pode viver agradando a D’us. E isto é confirmado pela ressurreição de Yeshua, e nisto creram firmemente os que caminharam com ele. haShem Elohei Abraão, Elohei Isaque e Elohei Jacó, D’us dos céus e da terra ressuscitou a Yeshua três dias depois, quando já estava plenamente morto para declará-lo que seu serviço como agente divinamente estabelecido foi aceito pelo tribunal celestial. E a restituição que devíamos fazer a D’us, D’us mesmo a pagou em Yeshua Ben Yosef. E por isso o ressuscitou dos mortos, e está é a mensagem da ressurreição. A ressurreição do Messias trata-se na realidade da revelação do fruto escondido na sua própria morte. A mudança antes mencionada é precisamente o que está escondido na morte do Messias, escondido pelo que aparenta ser ali apenas um homem consumado pela ira de D’us. Quando na verdade é o próprio D’us que está realizando o resgate e a satisfação de sua justiça. O “Novo Testamento” testifica que este aspecto do homem não é o clímax do acontecido no gólgota, mas que por trás deste aspecto se escondi o verdadeiro significado do acontecido, acontecimento este que tem lugar no terceiro dia. É tão sério que este terceiro dia inicia uma nova história para o homem, este terceiro dia é uma mudança incrível no trato de D’us com o homem. Aponto tal que podemos dividir os dias de Yeshua em dois grandes períodos. O primeiro período de trinta e três anos até sua morte, o segundo muito curto de apenas quarenta dias entre sua morte, ressurreição e ascensão aos céus. Quer dizer que ao terceiro dia começa uma nova vida de Yeshua, porém simultaneamente começa ao terceiro dia um novo Moed (um tempo apontado, um tempo fixado), uma nova forma para o mundo. Depois da morte de Yeshua o mundo antigo está completamente concluído e está é a mensagem da ressurreição, é o início de um novo tempo na existência de Yeshua, homem cem por cento, o qual agora ressuscitado se torna no portador vitorioso e triunfante, o aniquilador da carga do pecado que o homem havia cometido e que lhe foi imposta por D’us, e que agora começa uma nova vida. Assim Yeshua se transforma no primeiro homem imortal revestido de divindade glorificada, uma divindade que não lhe vem por origem, mas por participação gloriosa na imortalidade que D’us lhe concedeu e lhe confiou ao o levantar dentre os mortos no terceiro dia. A ressurreição de Yeshua não é uma simples ressurreição como outras que aconteceram como nos dias dos profetas ou que aconteceram nos dias do próprio Yeshua, ou nos dias apostólicos, porque todas estas pessoas que ressuscitaram nestes tempos voltaram a morrer. Mas, isto não aconteceu com Yeshua, quando D’us o ressuscitou dentre os mortos foi para nunca mais morrer. É o primeiro, o principal, o primogênito dentre os mortos, a primícias da ressurreição. Um homem imortal para sempre, este é Yeshua haMashiach. O que quer dizer tudo isto? Podemos responder com o que diz Rav Shaul: “as coisas velhas se passaram eis que tudo se fez novo”. Esta é a mensagem da ressurreição, o pecado, a maldição e a morte que são nossos inimigos foram vencidos para sempre. Nem a enfermidade, nem a dor, nem a morte pode fazer-nos dano, nunca mais, porém continuam se comportando como se ainda pudessem, por isso somos atacados constantemente. A verdade é que não temos mais que temer a morte, ela não pode reclamar-nos legalmente, ela perdeu com a ressurreição de Yeshua. Por isso, aquele que recebeu a mensagem da ressurreição não pode continuar andando com o semblante caído, não pode viver uma vida mal-humorada como aqueles que não têm esperança. D’us já deu a vitória sobre tudo isso na ressurreição do servo sofredor, e está é a grande vitória, não é só a grande vitória de D’us, não é só a grande vitória de Yeshua, é também nossa grande vitória, pois somos vivificados nele. Na ressurreição de Yeshua nós encontramos a antítese de todos os TzimTzum que aconteceram na história, na ressurreição de Yeshua como o Messias temos o verdadeiro retorno ao infinito, a conexão definitiva e completa com o Ein Sof (Sem Fim, D’us), uma conexão definitiva e sem limites. E por isso está escrito em Atos 12:2: “Pondo os olhos em Yeshua…”. Pois, adiante a vitória já está conquistada para nós, adiante não atrás. Adiante está a paz, a justiça e a esperança, e uma vez que entendemos isto, que somos chamados a levar a sério a vitória da gloria de D’us em Yeshua e alegrar-nos nela como se fosse nossa, então podemos também dizer: “Quem nos separará do amor de D’us…”. Rom 8:35-36. Portanto nenhuma coisa criada poderá nos separar do amor de Hashem, revelado em Seu justo servo Yeshua. Mas ainda temos que percorrer um breve trecho até que se faça visível que haShem tem consumado tudo em Yeshua. Porém, é por isso que podemos viver em esperança, em alegria e paz, porque foi o próprio D’us que pagou o preço, foi o próprio D’us quem fez a restituição. Somente D’us foi quem nos salvou e segui salvando todos os dias. Mas, D’us em Yeshua, representando D’us legalmente. Yeshua esvaziou-se a si mesmo, esvaziou o seu eu totalmente, para que haShem pudesse enche-lo. E o mesmo é esperado de nós. Uma vez que entendemos isso e internalizamos, começamos a viver em um nível de humanidade extraordinária que é a meta final de Hashem para todo povo de Israel e para todo o mundo. Muito mais que isso, quando entendemos isto e internalizamos, voltamos a ser como Adam (Adão), o primeiro homem com consciência de si mesmo e com consciência de D’us, porém maior que ele, pois D’us pagou nossa dívida a Si mesmo em Yeshua haMashiach. Há um precedente para isso? Sim. No pacto das partes quando D’us fala para Avraham; vamos caminhar, “vamos fazer um pacto entre as partes”, porém no momento em que Avraham tinha que caminha entre as partes, D’us fez cair um sono sobre Avraham que dormiu, e assim somente D’us caminhou por ambas as partes, a Dele e a de Avraham. Um pacto precisa de garantias e um ser finito não pode dar garantias a um Ser Infinito. Assim apenas D’us é a garantia por ambas às partes. Só D’us pode restituir a Si mesmo, só D’us pode satisfazer Sua justiça Divina e isto Ele fez através de Yeshua haMashiach. D’us não encarnou em um corpo humano e se fez homem, mas Ele escolheu um homem e o fez Seu representante legal para através dele pagar a divida de toda humanidade a Si mesmo. Shalom L’kulam!!!